MAS POR QUÊ? …

Resultado de imagem para mau exemplo paisMeu filho, se em lugar de falar somente a ti, eu pudesse falar a todos os pais e mães de família cristãs, queria dizer-lhes:

Porque, pais e mães, por que quereis trair vossos filhos? Porque não defendeis e protegeis em tempo de inocência? Porque os vestis como os selvagens e lhes favoreceis todos os caprichos, não lhes corrigis os defeitos e lhes desculpais tão facilmente as faltas?

Por que trair vossas filhas? Permitis-lhes as modas mais indecentes, ridículas e imorais?

Fechais os olhos sobre as companhias que freqüentam, sobre relações, amizades e os mesmos namoros.

Concedei-lhes qualquer divertimento, seja ele qual for?

Pais e mães, porque não diligenciais a fim de que sejam ao menos como vós, cristãos, amantes da ordem, da disciplina, do trabalho, da economia, da própria honra e reputação?

Porque não os habituais a obedecer a Deus, provido, bondoso, infinitamente justo, condescendente e benigno? Porque não lhes inculcais em tempo o amor a religião, a oração e a virtude?

Que cena consolante e maravilhosa vos seria reservada no juízo eterno do Senhor!


Casai-vos bem
– Pe. Luis Chiavarino

 

O MAU EXEMPLO DOS PAIS – PERVERSÃO DOS FILHOS

Imagem relacionadaO mau exemplo e, pior ainda, o escândalo, é como o câncer, penetra, infiltra-se, estende-se, intoxica e mata. Fujamo-lo como o monstro mais mortífero.

Jesus disse ao escandaloso: “Melhor seria se lhe fosse amarrada ao pescoço uma mó de moinho e fosse lançado ao fundo do mar!”

Os pais devem evitar com extremo cuidado, não só de dar escândalo diretamente, mas também indiretamente; evitem, pois, não só as conversas, mas o comportamento menos digno na presença dos filhos, no vestir, nos gracejos e brincadeiras … Não se diga que são criaturinhas inocentes, sem malícia e que nada compreendem. Mas a malícia, que hoje talvez não têm, pode acordar e lançar raízes, adubada pelo mau comportamento dos pais.

E vós, pais, bem o sabeis, como é grande a curiosidade das crianças.

As crianças querem saber tudo, tudo ver e tudo tocar. Essa curiosidade inocente num sentido é benéfica, mas como volver dos anos, se não for bem orientada tornar-se-á malícia. Convém, pois, que os pais sejam rigorosos em guardar debaixo de chave tudo o que é perigoso: jornais, revistas, livros, fotografias, utensílios particulares destinados a estudos especiais da profissão.

Quantos meninos e meninas não aprenderam o caminho do mal, lendo ou examinando livros, ilustrações, jornais, tratados de medicina que talvez dormiam empoeirados em alguma estante da biblioteca aberta a todos. Continuar lendo

AS CONDIÇÕES DA FORMAÇÃO DA VONTADE

Resultado de imagem para moça catolicaQuais são as condições gerais da formação da vontade?

Para as crianças, as condições gerais da formação da vontade são:

Umas de preparação geral:

1º – A higiene apropriada ao bom funcionamento dos nervos.

2º – A criação dos hábitos.

Outras preparatórias da decisão:

3º – A iluminação da inteligência.

4º – A docilidade para com a inteligência.

Outras preparatórias de execução:

5º – A utilização do poder moral do sentimento.

6º – A energia da ação.

Outras preparatórias da perseverança:

7º – A duração da decisão.

8º – A duração do esforço.

Capítulo I

A higiene apropriada

A higiene tem uma tarefa a desempenhar na formação da vontade?

Sem entrar em particularidades, diremos somente que o sistema nervoso e o sistema muscular ocupam um lugar importante entre as energias que a vontade põe em jogo para passar da aspiração à realização.

Logo, a vontade depende deles do mesmo modo e da mesma medida que o operário depende do seu instrumento de trabalho.
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RAZÃO, PAIXÃO E NAMORO

Resultado de imagem para namoro católico"Dom Lourenço Fleichman OSB

Hoje eu queria lhes falar sobre um tema que tenho pensado e exposto em algumas conferências que andei fazendo por aí. Tema difícil e que eu tenho falado como em uma espécie de laboratório, de reflexão, captando aqui e ali as ponderações das pessoas sábias. É dentro desse espírito que eu lhes trago aqui. Meu intuito é tratar do assunto do namoro de forma racional, buscando as razões profundas que levam os homens a se comportar com respeito, na obediência à Lei de Deus. Não é suficiente, hoje, um padre dizer aos jovens: não façam isso ou aquilo. Quem quer entender, busque a verdade!

Estamos numa fase em que muitos de vocês estão namorando e eu sei o quanto o namoro pode ser um obstáculo à vida católica. E isso importa para mim e para vocês.Como tem acontecido com freqüência, a consciência vai perdendo os parâmetros, os critérios do reto agir, a razão começa a ficar confusa diante de um mundo que vai impondo o pecado para todos e em toda parte.

Alguém já me colocou a coisa nos termos seguintes: eu sei que não posso ter um relacionamento sexual porque é proibido pela Lei de Deus, pelos Mandamentos; mas eu não entendo porque é proibido, para mim parece um exagero.

Esse exemplo mostra a urgência de nós falarmos sobre o assunto. Eu sei que isso pode parecer uma imposição de regras, mas não é assim. O que eu quero é que vocês entendam as razões profundas que levaram Deus e a Igreja a colocarem na Santa Lei esse mandamento: não fornicarás (ou seja, não terás um relacionamento sexual fora do casamento). Continuar lendo

UM FELIZ E SANTO NATAL!!!

O vídeo abaixo traz uma música muito simples, mas com uma mensagem muito bonita.

Conhecida principalmente nos países de língua espanhola, é chamada “El tamborilero” ou “El niño del tambor“. Conta a história imaginária de um menino pobre, que leva consigo apenas seu tamborzinho. Não tendo nada para presentear ao Menino Jesus na noite do Seu nascimento, o pequeno “tamborilero” decide dar ao Deus Menino uma serenata com seu pequeno instrumento – e, por fim, o Recém-Nascido o olha nos olhos e lhe sorri.

Nesta era neo-pagã e orgulhosa que vivemos – (onde o “naturalismo e o humanismo” já impregnam totalmente a mente do “homem moderno e livre”, tornando-os as “religiões oficiais” daqueles que negam a verdadeira religião, negam a Nosso Senhor e seus verdadeiros ensinamentos, daqueles que “… já não suportam a sã doutrina da salvação e levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades ajustaram mestres para si (2 Tim, 4, 3)) – rezemos para que o Menino Jesus seja o único objeto de nossos pensamentos e do nosso amor. Confiemos o coração à Santíssima Virgem, para que ela, suprindo as falhas de nossa preparação, melhor o disponha para receber todas as graças que o Salvador mereceu com seu nascimento segundo a carne.

Que, pelo exemplo dessa pobre criança, nós pecadores que buscamos sempre algo que possa agradar Nosso Senhor, possamos entregar verdadeiramente a Ele tudo o que temos…tudo o que somos…todas nossas misérias, angústias e sofrimentos… e claro, a alegria em poder amá-Lo e servi-Lo nesse “vale de lágrimas”… e com a pureza de um “tamborilero”, um dia, conseguir contemplar o sorriso de Nosso Senhor, na pátria celeste.

DESEJAMOS A TODOS OS NOSSOS AMIGOS, LEITORES E BENFEITORES UM FELIZ E SANTO NATAL !

TRADUÇÃO:

O caminho que leva a Belém, desce até o vale que a neve cobriu.
Os pastorzinhos querem ver o seu Rei. Lhe trazem presentes em seu humilde alforje.
Ropopopom, ropopopom…
Nasceu na gruta de Belém o Menino Deus!

Eu gostaria colocar aos teus pés algum presente que te agrade, Senhor.
Mas Tu bem sabes que sou pobre também e não possuo nada mais que um velho tambor…
Ropopopom, ropopopom…
Em Tua honra, diante da gruta, tocarei com meu tambor.

O caminho que leva a Belém eu vou marcando com meu velho tambor.
Não há nada melhor que Te possa oferecer… Seu sonzinho rouco é um canto de amor!
Ropopopom, ropopopom…
Quando Deus me viu tocando diante dEle, sorriu para mim!

LETRA ORIGINAL

El camino que lleva a Belén, baja hasta el valle que la nieve cubrió.
Los pastorcillos quieren ver a su Rey. Le traen regalos en su humilde zurrón,
ropopopom, ropopopom.
Ha nacido en el portal de Belén el Niño Dios

Yo quisiera poner a tus pies, algún presente que te agrade, Señor.
Mas Tú ya sabes que soy pobre también, y no poseo más que un viejo tambor,
ropopopom, ropopopom.
En Tu honor, frente al portal tocaré con mi tambor.

El camino que lleva a Belén yo voy marcando con mi viejo tambor:
nada mejor hay que te pueda ofrecer, su ronco acento es un canto de amor,
ropopopom, poroponponpon.
Cuando Dios me vio tocando ante Él, me sonrió.

PARA VOCÊS, RAPAZES E MOÇAS

Resultado de imagem para jovenspelo Rev. Pe. Xavier Beauvais

Vocês já foram adolescentes um dia e desde então começaram a ver o mundo com novos olhos.

Os novos horizontes da idade adulta

Sua imaginação voava para um novo horizonte: o da idade adulta. Vocês passaram a observar, de um modo diferente, homens e mulheres viverem. Talvez vocês tenham procurado imitá-los. A preocupação com o amor tinha até brotado em seu coração, mas vocês eram ainda muito jovens para ousar falar. As pessoas zombariam de vocês e vocês sabiam disso. Idéias confusas e imaginações loucas talvez lhes tenham passado pela cabeça. A educação familiar e a formação religiosa se esforçavam para estabilizar tudo isso, para dar um espaço, uma posição, um sentido, um objetivo a cada um desses chamados interiores. Mas ao mesmo tempo vocês eram solicitados por um clima social, um estilo de vida, talvez atraídos pela sedução dos meios de comunicação, os cartazes, os folhetos, as palavras, os sons que destilam um vazio sentimental, uma falsa concepção do amor humano, que infelizmente difundem uma concepção materialista e errada do amor humano.

Um empresário fez a seguinte observação:

Oferecem-nos “fatias de vida” habilmente dispostas e de um poder sugestivo impressionante. As histórias limitam-se freqüentemente à evocação de efêmeras conquistas sentimentais, de desentendimentos conjugais, temperados com cenas escandalosas das mais diversas. Quanto mais a vaidade da mulher é exaltada, mais a fidelidade do marido é colocada à prova. Sendo a vida moral dos cônjuges sem verdadeira consistência, é fácil imaginar que em cada romance há pessoas que sucumbem. E os naufrágios são numerosos, tanto perto das margens quanto em alto mar. Poder-se-ia pensar que isso é normal. Ilusões amorosas, incompreensão dos esposos, fuga de um, desespero do outro, brigas, voltas, casos de histeria, … e tantas outras coisas!” Continuar lendo

O COMPORTAMENTO DAS CRIANÇAS NA MISSA

Resultado de imagem para CRIANÇA REZANDO IGREJA VÉUFonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est 

Revmo. Padre, sou pai da família e me surgiram algumas dúvidas a respeito do comportamento de meus filhos ao assistirem o Santo Sacrifício da Missa. Formulei algumas perguntas que peço que me responda, assim poderei saber o que devo fazer. 

1 – Padre, as crianças pequenas e bebês aproveitam a Missa?

Claro que sim, todo fiel batizado, ainda que seja um bebê de peito, recebe as graças celestiais quando se aproximam do Santo Sacrifício com as devidas disposições. 

2 – Aproveitam da Missa os bebês que dormem durante a mesma?

Certamente que sim, pois os fiéis aproveitam cumprindo com suas boas disposições. No caso do bebê, seu dever de estado não parece ser outro além de comer, dormir e se comportar bem.

3 – Aproveitam a Missa as crianças maiores que brincam durante a Missa?

Não tanto, pois é claro que seu dever como um batizado é ter reverência ao culto divino e isso não é demonstrado jogando e fazendo caprichos. 

4.- Meus filhos devem aprender a se comportar e participar da Missa. Sei que sou obrigado a ensiná-los e corrigi-los se necessário, no entanto, por estar vigiando-os não assisto a Missa e sinto que não cumpro o preceito dominical. O que devo fazer?

Primeiro deve cuidar de seus filhos e tentar ensinar-lhes a se comportarem como pede o Deus bom. O senhor também deve cumprir o dever do seu estado para receber as graças do Santo Sacrifício. Se o senhor não cuida de seus filhos, não está cumprindo seu dever de estado, portanto, não recebe todas as graças que deveria do Santo Sacrifício e ademais, não deixa que os outros cumpram com o preceito.  Continuar lendo

A FORMAÇÃO DA VONTADE – ALGUMAS NOÇÕES PRELIMINARES

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Capítulo I 

A natureza da vontade

Que é a vontade?

A vontade, sob o ponto de vista moral, pode definir-se: “O poder que tem a alma de se decidir, com consciência e reflexão, a uma determinada ação” (J.Guibert, Formação da vontade, p. 1-3-11), de executar o que resolveu, e de perseverar nas suas idéias e empreendimentos.

Quais são, pois, as condições da vontade?

São três principais:

1º – A decisão, que deve ser pessoal, refletida, conscienciosa;

2º – A execução, que deve ser enérgica, que deve libertar-se do “domínio das forças exteriores” e reger “os impulsos de vida que brotarem do interior” (obra citada).

3º – A perseverança, que “comporta a duração na decisão e no esforço” (obra citada).

Capítulo II 

As vantagens da vontade

Quais são as vantagens da vontade?

São múltiplas:

1º – A vontade evita ou corrige a irresolução.

2º – A vontade contribui para a formação da inteligência.

3º – A vontade dá o domínio de si mesmo.

4º – A vontade assegura a autoridade sobre o mundo exterior.

5º – A vontade conduz o homem ao fim que se propôs e que deve atingir.

Artigo I – A vontade evita ou corrige a irresolução

Que é a irresolução?

É o defeito dos que não sabem decidir-se; dos que depois de terem tomado uma decisão, se deixam impressionar pelas razões que militam a favor da decisão contrária; dos que voltam á primeira resolução, para passarem a uma outra, sem que nunca se possa ter a certeza de que não voltarão à primeira, ou não se ligarão a uma terceira“. (Para a descrição do tipo, ver E.Legouvê, As nossas filhas e os nossos filhos, p. 319) Continuar lendo

O OBJETO DO RESPEITO

Imagem relacionadaQuem pode e deve beneficiar deste respeito?

1º – Os educadores, isto é, os pais e os professores, têm direito ao respeito;

2º – Devem fazer-se respeitar;

3º – Devem inspirar o respeito por tudo aquilo que o merece.

Artigo I – Os educadores têm direito ao respeito

Por que é que os pais têm um direito especial ao respeito de seus filhos?

Porque são, mais que qualquer outra pessoa, os representantes de Deus na obra da formação de seus filhos.

Este direito é sancionado por Deus?

Sim, e da maneira mais formal.

“Aquele que ofende seu pai ou sua mãe deve ser condenado à morte.” (Ex. XXI, 15)

“Aquele que maldiz seu pai e sua mãe será punido de morte.” (Ex. XXI, 17)

“Que o olho que ofende seu pai… seja arrancado pelos corvos das torrentes.” (Prov. XXX, 17)

Por que merecem os padres um respeito particular?

Porque o papel que desempenham na educação é sempre necessariamente ungido do caráter sagrado com o qual prouve Deus marcá-lo no dia da sua ordenação.

“Honrareis a Deus de toda a vossa alma, e reverenciareis os padres.” (Ecl. VII, 81)

Este mesmo homem que vai agora subir à cátedra da sua sala de trabalho ou da sua aula, subiu esta manhã como sacrificador ao altar do vosso Deus, e aqueles lábios, que vos ensinam os rudimentos das letras, pronunciaram palavras às quais o mesmo Deus obedeceu, dignando-se descer entre as suas mãos.” (Mgr. Baunard, Deus na escola, t. I, p. 86-87)
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O RESPEITO

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É ímpio perante Deus aquele que é irreverente para com seu pai” (Tertuliano)

Como se divide esta segunda seção relativa ao respeito?

Em três capítulos:

1º – A natureza do respeito;

2º – A importância do respeito;

3º – O objeto do respeito.

Capítulo I – A natureza do respeito

Que é o respeito?

1º – “O respeito é alguma coisa mais que a estima, a deferência, a polidez e as atenções. Têm-se atenções para os iguais, deferência para os amigos, estima pelo mérito, delicadeza com toda a gente; o respeito ascende muito mais, e leva consigo a estima, a deferência, as atenções mais delicadas e, mais ainda, a consideração e a honra, a até alguma coisa superior.

2º – O respeito é a lembrança refletida e o religioso sentimento do que há de divino em si e nos outros. Não, o respeito por si e pelos outros não é outra coisa senão a consideração atenta daquilo que há de mais alto na dignidade humana, isto é, da imagem de Deus, da coisa divina em nós, e, além disso, o sentimento grave e íntimo o sentimento religioso, que esta recordação e esta luz inspiram.”  (Mgr. Dupanloup, Da Educação, t. II, p. 487.)

Que é, por exemplo, o respeito de si mesmo, “senão um olhar de admiração sobre si e de religiosa estima por uma dignidade interior e oculta“?(Mgr. Dupanloup)
Que é o respeito das leis, senão a consideração prática do que há de majestoso e de divino na expressão da vontade dos legisladores, para se tirar uma conclusão de religiosa docilidade?

3º – “Se se quisesse definir o respeito, seria preciso denominá-lo: o sentimento dos valores; e, por conseguinte, o respeito é uma virtude intelectual que anda ligada ao juízo e o bom senso.” (F.Kieffer, ob. cit., p.340.)
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OS MEIOS IMEDIATOS DA AUTORIDADE

Resultado de imagem para autoridade dos paisQuais são os meios imediatos de adquirir e de conservar a autoridade?

São seis os princípios:

1º – É preciso falar pouco.

2º – É preciso usar de autoridade com discrição.

3º – É preciso ser claro.

4º – É preciso tomar a sério o que se diz.

5º – É preciso exigir uma obediência imediata.

6º – É preciso manter a firmeza até ao fim.

1º – É preciso falar pouco

Qual o sentido desta fórmula: é preciso falar pouco?

É preciso intervir raramente.

Seria, com efeito, desastroso, não permitir e não deixar passar nada. Alguns pais falam sem descanso, tanto para mandar, como para proibir ou para aconselhar:

– Pedro, tem cuidado, não caias.

– Olha bem.

– Olha para a frente.

– Não vás tão depressa.

– Aí vem um carro.

Etc…

A criança acaba por não prestar atenção às recomendações que se lhe fazem. Os próprios pais não ligam importância ao que dizem, e, quando querem fazer valer a sua autoridade, compreendem que esta está irremediavelmente perdida.
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IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA – PARTE 3/3

Imagem relacionadaUm padre católico pode e deve falar sobre este assunto (Matrimônio)

Se até o presente fui, talvez, feliz em mostrar claramente a importância desta questão, sê-lo-ei, ainda, quanto ao dissipar uma dúvida que certamente surgiu no espírito de vários ouvintes:

A) Um padre católico pode tratar desta questão?

B) Um padre católico deve ele precisamente falar sobre este assunto?

A) Quando os meus ouvintes souberem que eu consagrarei todos os sermões do semestre universitário para esta única questão, o estudo do ideal cristão do casamento, perguntarão, certamente, a si mesmos: Será que um padre católico, não vivendo ele mesmo do matrimônio, pode falar destas coisas? Será que ele pode ser nosso guia, a nós que somos casados ou nos preparamos para o ser? Não será uma tarefa impossível o falar do matrimônio, para quem o não conhece pessoalmente?

À primeira vista, isto parece, com efeito, uma empresa impossível. No entanto, não o é.

a) Recordemo-nos, primeiramente, que se os padres católicos não se casam, eles, contudo, saíram de um matrimônio, e deixaram o lar doméstico para subir ao altar; eles também tiveram pais, recordando-se deles com uma gratidão e um amor eterno; eles também têm irmãos e irmãs que se casam, – eles conhecem, pois, a família e a vida familiar.

Não há porventura ilustres críticos de arte, quando eles mesmos não produziram sequer uma obra-prima? Não conheceis médicos que curam admiravelmente doenças, nunca sofridas por eles? Os psiquiatras não curam doenças mentais, que nunca o atingiram? E os juízes não são eqüitativos nos julgamentos sobre crimes, que eles mesmos nunca cometeram?

b) Agora volto à objeção, e afirmo que aquele que não vive, ele próprio, no matrimônio, pode discutir muito mais imparcialmente a questão, que o homem casado. Mais imparcialmente, porque vê mais claramente os defeitos das suas partes, e pode examinar mais tranqüilamente suas obrigações, do que aquele que está pessoalmente interessado na questão; mais imparcialmente ainda, porque a experiência pessoal torna muitas vezes difícil um olhar mais aprofundado, e uma apreciação mais objetiva.
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IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA – PARTE 2/3

Imagem relacionadaI) NECESSIDADE URGENTE

Quereria, hoje, responder, preliminarmente, este ponto: É preciso tratar minuciosamente do casamento e da família? Por quê?

A) Há, com efeito, homens a levantar esta questão.

São cada vez mais raras, infelizmente.

a) Admirados farão esta pergunta os que cresceram em antigas famílias ideais, famílias religiosas, conscienciosas, fonte de paz e de felicidade onde a questão do casamento e suas relações não constituiriam um problema. Os pais e avós não falaram muito disto às novas gerações vindouras, mas nessas venerandas famílias, as tradições permaneciam tão vivas, que a nova geração, constituindo uma família, por si mesma, instintiva e naturalmente, resolvia o problema.

Isso não era, todavia, a menor bênção da família antiga e venerável.

b) Hoje, porém, como estamos longe disto! Milhares e milhões de jovens crescem, ao redor de nós, desconhecendo as bênçãos da vida familiar e o calor do lar doméstico.

Lar! Palavra magnífica! Ninho abençoado!

Dizei-me: existe ainda hoje um lar? Um lar, com seu doce e benéfico calor?

Lembro-me aqui, não só dos mais desgraçados dentre os desgraçados, dos filhos infelizes, cujos pais estão separados. Lembro-me da multidão imensa de filhos, cujos pais vivem em comum, mas em constantes rixas e discórdias perpétuas. Lembro-me destas crianças que nunca provaram a doçura de um lar, porque nem seu pai e nem sua mãe amam a vida de família. Ambos sentem mais alegria em fugir de seu lar. A criança fica entregue a si mesma… ou a uma doméstica, a uma empregada, ou então vai aonde quer.

Lembro-me também desta multidão de jovens obridos a ganhar o pão, arrancados às paredes protetoras do lar antes que se lhes chegue o tempo dos cuidados pela existência. Continuar lendo

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA – PARTE 1/3

Resultado de imagem para familia catolicaMeus irmãos, escolhi como objeto de minha série de instruções para o curso do novo semestre que se inicia, um tema de urgência e atualidade toda particular, mas ao mesmo tempo bastante delicado e difícil.

Um tema, cuja solução assegura para o homem vida pacífica sobre a terra, e muitas vezes também a felicidade eterna. Um tema, cuja solução harmoniosa é de efeito incomensurável sobre toda a vida cultural, social e nacional. Um tema, cuja solução exata ou inexata é fonte de bênçãos ou de maldições para toda a humanidade.

Um problema de imensa importância: o casamento e a família cristã.

Quem não vê a importância decisiva desta questão? Quem não vê que a humanidade se coloca hoje ante estas graves questões do casamento e da família, como diante de uma esfinge enigmática? O homem moderno que conseguiu descerrar cada vez mais o véu que ocultava a natureza, com suas esplêndidas descobertas, pensou ser o matrimônio resolúvel pelas leis da natureza, qual um problema da matemática.

Teve, porém, grande desilusão. Após amargas experiências, foi obrigado a reconhecer que o casamento não é um problema numérico, que se possa resolver única e totalmente pelo raciocínio. Não; o casamento, a família constitui uma “equação” a várias incógnitas, que a matemática não resolverá porque ele é, segundo a expressão de S. Paulo, “um grande mistério” (Ef 5, 32), que só o homem arraigado em Deus pode dominar e resolver.

Não existe verificação que atualmente mais se ouça do que esta: “a família em nossas dias passa por séria crise”.

Seria impossível e mesmo injusto não lembrar que há causas muitas e complexas a influir na crise atual da família. Seria injustiça negar que uma dessas causas é a crise econômica com todas as suas conseqüências: desemprego, falta de habitação, privações e por conseqüência atritos é pontos de vista diversos entre os esposos, além do crescente nervosismo, impaciência, egoísmo, etc. Tudo isto é verdade, e bem verdade.

Entretanto, meus irmãos, se de uma parte a reconhecemos com toda franqueza, de outra parte outra verificação adverte-nos que a atual crise da família não pode ser suficientemente explicada par causas exclusivamente econômicas.

Verificamos, com efeito, que a família está abalada não só entre pessoas necessitadas, mas que, ao contrário, a crise é maior e mais contristadora entre famílias cuja situação material é boa, e onde não se fala em privações. E a prova de que a mediocridade e a pobreza não são os verdadeiros inimigos da família são os exemplos dos esposos para as quais a vida familiar e o amor recíproco se tornam mais fortes pela pobreza, e eles mesmos mais unidos porque a luta pela vida suscitou neles valores morais, cuja existência, antes, eles ignoravam em si mesmos.

Se para a família ressoa o apelo de socorro dos navios em perigo de naufrágio: S.O.S. “Save our souls”: Salvai nossas almas, é preciso recordar que não poderemos salvar a família em perigo, senão pela salvação da alma e dos valores morais. A família precisa realmente de uma “reforma”, mas essa reforma só se realizará respeitando-se novamente o ideal cristão do casamento. Eis o objeta das nossas instruções neste novo semestre universitário, que agora começamos. Creio, não poderia encontrar um tema tão importante, decisivo e vital como este.

****************

Antes, porém, de minuciosamente tratar dessa questão, devo prepará-la respondendo a um ponto preliminar: demonstraremos cuidadosamente ser, na realidade, essa questão, de uma importância tão vital, que mereça se lhe consagrem as instruções de todo um semestre.

I) É necessário falar tanto da família? A resposta, procurarei dá-la na primeira parte do sermão de hoje.

Responderei depois uma questão, que talvez alguns ouvintes passam formular:

II) Será que um padre católico pode tratar deste assunto?

Continua…….

Casamento e Família – Mons. Tihamer Toth

A AUTORIDADE É UMA CIÊNCIA

Imagem relacionadaPor que se pode dizer que a autoridade é uma ciência?

Porque o exercício do direito e o cumprimento do dever da autoridade exigem o conhecimento (a ciência) e o respeito dum certo número de princípios. Uns são remotos, outros imediatos: examiná-lo-emos sucessivamente.

Os princípios remotos

Quais são os princípios remotos a que está ligada a autoridade?

São cinco:

1º – É preciso começar a exercê-la muito cedo.

2º – É preciso que os pais sejam os primeiros a respeitar a fonte de toda a autoridade: Deus.

3º – É preciso que os pais apoiem a sua autoridade em Deus.

4º – É preciso que os pais mostrem em tudo um procedimento digno e nobre.

5º – É preciso que os pais evitem tudo que os possa colocar no mesmo pé de igualdade os filhos.

1º – É preciso começar muito cedo

Curva a cabeça de teu filho na sua mocidade” (Eccli)

Por que é preciso que os pais afirmem muito cedo a sua autoridade?

Por que a experiência ensina que “se a criança não for dominada dos três aos quatro anos, é quase certo que nunca o será.”

(F. Nicolay, As crianças mal educadas, p. 140)

Que sucederá se os pais se descuidarem na afirmação da sua autoridade logo nos primeiros anos dos filhos?

A criança cresce: a sua independência desenvolve-se com ela; as insubmissões são frequentes; tornam-se escandalosas; a sua arrogância é uma vergonha; os pais abrem enfim os olhos; decidem-se a reagir. Continuar lendo

A AUTORIDADE É UM DIREITO

Resultado de imagem para autoridade dos pais“O princípio da autoridade é a base de toda a sociedade bem organizada.” (Imbert de Saint-Amand, A côrte de Luiz XIV (Mame) p.58.)

Qual é a origem deste direito?

Procuremo-la na própria etimologia da palavra autoridade.

Autoridade (em latim: auctoritas) vem do substantivo (em laim: auctor).

A autoridade é, portanto, uma prerrogativa de autor.

Há alguma autoridade legítima que possa ter outra origem?

Não, porque a uma outra autoridade que não fosse a do autor poderiam dizer:

“Quem é o senhor? Não o conheço; não lhe devo nada; devo tudo Aquele que me fez; mas nada devo senão a Ele e àqueles que O representam.” (Mgr. Dupanloup, Da educação, t. II, p.14)

Pelo contrário, ao seu autor responde naturalmente:

“És Vós? Aqui estou eu. Vós fizeste-me aquilo que eu sou; acaba a Vossa obra; ordena; eu obedeço.” (Ibid.)

Quais são os benefícios deste direito?

1º – Deus em primeiro lugar. Ele é o autor necessário e universal; tem, portanto, uma autoridade plena e pessoal sobre todas as coisas.

É por isso que todas as criaturas se voltam para Deus para Lhe dizer: “Aqui estamos. Adsumus” (Job, XXXVIII,35). O próprio homem, o rei da criação, se aproxima do Criador e diz-Lhe: “Tuus sum ego; eu sou vosso” (Ps. CXVIII,94). – “Deus meus es tu: in manibus tuis sortes mece. Vós sois o meu Deus; os meus destinos estão nas Vossas mãos“. (Ps.XXX,15).
Continuar lendo

DO RESPEITO E DA SUBMISSÃO PARA COM OS PAIS

Resultado de imagem para familias numerosas«Hoje, escreve Mgr. Dupanloup, tem estranha­mente diminuído o conhecimento de tudo quanto há de divino num pai e numa mãe, e o sentimento do soberano respeito que a Sagrada Escritura manda que se lhes dê. Também, para nossa desgraça, a au­toridade dos pais e das mães tende a desaparecer, e, segundo afirmam, são forçados a abdicá-la, para prevenirem grandes desordens. Nada explica a es­tranha negligência, a inconcebível tibieza de certos pais, para fazerem valer os direitos da sua autori­dade, para com seus filhos. É duro mas é forçoso confessá-lo. Não se sabe quando se há de usar a autoridade paterna e materna. Quando as crianças têm doze ou treze anos, não têm forças para os conter, e já nada se lhes pode exigir seriamente. Quantas vezes tenho ouvido dizer: — «Mas se ele não quer como é que o ei de obrigar?» Mas para que estais vós na terra, pai e mãe, senão para que­rerdes com sabedoria, e fazerdes querer com autori­dade?» As mães, principalmente, são quase sempre duma fraqueza extrema. Quem há aí, que as não te­nha ouvido dizer ao filho: «Se não fazes o que te mando, faço queixa ao pai! «E quem sois vós, infeliz mãe, que assim falais? pergunta Mgr. Dupan­loup. Não recebestes de Deus nenhum direito, ne­nhuma obrigação séria, nenhuma autoridade a exer­cer? Ignorais que o Senhor vos pedirá contas do uso que fizerdes dum poder de que vos revestiu? [1]

Não contentes de deixarem calcar a sua própria autoridade aos pés da sua fraqueza, certas mulhe­res chegam a ponto de tornar impossível, na família, o exercício da autoridade do marido.

Na sua opinião, o pai nunca sabe o que manda, e as crianças que ele castiga com razão, são sempre inocentes vítimas, injustamente punidas. E ainda achando pouco estas palavras que proferem, ajuntam-lhe quase sempre o exemplo. O marido é o chefe da mulher, como Jesus Cristo é o chefe da Igreja, tal é a doutrina de S. Paulo, que daí tira, como inevitável conclusão, que as mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, em tudo o que não é contrario à lei divina. Ora as mu­lheres de que falamos, não mostram muitas vezes, para os maridos, que representam a seu respeito a autoridade do próprio Deus, senão insobordinação e desprezo, em vez de obediência e respeito, de maneira que são as primeiras a arvorar nas famílias o estandarte da rebelião, e a soprar o vento da dis­córdia. Daí a revolta, a anarquia no lar doméstico, para dar em resultado o desaparecimento de toda a paz e tranquilidade. Continuar lendo

DEVERES DOS PAIS PARA COM OS FILHOS

Estimada senhora, na carta anterior eu lhe dizia que há aproximadamente dois séculos o homem mudou a ordem desejada por Deus e, com isso, por sua desobediência, propagou erros e maus costumes em toda a sociedade, nas famílias e na educação dos filhos. Tentarei mostrar essa desordem para ajudá-la em sua vocação de educadora de seu filho – vocação que, sem dúvida, se tornou muito difícil em nossos dias. A senhora percebe que em todas as partes só se fala dos direitos da criança, a tal ponto que se poderia pensar que os pais não têm mais nada a dizer. A criança sabe disso e aproveita a situação para satisfazer seus caprichos e não obedecer mais, sob pena de se rebelar na época da adolescência. Mas será que o ensinaram verdadeiramente a obedecer? Desde pequeno? Em verdade, nesse momento da adolescência, alguns pais se encontram desprovidos de meios e não sabem mais o que fazer.

O QUE NOS ENSINA O CATECISMO SOBRE ISSO?

Em primeiro lugar, os três primeiros mandamentos nos ensinam nossos deveres para com Deus, que é nosso Criador e Senhor de todas as coisas; esses deveres são:

– A adoração que se deve só a Deus, Uno e Trino (honrar o próprio Deus);

– O respeito para com o santo Nome de Deus (honrar o seu santo Nome);

– A santificação do Dia do Senhor (honrar o seu santo Dia).

O nome de Deus está inscrito nesses três mandamentos.

Depois vêm os outros sete mandamentos, que nos ensinam nossos deveres para com o próximo e, portanto, nossas relações com ele. O objeto do quarto mandamento concerne a todos nós e nos dita nossos deveres para com o próximo: nossos pais, nossos superiores, nossos educadores; mas, antes de tudo, nossos pais.

“HONRARÁS TEU PAI E TUA MÃE”

O Livro do Êxodo (cap. 20, v. 12) diz: “Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longo tempo na terra que o Senhor, teu Deus, te dá”. Esse mandamento está formulado em alguns catecismos deste modo: “honrarás pai e mãe, para que vivas longo tempo”. Dito de outro modo, quem observa esse mandamento recebe as bênçãos de Deus, inclusive sobre a terra.

Esse mandamento tem como objeto principal os deveres da criança para com seus pais; mas compreende também os deveres dos pais para com seu filho, assim como os deveres recíprocos dos patrões e dos empregados, dos maridos e das esposas.

Gostaria, em primeiro lugar, de falar dos deveres dos pais de família. Isso ajudará a senhora a ter o trato adequado com seu filho, para ajuda-lo, por sua vez, a cumprir bem o quarto mandamento. É bom que a criança saiba que também a senhora tem deveres para com ela. De fato, se a criança está inteirada da obrigação que seus pais têm perante Deus de trata-la da forma que a seguir estudaremos, ela mesma dará mais importância aos conselhos e reprovações dos pais.

Quais são os deveres dos pais para com seus filhos? Voltemos o olhar para a Sagrada Família, mais especialmente no mistério de Jesus encontrado no Templo pela Santíssima Virgem e por São José.

O primeiro dever é alimentá-lo. Por alimento, devemos entender todo o necessário para viver: alimentos, roupas, moradia. Desse modo, o pai de família deve trabalhar para atender às necessidades de sua família. Neste aspecto, cumpre ensinar à criança o dever da gratidão.

O segundo dever é instruí-lo. Há duas instruções: a comum, recebida na escola, e a religiosa, proporcionada com o catecismo. Jesus alude à segunda quando responde à Sua Mãe quando ela o encontra no Templo: “não devo me ocupar das coisas de meu Pai?”.

A primeira instrução oferece à criança algumas “receitas” para a vida presente. Tem verdadeira importância e não se deve descuidar dela, porque ao filho instruído será mais fácil ganhar a vida. Mas a segunda instrução proporciona ao filho os meios para alcançar mais tarde a felicidade eterna. Essa última instrução, portanto, oferece ao filho o máximo bem, e é a mais necessária, já que dela depende sua eternidade, ditosa ou infeliz. Os pais que se descuidam dela são gravemente culpáveis (daí a importância da escolha de uma escola verdadeiramente católica).

O terceiro dever é educá-lo. Quer dizer, corrigi-lo e incentivá-lo, uma vez que a criança tem defeitos – inimigos de sua alma – assim como qualidades e talentos que devemos fazer frutificar. Esse não foi o caso da Santíssima Virgem e de São José, pois eles não tiveram jamais de corrigir o Menino Jesus. Ele só tinha virtudes. Mas Ele e Nossa Senhora foram as únicas crianças desse gênero; assim, o dever de todo pai é ter em conta aqueles dois elementos com vistas à educação da criança. O que diz a Santa Escritura a respeito? “Não poupes nada na correção do filho”. E em outra parte: “Um cavalo sem domar se torna insuportável, e a criança abandonada à sua vontade se torna insolente”.

Essas palavras se aplicam muito bem à criança malcriada. E creio que muitos pais criam mal seu filho descuidando-se desse terceiro dever. Não basta corrigi-lo; é preciso corrigi-lo bem, quer dizer, adequar o castigo à falta. Muito frequentemente tenho visto pais castigarem de maneira inconsiderada; a senhora pode ter certeza de que nesse caso o castigo não produzirá bons frutos, mas más consequências. Normalmente o castigo tem como primeira finalidade a correção e, portanto, deve ser proporcional à falta. Se Deus quiser, falarei mais longamente sobre este ponto em outra carta.

São Pedro Damião dizia: “Aquele que não repreende seus filhos quando roubam ovos, há de vê-los logo roubando cavalos. Quem no começo era só um ladrãozinho se tornará com o tempo um grande ladrão”.

Um provérbio diz: “Quem ama castiga”. Em geral, quando se leva a criança a reconhecer sua falta e a arrepender-se (a meu ver, isso é o mais importante), ela aceitará o castigo, pois as crianças têm um grande senso de justiça (a menos que já tenham sido deformadas nesse aspecto).

O quarto dever é dar bom exemplo. Tal pai, tal filho. Tal mãe, tal filha. A atitude dos pais é o livro com o qual os filhos se instruem. Um provérbio diz, com razão, que se aprende mais com os olhos do que com os ouvidos. O bom exemplo dos pais é o melhor catecismo do filho. Não basta que os pais evitem o mal; é necessário que façam o bem, que rezem a Deus de manhã e de noite, que assistam à Missa no domingo, que recebam regularmente os Sacramentos e que cumpram todos os deveres cristãos.

Uma última observação: pelo amor de Deus que reina na alma de seu filho batizado, agora que se aproximam as férias de verão, não se esqueça, querida senhora, de aproveitar a oportunidade para lhe ensinar o pudor, o respeito ao seu próprio corpo, portador da presença divina em sua alma. Ensine-lhe a vestir-se corretamente, como Jesus se vestiria. E para isso faça com que a própria roupa da senhora não contradiga as suas palavras. A criança tem um espírito lógico. Vê muito bem o exemplo que a senhora lhe oferece. Se a senhora tiver a coragem de dar-lhe o bom exemplo, ela mesma respeitará e porá em prática suas palavras.

Que Nossa Senhora seja sempre sua guia e modelo, especialmente durante as férias em família.

Irmãs da Fraternidade São Pio X

Fonte: Permanencia

DA BONDADE PARA COM OS IGUAIS E OS INFERIORES

Resultado de imagem para caridade catolicaPai da revolta contra a autoridade, o orgulho também cria, para com os iguais, a dureza de cora­ção, e o desprezo para com os inferiores.

Se nada há mais nobre do que sacrificar-se a si próprio, com seus gostos e interesses, por dedicação para com o próximo, nada há mais vil do que tudo querer para si. Uma mãe cristã, atenta a formar em seus filhos uma grande bondade de coração, e em destruir neles o egoismo, falar-lhes-á muitas vezes daquele que, por amor dos homens, se aniqui­lou a ponto de tomar a forma de escravo, e até de morrer sobre uma cruz. Far-lhes-á contrair o cos­tume de fazerem às outras crianças todos os servi­ços que lhes poderem fazer, e sobretudo de terem um terno amor para com seus irmãos e irmãs.

Que encantador espectáculo não oferece uma família, cujos membros são todos unidos por laços duma forte e constante caridade! … E, por outro lado, nada há mais triste, do que encontrar irmãos armados, quase desde a infância, uns contra os outros, inimigos até à morte, nunca se vendo, ou vendo-se com visível desgosto? Atualmente é isso um espec­táculo vulgar. E não é verdade poder dizer-se espe­cialmente hoje este provérbio tão conhecido: É raro que a concórdia reine entre os irmãos? E essa desordem, as mais das vezes, é fruto da negli­gência da mãe, que não teve cuidado de repetir muitas vezes a seu filhos, com o Apóstolo da cari­dade:—«Meus filhos, amai-vos uns aos outros, porque é esse o preceito do Senhor!»

Lemos na vida da Senhora Acarie que exortava seus filhos a serem amigos uns dos outros, e lhes contava muitas vezes as vantagens da concórdia e as conseqüências funestas da desinteligência:—«É preciso sempre ceder, lhes dizia, exceto quando a honra de Deus exige que se resista. Quem cede, ganha sempre a vitória contra o seu adversário.» Os seus filhos mais novos, diz Doval, vinham todas as noites contar-lhe os seus sentimentos, e se tinham tido disputas uns com os outros, como de ordinário lhes acontecia, pediam perdão uns aos outros, e abraçavam-se diante de sua mãe. — Todas as manhãs os filhos da senhora de Ghantal se abraçavam, e estes sinais exteriores de afeição servem muitas vezes, para entreterem a união dos corações, con­tanto que haja grande cuidado em evitar amizades particulares, e familiaridades muito ternas. Continuar lendo

DA SUBMISSÃO À AUTORIDADE

Resultado de imagem para mãe e filha pintura«Nunca deixes o orgulho reinar no teu coração; porque esse vício é a origem de todos os males» dizia muitas vezes Tobias a seu filho. Seguindo o exemplo deste santo velho, a mãe segundo a vontade de Deus extirpará do coração de seus filhos essa raiz de toda a iniquidade, com todos os seus amargos rebentões.

Ora o primeiro fruto do orgulho é o desprezo da autoridade e o espírito de insubmissão, que põe em perigo a sociedade moderna, e que arrancou esta ameaça à augusta Mãe de Deus : «Se o meu povo não quiser submeter-se, sou forçada a deixar mo­ver-se o braço de meu Filho»[1]. Todo o homem sensato o pode observar; a mais santa autoridade, a da Igreja e de seu augusto chefe é indignamente desprezada, não só pelos infiéis, mas até por filhos rebeldes e ingratos. Os tronos sustentam-se hoje com grande dificuldade, agitados pelo vento da independência e da revolta. Não tendes ouvido a cada passo os velhos a queixarem-se de que se não respeitam os seus cabelos brancos? E os pais não se queixam igualmente da insubmissão de seus filhos? Onde encontrar remédio para tão profunda chaga, senão no zelo das mães verdadeiramente cristãs, que, com o leite, farão beber a seus filhos o respeito da autoridade, e o espírito de submissão às suas leis se elas próprias estiverem bem compenetrada da mais profunda veneração e do mais terno amor pela santa Igreja, e pelo Soberano Pontífice, o vigário infalível de Jesus Cristo, essas mães saberão trans­plantar esse sentimentos, do seu coração, para o coração de seus filhos.

Não é isso mesmo o que nós lemos acerca de M. Frémiot, presidente do parlamento de Borgonha, e pai da santa baronesa do Chantal? Ficando viúvo com três filhos, este generoso cristão reunia-os pela manhã e à noite sobre os joelhos, ou em torno de si, e falava-lhes com a mais profunda convicção do poder e dos benefícios da Igreja, das suas glórias e das suas provações. Sua fi­lha Joana Francisca (depois canonizada), estre­mecia alternativamente de alegria ou de indigna­ção, quando seu pai contava os triunfos ou as dores da Igreja. Os sentimentos que nasceram das exortações paternas ficaram tão profundamente radicados no seu coração, que, mais tarde, não podia atravessar, sem derramar lágrimas, os luga­res, donde os hereges haviam banido a fé da santa Igreja romana. Continuar lendo

OPERAÇÃO MEMÓRIA: VÍDEOS DE FORMAÇÃO PARA FAMÍLIAS

fsspxPrezados amigos, leitores em benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em mais uma Operação Memória de nosso blog, deixamos abaixo os links dos vídeos da Universidade de Verão, realizado pela FSSPX Portugal, com o tema: “A FAMÍLIA EM PERIGO“.

Aproveitem…

 

O REMÉDIO É A MORTE

Fonte: Boletim Permanencia

Da eutanásia ao homicídio é só um passo.

E a esquerda holandesa não se envergonha de dá-lo. O Esquerda Verde (GroenLinks) quer limitar os procedimentos cirúrgicos em pacientes com mais de 70 anos e permitir que os geriatras do hospital decidam se vale a pena operar ou mesmo manter vivo um paciente idoso. Como se ele fosse um fogão ou uma geladeira, um simples cálculo de custo x beneficio decidirá se o seu destino será a sala de cirurgia ou o cemitério.

O mais perverso é que esse partido se originou da fusão, em 1991, do Partido Comunista, do Partido Socialista Pacifista, dos Radicais e do (pasmem!) Partido Popular Evangélico. Parece piada, mas é só uma tragédia.

A proposta foi apresentada ao parlamento holandês por Corinne Ellemeet e já ganhou o apoio da presidente da Associação Geriatria Clínica da Holanda, Hanna Willem , para quem a interrupção do tratamento vai “acrescentar qualidade de vida para o paciente.” Inacreditável!

“Um processo de seleção deve ser feito quando for o caso de um tratamento avançado e caro “, o que incluiria operações cardíacas, tratamentos de câncer, diálise renal entre outros procedimentos. A prioridade, nesses casos, segundo Corinne, deve ser dada aos mais jovens.

Em outras palavras, a disposição do paciente para continuar lutando pela vida não terá nenhum valor, prevalecerá a opinião do geriatra e suas previsões sobre “as expectativas em relação à qualidade de vida da pessoa”.

 

CARTA AOS PAIS

Esta carta de André Charlier merece ser lida duas vezes. Uma, por seu conteúdo e oportunidade; Outra, tendo-se em vista a data em que foi escrita, 22 de outubro de 1954, quando Charlier era diretor da escola preparatória de Clères, na Normandia. 

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Embora escrita para pais franceses, estas breves reflexões certamente interessarão ao leitor brasileiro.

Fonte: Permanencia

Prezados amigos, escrevi há muitos anos “cartas aos pais”, e parei de escrevê-las, uma vez que, no final, não via utilidade. Elas não persuadiam senão aqueles que já se encontravam persuadidos. Muitos me escreviam: «Como o sr. tem razão!», mas não passavam desta aprovação platônica. Ora, tenho muito pouco tempo para escrever coisas inúteis. Se escrevo aos senhores hoje mais uma vez, é porque uma imperiosa necessidade me incita a isto. É preciso, de todo modo, que o homem ao qual os senhores confiaram a educação de seus filhos lhes diga o que pensa da juventude da França que cresce. Sua responsabilidade moral, como a minha, está empenhada e é preciso que aos senhores seja apresentada a realidade. O quadro que apresento é uma visão geral cujos elementos não foram tomados apenas do que pude constatar na Escola. Do que tenho a lhes dizer, cada um aproveitará o que quiser ou puder.

O que me espanta mais, é o quanto esta juventude é pouco viril. E por que é assim? Porque, simplesmente, os senhores jamais exigiram nada dela. Os senhores apenas se preocuparam de que fossem felizes e realizaram todos os seus desejos; desde a primeira infância, os satisfizeram de todos os modos possíveis; como poderão querer que tenham a idéia de que, por um lado, a vida é difícil, que as coisas difíceis são as únicas que interessam e que, por outro lado, todas as alegrias se compram e mesmo que custam tanto mais caro quanto mais elevadas são? Tudo sempre lhes foi dado e eles julgam normal que tudo lhes seja dado, estimam mesmo que é seu direito; e como a cultura e a ciência não se comunicam por si mesmas, vêem nisso uma espécie de injustiça. Eles não estão longe de se considerarem vítimas, posto que o Latim e as matemáticas não entregam tão facilmente os seus segredos.

Isto é assim porque, na educação que os senhores lhes deram, eles sempre receberam tudo de graça. Os senhores foram vítimas da demagogia universal e do moderno liberalismo, que considera a autoridade um vestígio de tempos bárbaros. Os senhores repudiaram a autoridade; quiseram agradar seus filhos para serem amados: mas não serão mais amados do que nossos pais o foram e serão, talvez, menos estimados por seus próprios filhos quando estes tiverem idade para julgar. Pois não lhes ensinaram que tudo tem um preço e que as coisas de valor custam caro. Jamais tiveram necessidade de merecer os prazeres que lhes foram dados; jamais aprenderam a fazer coisas contrárias às suas vontades. Ora, não é coisa agradável, em si mesma, por exemplo, estudar as declinações do latim ou do alemão. Continuar lendo

UM LABORATÓRIO DE ABOMINAÇÕES

A tentação de Santo Antão, Hieronymus Bosch

Fonte: Boletim Permanencia

A inversão dos critérios e da compreensão da realidade já se tornou de tal modo grave no Canadá – uma espécie de laboratório dos modernismos de todos os tipos – que o Estado já considera famílias católicas incapazes de adotar crianças e educá-las adequadamente, por conta de suas crenças “preconceituosas”.

Foi o que aconteceu com um casal católico que decidiu adotar uma criança. Depois de um longo processo, eles foram entrevistados por uma assistente social que, em dado momento, lhes perguntou sobre “sua crença religiosa” e se de fato acreditavam em certas partes desatualizadas da Bíblia”. Eles responderam simplesmente que acreditavam na Bíblia. Mais adiante, num tom casual, a assistente comentou que seu filho era homossexual e que, na infância, sofrera muito nas mãos dos que consideravam o homossexualismo um pecado.

Foi a senha para o que viria a seguir. Poucas semanas depois, o casal recebeu uma notificação do Estado comunicando que o seu pedido de adoção fora rejeitado, apesar de todas as suas qualidades.

Não chega a ser uma surpresa que o caso tenha ocorrido no Canadá, mundialmente conhecido por sua cultura impregnada de paganismo: liberação irrestrita do aborto até a última semana de gravidez, validade das uniões homossexuais, legalização da maconha “para fins recreativos”, suicídio assistido, eutanásia (chamada de “morte clinicamente assistida”). Em setembro último, foi noticiado que “especialistas em ética” já estão debatendo a possibilidade da aplicação da eutanásia em crianças, sem consentimento dos pais. Os “direitos dos trans” também contam com ampla aceitação e promoção no país; após a proibição por Donald Trump do ingresso de transgêneros nas Forças Armadas dos EUA, os militares canadenses convidaram cidadãos de “todas as orientações sexuais” ao alistamento.

O Partido Liberal do primeiro-ministro, Justin Trudeau é o principal motor dessa “revolução dos costumes” no Canadá. Foi sob a liderança de Jean Lesage, que governou a província de Quebec de 1960 a 1966, que a “Revolução Tranquila” ou “Revolução Silenciosa” introduziu a secularização dos costumes nessa importante região canadense. A gradual substituição da influência da Igreja pela do Estado nos sistemas de educação, de saúde e em inúmeras obras sociais levou ao completo desmantelamento das tradições religiosas dos quebequenses, que trocaram a arraigada crença sobrenatural na Religião Católica por uma mera identificação cultural com o “elemento francês”, de base meramente nacionalista.

E assim cumpre-se no Canadá, e de modo cada vez mais acelerado, o que disse Nossa Senhora em La Salette: “Os governantes civis terão todos um mesmo objetivo, que consistirá em abolir e fazer desaparecer todo princípio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda espécie de vícios”.

NÃO É A GILLETTE QUE FAZ O HOMEM

Fonte: Boletim Permanencia

Durante séculos, a navalha foi um símbolo da masculinidade. Até que a lâmina de barbear apareceu e tomou o seu lugar na vida prática dos homens.

Mas quando o fabricante mais famoso dessas lâminas se considera apto a dizer ao seu público como agir para que se tornem “homens melhores” (the best men can be), já não se trata de fazer a barba, mas a cabeça de metade da população. Enfim, já não é marketing, é “engenharia social”.

Mas a julgar pelos resultados, a Gillette abusou da pretensão – talvez por desprezar a água benta. No mês passado, a empresa lançou pelo youtube uma campanha polêmica em que retrata homens e meninos como estereótipos do pior comportamento humano.

O vídeo tem menos de 2 minutos, e começa com a cena de quatro homens bem barbeados, de raças e idades diferentes, olhando-se no espelho com cara de culpa. As palavras “bullying”, “assédio sexual” e “masculinidade tóxica” são ouvidas no fundo.

A sequência seguinte mostra um adolescente sendo perseguido; um menino recebendo mensagens de ‘bullying’ no celular; pedaços de reportagem sobre o #Metoo; cenas de assédio de um patrão; um chefe humilhando a subalterna; homens mexendo com mulheres na rua; garotos brigando sob o olhar de adultos, que apenas comentam: “Boys will be boys” (“Garotos são assim mesmo”).

No próximo bloco, a virada: o tom muda e o que vemos são homens refletindo sobre as consequências de seus atos. E então, o gran finale: as cenas do começo se repetem, mas agora há homens que reagem defendendo as vítimas de abuso, apartando a briga, etc. – sob o olhar admirado de meninos de raças diferentes.

A chamada “masculinidade tóxica” (do inglês toxic masculinity) é a carapuça que a Gillette quer vestir no homem “de sempre”, a quem ela considera machista, homofóbico, misógino, herdeiro do patriarcado, entre outros adjetivos pejorativos que invertem a sua autopercepção.

No seu site oficial a marca torna claro seu desejo: ” … como uma companhia que encoraja os homens a buscarem o seu melhor, nós temos a responsabilidade de garantir que promovamos versões positivas, alcançáveis, inclusivas e saudáveis daquilo que se considera ser homem”. E continua: “Nosso slogan precisa continuar a inspirar todos nós a sermos melhores todos os dias, e ajudar a criar um novo padrão para os meninos admirarem e para os homens atingirem… porque os meninos de hoje são os homens de amanhã”.

Mas, ao contrário do esperado, a desaprovação superou os aplausos. Com 30 milhões de views, há 1,4 milhão de dislikes contra 767 mil likes. Afinal, homens ainda são homens.