A PACIÊNCIA

paciA paciência, diz o Apóstolo, vos é necessária para que, fazendo a vontade de Deus, alcanceis o que Ele vos tem prometido. Sim, nos diz Jesus Cristo, possuireis vossas almas pela paciência. 

O maior bem do homem consiste, Filotéia, em possuir seu coração e tanto mais o possuímos quanto mais perfeita é nossa paciência; cumpre, portanto, aperfeiçoarmos nesta virtude. Lembra-te também que, tendo Nosso Senhor nos alcançado todas as graças da salvação pela paciência de Sua vida e de Sua morte, nós também no-las devemos aplicar por uma paciência constante e inalterável nas aflições, nas misérias e nas contradições da vida.

Não limites a tua paciência a alguns sofrimentos, mas estende-a universalmente a tudo o que Deus te mandar ou permitir que venha sobre ti. Muitas pessoas há que de boa mente querem suportar os sofrimentos que têm um certo cunho de honroso: ter sido ferido numa batalha, ter sido prisioneiro ao cumprir seu dever, ser maltratado pela religião, perder todos os seus bens numa contenda de honra, da qual saíram vencedores, tudo isso lhes é suave; mas é a glória e não o sofrimento o que amam. O homem verdadeiramente paciente tolera com a mesma igualdade de espírito os sofrimentos ignominiosos como os que trazem honra.

O desprezo, a censura e a deseducação dum homem vicioso e libertino é um prazer para uma alma grande; mas sofrer esses maus tratos de gente de bem, de seus amigos e parentes, é uma paciência heróica. Por isso aprecio e admiro mais o Cardeal São Carlos Borromeu, por ter sofrido em silêncio, com brandura e por muito tempo, as invectivas públicas que célebre pregador duma ordem reformada fazia contra ele do púlpito, do que ter suportado abertamente os insultos de muitos libertinos; pois, como as ferroadas das abelhas doem muito mais que as das moscas, assim as contradições procedentes de gente de bem magoam muito mais do que as que provêm de homens viciosos. Acontece, no entanto, muitas vezes que dois homens de bem, ambos bem intencionados, pela diversidade de opiniões, se afligem mutuamente não pouco. Tem paciência não só com o mal que sofres, mas também com as suas circunstâncias e conseqüências. Muitos se enganam neste ponto e parecem desejar aflições, recusando, entretanto, sofrer suas incomodidades inseparáveis. Continuar lendo

A MISSA DE SEMPRE E A MISSA “AO SABOR DO VENTO”

lefebvrePara preparar o Congresso eucarístico de 1981 foi distribuído um questionário cuja primeira pergunta era esta:
 
“Dentre estas duas definições: “Santo Sacrifício da Missa” e “Refeição eucarística”, qual adotais espontaneamente?” Haveria muito a dizer sobre esta maneira de interrogar os católicos deixando-lhes de algum modo a escolha e fazendo apelo a seu julgamento pessoal num assunto onde a espontaneidade nada tem a fazer. Não se escolhe sua definição de missa como se escolhe um partido político.
Ai! A insinuação não resulta duma imperícia do redator deste questionário. É preciso convencer-se disto: a reforma litúrgica tende a substituir a noção e a realidade do Sacrifício pela realidade duma refeição. É assim que se fala de celebração eucarística, de Ceia, mas o termo “Sacrifício” é muito menos evocado; ele desapareceu quase totalmente dos manuais de catequese bem como da  pregação. Está ausente do Canon nº. 2 dito de Santo Hipólito.
 
Esta tendência se une àquela que nós verificamos a propósito da Presença real; se não há mais sacrifício, não há mais necessidade de vítima. A vítima está presente em vista do sacrifício. Fazer da missa uma refeição memorial, uma refeição fraterna é o erro dos protestantes. Que aconteceu no século XVI? Precisamente o que está para suceder hoje. Eles substituíram imediatamente o altar por uma mesa, suprimiram o crucifixo colocado sobre aquele, e fizeram o “presidente da assembléia” voltar-se para os fiéis. O cenário da Ceia protestante se encontra em Pedras Vivas, a compilação composta pelos bispos da França e que todas as crianças dos catecismos devem utilizar obrigatoriamente: “Os cristãos se reúnem para celebrar a Eucaristia. É a missa… Eles proclamam a fé da Igreja, rezam pelo mundo inteiro, oferecem o pão e o vinho… O sacerdote que preside à assembléia diz a grande oração de ação de graças…”
 
Ora, na religião católica é o sacerdote que celebra a missa, é ele que oferece o pão e o vinho. A noção de presidente é tomada de empréstimo ao protestantismo. O vocabulário segue a transformação dos espíritos. Dizia-se antigamente: “Dom Lustiger celebrará uma missa pontificial.” Foi-me relatado que na Rádio Notre-Dame, a frase utilizada presentemente é: “João Maria Lustiger presidirá a uma concelebração.”
 
Eis como se fala da missa numa brochura editada pela Conferência dos bispos suíços:
 
“A refeição do Senhor realiza primeiramente a comunhão com Cristo. É a mesma comunhão, que Jesus realizava durante sua vida terrestre sentando-se à mesa com os pecadores, que continua na refeição eucarística desde o dia da Ressurreição. O Senhor convida Seus amigos a se reunirem e estará presente entre eles.”

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“…MAS LIVRAI-NOS DO MAL. AMÉM.”

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  1. — Nos pedidos precedentes, o Senhor nos ensina a implorar o perdão dos pecados e nos mostra como escapar das tentações. Aqui nos ensina a pedir que sejamos preservados do mal.

Este é um pedido geral. Segundo Santo Agostinho, visa as diferentes espécies de males: pecados, doenças, aflições. Já falamos do pecado e da tentação; resta-nos tratar das outras categorias de males: todas as adversidades e aflições deste mundo. Deus nos livra delas de quatro maneiras.

  1. — Em primeiro lugar, Deus livra o homem das aflições, afastando-as dele; o que faz raramente. Neste mundo, os santos são afligidos. Todos os que quiserem viver piamente em Cristo Jesus, padecerão perseguição, diz São Paulo. (2 Tm 3, 12).

No entanto, às vezes, Deus concede a alguns não serem afligidos. Quando Deus sabe que uma pessoa não suporta a prova, age como um médico que evita dar remédios violentos a um doente muito mal. Eis, diz o Senhor, (Ap 3,8) que pus diante de ti uma porta aberta que ninguém pode fechar.

Na pátria celeste é lei geral que ninguém seja afligido. Está no Apocalipse: (7, 16-17) Já não terão fome nem sede, nem cairá sobre eles o sol nem calor algum. Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, os guardará e os levará às fontes das águas da vida, e Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos.
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MISSAS OU QUERMESSES?

dom-lefebvreTenho debaixo dos olhos fotografias publicadas por jornais católicos e que representam a missa tal como ela é rezada com bastante freqüência. A respeito da primeira, eu tenho dificuldade em compreender de qual momento do Santo Sacrifício se trata. Atrás de uma mesa ordinária de madeira que não tem aspecto muito conveniente, sem qualquer toalha a cobri-la, dois personagens de paletó e gravata elevam ou apresentam, um deles um cálice, o outro um cibório. A legenda me diz que são sacerdotes, dos quais um é capelão federal da Ação católica. Do mesmo lado da mesa, junto do primeiro celebrante, duas moças de calças compridas; junto do segundo, dois rapazes de camisa esportiva. Uma guitarra está apoiada num tamborete.
Outra fotografia: a cena se passa no canto de um compartimento que poderia ser a sala de um centro de jovens. O padre está de pé, com um hábito branco de Taizé diante de um banco de vaqueiro que serve de altar; vê-se uma grande tigela de argila e um pequeno copo do mesmo material, bem como dois cotos de vela acesos. Cinco jovens vestidos de tailleurs estão sentados no chão, e um deles dedilha a guitarra.
 
Terceira foto, referente a um acontecimento ocorrido há alguns anos: a vigilância marítima de alguns ecologistas que queriam impedir as experiências atômicas francesas na ilhota de Mururoa. Há entre eles um sacerdote que celebra a missa na coberta do barco, em companhia de dois outros homens. Todos os três estão de short, apresentando-se um deles, de resto, com o peito nu. O padre ergue a hóstia, sem dúvida para a elevação. Ele não está nem de pé nem ajoelhado, mas sentado ou antes recostado numa super-estrutura da embarcação.

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“…E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO…”

pater876 — Há pecadores que desejam obter o perdão de seus pecados; confessam-se e fazem penitência, mas não se aplicam como devem, para não recaírem no pecado. São inconseqüentes consigo mesmos, pois choram e se arrependem de seus pecados, para em seguida caírem novamente nos mesmos pecados e assim acumularem motivo para lágrimas futuras. A propósito disto, diz o Senhor em Isaias: (1, 16) Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante de meus olhos a malignidade de vossos pensamentos: deixai de fazer o mal.

É por isso que Cristo, como dissemos, nos ensina, no pedido anterior, a implorar o perdão de nossos pecados e neste, a graça de evitar o pecado dizendo: e não nos deixeis cair em tentação, pois é verdadeiramente a tentação que nos induz ao pecado.

  1. — Neste pedido três questões atraem nossa atenção:
  1. a) Que é a tentação?
  2. b) Como e por quem o homem é tentado?
  3. c) Como se livra da tentação?
  1. — a) Que é a tentação?

Tentar não quer dizer mais do que: por à prova. Assim, tentar o homem, é por à prova sua virtude. A tentação pode ser de duas maneiras, segundo as exigências da virtude humana. Uma, quanto à perfeição da obra e outra, que o homem se guarde de todo o mal. É o que diz o Salmista: (Sl 33, 15) Evita o mal e faze o bem.

A virtude do homem será pois provação, tanto do ponto de vista da excelência de se agir, quanto do seu afastamento do mal.

  1. — Se sois provados para saber, se estais prontos para praticar o bem, como, por exemplo, jejuar, e estais efetivamente prontos para o bem, grande é a vossa virtude.

Deste modo Deus prova o homem, não porque Ele não conhece sua virtude, mas para que assim todos a fiquem conhecendo e o tenham como exemplo. Deste modo Deus tentou Abraão (Gn 22) e Jó. Por isso Deus envia tribulações aos justos; se suportam com paciência, sua virtude é manifesta e progridem na virtude. O Senhor vosso Deus vos tenta, para se fazer manifesto se o amais ou não, dizia Moisés aos Hebreus (Dt 13, 3). Portanto Deus tenta o homem, provocando-o a fazer o bem. Continuar lendo

“ESTÃO MUDANDO NOSSA RELIGIÃO”

250px-portrait_msg_marcel_lefebvre_1960sPreciso dissipar logo de início um mal-entendido, de maneira a não ter mais que retornar ao assunto: eu não sou um chefe de movimento, muito menos o chefe de uma Igreja particular. Não sou, como não cessam de escrever, “o chefe dos tradicionalistas”.
 
Chegou-se a qualificar certas pessoas de “lefevristas” como se se tratasse de um partido ou de uma escola. É um abuso de linguagem.
 
Não tenho doutrina pessoal em matéria religiosa. Eu me ative toda a minha vida ao que me foi ensinado nos bancos do seminário francês de Roma, a saber, a doutrina católica segundo a transmissão que dela fez o magistério de século em século, desde a morte do último apóstolo, que marca o fim da Revelação.
Não deveria haver nisso um alimento próprio a satisfazer o apetite do sensacional que experimentam os jornalistas e através deles a opinião pública atual. No entanto, toda a França ficou em alvoroço no dia 29 de agosto de 1976 ao saber que eu ia rezar missa em Lille. Que haveria de extraordinário no fato de um bispo celebrar o Santo Sacrifício? Tive de pregar diante de uma platéia de microfones e cada um de meus ditos era saudado como uma declaração retumbante. Mas que dizia eu a mais do que poderia dizer qualquer outro bispo? Ah, eis aí a chave do enigma: os outros bispos, desde um certo número de anos, não diziam mais as mesmas coisas. Ouviste-os freqüentemente falar do reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, por exemplo?
 
Minha aventura pessoal não cessa de me surpreender: estes bispos, na sua maioria, foram meus condiscípulos em Roma, formados do mesmo modo. E eis que repentinamente eu me encontrava inteiramente só. Eles tinham mudado, renunciavam ao que tinham aprendido. Eu, que nada tinha inventado, continuava o mesmo. O cardeal Garrone chegou a dizer-me num dia: “Enganaram-nos, no seminário francês de Roma.” Enganaram-nos em quê? Não havia ele, antes do concílio, feito as crianças de seu catecismo recitar milhares de vezes, o ato de fé: “Meu Deus, eu creio firmemente em todas as verdades que revelastes e que nos ensinais por meio de Vossa Igreja, porque Vós não podeis nem Vos enganar nem nos enganar”?
 
Como todos estes bispos puderam metamorfosear-se desta maneira? Vejo uma explicação no seguinte: eles permaneceram na França, deixaram-se infectar lentamente. Na África eu estava protegido. Regressei justamente no ano do concílio; o mal já estava feito. O Vaticano II não fez mais do que abrir as comportas que retinham a onda destruidora.

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“…PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES…”

pater664 — Encontramos homens de grande sabedoria e força, mas quem confia em sua própria força não trabalha com sabedoria nem conduz até o final aquilo que se propusera fazer. Parecem ignorar que os conselhos dão força às reflexões. Como ensinam os Provérbios (20, 18).

Mas notemos que o Espírito Santo que dá a força, dá também o conselho; pois qualquer bom conselho relativo à salvação do homem só pode vir do Espírito Santo.

O conselho é necessário ao homem, quando este sofre tribulações, assim como o conselho do médico, quando se está doente. Quando um homem está espiritualmente doente pelo pecado, deve pedir conselho. E Daniel mostra que o conselho é necessário ao pecador, quando diz ao rei Nabucodonosor (Dn 4, 24): Segue, ó rei, o conselho que te dou, redime os teus pecados com esmolas.

O conselho de dar esmolas e ser misericordioso é excelente para apagar os pecados. Por isso o Espírito Santo ensina aos pecadores esta oração pedindo: Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores.

Além disso devemos verdadeiramente a Deus aquilo a que Ele tem direito e que nós lhe recusamos. Ora, o direito de Deus exige que façamos Sua vontade, preferindo-a à nossa vontade. Ofendemos, portanto, seu direito, quando preferimos nossa vontade à sua, e isto é o pecado. Assim os pecados são nossas dívidas para com Deus. E o Espírito Santo nos aconselha que peçamos a Deus o perdão de nossos pecados e por isso dizemos: Perdoai as nossas dívidas. Continuar lendo

PORQUE OS CATÓLICOS ESTÃO PERPLEXOS?

lefebvre2Que os católicos deste final do século XX estejam perplexos, quem o negará? Que o fenômeno seja relativamente recente, correspondendo aos vinte últimos anos da História da Igreja, basta observar o que sucede para estar persuadido disto. Há pouco tempo, o caminho estava inteiramente traçado; ou se seguia ou não. Tinha-se a fé, ou então se tinha perdido, ou ainda jamais se tivera. Mas quem a possuía, quem havia entrado na santa Igreja pelo batismo, renovado suas promessas pela idade de onze anos, recebido o Espírito Santo no dia de sua confirmação, este sabia o que devia crer e o que devia fazer.
Hoje, muitos não mais o sabem. Ouvem-se nas igrejas tantos ditos estarrecedores, lêem-se tantas declarações contrárias ao que tinha sido sempre ensinado, que a dúvida se insinuou nos espíritos.
 
No dia 30 de junho de 1968, encerrando o Ano da Fé, S.S. Paulo VI fazia, diante de todos os bispos presentes em Roma e de centenas de milhares de fiéis uma profissão de fé católica. Em seu preâmbulo, ele prevenia cada um deles contra os danos causados à doutrina pois, dizia, “seria engendrar, como infelizmente se vê hoje, a perturbação e a perplexidade de muitas almas fiéis”.
 
A mesma palavra se encontra numa alocução de S.S. João Paulo II a 6 de fevereiro de 1981: “Os cristãos de hoje em grande parte, se sentem perdidos, confusos, perplexos e mesmo decepcionados.” O Santo Padre resumia as causas deste fato da seguinte maneira:
 
“De todos os lados espalharam-se idéias que contradizem a verdade que foi revelada e sempre ensinada. Verdadeiras heresias foram divulgadas nos domínios do dogma e da moral, suscitando dúvidas, confusão, rebelião. A própria liturgia foi violada. Mergulhados num ”relativismo” intelectual e moral, os cristãos são tentados por um iluminismo vagamente moralista por um cristianismo sociológico, sem dogma definido e sem moralidade objetiva.” Esta perplexidade se manifesta a todo o instante nas conversas, nos escritos, nos jornais, nas emissões radiofônicas ou televisionadas, no comportamento dos católicos, traduzindo-se este último numa diminuição considerável da prática como o testemunham as estatísticas, uma desafeição relativamente à missa e aos sacramentos, um relaxamento geral dos costumes.

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“O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE…”

pater553 — Muitas vezes, a grandeza da ciência e da sabedoria tornam o homem tímido, e então é preciso ter força no coração, para que o homem não desanime diante das necessidades.

O Senhor, diz Isaías (40, 29), dá força aos cansados e vigor aos que são fracos. E Ezequiel (2, 2) também diz: Entrou em,mim o Espírito, e me firmou sobre os meus pés.

O Espírito Santo, de um lado, dá força para impedir que o homem desfaleça com o medo de não ter o necessário, e por outro lado, para que o homem creia firmemente que Deus o proverá de tudo que precisar.

Assim o Espírito Santo, dispensador desta força, nos ensina a dizer: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. E o chamamos Espírito de força.

54 — É preciso saber, que nos três pedidos precedentes do «Pai Nosso», pedimos bens espirituais, cuja possessão começa neste mundo, mas só será perfeita na vida eterna.

Com efeito, quando pedimos a santificação do nome de Deus, pedimos que reconheçamos Sua santidade; pedindo a vinda de Seu reino, pedimos alcançar a vida eterna; pedir para que a vontade de Deus seja feita é pedir que Deus cumpra Sua vontade em nós. Todos esses bens, parcialmente realizados neste mundo, só o serão perfeitamente, na vida eterna.

Também é necessário pedir a Deus alguns bens indispensáveis, cuja possessão perfeita é possível na vida presente. Por isso, o Espírito Santo nos ensina a pedir estes bens, necessários à vida presente e perfeitamente possuídos aqui em baixo.
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“…SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU…”

pater443. — O Espírito Santo produz em vós um terceiro dom, chamado dom de Ciência.

 O Espírito Santo não produz nos bons somente o dom do Temor e o dom da Piedade que, como vimos atrás (n° 34), é um amor delicado por Deus. O Espírito Santo torna o homem sábio.

Davi pedia o dom da ciência no Salmo 118, 66, dizendo: Ensinai-me a bondade, a doutrina e a ciência. E é esta ciência do bem viver, que nos ensina o Espírito Santo.

Entre as disposições que contribuem para a ciência e a sabedoria do homem, a mais importante é aquela que faz com que o homem não se apóie em si mesmo. Não te estribes em tua prudência, recomenda o livro dos Provérbios (3, 5). Com efeito, os que confiam em seu próprio julgamento, a ponto de não se fiarem senão em si mesmos e não nos outros, são considerados como insensatos, e verdadeiramente o são. Declara o livro dos Provérbios (26, 12): Mais se deve esperar de um ignorante do que de um homem que é sábio a seus próprios olhos. 

Um homem não confia em seu próprio julgamento se é humilde, pois, ensinam os Provérbios (11, 2): onde há humildade, aí há igualmente sabedoria. Os orgulhosos ao contrário, põem em si toda confiança.

  1. — Assim sendo, o Espírito Santo nos ensina, pelo dom de Ciência, a não fazer a nossa vontade, mas a vontade de Deus. E também quando pedimos a Deus, que Sua vontade se faça no céu, como na terra, manifesta-se O dom de Ciência.

Quando dizemos a Deus: Seja feita a vossa vontade, é como se fôssemos doentes que aceitam o remédio amargo, prescrito pelo médico. O doente não quer tal remédio, mas aceita a vontade do médico, do contrário, seguindo só sua vontade, seria um insensato. Da mesma maneira, não devemos pedir a Deus nada além do Seu querer, isto é, a realização de Sua vontade em nós.  Continuar lendo

“…VENHA A NÓS O VOSSO REINO…”

pater334. — Como foi dito, o Espírito Santo nos faz amar, desejar e pedir retamente o que nos convém amar, desejar e pedir (no. 3). Este Espírito produz em nós, primeiro, o temor que nos leva a procurar a santificação do nome de Deus, para, em seguida, nos dar o dom da piedade. A piedade é, propriamente, uma afeição terna e devotada por um pai e também por um homem caído na miséria.

Como Deus é nosso Pai, devemos não somente venerá-lo e temê-lo, mas também alimentarmos uma terna e delicada afeição por Ele. É esta afeição que nos faz pedir a vinda do reino de Deus. São Paulo declara em Tito, 2, 11-13: A graça de Deus apareceu a todos os homens, ensinando-nos que vivamos neste mundo sóbria, justa e piamente, aguardando a esperança bem-aventurada e a vinda gloriosa de nosso grande Deus.

  1. — Mas podemos perguntar: Se o reino de Deus sempre existiu, porque pedimos a sua vinda?

Devemos responder a esta pergunta de três maneiras:

  1. a) Primeiro: o reino de Deus, em sua forma acabada, supõe a perfeita submissão de todas as coisas a Deus. Um rei não será rei, efetivamente, antes de que todos os seus súditos lhe obedeçam.

Sem dúvida, Deus pelo que é e por sua natureza, é o Senhor do universo; e o Cristo, sendo Deus e sendo homem, tem, como Deus, o senhorio sobre todas as coisas. Diz Daniel (7, 14): No mais antigo dos dias foi lhe dado o poder, a honra e a realeza. É preciso que tudo lhe seja submetido. Mas isto ainda não é assim e se realizará no fim do mundo. Está escrito (1 Cor 15, 25): É necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés. Eis porque pedimos: venha a nós o vosso reino.
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PURGATÓRIO – SEGUNDO SÃO JOÃO BOSCO

purgOntem à noite, meus caros filhos, havia-me deitado e, não conseguindo adormecer logo, estava pensando na natureza e no modo de existir da alma; como ela era feita; de que modo poderia encontrar-se e falar na outra vida, estando separada do corpo; como faria para trasladar-se de um lugar a outro; como nos poderemos conhecer uns aos outros depois de mortos, não sendo senão puros espíritos. E quanto mais pensava nessas coisas, mais obscuro me parecia tal mistério.

Enquanto divagava por essas idéias e outras semelhantes, adormeci, e me pareceu que estava na estrada que conduz a … (e nomeou a cidade) e que caminhava naquela direção. Andei durante algum tempo, atravessei lugares para mim desconhecidos, até que, em certo momento, ouvi que alguém chamava pelo nome. Era a voz de uma pessoa parada na estrada.

– Vem comigo – disse – e poderás ver logo o que desejas!

Obedeci imediatamente. Mas a tal pessoa andava com a rapidez do pensamento, e eu no mesmo passo que meu guia. Andávamos de maneira tal que nossos pés nem tocavam o solo. Chegados por fim a uma certa região que eu desconhecia, o guia parou. Erguia-se sobre uma preeminência do terreno um magnífico palácio de construção admirável. Não sabia onde estava, nem sobre que montanha; nem me recordo mais se estava realmente sobre uma montanha ou se estava no ar, sobre nuvens. Era inacessível e não se via caminho algum para poder chegar até ele. Suas portas eram de considerável altura.

– Sobe a esse palácio – me disse o guia. Continuar lendo

“…SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME…”

santif27. — Este é o primeiro pedido, no qual pedimos que o nome de Deus seja manifestado em nós e por nós proclamado.

Ora, o nome de Deus é antes de tudo, admirável, porque em todas as criaturas opera obras maravilhosas. O Senhor declara no Evangelho (Mc 16,17): Em meu nome, expulsarão os demônios, falarão novas línguas, e se beberem algum veneno mortal, este não lhes fará mal algum.

  1. — Em segundo lugar, o nome de Deus é amável. «Não existe debaixo do céu, diz São Pedro (At 4, 12) nenhum outro nome, entre os que foram dados aos homens, que possa salvar-nos». E a salvação deve ser buscada por todos. Santo Inácio dá-nos o exemplo do quanto devemos amar o nome de Cristo. Quando o imperador Trajano exigiu que ele negasse o nome de Cristo, Santo Inácio respondeu: «Não podereis arrancá-lo de minha boca». O tirano ameaçou cortar-lhe a cabeça e assim tirar o nome de Cristo de seus lábios; replicou o bem-aventurado: «Não o arrancarás jamais de meu coração, pois é lá que está gravado, por isto não posso deixar de invocá-lo». Ouvindo estas palavras, Trajano, desejoso de verificar-lhes a exatidão, mandou cortar a cabeça do servidor de Deus e extrair-lhe o coração. E no coração encontrou gravado, com letras de ouro o nome de Cristo. O santo possuía este nome como um selo em seu coracão.
  1. — Em terceiro lugar, o nome de Deus é venerável. O Apóstolo afirma (Fp 2, 10): Que ao nome de Jesus se dobrem todo joelho no céu, na terra e nos infernos; no céu, no mundo dos anjos e bem-aventurados; na terra, tanto os homens, que querem a glória celeste, como os que, por temerem o castigo, buscam evitá-lo; nos infernos, no mundo dos danados, que estes se prostrem com temor diante de Jesus Cristo.
  1. — Em quarto lugar, o nome de Deus é inexprimível, no sentido de que nenhuma língua é capaz de exprimir toda a sua riqueza.

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INFERNO – SEGUNDO SÃO JOÃO BOSCO

infNa noite de domingo, 3 de maio de 1869, festa do Patrocínio de São José, Dom Bosco retornou a narração do que tinha visto nos seus sonhos.

– Devo – principiou – contar-vos outro sonho, que se pode considerar conseqüência dos que vos narrei na 5ª e na 6ª feira à noite, os quais me deixaram tão cansado, que dificilmente me podia manter em pé. Chamai-lhes sonhos ou dai-lhes outro nome…; chamai-lhes como quiserdes.

– Por que não falas?

Voltei-me para o lugar de onde procedia a voz e vi junto ao meu leito um personagem distinto. Tendo compreendido o motivo da censura, perguntei-lhe:

– E que deverei dizer a nossos jovens?

– O que viste e te foi dito nos últimos sonhos, e também o que desejavas conhecer, e que te será revelado na próxima noite.

E desapareceu.

No dia seguinte inteiro, estive pensando na péssima noite que haveria de passar; e chegada a hora, não me decidia a ir dormir. Fiquei lendo, sentado à mesa, até meia noite. Enchia-me de terror a idéia de ter que presenciar ainda outros espetáculos terríveis. Fiz, afinal, violência sobre mim mesmo e fui deitar-me.

Para não dormir tão rapidamente, com temor de que a imaginação me levasse aos costumeiros sonhos, apoiei o travesseiro na parede, de modo a ficar quase sentado no leito. Mas, como estava moído de cansaço, sem que me desse conta o sono logo se apoderou de mim. E eis que de repente vejo no quarto, junto a minha cama, o homem da noite anterior, o qual me diz: Continuar lendo

“…QUE ESTAIS NO CÉU…”

01_not10117 — Entre as disposições necessárias àquele que reza, a confiança tem uma importância considerável. Quem pede alguma coisa a Deus, diz São Tiago, (1,6) faça-o com confiança e sem hesitação.

O Senhor, no princípio da Oração que nos ensinou, expõe os motivos que fazem nascer a confiança.

Primeiro, a complacência do Pai: Pai Nosso. Depois, diz o Senhor (Lc 11, 13): Vós que sais maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos; quanto mais dará vosso Pai celeste, do alto dos céus, àqueles que lhe pedem, seu bom Espírito. 

Um outro motivo de confiança é a grandeza e o poder do Pai, o que nos faz dizer ao Senhor não apenas Pai nosso, mas Pai nosso que estais no céu. O Salmista também diz: (Sl 122, 1) Elevei meus olhos para vós que habitais nos céus. 

  1. — O Senhor usou a expressão que estais no céu por três razões diferentes.

Em primeiro lugar, esta expressão tem por objeto preparar a oração, como nos recomenda o Eclesiástico (18, 23): Antes da oração, preparai vossas almas. Seguramente, o pensamento de que nosso Pai está nos céus, isto é, na glória celeste, nos prepara para lhe dirigirmos nossas súplicas. 

Na promessa do Senhor a seus Apóstolos (Mt 5, 12): vossa recompensa será grande nos céus, a expressão «nos céus» tem igualmente o sentido de «na glória celeste». 

A preparação da oração se realiza pela imitação das realidades celestes, pois o filho deve imitar seu pai. Assim, São Paulo escreve aos Coríntios (I, 15,49): Como revestimos a imagem do homem terrestre, é preciso também revestirmos a imagem do homem celeste.  Continuar lendo

O CÉU – SEGUNDO SÃO JOÃO BOSCO

alg292891A noite de 22 de dezembro [de 1876] ficou memorável no Oratório. Foi um pouco antecipada a hora da oração. Reuniram-se no locutório os estudantes, os artesãos e todas as pessoas da casa. Dom Bosco tinha prometido falar no domingo anterior, mas não pudera fazê-lo. Imagine-se a expectativa geral! Subiu à cátedra, saudado por palmas entusiásticas, como acontecia sempre que dava daquele modo a “boa noite” à comunidade inteira. Fez sinal de que ia falar e imediatamente fez-se completo silêncio.

Na noite em que estive em Lanzo, chegada a hora de repousar, aconteceu-me que tive o seguinte sonho. É um sonho que não tem nenhuma relação com outros sonhos…

São coisas muito estranhas. Mas para meus filhos não tenho segredos; abro-lhes inteiramente o coração. Pensai o que quiserdes desse sonho. Como diz São Paulo, quod bonum est tenete [conservai o que é bom], se alguma coisa encontrais nele que seja de proveito para vossa alma, sabei aproveitar-vos dela. Quem não quiser crer, que não me creia, pouco importa; mas ninguém jamais zombe das coisas que vou dizer.

Peço-vos, ainda, que não o conteis nem o comuniqueis por escrito aos que não são da casa. Aos sonhos pode-se dar importância que sonhos merecem, e os que não conhecem nossa intimidade poderiam formar juízos errôneos, vendo as coisas de modo diferente do que são na realidade. Não sabem eles que sois meus filhos, e que sempre vos digo tudo o que sei, e às vezes até mesmo o que não sei (risos gerais). Mas o que um pai manifesta a seus filhos queridos para o bem deles, deve ficar entre o pai e os filhos, e não passar adiante. E ainda por outro motivo: é que em geral, quando se contam essas coisas fora, ou se desfiguram os fatos ou se conta apenas uma parte deles, e esta mesma mal entendida; de onde nasce dano, pois o mundo desprezaria o que não deve ser desprezado.

Deveis saber que ordinariamente os sonhos se têm dormindo. Ora, na noite de 6 de dezembro, enquanto eu estava no meu quarto, não recordo bem se lendo, ou se dando voltas pelo aposento, ou se me havia já deitado,comecei a sonhar. Continuar lendo

“PAI NOSSO…”

pater111 — Perguntamos: como é que Deus é Pai? E quais são nossas obrigações para com Ele devido à sua paternidade?

Chamamo-lo Pai, por causa do modo especial com que nos criou. Criou-nos à sua imagem e semelhança, imagem e semelhanças estas, que não imprimiu em nenhuma outra criatura inferior ao homem. Não é ele teu Pai, teu Criador que te estabeleceu? (Dt 32, 6).

Deus merece também o nome de Pai, por causa da solicitude particular que tem para com os homens no governo do universo. Nada escapa ao seu governo, sendo este exercido de modo diferente em relação a nós e em relação às criaturas inferiores a nós. Os seres inferiores são governados como escravos e nós como senhores. Ó Pai, diz o livro da Sabedoria (14, 3), vossa providência rege e conduz todas as coisas; e (12, 18) a nós governa com indulgência. 

Deus, enfim, tem direito ao nome de Pai, porque nos adotou. Enquanto não deu, às outras criaturas, senão pequenas dádivas, a nós fez o dom de sua herança, e isso porque somos seus filhos. São Paulo diz (Rm 8, 17): Porque somos seus filhos, somos também seus herdeiros, e ainda (vers. 15): Vós não recebestes um espírito de servidão, para recairdes no temor, mas recebestes um espírito de adoção, que nos faz clamar: Abba, Pai. 

  1. — Em primeiro lugar, devemos honrá-lo. Se sou Pai, diz o Senhor, por Malaquias, (1,6) onde está a minha honra?

Esta honra consiste em três coisas: a primeira em relação aos nossos deveres para com Deus; a segunda, nossos deveres para conosco mesmos; a terceira, nossos deveres para com o próximo. 

A honra devida ao Senhor consiste, primeiramente, em oferecer a Deus o dom do louvor, seguindo o que está escrito (Sl 49, 23): O sacrifício de louvor me honrará. Este louvor deve estar não só nos lábios, como no coração. Está escrito em Isaías (29,13): Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim.  Continuar lendo

OS BONS EFEITOS DA ORAÇÃO

maeNotemos que a oração produz três espécies de bens. 

Primeiramente, constitui um remédio eficaz contra todos os males. Livra-nos dos pecados cometidos: «Remistes, Senhor, a iniqüidade de meu pecado, diz o Salmista (Sl 31,5-6) por isso todo homem santo dirigirá a Vós sua prece». Assim pediu o ladrão sobre a cruz e obteve seu perdão, pois Jesus lhe respondeu: «Em verdade vos digo, hoje mesmo estareis comigo no paraíso». (Lc 23,43), Do mesmo modo rezou o publicano e voltou para casa justificado (cf. Lc 18,14). 

A oração nos liberta do medo dos pecados que virão, das tribulações e da tristeza. Alguém está triste entre vós? Reze com a alma tranqüila (Tg 5,3). 

A oração nos livra das perseguições dos inimigos. Está escrito no Salmo 108, 4: Em resposta ao meu afeto me fizeram mal; eu, porém, orava.

Em segundo lugar, a oração é um meio útil e eficaz para a realização de todos os nossos desejos. Tudo o que pedirdes na oração, diz Jesus, crede, recebereis. (Mc 11,24). Continuar lendo

AS CINCO QUALIDADES REQUERIDAS PARA TODAS AS ORAÇÕES

rezando menina veuA Oração Dominical (o Pai Nosso), entre todas, é a oração por excelência, pois possui as cinco qualidades requeridas para qualquer oração. A oração deve ser: confiante, reta, ordenada, devota e humilde.

A oração deve ser confiante, como São Paulo escreve aos Hebreus (4, 16): Aproximemo-nos com confiança do trono da graça, a fim de alcançar a misericórdia e achar graça para sermos socorridos no tempo oportuno. 

A oração deve ser feita com fé e sem hesitação, segundo São Tiago. (Tg 1,6): Se algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus… Mas peça-a com fé e sem hesitação. 

Por diversas razões, o Pai Nosso é a mais segura e confiante das orações. A Oração Dominical é obra de nosso advogado, do mais sábio dos pedintes, do possuidor de todos os tesouros de sabedoria (cf. Cl 2, 3), daquele de quem diz São João (I, 2, 1): Temos um advogado junto ao pai: Jesus Cristo, o Justo. São Cipriano escreveu em seu Tratado da oração dominical: «Já que temos o Cristo como advogado junto ao Pai, por nossos pecados, em nossos pedidos de perdão, por nossas faltas, apresentemos em nosso favor, as palavras de nosso advogado». 

A Oração Dominical parece-nos também que deve ser a mais ouvida porque aquele que, com o Pai, a escuta é o mesmo que no-la ensinou; como afirma o Salmo 90 (15): Ele clamará por mim e eu o escutarei. «É rezar uma prece amiga, familiar e piedosa dirigir-se ao Senhor com suas próprias palavras» diz São Cipriano. Nunca se deixa de tirar algum fruto desta oração que, segundo santo Agostinho, apaga os pecados veniais. 

Nossa oração deve, em segundo lugar, ser reta, quer dizer, devemos pedir a Deus os bens que nos sejam convenientes. «A oração, diz São João Damasceno, é o pedido a Deus dos dons que convém pedir».  Continuar lendo

O MOÇO RICO

Jovem-ricoDirigindo-se a Jesus, pergunta-lhe:

– Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?

– Se queres salvar-te, cumpre os mandamentos, isto é, não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe e amarás ao próximo como a ti mesmo.

– Tôdas essas coisas tenho observado desde pequeno; que é que me falta ainda?

– Para sêres perfeito, vende tudo quanto tens, reparte-o pelo pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem a mim e segue-me.

– Eu, Mestre?- Sim; virás comigo; andarás de cidade em cidade, de uma aldeia a outra.

– Sim, Mestre, é belo!

– Teus vestidos terão, como os meus, o pó vermelho dos caminhos. Comerás, como os meus discípulos, o pão vindo da esmola… Por enquanto, vai, vende o que possuis e, pobre e humilde, vem comigo, e não penses mais no teu amanhã.

– Mas, Mestre, é tão difícil…

– Achas?… Vai rico e volta pobre, eis tudo… Continuar lendo

ALMA OU CORPO? (EDUQUE O SEU FILHO DE FORMA CRISTÃ)

mae lendo pra filhaAntes de tudo, leitora e mãe, é teu filho uma alma. Hoje acentua-se demais o corpo e se deixa esquecida a alma da criança. Os pedagogos escandalizam-se com descuidos que prejudicam a saúde e o desenvolvimento do corpo. E bem pouco se impressionam com os erros que prejudicam os interesses e os destinos da alma. Paganismo moderno, leitora!

A pedagogia que vai da alma ao corpo, do espiritual para o material, do pensamento para o prazer, é também uma pedagogia que traz vantagens aos interesses do corpo. A mulherzinha do povo que segue a pedagogia da alma é uma educadora, ao passo que o mestre que segue a do corpo jamais será um educador. É apenas um cunhador de moedas falsas. Para respeitar esta ordem mais se necessita de coragem do que de ciência.

Por isso, leitora, convence teu filho do seguinte: Um esforço intelectual, a descoberta de uma verdade, um ato de vontade, o domínio de um apetite, valem todos os facéis prazeres do corpo. Porque? Porque o menor progresso da alma é infinitamente superior aos mais vastos proveitos materiais.

Essa alma, mais nobre do que o corpo, está vivificada por uma vida sobrenatural. Teu filho é também, pelo batismo, filho de Deus. De ti recebeu a vida do corpo. Dele recebeu a vida divina da graça. Há, portanto, em teu filho duas vidas, distintas nas suas qualidades, mas tão unidas que a primeira (recebida de ti) sem a segunda (vinda de Deus) não passa de uma grande nódoa, de uma grande chaga, perdendo-se no abismo de condenação.

… Digna de todo o respeito torna-se a criança que, com a graça do batismo, é herdeira divina. Teu filho não nasceu ainda, leitora, e já deves preparar-lhe esta vida. Durante os nove meses de vida comum, que poderosa irradiação propaga no corpo e na alma da criança a presença eucarística de Jesus Cristo no coração da mãe, que é piedosa na assiduidade à Comunhão! Continuar lendo