A FUGA DAS OCASIÕES DE PECADO – PARTE I

por São Leonardo de Porto Maurício

“Tunc Jesus ductus est in desertum a Spiritu, ut tentaretur a diabolo.

Então Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo demônio.” (Mt. IV, 1)

1. Estranha maneira de guerrear! Ganhar fugindo e perder lutando. É certo que a nossa vida é uma guerra contínua: Militia est vita hominis super terram (Job VII, 11). E alistar-se sob os estandartes do Crucificado é o mesmo que expor-se ao combate com muitos inimigos; mas oh, quão diferente é a arte militar de Cristo da arte militar do século! Nesta última não há ação mais indigna do que a fuga. Por causa dela, tiram-se os cinturões militares dos soldados, e os fugitivos são marcados com a cicatriz da ignomínia eterna; por outro lado, a ação mais gloriosa da milícia de Cristo é a fuga; por causa dela, cantam-se os triunfos dos heróis da Igreja, e são honradas suas destras com palmas. Para que ninguém se envergonhe de fugir, o nosso capitão dá-nos Ele mesmo um místico exemplo: tendo de combater o seu adversário, procura um lugar desabitado e foge para o deserto: Ductus est in desertum a spiritu; não quer lutar com mais do que um, ou seja, apenas com o demônio: ut tentaretur a diabolo.

Oh, grande mistério! O Filho de Deus, que está tão bem armado, fortalece-se no deserto, e está disposto a lutar com um e não mais do que isso; e o homem, que é tão fraco, procura o inimigo em casa, nas vigílias, nos bailes, nas conversas, e atreve-se a lutar com muitos, desafiando não só o diabo mas também as ocasiões. Que temeridade é essa? Abri os olhos, cegos voluntários deste mundo; aprendei com o Salvador esta máxima da salvação: que nas batalhas do inferno, aquele que mais foge, mais se aproxima do triunfo, e aquele que é mais eremita está mais bem defendido, e aquele que é mais solitário é mais santo: In desertum, in desertum, para o deserto, para o deserto. Vamos também esconder-nos numa gruta remota para escapar de todas as ocasiões de pecar. Não sois vós que vos queixais todos os dias de tantas tentações, que já não podeis respirar, que já não podeis viver? Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS

Em uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente um excelente e impactante livro, baseado em um de seus sermões, chamado “O Pequeno número daqueles que são salvos“, de São Leonardo de Porto Maurício.

Neste sermão, que foi submetido a exame canônico, no curso do processo de canonização, ele passa em revista os diferentes estados de vida dos cristãos e conclui o pequeno número (relativo) daqueles que se salvam, sendo feita em comparação com a totalidade dos homens.

DA COMUNHÃO ESPIRITUAL

Resultado de imagem para comunhão espiritualQuanto à maneira de fazer a Comunhão espiritual de que falei antes, é preciso conhecer a doutrina do santo Concílio de Trento, o qual ensina que se pode receber o Santíssimo Sacramento de três modos: sacramentalmente, espiritualmente, ou sacramentalmente e espiritualmente ao mesmo tempo.

Não se fala aqui do primeiro modo, que se verifica também nos que comungam em estado de pecado mortal, como fez Judas; nem do terceiro, comum a todos os que comungam em estado de graça; mas trata-se aqui e do segundo, adequado àqueles que, tomando as palavras do santo Concílio, impossibilitados de receber sacramentalmente o Corpo de Nosso Senhor, “o recebem em espírito, fazendo atos de fé viva e ardente caridade, e com um grande desejo de se unirem ao soberano Bem, e, por meio disto, se põem em estado de obter os frutos do Divino Sacramento”. – “Qui voto propositum illum caslestem panem edentes fide viva quae per dilectionem operatur, fructum ejus et utilitatem sentium” (Sess. XIII, c.8.).

Para facilitar-vos prática tão excelente, pesai bem o que vou dizer-vos. No momento em que o sacerdote se dispõe a comungar, na Santa Missa, recolhei-vos no vosso íntimo, tomando a mais modesta posição; formulai em seguida, em vosso coração, um ato de sincera contrição e, batendo humildemente no peito, em sinal de que vos reconheceis indignos de tão grande graça, fazei todos os atos de amor, oferecimento, humildade e os demais que costumais fazer quando comungais sacramentalmente: Desejai, então, vivamente receber o adorável JESUS, oculto por vosso amor, no Santíssimo Sacramento.

Para excitar em vós o fervor, imaginai que a Santíssima Virgem ou um de vossos santos padroeiros vos dá a santa comunhão: suponde recebê-la realmente e, estreitando JESUS em vosso coração, repeti-Lhe muitas e muitas vezes com ardente amor: “Vinde, JESUS adorável, vinde ao meu pobre coração; vinde saciar meu desejo; vinde meu adorado JESUS, vinde ó dulcíssimo JESUS!” E depois ficai em silêncio, contemplando vosso DEUS dentro de vós, e, como se tivésseis todos os atos que habitualmente fazeis depois da Comunhão sacramental. Continuar lendo

A SANTA MISSA É DE GRANDE AUXÍLIO PARA AS ALMAS DO PURGATÓRIO

Resultado de imagem para missa purgatórioPara concluir esta instrução, refleti que não foi premeditadamente que eu disse anteriormente que uma única Santa Missa, tomada em si e em relação ao seu valor intrínseco, basta para esvaziar inteiramente o Purgatório e abrir a todas as almas, que lá se acham, as portas do Paraíso. Com efeito, este Divino Sacrifício vai em auxílio das almas dos falecidos, não só satisfazendo por suas dívidas como propiciatório, mas ainda obtendo-lhes a libertação, como impetratório. Isto decorrente claramente da conduta da Igreja, que não somente oferece a Santa Missa pelas almas sofredoras, como também insere orações para libertá-las.

Ora, a fim de excitar vossa compaixão por essas santas almas, sabei que o fogo em que estão mergulhados é tão devorador quanto o do próprio Inferno; tal é a opinião de São Gregório. Instrumento da Justiça Divina, ele age sobre as almas com tão grande ardor que lhes causa dores intoleráveis e superiores a todos os suplícios que jamais se pode ver, experimentar ou sequer imaginar aqui na Terra. Muito mais, porém, sofrem elas pela pena de dano, e é a privação da bem-aventurada Visão de DEUS. Elas experimentam, diz São Tomás, uma insuportável angústia, causada pelo desejo que têm de ver o Soberano Bem, desejo que não pode ser satisfeito.

Pois bem, consulta-vos intimamente e respondei à pergunta: Se vísseis vosso pai e vossa mãe a ponto de afogar-se num lago e que para salvá-los vos bastasse estender a mão, não seríeis levados, pela caridade e pela Justiça, a socorrê-los? E então! vedes com os olhos da Fé tantas pobres almas de vossos parentes próximos, queimando vivas num lago de fogo, e não quereis impor-vos um pequeno incômodo para assistir devotamente à uma Santa Missa em seu sufrágio! De que é feito o vosso coração?

Pois quem pode duvidar que a Santa Missa leve um grande auxílio a essas pobres almas? Quanto a isto, ouvi São Jerônimo. Ele vos dirá claramente que, ao celebrar-se a Santa Missa por uma alma do Purgatório, o fogo tão devorante que ordinariamente a consome, suspende sua ação e ela não sofre pena alguma enquanto dura o Sacrifício. Animae quae sunt in Purgatorio pro quibus solet sacerdos in Missa orare, ínterim nullum tormentum sentiunt dum Missa celebratur.

Além disso, afirma que, a cada Santa Missa, muitas almas ficam livres do Purgatório e voam para o Paraíso? Missa celebrata, plures animae exeunt de Purgatorio.
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A SANTA MISSA NOS LIVRA DE UMA MULTIDÃO DE MALES

Resultado de imagem para missa tridentinaAcreditai que, além dos favores que solicitamos na Santa Missa, nosso Boníssimo Deus nos concede muitos outros sem que o peçamos. É o que ensina claramente São Jerônimo: Absque dúbio dat nobis Dominus quod in Missa petimus; et, quod magis est, saepe dat quaod non petimus. “Sem dúvida alguma, o Senhor nos dá todas as graças que pedimos na Santa Missa, contanto que nos sejam de vantagem; mas, o que é mais admirável, muitas vezes nos dá o que não pedimos”. 

Podemos dizer, por isso, que a Santa Missa é o Sol do gênero humano espalhando seus raios sobre os bons e sobre os maus, e alma não há tão pérfida sobre a Terra que, assistindo à Santa Missa, dela não aufira qualquer grande bem, e muitas vezes mesmo sem nele pensar ou pedi-lo. 

Santo Antonino conta que um dia dois jovens libertinos passeavam numa floresta. Um deles havia assistido à Santa Missa e o outro não. Levantou-se subitamente furiosa tempestade, e no meio dos trovões e relâmpagos ouviram eles uma voz que clamava: “Mata! Mata!” No mesmo instante o raio esbraseou o ar e feriu aquele que não assistira à Santa Missa. O companheiro, apavorado, prosseguiu o caminho buscando um refúgio, quando ouviu novamente a mesma voz, que repetia. “Mata! Mata!” O pobre rapaz nada mais esperava senão a morte. Uma outra voz, porém, respondeu: “Não posso, pois ele assistiu à Santa Missa. A Santa Missa a que ele assistiu impede-me de feri-lo”. 

Oh! Quantas vezes DEUS não vos livrou da morte, ou, pelo menos, de numerosos e graves perigos, graças às Santas Missas a que tiverdes assistido! Disso nos assegura São Gregório no quarto de seus Diálogos: “Per auditionem Missae homo liberatur a miltis malis at periculis”, diz o santo Doutor. “Sim, é verdade que aquele que assiste devotamente à Santa Missa será preservado de muitos males e perigos, se bem que disto não se aperceba”. Continuar lendo

PELA SANTA MISSA PODEMOS OBTER TODAS AS GRAÇAS DE QUE NECESSITAMOS

Resultado de imagem para missa fsspxNão termina, porém, aí a soberana utilidade da Santa Missa, pois ela nos permite ainda cumprir a quarta obrigação que temos para com DEUS: Orar e pedir-lhe (necessários) novos favores.

Já sabeis quão grande são vossas misérias, tanto de corpo como de alma, e. pro consequência, a Necessidade que tendes de recorrer a DEUS, a fim de que a todo momento Ele vos assista e vos socorra, pois só Ele é o Autor e o Princípio de todos os nossos bens temporais e eternos. Mas, doutra parte, ousaríeis pedir-Lhe novos benefícios, vendo a suprema ingratidão com que tendes correspondido às suas graças anteriores? 

Não vos servistes, talvez, mesmo dessas graças para ofendê-Lo? Todavia, tende confiança! Pois, se não mereceis essas graças, JESUS mereceu-as por vós, e para este fim. Ele quis ser, na Santa Missa, uma Hóstia pacífica, isto é, um Sacrifício impetratório para obter-nos de Seu PAI tudo aquilo de que temos necessidade. Sim, sim, na Santa Missa, nosso adorável JESUS, o primeiro e Sumo Pontífice, recomenda a Seu PAI a nossa causa e intercede por nós, constituindo-se nosso amoroso e incomparável Advogado.

E se soubéssemos que a augusta Virgem unia suas preces às nossas, para nos alcançar a graça que desejamos; que confiança não teríamos, de ser atendidos? Que confiança, portanto, que segurança não devemos ter, sabendo que na Santa Missa o próprio JESUS pede por nós e se faz nosso Advogado? Continuar lendo

PELA SANTA MISSA AGRADECEMOS DIGNAMENTE A DEUS TODOS OS BENEFÍCIOS

Resultado de imagem para missa fsspxA terceira dívida ou obrigação é a do reconhecimento pelos benefícios de que nos cumulou carinhosamente nosso DEUS. Computai todos os favores que dele tendes recebido, os bens da natureza e da Graça, o corpo, a alma, os sentidos, as faculdades, a saúde, a vida… A própria Vida, enfim, de seu Filho JESUS, e a Morte que por nós sofreu, elevam além de qualquer medida a divida de gratidão que temos para com DEUS. Como poderemos agradecer-Lhe suficientemente?

Se, duma parte, a lei da gratidão é observada mesmo pelos animais selvagens, que às vezes mudam sua ferocidade em afeição àqueles que lhe fazem bem (como quando recebem alimento ou um afago carinhoso), quanto mais deverá ser ela observada entre os homens, dotados de razão e tão prodigiosamente favorecidos pela liberalidade de DEUS! Doutra parte, porém, nossa miséria é tão grande que não temos sequer o meio de satisfazer pelos menores benefícios recebidos de DEUS. Pois o menor de todos, provindo das Mãos de tão grande REI e acompanhado dum Amor infinito, adquire um preço infinito e nos obriga a um reconhecimento também infinito. Infelizes que somos! Se não podemos suportar o peso de um só benefício, como poderemos arcar com o fardo de Graças inumeráveis?

Sendo assim, portanto, estaremos destinados à triste contingência de viver e morrer ingratos para com nosso Benfeitor. Consolai-vos, porém, pois o meio de dar ações de graças suficientes ao Boníssimo DEUS nos é ensinado pelo rei Davi, que, contemplando com espírito profético o Divino Sacrifício, confessava que só ele bastava para dar a DEUS ações de graças adequadas. “Quid retribuam Domino proomnibusquaeretribuitmihi?”, perguntava. “Que retribuirei ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?” Continuar lendo

EXEMPLOS PARA AS PESSOAS DE CATEGORIA

c-sacrilegaUma mulher, que entra na Igreja com um traje espaventoso, atrai todos os olhares, e queira DEUS não atraia também os corações, arrebatando ao SENHOR as devidas adorações. Não é preciso excitar estas pessoas a assistir todos os dias à Santa Missa; já são demais levadas a frequentar as igrejas. O importante será fazer-lhes compreender com que modéstia e respeito devem portar-se na casa de DEUS, especialmente quando se celebra a Santa Missa.

Tanto mais me edificam senhoras da nobreza e princesas que só aparecem ante aos altares vestidas simplesmente, sem luxo nem elegâncias refinadas, quanto me escandalizam certas pretensiosas que, com seus penteados ridículos e ares de atrizes, assumem poses de deusas no lugar santo.

A bem-aventurada Ivete teve, certo dia, uma visão, que deveria inspirar a essas pessoas o temor respeitoso devido à Santa Missa. Ao assistir à Santa Missa, viu essa nobre flamenga um espetáculo terrível. Perto dela estava uma dama distinta, cujo olhar se fixava aparentemente no Altar; mas não era para seguir o Santo Sacrifício, nem para adorar o Santíssimo Sacramento que ia receber, e sim, para satisfazer uma paixão impura. Em volta dela havia um grande número de demônios que dançavam e se expandiam em demonstrações de regozijo. Quando ela se levantou para se dirigir à Mesa sagrada, uns lhe seguraram a cauda do vestido, outro lhe ofereceu o braço, enquanto outros lhe faziam cortejo e serviam-lhe como a sua senhora. No momento em que o sacerdote descia do Altar com a Santa Hóstia nas mãos, a fim de dar a Comunhão àquela infeliz, pareceu a Ivete que o Salvador abandonava as santas espécies e volvia ao Céu, repugnando-Lhe entrar num coração assim rodeado de espíritos das trevas.
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O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 7

joelhosConclusão

Irmãos, eu quero que voltem para suas casas confortados hoje. Então, se vocês me perguntarem sobre o meu sentimento a respeito do número daqueles que são salvos, aqui está: Se há muitos ou poucos que são salvos, eu digo que quem quiser ser salvo, será salvo; e que ninguém pode ser condenado se não quer ser. E se é verdade que poucos são salvos, é porque são poucos os que vivem bem. Quanto ao resto, compare estas duas opiniões: a primeira afirma que o maior número de católicos são condenados, o segundo, ao contrário, aponta que o maior número de católicos são salvos. Imagine um anjo enviado por Deus para confirmar a primeira opinião, chegando para dizer-lhe que não só muitos católicos são condenados, mas que de toda esta congregação aqui presente, um só será salvo.

Se você obedecer aos mandamentos de Deus, se você detesta a corrupção deste mundo, se você abraçar a Cruz de Jesus Cristo em um espírito de penitência, você será aquele que sozinho salvar-se-á.

Agora imagine o mesmo Anjo retornando para você e confirmando a segunda opinião. Ele diz que não só a maior parte dos católicos são salvos, mas que, de todos os que estão neste encontro, só um será condenado e todos os outros salvos. Se depois disso, você continuar com as suas usuras, suas vinganças, suas ações criminosas, as suas impurezas, então você será o único a ser condenado. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 6

rezandoDeus deseja que todos os homens sejam salvos

Em uma centena de lugares na Sagrada Escritura, Deus nos diz que é realmente Seu desejo salvar todos os homens. “É minha vontade que um pecador morra, e não que ele se converta de seus caminhos e viva?… Eu vivo, diz o Senhor Deus. Eu não desejo a morte do pecador. Se converta e viva.” Quando alguém quer muito algo, diz-se que está morrendo de desejo, é uma hipérbole. Mas Deus quis e ainda quer a nossa salvação tanto que Ele morreu de desejo, e Ele sofreu a morte para nos dar a vida. Esta vontade de salvar todos os homens é, portanto, não uma vontade fingida, superficial e aparente de Deus, é uma vontade real, eficaz e benéfica; pois Ele nos fornece todos os meios mais adequados para sermos salvos. Ele não os dá a nós para que não funcionem; Ele os dá a nós com uma vontade sincera, com a intenção de que eles realizem seus efeitos. E se eles não conseguem o efeito desejado, Ele Se mostra humilde e ofendido por isso. Ele ordena, inclusive, os condenados ao inferno a usar de tais meios a fim de sejam salvos, Ele exorta-os a empregá-los; Ele obriga-os a isso, e se eles não o fazem, eles pecam. Portanto, eles podem fazê-lo e, assim, serem salvos.

Além do mais, porque Deus vê que não poderíamos até mesmo fazer uso da Sua graça sem a Sua ajuda, Ele nos dá outros meios; e se eles permanecem, por vezes, ineficazes, é culpa nossa, pois com estes mesmos meios, uns podem abusar deles e serem condenados, enquanto outros podem fazer o certo e serem salvos; pode-se até ser salvo com recursos menos potentes. Sim, pode acontecer que abusemos de uma maior graça e somos condenados, enquanto outro coopera com uma graça menor e é salvo.

Santo Agostinho exclama: “Se, portanto, alguém se desvia da justiça, ele é conduzido por sua livre vontade, levado por sua concupiscência, enganado por sua própria convicção.” Mas para aqueles que não entendem a teologia, aqui é o que eu tenho a dizer-lhes: Deus é tão bom que quando vê um pecador correr para sua ruína, Ele corre atrás dele, o chama, suplica e acompanha-o até os portões do inferno; o que Ele não fará para convertê-lo? Ele envia-lhe boas inspirações e pensamentos santos, e se ele não aproveitá-los, Ele torna-se irritado e indignado, Ele persegue-o. Ele vai atacá-lo? Não. Ele bate no ar e perdoa. Mas o pecador ainda não está convertido. Deus envia-lhe uma doença mortal. É certamente tudo para ele. Não, irmãos, Deus cura-o; o pecador torna-se obstinado no mal, e Deus em Sua misericórdia procura outra maneira; Ele dá-lhe mais um ano, e quando esse ano acabar, Ele concede-lhe ainda outro. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 5

beija-cruz1A Bondade de Deus

Talvez você ainda não creia nas terríveis verdades que acabei de lhe ensinar. Mas foram a maioria dos teólogos altamente considerados, os mais ilustres Padres que têm falado com você através de mim. Então, como você pode ter justificativas para resistir diante de tantos exemplos e palavras das Escrituras? Se você ainda hesita, apesar disso, e se a sua mente está inclinada para a opinião contrária, então, todas as considerações não foram muito suficientes para fazer você estremecer? Oh, isso mostra que você não se importa muito com a sua salvação! Nesta importante questão, um homem sensato é atingido mais fortemente pela menor dúvida do risco que ele corre que pela evidência de ruína total em outros assuntos em que a alma não está envolvida. Um dos nossos irmãos, o Beato Giles, tinha o hábito de dizer que se apenas um homem fosse condenado, ele faria todo o possível para ter certeza que ele não fosse aquele homem.

Então, o que devemos fazer, nós que sabemos que o maior número será condenado, e não apenas de todos os católicos? O que devemos fazer? Tome a decisão de pertencer ao pequeno número daqueles que são salvos. Você diz: Se Cristo quisesse condenar-me, então por que Ele me criou? Silêncio, língua imprudente! Deus não criou ninguém para condenar, mas quem quer que seja condenado, é condenado porque quer ser. Portanto, agora vou lutar para defender a bondade de meu Deus e absolvê-la de toda a culpa: este será o assunto do segundo ponto.

Antes de continuar, vamos reunir de um lado todos os livros e todas as heresias de Lutero e Calvino, e do outro os livros e as heresias dos pelagianos e Semi-pelagianos, e vamos queimá-los. Alguns destroem a graça, outros a liberdade, e todos estão cheios de erros, por isso vamos lançá-los no fogo. Todos os condenados têm em seu rosto o santuário do Profeta Oséias, “Tua condenação vem de ti,” de forma que eles possam entender que quem é condenado, o é por sua própria maldade e porque quer ser condenado. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 4

homem-rezandoSalvação nos vários estados da vida

Mas oh, eu vejo que ao falar desta forma de todos em geral, estou deixando de lado o meu ponto de vista. Por isso, vamos aplicar esta verdade a várias situações, e você entenderá que deve ou jogar fora a razão, experiência, e o senso comum dos fiéis, ou confessar que o maior número de católicos é condenado. Há alguma condição no mundo mais favorável à inocência onde a salvação parece ser mais fácil e de que as pessoas tenham em mais alta consideração do que a de sacerdotes, os tenentes de Deus? À primeira vista, quem não pensaria que a maioria deles não são apenas bons, mas mesmos perfeitos; ainda fico horrorizado quando ouço São Jerônimo declarando que, embora o mundo esteja cheio de padres, somente um em cada cem está vivendo de uma maneira que esteja em conformidade com a sua situação; quando eu ouço um servo de Deus testemunhando o que aprendeu por revelação, que o número de sacerdotes que cai no inferno a cada dia é tão grande que parecia impossível para ele que houvesse sido deixado algum sobre a terra; quando eu ouço São Crisóstomo exclamando com lágrimas nos olhos, “Eu não acredito que muitos padres são salvos; eu acredito o contrário, que o número daqueles que são condenados é maior.”

Olhe mais longe ainda, e veja os prelados da Santa Igreja, os pastores que têm o encargo das almas. É o número daqueles que são salvos entre eles maior do que o número daqueles que são condenados? Ouça Cantimpre; ele vai relatar um evento, e você pode tirar as conclusões. Houve um sínodo realizado em Paris, e um grande número de prelados e pastores que tinham o encargo de almas estavam presentes; o rei e os príncipes também compareceram para acrescentar brilho aquela assembleia por suas presenças. Um famoso pregador foi convidado para pregar. Enquanto ele estava preparando seu sermão, um demônio horrível apareceu para ele e disse, “Deixe seus livros de lado. Se você quiser dar um sermão que será útil a estes príncipes e prelados, contente-se em dizer-lhes que da nossa parte, ‘Nós os príncipes das trevas agradecemos, príncipes, prelados, e pastores de almas, que, devido à sua negligência, o maior número de fiéis são condenados; também, estamos guardando uma recompensa para vocês, por esse favor, quando estiverem conosco no inferno.’” Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 3

bibliaAs palavras da Sagrada Escritura

Mas por que buscar as opiniões dos Padres e teólogos, quando a Sagrada Escritura esclarece a questão de forma tão clara? Olhe para o Antigo e o Novo Testamento, e você vai encontrar uma infinidade de figuras, símbolos e palavras que apontam claramente para esta verdade: pouquíssimos são salvos. No tempo de Noé, toda a raça humana foi submersa pelo Dilúvio, e apenas oito pessoas foram salvas na Arca. São Pedro diz: “Esta arca é a figura da Igreja”, enquanto Santo Agostinho acrescenta: “E estas oito pessoas que foram salvas significa que pouquíssimos cristãos são salvos, porque existem pouquíssimos os que sinceramente renunciam ao mundo, e aqueles que renunciam a ele apenas em palavras não pertencem ao mistério representado pela arca.”

A Bíblia também diz-nos que apenas dois hebreus de dois milhões entraram na Terra Prometida depois de sair do Egito; e que apenas quatro escaparam do fogo de Sodoma e das outras cidades ardentes, que com ela morreram. Tudo isso significa que o número de condenados, que será lançado no fogo como palha é muito maior que os que se salvarão, a quem o Pai celestial um dia ajuntará em Seus celeiros como o trigo precioso. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 2

padrO ensinamento dos Padres da Igreja

Não é vã curiosidade, mas precaução salutar proclamar a partir da altura do púlpito certas verdades que servem maravilhosamente para conter a indolência de libertinos, que estão sempre falando sobre a misericórdia de Deus e sobre o quão fácil é converter, aqueles que vivem mergulhados em todos os tipos de pecados e estão profundamente dormindo na estrada para o inferno. Para desiludi-los e despertá-los de seu torpor, hoje vamos examinar essa grande questão: O número de cristãos que são salvos é maior que o número de cristãos que são condenados?

Almas piedosas, vocês podem sair; este sermão não é para vocês. Seu único objetivo é conter o orgulho dos libertinos que tiram o santo temor de Deus de seus corações e unem forças com o diabo que, de acordo com o sentimento de Eusébio, condena as almas tranquilizando-as. Para sanar esta dúvida, vamos colocar os Padres da Igreja, tanto os gregos quanto os latinos, de um lado; por outro lado, os mais doutos teólogos e historiadores eruditos, e vamos colocar a Bíblia no meio para que todos possam ver. Agora não ouçam o que eu vou dizer para vocês – porque eu já lhes disse que eu não quero falar por mim mesmo ou decidir sobre o assunto – mas escutem o que essas grandes mentes têm para lhes dizer, eles que são os faróis na Igreja de Deus para dar luz aos outros, para que eles não percam a estrada para o céu. Desta forma, guiado pela tripla luz da autoridade, fé e razão, seremos capazes de resolver esta grave questão com certeza. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 1

Daremos início hoje à publicação de um pequeno livro de São Leonardo de Porto Maurício intitulado “O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS”. Um livro que nos fará refletir muito sobre nossa vida cotidiana em relação á Deus e a obediência à Igreja. Dividimos em 7 partes para que cada uma delas seja confrontada com nossas misérias, nosso orgulho e nossa desobediência.

INTRODUÇÃO

Graças a Deus, o número de discípulos do Redentor não é tão pequeno que a maldade dos escribas e fariseus seja capaz de triunfar sobre eles. Embora eles se esforcem para caluniar a inocência e para enganar a multidão com seus sofismas traiçoeiros por desacreditar a doutrina e o caráter de nosso Senhor, achando manchas mesmo sob o sol, muitos ainda o reconhecem como o verdadeiro Messias, e, sem medo de quaisquer castigos ou ameaças, aderem abertamente a sua causa.

Será que todos aqueles que seguem a Cristo O seguirão até a glória? Oh, aqui é onde eu reverencio o mistério profundo, e em silêncio adoro os abismos dos decretos divinos, ao invés de, precipitadamente, decidir sobre um ponto tão importante! O assunto que será tratado hoje é muito grave; tem causado até mesmo tremores nos pilares da Igreja, encheu os maiores Santos com de terror e povoou os desertos com eremitas. O objetivo desta preleção é para decidir se o número de cristãos que são salvos é maior ou menor do que o número de cristãos que são condenados; ela irá, espero, produzir em você um medo salutar dos juízos de Deus.

Irmãos, por causa do amor que tenho por vocês, eu desejaria ser capaz de tranquilizá-los com a perspectiva da felicidade eterna, dizendo a cada um de vocês: Você vai para o paraíso; o maior número de cristãos é salvos, então você também será salvo. Mas como posso lhe dar essa garantia doce se você se revolta contra os decretos de Deus como se você fosse o seu pior inimigo? Observo em Deus um sincero desejo de salvá-lo, mas vejo em você uma inclinação decidida de ser condenado. Então o que eu faço hoje se falar claramente? Eu serei desagradável para você. Mas se eu não falo, eu serei desagradável para Deus. Continuar lendo

PELA SANTA MISSA PODEMOS SATISFAZER A JUSTIÇA DIVINA PELOS PECADOS COMETIDOS

Sancta-MissaA segunda obrigação que temos para com DEUS é a de satisfazer à sua Justiça por tantos pecados por nós cometidos. Oh!, que dívida imensa esta! Um único pecado mortal pesa tanto na balança da Justiça Divina que não bastariam, para expiá-lo, todas as boas obras de todos os mártires e de todos os santos passados, presentes e futuros. No entanto, com o Santo Sacrifício da Missa, se considerarmos o seu valor intrínseco e seu Preço, pode-se satisfazer plenamente a Deus por todos os pecados cometidos.

E aqui buscai compreender quanto de reconhecimento deveis a JESUS. Pensai-o bem: é Ele o ofendido; entretanto, não contente de no Calvário ter satisfeito por nós à Justiça Divina, deu-nos e continua a dar-nos incessantemente o meio de apaziguá-la no Sacrifício da Santa Missa, pois aí renova a Oferenda que, na Cruz, fez a DEUS PAI, pelos pecados do Mundo inteiro. O mesmo Sangue que derramou para resgatar o gênero humano é aplicado e oferecido especialmente na Santa Missa pelos pecados daquele que a celebra ou manda celebrar, e de todos os que participam deste augusto Sacrifício.

Não que o Sacrifício da Santa Missa apague por si mesmo e imediatamente nossos pecados, como é o caso do Sacramento da Confissão; mas obtém que eles nos sejam apagados, proporcionando-nos, seja no momento mesmo da Santa Missa, seja em outra ocasião oportuna, boas inspirações, movimentos salutares e graças atuais que nos são indispensáveis para nos arrependermos dignamente de nossas faltas. Só DEUS sabe quantas almas escaparam das garras do pecado pelos socorros extraordinários que lhes provieram deste divino Sacrifício! Continuar lendo

PELA SANTA MISSA ADORAMOS DIGNAMENTE A DEUS

massNossa primeira obrigação para com DEUS é adorá-Lo e honrá-Lo. Sendo DEUS de Majestade infinita, homenagens infinitas Lhe devemos. Infelizes que somos! Onde encontraremos oferenda digna de nosso Criador? Passai vós em revista todas as criaturas do Universo: coisa alguma encontrareis digna Dele.

Ah! é que uma oferenda digna de DEUS não pode ser senão o próprio DEUS. Necessário é que Aquele mesmo. que está assentado no Trono de Sua Majestade, desça para oferecer-se como vítima sobre nossos Altares, a fim de que a homenagem corresponda perfeitamente à Excelência de sua Grandeza infinita.

É isto é o que se realiza na Santa Missa, única Homenagem pela qual DEUS é adorado na medida que merece, porque é adorado por DEUS mesmo, isto é, por JESUS que, pondo-se sobre o Altar em estado de Vítima, adora a SANTÍSSIMA TRINDADE por um ato de inefável dependência tanto quanto Ela merece. E de tal modo que todas as outras homenagens que Lhe possam prestar as criaturas, comparadas a essa Humilhação de JESUS, desaparecem como as estrelas em presença do Sol.
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VANTAGENS DO SANTO SACRIFÍCIO

MISSAA grandeza e a beleza são dois motivos assaz poderosos para tocar os corações. A utilidade, porém, os persuade e, a despeito de toda repugnância, arrebata quase sempre à vitória.

Ainda que a excelência e a necessidade da Santa Missa não fossem para vós bastante ponderáveis, como poderíeis deixar de apreciar a magna utilidade que ela proporciona aos vivos e falecidos, aos justos e aos pecadores, para a vida e para a morte, e mesmo para depois da morte? Imaginai que sois aquele devedor do Evangelho, cuja dívida se elevara à enorme quantia de dez mil talentos. Chamado a prestar contas humilha-se, implora e pede adiamento para satisfazer completamente o débito:

“Patientiam hiabe in me, et omnia rddam tibi.” – “Tem paciência comigo, que tudo de pagarei” (Mt 18, 26)

Aí está o que deveis fazer, vós que tendes com a Justiça divina não uma, mas mil dívidas. Deveis humilhar-vos e suplicar tempo bastante para assistir à Santa Missa; e ficai certos de que estas Santas Missas saldarão completamente todas as vossas obrigações. Continuar lendo

NECESSIDADE DO SANTO SACRIFÍCIO

missa-sao-gregorioSe não houvesse o Sol, que seria da Terra? Oh! Tudo seria trevas, horror, esterilidade e desolação. E se o Mundo não tivesse a Santa Missa, que seria de nós?

Infelizes! Ficaríamos privados de todos os bens sobrecarregados de todos os males. Estaríamos expostos a todos os raios da cólera de DEUS. Alguns há que se admiram, e acham que de certo modo DEUS mudou a sua maneira de governar. Antigamente Ele se nomeava “DEUS dos exércitos”, e falava ao povo do meio das nuvens, manejando o trovão; e de fato, era com todo o rigor da justiça que castigava os pecados. Por um único adultério, mandou passar a fio de espada vinte e cinco mil homens da tribo de Benjamim (Jz 20,46).

Por um leve pecado de orgulho de Davi em computar o povo, enviou Ele uma peste tão terrível que, em poucas horas pereceram setenta mil pessoas (2Sm 24,15). Por um só olhar curioso e desrespeitoso dos betsamitas, fez que cinquenta mil deles perecessem. (1Sm 6,19). E agora suporta, com paciência, não só vaidades e irreverências, mas adultérios os mais vergonhosos, escândalos gravíssimos, e tantas blasfêmias horríveis que muitos cristãos vomitam contra Seu Nome Santíssimo.

Por que assim acontece? Por que tão grande mudança de conduta? Serão as ingratidões dos homens mais escusáveis hoje do que outrora? Bem ao contrário, são muito mais culpáveis, já que os imensos benefícios de DEUS se multiplicam todos os dias. – A verdadeira razão desta clemência espantosa é a Santa Missa, pela qual esta grande Vítima, que se chama JESUS, se oferece ao Eterno PAI. Eis aí o Sol da Santa Igreja, que dissipa as nuvens e torna sereno o céu. Eis aí o arco-íris que detém os raios da Divina Justiça. Creio para mim que, não fosse a Santa Missa, o Mundo estaria já no abismo, incapaz de suportar o imenso fardo de suas iniquidades. Continuar lendo

A PALAVRA DE UM HOMEM OPERA O SACRIFÍCIO

Santa MisaAdmirai-vos, talvez, de me ouvir dizer que a Missa é uma obra maravilhosa? E não é, com efeito, inefável Maravilha o que opera a palavra de um humilde sacerdote? Que língua angélica ou humana poderia explicar Poder tão excessivo?

Quem, jamais, poderia imaginar que a palavra de um homem, que não tem, naturalmente, a força de levantar da terra uma palha, receberia da Graça o poder surpreendente de fazer descer do Céu o Filho de DEUS?

Aí está um poder maior que o de transportar montanhas, esgotar o mar e abalar os céus; poder comparável, de certo modo, àquele primeiro Fiat com que DEUS fez surgir do nada todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em outro sentido, aquele Fiat pelo qual a Virgem Santíssima atraiu a seu seio o Verbo Divino.

A Virgem Maria nada mais fez que fornecer a matéria do Corpo de Cristo, dela formado, de seu puríssimo sangue, mas não por ela nem por sua operação: enquanto que a voz do sacerdote, sendo instrumento de CRISTO no ato da Consagração, O reproduz de um modo novo e admirável, quer dizer, sacramentalmente, e isto tantas vezes quantas consagra.

O bem-aventurado João, o Bom, de Mântua, levou um eremita seu companheiro a compreender esta verdade. Este não conseguia se persuadir de que a palavra de um padre tivesse o poder de mudar a substância do pão no Corpo de JESUS CRISTO, e a do vinho em seu Sangue. O que é mais deplorável, tinha cedido a essa tentação diabólica. O servo de DEUS percebeu o erro do companheiro e, conduzindo-o a beira de uma fonte, aí encheu de água uma taça e deu-lhe de beber. Continuar lendo

O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA TEM POR SACERDOTE O PRÓPRIO JESUS CRISTO

jesusDepois de dizer que o Sacrifico da Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz, e não uma cópia, era de imaginar que não se poderia encontrar prerrogativa melhor. O que o torna, entretanto, mais sublime é o fato de ter como Sacerdote o próprio Deus feito homem(!).

Três coisas, certamente, são para considerar no santo Sacrifício: o Sacerdote que oferece; a Vítima oferecida; a Majestade divina, a Quem se oferece. Ora, três considerações: o Sacerdote, que oferece, é um Homem-DEUS, JESUS CRISTO: a vítima é a Vida de um DEUS; e não se oferece a outrem senão a DEUS.

Reanimai, portanto, a vossa fé, e reconhecei, no padre que celebra, a Pessoa adorável de Nosso Senhor JESUS CRISTO. É Ele o principal oferente, não só porque instituiu este santo Sacrifício, e lhe dá, por seus méritos, a eficácia, mas porque se digna, em cada Santa Missa e para nosso benefício, mudar o pão e o vinho em seu santíssimo Corpo e preciosíssimo Sangue.

Eis porque a maior excelência da Santa Missa consiste em ter por Sacerdote um DEUS feito Homem. E quando virdes o celebrante no altar, sabei que sua maior dignidade é ser o ministro deste Sacerdote invisível e eterno, que é nosso Redentor. Daí vem que o Sacrifício não deixa de ser agradável a DEUS, ainda que o padre celebrante seja um pecador, visto que o principal oferente é CRISTO Nosso Senhor, e o padre seu simples representante.

Do mesmo modo, aquele que dá esmola pela mão dum servidor, é verdadeiramente o principal autor do benefício, e ainda que o servo fosse um pecador, se o patrão é um justo, a esmola é santa e é meritória. Bendito seja DEUS que nos deu um Sacerdote infinitamente santo, a própria Santidade, o qual oferece ao PAI Eterno este divino Sacrifício, não só em todo lugar, pois hoje a fé está difundida em toda parte, mas também em todo tempo, todos os dias e mesmo a toda hora. Graças a DEUS, o sol se levanta para outras regiões, quando para nós desaparece. A toda hora, portanto, em qualquer parte da Terra, este Santíssimo Sacerdote oferece seu Corpo, seu Sangue, todo o Ser ao PAI, por nós, e o faz tantas vezes quantas Missas se celebram em todo o Universo. Continuar lendo

O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA É O MESMO QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ

missa_tridentina_523A Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente de todos, e a fim de formardes uma ideia adequada de tão grande tesouro, eis algumas de suas excelências divinas; pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a fraqueza da minha inteligência.

A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído para nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário. Assim, o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.

Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos.

Notai, portanto, que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e como imolado: Vidi agunum stantem tanquan accisum. (Apoc 5, 6)

No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia. Continuar lendo