NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA O TEU PRÓXIMO

Irmãs da Fraternidade São Pio X

“Mamãe, o Lucas me empurrou!” “Professor, o Vianney está me copiando!” “Mamãe, Joana pegou meu livro!” Como devemos responder a tais acusações? Devemos encorajá-las endossando-as, ou tirar partido dessas informações recém-descobertas? Será que o acusador é movido por um senso de justiça, pelo desejo de ver o triunfo de tudo o que é bom e verdadeiro? Ou será egoísmo e amor-próprio o que inspira tais comentários?

Infelizmente, a última hipótese é mais frequente. Se completássemos as acusações mencionadas, ouviríamos: “Lucas não me empurrou de propósito, mas, não estou pronto para perdoar essa leve falta de respeito involuntária.” “Vianney me copiou, e como ele não é legal, resolvi puni-lo.” “Joana pegou meu livro porque fui egoísta e não queria emprestar.”

Portanto, podemos interromper o acusador dizendo “Eu não escuto dedo-duro.” A criança entenderá que não é correto dizer tais coisas e, em seguida, não dará continuidade à acusação. No entanto, quando essas acusações seguem ocorrendo diariamente, é preciso parar e se dedicar a fazer com que a criança reflita sobre a moralidade dos seus atos.

Por exemplo, ao ouvir uma acusação, podemos responder: “Você acabou de me dizer que Cecilia trapaceou no jogo. Trapaceou mesmo? O que ela fez?” Ao fazer mais perguntas e se aprofundar um pouco mais, a mãe descobre que Cecília não tinha realmente trapaceado: “Só um pouco, mãe, porque ela soprou os dados para que desse um seis e seu cavalo pudesse avançar…” Continuar lendo

DISSOLUÇÃO SOCIAL, DISSOLUÇÃO RELIGIOSA

Ordo

As atuais restrições sanitárias estão dissolvendo a sociedade e o atual governo do Papa tende a dissolver a Igreja.

Fonte: Editorial da Revista Fideliter n ° 259 – Tradução: Dominus Est

As restrições sanitárias decretadas pelos governantes impuseram à população, voluntariamente ou não, uma dissolução social. As crianças, agora obrigadas a estudar sem ir à escola e seus pais obrigados a concentrarem-se no computador, tiveram que encontrar, sob o mesmo teto, o melhor modo de viver para não interferirem uns aos outros. Todos tiveram que encontrar, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, os meios para exercerem suas ocupações completamente díspares umas das outras. O recolhimento em si mesmo tornou-se uma necessidade e o destino de todos. Eis o paradoxo: isolamento universal. Quem pode deixar de ver o terrível dilema com que somos confrontados – um totalitarismo se ergue face a uma democracia que se desintegra? Os pensadores modernos, consumidos pelo modus operandi binário favorecido pelo computador, resolvem tudo usando um algoritmo, e não saem da velha ambiguidade: a escolha entre a multidão ou a unidade. Alguns querem dar prioridade à unidade, mesmo ao custo de esmagar a multidão, enquanto outros reivindicam o contrário e permitem que a diversidade viva correndo o risco de minar a unidade. Pais de família vivenciam essa ambigüidade todos os dias! Cada um dos seus filhos requer uma atenção especial, com a qual está atento para não prejudicar a unidade de toda a sua família. Este é o princípio de todo chefe honrado: “Como são muitos os homens, cada um seguiria o seu caminho se não houvesse quem cuidasse do bem da multidão.” (Santo Tomás de Aquino) A função do poder é precisamente ordenar uma multidão, ou seja, unificá-la sem destrui-la.

O vício da modernidade consiste em ver uma contradição entre unidade e multidão. A partir daí, a primeira se opõe necessariamente à segunda e a instabilidade se torna endêmica porque essa oposição é antinatural. Em seguida, passamos de um excesso de poder para sua ausência. Manter todos em casa dá ao estado poder quase direto sobre todos. O totalitarismo unitário toma o lugar de uma democracia pluralista decadente.

Infelizmente, esse desvio revolucionário entrou na Igreja. A monarquia divina fundada por Jesus Cristo tende a se tornar uma pluralidade chamada sinodal, em detrimento do poder do Papa. Passamos da unidade para a pluralidade não apenas porque o poder do Vigário de Cristo tende a se dissolver em todos os tipos de assembleias, mas ainda mais porque a Igreja Católica está definhando através do ecumenismo em meio a um conjunto de religiões mais ou menos idólatras. Esta gangrena da Igreja de Jesus Cristo, que a priva da sua unidade fundamental, a transforma na Igreja “conciliar”. A catolicidade se tornou uma vaga universalidade sem regras, onde cada um encontra seu próprio caminho com base em seu sentimento pessoal. Eis a outra forma de isolamento universal que sub-repticiamente conduz a um poder excessivo. Continuar lendo

O NOVO LADRÃO CHINÊS

Pe. Philippe Bourrat, FSSPX 

É agora, por meio de uma ditadura sanitária, que as maiores restrições e perdas de liberdade emergem.

Conheçamos, primeiramente, a tática do “ladrão chinês”. Quando quer roubar um objeto, ele o move alguns centímetros todos os dias do seu lugar. Seu dono se acostuma a ver o objeto sair gradativamente de seu campo visual, a ponto de não se lembrar mais de seu lugar de origem. O ladrão, então, só tem que roubar o objeto cobiçado e seu dono nem perceberá o seu desaparecimento.

Qualquer que seja a evolução das técnicas de roubos contemporâneos, há uma área onde o processo descrito está sendo claramente revisitado. Desde 2020, fomos roubados de muitas liberdades, em graus variados e sob restrições variáveis e cíclicas que fazem com que muitos esqueçam as liberdades de que gozavam anteriormente. Proibição de visitar os idosos, de ultrapassar um perímetro ridículo de distância, redução da liberdade de culto, impossibilidade de comprar e vender certos produtos considerados não essenciais perto de casa e até de ir à escola. Assim, cortar o cabelo, comprar roupas, oferecer flores eram considerados, nos primeiros confinamentos, atividades perigosas e propícias à contaminação do vírus, enquanto comprar e fumar cigarro, jogar a Française des Jeux [1] obviamente não envolviam nenhum perigo… para os cofres do Estado.

É agora, através de uma ditadura sanitária, que as maiores restrições e perdas de liberdade surgirão. Para agradar às empresas farmacêuticas e de informática que ditam sua lei do lucro e do controle populacional, sob a autoridade de órgãos científicos cujos conflitos de interesse são da esfera pública, trata-se de fazer com que aqueles que se recusam a se vacinar se sintam culpados e fiquem à margem do Estado, que prevê o controle de tudo e de todos. E como a adesão ao processo de vacinação encontrou forte oposição na França, procedemos em etapas. O novo “ladrão chinês” opera de forma diferente de seu ancestral: ele rouba as liberdades, mas as restitui, as rouba de novo e assim por diante. De início, acreditamos ter recuperado nossos bens, mas no alívio das poucas liberdades que foram recuperadas, esquecemos que tínhamos muito mais do que nos foi devolvido. O ladrão os guarda zelosamente e põe em prática um mecanismo que funciona muito bem Continuar lendo

NÃO COLOQUE SUAS ORAÇÕES DE FÉRIAS

ferias

Com as férias, às vezes é difícil cumprir os horários, e a vida de oração pode ser prejudicada.

Fonte: Lou Pescadou n° 201  – Tradução: Dominus Est

Quando estávamos no primeiro ano do seminário, e as férias em família se aproximavam, nossos professores nos advertiam: as férias são um bom teste para mensurar o fervor. Longe da vida comunitária, sem parte dos serviços em comum, pode ser difícil manter uma vida de oração tão fervorosa como no seminário. Esta observação também pode ser feita a vocês, queridos fiéis. Com as férias, às vezes é difícil cumprir os horários, e a vida de oração pode ser prejudicada. Assim, para ajudá-lo a não colocar a oração de férias, gostaríamos de relembrar algumas verdades sobre essa “elevação de nossa alma a Deus”.

A primeira coisa a se convencer é que a oração é necessária. Em outras palavras: não pode não ser. É a respiração da alma. Respiramos para nos mantermos vivos. Rezamos para permanecermos unidos ao Autor da Vida. Entrentanto, uma objeção pode surgir na cabeça das pessoas: mas por que rezar, falar com Deus, fazer pedidos a Ele, já que Ele conhece tudo? O catecismo do Concílio de Trento responde. Ele diz que não somos animais sem razão, e que Deus não é uma abstração, um ser imaginário. É uma Pessoa, é nosso Pai. Portanto, é normal que seus filhos conversem com Ele. É claro que Deus poderia nos atender sem nenhum pedido, sem nenhuma oração. Mas se obtivéssemos tudo sem pedir, acabaríamos nos esquecendo do Deus para o qual fomos feitos. É por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo diz: Devemos sempre orar (Lc 18, 1). E acrescenta um argumento decisivo, o da nossa fraqueza: Sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5); vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26,41).

O Papa Pio XII, em um discurso aos pregadores da Quaresma, disse em 1943: Ninguém pode, sem oração, guardar a lei divina por muito tempo e evitar uma falta grave. Porque a oração, diz o teólogo Garrigou-Lagrange, é o meio normal, universal e eficaz pelo qual Deus deseja que obtenhamos todas as graças atuais de que necessitamos. Lembremos que essas graças atuais são ajudas temporárias de Deus, para fazer o bem e evitar o mal. Continuar lendo

FESTA DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA

Festa da Visitação de Nossa Senhora - 31 de Maio

Exsurgens Maria, abiit in montana cum festinatione, in civitatem Iuda —“Levantando-se Maria, foi apressadamente às montanhas, a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39)

Sumário. Afiguremo-nos ver Maria Santíssima que, partindo de Nazaré, estuga o passo a fim de consolar Isabel, quanto antes, com a sua presença. Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, exalta-a como Mãe de Deus. Mas a divina Mãe humilha-se profundamente, atribuindo a Deus os louvores que lhe são dirigidos. Enchendo toda aquela família dos favores mais assinalados, Maria começa desde então a ser a dispensadora das misericórdias divinas. Ó Virgem Santíssima, dignai-vos de visitar também a minha alma e de a enriquecer com a santa humildade e com um amor ardente para com Deus e o próximo.

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Maria parte de Nazaré para ir à cidade de Hebrom, distante setenta milhas ou pelo menos quatro jornadas, por montanhas ásperas e sem outra companhia senão a de São José, seu Esposo. A santa Donzela apressa os passos, como diz São Lucas: Ela foi apressadamente às montanhas. Dizei-nos, ó Virgem santa, por que é que empreendeis uma viagem tão longa e penosa, e apressais tanto os passos? Eu vou, responde, cumprir o meu ofício de caridade; vou levar consolo a uma família. Ó grande Mãe de Deus, se, pois, o vosso ofício é consolar as almas e dispensar-lhes graças, ah, vinde consolar e visitar também a minha alma. A vossa visita santificou então a casa de Isabel; vinde, ó Maria, e santificai agora a minha alma.

Eis que a santa Virgem chega à casa de Isabel. Ela já é Mãe de Deus, mas, apesar disso, é a primeira a saudar sua parenta: Intravit et salutavit Elisabeth — “Ela entrou e saudou Isabel”. Esta, iluminada pelo Senhor, sabe que o Verbo se fizera carne e filho de Maria; pelo que a chama bendita entre as mulheres e bendiz o fruto das suas entranhas: Benedicta tu in mulieribus, et benedictus frutus ventris tui. Cheia de confusão, bem como de alegria, exclama Isabel: Como podia esperar a suprema ventura de a Mãe de Deus me vir visitar? Continuar lendo

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE JUNHO

CATECISMO EM VÍDEO – AULA 47: A REDENÇÃO OFERECIDA POR UM HOMEM-DEUS

QUANDO DOIS APÓSTOLOS DA MISSA, D. LEFEBVRE E PADRE PIO, SE ENCONTRAM

NUNCA MAIS A GUERRA?

O ARCO-IRIS AMERICANO DESAFIA O VATICANO

UM PADRE ENTRE OS VIAJANTES

MENSAGEM DO SUPERIOR GERAL DA FSSPX PELA MORTE DO PE. DANIEL YAGAN

ONDE ESTÁ A TRADIÇÃO, ALÍ ESTÁ A IGREJA” – SERMÃO DE MONS. LEFEBVRE

A SANTA MISSA DO PADRE PIO

ALGO ALÉM DA COMPREENSÃO, POR D. LEFEBVRE

TOMADAS DE HÁBITO E PRIMEIROS VOTOS DAS IRMÃS CONSOLADORAS DO SAGRADO CORAÇÃO

ENTREVISTA DO SUPERIOR GERAL DA FSSPX POR OCASIÃO DO 25º ANIVERSÁRIO DE ORDENAÇÃO

NOVIDADE: LANÇAMENTO DA RÁDIO DOMINUS EST

RAÍZES…PARA QUE FIM?

ONDE COMEÇA A CIDADE CATÓLICA?

ORDENAÇÕES SACERDOTAIS E DIACONAIS EM ZAITZKOFEN – 2021

ONDE COMEÇA A CIDADE CATÓLICA?

Cidade

“Noblesse oblige”, dizemos. Mas a quê? A uma coerência entre o que dizemos e o que fazemos.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A Cidade Católica é uma sociedade cujas instituições não vão contra os preceitos de Deus, uma cidade cuja lei não é contra a fé. Famílias e escolas, oficinas e escritórios, hospitais e tribunais constituem essa cristandade temporal que nos prepara para obter a bem-aventurança eterna. É a cidade terrestre que nos prepara para a cidade celestial. Mas o padre Calmel nos avisa:

Só podemos falar proveitosamente do Cristianismo para aqueles que estão dispostos a admitir que as atuais instituições, pelo menos alguma delas, representam uma antessala mais ou menos climatizada do Inferno, porque são instituições contrárias à lei natural. Legitimam, autorizam, encobrem com sua autoridade atos e atitudes que são uma ofensa ao Criador e Redentor da natureza humana. Considerando que uma cidade que merece o nome de cristã, uma cristandade, deve estar em conformidade com a lei natural, digna de Deus e digna do homem, inspirada pelos ensinamentos da Igreja, e permitindo que o homem conquiste o céu.

(Escola Cristã Renovada, cap. XXVII, “A cristandade deve continuar”, Téqui, pág.166)

É por isso que a Cidade Católica começa dentro nós: com a consciência lúcida desta “antessala mais ou menos climatizada do Inferno”, acompanhada de resoluções práticas para “ganhar o Paraíso”. A luta pelas instituições cristãs começa em cada um de nós, com humildade, mas com eficácia.

É sobre isso que cantamos:

Queremos Deus na família,
Na alma dos nossos queridos filhos …

Queremos Deus! Sua santa imagem deve presidir aos julgamentos;
Queremo-lo no matrimônio
Como à beira de nossa morte …

Queremos Deus! nossa pátria
Deve ser colocado em primeiro lugar…

A questão é saber se este é apenas um hino, uma canção piedosa cujas palavras desaparecem ou são um roteiro cujos passos são seguidos fielmente, dia após dia.

“Noblesse oblige”, dizemos. Mas a quê? A uma coerência entre o que dizemos e o que fazemos. É esta coerência que transforma as nossas provações diárias em provas de amor a Deus e às almas.

Pe. Alain Lorans, FSSPX

Famille d’abord, Carta do Movimento da Família Católica n° 45 – junho de 2021

DIVAGAÇÕES A RESPEITO DOS JOVENS

Jovens | DOMINUS EST

Gustavo Corção

Modéstia à parte, tenho sido ultimamente entrevistado, mas permanece inevitavelmente a mesma indagação fundamental: o que penso eu da juventude. Ora, devo confessar que não penso absolutamente nada da juventude. Por mais que me esforce e que esmiúce a pergunta, por mais que analise os conceitos envolvidos no inquérito, só consigo pensar que a juventude é a juventude. Que outro juízo esperam os colegas de mim? Não consigo, sinceramente, descobrir nenhum predicado que convenha a todos os jovens, a não ser a própria juventude. O jovem é jovem, eis aí o pensamento profundo atual, avançado, audacioso, que ofereço a todos os jornais e revistas. E desde já lanço o repto: a quem me provar que o jovem não é jovem entregarei minha casa e meus livros.

Outro dia, entretanto, ouvi alguém dizer, aliás pela milésima vez, que o “jovem é autêntico”, e que o jovem, pelo fato de ser jovem, sofre a pressão ou a colisão das inautenticidades dos velhos. O que quererá dizer isto? Receio que o pressuposto de tal afirmação, se algum existe, é o de só existir, em toda a vida humana, uma estreita faixa etária, como diria o Dr. Alceu Amoroso Lima, em que o mísero bípede implume se encontra consigo mesmo. Eu poderia invocar a longa experiência de vida e contestar o fenômeno. Sim, posso assegurar que já encontrei muitos jovens com todas as características do canalhismo; e até poderia acrescentar, com robusta convicção, que essa peculiaridade da alma humana está equitativamente distribuída por todas as idades.

Lembro-me por exemplo dos moços da extinta UNE, ou entidade máxima estudantil: quase todos os dirigentes que conheci eram canalhas e demonstraram uma virtuosidade capaz de causar inveja a um velho crápula aposentado. Por dois desses fui enrolado apesar de toda a experiência da vida de que me gabei pouco atrás. Mas talvez esteja enganado: os sagazes observadores da eclesialização do mundo ou da secularização da Igreja, e sobretudo os sociólogos dessa índole dirão que observei mal e que confundi canalhismo com atitudes de protesto. Os jovens que praticam atos de canalhice, segundo os padrões tradicionais, não são canalhas porque são jovens e não são canalhas porque estão apenas replicando à deixa da falida geração que só legou taras e misérias. Sim. Um dos postulados que parece presente na base de tudo o que se diz hoje dos jovens é o da total falência do mundo anterior. E aí temos um estranho conflito e até se duvidarem uma estranha revolta: a de um ente de razão contra outro ente de razão, a de um ser abstrato contra outro ser abstrato. Continuar lendo

RAÍZES…PARA QUE FIM?

rai

Quanto mais um homem nutre suas raízes naturais e sobrenaturais, mais frutuoso se torna, e quanto mais frutuoso se torna, mais suas raízes se fortalecem.

Fonte: Bulletín Apostol  – Tradução: Dominus Est

Em tempos de crise, o equilíbrio humano e sobrenatural é o que enfraquece o apego aos ofícios. Certamente mais difícil de manter. O homem em crise é frequentemente um homem fascinado, emocionalmente perturbado, pronto para todos os excessos e todos os erros. Mas não é nada catastrófico: a crise, seja pessoal, familiar ou social, também pode ser uma oportunidade de crescimento. No entanto, nessa crise sem precedentes que a Igreja e a sociedade atravessam há várias décadas, surgiu um problema de equilíbrio entre os católicos. 

Como assim? 

É um cabo de guerra: de um lado, o dever de resistir aos desvios doutrinários e morais, e de outro, a necessidade de não se fechar em si mesmo. Essa tensão pode levar a duas atitudes opostas:

  • uma que consiste, em prol de uma autopreservação, a se fechar e recuar; 
  • a outra que, no desejo de agradar, quer ser “como todo mundo” e seguir a direção do vento (neste caso um vendaval muito desagradável). 

É interessante notar que basicamente essas duas atitudes procedem de um medo. A primeira atitude origina-se do medo de ser arrastado pela corrente dominante e a segunda do medo de ser marginalizado. Qual a solução então? O enraizamento, precisamente, que deve ser feito em dois níveis: natural e sobrenatural.

O enraizamento natural é composto por três elementos: o país, a família, a profissão. Quando o homem tem laços fortes nessas três áreas, ele tem o terreno fértil para seu desenvolvimento natural: Continuar lendo

QUEM SERÃO OS ACUSADORES EM NOSSO JUÍZO PARTICULAR?

Imagem relacionadaLogo que o homem expira, assentar-se-á contra ele o juízo e serão abertos os livros (1). Esses livros serão dois: o Evangelho e a consciência.

No Evangelho se lerá o que o culpado devia fazer; na consciência, o que tiver feito. – Na balança da divina justiça, não se pesarão as riquezas, nem a dignidade, nem a nobreza das pessoas, mas tão somente as obras.

Pelo que Daniel disse ao rei Baltazar: Appensus es in statera, et inventus es minus habens (2) – “Foste pesado na balança e achou-se que tinhas menos do peso”. Notai bem, comenta o Padre Alvarez: não é o ouro, nem o poder de rei que está na balança, mas unicamente a sua pessoa.

Virão depois os acusadores e EM PRIMEIRO LUGAR O DEMÔNIO. O espírito maligno agora engana-nos com mil astúcias; mas ali, diz Santo Agostinho, perante o tribunal de Jesus Cristo: recitabit verba professionis nostrae, representará todas as obrigações que havíamos assumido e deixado de cumprir. Obiciet in faciem nostram, denunciar-nos-á todas as faltas, marcando o dia e a hora em que as cometemos. Depois, segundo diz o mesmo Santo, dirá ao Juiz: Senhor, por este culpado eu não sofri bofetadas como Vós, nem açoites, nem qualquer outro castigo e contudo ele Vos virou as costas, a Vós que morrestes pela sua salvação, para se fazer meu escravo; é, pois, justo que seja meu. Ordenais, pois, que seja todo meu, já que não quis ser vosso: Iudica esse meum qui tuus esse noluit.

VIRÁ EM SEGUIDA COMO ACUSADOR O ANJO DA GUARDA, que, na palavra de Orígenes, dirá: Senhor, durante tantos anos me empenhei junto dele, mas desprezou todas as minhas admoestações. Então sucederá o que diz Jeremias; os próprios amigos serão contra a alma culpada: Omnes amici eius spreverunt eum (3). Continuar lendo