Cântico: Puer Natus
AFLIÇÃO DO CORAÇÃO DE JESUS NO SEIO DE MARIA
Hóstias e oblações não quisestes, mas formastes-me um corpo. (Hebr. 10,5)
Considera a grande amargura com que devia sentir-se afligido e oprimido o coração do Menino Jesus no seio de Maria, naquele primeiro instante em que o Pai lhe propôs a série de desprezos, trabalhos e agonias que havia de sofrer em sua vida para libertar os homens de suas misérias: “Pela manhã chama a meus ouvidos…, não retrocedi…, entreguei meu corpo aos que me feriam” (Is. 50, 4-6). Assim falou Jesus pela boca do Profeta: “Pela manhã…“, quer dizer, desde o primeiro instante de minha concepção, meu Pai me fez compreender sua vontade: que eu tivesse uma vida de sofrimento e fosse, finalmente, sacrificado na cruz; “não retrocedi; entreguei meu corpo aos que me feriam“. E tudo aceitei pela salvação das almas e, desde então, entreguei meu corpo aos açoites, aos cravos, e à morte.
Pondera então quanto padeceu Jesus Cristo em sua vida e em sua paixão; tudo lhe foi posto ante os olhos desde o seio de sua Mãe e tudo Ele abraçou com amor; mas, ao consentir nessa aceitação e vencer a natural repugnância dos sentidos, quanta angústia e opressão não teve que sofrer o inocente Coração de Jesus! Conhecia bem o que primeiramente tinha que padecer; os sofrimentos e opróbrios do nascimento numa fria gruta, estábulo de animais; os trinta anos de trabalho como artesão; o considerar que seria tratado pelos homens como ignorante, escravo, sedutor e réu da morte mais infame e dolorosa que se reservava aos criminosos. Continuar lendo