“SE VOCÊ QUER AJUDAR A RESTAURAR A IGREJA, É PRECISO COMEÇAR COM O SACERDÓCIO”

news-header-imageFonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Trecho da entrevista concedida por Dom Bernard Fellay à MaikeHickson (MH) de OnePeterFive, sobre o centenário de Fátima e a crise da Igreja. Nota: as perguntas foram enviadas ao Bispo Fellay em finais de 2017, mas em razão de vários contratempos a entrevista foi concluída somente no presente mês.

MH: Cada vez mais muitos observadores parecem ver paralelos entre os princípios em que a Fraternidade São Pio X (FSSPX) baseou sua própria resistência contra certas novidades anteriormente vindas de Roma, e entre os princípios agora aplicados por aqueles críticos do documento exortatório do Papa Francisco, Amoris Laetitia. O próprio Professor Seifert repetidamente fez referência explícita em analogia ao seu próprio caso. O senhor poderia nos explicar esses princípios fundamentais na medida em que os vê em alguma correspondência mútua e reforçada?

Temos almas para salvar. A Igreja não é nova. Se seguimos o que a Igreja sempre fez, e o que os santos sempre fizeram, temos a certeza de estar no caminho seguro para o Céu. Em todos os tempos, a Igreja considerou perigosas as novidades e o fruto do orgulho. Podemos, hoje, dizer que há uma doença de novidade e mudança. Mas Deus não muda. A fé não muda. Os mandamentos não mudam. Seja fiel ao que a Igreja sempre ensinou em seus catecismos e você terá a certeza de estar no lado certo dessa luta por Deus e Sua glória.

MH: A FSPX desde cedo se opôs a certos aspectos do ecumenismo e da liberdade religiosa. Como o senhor relataria essa resistência anterior ao debate atual sobre a indissolubilidade do matrimônio à luz do fato de que essas outras religiões muitas vezes não acreditam neste dogma?

Uma vez que muitas religiões rejeitam a indissolubilidade do casamento, podemos pensar que as medidas tomadas por Roma se inspirariam no ecumenismo, mas não tenho certeza de que exista necessariamente uma ligação. Penso que o problema é uma relativização geral da verdade e, consequentemente, uma aplicação frouxa da lei e compreensão dos mandamentos de Deus. Ou, seguindo os princípios do personalismo, tal insistência na pessoa humana, no sentido de que a ordem de Deus não está em primeiro lugar. (Em outras palavras, o homem se torna Deus.) Você encontra isso no nível da religião e mesmo da legislação hoje. João Paulo II descreveu isso como antropocentrismo. Agora vemos isso aplicado ao matrimônio. Todos querem uma vida fácil… Continuar lendo

DA CONFIANÇA EM JESUS CRISTO

CONFNolite itaque amittere confidentiam vestram, quae magnam habet remunerationem ― “Não queirais perder a vossa confiança, que tem grande remuneração” (Hebr. 10, 35)

Sumário. A misericórdia de Deus é como que uma fonte inexaurível, donde tirará mais graças quem trouxer um vaso mais amplo de confiança. Se, pois, quisermos enriquecer espiritualmente, confiemos muito nos méritos de Jesus Cristo e na intercessão de Maria. Avivemos freqüentemente esta nossa confiança, lembrando-nos de que Deus é bom e nos quer ajudar; que é poderoso e nos pode ajudar; que é fiel e prometeu ajudar-nos. Não busquemos, porém, uma confiança sensível, que redunda nos sentidos; basta que tenhamos a vontade de confiar.

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É nimiamente grande a misericórdia de Jesus Cristo para conosco; mas para nosso maior bem, Ele quer que obtenhamos a misericórdia por uma viva confiança baseada em seus merecimentos e em suas promessas. Por isso São Paulo nos exorta a que guardemos a confiança, dizendo que ela nos alcança de Deus uma grande recompensa:magnam habet remunerationem.― Revelou o Senhor a Santa Gertrudes que a nossa confiança Lhe faz uma violência tão grande, que não pode deixar de atender-nos em tudo  que Lhe pedirmos. No mesmo sentido escreve São Bernardo, que a divina misericórdia é como que uma fonte inexaurível, da qual tirará maior abundância de graças quem trouxer um vaso mais amplo de confiança, segundo o que disse o Salmista:Fiat misericordia tua, Domine, super nos, quemadmodum speravimos in te (1) ― “Venha, Senhor, sobre nós a vossa misericórdia, à proporção que em Vós temos esperado“.

Deus mesmo declarou que protege e salva todos os que nele confiam (2). Alegremo-nos, pois, dizia Davi, todos aqueles que esperam em Vós, meu Deus, porque serão eternamente bem-aventurados e Vós habitareis neles (3). E em outro lugar acrescenta que a misericórdia cerca e guarda àquele que confia no Senhor, e que estará ao abrigo dos perigos de perder-se (4).

Oh! quão grandes são as promessas que nas Sagradas Escrituras são feitas aos que esperam em Deus! Vemo-nos porventura perdidos por causa dos pecados cometidos? Eis que temos o remédio à mão: Vamos com confiança aos pés de Jesus, diz o Apóstolo, e ali acharemos o perdão: Adeamus cum fiducia ad thronum gratiae ― “Vamos com confiança ao trono da graça” (5). Não demoremos em nos aproximarmos de Jesus Cristo, até que esteja assentado como Juiz num trono de justiça; vamos agora, visto estar ainda num trono de graça e lembremo-nos sempre do que diz São João Crisóstomo: “O nosso Salvador tem mais desejo de nos perdoar do que nós desejamos ser perdoados”. Continuar lendo

DEUS ME CHAMA

Resultado de imagem para leito de morteUm missionário Lazarista, falecido na Itália em fins do século passado, pregava retiro a umas jovens de Constantinopla precisamente nos dias em que a cólera invadia a infeliz cidade.

Na manhã do terceiro dia, bem cedo, viu o missionário chegar uma das jovens retirantes, que lhe disse:

– Padre, desejo confessar-me e fazer uma boa comunhão esta manhã. Depois da missa lhe direi o motivo.

Comungou com singulares mostras de fervor. Depois da ação de graças veio dizer-me:

– Padre, esta noite, passei-a acordada e tive a sensação de que chegara para mim o momento da morte e minha alma, separada do corpo, era levada por meu anjo da guarda ao tribunal do soberano Juiz.

Já não era o Salvador tão bom e misericordioso, de que tantas vezes nos falam os padres, mas um juiz inexorável. Iam chegando todas as partes do mundo inúmeras almas; muitas iam para o inferno, bastantes para o purgatório, muitas poucas diretas para o céu.

Perturbada e atemorizada, levantei os olhos e – ó felicidade! – minha boa Mãe, a Imaculada, ali estava a olhar para mim com uma doçura infinita. Animada com esta vista, do fundo do meu coração saiu o grito que repetia muitas vezes na terra: ” Boa Mãe, Mãe do Perpétuo Socorro, socorrei-me, salvai-me!”

Estava eu aos pés do tribunal de Deus e a minha sorte eterna ia decidir-se num instante.
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DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA: A PAIXÃO DE JESUS CRISTO E OS DIVERTIMENTOS DO CARNAVAL

paixaoConsummabuntur omnia, quae scripta sunt per prophetas de filio hominis — “Será cumprido tudo o que está escrito pelos profetas, tocante ao Filho do homem” (Luc. 18, 31).

Sumário. Não é sem uma razão mística que a Igreja propõe hoje à nossa meditação Jesus Cristo predizendo a sua dolorosa Paixão. A nossa boa Mãe deseja que nós, seus filhos, nos unamos a ela, para compadecermos do seu divino Esposo, e o consolarmos com os nossos obséquios, ao passo que os pecadores, nestes dias mais do que em outros tempos, lhe renovam todos os ultrajes descritos no Evangelho. Quer ela também que roguemos pela conversão de tantos infelizes, nossos irmãos. Não temos por ventura bastantes motivos para isso?

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I. Não é sem razão mística que a Igreja propõe hoje à nossa meditação Jesus Cristo predizendo a sua dolorosa Paixão. Deseja a nossa boa Mãe que nós, seus filhos, nos unamos a ela na compaixão de seu divino Esposo, e o consolemos com os nossos obséquios; porquanto os pecadores, nestes dias mais do que em outros tempos, lhe renovam os ultrajes descritos no Evangelho.

Tradetur gentibus — “Ele vai ser entregue aos gentios”. Nestes tristes dias os cristãos, e quiçá entre eles alguns dos mais favorecidos, trairão, como Judas, o seu divino Mestre e o entregarão nas mãos do demônio. Eles o trairão, já não às ocultas, senão nas praças e vias públicas, fazendo ostentação de sua traição! Eles o trairão, não por trinta dinheiros, mas por coisas mais vis ainda: pela satisfação de uma paixão, por um torpe prazer, por um divertimento momentâneo!

Illudetur, flagellabitur et conspuetur — “Ele será mortejado, flagelado e coberto de escarros”. Uma das baixezas mais infames que Jesus Cristo sofreu em sua Paixão, foi que os soldados lhe vendaram os olhos e, como se ele nada visse, o cobriram de escarros, e lhe deram bofetadas, dizendo: Profetiza agora, Cristo, quem te bateu? Ah, meu Senhor! Quantas vezes esses mesmos ignominiosos tormentos não Vos são de novo infligidos nestes dias de extravagância diabólica? Pessoas que se cobrem o rosto com uma máscara, como se Deus assim não pudesse reconhecê-las, não têm pejo de vomitar em qualquer parte palavras obscenas, cantigas licenciosas, até blasfêmias execráveis contra Santo Nome de Deus! — Et postquam flagellaverint, occident eum — “Depois de o terem açoitado, o farão morrer”. Sim, pois se, segundo a palavra do Apóstolo, cada pecado é uma renovação da crucifixão do Filho de Deus, ah! Nestes dias Jesus será crucificado centenas e milhares de vezes. Continuar lendo

AINDA EXISTE, NA ALMA CATÓLICA, VERDADEIRA ORAÇÃO?

Resultado de imagem para rezando véu igrejaO que vem a ser Rezar ?

Mas se é para medir e regular nossa oração, caberia a cada um de nós perguntarmos: e eu rezo? O tempo da Quaresma serviu para melhorar minha oração?

Para responder a esta pergunta é necessário saber o que seja rezar. Ora, tanto o Catecismo como os santos doutores nos falam sobre a boa oração. Diz lá, então, a doutrina perene:

– Rezar é elevar a alma a Deus.

Santo Agostinho nos dará uma compreensão melhor ao afirmar:

– Rezar é ter uma intenção afetiva do espírito para Deus.

Outros santos dirão:

– Rezar é ter uma conversa íntima com Deus.

Ora, estas definições ou explicações se completam maravilhosamente e nos ajudarão a medir o nosso grau de oração, a sabermos se, de fato, rezamos de verdade ou não.

Ainda se encontra quem reze?

Mas a experiência de qualquer sacerdote, nos dias de hoje, deixa-nos assustados, a ponto de podermos interrogar: – O que está acontecendo conosco? Onde estão as almas que rezam de verdade? E se muitos adultos ainda guardam o costume salutar de recolher-se, todos os dias, diante de Deus, já os adolescentes, os jovens, deixando a idade da infância, porque abandonam tão facilmente a prática da oração que nos dá o céu? Onde encontraremos oração que seja elevação da alma, intenção afetiva, ou conversa íntima com Deus?

Não! Não! O que vemos hoje nestas almas é uma oração pesada, um coração irritado, uma oração rápida e mecânica.

Mas se é pesada por causa da contrariedade que se sente em rezar, então não se eleva.

Se vem carregada com irritação, nunca será uma intenção afetiva. Se é mecânica, não se pode pensar em conversa íntima com Deus. Continuar lendo

FRUTOS DA MEDITAÇÃO DAS DORES DE MARIA SANTÍSSIMA

doresSicut qui thesaurizat, ita et qui honorat matrem suam ― “Como quem ajunta um tesouro, assim se porta o que honra sua mãe” (Eclo 3, 5).

Sumário. Por causa do imenso amor com que Jesus Cristo ama sua querida Mãe, são-Lhe muito agradáveis os que com devoção meditam nas dores de Maria Santíssima e inúmeras são as graças que lhes comunica. Mas infelizmente, quão poucos são os que praticam tão bela devoção! Muitos cristãos, em vez de se compadecerem das dores de Maria, lh’as renovam com seus pecados ou sua tibieza. Irmão meu, serás tu também um destes ingratos?

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Para compreender quanto agrada à Bem-Aventurada Virgem que nos lembremos de suas dores, bastaria somente saber que ela, no ano de 1239, apareceu a sete devotos seus (que depois foram os fundadores da Ordem dos Servos de Maria), com um hábito negro na mão e ordenou-lhes que, desejando fazer-lhe causa agradável, meditassem com freqüência em suas dores. Por isso queria que em memória delas trouxessem daí em diante aquele hábito lúgubre. Jesus Cristo mesmo revelou à Bem-aventurada Verônica de Binasco, que quase Lhe agrada mais ver compadecida sua Mãe que Ele mesmo, pois que lhe disse assim: Filha, são-me caras as lágrimas derramadas pela minha Paixão; mas como eu amo com amor imenso a minha Mãe, me é mais cara a meditação das dores que ela padeceu na minha morte.

Por isso são muito grandes as graças que Jesus prometeu aos devotos das dores de Maria. Refere o Padre Pelbarto ter sido revelado a Santa Isabel, que São João Evangelista, depois que a Santíssima Virgem foi assunta ao céu, desejava vê-la mais uma vez. Foi-lhe concedida a graça e apareceu-lhe sua cara Mãe e juntamente com ela também Jesus Cristo. Ouviu depois, que Maria pediu ao Filho alguma graça especial para os devotos das suas dores e que Jesus lhe prometeu para eles quatro graças especiais: 1º. Que o que invocar a divina Mãe pelos merecimentos de suas dores merecerá fazer, antes da morte, verdadeira penitência de todos os seus pecados. 2º. Que ele defenderá aqueles devotos nas tribulações em que se acharem, especialmente na hora da morte, 3º. Que imprimirá neles a memória de sua Paixão e que no céu lhes dará depois o competente prêmio. 4º. Que entregará os tais devotos nas mãos de Maria, afim de que deles disponha à sua vontade e lhes obtenha todas as graças que quiser. Em comprovação de tudo isto encontram-se nos livros inúmeros exemplos. Continuar lendo

DA COMUNICAÇÃO ÍNTIMA DE CRISTO COM A ALMA FIEL

Imagem relacionadaOuvirei o que em mim disser o Senhor meu Deus (Sl 84,9). Bem-aventurada a alma que ouve em si a voz do Senhor e recebe de seus lábios palavras de consolação! Benditos os ouvidos que percebem o sopro do divino sussurro e nenhuma atenção prestam às sugestões do mundo! Bem-aventurados, sim, os ouvidos que não atendem às vozes que atroam lá fora, mas à Verdade que os ensina lá dentro! Bem-aventurados os olhos que estão fechados para as coisas exteriores e abertos para as interiores! Bem-aventurados aqueles que penetram as coisas interiores e se empenham, com exercícios contínuos de piedade, em compreender, cada vez melhor, os celestes arcanos. Bem aventurados os que com gosto se entregam a Deus e se desembaraçam de todos os empenhos do mundo. Considera bem isso, ó minha alma, e fecha as portas dos sentidos, para que possas ouvir o que em ti falar o Senhor teu Deus. Eis o que te diz o teu Amado:

Eu sou tua salvação, tua paz e tua vida. Fica comigo e acharás paz. Deixa todas as coisas transitórias e busca as eternas. Que é todo o temporal, senão engano sedutor? E de que te servem todas as criaturas, se o Criador te abandonar? Renuncia, pois, a tudo, entrega-te dócil e fiel a teu Criador, para que possas alcançar a verdadeira felicidade.

Imitação de Cristo – Tomás de Kempis

O GOOGLE HOME É ATEU?

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Enquanto as tecnologias avançadas dão a impressão de tudo saberem sobre quase tudo, uma experiência acaba de mostrar que um dos mais bem-sucedidos “assistentes pessoais inteligentes” do mercado não consegue responder a pergunta: “quem é Jesus Cristo? “

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O experimento foi conduzido ao vivo pelo produtor de televisão David Sams. Para a pergunta “quem é Jesus Cristo?” o Google Home – um dispositivo conectado por comando vocal – responde: “Não tenho certeza se posso ajudá-lo“. (veja aqui e aqui)

Quando a questão é sobre “Jesus Cristo” ou simplesmente “Jesus“, a “inteligência artificial” responde: “Me desculpe, eu não entendo“.

Por outro lado, quando o assistente digital é questionado para saber quem é Maomé, Allá ou Buda, até mesmo Satanás, as respostas são automáticas e precisas.

O vídeo de David Sams, transmitido pela Fox News, foi amplamente divulgado. A empresa Google emitiu um comunicado em 26 de janeiro de 2018 onde explica que se trata de um mau funcionamento relacionado ao conteúdo da questão que seria muito vulnerável ao vandalismo e ao “spam” (e-mail indesejado). Entendam como quiser. Como resultado, e temporariamente, o dispositivo não responderá mais nenhuma dúvida sobre personalidades religiosas.

Se a França inventou a separação da Igreja e do Estado, o Google parece ter inventado o da Igreja e da tecnologia.

AMOR DE JESUS EM QUERER SATISFAZER POR NÓS

satisfDilexit nos, et tradidit semet ipsum pro nobis oblationem et hostiam Deo ― “(Jesus) amou-nos e se entregou a si mesmo por nós em oblação e como hóstia para Deus” (Eph. 5, 2).

Sumário. Nunca se deu, nem se dará jamais, no mundo outro fato semelhante ao que está consignado nos Evangelhos. Estando o homem por sua própria culpa condenado à morte eterna, o Filho de Deus pediu e obteve de seu divino Pai, que o deixasse tomar a natureza humana e pagar com a própria morte as penas devidas ao homem. Que te parece, irmão meu, este amor do Filho e do Pai? Todavia, a maior parte dos homens, talvez tu também, não responderam a tamanho amor senão com ingratidão.

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A história refere um fato de um amor tão prodigioso que será a admiração de todos os séculos. Um rei, senhor de muitos reinos, tinha um filho único, tão belo, tão santo, tão amável que era as delícias do pai, que o amava tanto como a si mesmo. Ora, este jovem príncipe tinha tão grande afeição a um de seus escravos, que tendo aquele escravo cometido um crime, pelo qual foi condenado à morte, o príncipe se ofereceu a morrer em seu lugar. E o pai, zeloso dos direitos da justiça, consentiu em condenar à morte seu filho bem-amado, afim de que o escravo escapasse do suplício que havia merecido. A sentença foi executada: o filho morreu no patíbulo, e o escravo ficou salvo.

Este fato, que não teve e nunca terá outro semelhante no mundo, está consignado nos Evangelhos. Ali se lê que o Filho de Deus, o Senhor do universo, vendo o homem condenado, pelo seu pecado, à morte eterna, quis tomar a natureza humana, e pagar com a sua morte os castigos devidos ao homem: Oblatus est, quia ipse voluit (1) ― “Ele foi oferecido, porque o quis“. E o Pai Eterno deixou-o morrer sobre a cruz para nos salvar a nós, miseráveis pecadores: Proprio Filio non pepercit, sed pro nobis omnibus tradidit illum (2) ― “Não perdoou a seu próprio Filho, mas entregou-o por nós todos“. Que te parece, alma devota, este amor do Filho e do Pai?

Desta sorte, meu amável Redentor, morrendo quisestes sacrificar-Vos para me alcançar o perdão! E que Vos darei eu em reconhecimento? Vós me haveis obrigado demais a amar-Vos, e eu seria demais ingrato, se Vos não amasse de todo o meu coração. Vós me haveis dado a vossa vida divina, e eu, miserável pecador como sou, Vos dou a minha. Sim, ao menos tudo o que me resta de vida, quero empregá-lo unicamente em amar-Vos, obedecer-Vos e agradar-Vos. Continuar lendo

SIM, VOCÊ PODE NOS AJUDAR!

CAPELAPrezados amigos, prezados leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vocês que acessam e gostam de nosso blogvocês que acompanham as ações da FSSPX pelo mundovocês que lutam pelo Reinado Social de Nosso Senhor, vocês que sabem que a Tradição é a única solução para a restauração a Igreja… AJUDE-NOS! 

Estamos, mais uma vez, pedindo vossa ajuda nessa campanha em prol da compra de um terreno e futura construção de mais uma Capela para a Tradição e para a Santa Igreja. Sabemos que o caminho é longo e árduo, por isso, toda ajuda é importante.

CLIQUE AQUI PARA ALGUMAS PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O PROJETO

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Faça um gesto nobre de caridade, por amor à Santa Igreja!!

Ad Majorem Dei Gloriam

Aproveitamos para agradecer a todos que nos ajudam ou ajudaram em algum momento nessa campanha, mesmo de forma anônima. Contem com nossas orações.

Que Nossa Senhora os conduza ao caminho da santidade.

ORDENS MENORES E TOMADAS DE BATINA NO SEMINÁRIO DE ZAITZKOFEN (ALEMANHA) – 2018

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Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Mons. Bernard Tissier de Mallerais, Bispo Auxiliar da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X , entregou a batina a sete seminaristas do primeiro ano: 1 alemão, 1 suíço, 1 austríaco, 1 tcheco, 1 russo e 2 poloneses, procedeu com a tonsura e conferiu as primeiras Ordens Menores a  outros onze: 2 tchecos, 4 alemães, 2 austríacos, 1 francês, 1 lituano e 1 suíço,  nos dias 2 e 3 de fevereiro de 2018 no Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Zaitzkofen, na Alemanha.

As quatro ordens menores (Hostiário, Leitor, Exorcista e Acólito) são graus do sacerdócio (leia aqui a respeito) e não são mais conferidos nos seminários conciliares.

Nas ordens antigas, a tonsura é mais visível, como ainda é usado, por exemplo, nos capuchinhos e nos beneditinos que, após a cerimônia de tonsura, não levam mais que uma coroa de cabelo.

Os seminaristas se ajoelham diante do Bispo que, em um gesto simbólico, corta quatro mechas de cabelo em forma de uma cruz. “O Senhor é parte da minha herança” (4), então diz o novo levita.

Esta é uma alusão à tribo de Levi no Antigo Testamento cujos membros, por suas funções ao serviço do Templo não possuíam territórios na Terra Prometida, o próprio Senhor se declarou sendo sua herança.

Depois de dar a tonsura, o Bispo conferiu as ordens menores:

– O Porteiro tem a tarefa de abrir e fechar as portas da igreja e garantir a santidade do local de culto. Ele também é responsável pela convocação dos fiéis, tocando o sino, às funções divinas:

 “O porteiro deve guardar a igreja dia e noite, cuidar para que nada se perca; abrir e fechar a igreja e a sacristia; cuidar da limpeza e da decoração da igreja; tocar os sinos para indicar as horas das diferentes orações; manter a ordem do lugar e observar o silêncio e a modéstia; evitar que os infiéis entrem na igreja, perturbando os serviços, profanando os mistérios; abrir o livro ao pregador. ”

Ao tocarem as chaves da igreja, o bispo também lembra as contas que terão que prestar a Deus por esse serviço. No fundo da igreja, um a um, eles abrem a porta e tocam o sino.

De volta à frente do altar, eles são ordenados Leitores para a edificação dos fiéis. O Leitor faz as leituras do Antigo Testamento em público: dessa forma ele começa a exercer o papel sacerdotal de ensino.

O que vossos lábios lerão, creiam-no de todo o coração e mais ainda, pratiquem-no por vossas obras … Como se mantendes de pé para ler, devereis também dar o exemplo e praticar uma virtude mais elevada que aqueles que vos ouvem.

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As ordenações menores em 2018 nos EUA e na França podem ser vistas aqui.

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“Senhor, dai-nos sacerdotes,

Senhor, dai-nos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,

Senhor, dai-nos famílias católicas, 

São Pio X, rogai por nós”

O CARNAVAL SANTIFICADO E AS DIVINAS BENEFICÊNCIAS

rezando-iiFidem posside cum amico in paupertate illius, ut et in bonis illius laeteris ― “Guarda fé ao teu amigo na sua pobreza, para que também te alegres com ele nas suas riquezas” (Ecclus. 22, 28).

Sumário. Para desagravar o Senhor ao menos um pouco dos ultrajes que lhe são feitos, os Santos aplicavam-se nestes dias do carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à oração, à penitência, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com seu Bem-Amado. Procuremos imitar estes exemplos, e se mais não pudermos fazer, visitemos muitas vezes o Santíssimo Sacramento e fiquemos certos de que Jesus Cristo no-lo remunerará com as graças mais assinaladas.

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Por este amigo, a quem o Espírito Santo nos exorta a sermos fiéis no tempo da sua pobreza, podemos entender Jesus Cristo, que especialmente nestes dias de carnaval é deixado sozinho pelos homens ingratos e como que reduzido à extrema penúria. Se um só pecado, como dizem as Escrituras, já desonra a Deus, o injuria e o despreza, imagina quanto o divino Redentor deve ficar aflito neste tempo em que são cometidos milhares de pecados de toda a espécie, por toda a condição de pessoas, e quiçá por pessoas que Lhe estão consagradas. Jesus Cristo não é mais suscetível de dor; mas, se ainda pudesse sofrer, havia de morrer nestes dias desgraçados e havia de morrer tantas vezes quantas são as ofensas que lhe são feitas.

É por isso que os santos, afim de desagravarem o Senhor um pouco de tantos ultrajes, aplicavam-se no tempo de carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à penitência, à oração, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com o seu Bem-Amado. No tempo de carnaval Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores. O Bem-aventurado Henrique Suso guardava um jejum rigoroso afim de expiar as intemperanças cometidas. São Carlos Borromeu castigava o seu corpo com disciplinas e penitências extraordinárias. São Filipe Néri convocava o povo para visitar com ele os santuários e exercícios de devoção. O mesmo praticava São Francisco de Sales, que, não contente com a vida mais recolhida que então levava, pregava ainda na igreja diante de um auditório numerosíssimo. Tendo conhecimento que algumas pessoas por ele dirigidas se relaxavam um pouco nos dias de carnaval, repreendia-as com brandura e exortava-as à comunhão freqüente. Continuar lendo

DO NÚMERO DOS PECADOS

Não se perdoa a todos igual número de pecados - Rumo à SantidadeOmnia in mensura et numero et pondere disposuisti― “Dispuseste tudo com medida e conta e peso” (Sap 11, 21).

Sumário. É sentimento de muitos Santos Padres, que Deus, assim como determinou para cada homem o número dos dias de vida que lhe quer dar, do mesmo modo fixou para cada um deles o número dos pecados que lhe quer perdoar e completado esse número não perdoa mais. Quem sabe, meu irmão, se depois dessa primeira satisfação indigna, depois do primeiro pensamento consentido, depois do primeiro pecado cometido, não quererá o Senhor castigar-te com uma morte repentina? O que então seria de ti por toda a eternidade?

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Se Deus castigasse desde logo a quem O ofende, de certo não se veria injuriado como o é atualmente; mas por isso mesmo que o Senhor não castiga logo e espera, os pecadores animam-se a ofenderem-No mais. É porém preciso atender bem, que se Deus espera e suporta, todavia não espera e suporta sempre.

É sentimento de muitos Santos Padres, de São Basílio, São Jerônimo, Santo Ambrósio, São Cirilo de Alexandria, São João Crisóstomo, Santo Agostinho e outros, que Deus, assim como determinou o número dos dias de vida, os grãos de saúde e de talento que quer dar a cada homem, assim fixou para cada qual o número dos pecados que lhe quer perdoar; cheio o qual, não perdoa mais: “Devemos ter por certo”, diz Santo Agostinho, “que Deus suporta o homem até certo ponto, depois do qual não há mais perdão para ele: Nullam illi veniam reservavi“.

E não foi ao acaso que estes Santos Padres assim falaram, senão baseados nas divinas Escrituras, que em vários lugares dizem claramente que, embora os pecadores não contem os pecados, Deus os enumera, para castigá-los, quando o número estiver completo: ut in plenitudine peccatorum puniat (1). De sorte que Deus espera até ao dia em que se complete a conta dos pecados, e então é que pune. Continuar lendo

BOM USO DA LÍNGUA

Resultado de imagem para donzela catolicaParece ter querido o Criador proteger a língua de modo especial. Com efeito, está melhor defendida que qualquer outro membro, por exemplo, os olhos e os ouvidos. Resguardam-na os lábios e os dentes, que, à guisa de muralhas a circundam e conservam. Não parece isto advertir-nos, que também, nós devemos dar atenção e vigilância toda especial a nossa língua? Sim, jovem cristã, é de grande importância, que te acostumes desde a tua mocidade ao domínio da língua.

1º- A língua não dominada facilmente causa grande mal.

O bom uso da língua pode transformá-la em instrumento de graças. No ano de 1263 retirou-se o corpo de Santo Antônio de Pádua do sepulcro, a fim de o transportar para a nova igreja, edificada em sua honra. Ao se abrir o sarcófago, os membros caíram aos pedaços, a carne já se havia transformado em pó e cinza. Mas, o queixo, os cabelos e os dentes estavam ainda conservados, e sobretudo a língua de todo incorrupta e com a sua cor natural. O Santo Cardeal Boaventura, que de Roma fora a Pádua por ocasião dessa festividade, tomou em suas mãos com grande respeito esse língua, beijou-a e disse entusiasmado: “Ó língua, que em todo o tempo louvaste ao Senhor e ensinaste os demais a louvá-Lo, agora se torna a todos manifesto, quanto és apreciada de Deus”.

Tinha razão São Boaventura de exaltar a língua de Santo Antônio, pois ela havia sido um excelente instrumento da graça, por meio da qual inúmeras almas foram conquistadas para o céu.

– Sim, a língua pode fazer muito bem. Aqui dirige a um pobre desconfortado algumas palavras de estímulo, e um suave conforto desce ao coração do mísero e o leva a suportar o peso da vida com ânimo forte. Aí, a língua de um orador fala a milhares de ouvintes e os arrebata. Suas palavras são como centelhas que incendeia os corações. Fala, e eles choram; fala e os revoluciona internamente; fala, e eles se enchem de esperança e júbilo. Por meio da palavra, eles os mantêm inteiramente em seu poder. A língua de um pregador virtuoso, como a de um Bertoldo de Regensburgo, conseguiu por vezes infundir um espírito novo numa povoação inteira.

Mas, a língua que tanto bem pode fazer, acha-se também em condições de causar grande mal. O apóstolo São Tiago escreve: “A língua é realmente um pequeno órgão, mas gloria-se de grandes coisas. Vede como um pouco de fogo devasta uma grande floresta! Também a língua é um fogo, um mundo de iniqüidade”. (Tg 3,5-6). E como são graves as palavras que se lêem no livro do Eclesiástico (cap. 28): “As chicotadas produzem vergões, mas os golpes da língua quebram os ossos… Faze uma porta e fechadura diante da tua boca: Funde o teu ouro e a tua prata e faze com isso uma balança para pesares as tuas palavras e um freio bem ajustado para a tua boca”. Continuar lendo

O PECADO RENOVA A PAIXÃO DE JESUS CRISTO

renovaRursum crucifigentes sibimet ipsis Filium Dei, et ostentui habentes ― “Eles outra vez crucificam o Filho de Deus para si próprios e o expõem à ignomínia” (Heb 6, 6)

Sumário. Quem comete o pecado, contraria todos os desígnios amorosos de Jesus Cristo, inutiliza para si os frutos da Redenção, e, como diz São Paulo, pisa o Filho de Deus aos pés, despreza e profana seu sangue e renova a sua paixão e morte. Portanto, especialmente neste tempo de carnaval o Senhor é cada dia crucificado milhares de vezes. Imagina que são tantos os Calvários quantos são os antros do pecado. Ai, meu pobre Senhor!

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Considera a grandíssima injúria que o pecado mortal faz à Paixão de Jesus Cristo. O intuito do Filho de Deus, em fazer-se homem, foi tirar o pecado do mundo; a este fim, como diz Isaías, colimavam todos os seus pensamentos, palavras, obras e sofrimentos:Et iste omnis fructus, ut auferatur peccatum(1) ― “Este é todo o seu fructo, que seja tirado o pecado“. Pois bem, quem peca, inutiliza para si este grande fruto da Redenção e contraria assim todos os desígnios e intentos amorosos do Redentor. ― Se o pecado é acompanhado de escândalo, contraria-os também para os outros, fechando, por assim dizer, em despeito de Cristo, para si e para o próximo, as portas do céu e abrindo as do inferno.

Mais, o pecador, como diz São Paulo, pisa aos pés o Filho de Deus, despreza e profana o seu preciosíssimo Sangue, chega até ao excesso de renovar a sua crucifixão e morte: Rursum crucifigentes sibimet ipsis Filium Dei ― “Crucificando outra vez o Filho de Deus para si próprios“. Isto, na interpretação de Santo Tomás, se verifica de duas maneiras. Primeiro, pecando se faz aquilo pelo que Jesus Cristo foi crucificado, a saber, o pecado. Portanto, se a morte do senhor não houvera sido suficiente para expiar os pecados todos, fora conveniente, pelo encargo de Redentor, que tomou sobre si, que se deixasse crucificar tantas vezes quantos são os pecados cometidos. Em segundo lugar, pelo pecado comete-se uma ação mais abominável aos olhos de Jesus e mais dolorosa para seu Coração do que todos os opróbrios e penas padecidas na sua Paixão e por isso de boa vontade quisera tornar a sofrê-las afim de impedir um só pecado mortal.

É assim que, especialmente neste tempo de carnaval, o Senhor é crucificado pelos pecadores milhares de vezes cada dia. Imagina, pois, que são tantos os Calvários, quantos são os antros do pecado, ou melhor, quantas são as almas pecadoras.  Ah, meu pobre Redentor! Continuar lendo

FOI ELA

Imagem relacionadaDeu-se isso na França. Uma boa mãe tinha um filho delicado e inteligente. Tirava sempre o primeiro lugar na aula. Com 16 anos dirigiu-se para Marselha, 24 horas de trem de casa. Antes de partir teve de prometer à mãe que nunca abandonaria Nossa Senhora e que diariamente rezaria a Ela. Foi o que logo fez, e partiu.

No primeiro tempo escrevia mensalmente, dando boas noticias. De repente, já não vinham cartas.

A boa mãe ficou desconfiada, e com razão. Se não fosse tão longe, iria lá ver o que sucedera. Estava mesmo disposta a visitá-lo, quando recebe um telegrama nestes termos:

– Venha depressa, é o filho que chama.

Vinte e quatro horas após, lá estava ela na casa com seu Carlos. Quis entrar no quarto, porém duas sentinelas lho queriam impedir.

– Sou a mãe, quero ver o filho – exclamou ela empurrando-os para o lado, e meteu-se aposento adentro.

– Um Padre, um Padre! Foram as primeiras palavras.

A mãe, após abraçá-lo procurou acalmá-lo. Ele, então, contou-lhe a triste vida. Freqüentara más companhias… e até se fizera maçom, jurando morrer sem Deus.

– Mas vendo-me tão mal, pensei em Nossa Senhora e pedi-lhe socorro. Não quero morrer assim. Embora eu pedisse um Padre, os maçons não me atenderam, até colocaram sentinelas à porta para não deixarem entrar sacerdote algum. Por intermédio de pessoa caridosa consegui apenas enviar-lhe o telegrama.

A corajosa mãe mandou chamar o ministro de Deus que sacramentou devidamente ao enfermo.

Dois dias após, morreu calmamente com palavras nos lábios:

“Minha mãe, foi Ela (Nossa Senhora) que a envio aqui!”

Na verdade, não fosse o socorro e a bondade de Maria Santíssima, onde estaria o pobre Carlos? No inferno para sempre.

Como Maria Santíssima é boa! – Frei Cancio Berri C. F. M.

O PECADOR AFLIGE O CORAÇÃO DE DEUS

pecadorExacerbavit Dominum peccator: secundum multitudinem irae suae non quaeret ― “O pecador irritou ao Senhor: não se importa da grandeza de sua indignação” (Ps. 9, 24).

Sumário. Não há dissabor maior do que ver-se pago com ingratidão por uma pessoa amada e beneficiada. Daí infere quanto deve estar amargurado o Coração sensibilíssimo de Jesus, que, não obstante os imensos e contínuos benefícios concedidos aos homens, é tão vilmente ultrajado pela maior parte deles, especialmente neste tempo de carnaval. Jesus não pode morrer; mas, se o pudesse, havia de morrer só de tristeza. Procuremos nós ao menos desagravá-Lo um pouco com os nossos obséquios.

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O pecador injuria a Deus, desonra-O e por isso amargura-O sumamente. Não há dissabor mais sensível do que ver-se pago com ingratidão por uma pessoa amada e beneficiada. A quem ofende o pecador? Injuria um Deus, que o criou e amou a ponto de dar por amor dele o sangue e a vida. Cometendo um pecado mortal, bane esse Deus de seu coração.

Que mágoa não sentirias, se recebesses injúria grave de uma pessoa a quem tivesses feito bem? É esta a mágoa que causaste a teu Deus, que quis morrer para te salvar. Com razão o Senhor convida o céu e a terra, para de alguma sorte compartilharem com ele a dor que lhe causa a ingratidão dos pecadores: Ouvi, céus, e tu, ó terra, escuta: Criei uns filhos e engrandeci-os; porém, eles me desprezaram. ― Ipsi autem spreverunt me (1). ― Numa palavra, os pecadores, com o pecado, afligem o coração de Deus: Exacerbavit Dominum peccator. Deus não está sujeito à dor, mas, se a pudesse sofrer, um só pecado mortal bastaria para O fazer morrer de tristeza, porque Lhe causaria uma tristeza infinita. Assim, o pecado, no dizer de São Bernardo, por sua natureza é o destruidor de Deus: Peccatum, quantum in se est, Deum perimit.

Quando o homem comete um pecado mortal, dá, por assim dizer, veneno a Deus, faz o que está em si, para tirar-lhe a vida. Segundo a expressão de São Paulo, renova de certo modo a crucifixão e as ignomínias de Jesus e calca-O aos pés, pois que despreza tudo o que Jesus Cristo fez e sofreu para tirar o pecado do mundo: Qui filium Dei conculcaverit (2). Eis porque a vida do Redentor foi tão amargurada e penosa: tinha sempre diante dos olhos os nossos pecados. Continuar lendo

30 ANOS DEPOIS: O SERMÃO DAS SAGRAÇÕES EPISCOPAIS DO ARCEBISPO LEFEBVRE

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Preferimos continuar na Tradição, esperando que essa Tradição reencontre seu lugar em Roma, esperando que ela reassuma seu lugar entre as autoridades romanas, em suas mentes” — Mons. Marcel Lefebvre

Introdução de Michael J. Matt (editor de Remnant) – Tradução Dominus Est

Em 1976, quando eu tinha dez anos, fui crismado pelo Arcebispo Marcel Lefebvre. Lembro-me de um homem bondoso e santo, de fala suave e verdadeiramente humilde. Mesmo ainda sendo crianças, meus irmãos e eu entendemos que ali estava um verdadeiro soldado de Cristo, que assumira uma posição corajosa e solitária em defesa da sagrada Tradição, em um momento em que não havia nada mais “hip” do que novidade e inovação. Nosso pai estava junto a ele, e esses homens eram “traddies” muito bem antes de “traddy” ser algo legal.

Lembrem-se que o mundo inteiro estava passando por um revolução na época — sexual, política, litúrgica, cultural — e “não havia nada mais antiquado do que o passado“. A resistência solitária dos primeiros tradicionalistas pôde, então, ser comparada a algo tão absurdo (aos olhos do mundo na época) como um homem na lama em Woodstock que insistisse para que os hippies colocassem suas roupas de volta e parassem de tomar ácido e fumar maconha. Ninguém se importava. Eram zombados, riam deles e, por fim, mandados que saíssem da Igreja.

Os tempos estavam realmente ‘mudando’, e com poucas exceções, o elemento humano da Igreja de Cristo acompanhou a loucura — com efeito, poder-se-ia dizer, liderando o caminho.

Quando nos lembramos do motivo desses homens terem resistido à loucura dos anos 60, lembremo-nos de que eles não foram motivados principalmente pela ideia de salvaguardar suas próprias circunstâncias. O Arcebispo Lefebvre, por exemplo, estava aposentado antes que o mundo descobrisse quem ele era. Ele foi persuadido a sair de sua aposentadoria por seminaristas que, de repente, viram-se cercados por lobos em pele de cordeito, nos próprios seminários. Os modernistas estavam, literalmente, em toda parte. Continuar lendo

DOMINGO DA SEXAGÉSIMA: A PARÁBOLA DO SEMEADOR E A PALAVRA DIVINA

semeadorExiit qui seminat seminare semen suum — “Saiu o que semeia a semear a sua semente” (Luc. 8, 5).

Sumário. Irmão meu, o Senhor semeia continuamente em tua alma a boa semente de sua palavra. Se não produzir o seu fruto, examina se por ventura há em ti algum dos impedimentos indicados no Evangelho. Examina sobretudo se há em ti apego às riquezas, às dignidades, aos prazeres, ou à outra criatura qualquer; pois que são estes os espinhos que não somente fazem perder o fruto da palavra de Deus, mas afinal muitas vezes impedem que Deus ainda fale à alma.

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I. Refere São Lucas que, estando certo dia numerosa multidão de povo reunida ao redor de Jesus, este propôs a parábola do semeador, cuja semente caiu parte junto ao caminho, outra sobre pedregulho, outra entre espinhos, outra finalmente em terra boa. Perguntado depois pelos discípulos, o divino Redentor mesmo deu a seguinte interpretação: “A semente”, disse, “é a palavra de Deus. Os que estão à borda do caminho, são aqueles que a ouvem, mas depois vem o diabo e tira a palavra do coração deles, para que não se salvem crendo. Quanto aos que estão sobre pedra, são os que recebem com gosto a palavra, quando a ouviram; mas eles não têm raízes, porque até certo ponto crêem, e no tempo da tentação voltam atrás. A semente que caiu entre espinhos, estes são os que a ouviram, porém, indo por diante, ficam sufocados pelos cuidados e pelas riquezas e deleites desta vida, e não dão fruto: Suffocantur, et non referunt fructum.

Observa São Gregório que, sendo o Evangelho de hoje interpretado por Jesus mesmo, não precisa de outra explicação; mas é digno de nossa mais atenta consideração. — Considera, pois, aos pés de Jesus Cristo, se porventura se ache em ti algum dos três impedimentos notados na parábola que te possa privar do fruto da palavra divina: Aliud cecidit secus viam — “Parte caiu junto ao caminho”. Tens porventura o espírito dissipado e qual caminho público aberto a todos os pensamentos?… Aliud cecidit supra petram — “Outra parte caiu sobre o pedregulho”. Estará por ventura o teu coração endurecido como uma pedra em conseqüência de algum vício ou tibieza habitual?… Aliud cecidit inter spinas — “Outra parte caiu entre espinhos”. Examina sobretudo se tens apego às riquezas, às dignidades e aos prazeres terrestres, que são como espinhos, que fazem perder o fruto da palavra de Deus e muitas vezes são a causa de Deus não falar mais às almas, porque vê que suas palavras se perdem.

II. Continuando o Senhor a interpretar a última parte da sua parábola, acrescenta: “A semente que caiu em boa terra, estes são os que, ouvindo a palavra com coração bom e perfeito, a retém, e dão fruto pela paciência.” Nota aqui estas últimas palavras: Fructum offerunt in patientia — “Eles dão fruto pela paciência”. Elas significam que não nos devemos deixar enganar pelo demônio, com a pretensão de fazer tudo ao mesmo tempo, porquanto, como avisava São Filipe Neri: A obra da santificação não é obra de um só dia. Numa palavra, para não nos apartar da parábola, quem quiser colher frutos maduros, deve, como o lavrador, esperar pacientemente o tempo da colheita. Continuar lendo

TOMADA DE BATINA NOS SEMINÁRIOS DA FSSPX NA FRANÇA E ESTADOS UNIDOS

Fontes: La Porte Latine / DICI– Tradução: Dominus Est

TOMADA DE BATINA EM FLAVIGNY (FRA)

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No dia 2 de fevereiro, o Seminário São Cura d’Ars, Dom Alfonso de Galarreta, bispo auxiliar da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, entregou o hábito clerical aos 16 seminaristas do primeiro ano: 12 franceses, 1 Camaronês, 1 Canadense, 1 italiano e 1 suíço.

A celebração foi assistida pelos padres Patrick Troadec , diretor do seminário (padre assistente), Jean de Lassus e Louis Edward Meugniot (diáconos assistentes), Michael Demierre (diácono) e Foucaud Rufus (subdiácono).

Em seu sermão, ele [D. Galarreta] lembrou o a representatividade do hábito eclesiástico: a renúncia ao mundo e ao seu individualismo, destruidor da autoridade e da obediência.

As famílias dos seminaristas não estavam sós nessa viagem. Mais de 30 seminaristas de Ecône e cerca de 30 sacerdotes cercaram os jovens levitas.

As escolas secundárias de Saint-Joseph des Carmes (Montreal de Aude), Saint-Jean-Baptiste de la Salle (Camblain l’Abbé), L’Étoile du Matin  (Eguelshardt), Saint-Martin (La Placelière, Château-Thébaud) ) e Saint-Jean Bosco (Marlieux) foram representados por muitos estudantes.

Durante a cerimônia, o coro da escola de Saint-Joseph des Carmes, sob a direção do Pe.  Eric Peron, interpretou o”kyriale” da Missa de Meia-Noite de Charpentier e os “motets” de Monteverdi. A escola do seminário de Ecône assegurou o canto das peças gregorianas.

TOMADA DE BATINA E TONSURA EM DILLWYN (EUA)

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No dia 2 de fevereiro de 2018, no seminário de Santo Tomás de Aquino, em Dillwyn  (EUA), 9 seminaristas receberam o hábito eclesiástico das mãos de D. Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade de São Pio X. Da mesma forma, 12 seminaristas do segundo ano receberam a tonsura clerical.

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“Senhor, dai-nos sacerdotes,

Senhor, dai-nos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,

Senhor, dai-nos famílias católicas, 

São Pio X, rogai por nós”

A VIDA PRESENTE É UMA VIAGEM PARA A ETERNIDADE – PONTO III

Resultado de imagem para eternidade“Irá o homem à casa de sua eternidade” (Ecl 12,5)

Disse o profeta… “Irá”, para significar que cada qual há de ir à morada que quiser. Não será levado, mas irá por sua própria e livre vontade. Deus quer certamente que nos salvemos todos; mas não quer salvar-nos à força.

Põe diante de nós a vida e a morte (Ecl 15,18) e ser-nos-á dado o que escolhermos (Ecl 15,18). Jeremias disse também que o Senhor nos deu dois caminhos, o da glória e o do inferno (Jr 21,8). A nós cabe escolher. Mas quem se empenha em andar pela senda do inferno, como poderá chegar à glória? É de admirar que, ainda que todos os pecadores queiram salvar-se, eles mesmos se condenam ao inferno, dizendo: espero salvar-me. Mas quem será tão louco — disse Santo Agostinho — que tome veneno moral com esperança de curar-se?… No entanto, quantos insensatos se dão a morte a si próprios, pecando, e dizem: “mais tarde pensarei no remédio…”

Ó deplorável ilusão, que a tantos tem arrastado ao inferno! Não sejamos tão imprevidentes; consideremos que se trata da eternidade.

Se tanto trabalho se dá o homem para adquirir uma casa cômoda, espaçosa, saudável e bem situada, como se tivesse certeza de que a poderia habitar durante toda a vida, por que se mostra tão descuidado quando se trata da casa que deve ocupar eternamente? — disse Santo Euquério. — Não se trata de uma morada mais ou menos cômoda ou espaçosa, mas de viver em um lugar cheio de delícias, entre os amigos de Deus, ou num abismo de todos os tormentos, entre a turba infame dos celerados, hereges e idólatras… E isto por quanto tempo?… Não por vinte nem por quarenta anos, senão por toda a eternidade. Grande negócio, sem dúvida! Não é coisa de momento, mas de suma importância. Continuar lendo

DA GRATIDÃO PARA COM AS DORES DE MARIA SANTÍSSIMA

Resultado de imagem para dores maria santíssimaHonora patrem tuum: et gemitus matris tuae ne obliviscaris — “Honra a teu pai e não te esqueças dos gemidos de tua mãe” (Eccles. 7, 29).

Sumário. Posto que a morte de Jesus Cristo fosse suficiente para remir uma infinidade de mundos, quis todavia a Santíssima Virgem, pelo amor que nos tem, cooperar para a nossa salvação, preferindo sofrer toda espécie de dores a ver nossas almas sem redenção e na antiga perdição. É nosso dever respondermos a tamanho amor da Rainha dos Mártires, ao menos pela compaixão de suas dores e pela imitação de seus exemplos.

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São Boaventura, contemplando a divina Mãe ao pé da Cruz para assistir à morte de seu Filho, volve-se para ela e lhe diz: Senhora, porque quisestes vós também sacrificar-vos sobre o Calvário? Não bastava, por ventura, para nossa redenção um Deus crucificado, que quisésseis ser crucificada também vós sua Mãe? Non sufficiebat Filii passio, nisi crucifigeretur et Mater? — Ah certamente bastava a morte de Jesus para salvar o mundo e ainda infinitos mundos; mas, pelo amor que nos tem nossa boa Mãe quis também concorrer para a nossa salvação, pelos merecimentos de suas dores, que ofereceu por nós no Calvário.

Por isso diz o Bem-aventurado Alberto Magno, que, assim como somos obrigados a Jesus pela Paixão que quis sofrer por nosso amor, assim também somos obrigados a Maria pelo martírio, que na morte do Filho quis espontaneamente padecer pela nossa salvação. — Acrescento espontaneamente, porque, como revelou o Anjo a Santa Brígida, esta nossa tão piedosa e benigna Mãe antes quis sofrer todas as penas do que ver as almas privadas da redenção e deixadas na antiga miséria.

A bem dizer, foi este o único alívio de Maria, no meio de sua grande dor pela paixão do Filho: o ver com a sua morte remido o mundo perdido e reconciliados com Deus os homens seus inimigos. Mas, infelizmente, esse único alívio da Santíssima Virgem foi-lhe amargurado pela previsão que, se a morte de Jesus havia de ser para muitos a causa de ressurreição e de vida, para muitos outros seria por própria culpa causa de maior ruína e de morte eterna: Ecce positus est hic in ruinam et in resurrectionem multorum in Israel (2) — “Eis que este está posto para ruína e para ressurreição de muitos em Israel”. Continuar lendo

CORAÇÃO DE JESUS, AFLITO PELO PECADO DE ESCÂNDALO

Imagem relacionadaVidete ne contemnatis unum ex his pusillis — “Vede, que não desprezeis um só destes pequeninos” (Matt. 18, 10).

Sumário. O Filho de Deus baixou do céu à terra por amor das almas, levou durante trinta e três anos uma vida de privações, e de trabalhos, e afinal chegou a derramar por elas o seu preciosíssimo sangue. Julgai, por estas razões, quão amargo é o desgosto que os escandalosos causam a Jesus Cristo; por Lhe roubarem e mesmo matarem tantas filhas tão diletas. Para não amargurarmos mais esse Coração amabilíssimo, guardemo-nos de dar mau exemplo ao nosso próximo, ainda que seja em coisas leves.

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Uma das coisas que mais afligiram o Coração de Jesus, durante a sua vida terrestre, e que haviam de afligi-Lo ainda no céu, se ali houvesse tristeza, é o pecado de escândalo. Para compreender isso, devemos considerar quão cara é a Deus cada alma de nossos próximos. Criou-as Ele à sua imagem e semelhança (1), e amando-as desde a eternidade, criou-as para que fossem rainhas no paraíso, onde há de torná-las participantes de sua própria felicidade e dar-se-lhes a si mesmo em galardão: Ego ero merces tua magna nimis (2) — “Eu serei o teu galardão infinitamente grande”.

Depois, o que não tem feito, o que não tem padecido o Verbo incarnado por amor dessas almas, para remi-las da escravidão do demônio, na qual caíram pelo pecado? Chegou a nada menos do que a dar por elas o seu sangue e a sua vida. Se, em vez de uma só morte, seu Pai lhe tivera exigido mil; se, em vez de ficar três horas na cruz, tivera de ficar nela até o dia do juízo; se afinal tivera de sofrer para salvação de cada um, o que padeceu para salvação de todos os homens juntos, Jesus Cristo não teria hesitado em fazer tanto. Tão grande é o amor que lhe fazem perder tantas almas. — Julgai por aí quão amargo desgosto causam ao Coração de Jesus os escandalosos, que Lhe fazem perder tantas almas, roubam-Lhe e assassinam tantas filhas tão diletas. Diz São Bernardo, que a perseguição que o Senhor sofre da parte daqueles pérfidos algozes é mais cruel do que a que sofreu da parte dos que o crucificaram.

Tendo os filhos de Jacob vendido a José, apresentaram ao pai a túnica deste tingida no sangue de um cabrito, dizendo-lhe: Vide utrum tunica filii tui sit (3) — “Vê se é ou não a túnica do teu filho”. Do mesmo modo, nos podemos figurar que, quando uma pessoa peca, induzida ao pecado por um escandaloso, os demônios apresentam a Deus o vestido daquela pessoa tingida do sangue de Jesus Cristo, isto é, a graça perdida por aquela alma escandalizada. Se Deus pudesse chorar, choraria então mais amargamente do que Jacó, dizendo: Fera pessima devoravit eum — “Uma fera péssima a devorou”. Continuar lendo

SACERDOTE, MÉDICO DAS ALMAS – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

O sacerdote desempenha o papel de médico das almas. Nosso Senhor nos precedeu, e com que perfeição! Poderia surpreender-nos? Claro que não, é lógico.

Qual a virtude que empregava para curar almas e  corpos? A misericórdia. O que é misericórdia? É a perfeição da caridade, pois a caridade é, por essência, um dom desinteressado, de modo que para praticar a misericórdia é preciso ser desinteressado, pois no pecador e no enfermo existe um princípio de morte, e a morte é repugnante e repulsiva. O coração misericordioso percebe através destas repugnâncias uma possibilidade de vida e, controlando suas repugnâncias e esquecendo-se de si mesmo, reaviva o enfermo e o pecador.

Nosso Senhor tem sido a misericórdia por excelência. Toda a sua vida foi uma obra de misericórdia. “Deus, que é rico em misericórdia, pela extrema caridade com que nos amou, estando nós mortos pelos pecados, convivificou-nos em Cristo” (Ef 2, 4-5).

Ao mesmo tempo em que ficamos confusos ante a misericórdia que supõe toda a Redenção e ante as misteriosas humilhações de Nosso Senhor em sua Paixão, meditemos para a nossa educação sacerdotal e pastoral as ações e palavras de Nosso Senhor com os pecadores, sem nos deter em todas as enfermidades corporais que aliviou, porque não eram senão a imagem do pecado e de suas consequências. Vede a admirável misericórdia daquele pai na comovente história do filho pródigo: “Quando ainda estava longe, seu pai viu-o, ficou movido de compaixão, e correndo, lançou-lhe os braços ao pescoço e beijou-o” (Lc 15, 20 ). Que exemplo magnífico! E, no caso da mulher adúltera, ele disse: “Vá e não peques mais” (Jo 8, 11). Em suma, tudo se resume nessas palavras: “Seja misericordioso, como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). E, quantas vezes devemos praticar a misericórdia? “Até setenta vezes sete” (Mt 18, 22).
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FESTA DA PURIFICAÇÃO DE MARIA E DA APRESENTAÇÃO DE JESUS

Resultado de imagem para purificação de mariaPostquam impleti sunt dies purgationis eius… tulerunt illum in Ierusalem, ut sisterent eum Domino – “Tendo-se preenchido os dias da purificação de Maria… levaram-no a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor” (Lc 2, 22)

Sumário. Imaginemos ver a Santíssima Virgem, que, chegado o tempo de sua purificação, leva consigo o santo Menino, e acompanhada de São José, vai ao templo para oferecê-Lo em nome de todo o gênero humano. Entre todos os sacrifícios que até então tinham sido oferecidos, foi este o que mais agradou a Deus. Mas se Jesus oferece sua vida ao Pai por nosso amor, é de justiça que nós nos consagremos a Ele. A fim de que a nossa oferta seja mais agradável a Deus, façamo-la pelas mãos de Maria.

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I. Tendo chegado o tempo em que Maria Santíssima, segundo a lei, devia ir ao templo para sua purificação e para apresentar seu Filho Jesus ao Pai divino, se põe logo a caminho em companhia de São José. José toma as duas rolas para a oferta, e Maria toma seu querido Filho; toma o Cordeirinho divino para o oferecer a Deus, prelúdio do grande sacrifício que esse Filho devia realizar um dia sobre a cruz.

Contempla como a Virgenzinha entra no templo; faz em nome de todo o gênero humano a oblação de seu Filho e diz: Eis aqui, ó Eterno Pai, o vosso amado Unigênito que é vosso e também meu Filho; eu Vo-lo ofereço para vítima da vossa divina justiça, a fim de Vos reconciliar com os pecadores. Aceitai-O, ó Deus de misericórdia e apiedai-Vos das nossas misérias; pelo amor deste Cordeiro imaculado recebei os homens na vossa graça.

A oferta de Maria uniu-se também a do próprio Jesus. Eis-me aqui, diz por sua vez o santo Menino, eis-me aqui, ó meu Pai; consagro-Vos toda a minha vida. Vós me enviastes ao mundo para o remir com o meu sangue; eis aqui o meu sangue e todo o meu ser: ofereço-me todo inteiro a Vós pela salvação do mundo. — Tradidit semetipsum hostiam et oblationem Deo (1) — “Ele se entregou a si mesmo em oblação e como hóstia para Deus” — Nunca sacrifício algum foi tão agradável a Deus, como o que então Lhe fez seu querido Filho, desde menino já vítima e sacerdote. Se todos os homens e todos os anjos tivessem sacrificado a vida, a sua oferta certamente não seria tão agradável a Deus, como o foi a de Jesus Cristo, porquanto naquela única oferta o Pai Eterno recebeu uma glória infinita e uma infinita satisfação. Continuar lendo

PEDIDO DE AJUDA NA TRADUÇÃO DO CATECISMO EM VÍDEO

Resultado de imagem para ajudaPrezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como é sabido, em dezembro nos comprometemos a traduzir e legendar as aulas de Catecismo proferidas pelo Padre Gabriel Billecocq, hospedado no site do Distrito da FSSPX na França, o La Porte Latine.

Essas aulas estão sendo publicadas todas as quartas feiras. Disponibilizamos uma página exclusiva para esse catecismo e também uma Playlist em nosso Canal no Youtube.

Porém, devido a questões particulares de nosso dia-a-dia e também ao trabalho com outras publicações e traduções de textos no blog, nosso tempo está muito apertado para levarmos esse projeto da forma que havíamos planejado, ou seja, semanalmente. Para ciência, além da tradução e transcrição, há todo um trabalho de sincronização das legendas com o áudio original, no vídeo. Os vídeos não são longos, mas há um grande trabalho por trás.

Assim estamos pedindo ajuda para continuarmos esse trabalho de forma ordenada e sem comprometer a periodicidade das publicações.

Você que tem conhecimento do idioma francês e puder, por caridade, nos ajudar nessas traduções, escreva-nos: gespiox@yahoo.com.br

Tenham certeza que é um trabalho gratificante, que não fazemos por nós, e sim para ajudar almas que não tem acesso a esse tipo de conteúdo, e claro, para honra e glória de Nosso Senhor e exaltação de Sua Santa Igreja.

Que Nossa Senhora nos proteja nessa jornada.

Obrigado a todos e rezem por nós.

A VIDA PRESENTE É UMA VIAGEM PARA A ETERNIDADE – PONTO II

Resultado de imagem para caminho para o céuSe a árvore cair para a parte do meio-dia ou para a do norte, em qualquer lugar onde cair, ali ficará (Ecl 11,3). Para o lado em que cair, na hora da morte, a árvore de tua alma, ali ficará para sempre. Não há, pois, termo médio: ou reinar eternamente na glória, ou gemer como escravo no inferno. Ou sempre ser bem-aventurado, num mar de dita inefável, ou ficar para sempre desesperado num abismo de tormentos.

São João Crisóstomo, considerando que aquele rico, qualificado de feliz no mundo, foi logo condenado ao inferno, enquanto que Lázaro, tido como infeliz porque era pobre, foi depois felicíssimo no céu, exclama:

“Ó infeliz felicidade, que trouxe ao rico eterna desventura!… Ó feliz desdita, que levou o pobre à felicidade eterna!”

De que serve inquietar-se, como fazem alguns, dizendo:

“Sou réprobo ou predestinado?…”

Quando se derruba uma árvore, para que lado cai?… Cai para onde está inclinada… Para que lado te inclinas, meu irmão?… Que vida levas?… Procura inclinar-te sempre para Deus; conserva-te na sua graça, evite o pecado, e assim te salvarás e serás predestinado ao céu. Para evitar o pecado, tenhamos presente sempre o grande pensamento da eternidade, como com razão lhe chama Santo Agostinho. Este pensamento moveu muitos jovens a abandonar o mundo e a viver na solidão para se ocuparem unicamente dos negócios da alma. E acertaram efetivamente, pois agora no céu se regozijam de sua resolução, e poderão regozijar-se por toda a eternidade.

Uma senhora, divorciada de Deus, converteu-se e foi ter com o beato M. Ávila, que se limitou a dizerlhe: Pensai, senhora, nestas duas palavras: sempre, nunca. O Padre Paulo Ségneri, por um pensamento que teve certa vez da eternidade, não pôde conciliar o sono, e desde então se entregou à vida mais austera. Continuar lendo

A SANTA MISSA DÁ A DEUS UMA HONRA INFINITA

Resultado de imagem para missa fsspxLaudate eum secundum multitudinem magnitudinis eius — “Louvai (a Deus) segundo a multidão da sua grandeza” (Ps. 150, 2).

Sumário. Todas as honras que foram tributadas a Deus, e Lhe serão ainda tributadas por todas as criaturas, sem excetuar a divina Mãe, nunca poderão igualar a honra que Lhe é dado por uma única Missa, porquanto nesta é sacrificada a Deus uma vítima de valor infinito, que Lhe dá uma honra infinita. Que honra, pois, para nós, que se nos permite assistirmos cada dia e até mais de uma vez a este divino sacrifício! Ouçamos quantas Missas possamos, particularmente neste tempo do carnaval, para desagravar o Senhor dos ultrajes que recebe.

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Nunca um sacerdote celebrará a santa Missa com a necessária devoção, nem nunca o cristão lhe assistirá com o devido respeito, se não tiverem de tamanho sacrifício a estimação que merece. “É certo”, diz o Concílio de Trento, “que o homem não faz ação mais sublime e mais santa do que a celebração da Missa” (1); mais, Deus mesmo não pode fazer que se cometa no mundo ação mais sublime do que esta. — A Missa não é somente uma recordação do sacrifício da Cruz, senão o mesmo sacrifício, porque em ambos o oferente é o mesmo, a mesma é a vítima, a saber: o Verbo incarnado. A diferença está unicamente no modo de se oferecer; porquanto o sacrifício da Cruz foi feito com derramamento de sangue, e o sacrifício da Missa é incruento. No primeiro Jesus Cristo morreu verdadeiramente, no segundo morre de morte mística.

Por isso todos os sacrifícios antigos, apesar da grande glória que deram a Deus, não foram senão uma sombra e figura de nosso sacrifício do altar. Todas as honras que jamais têm dado e darão a Deus os anjos com os seus louvores, os homens com as suas boas obras, penitências e martírios, e mesmo a divina Mãe com a prática das mais sublimes virtudes, nunca chegaram nem poderão chegar a glorificar o Senhor tanto como uma só Missa. A razão é que todas as horas das criaturas são honras finitas, mas a glória que Deus recebe no sacrifício do altar, no qual se Lhe oferece uma vítima de valor infinito, é uma glória igualmente infinita. — Numa palavra, a Missa é uma ação pela qual se tributa a Deus a maior honra que Lhe pode ser tributada. Pela Missa cumprimos o nosso dever primário, sublime e essencial, o de louvarmos a Deus segundo a sua grandeza: Laudate eum secundum multitudinem magnitudinis eius.

Se tu, que fazes a presente meditação, tens a grande dita de ser padre, emprega toda a diligência para celebrar este divino sacrifício com a maior pureza e devoção possíveis. Lembra-te de que a maldição fulminada contra aqueles que exercem as funções sagradas negligentemente, diz exatamente respeito aos sacerdotes que celebram a Missa de modo irreverente: Maledictus homo, qui facit opus Domini fraudulenter (2) — “Maldito o que faz a obra de Deus com negligência”. Continuar lendo