VÍDEO/CURSO 5: UM NOVO ESPÍRITO NA VIDA PAROQUIAL – POR D. LOURENÇO FLEICHMAN

As estranhas mudanças no comportamento dos fiéis em suas paróquias. Na quinta aula do curso sobre a crise na Igreja, Dom Lourenço Fleichman mostra como o novo espírito, a partir do Concílio Vaticano II, foi imposto aos fiéis através de movimentos que abriram as portas para o progressismo: Movimento Litúrgico, Ação Católica, Cursilhos de Cristandade, Carismatismo, entre outros.

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ENTREVISTA COM O SUPERIOR GERAL DA FRATERNIDADE SACERDOTAL SÃO PIO X ACERCA DA PUBLICAÇÃO DE MATER POPULI FIDELIS

“A negação do título de “corredentora” equivale a depor a Santíssima Virgem de seu reinado, e isso fere a alma católica no que lhe é mais caro.”

Fonte: FSSPX

FSSPX.News: Reverendo Padre Superior Geral, um documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, restringindo o uso de certos títulos tradicionalmente atribuídos à Santíssima Virgem, foi publicado no dia 4 de novembro com o título Mater populi fidelis. Qual foi sua primeira reação a ela?

Don Davide Pagliarani: Confesso ter ficado em choque. Se, por um lado, o Papa Leão XIV já manifestara desejo de continuidade com seu antecessor, por outro lado eu não esperava um documento de um dicastério romano restringindo o uso de títulos, tão ricos de significado, que a Igreja tradicionalmente atribui à Virgem. Minha primeira reação foi celebrar uma Missa de reparação contra esse novo ataque à Tradição e, mais ainda, contra a Santíssima Virgem.

De fato, não é apenas o uso dos termos de “Corredentora” e “Medianeira de todas as graças” que foi posto em dúvida; é o significado tradicional desses títulos que foi deturpado. Isso é muito mais grave, porque a negação dessas verdades equivale a depor a Santíssima Virgem de seu reinado, o que fere a alma católica no que lhe é mais caro. Com efeito, a Santíssima Virgem representa, junto com a Santíssima Eucaristia, os dons mais preciosos que Nosso Senhor nos deu.

O que mais o chocou?

Primeiramente, o fato de considerar o uso de “Corredentora” como “sempre inoportuno”; o que, na prática, equivale a proibi-lo. A razão que nos é dada é a seguinte: “Quando uma expressão requer muitas e constantes explicações, para evitar que se desvie de um significado correto, não presta um bom serviço à fé do Povo de Deus e torna-se inconveniente1”. Continuar lendo

COMUNICADO DA CASA GERAL DA FSSPX SOBRE A “NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS TÍTULOS MARIANOS REFERIDOS À COOPERAÇÃO DE MARIA NA OBRA DA SALVAÇÃO”

No último dia 4 de novembro, o Dicastério para a Doutrina da Fé publicou uma “Nota doutrinal sobre alguns títulos marianos referidos à cooperação de Maria na obra da Salvação”.

Fonte: FSSPX

Esse texto, aparentemente preocupado em não “obscurecer a única mediação salvífica de Cristo”, ensina que “o uso do título de ‘Corredentora’ para definir a cooperação de Maria é sempre inoportuno” e que “requer-se uma especial prudência na aplicação do título ‘Medianeira’ a Maria”.

Caricaturando — para melhor se distanciar dela — a terminologia tradicional da Igreja e, por outro lado, sendo prolixo em belas considerações sobre o papel materno da Virgem, essa “Nota” pretende minimizar a missão confiada por Deus à sua Associada na obra da Redenção e da salvação das almas: de um lado, afirma-se que a Santíssima Virgem Maria não interveio na aquisição da graça; de outro, atenua-se quase até a negação o seu papel universal e necessário na distribuição das graças. Já não se lhe reconhece senão um vago papel de intercessão materna. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: MARIA MEDIANEIRA E CORREDENTORA

O que significa dizer que Maria é “corredentora” e “medianeira de todas as  graças”?

Diante dos horrores pronunciados pela igreja conciliar sobre Maria como Medianeira e Corredentora, seguem abaixo alguns artigos sobre esse assunto, de acordo com a verdadeira Doutrina:

MARIA MEDIANEIRA, CORREDENTORA E DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS – PARTE 1/2

MARIA MEDIANEIRA, CORREDENTORA E DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS – PARTE 2/2

A CORREDENTORA – PELO PE. ÁLVARO CALDERÓN, FSSPX

POR QUE NEGAM A CORREDENÇÃO DE MARIA? A BATALHA DOUTRINAL DO ECUMENISMO – CONFERÊNCIAS DO PE. RUBIO, FSSPX

COMUNICADO DA CASA GERAL DA FSSPX SOBRE A “NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS TÍTULOS MARIANOS REFERIDOS À COOPERAÇÃO DE MARIA NA OBRA DA SALVAÇÃO”

ENTREVISTA COM O SUPERIOR GERAL DA FRATERNIDADE SACERDOTAL SÃO PIO X ACERCA DA PUBLICAÇÃO DE MATER POPULI FIDELIS

A MEDIAÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM

01 DE OUTUBR0 – NOSSA SENHORA MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS

NOSSA SENHORA: MEDIANEIRA JUNTO AO MEDIADOR

MARIA SANTÍSSIMA É A MEDIANEIRA DOS PECADORES PARA COM DEUS

CENTENÁRIO DA MISSA DE MARIA MEDIANEIRA

VÍDEO/CURSO 4: OS DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 1- POR D. ESTEVÃO FERREIRA DA COSTA

Quarta aula do Curso sobre a crise na Igreja – D. Estevão fala sobre os textos do Concílio, seus erros, e como contradizem a doutrina de sempre da Igreja..

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REDENTORISTAS TRADICIONALISTAS EMITEM CARTA ABERTA PARA “REPUDIAR A IGREJA SINODAL”

Imagem em destaque

Fonte: LifeSiteNews – Tradução gentilmente cedida por uma leitora

Os Filhos do Santíssimo Redentor, uma Congregação católica tradicionalista sediada em Papa Stronsay, na Escócia, publicaram uma Carta Aberta “aos Bispos, Padres, Religiosos e Fiéis Católicos” após seu Capítulo Geral.

A comunidade – frequentemente chamada de “Redentoristas Transalpinos” – foi fundada pelo Pe. Michael Mary Sim em 1987, sob os auspícios de D. Marcel Lefebvre e da Fraternidade São Pio X, com o incentivo do Cardeal Édouard Gagnon. Ela reconciliou-se com o Vaticano em 2012 e trabalha nos EUA e na Nova Zelândia.

Em julho de 2024, os Redentoristas foram obrigados por D. Michael Gielen (Bispo local) a deixar a Diocese de Christchurch em 24 horas. A comunidade negou as acusações feitas por Gielen e entrou com medidas canônica contra a ordem de despejo.

A Carta Aberta não indica se eles pretendem retornar ao trabalho com a Fraternidade São Pio X ou se seguirão outro caminho. A declaração e sua introdução estão abaixo.

Esta história ainda está se desenvolvendo… Continuar lendo

CAIRÁ A MALDIÇÃO DE D. ÁLVARO SOBRE LEÃO XIV?

Fonte: InfoVaticana

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Entre os pedaços singulares da espiritualidade interna do Opus Dei, há uma frase que não procede de “são” Josemaria, mas de seu primeiro sucessor, Álvaro del Portillo. E não se encontra em homilia alguma, nem em texto de governo, mas em uma carta privada de 30 de junho de 1975, apenas quatro dias após a morte do fundador.

Nessa carta, que era o testamento de fidelidade para os membros da Obra, del Portillo escreveu uma súplica que com o tempo se tornaria célebre, e que Opuslibros [1] relembrou num artigo recente, escrito por Darian Veltross:

“E rogo também que se, no decorrer dos séculos, alguém – não ocorrerá, estamos certos – quiser perversamente corromper esse espírito que nosso Padre nos legou, ou desviar a Obra… que o Senhor o confunda e lhe impeça cometer esse crime, causar esse dano à Igreja e às almas.” Continuar lendo

UMA PANDEMIA DE DESESPERO

Eles não estão brincando, os evangélicos estão de fato partindo para o momento em que a teologia do domínio tentará chegar ao poder político' (João Cezar de Castro Rocha)

Por Dardo Juán Calderón

Fonte: Adelante la Fe

Perante a – em princípio inexplicável e aparentemente surpreendente – condescendência na proliferação de condutas pervertidas em ambientes religiosos, surpreendentemente especial na Igreja Católica, devemos lembrar que uma geração marcada pela falta de compromisso pessoal, pela falta de amor, iria afetar a Igreja desde um mundo corrompido (ao qual o Concílio Vaticano II dá boas vindas e compreensão), degenerando em uma tempestade de sentimentos impuros, que já reinavam gordos nas nações e que hoje mostram, no clero católico, a ponta de um iceberg que vinha congelando há muito tempo.

Os agnósticos estudiosos dos fenômenos sociais já o viam nesse mundo tão louvado pelos padres conciliares, e a definição de desespero, de falta de esperança, era a chave que encontravam. “Se ao menos pudesse sentir algo!”, é a fórmula de Lipovetsky para expressar o que chama de “novo desespero”. E segue desvelando tal desespero como “um mal-estar difuso que tudo invade, um sentimento de vazio interior e de absurdidade da vida”. Agrega Christopher Lasch: “os indivíduos aspiram cada vez mais a um desapego emocional, em razão dos riscos de instabilidade que sofrem, atualmente, as relações pessoais”, o que define como “a fuga ante o sentimento”. Não escapa a esses autores nenhum dos fenômenos que essa personalidade traz consigo, acentuando o lugar que o “sexo” ocupa nesse homem desesperado. “A liberação sexual, o feminismo e a pornografia, apontam ao mesmo fim: levantar barreiras contra as emoções e deixar de lado as intensidades afetivas”: é a aparição do cool sex, das relações livres, a condenação dos ciúmes e da possessividade, “trata-se de fato de esfriar o sexo”, “não somente para proteger-se das decepções, mas também para proteger-se dos próprios impulsos que ameaçam o equilíbrio interior”. O homossexualismo é a realização total desse desprendimento de compromisso afetivo, é em si mesma e conaturalmente uma relação sem futuro possível e até com um enorme dose de desilusão (ou melhor, repugnância) imediata ao ato de prazer, que apenas uma grande intervenção artificial das ciências (medicina, direito positivo, publicidade) consegue ocultar de seu decurso desagradável. “Uma temporada no inferno”, descreverá Rimbaud e “De profundis”, Oscar Wilde. Verlaine sangrará poemas de arrependimento no limite do desespero. Entendemos que como em Judas, possa, para aprofundar a tragédia, coexistir um fio de Fé com o desespero, mas a única explicação para que homens da Igreja amparem – e, por isso, promovam – tal abismo de amargura existencial é produto de eles mesmos sofrerem a mesma deformação por perda das virtudes teologais. E o que expressam é autocompaixão. Continuar lendo

OPUS SEM ALIADOS, ROMA, E O LEITE DERRAMADO

opus dei

Fonte: Infovaticana

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Já está claro dentro do Opus Dei. Tão claro, que o próprio prelado manda, a seus fiéis, cartas com mensagens cifradas: venha o que vier de Roma, seguirão fazendo o que lhes der gana. Traduzido à linguagem curial, soa piedoso: “Nada muda no espírito, nas normas de piedade e nos costumes de família”. Mas quem sabe ler entrelinhas entende a mensagem: aconteça o que acontecer no Vaticano, continuaremos sendo os mesmos. O que, no fundo, equivale a dizer que farão o que lhes der na telha.

A ironia é que tudo o que acontece agora – a iminente mutilação jurídica, a perda de poder interno, a indiferença de Roma – é o preço de décadas de docilidade, de prudência malcompreendida, de confundir fidelidade com submissão e fé com comodidade [nota do editor: e de achar que o Papa Francisco gostava de bajuladores]. O Opus Dei prestou, talvez sem saber, um serviço monumental ao progressismo eclesial: o de anestesiar boa parte dos católicos fiéis em uma obediência sem alma, em uma espiritualidade burguesa, em um cristianismo burocrático, perfeitamente domesticado. Continuar lendo

VÍDEO/CURSO 2: NOVO ESPÍRITO DO PAPADO – POR D. LOURENÇO FLEICHMAN

Segunda aula do Curso sobre a crise na Igreja – Com João XXIII um novo espírito aparece nos papas – O papel de cada papa do concílio na obra de destruição da Tradição católica.

Para acessá-la, CLIQUE AQUI.

FOLHEANDO UM LIVRO DE 60 ANOS ATRÁS

A Declaração do Vaticano II sobre Liberdade Religiosa está em continuidade com o Magistério anterior? Eis a opinião de um teólogo favorável à época do Concílio. 

Fonte: Lettre à nos Frères Prêtres, n°107 – Tradução: Dominus Est

O Pe. Guy de Broglie (1889-1983) foi um sacerdote da Companhia de Jesus, autodeclarado discípulo de Santo Tomás e professor de teologia no Instituto Católico de Paris e na Universidade Gregoriana de Roma. Em 1964 e 1965, quando se discutia a Declaração do Concílio Vaticano II sobre a Liberdade Religiosa (promulgada em 7 de dezembro de 1965), ele publicou duas obras sobre o assunto, das quais se mostra um fervoroso defensor. É, portanto, ainda mais interessante reler, 60 anos depois, algumas passagens de sua segunda obra, intitulada Questões cristãs sobre a liberdade religiosa (1). Continuar lendo

CONTRADIÇÕES MÚLTIPLAS

Um católico não tem saída: ou ele aceita o que a Igreja sempre ensinou e rejeita as novidades contrárias, ou aceita as novidades e rejeita o Magistério da Igreja.

Fonte: Courrier de Rome nº 689 – Tradução: Dominus Est

Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. Em outras palavras, se uma proposição é verdadeira, então a proposição contraria é necessariamente falsa, e vice-versa. Isso é evidente. Se uma pessoa nega tal princípio, então ela afirma algo, a saber, que esse princípio é falso. Mas ao afirmar isso, ela rejeita a proposição contrária, ou seja, que esse princípio não é falso. Ela admite, portanto, que é impossível ser e não ser ao mesmo tempo (1).

É em virtude desse princípio que todo católico é capaz de rejeitar certas proposições que contrariam o que é ensinado pelo Magistério da Igreja. Ora, acontece que, desde o Concílio Vaticano II, vemos contradições entre o que a Igreja sempre ensinou como pertencente à doutrina católica e o que os homens da Igreja ensinam hoje. Acabaremos por ter de negar o princípio da não contradição?

Aqui estão seis contradições. Continuar lendo

“NÓS O INCITAREMOS AO CISMA!”

Tal como a Revolução, o pós-Concílio redefine o bom cidadão da Igreja.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Em um testemunho publicado em 2009, pouco antes da sua morte, D. Jacques Masson(1) (1937–2010) relatou que o seu bispo, D. Jacques Ménager, furioso com a sua colaboração à obra de D. Lefebvre, exclamou durante uma entrevista acalorada com ele em 1971: “D. Lefebvre é um integrista, fez de tudo para sabotar o Concílio. Diz que é fiel ao Papa, mas desobedece a Paulo VI: recusa-se a celebrar a missa nova. Pois bem! Veremos até onde irá a sua fidelidade ao Papa: faremos com que o Papa Paulo VI proíba a Missa de São Pio V: ou ele obedecerá ao Papa celebrando a missa nova, ou nós o incitaremos ao cisma(2)!

D. Ménager foi bispo auxiliar de Versalhes, bispo de Meaux, depois arcebispo de Reims, presidente da Comissão Francesa “Justiça e Paz” (!) do episcopado francês quando esta foi criada em 1967.

O episódio tem o mérito de mostrar que quanto mais se prega a abertura e o diálogo, mais se abrem as hostilidades. Continuar lendo

OS TRADICIONALISTAS SÃO JANSENISTAS: UMA ACUSAÇÃO ERRÔNEA – PARTE 2/2

A primeira parte desta série de artigos (clique aqui para lê-la) lançou um olhar crítico sobre certas distorções do catolicismo tradicional encontradas no polêmico artigo de Josh Blanchard e Rick Yoder, “A Rival Magisterium“. Especificamente, argumentau-se que acusar os tradicionalistas de serem “jansenistas“, embora seja um tropo de longa data, carece de mérito. Este artigo aborda a acusação mais séria feita por Blanchard e Yoder, a saber, que, assim como os jansenistas de antigamente, os católicos tradicionalistas construíram seu próprio magistério paralelo — ou melhor, rival — desafiando a autoridade do magistério da Igreja.

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Uma distinção necessária

Embora haja divergências entre alguns católicos tradicionalistas quanto ao status exato do Concílio Vaticano II e à ortodoxia doutrinária de diversos documentos de ensino que emanaram da Igreja nas últimas seis décadas, a Fraternidade São Pio X (FSSPX) tem consistentemente chamado a atenção para os pontos em que esses pronunciamentos se desviam do depósito da fé. A liberdade religiosa, a colegialidade e o ecumenismo – todos os ensinamentos do Concílio Vaticano II — foram cuidadosamente examinados pela Fraternidade e por outros tradicionalistas. Essa postura crítica, que sempre foi adotada em defesa da fé católica, não equivale à construção de um magistério rival dentro da Igreja. Ela é feita a serviço da Igreja, para lembrar aos fiéis o que ela professava claramente antes do advento do modernismo.

Não é de surpreender, portanto, que Blanchard e Yoder dediquem uma parte significativa de sua atenção à Fraternidade, incluindo seu fundador, D. Marcel Lefebvre. Recordando a famosa “Declaração de 1974” do Arcebispo, a dupla aparentemente enxerga um espírito jansenista nessa declaração — antes de confessar que essa proclamação de fidelidade à Tradição Católica, na verdade, nada tem a ver com o jansenismo propriamente dito.  Continuar lendo

OS TRADICIONALISTAS SÃO JANSENISTAS: UMA ACUSAÇÃO ERRÔNEA – PARTE 1/2

Acusar católicos tradicionalistas de serem “jansenistas” é um tropo desgastado que persiste há décadas. Essa acusação mal formulada geralmente não tem nada a ver com os enigmáticos debates sobre graça e predestinação que definiram o jansenismo histórico do século XVII. Em vez disso, o “jansenismo” é usado como sinônimo pejorativo de rigorismo estéril, frieza espiritual e desobediência eclesiástica. Embora avanços significativos tenham sido feitos nos últimos anos para esclarecer a real história do jansenismo e dos movimentos adjacentes que ele inspirou, é irônico que dois acadêmicos que tem procurado atualizar a compreensão pública sobre o jansenismo tenham voltado a comparar os tradicionalistas católicos a esse movimento condenado pelo Papa.

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Dois jovens acadêmicos renovam uma antiga acusação

Em um artigo que é, ao mesmo tempo, informativo e frustrante, “A Rival Magisterium” (Commonweal), os estudiosos jansenistas Shaun Blanchard e Richard T. Yoder se propuseram a explicar  “o que os tradicionalistas de hoje têm em comum com os jansenistas”. Blanchard, por sua vez, é o autor de The Synod of Pistoia and Vatican II: Jansenism and the Struggle for Catholic Reform – Jansenismo e a luta pela reforma católica (Oxford University Press 2020). Pistoia, que foi um sínodo diocesano italiano de 1786, foi condenado pelo Papa Pio VI em 1794 por emitir uma série de decretos que, entre outras coisas, buscavam introduzir o vernáculo na liturgia, limitar o calendário de santos e abolir todas as ordens monásticas, exceto as que seguiam a Regra de São Bento. Blanchard argumenta que Pistoia não foi apenas um precursor do Concílio Vaticano II, mas uma espécie de “ponto culminante” da incorporação de certas reformas jansenistas na vida da Igreja.

Yoder, juntamente com Blanchard, também foi curador de Jansenism: An International Anthology (Catholic University of America Press, 2024). Essa coletânea de textos jansenistas (ou relacionados ao jansenismo) abrange cerca de 150 anos de história da Igreja, abrangendo geograficamente desde o Vallée de Chevreuse, a sudoeste de Paris, na França, até Beirute, no Líbano. Ele também contém uma extensa introdução sobre a história do jansenismo feita pela dupla, que é amplamente repetida de forma condensada em sua polêmica contra o catolicismo tradicional. Embora não seja possível recapitular essa história aqui, é suficiente dizer que Blanchard e Yoder prestaram um serviço à erudição histórica ao traçar o jansenismo (nomeado assim em homenagem ao bispo Cornelius Jansen – um bispo e teólogo cujo controverso Tomo sobre o pensamento de Santo Agostinho ajudou a engendrar o movimento) de uma disputa sobre graça e predestinação a uma série de disparates, mas conectados, que questionaram o alcance da autoridade papal; a natureza do governo da Igreja; a estrutura e o serviço da liturgia; práticas devocionais populares; e certas vertentes da teologia moral e da práxis. Por fim, sua obra se soma ao pequeno, mas crescente, corpus da literatura anglófona que vê certas vertentes do jansenismo prenunciando a Nouvelle Théologie do século XX e as reformas do Vaticano II. Continuar lendo

ESPECIAL DOS ESPECIAIS DO BLOG: COMBO REFUTAÇÕES GERAIS

Sites oficiais da FSSPX em Portugal | Distrito de Espanha e Portugal

Em mais uma Operação Memória de nosso Blog, listamos aqui uma série de Especiais e alguns textos variados que estamos publicando já há vários anos.

Como os ataques à FSSPX aqui no Brasil se intensificaram nos últimos tempos, por pessoas que claramente não sabem praticamente nada sobre os assuntos relacionados a ela, nada melhor que disponibilizarmos alguns estudos sobre os mais diversos temas “da moda”.

Para quem ainda não sabe, tais ataques são de assuntos “requentados“, “batidos”, já usados pelo conservadorismo de certos Institutos europeus e já refutados pelos Padres da FSSPX dos Distritos  de lá.

De tempos em tempos a onda passa por aqui. Anos atrás foram uns dois sites conciliares famosos no meio modernista que passaram a atacar D. Lefebvre e a FSSPX. O efeito foi contrário, a Fraternidade recebeu um número ainda maior de pessoas.

Hoje, por aqui, repetem-se as mesmíssimas coisas, porém com “ares de novidade”, como algo “descoberto e nunca falado”, como algo “acusatório, incriminatório e sem escapatória“.

Uau!!

De certa forma, os doutos brasileiros atuais estão um pouco atrasados nessa empreitada.

Prezados amigos, leitores e benfeitores, os padres da FSSPX no Brasil não tem tempo para discussões, ainda mais para assuntos já batidos. Nossos poucos padres têm como prioridades no apostolado: a oração, a Missa, a confissão, os Retiros, a Formação e salvação das almas de seu rebanho. Assim, aproveitem as leituras daqui mesmo do Dominus Est, para não caírem nas trapaças de continuístas e afins que não se importam em se expor à vergonha, de rifar toda a credibilidade que supostamente tem, para assim tentar salvar alguma coisa daquilo que recentemente perderam (entendedores sabem o que há por trás de tudo isso). 

Como pedido pelo Pe. Mouroux no BOLETIM DE SETEMBRO, rezemos por eles.

Rezemos mesmo, porque está sendo muito fácil se exporem ao ridículo, falhando em premissas básicas, mas posando de gurus das supostas novidades.

Aproveitem….

ESPECIAIS DO BLOG: OBEDIÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA

ESPECIAIS DO BLOG: A MISSA NOVA

ESPECIAIS DO BLOG: ALGUMAS RESPOSTAS A ARGUMENTOS CONSERVADORES

ESPECIAL DO BLOG: VATICANO II

ESPECIAIS DO BLOG: BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO

ESPECIAIS DO BLOG: AS SAGRAÇÕES NA FSSPX

ESPECIAIS DO BLOG: PAPAS JOÃO PAULO II, PAULO VI E JOÃO XXIII

ESPECIAIS DO BLOG: A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA

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BREVE CRÔNICA DA OCUPAÇÃO NEO-MODERNISTA NA IGREJA CATÓLICA

CISMÁTICOS E HEREGES? PELO PE. JEAN MICHEL GLEIZE, FSSPX – PARTE 1/2

CISMÁTICOS E HEREGES? PELO PE. JEAN MICHEL GLEIZE, FSSPX – PARTE 2/2

AUSÊNCIA DE REGULARIDADE CANÔNICA? – PELO PE. JEAN-MICHEL GLEIZE, FSSPX

D. LEFEBVRE, CAUSA DA CRISE NA IGREJA? – PELO PE. JEAN-MICHEL GLEIZE, FSSPX

SEJAM RACIONAIS: TORNEM-SE PROTESTANTES!

A JURISDIÇÃO DE SUPLÊNCIA

O ESTADO DE NECESSIDADE

A LEGITIMIDADE E OS ESTATUTOS DE NOSSOS TRIBUNAIS

DO LIBERALISMO A APOSTASIA

OS TRADICIONALISTAS SÃO JANSENISTAS? – PARTE 1

OS TRADICIONALISTAS SÃO JANSENISTAS? – PARTE 2

CISMÁTICOS E HEREGES? PELO PE. JEAN MICHEL GLEIZE, FSSPX – PARTE 2/2

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Para acessar a Parte 1, CLIQUE AQUI

Tradivacantismo?

I – Da obediência bem compreendida

1. A obediência — fosse ela devida ao Vigário de Cristo — é uma virtude moral, parte da justiça, e, como tal, situa-se em um justo meio (14). Com efeito, a virtude moral está no princípio de uma ação propriamente humana, realizada de acordo com toda a perfeição exigida, perfeição de um ser dotado de razão – e sabemos que “a razão perfeita foge de todos os extremos”. A obediência ocupa, portanto, o equilíbrio, diz o Aquinate, “entre o excesso e a falta”. Seu objeto é nada mais nada menos do que o preceito (ou mandamento) legítimo de um superior humano(15). Esse preceito exige a obediência como algo que lhe é devido – e a obediência cumpre, a partir de então, uma obra de justiça – na medida exata em que é legítimo, ou seja, na medida exata em que é a expressão do governo de Deus, que governa as criaturas inferiores não imediatamente por Si mesmo, mas por intermédio das criaturas superiores(16). Assim que o preceito deixa de ser a expressão exata desse governo divino, a obediência cessa, por falta de objeto. Exigir ou impor a submissão da vontade a tal preceito constituiria, então, uma atitude viciosa, oposta, por excesso, ao bem da verdadeira obediência.

2. A obediência bem compreendida, a obediência virtuosa, exclui, portanto, por si mesma, como escreve o Pe. Hilaire Vernier(17), “a submissão aos abusos de poder”, ainda que proviessem da hierarquia eclesiástica. Abusos de poder que, como explica Santo Tomás, podem ocorrer de duas maneiras(18). Primeiro, quando o preceito de um superior humano contradiz um preceito de um superior de ordem mais elevada, por exemplo, quando o comando do homem contradiz o de Deus: assim, não há obediência possível em relação a um governo que legitimasse atos contrários à lei divina natural do Decálogo, por exemplo, a eutanásia ou o aborto. Segundo, quando o preceito do superior humano aborda um domínio que não lhe pertence, pois atentaria à esfera privada e a autonomia física ou moral do indivíduo: assim, não há obediência possível em relação a um governo que pretendesse impor às famílias um limite de nascimentos a um número específico de filhos, ou o controle de sua vida privada pela instalação de câmeras em suas casas (incluindo nos banheiros). Aqui, Santo Tomás recorre, com Sêneca, à autoridade do senso comum: “Errat si quis existimat servitutem in totum hominem descendere – Seria um erro querer fazer com que o peso de sua autoridade recaísse sobre o homem todo”, sobre todos os domínios e todas as áreas da vida do indivíduo. Continuar lendo

CISMÁTICOS E HEREGES? PELO PE. JEAN MICHEL GLEIZE, FSSPX – PARTE 1/2

Surpreendente efeito colateral da Traditionis Custodes: alguns continuístas brasileiros o site Claves, da Fraternidade São Pedro, parece estar tomado por um novo zelo antilefebvrista. Sob risco de “tradivacantismo”?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Cismáticos e hereges? Uma acusação contra a Fraternidade São Pio X

I – Atestado de procedência

1. A certidão de nascimento da Fraternidade São Pedro – e, de modo geral, das comunidades do chamado “movimento tradicional”– está registrada no Motu Proprio Ecclesia Dei afflicta,de 2 de julho de 1988, que declara o cisma de D. Lefebvre e o condena por ter criado “uma noção incompleta e contraditória da Tradição”(1), por ter se recusado a reconhecer “a continuidade do Concílio Vaticano II com a Tradição”(2). Logo, as ditas comunidades estão congenitamente destinadas a denunciar o mesmo suposto cisma e a condenar a mesma noção supostamente incompleta e contraditória da Tradição. Elas estão destinadas a isso de forma inerente, em razão de sua própria fundação, sob pena de deixarem de ser o que são, e enquanto se reivindicarem como resultado das medidas tomadas por João Paulo II no Motu Proprio que lhes deu o nome. Outrossim, também estão destinadas, de forma igualmente inerente, a “evidenciar a continuidade do Concílio com a Tradição”(3).

II – Um predeterminismo teológico?

2. Portanto, não é de se surpreender que, nesses últimos tempos, o site “Claves” da Fraternidade São Pedro tenha se empenhado em denunciar uma suposta falta de eclesialidade na Fraternidade São Pio X. Nos últimos tempos, ou seja, há quase três anos, após a publicação do Motu Próprio Traditionis custodes. A manutenção dos privilégios concedidos por João Paulo II exigiria um renovado protesto de não-lefebvrismo? De qualquer forma, vemos que o Pe. de Blignières se esforçou para demonstrar que o episcopado dos bispos da Fraternidade não era católico, insistindo na acusação de cisma(4). E eis que, no verão passado(5), o Pe. Hilaire Vernier, da Fraternidade São Pedro, pretende denunciar, por sua vez, “o impasse do sedevacantismo”, com uma crítica implícita dirigida à Fraternidade São Pio X. A conclusão do artigo assume a franca aparência de um clichê: a atitude de Dom Lefebvre e seus sucessores, implicitamente estigmatizada como um “sedevacantismo oculto, teórico ou prático”,levaria, inevitavelmente, a “um verdadeiro eclesiovacantismo”. De fato, “não é apenas a sé de Pedro que estaria vaga há mais de 50 anos, mas é a Igreja Católica que teria deixado de ser o que essencialmente é desde sua fundação!” Um clichê, no sentido de que a violência exagerada da expressão mal esconde a inconsistência dos argumentos que pretendem sustentá-la. Antes de avaliar sua consistência, comecemos – e esse será o objetivo do presente artigo – examinando os argumentos por si mesmos. Continuar lendo

SAGRAÇÕES EPISCOPAIS NA FSSPX? APRENDENDO COM O PASSADO

Com as especulações atuais sobre se, e quando, a FSSPX irá sagrar novos bispos, todos podemos concordar em uma coisa: são necessárias.

Fonte: Rorate Caeli – Tradução: Dominus Est

Uma característica extraordinária da história da Fraternidade São Pio X é que, sempre que há algum contato com Roma, um grupo de padres e leigos nas capelas se revolta e a abandona. Ofendidinhos, eles fogem irritados e acusam os que ficaram de “trair” o legado de D. Lefebvre. Todos os grandes acontecimentos na Fraternidade nos últimos 50 anos são, em certo grau, resultado de conflitos internos, seguidos pelo êxodo. 

As sagrações episcopais em junho de 1988 foram um choque terrível para muitas pessoas que, até então, alegremente apoiavam a Fraternidade. Para aqueles que gostavam da solenidade, as sagrações foram choque brutal com a realidade. Nossa pequena congregação em uma igreja anglicana abandonada em Bath, no Reino Unido, viu-se subitamente reduzida pela metade. Ao observar os remanescentes no primeiro domingo de julho de 1988, com muitos rostos familiares desaparecidos e que nunca mais seriam vistos, foi minha mãe quem me sussurrou de sua cadeira de rodas: “os que ficaram tomaram posição”. De repente, o Vaticano empunhou suas enferrujadas espadas de penalidades eclesiásticas, incluindo a excomunhão latae sententiae. Quem em sã consciência não correria para se proteger? A última excomunhão no Reino Unido havia sido em 1907.

Para os padres e leigos ligados à FSSPX, esses foram tempos assustadores, pois foram acusados ​​de heresia e cisma. Muitos bispos, abades e clérigos que, até o momento, haviam apoiado publicamente o Arcebispo, sumiram de cena ou se tornaram abertamente hostis. No fim das contas, pode-se argumentar que Deus permitiu esses eventos para afastar os obstáculos da Fraternidade. Dito de outro modo, todos aqueles que pensavam que poderiam ter as aparências da tradição católica e, ao mesmo tempo, a aprovação de Roma, foram enganados. O que restou foi um grupo mais enxuto, preparado e perseguido; fortificado para enfrentar o avanço da crise na Igreja Católica – embora, olhando para nossa própria congregação em Bath, poucos de nós estávamos preparados! Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR (AO PE. JOSÉ EDUARDO)– SETEMBRO/25

Priorado Padre Anchieta FSSPX-Brasil - YouTube

Caros fiéis,

Os padres da Fraternidade já têm trabalho suficiente para se envolver nas polêmicas que mais frequentemente surgem nas redes sociais. No entanto, às vezes é aconselhável reagir e impor limites a quem exagera.

Nos últimos meses, um padre de Osasco encheu-se de coragem para denunciar um dos maiores perigos da Igreja: abusos litúrgicos? Não! Imoralidade (nos seminários, por exemplo)? Não! Perda da fé? Não! O valente Padre José Eduardo embarcou em uma cruzada contra a Fraternidade (16 padres e aproximadamente 5.000 fiéis no Brasil). Nessa batalha, ele não arrisca nada, exceto uma promoção. O padre doutor rasga sua batina, revelando ao mundo inteiro uma realidade insuportável que abala os alicerces da Igreja: a Fraternidade não está em plena comunhão! A Fraternidade não obedece ao Papa! Incrível! Ele compartilhou suas valiosas descobertas com a Cúria Romana e a CNBB?

Todos os que lêem estas linhas testemunharam vários escândalos em suas paróquias; escândalos sistêmicos, não de poucos, perpetrados por pessoas “em plena comunhão” e que obedecem ao Papa, especialmente quando seu nome era Francisco e muito menos quando se chamava Bento.

O Padre José Eduardo conhece a Fraternidade, tendo conhecido seus padres, inclusive seu superior, Padre Pagliarani, na Itália e no Brasil. Ele foi bem recebido. No fundo, este Padre foi, talvez, um daqueles padres em cima do muro. Se defendem demais a Tradição, são punidos. Se não a defendem suficientemente, sua consciência os repreende. Conhecemos esses padres que sofrem, mas não têm a coragem ou a capacidade de se engajar mais na luta. Rezamos por eles e os acompanhamos da melhor maneira possível. Poucos ousam deixar um cargo bem remunerado como pároco ou vigário, com inúmeros benefícios. Eles merecem nossa admiração e apoio.

Mas nosso padre atingiu outro nível. Tendo perdido a decência do silêncio, ele agora uiva com os lobos. Na verdade, ele busca desacreditar o que, para ele, é uma reprovação. Sim, a Fraternidade é uma reprovação para os falsos conservadores que desesperadamente justificar seu liberalismo. Continuar lendo

TRADICIONALISTAS E CONSERVADORES

C. S. Lewis, Pentecostes e os dons do Espírito | Ultimatoonline | Editora Ultimato

Por Dardo J. Calderón

Fonte: Argentinidad – Tradução: Dominus Est

Do recente intercâmbio epistolar com D. Mário Caponnetto, surgiu a dúvida sobre o uso desses rótulos. Quem é tradicionalista e quem é conservador? A bronca que tomei me fez compreender que, bem ou mal, estou usando os termos em sentido denigrativo, já que em português claro, ser católico é ser tradicionalista, e ser conservador, no fundo, é não ser católico.

Aqueles que puramente nos acusam de “tradicionalistas” colocam-se no ponto que queremos. Declaram-se, com franqueza, que não são católicos, já que a tradição é a fonte essencial pela qual conhecemos a revelação, inclusive acima da Bíblia, que somente é interpretada pela tradição apostólica e pelo magistério tradicional da Igreja. Aqui não há rancor.

Publicamos, agora, um livro de Calderón Bouchet [1] que define, com bastante precisão, o que é o pensamento conservador e o aproxima com o pensamento cantante da Igreja Conciliar. Disso se segue que todos aqueles que querem salvar certa continuidade entre o pensamento do Concílio e a tradição caem, sem dúvidas, nos “pecados” do conservadorismo. Mas, em suma, o que é o conservadorismo? A chave do dilema está na frase do autor destacada pelo prólogo: “O conselho de Jesus: ‘Buscai o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo’, sofrerá nas mentes conservadoras uma transposição que invalida totalmente sua eficácia redentora. O conservador parece aconselhar que, para salvar os acréscimos, é conveniente buscar o Reino de Deus e sua justiça”. Continuar lendo

COM OU SEM MANDATO? SOBRE AS FUTURAS SAGRAÇÕES NA FSSPX

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome n° 687 – Tradução: Dominus Est

Esse artigo é uma continuação do UMA LEITURA CUIDADOSA? SOBRE AS FUTURAS SAGRAÇÕES NA FSSPX

1 – Direito Divino e Direito Eclesiástico

1. Em todos os textos em que Pio XII fala da sagração episcopal realizada sem mandato apostólico,(1) é tratado da sagração conferida com jurisdição. Ora, a sagração conferida com jurisdição só constitui uma violação ao direito divino quando é conferida sem mandato apostólico e contra a vontade do Papa. A passagem da Encíclica Ad Apostolorum Principisem que Pio XII caracteriza essa violação do direito divino utiliza a expressão “contra jus fasque“, que designa tanto o direito humano (“jus”)quanto o divino (“fas”). Aqui, mais uma vez, é importante ter uma compreensão bastante clara do que esses conceitos implicam.

2. O direito divino é o objeto da lei divina, imediatamente promulgada por Deus. É costume distinguir entre direito divino natural e direito divino positivo. O direito divino natural equivale à lei natural, isto é, a expressão da ordem moral estabelecida por Deus, autor da ordem natural por meio de sua criação, expressão presente para todos os homens. O direito divino positivo é o objeto de uma lei da qual Deus é o autor e que Ele promulgou por meio de sua Revelação sobrenatural (em oposição à lei divina natural). O direito eclesiástico é o objeto da lei humana promulgada pela Igreja para o bem comum de toda a sociedade eclesiástica e que obriga todos os fiéis batizados a partir dos 7 anos de idade.

3. Pode-se dizer que um poder é de direito divino ou de direito eclesiástico em três sentidos diferentes. Continuar lendo

UMA LEITURA CUIDADOSA? SOBRE AS FUTURAS SAGRAÇÕES NA FSSPX

As sagrações episcopais de 1988 por Lefebvre não criaram um cisma?

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome n° 687 – Tradução: Dominus Est

DA ENDOXA À CIÊNCIA.

1. A endoxa(1) equivale somente a uma probabilidade, que normalmente fornece a presunção necessária em favor da verdade declarada. O fato é que ela não passa, nem mais nem menos, de uma opinião seriamente fundamentada. Ela difere, como tal, da ciência, que sozinha pode fornecer uma verdadeira certeza. Essa certeza da ciência se baseia na evidência fornecida por argumentos verdadeiramente demonstrativos, que diferem, como tal, do simples sinal que advém da adesão quase unânime da grande maioria das pessoas à verdade em questão. Para ir além da endoxa, é necessário, portanto, recorrer a uma demonstração científica e, neste caso, em matéria teológica, esta nasce no argumento de autoridade que representa o ensinamento do Magistério.

2. A compreensão adequada disso requer certo domínio. E isso deve ser alcançado particularmente em uma matéria como a eclesiologia, cujos dados essenciais estão diretamente envolvidos na solução das graves dificuldades da atualidade. O autor do panfleto publicado na edição de 27 de março de 2025 do site da revista La Nef reconhece isso, afinal: “Alguns defensores da FSSPX sustentam que D. Lefebvre não cometeu um ato cismático, pois, de acordo com eles, a prerrogativa de escolher os bispos não seria uma prerrogativa que pertence ao Papa por direito divino, mas apenas por direito eclesiástico. No entanto, o direito eclesiástico pode reconhecer exceções em casos de estado de necessidade, o que permite a justificação das sagrações. O Pe. Gleize, teólogo oficial da FSSPX, resume bem essa posição em seus escritos. No entanto, ele reconhece que, se sagrar um bispo contra a vontade do Papa for proibido por direito divino, logo, as sagrações de 1988 seriam cismáticas. Portanto, essa é única premissa que deve ser examinada. E isso se dá por meio de uma leitura diligente do Magistério”. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: A MISSA NOVA

La nouvelle messe • LPL

Em mais uma “Operação Memória” de nosso blog, colocamos abaixo alguns textos/vídeos/estudos que publicamos sobre a missa nova:

O “SUBSISTIT IN” E A NOVA CONCEPÇÃO DE IGREJA

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

“A questão da Igreja e de sua constituição, as novas abordagens e perspectivas que o Concílio Vaticano II traz sobre a Igreja estão no centro de um debate teológico que nos leva a questionar a ortodoxia de vários de seus textos. Não se pode deixar de estudá-los se se quer compreender as questões de um debate cinquentenário, que não deve se perder nas falsas pistas de uma correta ou má recepção dos textos, que, na verdade, estariam em conformidade com a doutrina da Igreja Católica, de uma correta ou má interpretação ou hermenêutica desses mesmos textos, moldadas conforme as intenções de ruptura, que iriam além daquelas do magistério conciliar. O pressuposto de que os textos são necessariamente isentos de erros esterilizaria qualquer exame teológico sério.”

Assim, a novidade que a expressão “subsistit in” – que associa a Igreja de Cristo subsistindo na Igreja Católica – constitui para todos pode ser qualificada como estratégica. Ela é estratégica do ponto de vista do novo ecumenismo implementado e propagado pelos Papas conciliares e pós-conciliares.

Recordemos que o ecumenismo moderno busca em todas as religiões cristãs o menor denominador comum, a fim de recuperar a unidade perdida. Isso sempre foi condenado, até 1949, por Pio XII [1]. O ecumenismo, no sentido católico, busca renegar as comunidades cristãs dissidentes para integrar a única Igreja de Cristo, que é a Igreja Católica, única arca e fonte de salvação. Quanto ao diálogo inter-religioso, nascido do movimento e extensão do ecumenismo moderno, busca, por meio do debate aberto entre representantes de religiões não cristãs, promover a paz e o intercâmbio sobre os valores éticos, excluindo qualquer proselitismo [2]. Continuar lendo