Recupera proximum tuum secundum virtutem tuam – “Assiste ao teu próximo segundo as tuas forças” (Ecclus. 29, 27).
Sumário. Quem ama muito o Senhor, não se contenta de ser só em amá-Lo; desejaria atrair todo o mundo ao seu amor. E que maior glória para o homem, que ser cooperador de Deus na grande obra da salvação das almas: correspondamos, pois, à nossa sublime vocação, abrasando-nos sempre mais de santo zelo, dirijamos para este fim todos os nossos empenhos. Deste modo, à medida que socorrermos as almas do nosso próximo, assecuraremos a nossa própria salvação e obteremos um lugar alto no paraíso.
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Quem é chamado à Congregação do Santíssimo Redentor (a alguma ordem de vida ativa), nunca será verdadeiro seguidor de Jesus Cristo e nunca será santo, se não cumprir o fim de sua vocação e não tiver o espírito do seu Instituto, que é o de salvar as almas e as almas mais privadas de socorros espirituais, como são os pobres moradores do campo.
Foi este também o fim com que o Redentor veio ao mundo, pois declara “que o espírito do Senhor repousou sobre Ele e que o consagrou com a sua unção para pregar o Evangelho aos pobres” (1). Em nenhuma outra coisa quis experimentar se São Pedro o amava, senão na sua dedicação à salvação das almas: Simon Ioannis, diligis me?… Pasce oves meas (2) – “Simão, filho de João, amas-me?… Apascenta as minhas ovelhas”. Não lhe impôs, diz São Crisóstomo, esmolas, penitências, orações ou coisas semelhantes, mas somente que procurasse salvar as suas ovelhas: Apascenta as minhas ovelhas. Jesus Cristo declarou que teria como feito a si mesmo todo o benefício que fosse feito ao mínimo dos nossos semelhantes: Amen dico vobis: Quamdiu fecistis uni ex his fratribus meis minimis, mihi fecistis (3) – “Na verdade vos digo, que o que fizerdes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes”.
Deve, portanto, qualquer membro da Congregação nutrir em supremo grau este zelo, este espírito de socorrer as almas. A este fim deve cada um dirigir todos os seus empenhos. E quando algum tempo os superiores o empregarem neste ministério, deve por nele todo o seu pensamento e toda a atenção. Já não se poderia considerar como verdadeiro membro da congregação aquele que não aceitasse com todo o afeto este emprego, quando imposto pela obediência, para tratar só de si mesmo, na vida de solidão e de retiro. – E que maior glória para o homem, que ser cooperador de Deus, como diz São Paulo, na grande obra da salvação das almas? Quem muito ama ao Senhor, não se contenta de ser só a amá-Lo. Quisera atrair todo o mundo ao seu amor, dizendo com Davi: “Engradecei o Senhor comigo, e exaltemos juntos o seu nome.” (4) Portanto, como exorta Santo Agostinho, todos os que amam a Deus: Si Deum amatis, omnes ad amorem eius rapite – “Se amais a Deus, atraí todos ao seu amor”. Continuar lendo