Revmo. Pe. Samuel Bon, sobre o fato da Igreja conciliar não mais acreditar que Jesus Cristo Nosso Senhor é verdadeiramente Deus.
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Revmo. Pe. Samuel Bon, sobre o fato da Igreja conciliar não mais acreditar que Jesus Cristo Nosso Senhor é verdadeiramente Deus.
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Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
As ordenações de final de ano foram realizadas no Seminário Internacional do Sagrado Coração, em Zaitzkofen, Baviera (Alemanha).
Na sexta-feira, 19 de junho de 2020, na festa do Sagrado Coração, D. Alfonso de Galarreta, Bispo Auxiliar da Fraternidade São Pio X e Primeiro Assistente Geral, ordenou 6 diáconos: 2 alemães, 2 tchecos, 1 austríaco e 1 lituano.
No dia seguinte, sábado, 20 de junho, D. de Galarreta ordenou, para toda a eternidade, 3 sacerdotes: 1 alemão, 1 austríaco e 1 polonês.
As próximas ordenações ocorrerão em Ecône no sábado, 27 de junho (diaconato) e 29 de junho (sacerdócio) .
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, do Priorado São Pio X em Lisboa. Por ocasião do Terceiro Domingo depois de Pentecostes 2020
“They are not rebelling against an abnormal tyranny; they are rebelling against what they think is a normal tyranny — the tyranny of the normal.” (Chesterton)
Fonte: Boletim Permanencia
Como uma mola comprimida, o estranho confinamento das últimas semanas terminou numa explosão de anarquia. Sob o aplauso da imprensa — que parece aprovar quando a aglomeração é desse teor — multidões passaram a se reunir nas ruas em várias capitais do mundo, depredando o patrimônio público e agredindo populares. Tudo em nome da democracia, da tolerância ou de um mundo melhor.
Essa explosão de ódio não poupou a Igreja. Na Espanha, em La Roda de Andaluzia, um monumento ao Sagrado Coração de Jesus foi decapitado, enquanto, em Portugal, uma estátua do Padre Antônio Vieira foi vandalizada. Nos Estados Unidos, o ódio iconoclasta voltou-se contra as origens do país: estátuas de Cristóvão Colombo foram depredadas em pelo menos duas localidade, bem como as de outras personalidades históricas.
Por detrás de tudo isso encontra-se um grupo chamado “Antifa”, que é a abreviação de anti-fascistas. “A violência instigada e produzida pelo “Antifa” e outros grupos similares em conexão com as manifestações é terrorismo doméstico e deverá ser tratado como tal” — declarou recentemente William Barr, Advogado Geral do governo norte-americano.
Foi esse grupo que aportou nas últimas semanas no Brasil, prometendo trazer para cá as táticas e objetivos dos auto-proclamados grupos anti-fascistas, em atuação na Europa há quase um século. Continuar lendo
I – Panorama jurídico da Santa Missa pública no Brasil.
Com o deflagrar da epidemia do coronavírus no Brasil, por meio de decretos, muitos governadores e prefeitos coibiram e restringiram as atividades nos seus respectivos estados e municípios a apenas as atividades essenciais.
Para o enfrentamento da epidemia, em nível nacional, foi promulgada a Lei federal nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020 (Anexo 1 – Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020), a qual aduz sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública.
Em seu artigo 3º, § 8º, ficou disposto que seriam resguardados os serviços públicos e as atividades essenciais. Em sequência, no § 9º, ficou disposto que incumbiria ao Presidente da República a definição de quais seriam as atividades essenciais.
No dia 20 de março de 2020, foi editado o Decreto federal nº 10.282 (Anexo 2 – Decreto federal nº 10.282, de 20 de março de 2020), o qual regulamentou as atividades essenciais, as quais deveriam ser resguardadas durante a quarentena imposta.
Inicialmente, no dia 20 de março de 2020, as atividades religiosas não foram incluídas nas atividades essenciais.
Todavia, de forma corajosa, no dia 25 de março de 2020, o Presidente da República editou o Decreto Federal nº 10.292 (Anexo 3 – Decreto Federal nº 10.292, de 25 de março de 2020), o qual incluiu as atividades religiosas como atividades essenciais, resguardando deste modo a Santa Missa pública no Brasil. Continuar lendo
Para assistir a Santa Missa clique na imagem acima
Fonte: Hojitas de Fe, 94. | Seminário Nossa Senhora Corredentora FSSPX –
Tradução: Dominus Est
Quem nunca ouviu contar, alguma vez, a história daquele irmão leigo que, entrando na religião para servir a Deus, mas não podendo fazê-lo como os outros monges, tinha uma vida interior sumamente simplificada?
Durante o seu trabalho, não sendo capaz de ter pensamentos elevados sobre Deus, limitava-se a dizer repetidamente: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Quando ele se retirava para a igreja, não sabia como meditar como os outros religiosos, e por essa razão continuava recitando sua jaculatória favorita: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Depois de algum tempo, aquele irmão, que em nada brilhara de especial durante sua vida, morreu e foi enterrado no cemitério da comunidade. E qual não foi a surpresa dos religiosos quando se deram conta de que, em cima do túmulo do humilde leigo, brotara uma flor de extrema beleza. Uma vez crescida a flor, perceberam que tinha três pétalas, e em cada uma das pétalas estava escrito com letra de ouro um dos três lemas do humilde irmão: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Admirado pelo prodígio, o superior ordenou que cavassem para ver de onde brotava a flor; e então se pode ver que a flor estava enraizada no coração do humilde irmão leigo.
Algo semelhante acontece com o Sagrado Coração de Jesus. A história testemunha a repentina aparição de belíssimas flores: • de Apóstolos que pregaram o nome de Jesus até os confins da terra; • de Virgens que lhe consagraram toda sua vida, e de Mártires que não hesitaram em sacrificá-la por ele; • de Doutores que ensinaram aos povos as verdades divinas; • e de um sem-número de almas que, amando e confessando a Cristo, começaram a viver cristãmente. E essas flores começaram a crescer de tal forma que toda a sociedade se viu transformada e, acabou por aceitar as leis do divino Crucificado. Pois bem, se nós, por uma santa curiosidade, quiséssemos descobrir onde se encontram as raízes dessas flores, veríamos que estão no Sagrado Coração de Jesus.
1º Coração de Jesus fonte da religião católica.
Toda a religião católica tem sua razão de ser e sua origem no Coração de Jesus, isto é, no infinito amor que esse Coração tem por Deus e no infinito amor que esse Coração tem por nós. Continuar lendo
1) Convite a compreender e praticar melhor as várias formas da devoção ao coração de Jesus
Antes de terminarmos as considerações tão belas e tão consoladoras que vos estamos fazendo sobre a natureza autêntica deste culto e a sua cristã excelência, nós, cônscios do ofício apostólico confiado em primeiro lugar a s. Pedro depois que ele por três vezes professou o seu amor a Jesus Cristo nosso Senhor, julgamos conveniente, veneráveis irmãos, exortar-vos uma vez mais, e por vosso intermédio exortar todos os caríssimos filhos que em Cristo temos, a que vos esforceis com crescente entusiasmo por promover esta suavíssima devoção, pois confiamos que dela hão de brotar grandes proveitos também nos nossos tempos.
Em verdade, se se ponderam devidamente os argumentos em que se funda o culto ao coração ferido de Jesus, todos verão claramente não se tratar aqui de uma forma qualquer de piedade, que se possa pospor a outras ou ter em menos, mas sim de uma prática religiosa sumamente apta para conseguir a perfeição cristã. Se segundo o conceito teológico tradicional, expresso pelo Doutor angélico – “a devoção não é outra coisa senão a vontade pronta de se dedicar a tudo o que se relaciona com o serviço de Deus”,(40) pode haver serviço divino mais devido e mais necessário, e ao mesmo tempo mais nobre e mais suave, daquele que se presta ao seu amor? Que coisa pode haver mais grata e mais aceita a Deus do que o serviço que se faz à caridade divina, e que se faz por amor, sendo, como é, todo serviço voluntário, de certo modo, um dom, e constituindo o amor “o dom primeiro e origem de todos os dons gratuitos”? (41) Digna é, pois, de sumo apreço uma forma de culto mediante a qual o homem ama e honra mais a Deus e se consagra com maior facilidade e liberdade à caridade divina; forma de culto que o nosso próprio Redentor se dignou propor e recomendar ao povo cristão, e que os sumos pontífices confirmaram com memoráveis documentos e enalteceram com grandes louvores. Por isso, quem tivesse em pouco esse insigne benefício que Jesus Cristo deu à sua Igreja, procederia temerária e perniciosamente, e ofenderia o próprio Deus.
Isso posto, não se pode duvidar de que os cristãos que honram o sacratíssimo coração do Redentor cumprem o dever, por demais gravíssimo, que eles têm de servir a Deus, e que justamente se consagram a si mesmos e todas as suas coisas, seus sentimentos interiores e sua atividade exterior, ao seu Criador e Redentor, e que desse modo observam aquele divino mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças” (Mc 12,30; Mt 22,37). Além disso, têm a certeza de que honrar a Deus não os move principalmente o proveito pessoal, corporal ou espiritual, temporal ou eterno, e sim a bondade do próprio Deus, a quem eles procuram obsequiar com correspondência de amor, com atos de adoração e com a devida ação de graças. Se assim não fora, o culto ao sacratíssimo coração de Jesus não corresponderia ao caráter genuíno da religião cristã, visto que com tal culto o homem não honraria principalmente o amor divino; e não sem motivo, como às vezes sucede, poder-se-ia increpar de excessivo amor e solicitude de si mesmos os que entendem mal esta nobilíssima devoção ou não a praticam convenientemente. Continuar lendo
1) Albores do culto ao sagrado coração na devoção às chagas sacrossantas da paixão
À vossa consideração, veneráveis irmãos, e à do povo cristão quisemos expor em suas linhas gerais a íntima natureza e as perenes riquezas do culto ao coração sacratíssimo de Jesus, atendo-nos à doutrina da revelação divina como à sua fonte primária. Estamos persuadidos de que estas nossas reflexões, ditadas pelo próprio ensinamento do Evangelho, mostraram claramente como, em substância, este culto não é outra coisa senão o culto ao amor divino e humano do Verbo encarnado, e também o culto àquele amor com que o Pai e o Espírito Santo amam os homens pecadores. Porque, como observa o Doutor angélico, a caridade das três Pessoas divinas é o princípio da redenção humana nisto que inundando copiosamente a vontade humana de Jesus Cristo e o seu coração adorável, com a mesma caridade o induziu a derramar o seu sangue para nos resgatar da servidão do pecado:(33) “Com um batismo tenho de ser batizado, e como me sinto oprimido enquanto ele não se cumpre!” (Lc 12,50).
Aliás, é persuasão nossa que o culto tributado ao amor de Deus e de Jesus Cristo para com o gênero humano, através do símbolo augusto do coração transfixado do Redentor, nunca esteve completamente ausente da piedade dos fiéis, embora a sua manifestação clara e a sua admirável difusão em toda a Igreja se haja realizado em tempos não muito distantes de nós, sobretudo depois que o próprio Senhor revelou este divino mistério a alguns de seus filhos após havê-los cumulado com abundância de dons sobrenaturais, e os elegeu para seus mensageiros e arautos.
De fato, sempre houve almas especialmente consagradas a Deus que, inspirando-se nos exemplos da excelsa mãe de Deus, dos apóstolos e de insignes padres da Igreja, tributaram culto de adoração, de ação de graças e de amor à humanidade santíssima de Cristo, e de modo especial às feridas abertas no seu corpo pelos tormentos da paixão salvadora.
Aliás, como não reconhecer nas próprias palavras: “Senhor meu e Deus meu” (Jo 20,28), pronunciadas pelo apóstolo Tomé e reveladoras da sua súbita transformação de incrédulo em fiel, uma clara profissão de fé, de adoração e de amor, que da humanidade chagada do Salvador se elevava até a majestade da Pessoa divina? Continuar lendo
Sermão proferido pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, do Priorado de São Pio X de Lisboa, pela ocasião do Segundo Domingo depois de Pentecostes
1) O sagrado coração de Jesus, símbolo de amor perfeito: sensível, espiritual, humano e divino, durante a vida terrena do Salvador
Agora, veneráveis irmãos, para que destas piedosas considerações possamos tirar abundantes e salutares frutos, bom é meditarmos e contemplarmos brevemente os múltiplos afetos humanos e divinos de nosso Salvador Jesus Cristo, dos quais; durante o curso da sua vida mortal, o seu coração participou e continua agora participando e não deixará de participar por toda a eternidade. Nas páginas do Evangelho é onde principalmente encontraremos a luz pela qual iluminados e fortalecidos poderemos penetrar no segredo deste divino coração, e admirar com o Apóstolo das gentes “as abundantes riquezas da graça (de Deus) na bondade usada conosco por amor de Jesus Cristo” (Ef2,7).
O adorável coração de Jesus Cristo pulsa de amor ao mesmo tempo humano e divino desde que a virgem Maria pronunciou aquela palavra magnânima: “Fiat”, e o Verbo de Deus, como nota o Apóstolo, “ao entrar no mundo disse: Não quiseste sacrifício nem oferenda, mas me apropriaste um corpo; holocaustos pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis que venho: segundo está escrito de mim no princípio do livro, para cumprir, ó Deus, a tua vontade… Por esta vontade, pois, somos santificados pela oblação do corpo de Cristo feita uma só vez” (Hb10,5-7.10). De maneira semelhante palpitava de amor o seu coração, em perfeita harmonia com os afetos da sua vontade humana e com o seu amor divino, quando, na casa de Nazaré, ele mantinha aqueles celestiais colóquios com sua dulcíssima Mãe e com seu pai putativo, s. José, a quem obedecia e com quem colaborava no fatigante ofício de carpinteiro. Esse mesmo tríplice amor movia o seu coração nas suas contínuas excursões apostólicas, quando realizava aqueles inúmeros milagres, quando ressuscitava os mortos ou restituía a saúde a toda sorte de enfermos, quando sofria aqueles trabalhos, suportava o suor, a fome e a sede; nas vigílias noturnas passadas em oração a seu Pai amado; e, finalmente, nos discursos que pronunciava e nas parábolas que propunha, especialmente naquelas que tratam da misericórdia, como a da dracma perdida, a da ovelha desgarrada e a do filho pródigo. Nessas palavras e nessas obras, como diz Gregório Magno, manifesta-se o próprio coração de Deus. “Conhece o coração de Deus nas palavras de Deus, para que com mais ardor suspires pelas coisas eternas”.(26)
De amor ainda maior pulsava o coração de Jesus Cristo quando da sua boca saíam palavras que inspiravam amor ardente. Assim, para dar algum exemplo, quando, ao ver as turbas cansadas e famintas, ele disse: “Tenho compaixão desta multidão” (Mc8, 2), e quando, ao avistar Jerusalém, a sua cidade predileta, destinada a uma ruína fatal por causa da sua obstinação no pecado, exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados: quantas vezes eu quis recolher teus filhos, como a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintinhos, e não o quiseste!” (Mt23, 37). O seu coração também palpitou de amor para com seu Pai, e de santa indignação, quando ele viu o comércio sacrílego que se fazia no templo, e verberou os violadores com estas palavras: “Escrito está: minha casa será chamada casa de oração; mas vós fizestes dela uma espelunca de ladrões” (Mt 21, 13). Continuar lendo
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
A alteração do calendário também atingiu as cerimônias de ordenações no seminário de Dillwyn, que foram antecipadas neste ano.
No sábado, 6 de junho de 2020, Sábado das Quatro-Têmporas, D. Fellay ordenou 4 padres para a Fraternidade São Pio X (todos americanos), no seminário Santo Tomás de Aquino, localizado em Dillwyn (Virgínia/EUA).
Ele ordenou também 4 diáconos – 3 americanos e 1 irlandês.
Esta cerimônia constitui a primeira das ordenações dos seminários do hemisfério norte, antes das que ocorrerão em Zaitzkofen (Alemanha) e Ecône (Suíça). No total, a FSSPX receberá 16 novos sacerdotes durante este mês de junho de 2020.
A Fraternidade conta com 6 seminários internacionais que formam, todos os anos, os sacerdotes de que a Igreja necessita.
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“Senhor, dai-nos sacerdotes,
Senhor, dai-nos santos sacerdotes,
Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,
Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,
Senhor, dai-nos famílias católicas,
São Pio X, rogai por nós”
1) O amor de Deus no mistério da encarnação redentora segundo o Evangelho
Mas somente pelo Evangelho chegamos a conhecer com perfeita clareza que a nova aliança estipulada entre Deus e a humanidade – aliança da qual a pactuada por Moisés entre o povo e Deus foi somente uma prefiguração simbólica, e o vaticínio de Jeremias mera predição – é aquela que o Verbo encarnado estabeleceu e levou à prática merecendo-nos a graça divina. Esta aliança é incomparavelmente mais nobre e mais sólida, porque, a diferença da precedente, não foi sancionada com sangue de cabritos e novilhos, mas com o sangue sacrossanto daquele que esses animais pacíficos e privados de razão, prefiguravam: “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (cf. Jo1, 29; Hb9, 18-28; 10, 1-17). Porque a aliança cristã, ainda mais do que a antiga, manifesta-se claramente como um pacto, não inspirado em sentimentos de servidão, não fundado no temor, mas apoiado na amizade que deve reinar nas relações entre pai e filhos, sendo ela alimentada e consolidada por uma mais generosa distribuição da graça divina e da verdade, conforme a sentença do evangelho de João: “Da sua plenitude todos nós participamos, e recebemos uma graça por outra graça. Porque a lei foi dada por Moisés, mas a graça foi trazida por Jesus Cristo” (Jo 1, 16-17).
Introduzidos, por essas palavras do “discípulo amado que durante a ceia reclinara a cabeça sobre o peito de Jesus” (Jo21, 20), no próprio mistério da infinita caridade do Verbo encarnado, é coisa digna, justa, reta e salutar nos detenhamos um pouco, veneráveis irmãos, na contemplação de tão suave mistério, a fim de, iluminados pela luz que sobre ele projetam as páginas do Evangelho, podermos também nós experimentar o feliz cumprimento do voto que o Apóstolo formulava escrevendo aos fiéis de Éfeso: “Habite Cristo, pela fé, nos vossos corações, vós que estais arraigados e cimentados em caridade, para que possais compreender com todos os santos qual é a largura e comprimento, a altura e profundidade deste mistério, e conhecer também o amor de Cristo a nós, o qual sobrepuja todo conhecimento, para que sejais plenamente cumulados de todos os dons de Deus” (Ef3, 17-19).
Com efeito, o mistério da divina redenção é, antes de tudo e pela sua própria natureza, um mistério de amor: isto é, um mistério de amor justo da parte de Cristo para com seu Pai celeste, a quem o sacrifício da cruz, oferecido com coração amante e obediente, apresenta uma satisfação superabundante e infinita pelos pecados do gênero humano: Cristo, sofrendo por caridade e obediência, ofereceu à Deus alguma coisa de valor maior do que o exigia a compensação por todas as ofensas feitas a Deus pelo gênero humano.(8) Além disso, o mistério da redenção é um mistério de amor misericordioso da augusta Trindade e do divino Redentor para com a humanidade inteira, visto que, sendo esta totalmente incapaz de oferecer a Deus uma satisfação condigna pelos seus próprios delitos,(9) mediante a imperscrutável riqueza de méritos que nos ganhou com a efusão do seu precioso sangue, Cristo pode restabelecer e aperfeiçoar aquele pacto de amizade entre Deus e os homens violado pela primeira vez no paraíso terrestre por culpa de Adão e depois, inúmeras vezes, pela infidelidade do povo escolhido. Portanto, havendo na sua qualidade de nosso legítimo e perfeito mediador, e sob o estímulo de uma caridade energética para conosco, conciliando as obrigações e compromissos do gênero humano com os direitos de Deus, o divino Redentor foi, sem dúvida, o autor daquela maravilhosa reconciliação entre a divina justiça e a divina misericórdia, a qual justamente constitui a absoluta transcendência do mistério da nossa salvação, tão sabiamente expresso pelo doutor angélico com estas palavras: “Convém observar que a libertação do homem, mediante a paixão de Cristo, foi conveniente tanto para a justiça como para a misericórdia do mesmo Cristo. Antes de tudo para a justiça, porque com a sua paixão Cristo satisfez pela culpa do gênero humano, e, por conseguinte, pela justiça de Cristo foi o homem libertado. E, em segundo lugar, para a misericórdia, porque, não sendo possível ao homem satisfazer pelo pecado, que manchava toda a natureza humana, deu-lhe Deus um reparador na pessoa de seu Filho. Ora, isto foi, da parte de Deus, um gesto de mais generosa misericórdia do que se ele houvesse perdoado os pecados sem exigir qualquer satisfação. Por isso está escrito: ‘Deus, que é rico em misericórdia, movido pelo excessivo amor com que nos amou quando estávamos mortos pelos pecados, deu-nos vida juntamente em Cristo'” (Ef2, 4).(10) Continuar lendo
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Ó sagrado convite em que se recebe a Cristo:
renova-se a memória de sua Paixão;
a alma se plenifica de graça,
e nos é dado um penhor da glória futura.
Fonte: Hojitas de Fe, 200, Seminário Nossa Senhora Corredentora, FSSPX
Tradução: Dominus Est
Nas Vésperas da festa de Corpus Christi cantamos esta linda antífona, escrita (como todo o Ofício do Santíssimo Sacramento) por Santo Tomás de Aquino, e carregada de significado teológico.
Com efeito, Santo Tomás nos ensina na Suma Teológica (III, 60, 3) que todo sacramento, especialmente o da Eucaristia, é um sinal sensível que significa a nossa santificação, na qual podemos considerar três coisas: 1º a própria causa da santificação, que é a Paixão de Cristo; 2º sua essência mesma, que é a graça; 3º seu fim último, que é a vida eterna.
E assim, a Sagrada Eucaristia é um sinal rememorativo da Paixão de Cristo; um sinal demonstrativo do que se realiza em nossas almas pela Paixão de Cristo, a saber, a graça; e um sinal prenunciativo da glória futura. Consideremos, pois, cada um desses três pontos.
1º A Sagrada Eucaristia – sinal rememorativo da Paixão de Cristo
Esta é uma das verdades fundamentais que se nos quer fazer esquecer hoje, quando nos apresentam a Sagrada Eucaristia somente sob o aspecto da comunhão ou de ceia. No entanto, a Sagrada Eucaristia deve ser apreciada e considerada também sob outro aspecto, mais importante, que é o de sacrifício. A Sagrada Eucaristia não é tão somente uma comunhão com o Corpo e Sangue de Cristo; é, antes de tudo, a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário. Ambos os aspectos são inseparáveis. Sem Sacrifício não haveria Sacramento: uma vez que Cristo faz-se presente sob as espécies de pão e vinho para ser imolado. Da mesma forma, sem Sacramento não há Sacrifício: porque, para que haja sacrifício, é necessária a presença da Vítima e porque a integridade do Sacrifício exige a comunhão com a Vítima sob o aspecto de Sacramento. Continuar lendo