TUDO SE ACABA COM A MORTE – PONTO II

Resultado de imagem para cemitérioAchando-se Filipe II, rei de Espanha, às portas da morte, mandou vir seu filho à sua presença e, abrindo o mando real com que se cobria, mostrou-lhe o peito já roído de vermes, dizendo: Príncipe, vede como se morre e como se acabam todas as grandezas deste mundo. Foi com razão que Teodoreto disse que a morte não teme riquezas, nem poder, nem púrpura; e que tanto os vassalos como os príncipes se tornam presa de corrupção. Assim, todo aquele que morre, ainda que seja príncipe, nada leva consigo ao túmulo. Toda a sua glória acaba no leito mortuário (Sl 48, 18).

Refere Santo Antônio que, na morte de Alexandre Magno, exclamara um filósofo:

“Aí está quem ontem calcava a terra aos pés; hoje é pela terra oprimido. Ontem cobiçava a terra inteira; hoje basta-lhe um espaço de sete palmos. Ontem dirigia exércitos inumeráveis através do mundo; hoje uns poucos coveiros o levam ao túmulo”.

Mas escutemos, antes de tudo, o que disse o próprio Deus: “Por que se ensoberbece o pó e a cinza?” (Eclo 10, 9). Homem, não vês que és pó e cinza, de que te orgulhas? Para que te serve consumir teus anos e teu espírito em adquirir grandezas deste mundo? Virá a morte e então se dissiparão todas essas grandezas e todos os teus projetos (Sl 145, 4).

Quão preferível foi a morte de São Paulo Eremita, que viveu sessenta anos em uma gruta, à de Nero, imperador de Roma! Quanto mais feliz a morte de São Félix, simples frade capuchinho, do que a de Henrique VIII, que passou sua vida entre as pompas reais, mas sendo inimigo de Deus! É preciso considerar, porém, que os Santos, para alcançar morte semelhante, abandonaram tudo: pátria, delícias e quantas esperanças o mundo lhes oferecia, para abraçarem vida pobre e menosprezada. Continuar lendo

DA OBRIGAÇÃO DE INCUTIR CEDO A VIRTUDE À CRIANÇA

Resultado de imagem para mãe e filha pinturaJá atrás observamos que contentarem-se os pais com ensinar à criança as verdades e os deveres do cristianismo, sem lhes fazerem compreender o espí­rito, sem lhes incutirem a prática da lei de Deus, seria uma obra muito incompleta. Também, depois de ter ordenado à mãe que instruísse os seus filhos, Deus acrescenta: Cultivai-os e vergai-os sob o jugo da virtude, desde a mais tenra mocidade. É preciso efetivamente começar cedo esta cultura do cora­cão, porque é tanto mais fácil ensinar para o bem as crianças, quanto elas são mais novas e mais tenras. Além disso, as primeiras impressões que recebe a criança são as mais vivas e as que ficam mais tempo gravadas no coração. É como um vaso novo, que conserva sempre o cheiro do primeiro lí­quido que conteve. Fénelon queria que se formasse a criança para a virtude, mesmo antes de falar.

«Talvez pensem que exagero, escrevia ele, mas basta considerar quanto, nesta idade, as crianças procuram as pessoas que as afagam, e evitam as que as contrariam, e como elas sabem gritar e calar-se, para lhes darem aquilo que desejam. Pode-se, pois, coligir que elas conhecem desde então mais, do que de ordinário se imagina. Pode-se, pois, logo nessa idade por gestos, inspirar-lhes o amor das pessoas virtuosas e o horror dos defeitos que mostram as outras crianças. Esses princípios não se devem des­prezar.»

Ocupando-se com inteligência das crianças, desde os mais tenros anos, reprimindo-lhes os primeiros movimentos das paixões, implantando na sua alma, como numa terra própria, os germens das virtudes, não hesitamos em afirmar com o imortal arcebispo de Cambrai: — «Por pouco que o seu natural seja bom, podem-se tornar meigas, pacientes, firmes, alegres e tranqüilas; se, porém, se despreza esta educação na primeira infância, tornam-se ardentes e inquietas durante toda a sua vida. Formam-se os costumes; o corpo ainda tenro, e a alma sem outros recursos, voltam-se para o mal. Forma-se neles uma espécie de segundo pecado original que é a origem de mil desordens quando elas crescem. É dessa forma que as silvas nascem e crescem num campo inculto, o quanto mais fértil é o terreno, mais más ervas produz, não sendo cultivado; enquanto que o mais ingrato terreno produz frutos, sendo bem cultivado, e a árvore estéril dá frutos, sendo enxertada. Continuar lendo

15 DE AGOSTO – DIA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

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Para ler a Meditação de Santo Afonso para essa data, clique aqui.

Para ler a belíssima Encíclica MUNIFICENTISSIMUS DEUS, de Pio XII, que define o Dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu em Corpo e Alma, clique aqui.

Abaixo colocamos o momento da proclamação do dogma pelo Papa Pio XII

TUDO SE ACABA COM A MORTE – PONTO I

Resultado de imagem para cemitérioFinis venit; venit finis – “O fim chega; chega o fim” (Ez 7, 6)

Os mundanos só consideram feliz a quem goza dos bens deste mundo: honras, prazeres e riquezas. Mas a morte acaba com toda esta ventura terrestre. “Que é vossa vida? É um vapor que aparece por um momento” (Tg 4, 15). Os vapores que a terra exala, quando sobrem ao ar, sob o efeito dos raios solares oferecem, às vezes, aspecto vistoso; mas quanto tempo dura essa aparência brilhante? Ao sopro do menor vento, tudo desaparece. Aquele poderoso do mudo, hoje tão acatado, tão temido e quase adorado, amanhã, quando estiver morto, será desprezado, olvidado e amaldiçoado.

A morte obriga a deixar tudo. O irmão do grande servo de Deus Tomás de Kempis ufanava-se de ter construído casa magnífica. Um de seus amigos, porém, observou-lhe que notava um grave defeito.

– Qual? – perguntou ele.
– O defeito que encontro nela – respondeu-lhe o amigo – é que mandaste fazer uma porta.
– Como? – retorquiu o dono da casa – a porta é um defeito? – Sim – acrescentou o outro – porque virá o dia em que, por essa porta, deverás sair morto, deixando a casa e tudo o mais que te pertence.

A morte, enfim, desposa o homem de todos os bens deste mundo. Continuar lendo

DE PERVERSÃO A DOM DE DEUS. E DEPOIS DE BERGOGLIO?

Resultado de imagem para bergoglioPe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

Diante dos últimos acontecimentos na Igreja – refiro-me ao sermão do bispo de Caicó, à correspondência do Vaticano sobre o batismo de crianças “educadas” por parceiros homossexuais e à inacreditável declaração de Bergoglio a um bispo canadense: a Igreja não precisa preocupar-se tanto com a escassez de sacerdotes porque o futuro da Igreja está mais na Bíblia do que na Eucaristia -, diante de fatos de uma gravidade assombrosa, creio que não há católico que não se pergunte em seu íntimo que será da Igreja dentro de poucos anos.

Os chamados católicos Ecclesia Dei Adflicta depositam todas suas esperanças em purpurados da ala conservadora como um Sarah ou um Burke ou quem sabe até um Muller (Que conservará este?), na expectativa de que num próximo conclave um deles venha a ser eleito papa e possa sanar a confusão reinante na Igreja, debelar a anarquia crescente e impedir o caos. Desejam um papa Napoleão que, com energia, impeça os excessos e consolide a revolução do Vaticano II e a doure com o brilho de uma aguada liturgia de “São João XXIII”. Almejam só a Pax liturgica.

Sinceramente, não me parece que seja o melhor remédio para o letal câncer modernista que devasta a Igreja. Equivaleria a combater apenas os efeitos, seria um paliativo sem remover as causas do mal.

Neste ponto, cumpre reconhecer que Francisco I é, sim, fiel à letra e ao espírito do Vaticano II. É preciso também reconhecer que a melhor interpretação do Vaticano II, no que diz respeito à ética sexual e familiar, é a que, em linguagem muito simples e acessível a todos, expôs o cardeal Carlo Maria Martini SJ em seu livro Diálogos noturnos em Jerusalém, obra importantíssima para entender bem todo o pontificado de Francisco I. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: O PAI NOSSO

Resultado de imagem para jesus ensinando pai nossoEm mais uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente os links para as explicações do Pai Nosso, segundo Santo Tomás de Aquino:

RETRATO DE UM HOMEM QUE ACABA DE EXPIRAR – PONTO III

Imagem relacionadaNeste quadro da morte, caro irmão, reconhece-te a ti mesmo, e considera o que virás a ser um dia:

Recorda-te que és pó, e em pó te converterás

Pensa que dentro de poucos anos, quiçá dentro de alguns meses ou dias, não serás mais que ver vermes e podridão. Este pensamento fez de Jó um grande santo:

À podridão eu disse: tu és meu pai; aos vermes: sois minha mãe e minha irmã

Tudo se há de acabar, e se perderes tua alma na morte, tudo estará perdido para ti. ‘Considera-te desde já como morto, – disse São Lourenço Justiniano – pois sabes que necessariamente hás de morrer”. Se já estivesses morto, que não desejarias ter feito por Deus? Portanto, agora que vives, pensa que algum dia cairás morto. Disse São Boaventura que o piloto, para governar o navio, se coloca na extremidade traseira do mesmo; assim o homem, para levar a vida boa e santa, deve imaginar sempre o que será dele na hora da morte. Por isso, exclama São Bernardo:

Considera os pecados de tua mocidade e cora; considera os pecados da idade viril e chora; considera as desordens da vida presente, e estremece

E apressa-te em remediá-la prontamente.

São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões:

Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna? E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma?

Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser considerado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: “Três anos já que venho a buscar frutas a esta figueira, e não os achei” (Lc 13, 7). Continuar lendo

UM RECADO PARA MARIA SANTÍSSIMA

Resultado de imagem para virgem santíssimaApós brilhantes estudos, um jovem já formado resolveu dar um passeio a Paris. Na véspera da partida uma tia chamou-o e pediu-lhe um favor.

O Moço prontificou-se a atendê-la em tudo. Ao que a boa senhora lhe disse que, antes de regressar de Paris, fosse ao santuário de Nossa Senhora das Vitórias e lá rezasse uma Ave-Maria bem rezada. Embora o pedido lhe parecesse estranho, prometeu cumprir-lhe a vontade.

Na capital francesa passeou e divertiu-se a valer. E já ia voltar. E o recado? Não tinha gosto para executá-lo. Pensando que seria feio não cumprir a palavra, entrou na igreja, e escondido num canto, caiu de joelhos como alguém que já perdera o belo costume de ajoelhar-se. E, na verdade, fazia muito tempo que não punha os pés na casa de Deus.

Procurou lembrar-se das palavras da Ave-Maria, e pôs-se a recitá-la. E, sem saber por que, começou a sentir remorsos. Uma força estranha o impeliu ao confessionário. Procurou resistir, mas não lhe foi possível. Confessou sinceramente toda série de pecados. Saiu dos pés do confessor de alma em festa. No dia seguinte recebeu o Jesus querido de sua meninice.

Como estava novamente feliz! A Mamãe do Céu o convertera para sempre, por causa da reza de uma só Ave-Maria.

De volta a sua terra natal, sua primeira visita foi à titia, que lhe dera o felizardo recado e, com lágrimas de alegria nos olhos, contou-lhe como tornara a recuperar o Céu na alma por bondade de Maria, a Rainha das Vitórias.

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As visitas aos santuários da Mãe de Deus têm muito valor. Quantas conversões exatamente devido a essas romarias! Quantas graças os romeiros alcançam de Nossa Senhora!

Se houver alguém em casa, seja dentre os pais ou parentes, que não praticam a religião, consigam que visite a Virgem Santa. E a conversão se efetuará…

Como Maria Santíssima é boa! – Frei Cancio Berri C. F. M

RETRATO DE UM HOMEM QUE ACABA DE EXPIRAR – PONTO II

Imagem relacionadaCristão, para compreenderes melhor o que és – disse São João Crisóstomo – “aproxima-te de um sepulcro, contempla o pó, a cinza e os vermes, e chora”. Observa como aquele cadáver, de amarelo que é, se vai tornando negro. Não tarda a aparecer por todo o corpo uma espécie de penugem branca e repugnante. Sai dela uma matéria pútrida, nasce uma multidão de vermes, que se nutrem das carnes. Às vezes, se associam a estes os ratos para devorar aquele corpo, saltando por cima dele, enquanto outros penetram na boca e nas entranhas. Caem a pedaços as faces, os lábios e o cabelo; descarna-se o peito, e em seguida os braços e as pernas. Quando as carnes estiverem todas consumidas, os vermes passam a se devorar uns aos outros, e de todo aquele corpo só resta afinal um esqueleto fétido que com o tempo se desfaz, desarticulando-se os ossos e separando-se a cabeça do tronco.

“Reduzindo como a miúda palha que o vento leva para fora da eira no tempo do estio” (Dn 2, 35). Isto é o homem: um pouco de pó que o vento dispersa.

Onde está agora aquele cavalheiro a quem chamavam alma e encanto da conversação? Entra em seu quarto; já não está ali. Visita o seu leito; foi dado a outro. Procura suas roupas, suas armas; outros já se apoderaram de tudo. Se quiseres vê-lo, acerca-te daquela cova onde jaz em podridão e com a ossada descarnada. Ó meu Deus! A que estado ficou reduzido esse corpo alimentado com tanto mimo, vestido com tanta gala, cercado de tantos amigos? Ó santos, como haveis sido prudentes: pelo amor de Deus – fim único que amastes neste mundo – soubestes mortificar a vossa carne. Agora, os vossos ossos, como preciosas relíquias, são venerados e conservados em urnas de ouro. E vossas belas almas gozam de Deus, esperando o dia final para se unir a vossos corpos gloriosos, que serão companheiros e partícipes da glória sem fim, como o foram da cruz durante a vida. Este é o verdadeiro amor ao corpo mortal: fazê-lo suportar trabalhos, a fim de que seja feliz eternamente, e negar-lhe todo prazer que o possa lançar para sempre na desdita. Continuar lendo

RETRATO DE UM HOMEM QUE ACABA DE EXPIRAR – PONTO I

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Pulvis es et in pulverem reverteris – És pó e em pó te hás de tornar (Gn 3, 19)

Considera que és pó e que em pó te hás de converter. Virá o dia em que será preciso morrer e apodrecer num fosso, onde ficarás coberto de vermes. A todos, nobres e plebeus, príncipes ou vassalos, estará reservada a mesma sorte. Logo que a alma, com o último suspiro, sair do corpo, passará à eternidade, e o corpo se reduzirá a pó.

Imagina que estás em presença de uma pessoa que acaba de expirar. Contempla aquele cadáver, estendido ainda em seu leito mortuário: a cabeça inclinada sobre o peito; o cabelo em desalinho e banhado ainda em suores da morte, os olhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acinzentado, os lábios e a língua cor de chumbo; hirto e pesado o corpo. Treme e empalidece quem o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou amigo morto, mudaram de vida e abandonaram o mundo.

É ainda mais horrível o aspecto do cadáver quando começa a corromper-se. Nem um dia se passou após o falecimento daquele jovem, e já se percebe o mau cheiro. É preciso abrir as janelas e queimar incenso; é mister que prontamente levem o defunto à igreja, ou ao cemitério, e o entreguem à terra para que não infeccione toda a casa. mesmo que aquele corpo tenha pertencido a um nobre ou potentado, não servirá senão para que exale ainda fetidez mais insuportável, – disse um autor.

Vês o estado a que chegou aquele soberbo, aquele dissoluto! Ainda há pouco, via-se acolhido e cortejado pela sociedade; agora tornou-se o horror e o espanto de quem o contempla. Os parentes apressam-se a afastá-lo de casa e pagam aos coveiros para que o encerrem em um esquife e lhe deem sepultura. Há bem poucos instantes ainda se apregoava a fama, o talento, a finura, a polidez e a graça desse homem; mas apenas está morto, nem sua lembrança se conserva. Continuar lendo

PREPARAÇÃO PARA A MORTE – SANTO AFONSO DE LIGÓRIO

Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Daremos início, amanhã, à publicação de capítulos do livro Preparação para a Morte, de Santo Afonso de Ligório.

Um excelente livro para meditarmos sobre nossa vida, sobre nossos atos para com Deus, a Igreja e ao próximo, e como estaremos no momento de nossa morte, na qual virá nosso Juízo e consequente destino final.

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"Oh momentum a quo pendet aeternitas!" (O momento do qual depende a eternidade)

Oh momentum a quo pendet aeternitas!” – Ó momento do qual depende a eternidade!

Estampa desenhada por Santo Afonso

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Dedicatória desta obra por Santo Afonso

À Imaculada e sempre Virgem Maria,
À cheia de graça,
À bendita entre todos os filhos de Adão,
À Pomba, à Rola, a dileta de Deus,
Honra do gênero humano, delícia da Santíssima Trindade,
Habitáculo de amor,
Modelo de humildade,
Espelho de todas as virtudes.
Mãe do belo amor,
Mãe da santa esperança e Mãe de misericórdia,
Advogada dos desgraçados,
Amparo dos fracos, Luz dos cegos e saúde dos enfermos,
Âncora de confiança,
Cidade de refúgio, Porta do céu,
Arca da vida, Íris da paz, Porto de salvação,
Estrela do mar e Mar de doçura,
Intercessora dos pecadores,
Esperança dos desesperados, Socorro dos desamparados,
Consoladora dos aflitos,
Alívio dos moribundos e Alegria do universo.

Um afetuoso e amante servo,

ainda que indigno e vil,

humildemente dedica esta obra

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Advertência importante sobre o objetivo desta obra

Pediram-me algumas pessoas que lhes proporcionasse um livro de considerações sobre as verdades eternas e que se destinasse às almas zelosas de sua perfeição e do progresso no caminho da vida espiritual. Outras reclamavam um compêndio de matérias próprias para as predicas em missões e exercícios espirituais. Para não multiplicar livros, trabalhos e despesas, entendi ser conveniente escrever a obra presente na forma que se vai ler, a fim de que possa servir para ambos os fins. Encontrarão nela os leigos assunto para meditar, por meio de três pontos em que é dividida cada consideração, e, como qualquer desses pontos pode servir para uma meditação completa, adicionei-lhes afetos e súplicas. Rogo ao leitor que se não enfade ao ver que nestas orações se pede continuamente a graça da perseverança e a do amor de Deus, porque estas são as duas graças mais necessárias para alcançar a salvação eterna.

A graça do amor divino – disse São Francisco de Sales – é aquela que contém em si todas as demais, porque a virtude do amor para com Deus traz consigo todas as outras virtudes. Quem ama a Deus é humilde, casto, obediente, mortificado… possui, enfim, as virtudes todas. Continuar lendo

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico
Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

Uma Meditação de Santo Afonso de Ligório em relação ao tema pode ser lida clicando aqui.

AJUDE-NOS NESSA OBRA!

Resultado de imagem para caridade

Prezados amigos, prezados leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vocês que acessam e gostam de nosso blog, vocês que acompanham as ações da FSSPX pelo mundo, vocês que lutam pelo Reinado Social de Nosso Senhor, vocês que sabem que a Tradição é a única solução para a restauração a Igreja… AJUDE-NOS! 

Estamos, mais uma vez, pedindo vossa ajuda nessa campanha em prol da compra de um terreno e futura construção de mais uma Capela para a Tradição e para a Santa Igreja. Sabemos que o caminho é longo e árduo, por isso, toda ajuda é importante.

CLIQUE AQUI E SAIBA COMO!

Faça um gesto nobre de caridade, por amor à Santa Igreja!!

Ad Majorem Dei Gloriam

Aproveitamos para agradecer a todos que nos ajudam ou ajudaram em algum momento nessa campanha, mesmo de forma anônima. Contem com nossas orações.

Que Nossa Senhora os conduza ao caminho da santidade.

ESPECIAIS DO BLOG: AS SETE VELAS DO MEU BARCO

caravelaEm mais uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente os links do Livro: As Sete Velas do Meu Barcoque, com exemplos de alguns Santos, M.D. Poinsenet explica de forma bem simples e didática os 7 Dons do Espírito Santo.

Um livro para crianças (e por que não adultos?) que estão se preparando para receberem a Crisma.

PARECIA ATÉ IMPOSSÍVEL

Resultado de imagem para virgem santíssimaNo ano de 1880, uma piedosa mulher, por negócios de família, deixou-se dominar pelo ódio contra seu irmão. Afastou-se aos poucos dos sacramentos, e largou enfim a toda a oração.

Certo dia ficou doente, e o mal foi piorando de tal sorte que parecia que ia morrer. O Padre Vigário visitou-a e procurou leva-la a melhores sentimentos, para que não falecesse nesse estado de alma.

Foi, porém, tudo em vão.

Um missionário, por ali de passagem, a pedido do senhor pároco, foi ter com a enferma.

O ódio estava tão firme no coração que não quis reconciliar-se. Chegou ao ponto de afirmar:

– Sobre a pedra de meu túmulo quero que se gravem estas palavras: Aqui jaz uma mulher que se vingou.

– E o inferno? Tornou o missionário.

– O inferno? O pensamento de minha vingança consolar-me-á em todos os tormentos.

Quase desanimado, o sacerdote aconselhou-lhe que rezasse para obter força de perdoar.

– Sei que por meio da oração posso alcançar essa graça, mas não quero rezar. Continuar lendo

NÃO HÁ PORTA FECHADA

Imagem relacionadaAborrece-se muita dona de casa porque o pó lhe entra por toda parte e lhe dificulta manter o asseio na casa. Pior do que o pó é a dor. Não há porta que possa vedar a entrada. Dores físicas, dores morais provenientes das imperfeições pessoais, das justaposições de naturezas dissemelhantes.

É teu lar feliz e risonho? Cuidado! A felicidade em chegando a certa plenitude já começa a tornar-se uma ameaça. O que importa é ter a alma preparada para os momentos dolorosos. A fortuna rodou, a pobreza tornou-se inquilina da casa, as doenças, as desinteligências chegaram de uma só vez, com bagagem e tudo – eis a hora para a esposa cristã e forte amparar o marido.

O marido, diante de tanto infortúnio, sucumbiu, já não é o mesmo homem. E justamente nessa hora nasceu a mulher, pois o ditado afirma “que o sofrimento mata o homem e faz nascer a mulher“.

Cônscia dessa missão, a esposa abafa suas dores, põe nos lábios o sorriso que alegra, põe nas mãos as sedas que acariciam as chagas. Atira-se ao dever e não admite desânimos.

– Deus foi bom para comigo, disse-me um marido, rico outrora e falido agora. Minha senhora sujeitou-se sem queixas e sem desfalecimentos às exigências da derrocada. É a primeira a ajudar-me e por nada tolera que eu desanime. Continuar lendo

DA FAMILIAR AMIZADE COM JESUS

Resultado de imagem para amigo jesusQuando Jesus está presente, tudo é suave e nada parece dificultoso; mas, quando Jesus está ausente, tudo se torna penoso. Quando Jesus não fala ao coração, nenhuma consolação tem valor; mas se Jesus fala uma só palavra, sentimos grande alívio. Porventura não se levantou logo Maria Madalena do lugar onde chorava, quando Marta lhe disse: O Mestre está aí e te chama? (Jo 11,28). Hora bendita, quando Jesus te chama das lágrimas para o gozo do espírito! Que seco e árido és sem Jesus! Que néscio e vão, se desejas outra coisa, fora de Jesus! Não será isto maior dano do que se perdesse o mundo inteiro?

Que te pode dar o mundo sem Jesus? Estar sem Jesus é terrível inferno, estar com Jesus é doce paraíso. Se Jesus estiver contigo, nenhum inimigo te pode ofender. Quem acha a Jesus acha precioso tesouro, ou, antes, o bem superior a todo bem; quem perde a Jesus perde muito mais do que se perdesse a todo o mundo. Paupérrimo é quem vive sem Jesus, e riquíssimo quem está bem com Jesus.

Grande arte é saber conversar com Jesus, e grande prudência conservá-lo consigo. Sê humilde e pacífico, e contigo estará Jesus; sê devoto e sossegado, e Jesus permanecerá contigo. Depressa podes afugentar a Jesus e perder a sua graça, se te inclinares às coisas exteriores; e se o afastas e o perdes, aonde irás e a quem buscarás por amigo? Sem amigo não podes viver, e se não for Jesus teu amigo acima de todos, estarás mui triste e desconsolado. Logo, loucamente procedes, se em qualquer outro confias e te alegras. Antes ter o mundo todo por adversário, que ofender a Jesus. Acima de todos os teus amigos seja, pois, Jesus amado dum modo especial.

Sê livre e puro no teu interior, sem apego a criatura alguma. É mister desprenderes-te de tudo e ofereceres a Deus um coração puro, se queres sossegar e ver como é suave o Senhor. E, com efeito, tal não conseguirás, se não fores prevenido e atraído por sua graça, de modo que, deixando e despedindo tudo mais, com ele só estejas unido. Pois, quando lhe assiste a graça de Deus, de tudo é capaz o homem; e quando ela se retira, logo fica pobre e fraco, como que abandonado aos castigos. Ainda assim, não deves desanimar nem desesperar, antes resignar-te na vontade de Deus, e sofrer tudo que te acontecer, por honra de Jesus; pois ao inverno sucede o verão, depois da noite volta o dia, e após a tempestade reina a bonança.

Imitação de Cristo – Tomás de Kempis

A VERDADE DA IGREJA SOBRE A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A LIBERDADE

Eis aqui algumas palavras de Mons. Marcel Lefebvre, fundador da FSSPX, sobre algumas verdades da Igreja que incomodam tanto a protestantes como aqueles católicos imbuídos de liberalismo.

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est 

Evidentemente a Verdade da Igreja tem consequências que incomodam os protestantes e também alguns católicos imbuídos de liberalismo. A partir de agora, o novo dogma que ocupará o lugar que correspondia à Verdade da Igreja será o da dignidade da pessoa humana, juntamente com o bem supremo da liberdade: duas noções que se evita definir claramente. Disso resulta que, segundo nossos inovadores, a liberdade de expressar publicamente a religião da própria consciência torna-se um direito estrito de toda pessoa humana e que ninguém no mundo pode proibir. Pouco importa se se trata de uma religião verdadeira ou falsa, ou se promove virtudes ou vícios. O único limite será um bem comum que zelosamente se recusam a definir!

Dessa forma, deverá rever os acordos entre o Vaticano e as nações que, de outra parte, outorgam, com razão, uma situação preferencial à religião católica. O Estado deveria ser neutro em matéria de religião e assim deverá rever muitas constituições de Estado, e não apenas nas nações católicas. Não ocorreu a estes novos legisladores da natureza humana que o Papa também é um chefe de Estado? Irão também convidá-lo a secularizar o Vaticano? Consequência disso seria que os católicos perderiam o direito de agir para estabelecer ou restabelecer um Estado Católico. Seu dever consistiria em manter o indiferentismo religioso do Estado.

Recordando Gregorio XVI, Pio IX qualificou essa atitude de delírio e, mais ainda, de “liberdade de perdição.” (1) Leão XIII abordou o tema em sua admirável Encíclica Libertas. Tudo o que era adequado para sua época, mas não para 1964! Continuar lendo

CRUZADA DE ROSÁRIOS – AGOSTO 2017 – MÊS FINAL

Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Com grande alegria, entramos em agosto, último mês da NOVA CRUZADA DE ROSÁRIOS DA FSSPX.

Segue abaixo a planilha para acompanhamento em AGOSTO, com término no dia 22.

agoOs que quiserem informar a quantidade de terços e sacrifícios oferecidos em JULHO, podem nos enviar pelo gespiox@yahoo.com.br que repassaremos ao Priorado de São Paulo para a contabilização.

Que Nossa Senhora nos mantenha fiel na verdadeira Fé.

ALEGRIA E BOM HUMOR

Imagem relacionadaEstranharás talvez que um religioso te estimule à alegria e jovialidade e pensarás que haveria coisas mais importantes para as quais poderia ele impelir-te. No entanto, quero mostrar-te que também a alegria é um dom de grande preço que um religioso com muita razão pode colocar em teu coração.

1º – Na alegria bem ordenada se esconde uma grande bênção

A jovialidade que te recomendo é uma pacífica e bem fundada alegria, uma irradiação da paz interna e da harmonia que residem no coração. Vem a ser, para ti, um grande bem. Desta alegria diz João Paulo: “A jovialidade é um céu sob o qual tudo prospera, menos o veneno”. Certo que é grande o encômio, mas verdadeiro. A alegria contribui para que os bons germes e disposições naturais do coração se desenvolvam do melhor modo possível.

A primavera é na natureza a quadra da alegria e dos prazeres. Quão afável e doce nos sorri o céu azul! Sobre montes e vales, derrama o sol seus raios dourados, os quais penetram até o íntimo do nosso coração! Os pássaros, com seus cantos alegres e variados, enchem a floresta! Solícita e contente, esvoaça a abelha, de flor em flor para sugar o mel. As flores ostentam sua beleza à nossa vista, amáveis crianças em trajes festivos!

Por toda a parte deparamos alegria e beleza!

Mercê desta alegria, como tudo se desenvolve e prospera na natureza! Então contemplamos o fermentar e germinar, o abotoar e florescer, como se tudo, montes e vales, estivesse cheio de uma vida nova e misteriosa. Como tudo se transforma e modifica, sob a ação do inverno duro e rigoroso, qual fantasma do terror domina por toda a parte, afugentando a fresca vida da natureza. Eis a imagem do que sucede, também, contigo, jovem cristã.

Quando permite que se apodere de ti uma disposição sombria e triste, que te domina por longo tempo, secam-se em teu coração as fontes da vida, como no inverno fenece a natureza. Torvas imagens e tenebrosas impressões descem sobre tua alma qual fria neve; teu espírito se escurece, entibia-se tua vontade e tua fantasia se povoa de melancólicos devaneios. Como poderão desenvolver-se, cheios de esperança, os bons germes, a inclinação para a virtude, que Deus te concedeu? Continuar lendo

O TEMOR DE DEUS NA PROVAÇÃO

ajoelhado arrFilho, se te apresentas para servir a Deus, permanece na justiça e no temor e prepara tua alma para a provação.

Mantém o teu coração firme e sê constante, inclina teu ouvido e acolhe as palavras inteligentes, e não te afobes no tempo da contrariedade.

Suporta as demoras de Deus, agarra-te a ele e não o largues, para que sejas sábio em teus caminhos.

Tudo o que te acontecer, aceita-o, e sê constante na dor; na tua humilhação tem paciência, pois é no fogo que o ouro e a prata são provados e, no cadinho da humilhação, os que são agradáveis a Deus.

Crê em Deus, e ele cuidará de ti; espera nele, e dirigirá os teus caminhos; conserva seu temor, e nele permanece até à velhice.

Eclo 2, 1-6

ANÁLISE DA “NOVA RELIGIÃO”

Resultado de imagem para garrigou lagrangeO título destas páginas, tiradas da obra de Garrigou-Lagrange, é de nossa autoria. Julgamos que, embora escritas em 1928, permanecem impressionantes por sua atualidade e vigor.
A mortificação, assim como a humildade, estabelecidas de um modo permanente na vida religiosa pela prática dos três conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, são coisas tão contrárias ao espírito mundano que este se esforçará sempre por negar-lhes a necessidade. O naturalismo prático sempre renascente sob uma outra  forma — que se chame “americanismo” quer “modernismo” — deprecia sempre a mortificação  e com ela os votos religiosos nos quais pretende ver não um nascimento para uma vida nova mas um entrave ao bem que cada um deve fazer em torno de si.
 
Por que, dizem, falar tanto em mortificação se o Cristianismo é uma doutrina de vida? Ou tanto de renúncia se o Cristianismo deve assimilar toda atividade humana em lugar de destruí-las? Ou falar tanto de obediência se o Evangelho é uma doutrina de libertação? Tais virtudes passivas não têm maior importância senão para espíritos negativos, incapazes de empreender qualquer coisa e que não têm senão a força da inércia.
 
Por que, acrescentam, depreciar nossa atividade natural? Nossa natureza não é boa? Não vem de Deus? Não se inclina a amar seu Autor mais do que a si mesma e acima de tudo? Nossas paixões ou emoções, isto é, os diversos movimentos de nossa sensibilidade, desejo ou aversão, alegria ou tristeza, etc., não são, do ponto de vista moral, nem boas nem más, só se tornam boas ou más conforme a intenção de nossa vontade que consente nelas, desperta-as, modera-as ou não as modera. E então não há que mortifica-las, cumpre apenas regula-las, são forças a utilizar, não a destruir. Não é este o ensinamento de Santo Tomás, tão diferente, acrescentam, do de tantos outros autores espirituais, notadamente do autor da “Imitação” 1.III,c.54, onde ele trata “dos diversos movimentos da natureza e da graça” em termos tais que fazem pensar naqueles que usarão mais tarde os jansenistas?
 
Por que, continua o naturalismo prático a dizer, combater tanto o julgamento próprio, a vontade própria? É lançar-nos no escrúpulo e pôr-nos em estado de servidão que destrói toda espontaneidade.
Porque condenar a vida do mundo, uma vez que é no mundo que a Providência nos colocou não para o combater mas para melhora-lo? O valor da vida religiosa se mede por sua influência social e para exercer esta influência ela não deve ser coibida por estas preocupações excessivas de renúncia, mortificação, humildade, obediência. Ela deve, ao contrário, deixar se desenvolver ao máximo o espírito de iniciativa, todas as aspirações naturais que nos permitirão compreender as almas do nosso tempo e entrar em contato com este mundo que nós não devemos desprezar mas tornar melhor.

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A BOA CORREÇÃO – PARTE 2

Resultado de imagem para correção filhos7.º) Oportuna

Há tempo de calar, e tempo de falar“, lembra-nos a Bíblia (Ecle 3,7). Como a semente, que parte de nossa mão e se realiza no seio da terra, assim a correção é, o mais das vezes, de iniciativa nossa, mas se completa no educando, por obra sua. E como a semente não pode ser plantada em qualquer época, porque “há tempo de plantar, e tempo de colher” (ibd. v.2.), também a correção há de aguardar o momento oportuno. Só a propomos (ou impomos), na esperança de êxito. E este depende do acolhimento que só pode ser favorável, se as circunstâncias também o forem.

Na hora da zanga – a tendência é mais para repelir que para aceitar qualquer sugestão de emenda. Em presença de pessoas estranhas, de colegas e mesmo de irmãos, quando implica humilhação, também não será nem aceita. Espera-se que a tormenta passe, aborda-se o educando a sós, e, na calma de lado a lado, propõe-se a desejada medida.

As mães cristãs têm excelente oportunidade quando, depois da oração da noite, vão ver se os filhos estão bem acomodados no leito. Falando em voz mansa e amorosa, sentada à beira da cama, é muito difícil não ser a mãe bem acolhida.

Aguarde-se, pois, o momento oportuno.

Tratando-se de crianças pequenas, não convém protelar muito a correção. Elas esquecem facilmente que cometeram a falta, não estabelecem a necessária ligação entre o erro e a emenda, podem achar injustas as medidas impostas, e então o efeito será contrário.

Em fase desses perigos, podemos recorrer às práticas corretivas sem aludir aos fatos “esquecidos”, alcançando os mesmos resultados, sem as contra-indicações. Continuar lendo

A BOA CORREÇÃO – PARTE 1

Resultado de imagem para corrigir filhosAlém de conhecerem os filhos, devem os pais saber como agir, a fim de alcançarem os desejados efeitos. Não bastam boas intenções. A correção tem normas e técnicas. Sem isto, poderá ser contraproducente. Vejamos qual deve ser a boa correção.

1.º) Rara

O educador deve ver tudo, dissimular muito, corrigir quando necessário.

– Ver tudo, para conhecer bem a crianças, não se deixar surpreender, nem passar por tolo aos olhos das próprias crianças.

– Dissimular muito, porque muitas faltas não têm realmente importância, umas são próprias da idade e passam com ela, outras as próprias crianças notam e, quando estão sendo educadas, tratam de emendar por si.

– Corrigir quando necessário, porque a correção demasiada é prejudicial à educação. Quando muito freqüente, ela:

* perde o salutar efeito de inspirar desgosto à falta cometida, com o conseqüente desejo de emenda;

* enfraquece a autoridade do educador, ao invés de reforçá-la, como o faz, desde que seja rara;

* insensibiliza a criança, que já não acode às advertências, pela própria impossibilidade de fazê-lo;

* pode mesmo ser contraproducente, tornando-se irritante – e nas poucas recomendações que fez São Paulo sobre a educação dos filhos pediu que não os irritassem (Ef. 5,4).
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NO CÉU NOS RECONHECEREMOS – SÉTIMA CARTA – PARTE 3

Resultado de imagem para céu catolicoO reconhecimento no Céu é um estímulo para o zelo. – Zelo para o alívio de nossos queridos defuntos. – Zelo para conversão dos pecadores. – Zelo para a nossa própria santificação. – O Céu começa no tempo e continua na eternidade. A glória só fará desenvolver o gérmen da graça. – Nós saberemos tudo o que alguma pessoa fizer em nosso beneficio, e a nossa felicidade, como a sua, será por isso maior. – Cada florão da coroa duma mãe será uma alegria a mais para todos os seus filhos. 

Finalmente, que a esperança de torná-los a ver no Céu, de reconhecê-los e de serdes por eles reconhecida, reanime o vosso zelo e vos faça trabalhar com mais ardor no alívio destas pobres almas, na conversão dos pecadores e na vossa própria santificação.

As almas do Purgatório são tão reconhecidas, que as pessoas que as têm aliviado, têm recebido provas da sua gratidão, antes de se lhes reunirem na bem-aventurança. Foi mesmo concedido muitas vezes a Santa Gertrudes, mui zelosa em aliviar as almas do Purgatório, ver, durante a sua vida, e mesmo entreter-se com aquelas que havia socorrido[126].

Um dia, depois da comunhão, Gertrudes oferecia a adorável Hóstia pelo eterno descanso das almas de todos os parentes dos membros da sua comunidade. Apenas tinha acabado de fazer este precioso oferecimento, quando viu sair das trevas um grande número de almas, semelhantes a faíscas ou estrelas:

“Senhor, exclamou ela, esta multidão de almas é só de nossos parentes?”

– Sou eu mesmo, respondeu o Senhor, o mais próximo de vossos parentes: sou vosso pai, vosso irmão e vosso esposo. Todos aqueles que são especialmente meus, tornam-se, portanto, vossos parentes e aliados, e quero que eles tenham parte nos frutos das orações que fazeis pelos vossos parentes”[127].
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ECONOMIA, PARA AS DONZELAS CRISTÃS

Resultado de imagem para donzela cristãO ouro e os bens temporais, principalmente, têm sem dúvida a sua grande importância para cada indivíduo, para a família e para a vida social. Se o cristão, antes de mais nada, deve dirigir seus cuidados para a consecução dos bens celestes, não pode, todavia, mostrar-se indiferente aos bens terrenos e temporais.

Há de esforçar-se por adquiri-los pelo emprego de meios lícitos e de maneira justa, deve sobretudo usar deles conscienciosamente, e de acordo com a vontade de Deus. Não pode, portanto, dissipá-los; cumpre que os empregue com economia.

Sobre a economia desejo agora dar-te uma breve instrução.

1º – A religião cristã exige de ti a economia.

A economia pertence ao número das virtudes que são mais desprezadas e criticadas. Quem não sabe distinguir devidamente a sua renda e as suas despesas e por isso nunca “chega a um ramo verde” (como dizem os alemães), é precisamente o que murmura da economia daqueles que a aconselham e os difama como sovinas. Eis porque não raro acontece que a gente se envergonha da economia e procura escondê-la quanto possível aos olhos do mundo. No entanto, ela merece, como as outras virtudes, todo apreço e cumpriria que a praticassem fiel e retamente todos os cristãos. Sim, mesmo os ricos, até os milionários, devem ser econômicos, naturalmente de maneira diversa da dos burgueses comuns.

O Cristianismo exige de todos nós uma sensata economia. Diz-nos que Deus é o altíssimo Senhor e Proprietário dos nossos bens terrenos, dos quais só nos confiou o uso e administração. Nesta administração e neste uso devemos acomodar-nos à sua vontade infinitamente santa e sábia, que sem dúvida reprova uma dissipação leviana e insensata dos mesmos bens, e que será denunciada, perante o Seu divino tribunal. Eis porque prescreve a Sagrada Escritura: “Tudo quanto entregares conta e pesa: e tudo anota do que deres e receberes”. (Ecli. 12,7). E assim nos exorta outro passo: “No tempo da abundância, lembra-te da pobreza, e das necessidades da indigência no dia das riquezas”. (Ecli. 18,25). Continuar lendo

O TEMOR DO SENHOR, PRINCÍPIO DA SABEDORIA

Resultado de imagem para ajoelhadoPrincípio da Sabedoria é o temor do Senhor: para os fiéis, ela foi criada com eles no seio materno; entre os discípulos da verdade foi firmada desde sempre e a seus descendentes é confiada.

O temor do Senhor é o conhecimento iluminado pela piedade.

A piedade guarda e justifica o coração, e lhe traz alegria e gozo.

Plenitude da Sabedoria é temer a Deus: com seus frutos ela inebria os fiéis; de coisas preciosas enche toda a sua casa e, de tesouros, os seus celeiros.

Coroa da Sabedoria é o temor do Senhor, que faz florir a paz e o fruto da salvação: uma e outro, porém, são dons de Deus.

A Sabedoria derrama como chuva a ciência e a inteligência prudente, e aumenta a glória

dos que a possuem.

Raiz da Sabedoria é temer o Senhor, e seus ramos são duradouros.

Nos tesouros da Sabedoria estão a inteligência e o conhecimento iluminado pela piedade; para os pecadores, porém, a Sabedoria é execração

O temor do Senhor repele o pecado; quando presente, afasta toda ira.

Quem não tem o temor não poderá justificar-se; a sua irritação sem controle vai levá-lo à ruína.

Quem é paciente resistirá, até o momento oportuno; depois, a alegria lhe será restituída.

Quem tem bom senso reterá as palavras até o momento oportuno; e os lábios de muitos proclamarão sua prudência.

Eclo 1, 16-30

A SENHORA MISTERIOSA

Resultado de imagem para virgem santíssimaFoi em três de Novembro de 1888.

Um sacerdote de Londres, depois de um dia de muito trabalho, entrava em casa com a intenção de dizer suas orações e ir logo deitar-se. Apenas chegara a seu quarto, porém, batem à porta. Acompanhado de um estudante, o Padre foi ver quem era.

Uma senhora, vestida de preto, vinha pedir-lhe o favor de ir à rua tal, número tal, porque lá havia um jovem que precisava urgentemente de assistência religiosa. O vigário, muito boa pessoa, falou-lhe:

– Pode ir sossegada, minha senhora; dentro de vinte minutos estarei lá.

Escreveu o endereço e saiu em companhia do seminarista. Era noite escura e triste. Chegados ao endereço indicado bateram. Uma velha criada veio abrir-lhe.

– Mora aqui um jovem gravemente enfermo?

– Não, senhor; aqui todos estão bons, graças a Deus. O senhor certamente se enganou no número da casa.

– Não; pois a senhora que foi procurar-me deu-me este endereço.

– Repito-lhe que nesta casa não há ninguém doente. Mora aqui um moço, mas, que eu saiba, não quer morrer tão já. Continuar lendo

NO CÉU NOS RECONHECEREMOS – SÉTIMA CARTA – PARTE 2

Resultado de imagem para céu catolicoA esperança de nos reconhecermos no Céu é um alivio para a dor. – Exemplo e palavras de Fénelon. – É-nos útil entretermo-nos com os nossos virtuosos e queridos defuntos. – Podemos até invocá-los. – Prática de S. Francisco Xavier, de S. Luís Bertrand, de M. Emery. – As almas do Purgatório pedem por nós. 

Poucos homens têm sido tão sensíveis à perda dos seus amigos, como o amável Arcebispo de Cambrai. Eis uma prova disto nas suas próprias palavras:

“Seria tentado a desejar que todos os bons amigos esperassem para morrerem juntos no mesmo dia. Aqueles que não amam pessoa alguma quereriam enterrar todo o gênero humano com os olhos secos e o coração alegre; tais pessoas, porém, não são dignas de viver. Custa muito ser sensível à amizade; mas aqueles que têm esta sensibilidade envergonhar-se-iam se a não tivessem; desejam antes sofrer do que serem insensíveis”[119].

Vede, todavia, como ele sabia aliviar a sua própria aflição, consolando as pessoas mais angustiadas. Por ocasião da morte do duque de Beauvilliers, seu amigo, escrevia à duquesa:

“Só os nossos sentidos e a nossa imaginação perderam o objeto do nosso amor. Aquele que já não podemos ver, está conosco mais do que nunca. Encontramo-lo incessantemente no nosso centro comum. Ele vê-nos aí, e lá mesmo nos procura os verdadeiros socorros. Conhece melhor, onde está agora, as nossas enfermidades, do que nós mesmos, ele que já não tem nenhuma; e procura os remédios próprios e necessários para a nossa cura. Quanto a mim, eu, que estava privado de o ver desde há tantos anos, falo-lhe, abro-lhe o meu coração e creio encontrá-lo na presença de Deus; e ainda que o tenha chorado amargamente, não posso todavia acreditar que o perdesse. Oh! quanta realidade nesta íntima sociedade!”[120].

Fénelon escrevia ainda à viúva do duque de Chevreuse:

“Unamo-nos de coração àquele que choramos; ele não se ausentou de nós pelo fato de se tornar invisível. Vê-nos, ama-nos e comove-se das nossas necessidades. Chegado felizmente ao porto, ora por nós, que ainda estamos expostos ao naufrágio. E diz-nos com uma voz secreta: Apressai-vos a unirmo-nos. Os puros espíritos vêem, ouvem, e amam sempre os seus verdadeiros amigos no seu centro comum. A sua amizade é imortal, como a fonte donde nasce. Os incrédulos só amam a si mesmos; do contrário, deveriam desesperar-se de perderem para sempre os seus amigos; mas a amizade divina torna a sociedade visível numa sociedade de pura fé; chora, mas consola-se na esperança de tornar a reunir seus amigos no país da verdade, e no seio do próprio Amor”[121]. Continuar lendo