A ROUPA MASCULINA FERE A DIGNIDADE DA MÃE ANTE OS OLHOS DE SUAS CRIANÇAS

Toda criança têm um instinto pelo sentido de dignidade e decoro de sua mãe. Uma análise da primeira crise interior das crianças, quando elas despertam para a vida ao seu redor, mesmo antes delas entrarem na adolescência, mostra o quanto vale para elas o sentido de suas mães. As crianças são sumamente sensíveis a esta idade. Os adultos geralmente deixaram isso de lado e não pensam mais sobre isso. Mas fazemos bem em recordar as demandas severas que as crianças instintivamente fazem a sua própria mãe, e a profundas e até terríveis reações que nelas se afloram pela observação dos seus maus comportamentos. Grande parte do futuro é traçada aqui – e não para melhor – nestes precoces dramas durante a infância.

A criança pode não saber a definição de exposição, de frivolidade ou infidelidade, mas possui um sentido instintivo que reconhece quando essas coisas acontecem, sofre com elas, e é amargamente ferida por elas em suas almas.

Vamos pensar seriamente em tudo o que foi dito até agora, mesmo que a aparência da mulher com roupas masculinas não faça surgir imediatamente tudo aquilo causado por uma grave imodéstia.

A mudança da psicologia feminina gera um dano crucial e, ao longo dos anos, torna-se irreparável à família, à fidelidade conjugal, às afeições e à sociedade humana. [9] É verdade que os resultados de se vestir roupas impróprias não podem ser vistos todos a curto prazo. Mas devemos pensar no que está sendo devagar e articuladamente destruído, despedaçado, pervertido. Continuar lendo

PARA QUE SERVEM AS ROUPAS?

a721d6dd2b4cd34bc1705c3cacca87a3Pelo Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

(o hábito não faz o monge, mas a casca protege o fruto)

A feminista brasileira Sara Winter, conhecida por sua militância pró-aborto, após ter dado à luz, publicou em 14/10/2015 na sua página do Facebook um texto com o título “Eu me arrependi de ter abortado e hoje peço perdão”. Eis um trecho do que ela escreveu:

Amanhã faz um mês que meu bebe nasceu e minha vida ganhou um novo sentido. Estou escrevendo isso enquanto ele dorme sereno no meu colo. É a melhor sensação do mundo.

Eu ensaiei este texto milhares de vezes durante meses na minha mente e talvez ele não saia tão brilhante como eu gostaria que saísse, mas o mais importante que gostaria de que chegasse a vocês é que, por favor, mulheres que estão desesperadas para abortar, pensem muito, eu me arrependi muito, não quero o mesmo destino pra vocês[1].

Além disso, Sara passou a criticar a ideologia de gênero, tão cara às suas colegas feministas. Em seu artigo “Meu filho é XY e sou muito feliz com isso”, de 17/10/2015, ela diz:

Algumas pessoas têm comentado aqui na page sobre o que eu acho da Teoria de gênero. Continuar lendo

O AUXÍLIO DE DEUS TODO PODEROSO, QUE UNIU OS ESPOSOS

familiacat“De fato, não é coisa fácil ser boa esposa. Acolher sempre amável e sorridente o esposo que entra em casa fatigado e aborrecido. Não se abandonar aos próprios caprichos e fantasia, mas fazer unicamente o que é razoável. Cuidar sempre dos filhos, com amor, mesmo se o menor é muito aborrecido, o segundo é turbulento e o terceiro é muito peralta. Sempre e com paciência praticar, entre eles, a justiça, ainda que o primogênito seja insuportável, questione dez vezes por dia com seus irmãos e irmãs. E ainda cuidar da cozinha, da casa, da limpeza, praticar a economia, e fazer a lavagem e os consertos, saber como se recebem e se fazem visitas…Sim, não é fácil ser uma boa esposa.

Mas não me queiram mal por isto, se constato o mesmo para a outra parte: “De fato, é difícil ser um bom esposo.” Ter sempre em primeiro plano as necessidades materiais da família apesar das dificuldades da vida atual. Novos vestidos que serão necessários, ou a pintura do quarto, ou ainda lições às crianças, ora isto, ora aquilo. Apesar das preocupações e dos cuidados do pão cotidiano, deve achar tempo para ser pai de família e não somente um empregado de escritório. Saber, ao mesmo tempo, fazer companhia à esposa e brincar com os filhos, sentindo o peso da vida, saber em casa pôr de lado todo o amargor e todo o nervosismo. Não se preocupar se o jantar estar um pouco atrasado, não discutir se o prato favorito não sai bom, suportar pacientemente os brinquedos barulhentos dos filhos…Sim, não é fácil ser um bom marido.

Se, contudo, isto não é fácil nem para o esposo e nem para a esposa, qual a conclusão? Garantir o auxílio de uma terceira pessoa – o auxílio de Deus todo Poderoso, que uniu os esposos. “

Casamento e Família – Mons. Tihamer Toth

MANTER SUA FILHA PURA É SUA RESPONSABILIDADE

modTraduzido por Andrea Patrícia

Quando se trata de meninas, os pais são um enigma. Eles são facilmente persuadidos por elas e pelo amor que elas demonstram ao seu pai. Há um conjunto estranho de sentimentos em relação a elas – e podem facilmente ser confundidos, pois eles não sabem se deveriam protegê-las ou deixá-las soltas.

O pai pode facilmente deixar boa parte da criação de sua filha com sua esposa – a mãe dela – e esperar que “uma vez que ela é uma mulher, ela sabe como lidar com uma mulher, então por que devo me envolver?”

E, no entanto, se um pai prefere não se envolver, pode ser que ele não faça um trabalho bom o suficiente para transmitir a sua perspectiva e fornecer a proteção devida.

Veja, é trabalho do pai ajudar a filha não apenas a saber como se vestir – e o que a roupa diz para os outros-, mas para ensinar-lhe o valor da pureza e ser o modelo do homem que ele quer que um dia a filha se case.

Pai como Exemplo

Eu sempre pensei que a mãe seria aquela que faria a maior parte do trabalho criando a filha. Eu imaginava as duas cozinhando juntas, e desfrutando de interesses mútuos. Eu esperava ensinar meus filhos a jogar bola, a consertar as coisas, e talvez a ter um blog. É estranho como nós colocamos nossos papéis em compartimentos! Continuar lendo

COMO EDUCAR OS FILHOS MEDROSOS

medoHá medos instintivos: como a galinha foge ao ver pela primeira vez a raposa, o homem recua diante do que lhe representa perigo. Quando o perigo é determinado e conhecido, o medo revigora o homem para a luta ou para a fuga. Quando, porém, a pessoa teme sem saber ao certo o que nem porque, não tendo para onde fugir, toma o tormentoso caminho da angústia.

É instintivamente que as crianças de dois meses estremecem com ruídos súbitos ou com uma luz mais viva que de repente se acende. E mais tarde choram em face de um desconhecido, correm de animais, recuam ante o fogo, gritam quando as suspendem bruscamente ou as giram, etc.

Medo ao desconhecido

Tudo o que é súbito, intenso ou desconhecido produz medo à criança. É por isso que seus terrores são tanto mais numerosos quanto maior é sua ignorância das coisas. Vejam como se apavora facilmente um pequenino de dois a quatro anos. À medida que ele for tomando conhecimento da vida, vai perdendo muitos medos, a menos que uma errada educação os agrave e multiplique.

Ensina-se o medo

A criança é extremamente sugestionável: aprende com facilidade o que vê e escuta.

Se vê a mãe subir à cadeira por causa de uma barata, o pai espavorido com o número 13, as irmãs apavoradas com o trovão, etc., é natural que tome as mesmas ridículas atitudes. Assim se explicam os idiotas pavores de escuro, máscaras, cor preta, soldado, velho mendigo, sangue, etc. Continuar lendo

SOIS CRISTÃ: TENDES, POIS, UMA FÉ QUE DEVE IRRADIAR

meninaveuEsplêndido é o vosso papel, com a condição, todavia, de não figurardes entre as “flores artificiais” , mas sim entre as verdadeiras florinhas de Deus. As flores artificiais apenas encantam os olhos, não têm nenhum perfume; não vivem, são inertes. Vós, sede flores bem vivas e espalhai em torno de vós o bom odor de Jesus Cristo.
Isso, aliás, é fácil para quem tem uma fé viva e compreende as obrigações que ela impõe. O título de cristã acrescenta à donzela o que a luz do dia acrescenta à flor: fá-la resplandecer. Tirai Deus do coração da donzela, e ela ainda será bela, mas de uma beleza toda profana; não terá essa candura, esse brilho particular, essa virtude que emana dela e que desarma o vício e a impiedade, clamando-lhe: Alto lá! Jesus está aqui! Em vez de levar ao bem, será ela singularmente pertubadora! Não tendo a Deus no coração, não pode comunicá-Lo! E no entanto, diz um grande orador, “a mulher deve dar a Deus a todos os que dela se aproximam“.

***

… E vós, “Filha de Deus”, haveriéis de cer que nada podeis fazer, e que não tendes de defender essa Religião que tão bem vos defendeu? Se ainda hoje o catolicismo precisa de vós, vós precisais dele!

O vosso papel não é ensinar, não é elevar vossa voz no meio do século, não! mas é fazer passar a verdade ao coração convertendo-a em amor.
Como diz Mons. Gerbet: Continuar lendo

5 COISAS QUE UM FILHO PRECISA OUVIR DO PAI

287028_largePor graça de Deus, eu sou o pai de quatro filhos fantásticos: três meninas e um menino. Assim como é maravilhoso ser o pai de filhas, é maravilhoso ser pai de um filho.

Em minha casa, Daniel Jr (4 anos de idade) e eu estamos a perder 4-2 com as raparigas, e por isso fizemos uma espécie de aliança para garantir que nem tudo fica pintado de cor-de- rosa, que vemos futebol com alguma regularidade, e que se vêem tantos filmes de super-heróis como filmes da Barbie.

Falando a sério, o trabalho de criar um filho é uma tarefa nobre e importante. Infelizmente, é um trabalho que muitos homens desleixam, abrindo caminho ao que agora se vê como uma crise de grandes proporções no nosso país: a crise da paternidade.

Quando tiver vagar veja as estatísticas e ficar a saber que uma percentagem muito elevada dos jovens que estão na prisão tiveram pouca ou nenhuma experiência de envolvimento com o pai. Na minha função pastoral, eu vi os efeitos devastadores da ausência do pai ou da sua falta de liderança na vida do filho.

Homens, ser pai para os filhos é um trabalho sério. Por isso, gostaria de apontar 5 coisas que todo filho precisa ouvir do pai: Continuar lendo

ENTRE LOBOS

Sabes, meu amigo, que coisa é não uivar com os lobos? Ora! Esta pergunta te espanta? No entanto, ela aponta o grande perigo que ameaça muitos jovens que têm, infelizmente, caráter fraco. Lembro-me a profunda impressão que me causou a história da covardia de Pilatos. “Não acho culpa nesse homem”, disse.

— Põe-te então no lado de Jesus acusado! Liberta-o! Defende-o contra o populacho! — Não, Pilatos não é capaz disso, porque lhe gritam ao ouvido que o acusarão diante de César. — Ah! junto a César? Então encerrarei minha carreira? — Pois que pereça Jesus, eu quero progredir!

Esta covarde falta de princípios repete-se na vida de tantos jovens… Eles gostam de sua religião e praticam-na, contanto que ninguém em sua presença pense diversamente. Pois, se alguém começar a zombar da religião, se um cabecinha de vento ridicularizar as coisas mais sagradas eles se retraem receosos, calam-se, envergonham-se: poderiam dirigir-lhes motejos, chamá-los de carola ou ingênuo… A princípio sorriem sem jeito, “para não ofender os de outra opinião”; com o tempo aceitam opiniões mais livres; por fim eles uivam com os lobos, isto é, por medo dos homens, renegam covardemente sua fé.

Bastava que refletissem um pouco: por amor a quem traíram a verdade? Pilatos fê-lo por causa do populacho; e eles? Por causa de uns tolinhos de cabeça oca.

Grandes idéias exigem mártires. É fácil filosofar em cômoda poltrona, junto à mesa posta ou à lareira confortável. Mas, a força de um ideal só se manifesta deveras quando em luta de vida e morte, quando a defesa dum princípio pede o sacrifício da riqueza, do bem estar, da família, da própria vida.

Bem podes orgulhar-te da fé católica, quando mais não o fizeres senão por ter proporcionado fortaleza a milhões de mártires, a fim de perseverarem mau grado as mais horríveis torturas. Continuar lendo

O DEVOTAMENTO AOS FILHOS, CONSOLIDAÇÃO DA HARMONIA CONJUGAL

Familia-numerosaPara viver em perfeita harmonia, os esposos devem partilhar os múltiplos cuidados relativos à saúde dos filhos, à formação de seu caráter, à sua educação moral e religiosa e a seu futuro social. Estes cuidados aumentam com o número dos filhos. Mas, muito longe de constituir um obstáculo para a intimidade conjugal, eles contribuem para consolidar e estreitar a união dos corações numa mesma vontade de dedicação.

Os filhos se tornam, assim, uma ocasião de alegria para os pais, e tanto mais profunda quanto mais os pais tiverem consciência de ter cooperado juntamente para a sua formação moral. Que alegrias podem ser comparadas às alegrias dos pais que assistem ao desenvolvimento de suas faculdades? Chegados à idade madura como não haveriam de amar-se mais ainda ao recordar os esforços e devotamentos comuns que tiveram como resultado a formação da personalidade da qual legitimamente se orgulham?

***

O número dos filhos, uma vez que estes sejam bem-educados, longe de ser uma ocasião de empobrecimento da sociedade familiar, quase sempre é a fonte de uma grande prosperidade. Se a família numerosa conhece anos difíceis enquanto os filhos forem demasiadamente jovens para o trabalho, ela entra numa fase de grande atividade produtora quando os filhos começam a revelar o valor de suas energias de trabalho acumuladas no decurso da infância laboriosa.

É um fato que o gosto pelo trabalho, o sentimento da dedicação e da atividade, a aptidão em se adaptar às dificuldades da vida geralmente são muito mais desenvolvidas no filho de uma família numerosa do que no filho único. Preparar o filho para as lutas da vida é fazê-lo partilhar dos cuidados e das dificuldades de uma família numerosa. Até mesmo as privações servem para modelar as vontades e os caracteres. Continuar lendo

TENHO CÁ AS MINHAS IDEIAS

abcUma das características da adolescência, dos 14 aos 18 anos, é o desejo desenfreado de individualismo. “Ninguém me dê ordens! A mim não agrada o que eu mesmo não concebi!”

Estes não são incrédulos, mas apenas doentes, com febre. Muitos jovens são atacados da febre, nesse período da vida, pois que não querem trilhar um caminho já palmilhado por outros, nem que fosse o próprio Salvador. Elaboram princípios, cada qual mais errado, só para não admitirem o que outros já aceitaram antes. Mais tarde, após alguns anos, já mais ajuizados e calmos, reconhecem que o caminho que leva a Jesus Cristo — muito embora milhões o tenham já trilhado — é a única via, sempre nova, fortalecedora, e que vale a pena ir por ela.

Cuidado, ó meu jovem! Nesses anos, não te tornes infiel à tua fé, só porque não foste tu quem a fez! Lembra-te que antes de ti houve espíritos insignes, que se ocuparam detidamente com as questões da vida, e se eles se submeteram humildemente à doutrina da fé católica, a fidelidade à fé em nada prejudicará tua independência.

Bem sei das dificuldades de compreender essa verdade para um moço, que considera questão de honra, ter uma interpretação individual do mundo, por meio de excertos tirados de obras filosóficas mal digeridas e de hipóteses científicas não comprovadas. A indiferença religiosa e a libertinagem facilmente disfarçadas com um pouco de verniz científico. O mundo em sua leviandade e perversão, chama “espirituoso” e “esclarecido” ao jovem que olha com desprezo sua fé, enquanto que alcunha de fanático quem a ela permanece fiel.

Se refletires um instante, perceberás logo a falsidade desse critério. A respeito disso, vou falar-te com toda a clareza. Em tua adolescência pode acontecer que sobrevenham dúvidas angustiantes acerca desta ou daquela verdade religiosa: “Nas aulas de religião aprendemos isto ou aquilo; e contudo, segundo os mais recentes resultados da ciência, isto ou aquilo não está certo!” Ou, pode suceder ainda que consideres como “antiquadas” ou “demasiadamente severas” algumas prescrições da Igreja. E ainda pode ser que, por causa de teus horizontes cada vez mais vastos, notes muitas faltas e fraquezas humanas, também nas instituições da Igreja. Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA GULOSA

gulosaEm face de crescimento, exigem as crianças maior quantidade de alimentos do que os adultos.

Na infância, ficará sempre um gosto de comer, um apetite, uma capacidade, que talvez nos pareçam excessivos, mas serão próprios da idade. Raras são as crianças de apetite discreto.

Compreende-se que não saibam regular ainda os apetites, como não sabem conter-se nem avaliar as conseqüências de seus excessos. Os pais é que lhes devem ditar as regras, servir o necessário, impôr-lhes os limites do razoável, poupar-lhes os riscos das demasias.

Tipos de gulosos

Há crianças mais desmarcadas. Estão sempre dispostas a comer, e a comer muito, se as deixarem. São vorazes, comem muito e de tudo.

Refinados: gostam de pratos finos e bem apresentados. São mais raros.

Açucarados: loucos por doces e sobremesas, mais do que em geral todas as crianças.

Afetivos: tendem para determinados alimentos e para quem lhos oferece: os pais, padrinhos, avós e tios facilmente o percebem, e “subornam” a criança, “comprando-lhe” a amizade por bombons e carinhos…

Causas

Não há explicação cabal para o procedimento dessas crianças que assim o são por natureza. São simplesmente “gulosas”, como seriam surdas ou cegas, se tais tivesses nascido. Continuar lendo

CUIDADOS QUE RECLAMAM A VIDA E A SAÚDE DA CRIANÇA

Não ameis só com a boca e com as palavras, diz o Espírito Santo, mas amai com as obras e com a verdade. Deus não ordena só à mãe cristã um amor de afeição e de puro sentimento, para com os seus filhos, mas também uma dedicação eficaz e generosa, que tanto tome cuidado do corpo, como da alma. Seria estéril e vã a ternura da mãe, que não desse a seus filhos os cuidados corporais e espirituais que trataremos de expor, no decurso desta obra.

Os primeiros cuidados corporais que a mãe deve a seus filhos têm por objeto a vida e a saúde destes tenros seres, cujo desenvolvimento físico Deus lhes manda vigiar. A solicitude da mulher, pela saúde e pela vida de seu filho, deve começar desde o instante em que começa a ser mãe. É para ela um dever rigoroso evitar tudo o que poderia prejudicar o fruto que traz no seio, pela benção do Céu. Durante o tempo de gravidez e sobretudo durante o segundo e terceiro mês, segundo afirmam os médicos, a vida da criança é mais frágil, e seria da parte duma mulher uma culpável imprudência levar carretos pesados, ou entregar-se a graves excessos de intemperança, a trabalhos muito puníveis, a violentos excessos de cólera, a longos e amargos pesares. 

Quantas crianças nascem disformes, por culpa de sua mãe, e quantas morrem antes de nascer, sendo ao mesmo tempo privadas da vida do corpo e da alma. Desgraça irreparável que uma mulher deve prever e prevenir, pela mais atenta vigilância. Se semelhante desgraça acontecesse por sua culpa, seria para encher a sua vida de tristeza e de remorso. «Também com que respeito religioso traz uma mulher cristã no seu seio, como num santuário abençoado por Deus, a graça que dele recebeu. Com que inefável solicitude ela pensa nesse fraco corpo, que faz parte do seu próprio! Que santa gravidade, que reserva, que sossego de todas as paixões, a fim de que a vida da criança se forme sem abalo, na profunda paz duma alma tranquila, e para que assim esteja predisposta, tanto quanto possível, para costumes pacíficos e virtuosos!»[1] Continuar lendo

MODA: UMA TRAMA DIABÓLICA

Porém há “a moda“! dir-se-á. E, quando se pronuncia esta palavra, diz-se tudo.

A moda é uma deusa, uma divindade à qual se sacrifica tudo! Por ela a pessoa torna-se escrava de um costureiro de fama; por ela, sacrifica os seus gostos, e veste-se de maneira excêntrica; por ela, vestidos luxuosos, berrantes, arriscados, extravagantes em excesso; por ela não cora de se parecer com as “virgens loucas”; por ela fecham-se os ouvidos aos avisos que nos vêm da Igreja, autoridade a mais sagrada que há na terra. Por ela, pra “seguir a moda”, que é que se não faz?

A invasão desses vestuários indecentes tornou-se tão grande, que os Bispos se viram obrigados a publicar contra aquelas que não se pejam de arrastá-los até o templo de Deus…. até o confessionário… até a Mesa santa… punições que deveriam fazer tremer uma cristã… mas que não bastam para corrigi-la disso!

No seu número de 15 de outubro de 1924, a “Revue des objections” publicou uma série de instruções do Cônego Coubé sobre está questão mais do que nunca na ordem do dia. Citamos algumas passagens dela:

Depois da guerra, um vento de loucura tem feito virar muitas cabeças. Não creio que nas épocas mais depudoradas do paganismo antigo se tenha ido jamais tão longe na libertinagem do vestir. E me pergunto se as mulheres mais desmoralizadas de Roma e de Babilônia não tinham mais recato, ao menos em público, do que certas cristãs dos nossos dias.”

A rainha Vasthi, esposa de Assuero, que preferiu renunciar ao trono a renunciar à modéstia e ao pudor no seu afeite régio, certamente faria pena acertas emancipadas do nosso tempo e passaria aos olhos delas por uma pequena ‘otária’.” Continuar lendo

NÃO POSSO SER SANTO

tothMuitos jovens têm arrepios ao ouvirem falar dos santos do cristianismo, principalmente quando lhes são propostos como modelos.

“Querem que também eu seja um santo?! Não! Não! Não quero! E muitos se assustam só em pensar nisso.

Mas que é a santidade, e quem é chamado santo? Santidade é possuir um caráter nobre que visa fins elevados. Santidade não é fuga do munido, senão triunfo sobre o mundo. Santidade é a energia de alma levada ao infinito. Santidade é a avaliação exata dos valores da vida. Os santos são heróis: heróis da liberdade de alma.

Que é que não pertence à essência da Santidade? Retrair-se furtivamente, inclinar a cabeça para o lado, revirar os olhos, entregar-se à tristeza, à melancolia, à indolência, ao extermínio de nobres aspirações naturais, enfim nada do que tanto amedronta, ao ouvir a palavra “santo”, é necessário para ser santo.

Que é pois o santo? Um herói! O herói da vitória sobre si mesmo! Um sublime e aliciante modelo daquilo que a vontade humana é capaz de realizar. O selo da inabalável fé na insigne predestinação da humanidade. O exemplo da magna vitória sobre o eu, exemplo que comunicou entusiasmo e vida a vários séculos. Santo é aquele que desenvolve, com consequências heróicas, o que possui de nobre, para que a imagem do Salvador se torne uma obra prima na sua alma. Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA QUE MEXE NO ALHEIO – PARTE 2

Outras causas

A esses conflitos afetivos prendem-se os furtos por inveja e ciúme, e principalmente por vingança: crianças que querem privar os pais de objetos que lhe são úteis ou queridos, ou querem desgostá-los, sabendo o desagrado que lhes causam seus furtos. Então, procuram, às vezes, inutilizar os objetos furtados, com evidente desejo de vingar-se.

Relacionemos igualmente aqui o chamado furto generoso ou altruístico, que se encontra também nos adultos, mas que na criança representa mais freqüentemente a compensação pela falta de afeto: ela, com presentes, procura entre colegas, a estima que julga lhe negarem seus pais e mestres. Alguns o praticam por vaidade, ou também compensando-se de uma situação de inferioridade.

Por sugestão

Depois dos conflitos íntimos, creio que a causa mais constante dos furtos infantis é a sugestão. O ambiente é contagioso. Raríssimos, em toda a humanidade, lhe escapam ao influxo. Mais que os adultos, cedem facilmente as crianças à força do exemplo, das palavras, da vida doméstica. Desgraçadas daquelas que não têm no lar sadia atmosfera moral.

Se não é muito alto o padrão de honestidade dos pais, instala-se nos filhos uma deformação que só a muito custo se corrigirá. Raros mandarão, expressamente, os filhos roubarem; muitos, porém, o farão de outras maneiras: Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA QUE MEXE NO ALHEIO – PARTE 1

De todas as faltas infantis é talvez o furto a que mais profunda e desagradável impressão produz aos pais.

Atribuindo-lhe uma importância moral que ela não pode ter, exageram-lhe o aspecto social, temendo a vergonha que se abaterá sobre toda a família, manchada pela presença de um “ladrão”. Descarregam, então, sobre a pobre criança os mais severos castigos – os quais, digamo-lo quanto antes, em lugar de remediar, agravam a situação, inclinando mais fortemente ao furto e complicando-o com mentiras e astúcias.

Alguns, ao lado disso, tratam de escondê-lo, quando o mal demanda medidas pedagógicas e médicas, e não silêncio e esconderijo.

A criança que furta merece especiais e imediatos cuidados. Não que ela seja um ladrão, que tenha a noção da propriedade alheia e as consciência moral de que a está violando, não! Esta é uma atitude adulta, aos poucos adquirida e consolidada. Mas porque o furto infantil é indício de insatisfação pessoal, de tendências irrealizadas, de morbidez, ou de sugestões consciente ou inconscientemente absorvidas.

Existem nessa pobre criança móveis (às vezes secretos e profundos) que é preciso atingir para remover – sem o que é impossível a sua cura. Analisá-la é, pois, a primeira necessidade, embora nem sempre seja fácil, mesmo com o concurso imprescindível (veja-se bem: imprescindível) do psicólogo e do pegagogo.

Carências profundas

A imensa maioria dos pais, despreparados para o ofício de educadores, adeptos da “paudagogia”, pensando que castigos físicos são o mais eficiente remédio para esse e outros males, rirão do que vou agora dizer: Continuar lendo

COMO EDUCAR O FILHO QUE NÃO QUER ESTUDAR

criancaUm momento delicado

Aos 7 anos, a criança deixa o círculo limitado e conhecido da família, e penetra no mundo inteiramente novo da escola. Não são mais os irmãos e os primos: são várias crianças, estranhas e heterogêneas. Não são somente os amiguinhos do edifício ou do quarteirão: são desconhecidos agora os seus companheiros: – nunca se viram, não sabe quem são, nem como se chamam, onde moram, de quem são filhos. Pela primeira vez, ela é uma desconhecida no meio de desconhecidos. A própria professora ela não sabe quem é: sabe-lhe apenas o nome.

Esse novo mundo em que vai viver é muito diferente da família. Em casa eram os outros que procuravam adaptar-se-lhe: ali é ela que deve adaptar-se a tudo. O seu novo mundo tem horários rígidos, marcados pela sirene estridente; tem programas que lhe são impostos; tem lugares certos que lhe são designados. Grande parte de sua liberdade acabou-se. Agora ela deve fazer tudo com os outros e como os outros. Um novo regime de vida. Obrigações, tarefas, exercícios, com prazo determinado, sem aquela ajuda pessoal a que está habituada. Poderá integrar-se com facilidade no ambiente novo; mas poderá encontrar elementos que lhe rompam o equilíbrio eemocional.

Dos colegas e da própria professora receberá talvez impressões que a traumatizarão, criando-lhe dificuldades. Se isto lhe acontecer, e se não encontrar compreensão e amparo em casa, a vida escolar lhe será difícil, com perspectivas até de fracasso. Continuar lendo

O VALOR DOS FILHOS NA FAMÍLIA

Foi doloroso e triste o quadro da família sem filhos que passou aos nossos olhos nas duas últimas instruções, mas o objeto das duas que virão agora é bem consolador e alegre: vou falar da “família numerosa”.

O quanto é terrível, porque é contra a natureza, o silêncio do túmulo que reina em casa dos esposos sem filhos, tanto é alegre e cheio de promessas o riso argentino que enche o lar da família numerosa.

O quanto é abandonada e triste a velha árvore seca que perdeu sua folhagem, suas flores e todo o seu ornamento, o quanto é triste o caminhar para o túmulo, dos esposos sem filhos, atingidos pela velhice os que generosamente e confiantes no auxílio de Deus acolheram o filho. São como gigantescos carvalhos, cujos vastos ramos trazem ninhos onde sempre cantam novos pássaros. Estes velhos vêem, com a alma cheia de gratidão para com Deus aparecer, no lar de seus filhos e mesmo netos novos berços, e nestes berços, pequeninos seres que exprimem o seu reconhecimento aos pais e avós.

Estes velhos terão alguém para rezar por eles, e implorar a graça de Deus para o repouso de sua alma.

Sim, sempre foi assim; as famílias cristãs sempre amaram seus filhos; o seu mais belo móvel sempre esteve a um canto do quarto, o berço com um pequeno anjo risonho quase a dormir, enquanto num outro canto um bebê de três anos se mantém ativamente em seu cavalo de balanço, e mostra ao seu irmão maior de 5 anos toda sua habilidade.

As duas últimas instruções passaram-se numa paisagem árida, na família sem filhos. Nas duas, porém, que se seguem, subiremos às alturas consoladoras do lar feliz da família numerosa. Nesta instrução, mostrarei só de um modo geral que a verdadeira família cristã tem duas características: Continuar lendo

AS PREFERÊNCIAS

Morgan_Frederick_Motherly_LoveContinuação do post: O AMOR MATERNO

Já acima o dissemos, e convém insistir neste ponto: a mãe deve amar todos os filhos sem exceção. Não são eles todos uma porção de si própria? Não os trouxe todos no seu seio, e não os alimentou com o seu leite? Concentrar num só, ou em alguns, todas as afeições, e ter pelos outros uma espécie de indiferença, ou mesmo de aversão, seria ir de encontro, não só contra natureza, mas contra a lei de Deus; seria perdê-los a todos, a uns por excesso, e a outros por deficiência de amor materno. As preferências injustas são efetivamente tão funestas aos filhos preferidos, como aos que o não são.

A criança, que se sente objeto da predileção de seus pais, torna-se orgulhosa e altiva; acaba por desprezar seus irmãos, enchesse de fatuidade e de egoísmo; numa palavra é uma criança estragada, isto é, perdida, como diz Mgr. Dupanloup na sua obra Da Educação, que teremos ocasião de citar muitas vezes.

Os que se vêm privados injustamente das carícias e dos favores, que seus pais prodigalizam com tanta profusão aos outros seus irmãos, tornam-se tímidos, tristes e desconfiados, desde a mais terna mocidade. Não podendo desenvolver-se por seu espírito, ficam sempre enterradas as suas faculdades naturais debaixo dum frio silêncio. Não podendo amar a mãe, que os não ama, o seu coração torna-se duro e insensível. Mais tarde a inveja cria profundas raízes na sua alma; são cheios de ciúme e muitas vezes de ódio contra os que lhe preferiram: inveja e ódio que produzem muitas vezes as mais funestas divisões nas famílias, e não acabam senão com a vida. Qual foi a origem das guerras de Esaú contra Jacob, senão a predileção que Rebeca, sua mãe, tinha por Jacob?

Ninguém ignora esta história, que é contada pelos livros santos: Jacob amava José acima de todos os outros filhos, porque o tivera na sua velhice, e também, sem dúvida, por causa das suas admiráveis qualidades e da sua inocência. Em testemunho da ternura e da estima singular que tinha por essa criança, havia-lhe dado um vestido de diversas cores. Vendo essa predileção de seu pai por José, conceberam os seus irmãos tamanho ódio contra ele, que não podiam falar-lhe sem azedume. Um dia, enquanto guardavam os rebanhos, vêem chegar José, enviado pelo Pai, para os vigiar. — «Vamos, dizem uns para os outros, excitados por seu amor invejoso, matêmo-lo, e deitêmo-lo a esta cisterna.» Por conselho de Ruben o mais velho, desistem disso, mas apenas José chega, despem-no, metem-no dentro da cisterna, e vendem-no depois por vinte peças de prata a mercadores ismaelitas. Ah! quantas lágrimas não custou ao pobre pai a predileção que tinha pelo filho! Rasgou as roupas, cobriu-se dum cilício, e não cessou de chorar, dizendo na amargura da sua alma: «Um animal cruel devorou José!» Em vão todos os outros filhos se reuniram para enxugar as suas lágrimas… ele não quis receber consolações. Continuar lendo

A MORAL SEM DEUS

santos1A moral é jóia tão indispensável à humanidade, que todos consideram sua defesa como absolutamente necessária. Por mais errados que sejam os conceitos de muitos acerca da religião, todos proclamam unanimemente a necessidade de proteger os bons costumes e de salvá-los, em prol da humanidade.

Mas esta é justamente a pergunta: pode-se falar de moral sem religião? Pode alguém ter bons costumes sem ter fé? Quando se instala a bússola num navio, procura-se isolá-la, o melhor possível, da influência de correntes magnéticas que poderiam provir da couraça do casco. A razão é a bússola da vida humana; correntes estranhas, oriundas do corpo — a inclinação para o mal — desviam-na facilmente e desgovernam nossa vida, se ela não estiver orientada para determinado ponto, muito acima de toda corrente de egoísmo e da ilusão própria. Se os homens, e não Deus, tivessem determinado o que é moral ou imoral, andariam muito mal parados a respeito da moralidade. Pois o que eu chamo pecado, com o mesmo direito outro poderia chamar virtude.

Portanto, quem não crê no Supremo Legislador, superior à natureza, quem não crê numa vida sobrenatural, depois da terrena não pode falar em moral. Em primeiro lugar deve o homem saber que é a criatura humana e quem é Deus; só então compreenderá o que deve fazer ou omitir.

Uma vida morigerada exige luta; não pode ser diversamente. Um colegial se exprimia assim: “Por que é tão difícil ser bom e tão fácil ser mau?” Não notaste ainda, e repetidas vezes, esse antagonismo trágico em teu coração? A razão reconhece o bem e o deseja; nossa natureza decaída, pelo contrário, arrasta-nos ao mal… Continuar lendo

COMO EDUCAR O FILHO (A) EGOÍSTA

egoEsse homem metido em si mesmo, voltado para suas preocupações e seus interesses, sem ressonâncias para as necessidades ou alegrias do próximo, incapaz de enxugar a lágrima de quem sofre, insensível à fome dos miseráveis, às angústias do aflito e ao frio dos esfarrapados, esse homem que só pensa nos outros na medida em que eles lhe podem ajudar à riqueza ou à fama, e que os larga quando já não tem mais o que lhe dar (como quem joga fora o bagaço da laranja que chupou), esse que só pensa em si, só tem para si – é o egoísta.

Também ele é infantilizado: não ultrapassou o nível da criança. Não se integrou na convivência humana. Seus horizontes fecham-se sobre si mesmo, estreitos e sufocantes. Seus olhos só vêem o chão em que pisa, numa infeliz miopia que não enxerga caminhos alheios.

Sua capacidade de sentir o que não é seu atinge a selvagens endurecimentos que negam a própria natureza – como a jovem que chega da cidade, senta-se, queixa-se do calor e pede um copo de água à velha mãe que labuta na casa e na cozinha desde as 6 da manhã!

Furtado pela natureza e vítima de má educação, ele diminui a própria capacidade de viver e extingue uma copiosa fonte de felicidade, desconhecendo a vida de seus irmãos e não os ajudando a ser felizes. Em torno de si espalha o desprezo e a aversão. Continuar lendo

COMO EDUCAR UMA CRIANÇA DESOBEDIENTE – PARTE 3

des 26ª norma: Seja compreensivo

a) Pense na criança:

– ela é instável, de imensa mobilidade;

– o pequeno desenvolvimento da inteligência não lhe permite maior capacidade de reflexão – e não pesa o que faz;

– a vontade em formação é ainda fraca, e ela é tangida pelos instintos e pelo impulso dos interesses imediatos;

– seus horizontes limitados não lhe permitem ver longe, e ela mais se preocupa com o  presente que com o futuro, mais com o pessoal que com o geral, mais com os prazeres que com a moral;

– as grandes forças que movem os espíritos verdadeiramente adultos deixem-na fria e imóvel, porque ela ainda não sente a beleza do dever, da consciência, da dedicação ou do sacrifício;

b)Saiba ceder:

– erros de criança não podem ser julgados com rigor;

– suas responsabilidades são limitadas à sua capacidade: ela é uma criança;

– se ela errou, pese as causas de seus erros antes de pensar em puni-los;

– lembre-se que um motivo que para nós é fútil ou inexistente, para ela é irresistível.

Ex: Pequeno de 9 anos chega-me apavorado. Saíra de casa para a Missa das 11, a última que então havia na cidade. Juntou-se aos meninos que acompanhavam um camelô de circo, e, quando caiu em si, estava no outro extremo da cidade. Correu para a igreja, mas a Missa terminara. Seria castigado em casa, se contasse singelamente a verdade. E o pior de tudo: o pecado mortal de ter faltado à Missa! Nunca lhe esquecerei a expressão de alívio quando lhe disse que não pecara (perdeu a Missa sem querer) e lhe propus telefonarmos à mamãe que ele almoçaria comigo. Aquela senhora, que mal lançaria um curioso olhar para o homem de pernas de pau, dificilmente compreenderia que ele arrastasse invencivelmente o seu filho por duas horas de caminhada a pé. Não é uma pena essa incompreensão em pessoas tão bem intencionadas? Continuar lendo

COMO EDUCAR UMA CRIANÇA DESOBEDIENTE – PARTE 2

desob 3Qualidades da obediência

Consideremos agora as qualidades da obediência ideal. Ela será:

a)racional:não cega, mecânica, servil, mas entendida nas suas ordens e nos seus motivos, a fim de que sua execução seja um ato humano, e não atitude de animal amestrado;

b) digna: compreendida, espontaneamente aceita, deliberada pela vontade que quer ser livre; ela não me desfaz, e sim me afirma a personalidade; não me avilta, mas me engrandece; não me torna carneiro de rebanho, mas homem que dispõe de si mesmo; é mostra de liberdade, não de servilismo;

c) confiante:anota Göttler (“Pedagogia sistemática”) que a obediência supõe “um respeito íntimo… às ordens das pessoas revestidas de autoridade, uma veneração aos superiores de qualquer categoria, enquanto eles representam as autoridades que regem a vida das sociedades“; esse respeito, essa veneração estabelecem a confiança que inclina à aceitação fácil das ordens recebidas, mesmo quando não se lhes conheça a razão ou não se lhes percebe o alcance;

d) alegre:racional, digna, confiante, a obediência será alegre, sem constrangimento maiores, sem murmurações e revoltas, sem medos nem desgostos, mas fácil e até espontaneamente pronta;

e) sobrenatural:nós, que cremos em Deus e para Ele encaminhamos a vida e a educação, tudo devemos fazer em vista da eternidade, ainda que sejam as ações mais quotidianas atividades(Ver I Cor. 10,31); nós, que sabemos que “todo poder vem de Deus” e que “resistir à autoridade é resistir a Deus” (Rm 13,1-2), devemos obedecer com essa visão sobrenatural: ela ultrapassa os homens e nos prende a Deus, garantindo-nos que teremos sempre a recompensa de nossa submissão, desde que as ordens recebidas não contrariem diretamente aos Mandamentos divinos ou aos ditames de nossa consciência. Continuar lendo

COMO EDUCAR UMA CRIANÇA DESOBEDIENTE – PARTE 1

desob 1A mais freqüente queixa dos pais sobre os filhos é, sem dúvida, quanto à desobediência:

– “Não obedecem“;

– “Dá-se uma ordem, eles nem ligam“;

– “Hora de dormir, ninguém os tira da televisão“;

– “Marca-se horário para os estudos: não respeitam“;

– “Já se falou mil vezes que não cheguem atrasados para as refeições: não há jeito“;

– “Estamos cansados de dizer que não deixem os objetos fora dos lugares: eles nem escutam“; etc. etc.

Um enorme rosário de lamúrias, que terminam sempre por uma espécie de indulgência plenária aplicável aos pais: “Essas crianças de hoje são muito diferentes das do meu tempo.”

E explicam:

– “Lá em casa duvido que um filho levantasse a voz para o papai!”

– “Ordem dada era ordem cumprida, gostássemos ou não.”

– “Quem era louco para chegar atrasado para a refeição?”

– “Bastava um olhar do velho, ia todo mundo para a cama.”

– “Nós sabíamos obedecer!”

E encerram como num estribilho: “Mas essas crianças de hoje“…

De quem é a culpa

Lançando aos filhos a pecha de desobedientes, estão os pais, astuciosamente, desculpando-se. Na verdade, não há diferença tão grande entre as crianças de hoje e as de antigamente. Continuar lendo

LEGÍTIMO ORGULHO DOS PAIS

mother-daughter4A dama patrícia da Campânia que fazia exibição das suas jóias respondia Cornélia designando os filhos: “São estas as minhas jóias e os meus adornos”. Aspirava à hitória menos pelo facto de ser filha de Cipião o Africano do que por ser mãe dos Gracos.

Com a graça de Cristo a mais, e orgulho pagão a menos, é ou não um sentimento análogo o que inspira a Senhora Martin? A filha mais velha conta a este respeito um episódio significativo:

“Eu tinha então sete anos: um dia em que estreávamos vestidos de setim de lã azul-escuro, a minha mãe mandou-nos chamar todas quatro, às minhas irmãzinhas e a mim, para nos ver antes do passeio que íamos dar. Olhou para nós demoradamente, com enternecida complacência, e depois disse-nos: ‘Vão agora, minhas filhinhas’. Mas evitou fazer algum elogio aos nossos vestidos, que eu achava tão bonitos, para não nos provocar qualquer sentimento de vaidade”.

Aquela mãe tão despreocupada de aparecer, que com grande desespero da Maria, detestava qualquer requinte no próprio trajar e troçava sem dó nem piedade do que ela denominava “a escravidão da moda”, cuidava gostosamente do vestuário das filhas, sem todavia se afastar da simplicidade. As mães não serão insensíveis a este delicioso esboço da Celina aos dezesseis meses: Continuar lendo

A GENEROSIDADE DA DONZELA CRISTÃ

donzelaÉ uma virtude altiva e corajosa, que imprime à vontade a força de resistir, de sofrer e de agir segundo o dever, segundo a fé e segundo Deus. Apesar das provações, das dificuldades, dos perigos, dos desânimos, ela segue seu caminho sem se deixar abater, sem desanimar, sem tremer; à maneira do sol, que segue o seu caminho acima das tempestades e que só desaparece à tarde para iluminar outros céus e renascer no dia seguinte.

O P. de Ravignam escrevia: “quero assinalar-me no serviço de Nosso Senhor, distinguir-me para Sua glória e para Seu serviço.” Tende, também vós, esta altiva paixão. Tendes recebido tanto de Deus, sede agradecida! Vós, que sois delicada com todos, sede-o sobretudo com Nosso Senhor: “Que devia eu fazer por vós que não tenha feito?”, diz-vos Ele… Não poderíamos também dizer-vos: “Quanta coisa poderíeis ter feito por Deus e não fizeste!…”?

A generosidade pode às vezes ser ajudada, sustentada por um temperamento feliz, por uma sensibilidade maior, pelas graças trazidas por uma vocação de escolha, mas antes de tudo é uma virtude que pede esforços, renúncias e lutas.

a)Sede generosa e forte no cumprimento do dever cotidiano

Sê-lo-eis facilmente um dia, uma semana; mas todos os dias, até à morte, dura muito! É preciso uma grande soma de energia para assim saber vencer-se sempre. No fundo, basta para isso ver em cada um dos acontecimentos que formam a trama habitual da vossa vida a mão de Deus e a sua santa vontade! Continuar lendo

O AMOR MATERNO

MaeFilhoPode a mãe esquecer o seu filho? diz o Espírito Santo, e pode a mulher deixar de amar o fruto do seu seio? seu coração é uma fonte inesgotável de contínua solicitude e amor; ama os seus filhos mais do que todas as outras pessoas, mais do que a si própria. Entre tantos quadros de amor materno que a história nos patenteia, nenhum achamos mais comovente do que o quadro em que a Escritura nos pinta a ternura da mãe do jovem Tobias.

Acompanhado do arcanjo Rafael, disfarçado sob a forma humana, acabava de partir para a terra dos Medas; mas a mãe, chorando, dizia, no meio da sua dor, ao marido: «Ficaste sem o bordão da nossa velhice, e afastaste-lo de nós. Oxalá que nunca tivéssemos possuído o dinheiro necessário para a sua viagem! Os poucos bens que possuímos, não eram suficientes para nós? E não era para nós uma grande fortuna ver nosso filho aqui, conosco?» — «Não chores, respondia o velho, o anjo do Senhor acompanhará nosso filho.» E estas palavras enxugavam por um instante as suas lágrimas, e acalmavam as lamentações da mãe.

Mas não vendo voltar, no dia fixado, o ente que amava, derramava abundantes lágrimas, que nenhuma consolação podia esgotar.— «Ah! quanto sou desgraçada! repetia ela; para que te mandamos para tão longe, meu filho, tu que eras a luz dos nossos olhos, o apoio da nossa velhice, a consolação da nossa vida e a esperança de nossa posteridade? Visto que eras tudo, neste mundo, para nós, nunca deverias ter-nos deixado.» — «Sossega replicava o velho Tobias, o nosso filho está em segurança; o homem, a quem o confiamos, é fiel. Mas a pobre mãe não queria receber consolações, e todos os dias, deixando a casa, percorria todos os caminhos, por onde esperava ver chegar o filho, procurando descobri-lo ao longe. Todos os dias se ia sentar sobre uma montanha, que dominava a estrada, e donde podia circunvagar à vontade o seu olhar. Um dia avistou-o, reconheceu-o imediatamente, correu a levar a seu marido a feliz notícia, e depois abraçou esse querido filho com lágrimas de alegria. Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA COLÉRICA?

criCada temperamento tem seus aspectos positivos e negativos. Ser pronto nas reações, sobretudo quando a segurança, a independência, os gostos profundos são feridos, é positivo, desde que o homem tenha sido habituado a servir-se de seus dons com moderação.

A cólera é um elemento de defesa, que Ribot liga ao instinto de conservação: toma a ofensiva contra ameaças. Ai dos homens, quando não sabem mais indignar-se! Ai dos que perderam a capcidade de encolerizar-se em face das injustiças, das violências, das tiranias! Ai dos que se desfibram, se acomodam, se submetem ao injusto, ao criminosos!

Desgraçada educação, a que pretendesse tirar às crianças a reação ante o mal, a capacidade de encolerizar-se ante a violação do direito e da moral.

A cólera é, às vezes, a única forma de defesa. Em face de um “perigo”, a criança que não sabe ainda falar se manifesta pela cólera: grita, chora, estrebucha para não ir com pessoa estranha, para rejeitar o que não lhe apetece, ou para se livrar do que lhe mete medo.

O seu mal são os excessos: na forma, na freqüência, na duração. Continuar lendo

DAS RECOMPENSAS

Resultado de imagem para recompensa criançasJerônimo escrevia a Laeta: «Animai vossa filha, dando-lhe pequenas lembranças, das que são estimadas na sua idade.» As recompensas são efeti­vamente um meio de excitar a emulação entre as crianças. É certo que se não deve, quando são exor­tadas a aplicarem-se ao estudo e a praticar as vir­tudes cristãs, propôr-lhes a recompensa, como o único meio de fazerem o que se lhes exige; importa, pelo contrário, fazer-lhes bem sentir a obrigação que temos de trabalhar por dever, para cumprir a von­tade de Deus. Seria dalguma forma tornar venal a alma de uma criança, habituá-la a não fazer nada, senão com a promessa de receber alguma coisa; mas quando se sabe usar delas com comedimento e pru­dência, as recompensas são úteis: fazem compreen­der às crianças que encontramos interesse e estima nos nossos semelhantes, quando nos aplicamos ao trabalho, e sabemos cumprir os nossos deveres.

Nunca se deve propor, como recompensa, diz Rollin, nem adornos, nem gulodices, nem coisas semelhantes. E a razão é óbvia: é que, prometendo-lhes essas coisas, em forma de recompensa, faz-se que elas as julguem, como coisas boas e dese­jáveis, e dessa forma, fazemos-lhes estimar o que devem desprezar. O mesmo direi do dinheiro.» — «Nunca pude compreender, escreve Mgr. Dupan­loup, a religião de certos pais, que prometem a seus filhos, como recompensa, para o dia da sua primeira comunhão, relógios e correntes de ouro. O resultado foi, como algumas vezes vi, que o relógio era nesse dia mais adorado, que o próprio Deus».— «Podem recompensar-se as crianças, diz Fénelon, com brinquedos, com passeios, com pequenas lem­branças, como quadros, estampas, medalhas, livros dourados», e especialmente por algumas distrações agradáveis, que sirvam, para lhes alimentar a pie­dade, como peregrinações, passeios a um oratório, ou assistência a alguma solenidade religiosa, nalguma terra vizinha.

Com as crianças, como nota um judicioso autor, deve haver o cuidado de não faltar àquilo que se prometeu; doutra forma não tardariam a desprezar tanto as promessas, como as recompensas, fartas de esperar pelo cumprimento do que lhes prometeram.

A Mãe segundo a vontade de Deus – Pe. J. Berthier