Nada mais acrescentamos acerca da instrução intelectual, porque não é essa a que hoje mais escasseia. Os pais que a não receberam na sua mocidade, lamentam vivamente essa falta; os que a receberam, por sua própria experiência lhe reconhecem as vantagens, e todos à porfia a querem procurar para seus filhos.
Mas há uma outra espécie de instrução, sobre que devemos mais insistir, porque é mais necessária, e mais desprezada que a instrução intelectual: queremos falar da instrução religiosa.
É a mãe obrigada em consciência a dar ou a mandar dar a seu filho uma instrução cristã? Não hesitamos em responder: É; é a isso obrigada, é esse um dos mais graves e dos mais sagrados dos seus deveres. Em quantas passagens dos nossos santos Livros, reitera Deus aos pais a ordem de instruir os seus filhos nas verdades e nas práticas da religião? «Instruí vosso filho para que ele vos não leve ao desespero» está escrito no livro dos Provérbios. E noutra parte: «Instruí vosso filho, e educai-o com cuidado, afim de que vos não cubra de confusão». E ainda num outro sítio: «Instruí vossos filhos, e desde a sua mais tenra idade, vergai-o sob o jugo da lei de Deus». Os santos doutores, intérpretes da palavra divina, dizem aos pais, com S. João Crisóstomo: «Não te esforces em fazer do teu filho um sábio, mas fá-lo instruir, de forma a fazer dele um cristão. Vós sois, ó pais, os apóstolos de vossas famílias, pertence-vos governá-los e instruí-los». Os vossos lábios são os livros onde os vossos filhos devem encontrar o conhecimento dos seus deveres de cristãos.
«Sem a fé, disse o grande Apóstolo, é impossível agradar a Deus» e, por conseguinte, sem ela, é impossível à criança viver da vida da graça. Mas como terá fé essa criança, se não foi instruída nas verdades reveladas? Além disso, a fé sem as obras, é morta, e incapaz, por conseguinte, de abrir o Céu a ninguém. É pois necessário que a criança, ao mesmo tempo que aprende as verdades da fé, seja formada na prática dos deveres, que ela impõe. Continuar lendo