FRUTOS QUE PRODUZ A MEDITAÇÃO DE JESUS CRUCIFICADO

JesusSub umbra illius quem desideraveram sedi; et fructus eius dulcis gutturi meo — “Eu me sentei debaixo da sombra daquele a quem tanto tinha desejado; e o seu fruto é doce ao meu paladar” (Cant. 2, 3).

Sumário. Representemo-nos muitas vezes Jesus agonizante sobre a cruz; detenhamo-nos em contemplar algum tempo as suas dores e o afeto com que sofreu, e disso tiraremos copiosos frutos de vida eterna. Da cruz de Jesus parte uma aragem celeste que suavemente nos desliga das coisas terrenas e nos torna leves todos os nossos trabalhos; acenderá em nós um santo ardor para sofrer e morrer por amor daquele que quis padecer e morrer por nosso amor. É sobre o Calvário que se formaram e ainda se formam os santos.

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Ó almas devotas, procuremos imitar a Esposa dos Cânticos sagrados, que se assentou debaixo da sombra daquele que era o único objeto dos seus desejos. Representemo-nos freqüentes vezes, especialmente nas sextas-feiras, Jesus moribundo sobre a cruz; ponhamo-nos a contemplar algum tempo com ternura as suas dores e o afeto que nos teve; e então bem poderemos dizer: E o seu fruto é doce ao meu paladar. É sobre o Calvário e pela contemplação de Jesus crucificado que se formaram em todos os tempos e ainda hoje se formam os santos.

No meio do tumulto deste mundo, das tentações do inferno e dos temores dos juízos divinos, oh! Quão doce repouso acham as almas amantes de Deus, ao contemplarem, a sós e em silêncio, o nosso amantíssimo Redentor, quando está em agonia ou derrama o seu divino sangue gota a gota, por todos os membros feridos e dilacerados pelos açoites, pelos espinhos e pelos cravos. Ah! Quão doces frutos ali colhem e que progressos tão rápidos fazem então no caminho da perfeição! — Sim, porque à vista de Jesus Cristo esvaecem-se do nosso espírito todos os desejos de grandezas mundanas, de riquezas terrestres, de prazeres dos sentidos! Sopra da Cruz uma aura celestial, que nos desprende docemente de todas as coisas da terra e nos faz reputar leves todos os nossos sofrimentos; mais: acende em nós um santo desejo de sofrer e morrer por amor daquele que tanto quis sofrer e morrer por nosso amor. Pelo que dizia São Francisco de Sales: “Fixai Jesus crucificado em vosso coração, e todas as cruzes e espinhos deste mundo se vos afigurarão como rosas.” Continuar lendo

JESUS, NO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, ESPERA-NOS COM EXTREMA MISERICÓRDIA

santIesus ergo fatigatus ex itinere, sedebat sic supra fontem — “Jesus, pois, fatigado do caminho, estava assim assentado sobre o poço” (Io. 4, 6).

Sumário. Assim como um dia o Senhor, todo bondade e amor, estava sentado à borda de um poço, esperando a Samaritana para a converter, assim agora, descido do céu sobre os nossos altares, que são outras tantas fontes de graças, permanece conosco, esperando as almas e convidando-as a lhe fazerem companhia. Animemo-nos, pois, a recorrer sempre a este divino Sacramento, abramos-lhe o coração, cheios de confiança, e peçamos-lhe tudo de que precisamos. Ao mesmo tempo entreguemo-nos com abandono filial à sua providência, certos de que disporá tudo para nosso bem.

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Oh, que belo espetáculo foi ver o nosso doce Redentor naquele dia em que, fatigado do caminho, se sentara, todo bondade e amor, à borda de um poço, esperando a Samaritana para a converter e salvar! Jesus estava assim sentado sobre o poço. Pois, com igual doçura o mesmo Jesus se conserva, dia a dia, no meio de nós, descido do céu sobre os nossos altares, como outras tantas fontes de graças, esperando as almas e convidando-as a Lhe fazerem companhia, ao menos por alguns instantes, a fim de as atrair ao seu perfeito amor.

Parece que de todos os altares, onde está Jesus sacramentado, fala assim a todos: “Filhos de Adão, porque fugis da minha presença? Porque não vindes a mim e não vos aproximais de mim, que tanto vos amo, e para vosso bem aqui estou no abatimento em que me vedes? Que temeis? Não é ainda como juiz que eu agora estou na terra; neste sacramento de amor me ocultei unicamente para encher de graças e salvar a quem quer que a mim recorra: Non veni, ut iudicem mundum, sed ut salvificem mundum (1) — Não vim a julgar o mundo, mas a salvá-lo.” Continuar lendo

O QUE FAZ O RÉPROBO NO INFERNO

infPeccator videbit et irascetur, dentibus suis fremet et tabescet; desiderium peccatorum peribit — “Vê-lo-á o pecador e se indignará; rangerá os dentes e se consumirá; o desejo dos pecadores perecerá” (Ps. 111, 10).

Sumário. O réprobo no inferno, vendo-se oprimido pelos seus tormentos inefáveis e desesperando de jamais remediar os seus males, será devorado por um ódio contínuo de Deus e amaldiçoará todos os benefícios que dele recebeu. Assim como amaldiçoa a Deus, amaldiçoará também todos os Anjos e Santos, e especialmente à divina Mãe, cuja intercessão não quis aproveitar. Ah, meu Jesus! Seja cortada antes a minha língua; protesto que nunca Vos quero amaldiçoar, mas sim louvar-Vos para sempre no paraíso.

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A alma, criada para amar o seu Criador, não pode deixar de sentir um impulso natural ao amor de seu último fim. Na vida presente, as trevas do pecado e os afetos terrenos podem entorpecer a inclinação da alma para se unir a Deus, e por isso não se aflige muito com a separação. Mas, quando sai do corpo e se vê livre dos sentidos, então vê claramente que só Deus a pode contentar. Pelo que procura ir logo unir-se a seu supremo Bem; mas achando-se em estado de pecado, vê que é repelida por Deus, como sua inimiga. Ainda que repelida, não deixará de se sentir sempre atraída à união com Deus, e o seu inferno consistirá em ver que sempre é atraída para Deus e sempre repelida por Ele.

Se a desgraçada, já que perdeu seu Deus e não O pode contemplar, pudesse ao menos consolar-se amando-O! Mas não, pelo abandono da graça, a sua vontade está pervertida. Por um lado, pois, ver-se-á sempre atraída a amar seu Deus; por outro, ver-se-á obrigada a odiá-Lo. Portanto, ao mesmo tempo que reconhece ser Deus digno de amor e louvor infinitos, odeia-O e amaldiçoa-O.  Se ainda naquela prisão de tormentos, pudesse resignar-se à vontade de Deus e bendizer a mão que com justiça a castiga, como fazem as almas do purgatório! Não pode, porém, resignar-se, pois que para isto deveria ser auxiliada pela graça; mas esta (como já ficou dito) abandonou-a; pelo que a sua vontade é inteiramente contraria à vontade divina.
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SOFRENDO COM CRISTO NAS ENFERMIDADES

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Quando nos submetemos completamente a Jesus Cristo, quando nossas almas respondem com um perpétuo amém a tudo o que Ele nos pede, então Jesus Cristo nos dá a sua paz: “Sua paz, não como a promete o mundo, mas a verdadeira paz  que não pode vir até nós senão d’Ele

Nossa pobre alma depende de tal modo do corpo que quando este sofre ou padece, ela não pode fazer grandes coisas. Mesmo a grande Santa Teresa, apesar de seu ardor e generosidade, lamentava-se amargamente sobre como a fraqueza de seu corpo impedia sua alma elevar-se a Deus em oração.

Quando suportamos pacientemente as enfermidades, somos muito mais agradáveis a Deus e estamos muito mais perto de Seu coração do que quando sentimos cheios de fervor e consolo, pois no primeiro caso temos o mérito do sacrifício e nosso amor dá provas mais certas de que é puro e sem interesse próprio.

Quando nos entregamos a Deus de todo o coração e com plena confiança, caímos nas mãos da Sabedoria e Amor infinitos. A partir desse momento, nem um cabelo de nossa cabeça cai sem o seu conhecimento ou permissão. Ele ordena tudo a esse grande fim: nossa união com Ele. Devemos amar n’Ele, e com Ele, e como Ele.

Somos os membros de Jesus e quando estamos no meio de uma enfermidade somos membros enfermos do Corpo Místico de Jesus. O Pai, contemplando-nos, vê seu Filho crucificado em nós e nosso estado se torna uma oração contínua. 

Nossa força deve ser Cristo. Devemos ser fracos, a fim de que a nossa fraqueza atraia sua compaixão e nos cumule de sua força: Ut inhabitet em mim virtus Christi: “A fim de que a força de Cristo habite em mim“. Unidos a Jesus, entramos com plenos direitos no sanctuarium exauditionis onde todas as solicitações são atendidas. Quando estamos fracos e enfermos, estamos como Jesus in sinu Patris “no seio do Pai“, porém na Cruz. Jesus na cruz, na agonia, na fraqueza, abandonado do Pai, estava sempre em sinu Patris, e nunca foi tão amado do Pai, nunca esteve tão perto do Pai.

Coisa excelente é aceitar das mãos do Senhor, sem reclamar, o corpo que temos recebido, com suas fraquezas, seus pesares, seus sofrimentos, e dizer como Jesus: Ó Pai, eu quero este corpo tal como há querido para mim, com tudo o que pode acarretar-me de penoso.

Sofrendo com Cristo  – Dom Columba Marmion

É PRECISO ESTARMOS SEMPRE PRONTOS PARA MORRER

morte1Et vos estote parati; quia, qua hora non putatis, Filius hominis veniet — “Vós outros, pois, estai preparados; porque na hora em que menos cuideis, virá o Filho do homem” (Luc. 12, 40).

Sumário. Não nos diz o Senhor que nos preparemos quando chegue a morte, mas que estejamos preparados. Porque, como ensina a fé e a razão confirma, na perturbação e confusão da morte será quase impossível por em ordem uma consciência perturbada. Quantos pensavam que se poderiam converter nesse momento e estão agora ardendo no inferno? Dize-me, meu irmão: se a morte te viesse surpreender na primeira noite, estarias bem preparado? Procura fazer agora o que então quiseras ter feito.

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Não nos diz o Senhor que nos preparemos quando chegar a morte; mas que estejamos preparados. Quando chega a morte, no meio da grande perturbação e confusão, será quase impossível por em ordem uma consciência embaraçada. Isto nos diz a razão. Assim também nos ameaça Deus, dizendo que então virá, não para perdoar, mas para punir o desprezo que fizermos das suas graças: Mihi vindicta, ego retribuam (1) — “A mim pertence a vingança, eu retribuirei”. Diz Santo Agostinho que será justíssimo castigo para quem não quis salvar-se quando pode, o não poder salvar-se quando quiser.

Dirá alguém todavia: Quem sabe? Talvez nesse momento me converta e me salve. Pois que! Lançar-te-ias num poço dizendo: Quem sabe? Talvez, atirando-me, fique com vida e não morra? Meu Deus! Que coisa! Como o pecado cega o espírito, a ponto de lhe fazer perder a razão! Quando se trata do corpo, falam os homens como sábios; e falam como insensatos quando se trata da alma.

Se algum infeliz, estando em pecado mortal, tivesse um ataque de apoplexia e ficasse sem sentidos, quanta compaixão não inspiraria a todos que o vissem morrer sem os sacramentos e sem sinal de penitência? Que consolação, ao contrário, se teria ao vê-lo voltar a si, pedir a confissão e fazer atos de contrição? Não será, pois, um insensato aquele que, podendo agora fazer isto, se deixa ficar no pecado ou torna mesmo a pecar, e se expõe ao perigo de ser colhido pela morte, num tempo em que talvez sim, talvez não o possa fazer?  Ficamos assustados pela morte repentina de uma pessoa, e tantos há que se expõem voluntariamente ao perigo de morrer assim e de morrer em pecado. Continuar lendo

NUM TRIBUNAL REVOLUCIONÁRIO

Resultado de imagem para revolução francesa igrejaNa revolução francesa de 1793, a igreja de São Pedro de Besançon foi entregue a um padre cismático. Os padres católicos, porém, fiéis às leis da Igreja, eram presos e assassinados pelos revolucionários.

Um destes padres, chamado João, ficara entre seus paroquianos disposto a sofrer tudo por Deus e pela Igreja. Andava disfarçado: botas largas, blusa de carroceiro, lenço grande ao pescoço e chicote em punho, lá ia pelas ruas visitando as casas de seus paroquianos. Levava pendurada ao cinturão uma caixinha em que se achava o necessário para administrar os sacramentos, bem como uma píxide de prata onde guardava o Santíssimo.

Passaram-se muitos meses sem que a polícia suspeitasse que naquele carroceiro se ocultava um sacerdote, que desempenhava seus ministérios. Afinal, um dia, foi descoberto e imediatamente conduzido ao tribunal revolucionário.

– Cidadão, que és tu?

– Sou o Padre João, ministro de Jesus Cristo.

– A lei não te proíbe exercer teu ministério? Continuar lendo

DA EDUCAÇÃO, SUA NECESSIDADE

Resultado de imagem para batismoRegenerada pelas águas do batismo, a criança cresce pouco a pouco, e bem depressa começa, pelo seu sorriso, a dar o primeiro indício de inteligência. Então nascem novos deveres para a mãe; é mister que desde então se aplique com zelo à grande obra da educação. Educar a criança é cultivar o seu espírito, e o seu coração: o espírito enriquecendo-o com os conhecimentos necessários ou úteis: o cora­ção, sufocando nele o gérmen das paixões e dos vícios, que crescem conosco, e implantando nele o amor do bem e da virtude.

Em grande número dos nossos Livros canônicos a obrigação que Deus deu à mãe de bem educar os seus filhos, é expressa com tanta clareza, como força; e acerca deste assunto, os mais sagrados interesses das crianças, os dos pais e os da própria sociedade, se unem à voz de Deus, para repetir a todas as mães, pela boca do grande Apóstolo: — «Educai os vossos filhos segundo a lei, e no temor do Senhor» (S. Paulo ad Eph. VI, 4.)

O homem não abandonará na velhice o ca­minho que tiver seguido na adolescência; e é isso o que faz a desgraça quase irreparável de quem tiver recebido dos pais uma má educação ou sim­plesmente nula.

Infeliz! privado muito novo de sua mãe, ou tendo uma mãe negligente, sem ter ninguém que lance no seu espírito a semente da divina palavra não sendo instruído nos seus deveres de cristão; sem ninguém para vigiar pela sua inocência; sem ter quem lhe arranque do coração os primeiros ger­mens das paixões nascentes, e cultivar as flores das virtudes cristãs. Que pode ser uma criança nestas condições? Crescem as más ervas na terra inculta da alma, e o mal desenvolve-se, sufocando todos os germens de bem. Fortificando-se nele diariamente, as tendências perversas, deixam acrescer raízes cada vez mais profundas. Como é possível deter os des­troços desta torrente devastadora, que têm origem numa educação má, ou simplesmente desprezada? Onde arrastarão a sua vítima? Talvez à condenação eterna, porque a árvore cai para onde pendia. É, pois, bem de recear que o mau, avergado sob o peso do pecado para os abismos do inferno, aí vã precipitar-se. Continuar lendo

QUERO IR AONDE ESTÁ JESUS

Resultado de imagem para luz sacrarioUm pastor protestante, inclinado já ao catolicismo, foi um dia com sua filhinha em visita à capital da Inglaterra. A menina contava apenas cinco anos.

O pai levou-a primeiro a uma igreja Católica e a atenção da pequena ficou muito tempo presa a lâmpada do Santíssimo.

– Papai, – disse – para que aquela lampadazinha?

– Filha, é para lembrar a presença de Jesus atrás daquela portinha dourada.

– Papai, eu quero ver Jesus!

– Filha, a porta está trancada e Ele está escondido debaixo de um véu, não o poderás ver…

– Ah! papai, quanto eu quisera ver Jesus!…

Saindo dali, entraram logo depois num templo protestante, onde não havia nem imagens, nem lâmpada nem sacrário.

– Papai, por que não há lâmpada aqui? Continuar lendo

HAVERÁ FELICIDADE SEM DEUS?

Resultado de imagem para pensativoMais cedo ou mais tarde a vida te ensinará quanto vou afirmando; entremente, quisera que me acreditasses.

Sem fé, sem esperança, sem amor de Deus não há verdadeira felicidade para o homem. Por que? Porque a alma foi criada por Deus e para Deus, e nosso coração está inquieto enquanto não acha descanso no Criador.

A alma humana não pode encontrar a felicidade fora de Deus. Todo o universo está subordinado a leis próprias:

O astro não se detém, mas sem parar segue em sua órbita. O fogo só pode flamejar para o alto. A pedra vai unicamente para baixo. Experimenta misturar o óleo com a água; impossível, pois o óleo volta à tona. Tenta equilibrar água sobre azeite; impossível, ela desce. Tudo é regido pela natureza. Cada criatura move-se, turbilhona e procura seu lugar; a paz e quietude, só depois de acertar cada uma com sua posição natural.

Afasta a alma de Deus; ela fica desassossegada, agita-se, geme, procura, até encontrá-lo novamente.

Quando Lenau perdera a fé, difícil lhe foi descrever o vazio de sua alma desviada de Deus: O mundo era urna como cidade abandonada, varrida pela morte, ruas compridas e escuras, onde ele andava às apalpadelas. Em cada janela via o olhar tétrico da morte e da ruina … E escreve: Continuar lendo

AMOR DE DEUS

mocaMuitas jovens cristãs se têm distinguido por uma grande piedade, que consiste no amor de Deus e na fidelidade ao Divino Salvador. Estavam resolvidas a sofrer tudo de boa vontade, a sacrificar até a própria vida, para não ofenderem a Deus e se não tornarem infiéis ao Seu Salvador. A mártir Santa Susana brilhava em Roma pela alta nobreza do seu nascimento e pelos dotes excepcionais de espírito e de corpo. O Imperador Diocleciano desejava, então dá-la por esposa a seu cor-regente Galério Maximiano, e para este fim pediu-a ao pai. Dirigiu-se este imediatamente, à casa da filha e assim lhe falou:

– “Minha filha, compreendeste bem o valor e a superioridade de ser esposa de Cristo?”

– “Eu o conheço tão bem – replicou Susana – que em minha opinião, todas as coroas deste mundo nada são comparadas com Ele”.

Instou Gabino? “Julgas retamente. Mas, se o Imperador te destinasse para esposa de Galério, a dignidade de imperatriz não venceria o teu amor ao Salvador Crucificado? Serás, acaso, bastante forte, para preferir, por amor de Cristo, morte cruel a cingir a

coroa de Imperatriz?” Radiante de júbilo, respondeu Susana: – “Ah! meu querido pai, quanto não me sentiria feliz, se me fosse concedido sacrificar a vida por amor ao divino esposo, que derramou Seu sangue pela minha salvação! Nenhuma púrpura seduz-me, nenhum martírio me atemoriza!”

– “É o que provarás dentro em breve”, respondeu comovido o pai cristão, animando a filha, para o combate iminente. A todos os engodos e adulações, como também as ameaças e injúrias, Susana opôs inabalável firmeza. Os mais cruéis martírios, nem sequer um instante a fizeram vacilar no seu amor ao Divino Salvador. Não precisas, leitora cristã, sofrer pelo teu Divino Salvador, a morte violenta pelo martírio doloroso: deves, todavia oferecer-Lhe o primeiro lugar no teu coração juvenil; quer te chame Deus para o matrimônio, quer para o estado religioso ou para uma constante vida de solteira no mundo. Continuar lendo

A ENFERMIDADE É A PEDRA DE TOQUE DA ALMA…

Resultado de imagem para doente quadro… porque a enfermidade e a doença des­cobrem o caráter da virtude que a alma possui. Se uma pessoa se não desassossega, se não se queixa, se não dá inquietação, se obedece às pessoas, que tratam, e a seus superiores, e se está perfeitamente tranquila e resignada à vontade divina, sinais são estes de que possui muita virtude. Mas que diremos daquele doente, que se queixa e diz: que não é bem tratado? que suas dores são insuportáveis? que nada o me­lhora? que seu médico é ignorante? E que mesmo algumas vezes se queixa, de que a mão de Deus pesa sobre ele? S. Boaventura relata na vida de S. Francisco (C. 14) que o Santo achando-se atacado de extraor­dinários padecimentos, um dos seus reli­giosos lhe dissera: «Padre, pedi a Deus que vos trate mais benignamente: porque a sua mão carrega demasiado sobre vós.» Ao ouvir isto replicou S. Francisco em alta voz: «Se eu não soubesse que o que dizeis pro­cede da simplicidade, não vos quereria ver mais, por vos terdes atrevido a repreender os juízos de Deus.» Dizendo isto, posto que fraco e extenuado pelas dores e pela moléstia, lançou-se fora da cama sobre o duro chão, e beijando-o, exclamou: «Mil graças te sejam dadas, ó Senhor, pelo padecimento que me mandaste. Peço-te que m’o mandes maior, se essa for a tua divina vontade. De­sejo que me aflijas e não me poupes na menor coisa; porque o cumprimento da Vossa vontade é a maior consolação, que posso receber nesta vida.»

Tem esta conformidade referência tam­bém à perda de pessoas, que promovem o nosso bem temporal e espiritual. Pessoas assaz devotas são muitas vezes culpáveis neste ponto, não se resignando às divinas determinações. A nossa santificação deve proceder de Deus, e não de nossos espirituais diretores. É Sua vontade que nos aproveitemos deles para guia da alma, quando no-los dá: porém quando no-los tira de­vemos conformar-nos, e aumentar nossa confiança na Sua bondade, dizendo: «Vós, ó Senhor, me deste este socorro, e agora m’o tiraste, bendita seja para sempre a Vossa vontade, porque tu mesmo suprirás essa falta, e me ensinarás como Vos devo servir.» Igualmente devemos aceitar das mãos de Deus, outra qualquer cruz que Ele Se digne enviar-nos. Mas tantos padecimentos, direis vós, são castigos. Eu respondo: «Acaso não são os castigos, que Deus nos envia nesta vida, graças e benefícios? Se O temos ofendido, é necessário satisfazer à divina justiça de algum modo, ou nesta ou na vida futura. A isto exclamaremos com Santo Agostinho: «Cortai e queimai aqui, ó Se­nhor, mas poupai-me na outra vida.» E com o Santo Job: «Seja consolação minha que, afligindo-me com tristeza, Ele me não poupe.» (VI. 10.) Aquele que tem merecido o inferno, deve consolar-se, quando Deus o castiga neste mundo, porque isto lhe inspirará a esperança, de que Deus o isen­tará do castigo eterno. Digamos então quando Deus nos pune, o que dizia o sumo sacerdote Heli: «É o Senhor; faça Ele o que for justo e agradável a seus olhos. (I.. dos Reis III. 18.)

Tratado da conformidade com a vontade de Deus – Santo Afonso

QUÃO LOUCOS SÃO AQUELES QUE DESEJAM A SAÚDE….

rez….não só para não sofrerem, mas para mais poderem servir a Deus, observando as regras, assistindo em comunidade, indo à Igreja, recebendo a Sagrada Comunhão fazendo penitências, trabalhando, ouvindo confissões e pregando! Mas, pergunto eu, porque desejais vós fazer essas coisas? Para agradar a Deus? Para que procurais vós agradar-Lhe nessas coisas, quando conheceis que Lhe não é agradável a prática de vossas ordinárias devoções, comunhões, peni­tências, estudos ou sermões; mas sim que suporteis com paciência as dores e enfer­midades que Ele foi servido mandar-vos? Uni pois vossos padecimentos aos de Jesus Cristo. Porém é-me penoso ser inútil e pesado à comunidade. Conformai-vos com a vontade de Deus, e persuadi-vos que vossos superiores estão resignados a ela, vendo que servis de peso à comunidade, é pela vontade de Deus, e não por preguiça vossa. Vossos desejos e mortificações, não procedem do amor de Deus, mas sim do amor próprio, que procura pretextos para se desviar da vontade divina. Se desejarmos agradar a Deus, quando nos acharmos do­entes e de cama; basta repetir estas pala­vras: «Senhor seja feita a vossa vontade» por cujas palavras agradaremos mais a Deus, que por todas as devoções e mortificações que nos seja possível oferecer-Lhe.

Não há me­lhor caminho no serviço de Deus, do que aquele que nos conduz a abraçar a Sua vontade com alegria. O venerável padre Ávila (Epíst. 2) escreveu a um sacerdote que estava enfermo: «Amigo, não vos inq­uieteis com o bem que poderíeis fazer, se estivésseis bom, mas contentai-vos de conti­nuar doente todo o tempo que Deus quiser. Se procurais a vontade de Deus, indiferente vos deve ser o estar mal ou de saúde.» E certamente assim o podia dizer, porque as nossas obras não glorificam a Deus, mas sim a nossa resignação e conformidade à Sua santíssima vontade.

Daqui diz também S. Francisco de Sales, que Deus é mais bem servido por nossos padecimentos, do que por nossas fadigas. Continuar lendo

SANTIFICAR A MOCIDADE

donz1º- Orna, donzela cristã, de virtudes a tua mocidade.

Para isto, deve o teu pensamento, antes de tudo, incitar-te para Deus. Quando desejas mimosear tua amiga com uma rosa, certamente, não lhe envias uma flor sem viço, cujas pétalas caíram em parte, antes escolhe a rosa mais fresca, mais viçosa e mais olorosa do teu jardim; pois, somente esta será recebida com gratidão, enquanto a primeira será desdenhosamente rejeitada. Do mesmo modo deverá proceder, donzela cristã, para com teu Deus. A mocidade é o tempo mais belo, mais florescente mais alegre de tua vida. Assemelha-se à primavera, na qual, por toda parte, na natureza, se agita uma juventude forte e fresca; inúmeras flores abrem a doce corola, o céu azul sorri por cima de nossas cabeças e uma exalação aromática nos envolve. Assim sucede agora contigo.

Como corre fresco e forte o sangue em tuas veias, como teus olhos cheios de esperança fitam o futuro, e como são elásticas as forças do teu espírito! Teu coração ainda não está dominado pelas paixões e se entusiasma por tudo quanto é elevado e bom. Na tua força juvenil e na tua inocência, tu és mil vezes mais bela que a mais formosa flor, de cujas pétalas pende uma gota de orvalho, onde brilha maravilhosa a imagem do sol.

Este tempo mais belo de tua vida não o deves negar a Deus, a quem tudo tens que agradecer, até a última gota de sangue de tuas veias e a menor fibra de teu coração; a Deus, para cujo serviço fosse criada e perante cujo tribunal hás de comparecer um dia, a fim de lhe prestar contas de toda tua vida, como também de tua mocidade; a Deus que te ama infinitamente e que encontra o Seu maior prazer nos serviços que lhe prestas na tua mocidade, e por isto Se inclina para ti cheio de graças e pede o teu amor sincero: “Minha filha, dá-me o teu coração”. (Prov. 23,26). Este teu nobre coração não o deves negar a Deus, para dá-lo ao mundo, que aproveita de ti e por fim te ilude; nem a uma paixão que te escraviza, cega e conduz ao caminho de perdição. Não, não! Tal coisa não pode, nem deves querer. Tem sempre em vista a admoestação do Espírito Santo: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade” (Ecl. 12,1). Alegremente e com entusiasmo deves consagrar-lhe o mais belo tempo de tua vida. De fato: somente aquilo que é mais belo, melhor e mais excelente é digno de Deus. Continuar lendo

A GRAVATA BRANCA

Resultado de imagem para GRAVATA BRANCA CRIANÇAJorge era um verdadeiro anjinho que a todos edificava por suas virtudes. Fez a primeira comunhão num colégio de Rouen.

Entre outros fez o seguinte propósito: “Levarei comigo a gravata branca da minha primeira comunhão até o dia em que, por suma desventura, venha a perder a graça de que ela é símbolo”.

Jorge crescera… conservando sempre a gravata branca. Quando rebentou a guerra franco-prussiana, alistou-se como voluntário entre os zuavos do general De Charette. Em janeiro de 1871, por ocasião da vitória de Mans, foi ferido mortalmente. O capelão aproximou-se dêle imediatamente. “Obrigado, Sr. capelão… confessei-me há dois ou três dias; nada me pesa na consciência; estendei-me sobre um pouco de palha e trazei-me o santo Viático, porque vou morrer”.
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ORAÇÃO À MISERICÓRDIA DIVINA

Então aquela serva, ébria, incapaz de se dominar, como que em pé diante de Deus, dizia:

Ó misericórdia divina, que disfarças os defeitos humanos! Não me espanto que digas a quem deixa o pecado mortal e volta a ti: “Não me lembrarei mais de que me ofendeste”. Não, misericórdia inefável, não me espanto de que fales assim a quem se converte. Surpreende-me que digas sobre os que te combatem; “Quero que oreis por eles, a fim de que eu os perdoe”.

Ó misericórdia, Pai, que procede da tua divindade e que, pelo teu poder, governa o mundo inteiro. Tua misericórdia nos criou, tua misericórdia nos recriou no sangue de teu Filho, tua misericórdia nos conserva. Foi ela que levou Jesus a atirar-se aos braços da cruz na batalha da vida contra a morte, da morte contra a vida. Então a vida venceu a morte do pecado, enquanto a morte que vem do pecado destruiu a vida física do Cordeiro sem manchas. Mas quem foi o vencido? A morte! Quem o vencedor? Tua misericórdia.

Tua misericórdia produz a vida, concede a luz, revela o Espírito em todos os homens, santos e pecadores. Reluz nas alturas do céu, em teus santos; e, se me volto para a terra, como ela é abundante aqui! Tua misericórdia brilha mesmo na escuridão do inferno, porque não dá aos condenados todo o castigo que merecem. Com tua misericórdia mitigas a justiça; por tua misericórdia nos lavaste no sangue; por misericórdia vieste conviver com os homens.
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PERIGOS DO MUNDO – TEATRO

Resultado de imagem para teatro pinturaGeralmente é imoral

Mesmo quando ele não fosse (e o é com freqüência) o acionamento de uma tese contrário aos princípios de uma santa moralidade, ainda quando não se achasse nele senão a pintura viva de costumes condenáveis, o jogo dramático das paixões humanas mais arrastadoras, nem por isso o teatro deixaria de ser um divertimento dos mais perigosos para uma jovem cuidosa de não criar de propósito, para a honestidade de sua vida, perigos e inextricáveis dificuldades.

As máximas mais falsas são nele correntemente aplaudidas, as paixões mais baixas são exaltadas, todas as desordens são pintadas e todas as fraquezas desculpadas. Nele ridiculariza-se por vezes a virtude ou procura-se torná-la odiosa; em compensação, o vício muitas vezes é coberto de flores. As instituições mais santas, os deveres mais sagrados da família e da sociedade são nele tratados com uma leviandade voluntária e um escandaloso desprezo. Como não haveriam tais espetáculos de ser condenados pela moral?

É uma ocasião de pecado

Tudo o que nele se vê e tudo o que nele se ouve é de natureza a leval ao mal. Os assuntos que nele se tratam são, muitas vezes, arriscados, os costumes que nele se vêem, a sociedade que nele se acotovela, aqueles cenários, aquelas luzes, aquela música, aqueles relatos apaixonados, aqueles enredos amorosos, tudo isso produz na imaginação de um jovem, no seu organismo sensível e nervoso, uma superexitação que cedo triunfará da sua consciência.
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PELA SANTA MISSA AGRADECEMOS DIGNAMENTE A DEUS TODOS OS BENEFÍCIOS

Resultado de imagem para missa fsspxA terceira dívida ou obrigação é a do reconhecimento pelos benefícios de que nos cumulou carinhosamente nosso DEUS. Computai todos os favores que dele tendes recebido, os bens da natureza e da Graça, o corpo, a alma, os sentidos, as faculdades, a saúde, a vida… A própria Vida, enfim, de seu Filho JESUS, e a Morte que por nós sofreu, elevam além de qualquer medida a divida de gratidão que temos para com DEUS. Como poderemos agradecer-Lhe suficientemente?

Se, duma parte, a lei da gratidão é observada mesmo pelos animais selvagens, que às vezes mudam sua ferocidade em afeição àqueles que lhe fazem bem (como quando recebem alimento ou um afago carinhoso), quanto mais deverá ser ela observada entre os homens, dotados de razão e tão prodigiosamente favorecidos pela liberalidade de DEUS! Doutra parte, porém, nossa miséria é tão grande que não temos sequer o meio de satisfazer pelos menores benefícios recebidos de DEUS. Pois o menor de todos, provindo das Mãos de tão grande REI e acompanhado dum Amor infinito, adquire um preço infinito e nos obriga a um reconhecimento também infinito. Infelizes que somos! Se não podemos suportar o peso de um só benefício, como poderemos arcar com o fardo de Graças inumeráveis?

Sendo assim, portanto, estaremos destinados à triste contingência de viver e morrer ingratos para com nosso Benfeitor. Consolai-vos, porém, pois o meio de dar ações de graças suficientes ao Boníssimo DEUS nos é ensinado pelo rei Davi, que, contemplando com espírito profético o Divino Sacrifício, confessava que só ele bastava para dar a DEUS ações de graças adequadas. “Quid retribuam Domino proomnibusquaeretribuitmihi?”, perguntava. “Que retribuirei ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?” Continuar lendo

FELIZ DE VÓS AMADO LEITOR, SE SEMPRE FAZEIS OUTRO TANTO!

joelhosA santidade será a consequência, e, tendo passado uma ditosa vida, concluirá com uma não menos ditosa mor­te. Quando se passa desta para outra vida, a esperança que os que ficam, concebem da salvação do que foi, procede do conhe­cimento que haja, de que morrer com resig­nação. Se abraçamos todas as vicissitudes da vida, como vindas da mão de Deus, e mesmo a morte, com submissão à Sua von­tade, por certo que morreremos santos, e seremos salvos. Abandonemos-nos pois em tudo à boa vontade d’Aquele Senhor, que sendo o mais sábio, conhece o que melhor nos convém: e sendo o mais amante, pois que deu a Sua vida por nosso amor, quer também o que é melhor por nós. Fiquemos certos e persuadidos, diz S. Basílio, que Deus procura o nosso bem, sem comparação melhor, do que nós o podemos procurar ou desejar. Mas prossigamos e consideremos em que coisas nos devemos unir com a divina vontade.

1.º Devemos unir-nos a vontade de Deus nas coisas naturais, como quando faz frio, calor, quando chove, ou em tempo de escassez ou epidemia, e em outros casos iguais. Devemos abster-nos de dizer: que intolerável frio, que horroroso calor! que desagradável estação! Ou fazermos uso de algumas ex­pressões que mostrem a nossa repugnância para com a vontade de Deus. Devemos querer tudo como é, porque Deus de tudo dispõe. S. Francisco de Borja, indo uma noite a um convento da sua ordem, enquanto que nevava muito, bateu à porta muitas vezes; porém os padres que estavam dormindo não lh’a abriram. Quando ama­nheceu, muitos deles lastimavam tê-lo feito esperar tanto fora de casa; mas o Santo lhes disse «que ele tirara muita consolação durante aquele tempo, pensando que era Deus quem fazia cair os flocos de neve sobre ele.»

2.º Devemos unir-nos à divina vontade, quando padecemos fome, sede pobrezadesolação desonra. Em todo o caso de­vemos dizer: «Senhor, Vós fazes e desfazes, e eu estou contente, desejando unicamente o que Vós queres» E o mesmo devemos dizer, diz Rodrigues, naqueles casos imaginários sugeridos por Satanás, na intenção de nos fazer cair em alguma maldade, ou pelo menos para nos inquietar. Se alguém vos dissesse estas e aquelas palavras, ou vos fi­zesse estas ou aquelas ofensas, que diríeis? que faríeis? Devemos responder: «Eu diria e faria o que Deus quizesse» E assim nos livraríamos de toda a falta de inquietação. Continuar lendo

DOIS LINDOS EXEMPLOS

Resultado de imagem para comunhão criança tridentinaa) O AMOR DOS PEQUENINOS

Perguntaram a uma piedosa jovenzinha:

– Que é a Primeira Comunhão?

– É um dia de céu na terra.

Perguntaram-lhe em seguida:

– E que é o céu?

– É uma Primeira Comunhão que nunca terá fim – respondeu ela graciosamente.

E respondeu muito bem, porque a felicidade dos Anjos e Santos no céu consiste em possuir a Deus eternamente. Ora, não é justamente a Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que possuímos na Santa Comunhão?

b) DENTES DE LEITE

Escrevia em 1915 um missionário: Uma orfãzinha do Orfanato de Trichinopoli, que poderia ter dois palmos de altura, veio um dia suplicar-me que a admitisse à Primeira Comunhão.

– Que idade tens? perguntei-lhe.

– Ah! isso não sei.

Recolhida de lugar desconhecido, não pode saber quantos anos tem; nem as Irmãs o puderam descobrir.

– Mostra-me os dentes – disse.

Com um sorriso gracioso descobre a inocentinha duas filas de alvíssimos dentinhos.

– Oh! exclamei; os teus dentes de leite dizem-me que não tens nem sete anos. Portanto, este ano não farás a Primeira Comunhão.

Meu Deus! quem o acreditaria? tendo ouvido aquelas palavras, a menina, sem dizer a ninguém, corre ao quintal, toma uma pedra e, intrepidamente, faz saltar da boca todos os dentinhos. Depois, com a bocaensanguentada, mas com ar de triunfo, volta e diz-me:

– Padre, não tenho mais nem um dente de leite. Dai-me, oh! dai-me Jesus! Eu o quero muito bem!…

Chorando de comoção – diz o missionário – tomei-a em meus braços e segredei-lhe ao ouvido:

– Filha, amanhã te darei Jesus…

Sim, não podia deixar de atendê-la.

Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves

PERIGOS DO MUNDO – A DANÇA

Resultado de imagem para dançaO que ela é do ponto de vista filosófico

Um prelado assim se exprime:

O Espírito Santo falou justo quando chamou à dança “uma vertigem, uma loucura”. Para apreciar bem essas pessoas que têm a paixão de rodopiarem e de fazerem momices compassadas, há só que as olhar tampando os ouvidos. Lord Byron compara os valsantes a “dois besouros enfiados no mesmo alfinete, em torno do qual giram, giram, giram”. Nunca, a não ser por motivos pouco definíveis, poderá a razão explicar-se que vantagem acha uma mulher sensata em fazer o exercício de uma enceradora de assoalhos, nos braços de um valsante que não é seu marido nem seu irmão.”

O que ela é do ponto de vista moral

Continua ele:

Sabereis, jovens, como proceder quando vós mesmas tiverdes filhas grandes a vigiar. Enquanto isso, deixai-me lembrar-vos a palavra de Job: “Os filhos dos homens gostam de saltar para se alegrarem ao som dos tamborins. E, enquanto se entregam aos transportes da sua alegria, descem ao inferno.” O texto original não diz precisamente “descer”, mas “escorregam e caem de repente”. De fato, embora não se cometa necessariamente um pecado mortal por dançar, o diabo que marca o compasso bem sabe aonde quer conduzir os dançarinos. Esses assoalhos encerados sobre os quais desliza facilmente são a imagem fiel do terreno perigoso em que a pessoa se acha.” Continuar lendo

A ALMA FAZ MAL EM EXAGERAR AS DIFICULDADES DA VIDA INTERIOR

exagDeus é o soberano Senhor de todas as coisas. É o princípio do meu ser, o fim da minha existência, o divino modelo da minha vida. Tem sobre mim um direito absoluto e universal. Eu me assusto perante esta obrigação tão rigorosa e tão graves de ser todo de Deus. Não Lhe posso subtrair nenhum ato nem tempo algum sem com isso praticar um furto.

Como dedicar-Lhe por inteiro uma vida composta de milhares de ações diárias? O espírito engendra pensamentos sem conta e o coração produz afeições sem número. Como governar todo este mundo interior?

As paixões fortes ou indômitas estão constantemente em ação. Os sentidos dificilmente aceitam o jugo da vontade; a imaginação julga-se a dona da casa e perturba toda a ordem interior; a razão deixa-se enganar pelos sentidos e seduzir pelas aparências da verdade; a própria vontade é fraca e mantém ligações secretas, está de conivência com o inimigo.

E mais, como dedicar a Deus uma vida inteira, quando os obstáculos exteriores se multiplicam em volta da alma? Querendo ela dar-se a Deus, consentirão que o faça? Os inimigos de Deus e da piedade são muitos, e os indiferentes e os covardes ainda mais numerosos. O respeito humano governa o mundo: o sorriso, o sarcasmo e a pilhéria têm afastado mais almas de Deus do que o próprio demônio. Continuar lendo

SANTA CATARINA DE SENA E O SONHO DA ÁRVORE

Resultado de imagem para santa catarina de senaQuando se encontrou sozinha na sua cela, teve Catarina uma visão das mais singulares. Viu uma árvore imensa, carregada de frutos magníficos, em torno da qual uma moita de espinhos se elevava tão alta e densa, que difícil se tornava aproximar-se dela e colher-lhe os frutos. Pouco adiante, elevava-se uma pequena colina coberta de espigas de trigo que já amadureciam para a colheita, lindos de aspecto, mas cujas espigas ocas convertiam-se em pó ao contato das mãos que as tocavam. E diante da árvore, uma multidão se detinha a considerar-lhe os frutos, ansiosa por colhê-los. Como se ferissem porém, nos espinhos, uns após outros renunciavam imediatamente à tentativa de vencer a sebe.

Voltando então os olhos para a colina onde a messe dourava, precipitavam-se naquela direção e, ao alimentar-se com o mau trigo, caíam enfermos e privados de forças. E outros vinham, a seguir, com mais coragem do que os primeiros. Chegavam estes a transpor o espinheiro, mas chegando junto à árvore, viam que os frutos pendiam de muito alto e o tronco era liso e de difícil acesso. Também estes continuavam o caminho em busca do trigo enganador que mais esfomeados os deixava. Chegaram, afinal, alguns que se decidiram a atravessar a moita espinhosa e a subir na árvore. E os frutos colhidos que comeram de tal forma lhes fortificaram a alma que, em seguida, todo outro alimento lhes causava aversão.

“Catarina”, escreveu Caffarini, “tomou-se de espanto diante do pensamento de que tantos homens pudessem ser ignorantes e cegos a tal ponto que amassem e seguissem o mundo enganador em vez de se entregar a Jesus Cristo que os convida e chama, e que, em seu exílio, consola e alegra seus servidores. Porque aquela árvore, Catarina bem o compreendeu, representava o Verbo Eterno Encarnado, cujos frutos deliciosos são as virtudes, enquanto a colina, que não produz o bom trigo mas sim o joio, representava os campos dourados do mundo que são cultivados em vão, com grande esforço. Aqueles que se afastam da árvore, assim que os ferem os espinhos, são todos os que se sentem incapazes de levar uma vida piedosa, e a ela renunciam logo de início. Os que dela se aproximam, mas se deixam impressionar pela altura do tronco, são os que empreendem com energia e boa vontade a obra da santificação, mas que esmorecem e não têm perseverança. Os últimos são os verdadeiros crentes, firmados na verdade”.

Trecho do livro “Santa Catarina de Sena” – Johannes Joergensen, p. 52-53.

 

A GRANDE OBRA DA MÃE

maeUma mulher da Ionia, mostrando um dia, com orgulho, os ricos tecidos que tinha bordado, viu que uma lacedemónia lhe mostrava seus quatro filhos todos bem educados, dizendo-lhe:— «Eis no que uma mulher sensata se ocupa; é aqui que ela põe toda a sua glória.» Haverá, por ventura, arte mais nobre que a da educação, diz S. Crisóstomo? Os pintores e os escultores apenas fazem estátuas inanimadas; mas o que educa bem uma criança, produz uma obra prima, que encantará os olhos de Deus e os dos homens.

A mulher, que assim o compreende, não consen­tirá em se desencarregar sobre outros, do cuidado de educar os seus filhos. A primeira educação deve ser efetivamente obra sua; ninguém pode substituir uma mãe, tratando-se de um filho de tenra idade. «Aos lábios duma mãe, que cobrem de carícias estas fontes tão puras, é que compete ensinar as primeiras lições de piedade, diz Mgr. Dupanloup; à mãe é que compete despertar no filho os primeiros clarões da inteligência, e o primeiro amor do bem, colocar nos seus lábios as primeiras palavras da fé e da virtude, e ensiná-los a olhar pela primeira vez para o Céu. É à mãe, numa palavra, que com­pete dotar o seu filho de uma alma cristã, como já o tinha dotado de um corpo humano».

*A própria mulher pobre, que é obrigada a deixar a família, para ir ganhar o pão cotidiano com um penoso trabalho, não se poderia desculpar, se dei­xasse de se ocupar dos seus filhinhos. Se habita nas cidades, conduza-os às creches, aos recolhimentos próprios, mas nunca os perca de vista! Quando os vir reunidos em volta do lar doméstico, trate de lhes incutir o amor e o respeito pelas coisas do Senhor, e reprima os seus defeitos nascentes. Se não houver meio de confiar a estabelecimentos caridosos o cui­dado de guardar seus filhos, por não os haver no local em que habita, mais adiante lhe diremos o que deva fazer; mas nada a pode dispensar de tomar cuidado na educação de seus filhos. Continuar lendo

MALDIÇÃO DA IMPIEDADE

Resultado de imagem para ateuInteligência e vontade sofrem, no ateu. Ele vê o mundo em derredor, cheio de inesgotáveis belezas, pleno de harmonia, mas sua “convicção” não lhe permite admitir um Criador e Conservador para tudo isso! Quantas ações boas e nobres, resoluções heróicas e caritativas à roda dele, mas sua “convicção” deve negar Aquele que tudo recompensa! Um salteador assassino consegue fugir à justiça, viver em abastança no estrangeiro, e morre entre riquezas; e a mesquinha “convicção” do ateu lhe diz que esse terá a mesma sorte que o homem de caráter, virtuoso e honrado…

O ímpio está obrigado a dizer que o homem fiel a Deus, cumpridor de seus deveres enganou-se e foi estulto; mas que foi hábil e engenhoso quem soube adquirir bens e vantagens mercê de fraudes, má fé e ardis inconfessáveis.

Em sua vida há dias e horas em que até gozos lhe causam nojo, o mundo todo lhe é aborrecimento, a vida insuportável fardo e tortura. Teve um grande desengano? … Indescritível amargura dele se apossa… Nada consegue entusiasmá-lo; de nenhuma resolução é capaz. E ele pergunta: “Qual é realmente a razão de minha existência?” “A quem aproveita ter eu saído do nada e estar aqui? E que seria se eu pusesse fim a esta vida inútil e indigna…?”

Vida sem Deus é insuportável. Também Bismark o diz: “Não posso compreender como pode ainda suportar a vida, quem se considera a si mesmo, e, todavia não sabe, ou não quer saber de Deus”. (Carta a sua esposa, 1851).

Quem não crê em Deus não tem ideais, alegria, esperança, valor na adversidade, nada possui senão instintos de animal. E um povo que perdesse a fé em Deus, perderia seus ideais, seu manancial de energias, os fundamentos de sua existência.

Religião e Juventude – Mons. TihamerToth

PERIGOS DO MUNDO: AS OCASIÕES PERIGOSAS

Resultado de imagem para donzelaO que é a ocasião?

É uma pessoa, uma coisa, um lugar que podem levar-nos ao mal. O mundo é cheio delas, andais nele por entre as ciladas.

Tal pessoa é para vós uma tentação; para ela vos sentis atraída de maneira violenta e apaixonada. Alto lá!

Em tal casa sabeis que vossa virtude pode ser posta à prova; lá não vades! Alto lá!

Em tal reunião ouvistes várias vezes certos avisos da vossa consciência que vos dizia: Toma cuidado! Alto lá!

Tal leitura frívola ou profana vos perturba e sugere-vos mil pensamentos loucos, levianos, e vos lança em devaneios que não ousaríeis contar a vossa mãe: ao fogo com esse livro!

Imagens, quadros, estátuas podem ser para vós uma tentação: passai e não olheis!
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O FILHO ÚNICO E A FAMÍLIA NUMEROSA

Os esposos que reduzem o número de filhos, sob pretexto de melhor pertencerem-se um ao outro, pretexto e restrição baseados no egoísmo, cria um ambiente familiar susceptível de prejudicar, grandemente, o desabrochar das qualidades morais infantis.

Não se pode comparar a influência espiritual, da casa do filho único, com a do que vive no meio de numerosos irmãos. As condições necessárias, à formação do caráter, são desfavoráveis quando o educando é sozinho a aproveitar os benefícios da vida do lar. Facilmente, ele é levado a crer que tudo lhe é devido, pois, sempre recebe, sem jamais partilhar. Torna-se, exageradamente, mimado por seus pais, que não repartem com outros seus cuidados e suas ternuras.

É da mais alta importância que o ambiente onde evolui a criança, permita a eclosão das boas e das más inclinações, a fim de que, conhecidas desde os primeiros anos, elas possam ser, facilmente, orientadas ou reprimidas. Numa família onde os filhos são numerosos, os caracteres manifestam, desde cedo, suas secretas tendências e cada um acha-se na obrigação de adaptar-se, corrigindo ou dominando seus defeitos. Se não o faz de moto próprio, as reações dos irmãos infligem-se, por bem ou por mal, lições salutares. Continuar lendo

RELIGIÃO? QUE TENHO EU COM ISSO?

Resultado de imagem para indiferenteEntre pessoas cultas, raramente se encontram homens francamente irreligiosos, ateus e ímpios. Ateísmo grosseiro “não fica bem”, não convém à “boa sociedade”. Infelizmente, com maior frequência encontram-se homens que, se não negam a religião, também não a praticam: os indiferentes.

No terceiro canto da “Divina Comédia”, Dante pinta em cores horripilantes, um quadro assustador da multidão desses indiferentes, condenados ao inferno. Sem sossego nem descanso, entre gemidos aflitivos, vagueiam angustiadas as almas que em vida não eram nem boas nem ruins.

Unidos estavam à covarde legião

Dos anjos caldos

Que fiéis não foram, revoltados também não.

Infortunadamente, não só entre os adultos mas também entre os jovens, defrontamos o miserando tipo que por tudo se interessa, menos pela religião. Eu mesmo os conheço. São rapazes bons, amáveis, obsequiosos, mas na alma lhes vejo o roedor verme do indiferentismo religioso, e com receios olho o seu futuro. Para tudo mostram interesse, leem muito, são esforçados esportistas, dançam bem, sua companhia é agradável; e, apesar disso, estou apreensivo por seu porvir, pois são insensíveis e surdos à grande, à máxima questão: a religião.

Por que são assim? E como chegaram a esse estado?
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A FORÇA PARA O SACRIFÍCIO

Em 1901 começou, na França, o fechamento de todos os conventos e a expulsão dos religiosos. Foi nesse ano que se deu, em Reims, o caso seguinte contado pelo Cardeal Langenieux, arcebispo daquela cidade. Havia em Peims, entre outros, um hospital que abrigava somente os doentes atacados de doenças contagiosas, que não encontravam alhures nenhum enfermeiro que quisesse cuidar deles.

Em tais hospitais somente as Irmãs de caridade costumam tratar dos doentes e era essa a razão por que ainda não haviam expulsado as religiosas daquela casa.

Um dia, porem, chegou ao hospital um grupo de conselheiros municipais (vereadores), dizendo à Superiora que precisavam visitar todas as salas e quartos do estabelecimento, porque tinham de enviar um relatório ao Governo. A Superiora conduziu atenciosamente aqueles senhores à primeira sala, em que se achavam doentes cujos rostos estavam devorados pelo cancro. Os conselheiros fizeram uma visita apressada, deixando perceber em suas fisionomias quanto lhes repugnava demorar-se ali.
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REMÉDIOS PARA AS TENTAÇÕES CONTRA A PUREZA

Resultado de imagem para tentaçãoOs Santos foram tentados e não se queixavam. Resistiam. Se, após algumas escaramuças, vos declarais fatigada, achando a luta dura demais e demasiado longa, é que nunca compreendestes esta palavra tão enérgica do apóstolo: “Na vossa luta contra o pecado ainda não resististes até o sangue!”

Sob a dentada das tentações, sabeis o que faziam os santos? Flagelavam-se, dilaceravam-se com cilícios e pontas de ferro, mergulhavam-se em tanques gelados, rolavam-se nos espinhos ou em carvões ardentes!

Eis aí, consoante a história, a que grau de heroísmo levavam eles a luta contra tentações terríveis. Deus não pede mortificações semelhantes. 

Pelo menos podeis reconhecer que o que Ele reclama da vossa fidelidade é bem pouca coisa em face de tais combates. Sucede, ainda, que esse pouco não se deve regateá-lo, e que o perigo aí está sempre para exigi-lo. Se importa não aumentá-loexagerando-o, também não se deve desconhecê-lo ao ponto de descurar os meios de vencê-lo.

O inimigo aí está; ronda incessantemente para empolgar a presa que ele cobiça. O esforço humano é insuficiente para triunfar dele sozinho, a vitória só de Deus pode vir.

Quais são, pois, nessa luta, os meios a que devereis recorrer e que, como auxílio divino sempre oferecido, assegurarão a derrota do inimigo?
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QUANDO NOSSO SENHOR COLOCOU SEU PRÓPRIO CORAÇÃO EM SANTA CATARINA DE SENA

Celebra-se a 17 de julho a festa de Santo Aleixo. Catarina esperava esse dia, com impaciência, para receber a santa comunhão. No entanto, achando-se indigna, suplicou ao Senhor que a purificasse. Teve então a sensação de que uma chuva de fogo e de sangue se espalhava sobre ela e a purificava até o íntimo da alma. De manhã, bem cedo, dirigiu-se para [a basílica de] São Domingos. Nada indicava que seu confessor fosse celebrar a missa: a Capella delle Volte estava deserta, as velas do altar apagadas, faltava o missal e Catarina não podia descobrir nenhuma daquelas pequeninas minúcias que revelam aos fiéis estar a missa por começar. Ajoelhou-se, porém, no lugar habitual e, pouco depois, apareceu Frei Tommaso que celebrou o santo sacrifício e lhe deu a sagrada comunhão.  

Avistando-se com ela no dia seguinte, contou-lhe o dominicano que, repentinamente, tivera a sensação de que ela o esperava na capela. “Mas, por que teu rosto resplandecia e porejava sua face?” indagou o sacerdote. “Ignoro, meu Pai, de que cor estavam minhas faces”, disse ela; “sei apenas que, quando recebi de vossa mão a hóstia santa, vi, não com os olhos do corpo, mas com o olhar da alma, uma tão grande maravilha e senti tamanha suavidade que nenhuma palavra poderá exprimir. E o que assim eu via, tão fortemente me empolgava, que todas as coisas criadas me produziam o efeito de um monturo infecto. Pedi, então, ao Senhor que anulasse minha vontade e me concedesse o dom da sua, ao que Ele anuiu, em sua grande misericórdia, pois me respondeu: “Filha minha querida, já que te dou minha vontade, é preciso que a ela de hoje em diante de tal modo te conformes que, sejam quais forem os acontecimentos, nada te possa perturbar”.

Ao relatar este colóquio, acrescenta Frei Tommaso que, a partir daquele dia, Catarina manteve sempre a mesma tranquilidade de espírito nas mais diversas circunstâncias. Continuar lendo