Padre Álvaro Calderón, FSSPX
Os espíritos malignos não buscam nada, porque não têm esperança alguma, mas opõem-se a todo bem. Satanás é o inimigo do Bem, “o qual se oporá [a Deus], e se elevará sobre tudo o que se chama Deus”[1]. Adversário de Deus e muito especialmente inimigo do homem, manifesta-se por sua oposição: dele sairá o Anticristo, dele vem o anticatolicismo e tudo o que é anti-humano. E esses espíritos de oposição são os que se manifestaram de modo cada vez mais perceptível a partir do Concílio Vaticano II. Porque é notável que, a partir dos anos 1960, houve uma grande difusão do satanismo. O otimismo conciliar declarou uma Igreja sem inimigos e assim deixou de denunciar a existência e a natureza do demônio, passando então a ser Satanás, de certo modo, o primeiro “redimido” do Vaticano II.
Talvez sua manifestação mais potente tenha ocorrido pelo fenômeno do rock, cuja aparição coincide, estranhamente, com os anos do pós-concílio. Àquele que não acredita no demônio pode lhe parecer uma espécie de moda, uma maneira de se opor e virar de cabeça para baixo tudo o que veio anteriormente, vendo em Satanás apenas um símbolo do proibido. Mas, hoje, qualquer um pode buscar na internet as impressionantes listas de artistas que confessaram ter se consagrado a Satanás para triunfar: e olha como triunfaram! Com o respeito por qualquer opção em ordem religiosa, promovido pelo mesmo ecumenismo conciliar, não apenas se considerou digna a irreligião do ateísmo, mas também digna a antirreligião do satanismo, e por isso temos multidões de seitas satânicas registradas nos ministérios de culto de todos os países liberais. Satanás conseguiu se fazer aceitar no panteão das divindades, inaugurado pelo próprio Papa em Assis. De fato, a espiritualidade satânica não é propriamente negadora de Deus, mas dualista, pois sustenta que o bem deve ser moderado pelo mal para que daí saia o melhor, e por isso se sente cômoda em um ambiente ecumênico. Continuar lendo