CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DO CORAÇÃO

123A educação do coração é necessária a fim de preparar os jovens para os deveres de família que os esperam. Avida familiar exigirá deles mais tarde a acaitação do sacrifício, recordações adequadas, delicadeza de sentimentos.

Mas o senso do sacrifício seria impossível para um homem cuja infância e juventude fossem entregues ao odioso egoísmo. Pretenderá ele que cabe sempre ao outro ceder. Daí todas as desordens familiares e sociais: desentendimentos, má educação dos filhos, divórcio, adultérios. Obedecendo aos próprios caprichos, torna-se exigente, tirânico, e não pode aceitar o sacrifício, inevitável um dia ou outro em toda vida em comum.

Por outro lado, se o jovem em quem se desenvolvem simultaneamente as paixões e a necessidade de amar, não receber uma educação dos sentidos e dos sentimentos, abandona-se-á às desordens sentimentais e sexuais. A educação sexual é um verdadeiro perigo se se limitar à simples higiene e não abranger a educação da consciência, da vontade e da sensibilidade. Frequentemente os jovens sabidos são os mais pervertidos.

Enfim, a união no matrimônio e a boa educação dos filhos exigem uma grande delicadeza de sentimentos. Mas para que o adolescente a descubra, aprecie e ame suficientemente para compelir seus sentidos, é necessário que suas faculdades sejam orientadas para um amor estável e fecundo, que se lhe ensine a dominar seus próprios sentidos e a pensar na alegria de criar uma família, a ponto de a garantir mediante séria preparação. Continuar lendo

O OTIMISMO

optimism-400x400O educador deve ter uma dose inesgotável de otimismo. Senão as decepções o desencorajarão e acabarão com seu entusiasmo, que é uma das condições mais necessárias para o bom êxito.

É cansativo ensinar a ortografia, o cálculo, o bom procedimento, a boa linguagem, a polidez. A criança é distraída, esquecida, despreocupada, ilógica. Ora se cansa por seu nervosismo, ora desanima por um torpor quase animal. Há ainda os ditos “inferninhos”. E há as desilusões causadas pelos melhores alunos! E há as incompreensões dos pais e talvez dos diretores! E as ironias dos colegas!

Então nos tornamos irascíveis, rabugentos, intratáveis! Enervamo-nos. Ficamos até com dor na laringe.

Repitamos que cada criança apresenta algum lado bom: é preciso tomá-lo como ponto de partida. Há um ângulo por onde se pode compreendê-la. Fazendo-a ver suas possibilidades, pode-se chegar a transformá-las. Até mesmo a mais ingrata natureza faz parte da obra de Deus. Parece que o próprio Cristo quis nos dar uma lição de confiante otimismo: entre os doze apóstolos, todos fracos e covardes, num momento grave, conta-se um medroso que o chegou a negar por três vezes, e esse é o chefe! E um outro, pérfido até ao beijo hipócrita e aos trinta dinheiros! Todavia o Cristo depoista neste grupo a confiança de lhes entregar o destino de Sua boa-nova. Para nos encorajar ao otimismo, ouçamos São Francisco de Sales extasiar-se diante das secretas possibilidades que até os homens maus oferecem; sua pena não hesita em escrever: “Ah, as belas almas dos pecadores!”. Continuar lendo