Bonifácio VIII, o Papa da Unam Sanctam : “uma outra época”, não é mesmo?
Sobre um artigo no Vatican News
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
No último dia 22 de junho, foi publicado no site de informações do Vaticano, o Vatican.News, um artigo sobre críticas doutrinárias direcionadas diretamente ao Concílio Vaticano II, “não de certa interpretação de alguns textos“, mas dos “próprios textos do Concílio“.
Este texto tem uma perspectiva política eclesial. Essas críticas do próprio Concílio vêm, segundo o autor, dos mesmos “que insistem em opor o papa Francisco a seus predecessores imediatos“. No entanto, questionar o Vaticano II também equivale a repudiar “o magistério de “São” João Paulo II e Bento XVI” cujos atos “representam desenvolvimentos evidentes do último Concílio“. E o artigo apresenta alguns exemplos dessa “verdadeira audácia” dos predecessores de Francisco, que não hesitaram em contestar Bonifácio VIII e sua Bula Unam Sanctam (“era outra época”), Pio VI e a Mirari Vos de Grégorio XVI, as quais se opõem “ao Concílio Vaticano II com suas declarações: Dignitatis Humanae sobre liberdade religiosa e a Nostra Aetate sobre o diálogo com religiões não-cristãs”. Portanto, sendo lógico, o autor parece insinuar: eles condenam não apenas Francisco e o Concílio, mas também seus dois antecessores …
Este texto tem uma dimensão doutrinal: retoma a censura já dirigida por João Paulo II à D. Lefebvre, acusando os críticos do último Concílio de terem uma noção incompleta do “desenvolvimento da doutrina“, que o papa polonês chamou “Tradição viva”. O artigo também cita D. Lefebvre e “o cisma dos tradicionalistas lefebvristas” como o exemplo de “alguns que não aceitaram os novos avanços e que pararam no tempo“.
É para responder a esse último sofisma oferecemos esse extrato do livro do Padre Gaudron (FSSPX), Catecismo Católico da Crise da Igreja. No Brasil ele pode ser comprado na Livraria Caritatem, Editora Santa Cruz e na Editora Permanencia.
E para ir mais além, convidamos a todos a lerem esta análise do Pe. Gleize, professor do seminário de Ecône.
QUESTÃO 99
- A Fraternidade Sacerdotal São Pio X tem uma noção falsa da Tradição?
Reprova-se, hoje, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X por ter uma noção por demais estática da Tradição. A Roma Conciliar lhe opõe a “Tradição Viva” (1) – o adjetivo “viva” querendo sugerir que a Tradição pode evoluir como qualquer ser animado. Mas está justamente aí o erro modernista do historicismo: a Verdade doutrinal nunca poderia ser atingida de modo definitivo, mas seria percebida e expressa de modo diferente no curso dos diferentes séculos. Esse erro foi condenado pelos Papas Pio XII e São Pio X. Continuar lendo