CATECISMO DE SÃO PIO X

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Prezados Amigos e leitores, a partir de amanhã, com a Carta Encíclica Acerbo Nimis, começaremos a publicação do Catecismo Maior de São Pio X.

O Catecismo de São Pio X é um excelente resumo do Catecismo Romano, muito adequado à formação dos jovens e adultos.  Tem uma linguagem clara e concisa em forma de perguntas e respostas que ajudam a reter a essência da doutrina católica de todos os tempos.

Esse catecismo ganhará uma página exclusiva aqui no blog (vejam no menu da parte superior – que pode variar de acordo com a configuração da tela) com os links das lições e atualização diária.

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Esperamos que seja de muito bom proveito…

NOVENA DO ESPÍRITO SANTO – QUARTO DIA

EspO amor é um orvalho que fertiliza.

Fluat´ut ros eloquium meum, quase imber super herbam – “Distilem como orvalho as minhas palavras, como chuva sobre a erva” (Deut. 32, 2).

Sumário. Por duas razões o amor é chamado orvalho. Primeiro, porque torna a alma fecunda em bons desejos e boas obras; segundo, porque tempera o ardor das más inclinações e tentações. Se queremos receber este orvalho celestial, apliquemo-nos à oração mental e nunca deixemos de a fazer, ao menos uma vez por dia. Um quarto de hora de meditação basta para apagar o fogo do ódio ou do amor desordenado, por ardente que seja. Ao contrário, a quem não ama a oração, é moralmente impossível vencer as paixões.

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A Igreja manda-nos pedir ao Espírito Santo, que purifique nossos corações e os torne fecundos por seu salutar orvalho: Sancti Spiritus corda nostra mundet infusio, et sui roris intima aspersione foecundet. O amor faz a alma fecunda em bons desejos, santas resoluções e boas obras: tais são as flores e os frutos da graça do Espírito Santo. – O amor é chamado também orvalho, porque tempera o ardor das más inclinações e tentações. Por isso se diz do Espírito Santo que Ele modera o ardor e refrigera – “In aestu temperies, dulce refrigerium”.

Este salutar orvalho desce sobre nossos corações durante a oração. Um quarto de hora de meditação basta para apagar o fogo do ódio ou do amor desordenado, por ardente que seja. A santa meditação é a adega misteriosa de que fala a Esposa dos Cantares: Introduxit me rex in cellam vinariam, ordinavit in me caritatem (!) – “O rei me introduziu na sua adega, ordenou em mim a caridade”. Aí é que nos enchemos da caridade bem ordenada, pela qual amamos ao próximo como a nós mesmos, e a Deus sobre todas as coisas. Quem ama a Deus, ama a oração, e a quem não ama a oração, é moralmente impossível vencer as próprias paixões. Continuar lendo

NOVENA DO ESPÍRITO SANTO – TERCEIRO DIA

EspO amor é uma água que apaga a sede.

Qui biberit ex aqua, quam ego dabo ei, non sitiet in aeternum – “Aquele que beber da água que eu lhe der, não terá jamais sede” (Io. 4, 13)

Sumário. É com razão que Deus se queixa de tantas almas que vão mendigar junto às criaturas alguns miseráveis e curtos prazeres, e o abandonam, Bem infinito e fonte de todas s alegrias. Nós ao menos não sejamos tão insensatos: apaguemos a nossa sede com as águas do santo amor de Deus, e o nosso coração estará perfeitamente satisfeito. Lembremo-nos, porém, de que a chave que nos abre os canais desta água desejável é a santa oração, que nos alcança todos os bens em virtude da promessa de Jesus Cristo: Pedi e recebereis.

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I. O amor é chamado também fonte de água viva – “fons vivus, ignis, caritas”. O nosso Redentor disse à mulher Samaritana: Aquele que beber da água que eu lhe der, não terá jamais sede non sitiet in aeternum (1) . O amor é, pois, uma água que mata a sede; aquele que ama a Deus sinceramente, não busca nem deseja coisa alguma fora de Deus, porque em Deus acha todos os bens. Assim, contente com possuir a Deus, repete sempre na alegria de seu coração: Deus meus et omnia – “Meu Deus e meu tudo”. Ó meu Deus, Vós sois o meu único bem. – Mas Deus queixa-se de tantas almas que vão mendigar junto das criaturas alguns miseráveis e curtos prazeres, e o abandonam, Bem infinito e fonte de todas as alegrias: Me dereliquerunt, fontem aquae vivae, et foderunt sibi cisternas; cisternas dissipatas, quae continere non valent aquas (2) – “Eles me abandonaram, a mim que sou a fonte de água viva, e cavaram para si cisternas, que não podem reter a água”.
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NOVENA DO ESPÍRITO SANTO – SEGUNDO DIA

EspO amor é uma luz que esclarece.

Ilumina oculos meos, me unquam obdormiam in morte – “Ilumina os meus olhos, para que eu não durma jamais na morte” (Ps. 12, 4.).

Sumário. Um dos maiores males que nos causou o pecado de Adão é o obscurecimento da nossa razão pelo efeito das paixões que nos ofuscam o espírito. Ora, o ofício do Espírito Santo é exatamente dissipar as trevas do pecado e ao mesmo tempo fazer-nos conhecer a vaidade do mundo, a importância da salvação eterna, o valor da graça e o amor imenso que Deus merece pela sua bondade e misericórdia. Se queremos ser iluminados, recorramos muitas vezes ao divino Paráclito.

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Um dos maiores danos que nos causou o pecado de Adão é o obscurecimento da nossa razão pelo efeito das paixões que nos ofuscam o espírito. Muito desgraçada é a alma que se deixa dominar por alguma paixão! A paixão é uma nuvem, um véu, que nos impede de ver a verdade. Como pode fugir do mal aquele que o não conhece!? E este obscurecimento da nossa razão aumenta em proporção do número dos nossos pecados.

Mas o Espírito Santo, que é chamado lux beatíssimaluz bemfazeja, com os seus esplendores divinos, não somente abrasa os nossos corações no seu santo amor, como também dissipa as nossas trevas, e nos faz conhecer a vaidade dos bens terrenos, o valor dos eternos, a importância da salvação, o preço da graça, a bondade de Deus, o amor infinito que ele merece e o imenso amor que nos tem. Continuar lendo

ENTRE LOBOS

Sabes, meu amigo, que coisa é não uivar com os lobos? Ora! Esta pergunta te espanta? No entanto, ela aponta o grande perigo que ameaça muitos jovens que têm, infelizmente, caráter fraco. Lembro-me a profunda impressão que me causou a história da covardia de Pilatos. “Não acho culpa nesse homem”, disse.

— Põe-te então no lado de Jesus acusado! Liberta-o! Defende-o contra o populacho! — Não, Pilatos não é capaz disso, porque lhe gritam ao ouvido que o acusarão diante de César. — Ah! junto a César? Então encerrarei minha carreira? — Pois que pereça Jesus, eu quero progredir!

Esta covarde falta de princípios repete-se na vida de tantos jovens… Eles gostam de sua religião e praticam-na, contanto que ninguém em sua presença pense diversamente. Pois, se alguém começar a zombar da religião, se um cabecinha de vento ridicularizar as coisas mais sagradas eles se retraem receosos, calam-se, envergonham-se: poderiam dirigir-lhes motejos, chamá-los de carola ou ingênuo… A princípio sorriem sem jeito, “para não ofender os de outra opinião”; com o tempo aceitam opiniões mais livres; por fim eles uivam com os lobos, isto é, por medo dos homens, renegam covardemente sua fé.

Bastava que refletissem um pouco: por amor a quem traíram a verdade? Pilatos fê-lo por causa do populacho; e eles? Por causa de uns tolinhos de cabeça oca.

Grandes idéias exigem mártires. É fácil filosofar em cômoda poltrona, junto à mesa posta ou à lareira confortável. Mas, a força de um ideal só se manifesta deveras quando em luta de vida e morte, quando a defesa dum princípio pede o sacrifício da riqueza, do bem estar, da família, da própria vida.

Bem podes orgulhar-te da fé católica, quando mais não o fizeres senão por ter proporcionado fortaleza a milhões de mártires, a fim de perseverarem mau grado as mais horríveis torturas. Continuar lendo

NOVENA DO ESPÍRITO SANTO(*) – PRIMEIRO DIA

EspO amor é um fogo que abrasa.

Et apparuerunt illis dispertitae linguae, tamquam ignis – “E apareceram-lhes repartidas umas como que línguas de fogo” (Act. 2, 3).

Sumário. A novena do Espírito Santo é a primeira de todas, porque foi celebrada pelos santos apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo, entre muitos prodígios. Lembremo-nos de que ao divino Paraclito é atribuído especialmente o dom do amor. Convém, portanto, que nesta novena consideremos o grande valor do amor divino. Em primeiro lugar, o amor é aquele fogo que inflamou todos os Santos a fazerem grandes coisas para Deus. Se quisermos também ficar abrasados, apliquemo-nos sempre, mas em particular nestes dias, à oração, que é a fornalha onde o fogo do amor se acende.

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Deus ordenou na antiga Lei que o fogo ardesse continuamente no seu altar: Ignis autem in altari semper ardebit (1). Diz São Gregório que os altares de Deus são nossos corações, onde Ele quer que o fogo de seu santo amor arda sem cessar. Por isso o Eterno Pai, não satisfeito de nos ter dado Jesus Cristo, seu Filho, para nos salvar por sua morte, quis dar-nos ainda o Espírito Santo, para que habitasse em nossas almas, e as conservasse continuamente abrasadas de amor.

Jesus mesmo declarou que descera à terra exatamente para inflamar com este fogo sagrado os nossos corações, e que o seu único desejo era vê-lo aceso: Ignem veni mittere in terram, et quid volo, nisi ut accendatur? (2) Eis aqui porque, esquecendo as injúrias e ingratidões dos homens, logo que subiu ao céu, nos enviou o Espírito Santo. – Assim, ó Redentor amadíssimo, na vossa glória, como nos vossos sofrimentos e humilhações, nos amais sempre? Continuar lendo

O DEVOTAMENTO AOS FILHOS, CONSOLIDAÇÃO DA HARMONIA CONJUGAL

Familia-numerosaPara viver em perfeita harmonia, os esposos devem partilhar os múltiplos cuidados relativos à saúde dos filhos, à formação de seu caráter, à sua educação moral e religiosa e a seu futuro social. Estes cuidados aumentam com o número dos filhos. Mas, muito longe de constituir um obstáculo para a intimidade conjugal, eles contribuem para consolidar e estreitar a união dos corações numa mesma vontade de dedicação.

Os filhos se tornam, assim, uma ocasião de alegria para os pais, e tanto mais profunda quanto mais os pais tiverem consciência de ter cooperado juntamente para a sua formação moral. Que alegrias podem ser comparadas às alegrias dos pais que assistem ao desenvolvimento de suas faculdades? Chegados à idade madura como não haveriam de amar-se mais ainda ao recordar os esforços e devotamentos comuns que tiveram como resultado a formação da personalidade da qual legitimamente se orgulham?

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O número dos filhos, uma vez que estes sejam bem-educados, longe de ser uma ocasião de empobrecimento da sociedade familiar, quase sempre é a fonte de uma grande prosperidade. Se a família numerosa conhece anos difíceis enquanto os filhos forem demasiadamente jovens para o trabalho, ela entra numa fase de grande atividade produtora quando os filhos começam a revelar o valor de suas energias de trabalho acumuladas no decurso da infância laboriosa.

É um fato que o gosto pelo trabalho, o sentimento da dedicação e da atividade, a aptidão em se adaptar às dificuldades da vida geralmente são muito mais desenvolvidas no filho de uma família numerosa do que no filho único. Preparar o filho para as lutas da vida é fazê-lo partilhar dos cuidados e das dificuldades de uma família numerosa. Até mesmo as privações servem para modelar as vontades e os caracteres. Continuar lendo

DOUTRINAS ANTICONCEPCIONAIS – STOP

contrSTOP

Aqueles que julgam que o instinto materno é bastante forte para resistir as propagandas neomaltusianas e que a mulher não perderá nunca o prazer de se tornar mãe, iludem-se fortemente sobre o poder desse instinto. O que é verdade para o animal, o qual se entrega às exigências da natureza, não o é para o homem, que vive à procura de meios para escapagar às exigências da vida quando elas lhe parecem penosas de suportar. A natureza humana se deixa facilmente corromper por doutrinas que a convidam ao prazer e a se esforçar menos.

Quanto mais se expandirem as doutrinas anticoncepcionais, menor será o número de mulheres bastante corajosas que aceitarão os deveres da maternidade e os sacrifícios consequentes desses deveresNão se pode servir a dois senhores, disse Jesus; a mulher não pode, de maneira alguma, render-se ao mesmo tempo à vontade de gozar a vida e ao desejo de ser mãe. De resto, os fatos aí estão: quantas mulheres existem, nessa sociedade moderna saturada de doutrinas neomaltusianas, que vivem à espreita, não do momento oportuno para se entregarem à maternidade, mas justamente acata de métodos que a impeçam de ser mãe, somente por egoísmo e por medo dos sofrimentos?
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O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 7

joelhosConclusão

Irmãos, eu quero que voltem para suas casas confortados hoje. Então, se vocês me perguntarem sobre o meu sentimento a respeito do número daqueles que são salvos, aqui está: Se há muitos ou poucos que são salvos, eu digo que quem quiser ser salvo, será salvo; e que ninguém pode ser condenado se não quer ser. E se é verdade que poucos são salvos, é porque são poucos os que vivem bem. Quanto ao resto, compare estas duas opiniões: a primeira afirma que o maior número de católicos são condenados, o segundo, ao contrário, aponta que o maior número de católicos são salvos. Imagine um anjo enviado por Deus para confirmar a primeira opinião, chegando para dizer-lhe que não só muitos católicos são condenados, mas que de toda esta congregação aqui presente, um só será salvo.

Se você obedecer aos mandamentos de Deus, se você detesta a corrupção deste mundo, se você abraçar a Cruz de Jesus Cristo em um espírito de penitência, você será aquele que sozinho salvar-se-á.

Agora imagine o mesmo Anjo retornando para você e confirmando a segunda opinião. Ele diz que não só a maior parte dos católicos são salvos, mas que, de todos os que estão neste encontro, só um será condenado e todos os outros salvos. Se depois disso, você continuar com as suas usuras, suas vinganças, suas ações criminosas, as suas impurezas, então você será o único a ser condenado. Continuar lendo

TENHO CÁ AS MINHAS IDEIAS

abcUma das características da adolescência, dos 14 aos 18 anos, é o desejo desenfreado de individualismo. “Ninguém me dê ordens! A mim não agrada o que eu mesmo não concebi!”

Estes não são incrédulos, mas apenas doentes, com febre. Muitos jovens são atacados da febre, nesse período da vida, pois que não querem trilhar um caminho já palmilhado por outros, nem que fosse o próprio Salvador. Elaboram princípios, cada qual mais errado, só para não admitirem o que outros já aceitaram antes. Mais tarde, após alguns anos, já mais ajuizados e calmos, reconhecem que o caminho que leva a Jesus Cristo — muito embora milhões o tenham já trilhado — é a única via, sempre nova, fortalecedora, e que vale a pena ir por ela.

Cuidado, ó meu jovem! Nesses anos, não te tornes infiel à tua fé, só porque não foste tu quem a fez! Lembra-te que antes de ti houve espíritos insignes, que se ocuparam detidamente com as questões da vida, e se eles se submeteram humildemente à doutrina da fé católica, a fidelidade à fé em nada prejudicará tua independência.

Bem sei das dificuldades de compreender essa verdade para um moço, que considera questão de honra, ter uma interpretação individual do mundo, por meio de excertos tirados de obras filosóficas mal digeridas e de hipóteses científicas não comprovadas. A indiferença religiosa e a libertinagem facilmente disfarçadas com um pouco de verniz científico. O mundo em sua leviandade e perversão, chama “espirituoso” e “esclarecido” ao jovem que olha com desprezo sua fé, enquanto que alcunha de fanático quem a ela permanece fiel.

Se refletires um instante, perceberás logo a falsidade desse critério. A respeito disso, vou falar-te com toda a clareza. Em tua adolescência pode acontecer que sobrevenham dúvidas angustiantes acerca desta ou daquela verdade religiosa: “Nas aulas de religião aprendemos isto ou aquilo; e contudo, segundo os mais recentes resultados da ciência, isto ou aquilo não está certo!” Ou, pode suceder ainda que consideres como “antiquadas” ou “demasiadamente severas” algumas prescrições da Igreja. E ainda pode ser que, por causa de teus horizontes cada vez mais vastos, notes muitas faltas e fraquezas humanas, também nas instituições da Igreja. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 6

rezandoDeus deseja que todos os homens sejam salvos

Em uma centena de lugares na Sagrada Escritura, Deus nos diz que é realmente Seu desejo salvar todos os homens. “É minha vontade que um pecador morra, e não que ele se converta de seus caminhos e viva?… Eu vivo, diz o Senhor Deus. Eu não desejo a morte do pecador. Se converta e viva.” Quando alguém quer muito algo, diz-se que está morrendo de desejo, é uma hipérbole. Mas Deus quis e ainda quer a nossa salvação tanto que Ele morreu de desejo, e Ele sofreu a morte para nos dar a vida. Esta vontade de salvar todos os homens é, portanto, não uma vontade fingida, superficial e aparente de Deus, é uma vontade real, eficaz e benéfica; pois Ele nos fornece todos os meios mais adequados para sermos salvos. Ele não os dá a nós para que não funcionem; Ele os dá a nós com uma vontade sincera, com a intenção de que eles realizem seus efeitos. E se eles não conseguem o efeito desejado, Ele Se mostra humilde e ofendido por isso. Ele ordena, inclusive, os condenados ao inferno a usar de tais meios a fim de sejam salvos, Ele exorta-os a empregá-los; Ele obriga-os a isso, e se eles não o fazem, eles pecam. Portanto, eles podem fazê-lo e, assim, serem salvos.

Além do mais, porque Deus vê que não poderíamos até mesmo fazer uso da Sua graça sem a Sua ajuda, Ele nos dá outros meios; e se eles permanecem, por vezes, ineficazes, é culpa nossa, pois com estes mesmos meios, uns podem abusar deles e serem condenados, enquanto outros podem fazer o certo e serem salvos; pode-se até ser salvo com recursos menos potentes. Sim, pode acontecer que abusemos de uma maior graça e somos condenados, enquanto outro coopera com uma graça menor e é salvo.

Santo Agostinho exclama: “Se, portanto, alguém se desvia da justiça, ele é conduzido por sua livre vontade, levado por sua concupiscência, enganado por sua própria convicção.” Mas para aqueles que não entendem a teologia, aqui é o que eu tenho a dizer-lhes: Deus é tão bom que quando vê um pecador correr para sua ruína, Ele corre atrás dele, o chama, suplica e acompanha-o até os portões do inferno; o que Ele não fará para convertê-lo? Ele envia-lhe boas inspirações e pensamentos santos, e se ele não aproveitá-los, Ele torna-se irritado e indignado, Ele persegue-o. Ele vai atacá-lo? Não. Ele bate no ar e perdoa. Mas o pecador ainda não está convertido. Deus envia-lhe uma doença mortal. É certamente tudo para ele. Não, irmãos, Deus cura-o; o pecador torna-se obstinado no mal, e Deus em Sua misericórdia procura outra maneira; Ele dá-lhe mais um ano, e quando esse ano acabar, Ele concede-lhe ainda outro. Continuar lendo

DA UTILIDADE DAS ADVERSIDADES

adversidadesBom é passarmos algumas vezes por aflições e contrariedades, porque freqüentemente fazem o homem refletir, lembrando-lhe que vive no desterro e, portanto, não deve pôr sua esperança em coisas alguma do mundo. Bom é encontrarmos às vezes contradições, e que de nós façam conceito mau ou pouco favorável, ainda quando nossas obras e intenções sejam boas. Isto ordinariamente nos conduz à humildade e nos preserva da vanglória. Porque, então, mais depressa recorremos ao testemunho interior de Deus, quando de fora somos vilipendiados e desacreditados pelos homens.

Por isso, devia o homem firmar-se de tal modo em Deus, que lhe não fosse mais necessário mendigar consolações às criaturas. Assim que o homem de boa vontade está atribulado ou tentado, ou molestado por maus pensamentos, sente logo melhor a necessidade que tem de Deus, sem o qual não pode fazer bem algum. Então se entristece, geme e chora pelas misérias que padece. Então causa-lhe tédio viver mais tempo, e deseja que venha a morte livrá-lo do corpo e unido a Cristo. Então compreende também que neste mundo não pode haver perfeita segurança nem paz completa.

Imitação de Cristo – Tomás de Kempis

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 5

beija-cruz1A Bondade de Deus

Talvez você ainda não creia nas terríveis verdades que acabei de lhe ensinar. Mas foram a maioria dos teólogos altamente considerados, os mais ilustres Padres que têm falado com você através de mim. Então, como você pode ter justificativas para resistir diante de tantos exemplos e palavras das Escrituras? Se você ainda hesita, apesar disso, e se a sua mente está inclinada para a opinião contrária, então, todas as considerações não foram muito suficientes para fazer você estremecer? Oh, isso mostra que você não se importa muito com a sua salvação! Nesta importante questão, um homem sensato é atingido mais fortemente pela menor dúvida do risco que ele corre que pela evidência de ruína total em outros assuntos em que a alma não está envolvida. Um dos nossos irmãos, o Beato Giles, tinha o hábito de dizer que se apenas um homem fosse condenado, ele faria todo o possível para ter certeza que ele não fosse aquele homem.

Então, o que devemos fazer, nós que sabemos que o maior número será condenado, e não apenas de todos os católicos? O que devemos fazer? Tome a decisão de pertencer ao pequeno número daqueles que são salvos. Você diz: Se Cristo quisesse condenar-me, então por que Ele me criou? Silêncio, língua imprudente! Deus não criou ninguém para condenar, mas quem quer que seja condenado, é condenado porque quer ser. Portanto, agora vou lutar para defender a bondade de meu Deus e absolvê-la de toda a culpa: este será o assunto do segundo ponto.

Antes de continuar, vamos reunir de um lado todos os livros e todas as heresias de Lutero e Calvino, e do outro os livros e as heresias dos pelagianos e Semi-pelagianos, e vamos queimá-los. Alguns destroem a graça, outros a liberdade, e todos estão cheios de erros, por isso vamos lançá-los no fogo. Todos os condenados têm em seu rosto o santuário do Profeta Oséias, “Tua condenação vem de ti,” de forma que eles possam entender que quem é condenado, o é por sua própria maldade e porque quer ser condenado. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 4

homem-rezandoSalvação nos vários estados da vida

Mas oh, eu vejo que ao falar desta forma de todos em geral, estou deixando de lado o meu ponto de vista. Por isso, vamos aplicar esta verdade a várias situações, e você entenderá que deve ou jogar fora a razão, experiência, e o senso comum dos fiéis, ou confessar que o maior número de católicos é condenado. Há alguma condição no mundo mais favorável à inocência onde a salvação parece ser mais fácil e de que as pessoas tenham em mais alta consideração do que a de sacerdotes, os tenentes de Deus? À primeira vista, quem não pensaria que a maioria deles não são apenas bons, mas mesmos perfeitos; ainda fico horrorizado quando ouço São Jerônimo declarando que, embora o mundo esteja cheio de padres, somente um em cada cem está vivendo de uma maneira que esteja em conformidade com a sua situação; quando eu ouço um servo de Deus testemunhando o que aprendeu por revelação, que o número de sacerdotes que cai no inferno a cada dia é tão grande que parecia impossível para ele que houvesse sido deixado algum sobre a terra; quando eu ouço São Crisóstomo exclamando com lágrimas nos olhos, “Eu não acredito que muitos padres são salvos; eu acredito o contrário, que o número daqueles que são condenados é maior.”

Olhe mais longe ainda, e veja os prelados da Santa Igreja, os pastores que têm o encargo das almas. É o número daqueles que são salvos entre eles maior do que o número daqueles que são condenados? Ouça Cantimpre; ele vai relatar um evento, e você pode tirar as conclusões. Houve um sínodo realizado em Paris, e um grande número de prelados e pastores que tinham o encargo de almas estavam presentes; o rei e os príncipes também compareceram para acrescentar brilho aquela assembleia por suas presenças. Um famoso pregador foi convidado para pregar. Enquanto ele estava preparando seu sermão, um demônio horrível apareceu para ele e disse, “Deixe seus livros de lado. Se você quiser dar um sermão que será útil a estes príncipes e prelados, contente-se em dizer-lhes que da nossa parte, ‘Nós os príncipes das trevas agradecemos, príncipes, prelados, e pastores de almas, que, devido à sua negligência, o maior número de fiéis são condenados; também, estamos guardando uma recompensa para vocês, por esse favor, quando estiverem conosco no inferno.’” Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 3

bibliaAs palavras da Sagrada Escritura

Mas por que buscar as opiniões dos Padres e teólogos, quando a Sagrada Escritura esclarece a questão de forma tão clara? Olhe para o Antigo e o Novo Testamento, e você vai encontrar uma infinidade de figuras, símbolos e palavras que apontam claramente para esta verdade: pouquíssimos são salvos. No tempo de Noé, toda a raça humana foi submersa pelo Dilúvio, e apenas oito pessoas foram salvas na Arca. São Pedro diz: “Esta arca é a figura da Igreja”, enquanto Santo Agostinho acrescenta: “E estas oito pessoas que foram salvas significa que pouquíssimos cristãos são salvos, porque existem pouquíssimos os que sinceramente renunciam ao mundo, e aqueles que renunciam a ele apenas em palavras não pertencem ao mistério representado pela arca.”

A Bíblia também diz-nos que apenas dois hebreus de dois milhões entraram na Terra Prometida depois de sair do Egito; e que apenas quatro escaparam do fogo de Sodoma e das outras cidades ardentes, que com ela morreram. Tudo isso significa que o número de condenados, que será lançado no fogo como palha é muito maior que os que se salvarão, a quem o Pai celestial um dia ajuntará em Seus celeiros como o trigo precioso. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 2

padrO ensinamento dos Padres da Igreja

Não é vã curiosidade, mas precaução salutar proclamar a partir da altura do púlpito certas verdades que servem maravilhosamente para conter a indolência de libertinos, que estão sempre falando sobre a misericórdia de Deus e sobre o quão fácil é converter, aqueles que vivem mergulhados em todos os tipos de pecados e estão profundamente dormindo na estrada para o inferno. Para desiludi-los e despertá-los de seu torpor, hoje vamos examinar essa grande questão: O número de cristãos que são salvos é maior que o número de cristãos que são condenados?

Almas piedosas, vocês podem sair; este sermão não é para vocês. Seu único objetivo é conter o orgulho dos libertinos que tiram o santo temor de Deus de seus corações e unem forças com o diabo que, de acordo com o sentimento de Eusébio, condena as almas tranquilizando-as. Para sanar esta dúvida, vamos colocar os Padres da Igreja, tanto os gregos quanto os latinos, de um lado; por outro lado, os mais doutos teólogos e historiadores eruditos, e vamos colocar a Bíblia no meio para que todos possam ver. Agora não ouçam o que eu vou dizer para vocês – porque eu já lhes disse que eu não quero falar por mim mesmo ou decidir sobre o assunto – mas escutem o que essas grandes mentes têm para lhes dizer, eles que são os faróis na Igreja de Deus para dar luz aos outros, para que eles não percam a estrada para o céu. Desta forma, guiado pela tripla luz da autoridade, fé e razão, seremos capazes de resolver esta grave questão com certeza. Continuar lendo

O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS – PARTE 1

Daremos início hoje à publicação de um pequeno livro de São Leonardo de Porto Maurício intitulado “O PEQUENO NÚMERO DAQUELES QUE SÃO SALVOS”. Um livro que nos fará refletir muito sobre nossa vida cotidiana em relação á Deus e a obediência à Igreja. Dividimos em 7 partes para que cada uma delas seja confrontada com nossas misérias, nosso orgulho e nossa desobediência.

INTRODUÇÃO

Graças a Deus, o número de discípulos do Redentor não é tão pequeno que a maldade dos escribas e fariseus seja capaz de triunfar sobre eles. Embora eles se esforcem para caluniar a inocência e para enganar a multidão com seus sofismas traiçoeiros por desacreditar a doutrina e o caráter de nosso Senhor, achando manchas mesmo sob o sol, muitos ainda o reconhecem como o verdadeiro Messias, e, sem medo de quaisquer castigos ou ameaças, aderem abertamente a sua causa.

Será que todos aqueles que seguem a Cristo O seguirão até a glória? Oh, aqui é onde eu reverencio o mistério profundo, e em silêncio adoro os abismos dos decretos divinos, ao invés de, precipitadamente, decidir sobre um ponto tão importante! O assunto que será tratado hoje é muito grave; tem causado até mesmo tremores nos pilares da Igreja, encheu os maiores Santos com de terror e povoou os desertos com eremitas. O objetivo desta preleção é para decidir se o número de cristãos que são salvos é maior ou menor do que o número de cristãos que são condenados; ela irá, espero, produzir em você um medo salutar dos juízos de Deus.

Irmãos, por causa do amor que tenho por vocês, eu desejaria ser capaz de tranquilizá-los com a perspectiva da felicidade eterna, dizendo a cada um de vocês: Você vai para o paraíso; o maior número de cristãos é salvos, então você também será salvo. Mas como posso lhe dar essa garantia doce se você se revolta contra os decretos de Deus como se você fosse o seu pior inimigo? Observo em Deus um sincero desejo de salvá-lo, mas vejo em você uma inclinação decidida de ser condenado. Então o que eu faço hoje se falar claramente? Eu serei desagradável para você. Mas se eu não falo, eu serei desagradável para Deus. Continuar lendo

DRAMA DO FIM DOS TEMPOS – CONCLUSÃO

117_fimtemposChegamos ao termo do nosso estudo. Lançando um olhar sobre nossos destinos futuros, nos apoiamos unicamente nessas profecias que formam parte integrante da Escritura divina inspirada. A substância de nosso trabalho é, pois tirada das próprias fontes onde se alimenta a fé católica; e nós pensamos que não se possa negar sem temeridade, o que adiantamos no tocante ao acontecimento do Anticristo, o aparecimento de Henoc e Elias, a conversão dos judeus, os sinais precursores do julgamento.

Onde poderíamos nos enganar, seria nos comentários que fizemos de diversas passagens do Apocalipse, assim como no encaminhamento que procuramos estabelecer entre os acontecimentos citados mais acima. Mas se erramos foi seguindo intérpretes autorizados, no mais das vezes os padres da Igreja. Estaremos errados em ver no presente estado do mundo os prelúdios da crise final que está descrita nos Livros Santos? Não cremos. A apostasia começada nas nações cristãs, o desaparecimento da fé em tantas almas batizadas, o plano satânico da guerra travada contra a Igreja, a chegada ao poder das seitas maçônicas são tais fenômenos que não poderíamos imaginar mais terríveis.

No entanto, não gostaríamos de forçar nosso pensamento. A época em que vivemos é indecisa e atormentada. A humanidade está inquieta e hesitante. Ao lado do mal há o bem; ao lado da propaganda revolucionária e satânica há um movimento de renascimento católico, manifestado em tantas obras generosas e santas empresas. As duas correntes se desenham cada dia mais claramente; qual das duas arrastará a humanidade? Só Deus sabe, Ele que separa a luz das trevas, e marca seus respectivos lugares (Jó 38, 19-20).

Aliás, é certo que a carreira terrestre da Igreja está longe de ser encerrada: talvez ela nunca tenha estado tão aberta. Nosso Senhor nos deu a conhecer que o fim dos tempos não chegará antes que o Evangelho tenha sido pregado em todo o universo, em testemunho a todas as nações (Mt 24, 14). Ora, pode-se dizer que o Evangelho foi pregado no coração da África, na China, no Tibet? Alguns raios de luz não fazem um dia: alguns faróis acesos ao longo das costas não afastam a noite das terras profundas que se estendem por trás delas. Continuar lendo

A VINDA DO SOBERANO JUIZ (DRAMA DO FIM DOS TEMPOS)

vindaÉ supérfluo procurar precisar a hora em que terá lugar a segunda vinda de Nosso Senhor. É um impenetrável segredo para todas as criaturas. “Quanto àquele dia e àquela hora, nos diz Jesus Cristo, ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas só o Pai” (Mt 24, 36). No entanto, esse momento supremo, que porá fim a este mundo de pecado, será precedido de sinais estrondosos que fixarão a atenção não somente dos crentes, mas também dos ímpios.

Primeiramente, como mostramos, haverá a perseguição do Anticristo, a aparição de Henoc e de Elias. Quando São Paulo nos diz que Jesus Cristo matará o ímpio com o sopro de sua boca, e o destruirá com o brilho de sua vinda, parece que o castigo do Anticristo coincidirá com a vinda do soberano juiz. No entanto, não é esse o sentimento geral dos intérpretes. Pode-se explicar São Paulo dizendo que a destruição do ímpio só será consumada no dia do julgamento geral, se bem que sua morte tenha tido lugar tempos antes. De outro lado, os Evangelhos insinuam bem claramente que haverá certo lapso de tempo, se bem que relativamente curto, entre a punição do monstro e a consumação de todas as coisas.

O que diz, com efeito, Nosso Senhor? Ele começa por pintar tal tribulação como nunca houve desde o começo do mundo: é a perseguição do Anticristo. Depois acrescenta: “Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu e as potestades do céu serão abaladas. E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todas as tribos da terra chorarão e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade” (Mt 24, 29-30).

Estes sãos os sinais que precederão imediatamente a vinda de Jesus Cristo como Juiz. Mas como conciliar todos esses terríveis prelúdios com essa surpresa e imprevisão que segundo outros textos do Evangelho caracterizam esse acontecimento? Um pouco mais adiante, com efeito, Nosso Senhor nos apresenta os homens dos últimos dias do mundo semelhantes aos contemporâneos de Noé que o Dilúvio surpreende comendo e bebendo, casando-se e dando as filhas em casamento (Id., ibid., 36-40). Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA GULOSA

gulosaEm face de crescimento, exigem as crianças maior quantidade de alimentos do que os adultos.

Na infância, ficará sempre um gosto de comer, um apetite, uma capacidade, que talvez nos pareçam excessivos, mas serão próprios da idade. Raras são as crianças de apetite discreto.

Compreende-se que não saibam regular ainda os apetites, como não sabem conter-se nem avaliar as conseqüências de seus excessos. Os pais é que lhes devem ditar as regras, servir o necessário, impôr-lhes os limites do razoável, poupar-lhes os riscos das demasias.

Tipos de gulosos

Há crianças mais desmarcadas. Estão sempre dispostas a comer, e a comer muito, se as deixarem. São vorazes, comem muito e de tudo.

Refinados: gostam de pratos finos e bem apresentados. São mais raros.

Açucarados: loucos por doces e sobremesas, mais do que em geral todas as crianças.

Afetivos: tendem para determinados alimentos e para quem lhos oferece: os pais, padrinhos, avós e tios facilmente o percebem, e “subornam” a criança, “comprando-lhe” a amizade por bombons e carinhos…

Causas

Não há explicação cabal para o procedimento dessas crianças que assim o são por natureza. São simplesmente “gulosas”, como seriam surdas ou cegas, se tais tivesses nascido. Continuar lendo

A CONVERSÃO DOS JUDEUS (DRAMA DO FIM DOS TEMPOS)

judA Santa Escritura nos assinala um grande acontecimento que se nos mostra entrelaçado na guerra que o Anticristo desencadeará contra a Igreja: a conversão dos judeus. Deixamos este assunto de lado até aqui para tratá-lo com mais detalhes. Além disso, aqui ele estará muito bem colocado, pois a conversão dos judeus nos é apresentada como fruto da pregação de Elias.

O povo judeu é o ponto em torno do qual gira a história da humanidade. Ele recebeu o toque de Deus na pessoa de Abraão de onde saiu. É, antes da vinda de Nosso Senhor, o povo sacerdotal por excelência, cujo estado, no testemunho de Santo Agostinho, é inteiramente profético; dele nasceu a Santíssima Virgem e o Salvador do mundo; ele formou o núcleo da Igreja nascente. Todos esses privilégios fazem da raça judia uma raça excepcional cujos destinos são misteriosos.

Por uma inversão estranha e lamentável, no momento em que ela produz o Salvador do mundo, a raça eleita, a raça bendita entre todas merece ser condenada. Recusa reconhecer, em sua humildade, Aquele em quem ela não sabe adorar as grandezas invisíveis. Parece que Deus quis mostrar assim que não há nada da carne e do sangue na vocação do cristianismo, já que aqueles mesmos a quem pertencia o Cristo, segundo a carne (Rm 9, 5), são rejeitados por causa de seu orgulho tenaz e carnal.

Será uma condenação definitiva? Permanecerão presas de Satã excluídos do resto do mundo pela cruz do Senhor? Deus não permita! Deus prepara supremas misericórdias para o povo que foi seu. A esse povo, a quem foi dito: “Não sois mais meu povo“, será dito um dia: “Vós sois os filhos do Deus vivo“. (Os 3, 4-5). Depois de ter ficado longos anos sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem altar, os filhos de Israel procurarão o Senhor seu Deus; e isso acontecerá no fim dos tempos. (Id. III, 4, 5) Continuar lendo

GOLPE PROFUNDO

mat2O primeiro e mais profundo golpe no matrimônio nos tempos modernos foi vibrado pelo Protestantismo. Os “reformadores” do século XVI negaram-lhe qualquer caráter religioso e sacramental. Lutero renovou os erros dos gnósticos e albigenses, ensinando que o matrimônio é tão imoral como o adultério e a fornicação.

Mas, incoerente e desabrido, dizia que a concupiscência da carne é invencível – e concluía, contraditório e inconsequente, pela obrigatoriedade do matrimônio e pelo absurdo da virgindade e do celibato. Para tirar-se do impasse, afirmava que Deus não impunha aos homens as desordens do matrimônio.

Uma verdadeira seara de erros perigosíssimos.

a)O matrimônio não é religioso, mas profano. Eis a primeira e mais terrível “profanação” do matrimônio. Calvino chegou a dizer que o matrimônio é tão sagrado como o trabalho do campo… Daí nascerão todas as demais profanações, como de sua fonte.

b)As teorias da “necessidade fisiológica”, da nocividade da continência, etc., hoje tão correntes e perniciosas, estão em Lutero.

c)A equiparação da vida conjugal com as desordens extra-conjugais, ensinada por ele, levaria os costumes às facilidades atuais.

O resto é conseqüência.

Os evolucionistas ensinaram que a constituição da família veio tardia, por imposição da sociedade, no desejo de organizar-se. Negavam assim ao matrimônio caráter religioso, tanto quanto os “reformadores”, e punham o matrimônio às mãos dos homens, à sua mercê, como obra deles, por eles criada e afeiçoada, por eles também, decerto, desmontável e reformável! Continuar lendo

A CRISE FINAL (DRAMA DO FIM DOS TEMPOS)

crise finalParemos um instante diante dos intrépidos missionários de Deus e notemos a oportunidade divina de sua aparição. Segundo São Pedro: “nos últimos tempos virão embusteiros, zombadores sedutores vivendo as suas concupiscências, dizendo: Onde está a promessa e a vinda (de Jesus Cristo)? Desde que nossos pais morreram tudo continua como desde o princípio da criação” (2 Pd 3, 3-4).

Esses sedutores, estes embusteiros, os estamos vendo com nossos próprios olhos, ouvindo com nossos ouvidos. Chamam-se racionalistas, materialistas, positivistas: negam, “a priori”, toda causa superior, todo fato sobrenatural; não se interessam em saber de onde vêm, nem para onde vão; semelhantes aos insensatos do livro da Sabedoria olham a vida como uma dessas nuvens da manhã que não deixam rastro ao raiar do sol. O que está além do túmulo, chamam o grande desconhecido; recusam-se terminantemente a investigá-lo. Em conseqüência, o todo do homem, a seus olhos, está em gozar o mais possível o momento presente, pois tudo o mais é incerto.

Esses falsos sábios relegam os escritos de Moisés a cosmogonias fabulosas. Recusam-se a reconhecer algum valor histórico nos livros santos. Segundo o que dizem, todos esses documentos, em contradição com a ciência, seriam obras de um judeu exaltado, Esdras, que quis realçar sua nação. Quanto à vinda de Jesus Cristo, à ressurreição geral, ao julgamento final, às recompensas e às penas eternas, tratam como sonhos absurdos. Asseguram que a humanidade, em via de um indefinido progresso, encontrará um dia o paraíso na terra.

Ora, para confundir esses impostores, Deus suscitará Henoc, representante do período ante-diluviano; Henoc, quase contemporâneo das origens do mundo. Suscitará Elias, representante do judaísmo mosaico; Elias que, de um lado, toca Salomão e David de outro Isaías e Daniel. Estes grandes homens virão, com indiscutível autoridade, estabelecer a autenticidade da Bíblia, e mostrar que o Cristianismo está ligado à era dos profetas até Moisés e à era dos patriarcas até Adão. Neles se levantarão todos os séculos para renderem testemunho à verdade da revelação. Nunca a divindade do Cordeiro que foi morto desde a origem do mundo (Ap 13, 8) resplandecerá de modo mais fulgurante. Continuar lendo

OS SERVIDORES DE DEUS E A REFORMA DA IGREJA

cata1Há um remédio capaz de aplacar minha ira. São os meus servidores, quando se esforçam por coagir-me ao perdão com suas lágrimas, por reter-me com os laços do amor. Com essa corrente tu me amarraste! Dei tais servidores a ti (30), porque desejava ser misericordioso para com o mundo. É por tal motivo que infundo neles o ardor e o desejo de glorificar-me, bem como de salvar os homens. Quero ser coagido por suas lágrimas, diminuir a violência de minha justiça. Tu e os meus servidores, portanto, hauri lágrimas e suor na fonte da minha divina caridade! Lavai a face da minha Esposa! Prometo que por tal forma lhe será devolvida a beleza. Não é pela espada, guerra ou crueldade que ela irá reaver sua formosura, mas pela paz, pelas orações humildes e contínuas, pelo suor e lágrimas amorosamente derramados pelos meus servidores. É assim que realizarei o teu desejo: com grandes sofrimentos, tua paciência iluminará as trevas em que vivem os pecadores do mundo. Não tenhais medo se o mundo vos perseguir. Estarei convosco; em nada vos faltará minha providência.

(30)  – Com a palavra “servidores”, o Diálogo indica evidentemente os discípulos de Catarina. Por essa forma se vê como o livro quer ser um manual de formação dos futuros reformadores.

O Diálogo – Santa Catarina de Sena

HENOC E ELIAS (DRAMA DO FIM DOS TEMPOS)

02_Elias_AscendeOs fatos maravilhosos que descrevemos não são suposições aventurosas; são verdades tomadas na Santa Escritura e que seria pelo menos temerário negar. Antes do fim dos tempos, e durante a perseguição do Anticristo, aparecerão no meio dos homens dois extraordinários personagens, chamados Henoc e Elias. Quem são estes personagens? Em que condições farão sua entrada providencial no cenário do mundo? É o que vamos examinar à luz das Escrituras e da Tradição.

Henoc é um dos descendentes de Set, filho de Adão e raiz da raça dos filhos de Deus. Ele é o chefe da sexta geração a partir do pai do gênero humano. Eis o que o Gênesis nos ensina a seu respeito: “e Jared viveu 162 anos e gerou Henoc… Ora Henoc viveu 65 anos e gerou Matusalém. E Henoc andou com Deus e depois de ter gerado Matusalém viveu 365 anos. E andou com Deus e desapareceu porque Deus o levou” (Gn 5, 18-25).

Deus o levou com a idade de 365 anos, quer dizer, nessa época de grande longevidade, na idade madura. Não morreu, desapareceu. Foi transportado vivo, para um lugar conhecido apenas por Deus. Aí está o que sabemos de Henoc, patriarca da raça de Set, trisavô de Noé, ancestral do Salvador. Quanto a Elias, sua história é melhor conhecida. Henoc, anterior ao Dilúvio, nasceu muitos milhares de anos antes de Jesus Cristo. Elias apareceu no reino de Israel, menos de mil anos antes do Salvador; é o grande profeta da nação judaica.

Sua vida não podia ter sido mais dramática (Rs 3; 4). Pode-se dizer que ela é uma profecia em ação do estado da Igreja, no tempo da perseguição do Anticristo. Vivia errante, sempre ameaçado de morte, sempre protegido pela mão de Deus, que ora o esconde no deserto onde corvos o alimentam, ora o apresenta ao orgulhoso Acab, que treme diante dele. Dá-lhe as chaves do céu para desencadear a chuva ou os raios; sobre o monte Horeb favorece-o com uma visão cheia de mistérios. Em resumo, o faz crescer até o porte de Moisés, o Taumaturgo, de modo que com Moisés acompanhe Nosso Senhor sobre o Monte Tabor. Continuar lendo

MARIA E AS ALMAS CONSAGRADAS

mariaRainha das virgens porque teve a virgindade no mais eminente grau, porque conservou a virgindade na concepção, no parto do Salvador e para sempre.

Por isso, ela fez as almas compreenderem o valor da virgindade, que não é apenas, como o pudor, uma inclinação louvável da sensibilidade mas uma virtude, isto é, uma força espiritual1. Ela mostra que a virgindade consagrada a Deus é superior à simples castidade, porque promete a Deus a integridade do corpo e a pureza do coração por toda a vida. Santo Tomas diz que a virgindade está para a castidade assim como a munificência para a simples liberalidade, pois ela é um dom por si mesmo excelente, que manifesta uma perfeita generosidade. 

Maria preserva as virgens no meio dos perigos, sustenta-as em suas lutas e as conduz, se elas são fieis, a uma grande intimidade com seu Filho.

Qual é o seu papel em relação às almas consagradas? Estas almas são chamadas pela Igreja: “as esposas do Cristo”. Seu perfeito modelo é evidentemente a Santíssima Virgem. A seu exemplo, devem ter, em união com Nosso Senhor, uma vida de oração e de reparação ou de imolação pelo mundo e pelos pecadores. Elas devem também consolar os aflitos, lembrando o que diz o Evangelho, que o consolo que elas levam sobrenaturalmente aos membros sofredores do Cristo, é a Ele que elas levam, para fazer-lhe esquecer tantas ingratidões, friezas e mesmo profanações.

Por isso a vida destas almas deve se esforçar para produzir as virtudes de Maria e continuar, em certa medida, seu papel em relação a Nosso Senhor e aos fieis. Continuar lendo

AQUELES QUE AMAM A DEUS, VIVEM SEMPRE SATISFEITOS

satisfeitoEpíteto e Atho (Hos. L. 1.) dois Bem-aventurados Mártires de Jesus Cristo, quando sofreram o tormento, queimados com fachos por ordem do tirano, e dilacerados com ganchos de ferro, disseram somente: «Senhor, seja feita em nós a Vossa vontade. E quando chegaram ao lugar da execução, exclamaram em altas vozes: «Bendito sejais, ó Deus Eterno, porque a Vossa vontade se cumpriu amplamente em nós.»

Cesário relata (Liv. 10, Cap. 6.) que certo religioso, que ainda que exteriormente não era diferente dos mais, tinha contudo chegado a um tal grau de santidade, que pelo mero toque de seus hábitos, curava aqueles que estavam doentes. O Superior admirado disto, per­guntou-lhe como fazia ele estes milagres, não vivendo mais exemplarmente do que os outros: ao que o religioso respondeu que também se admirava, e não sabia a razão disso: mas quais são as vossas devoções? lhe tornou o abade. O bom religioso repli­cou, que poucas eram, ou para melhor dizer, nenhumas, mas que sempre tinha cuidado de entregar a sua vontade à vontade de Deus, e que nosso Senhor lhe havia concedido a graça de abandonar inteiramente a sua vontade à divina «A prosperidade não me eleva, nem a adversidade me abate, porque eu tudo recebo como vindo da mão de Deus, e para este fim dirijo todas as minhas preces, para que a Sua vontade se cumpra perfeitamente em mim.» O Superior lhe replicou: «Não vos ressentistes vós ontem contra o inimigo, que tanto nos prejudicou, roubando-nos os nossos mantimentos, e lançando-nos o fogo na nossa propriedade, destruindo-nos o nosso gado e a nossa seara? Não, foi a sua resposta, pelo contrário, dei graças a Deus como cos­tumo fazer em iguais desgraças; conhecendo que Deus faz ou permite tudo para a Sua maior glória e nosso maior bem; e por esta razão sempre estou contente, suceda o que suceder.» Ouvindo isto o abade, e vendo-o em tanta uniformidade com a vontade divina, não se admirou mais de que ele fizesse mi­lagres. Aquele que assim fizer não só vem a ser um grande Santo, mas goza de uma paz perpétua. Continuar lendo

COMO SE HÁ DE RESISTIR ÀS TENTAÇÕES

tentacao1Enquanto vivemos neste mundo, não podemos estar sem trabalhos e tentações. Por isso lemos no livro de Jó (7,1): É um combate a vida do homem sobre a terra. Cada qual, pois, deve estar acautelado contra as tentações, mediante a vigilância e a oração, para não dar azo às ilusões do demônio, que nunca dorme, mas anda por toda parte em busca de quem possa devorar (1 Pdr 5,8) . Ninguém há tão perfeito e santo, que não tenha, às vezes, tentações, e não podemos ser delas totalmente isentos.

São, todavia, utilíssimas ao homem as tentações, posto que sejam molestas e graves, porque nos humilham, purificam e instruem. Todos os santos passaram por muitas tribulações e tentações, e com elas aproveitaram; aqueles, porém, que não as puderam suportar foram reprovados e pereceram. Não há Ordem tão santa nem lugar tão retirado, em que não haja tentações e adversidades.

Nenhum homem está totalmente livre das tentações, enquanto vive, porque em nós mesmos está a causa donde procedem: a concupiscência em que nascemos. Mal acaba uma tentação ou tribulação, outra sobrevém, e sempre teremos que sofrer, porque perdemos o dom da primitiva felicidade. Muitos procuram fugir às tentações, e outras piores encontram. Não basta a fuga para vencê-las; é pela paciência e verdadeira humildade que nos tornamos mais fortes que todos os nossos inimigos.

Pouco adianta quem somente evita as ocasiões exteriores, sem arrancar as raízes; antes lhe voltarão mais depressa as tentações, e se achará pior. Vencê-las-á melhor com o auxílio de Deus, a pouco e pouco com paciência e resignação, que com importuna violência e esforço próprio. Toma a miúdo conselho na tentação e não sejas desabrido e áspero para o que é tentado, trata antes de o consolar, como desejas ser consolado. Continuar lendo

A IGREJA DURANTE A TORMENTA (DRAMA DO FIM DOS TEMPOS)

igrejSão Gregório Magno, em seus luminosos comentários de Jó, penetra profundamente em toda a história da Igreja, visivelmente animado do mesmo espírito profético espalhado nas Escrituras. Ele contempla a Igreja, no fim dos tempos, sob a figura de Jó: humilhado e sofredor, exposto às insinuações pérfidas de sua mulher e às críticas amargas de seus amigos; Jó, diante de quem, outrora, os anciãos se levantavam e os príncipes faziam silêncio!

A Igreja, disse muitas vezes o grande Papa, no fim de sua peregrinação terrestre, será privada de todo poder temporal; procurarão tirar-lhe todo ponto de apoio sobre a terra. Vai mais longe ainda, declara que ela será despojada do próprio brilho que provém dos dons sobrenaturais. “O poder dos milagres, diz ele, será retirado, a graça das curas arrebatada, a profecia desaparecerá, o dom de uma grande abstinência será diminuído, os ensinamentos da doutrina se calarão, os prodígios milagrosos cessarão”.

Isto não quer dizer que não haverá mais nada disso; mas todos esses sinais não brilharão abertamente, sob mil formas como nos primeiros tempos. Será mesmo a ocasião de um maravilhoso discernimento. Neste estado de humilhação da Igreja, crescerá a recompensa dos bons que se prenderão a ela, tendo em vista somente os bens celestes; quando aos maus, não vendo mais na Igreja nenhum atrativo temporal, não terão nada a fingir, se mostrarão tais como são”. (Mor. 1, XXXV)

Que palavra terrível: os ensinamentos da doutrina se calarão! São Gregório proclama em outro lugar que a Igreja prefere morrer a se calar. Então ela falará: mas seu ensinamento será entravado, sua voz encoberta; muitos dos que deveriam gritar sobre os telhados não ousarão fazê-lo com medo dos homens. E será a ocasião de um grande discernimento. São Gregório insiste muitas vezes sobre as três categorias de pessoas que há na Igreja: os hipócritas ou os falsos cristãos, os fracos e os fortes. Ora, nesses momentos de angústia os hipócritas levantarão a máscara e manifestarão sua apostasia secreta; os fracos, coitados, perecerão em grande número e o coração da Igreja sangrará por eles; enfim, muitos dos fortes, confiantes em suas próprias forças, cairão como as estrelas do céu. Continuar lendo

A MULHER E A VERDADEIRA FORÇA

modesta2Accinxit fortitudine lumbos suos, et roboravit brachium suum.(Prov. XXXI)

Pôs a força como um cinto em volta de seus rins, e fortaleceu seu braço.

Senhoras.

A força, já o dissemos, é uma energia da alma, que nos faz suportar com serenidade os enfados e os males da vida, que nos dá a coragem de prosseguirmos nos nossos intentos com inabalável firmeza, e nos conserva um vigor de ação, que os obstáculos humanos não podem deter.

Cada uma das nossas qualidades tem dois defeitos vizinhos que caminham de cada lado, um à direita, outro à esquerda, este pecando por excesso, aquele por privação. Esta máxima aplica-se perfeitamente à força e à firmeza de caráter: a obstinação excede os limites da verdadeira força, porque leva as suas idéias além do verdadeiro e do conveniente tornando-se, por isso mesmo, uma fraqueza perigosa como a locomotiva que descarrila.

A fraqueza, propriamente dita, é, pelo contrário, o defeito de um ser sem consistência que toma as formas que se quer, e que se colore sucessivamente com todas as cambiantes de idéias.

Muitas vezes, este último defeito é apenas o cálculo político das naturezas de camaleão, que variam de cor, segundo a posição e os reflexos do sol; pois, verdadeiros atores, têm sempre meia dúzia de opiniões no seu camarim, vestindo-se do mesmo modo que o histrião muda de trajes.

Entre a obstinação e a fraqueza, caminha a verdadeira firmeza, que se prende às suas idéias, aos seus projetos, tanto quanto é necessário: secundum quod oportet – diz São Tomás – expressão cheia de senso e de amplitude, que não fixa as coisas de um modo absoluto, e que abandona as soluções às circunstâncias reguladas pela sabedoria prática. Continuar lendo