DA CONFISSÃO DA PRÓPRIA FRAQUEZA, E DAS MISÉRIAS DESTA VIDA

Homem angustiado/sofrendo - Amigaironica BrasilA alma: Confesso contra mim mesmo minha maldade (Sl 31,5), confesso, Senhor, minha fraqueza. Muitas vezes a menor coisa basta para me abater e entristecer. Proponho agir valorosamente, mas assim que me sobrevém uma pequena tentação, vejo-me em grandes apuros. Às vezes é de uma coisa mesquinha que me vem grave aflição. E quando me julgo algum tanto seguro, vejo-me, não raro, vencido por um sopro, quando menos o penso.

Olhai, pois, Senhor, para esta minha baixeza e fragilidade, que conheceis perfeitamente. Compadecei-vos de mim e tirai-me da lama, para que não fique atolado (Sl 68,18) e arruinado para sempre. É isto que a miúdo me atormenta e confunde em vossa presença: o ser eu tão inclinado a cair, e tão fraco a resistir às paixões. E embora não me levem ao pleno consentimento, muito me molestam e afligem seus assaltos, e muito me enfastia o viver sempre nesta peleja. Nisto conheço minha fraqueza, que mais depressa me vem do que se vão essas abomináveis fantasias da imaginação.

Ó poderosíssimo Deus de Israel, zelador das almas fiéis, olhai para os trabalhos e dores de vosso servo, e assisti-lhe em todos os seus empreendimentos! Confortai-me com a força celestial, para que não me vença e domine o homem velho, a mísera carne, ainda não inteiramente sujeita ao espírito, contra a qual será necessário pelejar enquanto estiver nesta miserável vida. Ai! que vida é esta, em que nunca faltam as tribulações e misérias, em que tudo está cheio de inimigos e ciladas! Porque mal acaba um tribulação ou tentação, outra já se aproxima, e até antes de acabar um combate, muitos outros já sobrevêm, e inesperados. Continuar lendo

A GENUFLEXÃO

La génuflexion • La Porte Latine

A igreja na qual entramos é a casa de Deus. Assim, saudemo-Lo com um gesto perfeitamente verdadeiro e próprio.

Fonte: Apostol n ° 157 – Tradução: Dominus Est

A igreja na qual entramos é “a casa de Deus”, não apenas como lugar reservado à sua divina liturgia mas também como lugar da sua residência eucarística. Deus está presente. Saudemo-Lo com um gesto perfeitamente verdadeiro e apropriado: a genuflexão. O liturgista M. Hébert, sacerdote em Saint-Sulpice, escreve: “estar de joelhos ou se ajoelhar é a atitude humilde do suplicante, do pecador arrependido, da criatura perante o seu criador”.

A genuflexão, porém, é mais do que uma atitude: é um gesto litúrgico prescrito pela Igreja. Faz parte de uma lista de reverências, muitas das quais dizem respeito aos clérigos que participam de uma Missa ou de um ofício. Existem inclinações ao celebrante, à Cruz, aos fiéis. Essas inclinações não são todas iguais: existem as profundas (o busto é inclinado), outras simples (só a cabeça é inclinada), outras menores (cabeça e ombros) … A propósito, a genuflexão: dobramos o joelho direito no chão sem inclinar a cabeça. Continuar lendo

“EU PRECISO TANTO DE UMA MÃE!”

Covid-19. Área de isolamento nas escolas só pode ser usada por uma pessoa -  Semanário VUm dia conta-nos um vigário dos subúrbios de Paris, notei uma ovelha estranha misturada ao rebanho do meu catecismo. Aquela figurinha pálida e apoucada, que se insinuara na ponta do último banco, não me era totalmente desconhecida; minha memória lembrou-me logo que o intruso era filho do contramestre da fábrica, homem de opiniões violentas e exaltadas, orador de clube, inimigo de padres, etc. Aliás, o pequeno parecia deslocado no santo lugar.

Olhava para todos os lados e tinha uma atitude constrangida na extremidade do seu banco. Não aparentei reparar na presença dele, mas, após acabar de interrogar os meus meninos, fui a ele e fi-lo levantar. Ele segurava um gorro na mão e olhava-me com grandes olhos tristes. As suas roupas belas e bem feitas careciam de frescor. Ao vê-las, adivinhava-se que não as preparava um mãe.

– Vais à escola, – disse-lhe eu, – já ouviste falar de Deus Nosso Senhor? – Silêncio, gesto vago e indiferente.

– Da Santíssima Virgem? – O pequeno levantou a fronte e subitamente o semblante se lhe animou.

– Ouvi, – disse-me ele baixinho, misteriosamente. – Ouvi dizer que os meninos do catecismo têm uma Mãe, a SS.Virgem. Foi por isso que eu vim… – E grossas lágrimas rolaram-lhe pelas faces, enquanto ele acrescentava: ” Eu preciso tanto de uma mãe!”

Esse grito comoveu-me. Assim que meus alunos saíram, voltei ao pequeno estranho, e lhe disse: ” Vem cá, vou-te levar à tua Mãe.” – Ele deitou-me um olhar profundo. ” Aquela que substituirá tua mãe”, continuei. E conduzi-o ao branco altar que as Filhas de Maria ornamentam com desvelo piedoso. Quando o menino avistou a bela imagem coroada do diadema de ouro, rodeada de flores e iluminada pelo reflexo dos vitrais, exclamou de mão postas: ” Ah! lá está ela! Como é bela! Continuar lendo

A ÁGUA BENTA

Pia batismal – Foto de Igreja Matriz de Cristo Rei, Bento Gonçalves -  Tripadvisor

Adentremos na tradição e na intenção da Igreja, evitando usar a água benta mecanicamente.

Fonte: Apostol n ° 156 – Tradução: Dominus Est

Quando entramos em uma igreja, nosso primeiro gesto é se utilizar da água benta com a qual fazemos o sinal da cruz sobre nós mesmos. Em suma, abençoamo-nos com a água benta.

A água benta é o sacramental básico, por assim dizer. Não contém a graça – como é o caso dos 7 sacramentos – mas é uma prece muito poderosa da Igreja. O seu efeito principal é expulsar os demônios graças aos exorcismos que esta água recebeu, e ao sal que o sacerdote acrescenta durante a sua bênção. A água benta remove, portanto, as perturbações imediatas do demônio, tais como apegos ao pecado, tentações e distrações.

É aconselhável, portanto, utilizar a água benta para estar melhor preparado para honrar o lugar sagrado – que é a igreja, para alí rezar, para assistir os ofícios e receber os sacramentos. Em poucas palavras, a água benta leva-nos do profano ao sagrado. Continuar lendo

O SOBRENATURAL EM LOURDES – PARTE 2/2

Celebrações em Lourdes recordam as aparições de Nossa Senhora

D. José Pereira Alves

Meus senhores, as aparições de Bernadete foram reais? Este movimento universal, esta manifestação grandiosa é apenas uma forma de fanatismo que tem as suas raízes no embuste ou na ilusão? Meus senhores, a realidade das aparições de Massabielle trazem o cunho duma verdade indubitável.

As leis que regem o testemunho histórico dos fatos naturais são as mesmas que regem o testemunho dos fatos maravilhosos. Se o testemunho de Bernadete está revestido das condições devidas para arrastar o consenso, ninguém mais poderá negar a realidade de suas extraordinárias visões.

Ora, ele o está duma maneira soberana. Para que Bernadete seja digna de crédito, basta provarmos que ela não quis enganar-nos nem se enganou: a sinceridade e a ciência de Bernadete. Quem estuda a psicologia de Bernadete, quem observa a alma ingênua desta montanhesa, simples não pode duvidar da sua sinceridade.

A ignorância, a simplicidade, a modéstia, o desinteresse dessa menina, deixam à parte toda a suspeita.

Impossível que Bernadete fosse uma comediante.

Quanto a afligiam os interrogatórios!

Jamais quis focalizar na sua pessoa que mais escondia na solidão do claustro. Continuar lendo

O SOBRENATURAL EM LOURDES – PARTE 1/2

The Spiritual Lessons of Lourdes as Explained by Pius XII - FSSPX.Actualités  / FSSPX.News

D. José Pereira Alves

Conferência ilustrada com projeções 

Meus senhores, não sou eu quem vai fazer conferência. O vivo das telas, o colorido dos quadros, tudo que há de impressionante nas projeções se encarregará de dizer à vossa alma o que a minha palavra não pode nem sabe.

Se algum raio de eloquência brilhar nesta palestra, será o raio de eloquência esmagadora do fato, estudado à luz da crítica sábia dos competentes. Dar-me-ei por imensamente remunerado se depois no santuário da minha alma a vossa consciência me disser: cumpriste o teu dever de padre, de semeador do Evangelho. O trabalho que ides ouvir não tem preocupações científicas: é o trabalho do vulgarizador religioso. Dividi esta palestra em duas partes: — uma histórica e a outra apologética. Na primeira parte ouvireis a narrativa dos acontecimentos de Lourdes, cidade do sul da França; na segunda, vereis que esses prodigiosos acontecimentos provam a existência do sobrenatural, a divindade e a verdade da religião católica que os possui. Ponde em ação as vossas nobres faculdades e contemplai este novo paraíso que Deus plantou na terra e no qual Maria, a nova Eva, a Mãe da vida, oferece o fruto fecundo de extraordinárias bênçãos, de incontáveis benefícios de um coração de mãe.

A GRUTA

Eis ali a gruta, a gruta abençoada, onde a Formosa Senhora aparece a Bernadete Soubirous! Eis ali a gruta selvagem, silenciosa e triste entrelaçada pelos ramos de uma roseira brava! Quem diria que esta solidão seria o lugar de tanta maravilha? Quem diria que a rocha bruta desses ermos seria o teatro das graças mais escolhidas do Altíssimo?

Falando da gruta, o peregrino convertido escreveu o livro Du Diable à Dieu. Adolfo Retté arranca da sua alma na sua obra Un séjour à Lourdes estes belos sentimentos: “Daí se irradiam através das brumas do materialismo, as claridades deste astro fixo: o Sol da graça. Na gruta, o Sursum Corda realizado que se experimenta por toda a parte em Lourdes, toma todo o seu desenvolvimento. Continuar lendo

OFICIAL – TERRENO DOADO À MISSÃO DA FSSPX EM RIBEIRÃO PRETO

RP

Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

“A caridade é paciente, benéfica; a caridade não é invejosa, não é temerária; não se ensoberbece; não é ambiciosa, não busca os próprios interesses; não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre”. (1 Cor 13, 4)

Gostaríamos de dividir com todos essa grande alegria, além de poder dar uma satisfação aos que sempre contribuíram conosco, seja financeiramente, seja com orações. 

Após quase 2 anos de documentações tramitando entre órgãos municipais e federais, ontem, 17 de maio de 2022, finalmente, pela graça de Deus, FOI ASSINADA A ESCRITURA DE DOAÇÃO DE UM TERRENO DE 3000m2 para a construção de uma capela da FSSPX aqui em Ribeirão Preto e, se Deus permitir, um Priorado para atender parte do interior de SP e Minas.

Como sabem, desde 2013 mantemos uma Campanha de arrecadação de fundos para a compra de um terreno. Agora, todo o montante acumulado será destinado para parte da construção da Capela, de acordo com o projeto que ainda nascerá de nossos Superiores.

Assim, hoje, do fundo de nossos corações, agradecemos a todos que nos ajudaram todos esses anos.

Cada doação com sua história, suas intenções, doações dos mais diversos valores, formas e meios, doações de pessoas que não conhecemos ou contribuíram de forma anônima, amigos que compraram rifas, pizzas, batatas recheadas, soubemos de pessoas de outros lugares que fizeram rifas apenas para contribuir conosco, e agora, uma família que se desprende de parte de seus bens para fazer a doação desse terreno. Tudo pelo bem das pessoas que confiam suas almas à FSSPX, para honra e glória de Nosso Senhor e Sua Igreja.

A todos, nosso muito obrigado, que Nossa Senhora e São José possam retribuir de alguma forma, a cada um,  por toda caridade, toda oração. 

Todos os terços públicos da FSSPX tem como intenção seus benfeitores. Aos sábados, nós aqui da Missão de Ribeirão, rezamos um terço também nessa intenção e uma vez ao mês os padres rezam uma Missa por todos eles. São os únicos meios que temos para agradecer tamanha generosidade.

Agora, nossa Campanha muda. Não é mais para a aquisição de um terreno, mas para a elevação de uma igreja. 

Continuamos contando com a colaboração de nossos amigos, leitores e fiéis para esse grande trabalho pela Igreja. E, em breve, apresentaremos as novidades.

Seja um benfeitor! Leia sobre nossa Campanha clicando aqui.

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Aquele que tem verdadeira e perfeita caridade em nada se busca a si mesmo, mas deseja que tudo se faça para a glória de Deus. De ninguém tem inveja, porque não deseja proveito algum pessoal, nem busca sua felicidade em si, mas procura sobre todas as coisas ter alegria e felicidade em Deus. Não atribui bem algum à criatura, mas refere tudo a Deus, como à fonte de que tudo procede, e em que, como em fim último, acham todos os santos o deleitoso repousar. Oh! Quem tivera só uma centelha de verdadeira caridade logo compreenderia a vaidade de todas as coisas terrenas. (Imitação de Cristo)

KARL MARX E SATÃ

A verdadeira doutrina defendida por Karl Marx | Instituto Rothbard

Gustavo Corção

Numa excelente revista belga, Bulletin Indépendant d´Information Catholique, no. 150 – número especial com que se despede dos leitores, não podendo manter-se pela simples e clara razão de ser excelente – li um artigo cuja difusão me parece um imperativo dos tempos presentes. Trata-se da recensão do livro Karl Marx et Satan recentemente publicado nas Edições Paulinas – Apostolat des Editions – pelo judeu convertido ao cristianismo Richard Wurmbrandt, que sofreu na URSS muitos anos de trabalhos forçados em razão de sua fé cristã. Seu último livro é revelador de relações estreitas entre o satanismo e o comunismo, que o autor considera como uma encarnação política do Demônio. Segundo A. d´Arian, diretor da revista e autor da recensão, a obra é digna de atenção com algumas reservas no plano da doutrina católica. As linhas que se seguem são de transcrição:

“Muito piedoso desde a sua mocidade, Karl Marx, da alta burguesia israelita, faz um pacto com Satã. Aos vinte anos surge no mundo das letras com um poema intitulado Oulamen, anagrama de Emanuel, no qual lêem-se esses versos: “Quero construir parar mim um trono nas alturas”, que repetem quase literalmente as palavras de Isaías (14, 13), “subirei aos céus, e colocarei meu trono acima dos astros de Deus”, que se referem a Lúcifer.

“Num outro poema, A Virgem Pálida, o miserável ousa escrever: – Já perdi o Céu; minh´alma, outrora fiel a Deus, está marcada para o inferno.

“Nessa época, Karl Marx combatia as idéias socialistas na revista alemã Rheinische Zeitung, escarnecendo ao máximo da classe operária. Mas, espantado, recebe a advertência de Moses Hess de que o socialismo pode ser uma boa isca para atrair os intelectuais e as massas para o seu ideal diabólico. O amigo convenceu-o. Fiéis a essa idéia, os soviéticos, desde a primeira hora, tomarão como lema: – Expulsemos os capitalistas da terra e Deus do Céu! Continuar lendo

AS SAGRAÇÕES EPISCOPAIS DE 1988 PREJUDICARAM UM ELEMENTO ESSENCIAL DA FÉ CATÓLICA: A UNIDADE DA IGREJA?

Mgr Lefebvre lors du sermon des sacres du 30 juin 1988

Essa é a continuação da Parte 1: As sagrações realizadas por D. Lefebvre em 1988 representam um ato de natureza cismática?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

1. Na segunda entrevista, da seção “teologia”, publicada na página de 27 de abril de 2022, do site “Claves.org”, o Pe. de Blignières indica qual é, segundo ele, “o critério para avaliar as sagrações de 1988”. Os sacerdotes e os fiéis que não quiseram seguir a D. Lefebvre não teriam agido em virtude de uma concepção errônea de obediência, tampouco de forma puramente tática ou com vistas a obter qualquer vantagem. O que teria acontecido e estaria em questão “é um juízo fundamental sobre a comunhão hierárquica como elemento essencial da fé e da estrutura da Igreja Católica”. Com efeito, a sagração episcopal realizada contra a vontade do Papa seria “um ato intrinsecamente mau porque atenta contra um elemento da fé católica”. Esse elemento é que, para ser não apenas válido, mas legitimamente sagrado, um Bispo deve receber a sagração episcopal “no seio da comunhão hierárquica entre todos os Bispos católicos”, cujo garante é o Bispo de Roma, sucessor de Pedro. Deste modo, a sagração episcopal, recebida sem a instituição pontifícia, constitui “um gravíssimo ataque à própria unidade da Igreja”.

2. O Pe. de Blignières refere-se aqui à Encíclica Ad apostolorum Principis de Pio XII, bem como ao número 4 do Motu proprio Ecclesia Dei adflicta. No entanto, nenhum desses dois textos citados são pertinentes para avaliar as sagrações de 30 de junho de 1988. Continuar lendo