Arquivos da Categoria: Espiritualidade
TODO E QUALQUER JULGAMENTO DO PRÓXIMO É CONDENADO POR CRISTO?
Quando perguntado sobre um homossexual de boa vontade que busca o Senhor, o Papa Francisco, num comentário que se tornou famoso, respondeu “Quem sou eu para julgar?” Isso parece estar perfeitamente na linha do mandamento de Nosso Senhor, quando Ele ordenou “não julgueis, para não serdes julgados” (Mt 7,1). Por outro lado, o Verbo de Deus também nos disse que “devemos julgar não de acordo com a aparência, mas fazer um julgamento justo” (Jo 7,24)
Para resolver essa contradição aparente, devemos distinguir os diferentes sentidos em que falamos de “julgamento”.
Em primeiro lugar, o julgamento é um ato de nossa inteligência pelo qual percebemos o acordo ou desacordo entre duas ideias; em outras palavras, é, como Santo Tomás explica, o ato mental pelo qual afirmamos ou negamos algo – por exemplo, quando fazemos afirmações simples sobre as circunstâncias de nossas vidas cotidianas, como quando dizemos “hoje é um lindo dia”, ou “eu não gosto de doces”, e mesmo quando afirmamos coisas mais sérias, doutrinais, tais como “Deus existe” ou “o aborto é um crime”.
Esses julgamentos são necessários para se viver uma vida humana normal. Eles são necessários para o exercício da virtude moral da prudência, que nos ajuda a discernir o que devemos fazer a todo momento para direcionar todas as nossas ações, grandes e pequenas, de maneira segura e tranquila, para seu fim último, que é Deus. Portanto, Deus não proíbe tais julgamentos – na verdade, Ele não os poderia proibir sem nos privar de algo essencial à natureza que Ele mesmo nos deu. Continuar lendo
O DIA DA DESILUSÃO
CONSELHOS PRÁTICOS PARA CARREGARMOS NOSSA CRUZ
Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est
Perguntava São Francisco de Sales: “Sabeis do que os anjos nos invejam? É que nós podemos sofrer por Deus; eles nunca sofreram e nem sofrerão por Ele“. Todos temos que carregar nossa cruz se quisermos chegar ao céu. Aprendamos a carregá-la com amor incansável e fé, obtendo ao longo do caminho as maiores graças e méritos possíveis.
Três maneiras de carregar a cruz
O divino mestre, querendo dar a conhecer a Santa Verônica de Juliani as almas que Lhe eram mais amadas, lhe mostrou uma multidão de pessoas que levavam a cruz em suas mãos. Logo, estas se ordenaram e a Santa pôde ver que entre as mãos se distinguiam algumas cruzes grandes e outras pequenas. As almas as carregavam de maneiras diferentes: as primeiras que tinham uma grande cruz a carregavam nas mãos, significando que não apenas tinham prazer em carregá-la, mas também convidavam outras almas com alegria e entusiasmo para que caminhassem em posse delas. As segundas tinham sua cruz abraçada como um objeto muito precioso e amado. As terceiras carregavam-na sobre os ombros e parecia que a cruz caía no chão devido ao seu peso.
Nosso Senhor revelou à Santa que aqueles que lideravam a procissão eram os sacerdotes: carregavam sua cruz nas mãos para significar que se esforçam muito para dar a conhecer aos homens o valor e o preço da cruz. As segundas eram muitas religiosas de diferentes ordens e alguns leigos que abraçaram a cruz com muito amor, indicando que se compraziam em sofrer, e o Senhor as consolavam e as bendiziam. As terceiras eram muitas almas que carregavam a cruz com tanto cansaço que mal podiam dar um passo. Nosso Senhor deixou a entender à Santa Verônica que essas últimas também eram Suas, mas que carregavam a cruz com tanta tristeza porque não eram nada valentes nem esforçadas, e porque ainda não haviam saboreado as alegrias do sofrimento. Continuar lendo
INFELIZ DE QUEM PECA CONTANDO COM O PERDÃO
EDITORIAL DA PERMANÊNCIA (298) – SOBRE A EPIDEMIA
A imagem acima representa São Carlos Borromeo nos tempos da Peste
Apresentamos o Editorial da Revista 298, tempo de Pentecostes (para assinar a revista, clique aqui).
Raios, trovões, coriscos fulgurantes, como diz o salmo. Eis o que parece estar se abatendo sobre a Terra dos homens, sobre a vida neste vale de lágrimas. Bastaria recuarmos até o final de 2019 para compreendermos o quanto de inusitado e surpreendente se manifesta no que estamos vivendo há 3 ou 4 meses. Pode o mundo inteiro estar de pernas para o ar, como está, sem que a nossa perplexidade se manifeste em cada encontro, em cada noite mal dormida?
Dentro do projeto a que nos propomos de formação católica, a reflexão sobre as causas e os efeitos do Coronavirus apresenta-se para nós como uma quase obrigação. O mundo não pode ser sacudido como está sendo sem que procuremos tirar dos graves acontecimentos reflexões capazes de nos orientar na vida que devemos levar durante a epidemia e, sobretudo, na vida que virá após o término do flagelo.
Talvez seja a primeira vez, em mais de um século, que Deus parece manifestar a sua face de modo claro e evidente, diante dos homens, diante de toda a humanidade, nos quatro cantos da nossa Terra de exílio. Os últimos 500 anos não serviram para preparar os homens a se curvarem diante da vontade de Deus. Ao contrário, o que vemos na humanidade é um desprezo completo pela própria existência de Deus. No máximo podemos ver, aqui ou ali, a manifestação de algum sentimento religioso marcado de naturalismo, e sobretudo de utilitarismo pluralista e horizontal. Para alguns, rezar faz bem, qualquer que seja a oração. Estamos muito longe da submissão sobrenatural à vontade divina que se realiza na prática pura e simples dos Mandamentos. Sim! Do Decálogo, aquela listinha decorada pelas crianças do Catecismo, feita para salvar as nossas almas!
Hoje podemos ouvir o gaiato do conto a gritar: – O Rei está nu!
Se o católico parar de olhar em seu celular as informações e contra-informações que nos invadem, poderá entender melhor o espetáculo que se desenrola diante de nós. Porque o mundo está nu; o liberalismo está nu; a democracia está nua; o globalismo acabou; … e entramos numa nova forma de ditadura que promete afiar os dentes contra a verdadeira liberdade do homem. Continuar lendo
QUEM DESEJA A SALVAÇÃO DEVE TEMER A CONDENAÇÃO
QUINTO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA: AS PROMESSAS DE DEUS E A EFICÁCIA DA ORAÇÃO
PODER DE MARIA SANTÍSSIMA PARA NOS DEFENDER NAS TENTAÇÕES
FELICIDADE DE QUEM SE CONFORMA COM A VONTADE DE DEUS
A SANTA MISSA É UM MEIO SEGURO PARA OBTER AS MISERICÓRDIAS DIVINAS
REMORSO DO CONDENADO: PODIA SALVAR-ME TÃO FACILMENTE
A GLÓRIA IMENSA QUE GOZAM NO CÉU OS RELIGIOSOS
CARTA 9 DO PRIOR DO PRIORADO DE SÃO PAULO AOS FIÉIS: SANTA JOANA D’ARC, GUIAI-NOS!
OS MÁRTIRES DA IGREJA
A MORTE DESPOJA-NOS DE TUDO
QUARTO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA: A TRISTEZA DOS APÓSTOLOS E AS DESOLAÇÕES ESPIRITUAIS
MEDITAÇÃO SOBRE OS PECADOS
PREPARAÇÃO
- Põe-te na presença de Deus.
- Pede a Deus que te inspire.
CONSIDERAÇÃO
- Vai em espírito àquele tempo em que começaste a pecar; pondera quanto tens aumentado e multiplicado os teus pecados de dia a dia, contra Deus e contra o próximo, por tuas obras, por tuas palavras, por teus pensamentos e por teus desejos.
- Considera tuas más inclinações e com que paixão tu as seguiste; com estas duas considerações, verás que teus pecados sobrepujam o número de teus cabelos e mesmo as areias do mar.
- Presta atenção especialmente à tua ingratidão para com Deus, pois este é um pecado geral que se acha em todos os outros e lhes aumenta infinitamente a enormidade. Conta, se podes, todos os benefícios de Deus, dos quais a maldade de teu coração se serviu para desonrá-Lo; todas as inspirações desprezadas, todas as moções da graça inutilizadas e todos os diferentes abusos dos Sacramentos. Onde estão, pelo menos, os frutos que Deus esperava dai? Que é feito das riquezas com que o teu Divino Esposo exornou a tua alma? Tudo foi deturpado por tuas iniquidades. Pensa que tua ingratidão foi a ponto de fugires da presença de Deus, para te perderes, enquanto Ele te seguia, passo por passo, para te salvar.
MARIA SANTÍSSIMA, MODELO DE POBREZA
QUEM AMA JESUS CRISTO DEVE ODIAR O MUNDO
ORAÇÃO PELO PRÓPRIO CONFESSOR
Deus, pois que, com a vossa solicitude paterna, me destes para guardião e guia um vosso tão digno Ministro, concedei-me ainda a graça de por em prática os seus sábios ensinamentos, afim de que eu consiga conquistar todas as virtudes, que, para a Vossa glória e para a minha salvação devem resplandecer em mim.
Peço-Vos para ele, ó Senhor, a mais ardente caridade, o zelo mais iluminado, a santidade mais sublime e a consolação inefável de conduzir para o Vosso amorosíssimo Coração um imenso exército de almas que Vos bendigam, Vos amem, e que formem para sempre no Paraíso a sua gloriosa coroa. Assim seja.
Confessai-vos Bem – Pe. Luiz Chiavarino
A IGREJA ONDE ESTÁ JESUS SACRAMENTADO É O SANTUÁRIO MAIS AUGUSTO
A SALVAÇÃO É A ÚNICA COISA NECESSÁRIA
O NADA DOS BENS DO MUNDO
SOMOS OBRIGADOS, SEMPRE, EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS, A CONTAR A VERDADE E NADA MENOS QUE A VERDADE COMPLETA?
Moralistas costumam começar a resposta a essa pergunta primeiramente fazendo a distinção entre preceitos positivos e negativos.
Preceitos negativos obrigam sempre, em todas as circunstâncias, pois eles proíbem a prática de atos intrinsecamente maus. Por exemplo, o 5º Mandamento indica que, simplesmente, não há um caso possível em que nos seria permitido matar um inocente.
Por outro lado, preceitos positivos sempre obrigam, mas não em todas as circunstâncias de nossas vidas. Eles requerem a prática de atos bons; eles sempre são vinculantes, mas nem sempre efetivos, em razão de uma falta de capacidade, ou de uma ocasião adequada, ou de circunstâncias apropriadas… A sua aplicação é flexível, porque algumas obrigações positivas normalmente entram em conflito com outras obrigações positivas. Portanto, o preceito de amor ao próximo como a nós mesmos indica que – por exemplo – nós devemos dar esmolas a aqueles necessitados, mas não demanda que nós demos todo nosso dinheiro, porque temos o dever de sustentar nossa própria família…
Contar a verdade é um preceito positivo e, como tal, não obriga sempre. Certamente, nunca é permitido mentir. Mas isso não significa que nós temos que contar a verdade completa sempre, em toda ocasião, em toda circunstância… Podemos escolher permanecer em silêncio, porque contar a verdade pode entrar em conflito com outra obrigação positiva – por exemplo, guardar um segredo, proteger uma reputação, preservar o bem comum…
Portanto, às vezes é lícito esconder a verdade. São Tomás (IIa-Iiae, q. 110, a. 3, ad 4) ensina que, embora nunca seja lícito contar uma mentira, “às vezes é lícito esconder, prudentemente, a verdade” — ou seja, às vezes, a verdade pode ser ocultada para um fim honesto, para proteger bens importantes ao bem da alma ou do corpo.
Mas esconder a verdade é proibido se outro preceito (fé, caridade, justiça, etc) exige que seja contada. Nesses casos, se a verdade for ocultada, dois pecados podem ser cometidos, um contra a veracidade e o outro contra a outra virtude afetada. Portanto, é proibido esconder a verdade quando somos obrigados pelo preceito a confessar a Fé, ou, quando ex officio (em razão de nosso ofício ou função) há uma obrigação de ensinar a verdade ao outro (especialmente se formos pagos para isso), ou quando um juiz, que tem o direito legítimo de saber a verdade, interroga-nos; ou quando um superior religioso interroga seus subordinados sobre as coisas relativas ao governo deles; ou quando um confessor indaga seu penitente sobre coisas necessárias para julgar retamente o estado da alma…
Inversamente, fora desses casos e com razão suficientemente proporcional, é permitido omitir a verdade à pessoa que pergunta.