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AI DAQUELE QUE COMEÇA

— Pois bem, cria coragem, eu respondi, Deus será misericordioso; para a senhora também Jesus será infinitamente bom. Diga-me: quantos anos tem? Como é que enveredou por esse caminho?
— Tenho vinte e sete anos; quando tinha doze apenas, por causa de uma curiosidade ilícita eu cometi um pecado que não ousei confessar. Com tal sacrilégio, aproximei-me da mesa da Comunhão e, desde aquele dia até hoje os pecados e sacrilégios sucederam-se uns aos outros. Rezei muito, chorei muito, fiz romarias mas tudo em vão! Confessava-me todos os meses e até com mais freqüência por ocasião dos Exercícios Espirituais; repetia as confissões gerais mas esses pecados eu sempre os escondi, por pura vergonha.
PAZ DO JUSTO NA HORA DA MORTE – PONTO I
Justorum animae in manu Dei sunt; non tanget illos tormentum mortis; visii sunt oculis insipientium mori, illi autem sunt in pace – “As almas dos justos estão na mão de Deus e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; mas eles estão em paz” (Sb 3, 1)
Justorum animae in manu Dei sunt. Se Deus tem em suas mãos as almas dos justos: quem é que poderá lhas arrebatar? Certo é que o inferno não deixa de tentar e perseguir os próprios Santos na hora da morte, mas Deus, — diz Santo Ambrósio, — não cessa de assisti-los, aumentando seu socorro à medida em que cresce o perigo de seus servos fiéis. O servo de Eliseu ficou consternado quando viu a cidade cercada de inimigos. Mas o Santo animou-o, dizendo: “Não temas, porque há mais gente conosco que da parte deles” (4Rs 6,16), e em seguida mostrou-lhe um exército de anjos enviados por Deus para a sua defesa. O demônio não deixará de tentar o moribundo, mas acudirá também o Anjo da Guarda para confortá-lo; virão os santos protetores; virá São Miguel, destinado por Deus para a defesa dos servos fiéis, no combate derradeiro; virá a Virgem Santíssima, e acolhendo sob o seu manto quem foi seu devoto, derrotará os inimigos; virá Jesus Cristo mesmo a livrar das tentações essa ovelha inocente ou penitente, cuja salvação lhe custou a vida. Dar-lhe-á a esperança e a força necessária para vencer nessa batalha, e a alma, cheia de valor, exclamará:
“O Senhor se fez meu auxiliador” (Sl 29,11).
“O senhor é a minha luz e a minha salvação: que tenho a recear?” (Sl 26,1)
Deus é mais solícito para salvar-nos do que o demônio para perder-nos; porque Deus nos tem mais amor que aborrecimento nos tem o demônio. Deus é fiel — disse o Apóstolo, e não permite que sejamos tentados além das nossas forças (1Cor 10,13). Dir-me-eis que muitos santos morreram com receio da sua salvação. Respondo que são pouquíssimos os exemplos de pessoas que, depois de uma vida boa, tenham morrido com esse temor. Vicente de Beauvais diz que o Senhor permite, às vezes, que isto ocorra a alguns justos, a fim de, na hora da morte, purificá-los de certas faltas leves. Por outra parte, lemos que quase todos os servos de Deus morreram com o sorriso nos lábios. Todos tememos na morte o juízo de Deus; mas, assim como os pecadores passam desse temor ao horrendo desespero, os justos passam do temor à esperança. Continuar lendo
TOMADA DE BATINA EM LA REJA – ARGENTINA – 2017
No domingo 17 de setembro, festa da impressão das chagas de São Francisco, os seminaristas do primeiro ano, providencialmente, com grande alegria e entusiasmo, receberam o santo hábito da batina, dando assim seus primeiros passos à renúncia ao mundo e à entrega total à Deus.
A cerimônia teve lugar depois do sermão e, havendo terminado este, os seminaristas do ano de espiritualidade subiram ao altar e apresentaram suas batinas para que estas fossem abençoadas, depois do qual saíram à sacristia para revestirem-se pela primeira vez do hábito sagrado, e assim depois de alguns minutos, com grande alegria dos familiares que os acompanhavam, entraram revestidos com batina e sobrepeliz para receber das mãos do Padre Diretor uma pequena cruz de madeira, para que de agora em diante busquem somente identificar-se com Ele.
Queira Deus conceder-lhes a perseverança e fidelidade à sua graça.
Dos 7 seminaristas que receberam a batina, 3 deles são mexicanos, 2 argentinos, 1 colombiano e 1 de Republica Dominicana.
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Nota do Blog: rezemos também, de forma particular, pelos 5 seminaristas brasileiros que serão ordenados em dezembro: 3 ao sacerdócio e 2 ao diaconato.
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“Senhor, dai-nos sacerdotes,
Senhor, dai-nos santos sacerdotes,
Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,
Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,
Senhor, dai-nos famílias católicas,
São Pio X, rogai por nós”
TOMADA DE HÁBITOS E PRIMEIROS VOTOS ENTRE OS IRMÃOS DA FSSPX
No domingo, 24 de setembro, no seminário Sagrado Coração de Jesus, em Zaitzkofen, na Alemanha, um Irmão postulante da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, recebeu seu hábito e, assim, começou o noviciado.
Nativo da Alemanha, o jovem recebeu o hábito do Reitor, Pe. Franz Schmidberger: uma simples batina com uma cinta fina. Na capela da Imaculada Conceição, ele recebeu também um crucifixo e um novo nome “Andreas” (vocábulo do irmão de São Pedro, o apóstolo São André).
Em sua pregação, o Pe. Frantz Schmidberger sublinhou a relação entre a crise da Igreja e o declínio da vida religiosa.
Ele mostrou ao jovem irmão, como “conselho especial”, as seis vantagens da vida religiosa registrada por São Bernardo de Claraval:
- Conduz a uma vida mais pura seguindo os conselhos evangélicos;
- Raramente cai no pecado;
- Se levanta e se purifica mais rápido graças à prática sacramental e o exemplo dos outros religiosos;
- Se impregna mais profundamente do orvalho da graça;
- Morre com maior confiança, pois um já escolheu Deus como sua verdadeira e única possessão nesta vida; e assim Deus será o bem supremo na vida futura;
- Receberá como recompensa, os mais abundantes bens eternos no céu: há uma coroa especial para aqueles que consagraram suas vidas à virgindade.
A FSSPX atribui grande importância à vocação dos Irmãos (atualmente em número de 117), que se comprometem a respeitar as regras dos Irmãos da Fraternidade de São Pio X, tal como D. Lefebvre redigiu:
“Seu primeiro objetivo é a glória de Deus, sua santificação e a salvação das almas” (n. ° 3).
No dia 28 de setembro, na presença de vários sacerdotes e muitos fiéis, que o Pe. Patrick Troadec – Diretor do Seminário Santo Cura d’Ars, de Flavigny (Fra) – entregou a batina 2 Irmãos postulantes que pronunciaram em seguida, com um terceiro irmão, sua oblação na Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, que marca o início do noviciado dos mesmos:
“Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, aceito as promessas que acabastes de fazer e, em troca, os recebo na qualidade de noviços da Fraternidade São Pio X.”
Então o celebrante deu a cada novato um crucifixo, objeto de sua meditação ao longo de todo noviciado:
“Receba esta cruz, sinal da paixão de Jesus Cristo, para que ela seja para vós o fundamento da fé, a defesa nas adversidades e a eterna bandeira da vitória”.
Entre os três noviços, há 2 franceses e 1 italiano. Quatro novos postulantes, todos franceses, se juntaram ao seminário e começaram hoje sua formação.
Na sexta-feira, 29 de setembro de 2017, sete Irmãos pronunciaram seus votos em Flavigny na festa de São Miguel arcanjo. Três deles pela primeira vez: 1 francês, 1 camaronês e 1 canadense, na presença do Pe. Christian Bouchacourt e de um uma bela delegação de sacerdotes e irmãos do Distrito da França e da Fraternidade da Transfiguração de Mérigny, sem contar os inúmeros fiéis que cercaram os irmãos professos.
A Missa solene foi celebrada pelo Superior do Seminário Saint-Curé-d’Ars, de Flavigny, o Pe. Patrick Troadec , assistido pelos padres Michaël Demierre e Jean-Marie Mavel .
O Pe. Alain Delagneau , em seu sermão, propôs três imagens para encorajar os irmãos a serem fiéis: a vida de São José e sua prática exemplar de castidade, pobreza e obediência; São Miguel arcanjo e seu espírito contemplativo, que o fez pronunciar seu grito de guerra: ” Quem é como Deus? “; e a paixão de Nosso Senhor, conforto nas dificuldades e convite constante à auto-entrega.
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Nota do blog: A FSSPX conta hoje com 117 Irmão professos. Para saber mais sobre essa vocação, clique aqui.
MORTE DO JUSTO – PONTO III
A morte não é somente o fim dos nossos trabalhos, senão também a porta da vida, como disse São Bernardo.
Necessariamente, deve passar por esta porta quem quiser entrar a ver a Deus (Sl 117,20). São Jerônimo dirigia à morte esta súplica: Ó morte, minha irmã, se me não abres a porta, não posso ir gozar da presença do meu Senhor! (Ct 5,2).
São Carlos Borromeu, tendo visto em um dos seus aposentos um quadro que representava um esqueleto com a foice na mão, mandou chamar o pintor e ordenou-lhe que substituísse aquela foice por uma chave de ouro, querendo assim inflamar-se mais do desejo de morrer, porque a morte nos abre o céu e nos proporciona a visão de Deus.
Disse São João Crisóstomo que, se um rei tivesse mandado preparar para alguém suntuosa habitação no seu próprio palácio, e, no entanto, os mandasse viver num estábulo, quanto esse homem não desejaria sair do estábulo para ir morar no palácio régio!… Assim, nesta vida, a alma do justo, unida ao corpo mortal, se sente como num cárcere, donde há de sair para habitar o palácio dos céus; é por esta razão que David dizia:
“Livrai minha alma da prisão” (Sl 141,8).
E o santo velho Simeão, quando tinha nos braços o Menino-Jesus, não lhe soube pedir outra graça, senão a da morte, a fim de ver-se livre do cárcere desta vida:
“Agora, Senhor, despede o teu servo…” (Lc 2,29), isto é, adverte Santo Ambrósio, — pede ser despedido, como se estivesse preso à força”.
Por essa mesma graça suspirava o Apóstolo, quando dizia: Continuar lendo
A GRATIDÃO
Certa dama norte-americana sentiu-se um dia profundamente humilhada, por haver omitido um agradecimento. Desejava fazer uma viagem de trem e ao subir no vagão, notou que todos os lugares já estavam ocupados. Um senhor de idade para se mostrar gentil para com ela, cedeu-lhe o lugar. Na estação ela desceu do trem e quando já estava a certa distância, um viajante gritou-lhe do vagão: “Senhora, esqueceu-se de alguma coisa”. Aproximou-se rápida, indagando de que coisa se havia esquecido. Informou o viajante: “Esqueceu-se de agradecer àquele senhor que lhe cedeu o lugar”.
Foi grande, em verdade, o vexame, mas muito merecido, não dizer sequer uma palavra de agradecimento a um senhor idoso que se houvera com tanta delicadeza e atenção para com uma pessoa estranha; foi, por certa falta de polidez, merecedora daquela correção.
Se cuidares de agradecer todo o bem que te fizerem, tanto Deus como os homens se alegrarão com teu proceder; se, porém fores ingrata, serás desprezada e ninguém desejará ter relações contigo. Desejo, pois, incutir, em teu coração a virtude da gratidão.
1º – O sentimento de gratidão é de todo conforme a nossa natureza.
Diz o grande teólogo, Santo Tomás de Aquino: “Todo efeito segue a natureza da causa que o produz, e de maneira proporcionada à mesma coisa”. Ora, o benfeitor é causa do benefício que produz. Portanto, deve o beneficiado voltar ao benfeitor, e voltar com a inteligência que reconhece e com a vontade que avalia o beneficio. Continuar lendo
MORTE DO JUSTO – PONTO II
Deus lhes enxugará todas as lágrimas dos seus olhos, e não haverá mais morte (Ap 21,4). Na hora da morte, o Senhor limpará dos olhos de seus servos as lágrimas que derramaram na vida, em meio dos trabalhos, temores e perigos contra o inferno. O maior consolo de uma alma amante de seu Deus, quando sente a proximidade da morte, será pensar que em breve estará livre de tanto perigo de ofender a Deus, como há no mundo, de tanta tribulação espiritual e de tantas tentações do demônio. A vida presente é uma guerra contínua contra o inferno, na qual sempre corremos o risco de perder a Deus e a nossa alma.
Disse Santo Ambrósio que neste mundo caminhamos constantemente entre redutos do inimigo, que estende laços à vida da graça.
Este perigo fez exclamar a São Pedro de Alcântara, quando se achava agonizando:
“Retirai-vos, meu irmão, — dirigindo-se a um religioso que, ao prestar-lhe serviço, o tocava com veneração — retirai-vos, pois vivo ainda e por consequência estou em perigo de me perder”
Por este mesmo motivo se regozijava Santa Teresa cada vez que ouvia soar a hora do relógio; alegrava-se por ter passado mais uma hora de combate, dizendo:
“Posso pecar e perder a Deus em cada instante de minha vida”.
É por isto que todos os Santos sentiam consolo ao saberem que iam morrer: pensavam que em breve se acabariam os combates e os perigos e teriam assegurada a inefável dita de jamais poder perder a Deus. Lê-se, na vida dos Padres, que um deles, de idade avançada, na hora da morte, ria-se enquanto seus companheiros choravam. E como lhe perguntassem o motivo de seu contentamento, respondeu:
“E por que é que chorais, sendo que vou descansar de meus trabalhos?”.
Também Santa Catarina de Sena disse ao morrer: Continuar lendo
O FUNESTÍSSIMO “POR QUÊ”
Discípulo (D) — Diga-me, Padre; qual será o primeiro “por quê” de tantas confissões mal feitas?
Mestre (M) —Os “por quês” podem ser diversos, mas o principal é sem dúvida “o medo”, ou seja a maldita vergonha pela qual o demônio fecha a boca de muitos, fazendo-os calar ou confessar mal certos pecados ou o número deles. Você sabe como é que o demônio age quando quer induzir alguém ao pecado? Cerca o infeliz de mil maneiras, vai-lhe sugerindo:
“— Ora, cometa à vontade esse pecado… Afinal não é assim tão grave. Deus é bom… Ele não o quer castigar… Depois, com uma confissão Ele o perdoa e esta tudo acabado…” E assim, batendo hoje, batendo amanhã, e sempre na mesma tecla, o demônio acaba triunfando, ou seja fazendo cometer e talvez até repetir os pecados. Depois, então, quando o coitado, roído pelo remorso, resolve confessar-se, o demônio muda de tática. Novamente trata de impedir que Deus tome conta dessa alma, dizendo: — “Como ousas confessar esse pecado? O confessor ficará surpreendido, há de ralhar contigo, levá-lo-á a mal e é provável que te negue a absolvição. Ora, vamos, não temas, confessar-te-ás depois… Há tempo de sobra… Há sempre tempo para isso. — E assim o mais das vezes fecha a boca de quem estaria quase resolvido a falar e induz os pobres infelizes a se calarem e a cometerem sacrilégios.
“Como ousas confessar esse pecado?”
D. — É esta mesmo a tática do demônio?
M. — Certamente! Ele mesmo o confessou a Santo Antonino, arcebispo de Florença. Um dia, tendo o santo visto o demônio junto do confessionário, perguntou-lhe:
— O quê fazes aí?
— Estou esperando para fazer a restituição.
— Qual restituição? Fala, ou ai de ti.
— Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei quando os fiz cometer os pecados. .
D. — Se não me engano, parece-me que li que D. Bosco também viu o demônio em circunstâncias análogas.
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MORTE DO JUSTO – PONTO I
Pretiosa in conspectu Domini mors sanctorum ejus. – “É preciosa na presença de Deus a morte de seus Santos” (Sl 115, 15)
Considerada a morte à luz deste mundo, nos espanta e inspira temor; mas, segundo a luz da fé, é desejável e consoladora. Parece terrível aos pecadores; mas aos olhos dos justos se apresenta amável e preciosa.
“Preciosa, — disse São Bernardo — porque é o termo dos trabalhos, a coroa da vitória, a porta da vida”.
E, na verdade, a morte é termo de penas e trabalhos. O homem nascido de mulher vive curto tempo e está sujeito a muitas misérias (Jó 14,1). Eis aí o que é a nossa vida, curta e cheia de misérias, enfermidades, inquietações e sofrimentos.
Os mundanos, desejosos de longa vida — diz Sêneca — que procuram senão mais prolongado tormento? (Ep 101). Que é continuar a viver — exclama Santo Agostinho — senão continuar a sofrer? A vida presente — disse Santo Ambrósio — não nos foi dada para repousar, mas para trabalhar, e, por meio destes trabalhos, merecer a vida eterna (Serm. 45). Com razão, afirma Tertuliano que Deus abrevia o tormento de alguém, quando lhe abrevia a vida. Ainda que a morte tenha sido imposta por castigo do pecado, são tantas as misérias desta vida, que, como disse Santo Ambrósio — mais parece alívio o morrer do que castigo.
Deus chama bem-aventurados aos que morrem na sua graça, porque acabam os trabalhos e começam a descansar. Continuar lendo
VÍDEO DA PEREGRINAÇÃO INTERNACIONAL DA FSSPX À FÁTIMA
Como é sabido, nos dias 19 e 20 de agosto a FSSPX fez uma Peregrinação Internacional pelo centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima. A reportagem que publicamos sobre esse evento pode ser vista aqui, aqui e aqui.
Cerca de 10.000 fiéis de todo o mundo estiveram presentes para agradecer, pedir perdão e render graças à nossa Mãe querida.
Publicamos agora um belíssimo vídeo dessa Peregrinação:
ENCÍCLICA DIUTURNUM ILLUD – SOBRE A ORIGEM DO PODER CIVIL
ENCÍCLICA DE SUA SANTIDADE PAPA LEÃO XIII
Tradução: Dominus Est
Aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, e todos os Bispos do Orbe Católico em comunhão com a Sé Apostólica: sobre a origem do poder civil.
Veneráveis Irmãos: Saudação e Bênção Apostólica.
A prolongada e abominável guerra declarada contra a autoridade divina da Igreja chegou ao ponto no qual haveria de chegar: a pôr em perigo universal a sociedade humana e, em especial, a autoridade política, que é onde a conservação pública fundamentalmente se apoia. Na nossa época em especial esse fato mostra-se com evidência. As paixões desordenadas do povo hoje recusam, com mais audácia do que nunca, todo vínculo de autoridade. Tão grande e disseminado é o abuso, e tão frequentes as sedições e turbulências, que não somente se negou muitas vezes a obediência aos governantes, mas também nem sequer lhes foi dada garantia suficiente de segurança pessoal. Há muito se trabalha para fazer com que os governantes caiam no desprezo e no ódio das multidões. E a chama da inveja, fomentada, logo foi desencadeada; por meio de complôs secretos ou ataques abertos, num curto intervalo de tempo atentou-se contra a vida dos soberanos mais poderosos. Toda a Europa horrorizou-se há pouco tempo ao saber do nefando assassinato de um poderoso imperador. Enquanto ainda estavam atônitos os ânimos com a magnitude de tal crime, homens perdidos não hesitaram em lançar ameaças e intimidações públicas a outros soberanos europeus.
Esses grandes perigos públicos que estão diante dos nossos olhos causam-nos uma grave preocupação ao ver em perigo a quase todo momento a segurança pessoal dos príncipes, a tranquilidade dos Estados e a salvação dos povos. Todavia, foi a virtude divina da religião cristã quem engendrou os egrégios fundamentos da estabilidade e da ordem nos Estados desde o momento em que penetrou nos costumes e instituições das cidades. Dessa virtude, o fruto que não é o menor e nem o último é o justo e sábio equilíbrio de direitos e deveres entre os príncipes e os povos. Porquanto, os preceitos e exemplos de Nosso Senhor Jesus Cristo possuem uma força admirável para conter em seu dever tanto aos que obedecem quanto aos que mandam e para conservar entre ambos a união e harmonia de vontades, que é plenamente conforme a natureza e da qual nasce o tranquilo e imperturbado curso dos assuntos públicos. Por isso, tendo sido colocado pela graça de Deus à frente da Igreja católica como guardião e intérprete da doutrina de Cristo, Nós julgamos, veneráveis irmãos, que é incumbência da nossa autoridade recordar publicamente o que a verdade Católica exige de cada um nessa esfera de deveres. Desta exposição emergirá também o caminho e a maneira com que em tão deplorável estado de coisas deve-se ter em conta o bem público.
Ainda que o homem, que quando impelido por certa arrogância e orgulho intenta muitas vezes abalar os freios da autoridade, ele todavia nunca pôde se livrar de toda obediência. Em todas as comunidades e reuniões de homens é necessário que haja alguns que mandem, para que a sociedade, destituída de princípio ou cabeça, não desapareça e seja privada de alcançar o fim para o qual nasceu e foi constituída. Mas, não conseguindo lograr a destruição total da autoridade política nos Estados — destruição essa que teria sido impossível — tentou-se empregar todos os meios e artifícios possíveis para debilitar sua força e diminuir sua majestade. Isto sucedeu-se principalmente no século XVI, quando uma perniciosa novidade opiniões seduziu a muitos. A partir daquele tempo, a multidão pretendeu não somente que lhe fosse dada uma liberdade mais ampla do que lhe era conforme, como também considerou adequado modelar ao seu próprio arbítrio a origem e a constituição da sociedade dos homens. Hoje em dia vê-se que foi além; um grande número dos nossos contemporâneos, seguindo as pegadas daqueles que no século passado deram a si mesmos o nome de filósofos, afirmam que todo poder vem do povo. Por conseguinte, aqueles que exercem o poder não o exercem como coisa própria, mas sim como mandatários ou emissários do povo; e por essa própria regra a vontade do povo pode a qualquer momento retirar de seus mandatários o poder que lhes foi delegado. Mas disso os católicos dissentem, pois colocam em Deus, como princípio natural e necessário, a origem do poder político. Continuar lendo
SENTIMENTOS DE UM MORIBUNDO NÃO ACOSTUMADO A PENSAR NA MORTE – PONTO III
Para o moribundo que, durante sua existência, não zelou o bem de sua alma, serão espinhos todos os objetos que se lhe apresentarem.
Espinhos a lembrança dos prazeres gozados, dos triunfos e das vaidades do mundo.
Espinhos a presença dos amigos que o visitem e as coisas que eles lhe recordarão.
Espinhos os sacerdotes que o assistem, e os sacramentos que deve receber, confissão, comunhão e extrema- unção; até o crucifixo que apresentam será como espinho de remorso, porque o pobre moribundo verá na santa imagem quão pouco correspondeu ao amor de um Deus que morreu para salvá-lo.
“Grande foi minha insensatez! — dirá então o enfermo. — Podia ter-me santificado com as luzes e os meios que o Senhor me ofereceu; podia ter levado vida feliz na graça de Deus, e que me resta depois de tantos anos perdidos, senão desconfiança e angústia e remorso de consciência, e contas severas a dar a Deus? Difícil é agora a salvação de minha alma…”
E quando fará ele tais reflexões?… Quando está para se extinguir a lâmpada da vida, quando está a finalizar a cena deste mundo, quando se encontra face a face com as duas eternidades, a feliz e a desgraçada, quando está prestes a exalar o último suspiro, de que dependem a bem-aventurança ou a condenação permanentes, eternas, enquanto Deus for Deus. O que daria então para dispor de mais um ano, um mês, uma semana sequer, em juízo perfeito, porque naquele estado de enfermidade, aturdida a mente, oprimido o peito, alterado o coração, nada pode fazer, nada pode meditar, nem conseguir que o espírito abatido leve a cabo um ato meritório! Sente-se como encerrado num fosso escuro, onde tudo é confusão, onde nada percebe senão a grande ruína que o ameaça e à qual se vê na impossibilidade de fugir… Continuar lendo
OS DOIS SOLDADOS
Foi na guerra de 1914-18. Um soldado francês narra o seguinte fato:
“Nunca me esquecerei de um episódio, que eu mesmo presenciei. Atacamos à tarde; depois de algumas oscilações, penetramos na trincheira inimiga, onde jaziam cadáveres horrendamente massacrados pelos canhões 75.
No momento do novo ataque, uma metralhadora inimiga camuflada abateu alguns dos nossos; eu fui um deles. Passados os primeiros instantes de terrível impressão pelo ferimento recebido, olhei ao redor. Dois soldados jaziam por terra agonizantes: um alemão, bávaro, louro e muito moço, com o ventre dilacerado, e ao lado dele um francês, igualmente jovem. Ambos manifestavam já a palidez da morte; a minha maior dor era de não poder mover-me para socorrer ou ao menos suavizar a morte do meu camarada.
Foi quando o francês, com supremo esforço, procurou com a mão alguma coisa que estava sobre o peito, debaixo do capote. E tirou um pequeno crucifixo que levou aos lábios; depois, com voz fraca, mas ainda clara, rezou: Ave, Maria…
Vi então outra coisa. O alemão, que até aquele momento não dera sinal de vida, abriu os olhos azuis e meio apagados, virou a cabeça para o francês e respondeu: Santa Maria Mãe de Deus…
O francês, um tanto, surpreendido, olhou para o seu vizinho; seus olhares encontraram-se; o francês apresentou o crucifixo ao bávaro, que o beijou; apertaram-se as mãos num frêmito de amor a Deus e à pátria; seus olhos fecharam-se, e o espírito desprendeu-se do corpo, enquanto o sol os iluminava através de púreas nuvens… “Amém, disse, e fiz o sinal da cruz”.
Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves
INDIFERENTES À MISSA NOVA?
Dois ritos diferentes coexistindo para a celebração da Missa. Realmente devemos considerá-los como duas expressões de uma mesma coisa? Certamente isso não é uma questão de gosto: é a fé católica que está em jogo. Lembremo-nos de como devemos julgar a missa reformada de 1969.
Fonte: FSSPX/Distrito da América do Sul – Tradução: Dominus Est
Muitos problemas seriam resolvidos se fossemos ao menos indiferentes à Nova Missa. De Roma não nos pedem outra coisa. De tantos católicos perplexos com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, muitos acreditaram que o mal do novo rito viria apenas da maneira de celebrá-lo e os peregrinam pelas paróquias buscando padres, sempre poucos, que celebrem com piedade e não deem a comunhão nas mãos. Outros, melhor informados, sabem que a diferença não está nos modos do sacerdote, senão no próprio rito e reivindicam a Missa tradicional argumentando, com alguma hipocrisia, o enriquecimento que implica a pluralidade de ritos: o novo é bom, mas o antigo também, melhor então ficar com os dois!
Embora não haja tolos em Roma, toleraram essa conversa nos grupos tradicionais que se amparam (1) na Comissão “Ecclesia Dei”. Além disso permitiram aos Padres tradicionalistas da diocese de Campos, no Brasil, que ficassem com seu rito tradicional mesmo dizendo que a Nova Missa é “menos boa”. Mas em Roma nossa Fraternidade porque causa incômodo, porque não só não diz que a missa nova é boa, mas a combate como perversa, incomodando a perplexidade que mesmodepois de quarenta anos de Concílio tantos católicos não deixam de padecer. Se, ao menos, fôssemos indiferentes – que os outros rezem como queiram – Roma nos deixaria em paz.
Podemos ser indiferentes à Nova Missa?
Na véspera de sua Paixão, havendo chegado a hora de oferecer seu sacrifício redentor a seu Pai, Nosso Senhor fez uma aliança com Sua Igreja: Hæc quotiescumque feceritis, em mei memoriam facietis (Lembre-se de que morri por vossos pecados, que me lembrarei de vós na presença do Pai). E, sendo Deus, nos deixou o imenso mistério da Missa, pelo qual seu Sacrifício permanece sempre vivo, sempre novo, permitindo-nos assistir como ladrões arrependidos: Memento Domine, famulorum famularumque tuarum (Lembra-te, Senhor, de nós agora que estais em seu Reino).
A memória viva da Paixão que se renova pela dupla consagração graças aos poderes do Sacerdócio, a união misteriosa com a Vítima Divina que se realiza pela comunhão é a única maneira que tem o coração duro do homem para retornar ao amor de Deus, porque nada chama tanto ao amor como conhecer-se muito amado, e a Paixão de Nosso Senhor foi a maior demonstração de amor: ninguém ama mais do que aquele que dá a vida por seu amigo. É por isso que a obra da Redenção que Cristo realizada na Cruz não se faz eficaz para nós senão graças ao Sacrifício da Missa. Continuar lendo
SENTIMENTOS DE UM MORIBUNDO NÃO ACOSTUMADO A PENSAR NA MORTE – PONTO II
Como no momento da morte brilham e resplandecem as verdades da fé para maior tormento do moribundo que viveu mal, especialmente se era pessoa consagrada a Deus e que, portanto, tinha mais facilidade e tempo para servi-lo, mais inspirações e melhores exemplos! Ó Deus, que dor sentirá essa pessoa ao pensar e dizer: Repreendi os outros e fui pior do que eles; deixei o mundo, e vivi preso às vaidades e às afeições do mundo!… Que remorsos terá ao considerar que, com as graças que Deus lhe concedeu, não já um cristão, mas até um pagão se tornaria santo! Que dor não sofrerá, recordando-se que menosprezou as práticas de piedade como fraquezas de espírito, e aprovou certas máximas mundanas, frutos de estima e de amor próprio, por exemplo, como a de não humilhar-se, não mortificar-se, não recusar os prazeres que lhes ofereciam.
O desejo dos pecadores perecerá (Sl 111, 10). Quanto desejaremos ter na hora da morte o tempo que agora perdemos!… Refere São Gregório em seus Diálogos, que havia um tal Crisanto, homem rico, mas de maus costumes, o qual, na hora da morte, dirigiu-se aos demônios, que visivelmente apareciam para arrebatar-lhe a alma, gritando: Dai-me tempo, dai-me tempo até amanhã. Mas estes lhe respondiam:
“Insensato! agora pedes tempo? Não o tiveste e perdeste e o empregaste em pecar? E o pedes agora, quando já não há para ti?”
O desgraçado continuava a gritar e a pedir socorro. Havia ali perto um monge, seu filho, chamado Máximo, e o moribundo lhe dizia:
“Ajuda-me, meu filho; Máximo, socorre-me!”
No entanto, com o rosto chamejante, revolvia- se furioso no seu leito, até que, nessa agitação e gritos de desespero, expirou miseravelmente. Continuar lendo
O PRINCIPAL MOTIVO DA PERDIÇÃO
Discípulo (D) — Padre, poderia explicar-me a razão deste livro?
Mestre (M) — Chamei-o assim por causa do fato seguinte:
Conta-se certa moça, tendo caído por desgraça num desses pecados que tanto envergonham na confissão, vivia triste e desconsolada. Passaram-se assim muitos meses, sem que nenhuma das companheiras da coitada descobrisse a causa de tanta aflição. Nesse ínterim, aconteceu que a sua melhor amiga, muito virtuosa e devota, morreu santamente.
Uma noite, a chamam pelo nome, quando está no melhor do sono; reconhece perfeitamente a voz da amiguinha morta que vai repetindo:
Confesse-se bem… se você soubesse o quanto Jesus e bom!
A moça tomou aquela voz por uma revelação do céu, criou coragem e, decidida, confessou o pecado que era a causa de tanta vergonha e de tantas lágrimas. Naquela ocasião, tamanha foi a sua comoção, tão grande o seu alívio que depois disso, contava o fato a todo o mundo, e repetia por sua vez: “Experimentem e vejam o quanto Jesus é bom”.
D. — Muito bem! — acredito nisso plenamente, porque, já fiz mais de cem vezes a
experiência de tal verdade.
M. — Pois então agradeça a Deus de todo o coração e continue a fazer boas confissões. Ai daquele que envereda, pelo caminho do sacrilégio! É essa a maior desgraça que nos pode acontecer, porque dela não teremos mais a força de nos afastar, e assim prosseguiremos, talvez até à morte, precipitando-nos no abismo da perdição eterna.
D. — É assim tão nefanda uma confissão mal feita?
M. — É o principal motivo, a causa capital da perdição!
D. — Deveras?
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SENTIMENTOS DE UM MORIBUNDO NÃO ACOSTUMADO A PENSAR NA MORTE – PONTO I
Disponde domui tuae, quia morieris tu, et non vives. – “Dispõe de tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38, 1)
Imagina que te achas junto a um enfermo a quem restam poucas horas de vida… Pobre enfermo! Considera como o oprimem e angustiam as dores, os desfalecimentos, a asfixia e falta de respiração, o suor frio e o entorpecimento até ao ponto de quase não ouvir, quase não compreender e quase não falar… Entretanto, a sua maior desgraça consiste em que, estando próximo à morte, em vez de pensar na alma
e de preparar as contas para a eternidade, só pensa nos médicos, nos remédios, para se livrar da doença que o vai vitimando. Não são capazes de pensar em outra coisa que em si mesmos, disse São Lourenço Justiniano, falando dos moribundos desta espécie… Mas, certamente, os parentes e amigos lhe manifestarão o perigoso estado em que se acha?… Não; não há entre todos eles nenhum que se atreva a lhe falar na morte e adverti-lo de que deve receber os santos sacramentos. Todos se escusam de lhe falar para não molestá-lo.
Ó meu Deus, dou-vos graças mil porque na hora da morte fazeis que seja assistido pelos queridos confrades de minha congregação, os quais, sem outro interesse que o de minha salvação, me ajudarão a todos a bem morrer.
No entanto, ainda que se lhe não anuncie a aproximação da morte, o pobre enfermo, vendo a confusão da família, as consultas dos médicos, os remédios multiplicados, frequentes e violentos, que aplicam, se enche de angústia e terror, entre contínuos assaltos de receio, desconfiança e remorsos, dizendo de si para si: quem sabe se terá chegado o fim de meus dias?… Quem não sentirá quando, enfim, recebe a notícia da sua morte próxima! Dispõe as coisas de tua casa, porque morrerás e não viverás… (Is 38,1). Que mágoa terá ao saber que sua enfermidade é mortal, que é tempo de receber os sacramentos, de se unir com Deus e de despedir-se do mundo!… Despedir-se do mundo! Mas como?… Há de abandonar tudo, a casa, a cidade, os parentes e amigos, as sociedades, os jogos, os divertimentos?… Sim, tudo. Ante o tabelião, já presente, escreve-se esta despedida com a fórmula: Deixo a tal pessoa; deixo… E que levará consigo? Apenas uma pobre mortalha, que dentro em breve se deverá consumir com ele próprio na sepultura. Continuar lendo
MISSA QUAM PULCHRA ES, AGNUS DEI
A CASA
Só pode ser na casa. Na casa de família. Na casa que se fecha, não para isolar-se da cidade, mas para abrigar da chuva e do vento a boa sementeira da amizade.
Em relação aos muros da casa de família há porém um problema semelhante ao das fronteiras das nações. Há casas patrióticas e casas nacionalistas. Poderíamos também mencionar as casas internacionalistas, onde entra e sai quem quer, onde todo o mundo faz o que lhe passa pela cabeça, e onde, em suma, impera tamanha tolerância que não seria impróprio chamá-las casas de tolerância.
As nacionalistas são aquelas que mais abrigam uma quadrilha do que uma família. Não porque sejam os seus membros ferozmente desunidos; antes porque são unidos ferozmente. Unidos contra as outras casas.
Nesse ambiente, por mais educados que sejam os hábitos, conspira-se contra a cidade. Nesse reduto, nesse covil, em lugar da sementeira cívica, o que se prepara é o favoritismo, o que se manipula é o pistolão. Nessa casa, o de que se cuida é de arranjar empregos e vantagens para todos, desde que um tio ou um cunhado logrem atingir uma altitude de poder que lhes permita a distribuição privada da coisa pública.
É também postulado nosso que uma sociedade é o que são suas famílias. Ora, é inútil disfarçar a situação em que hoje nos encontramos sob esse ponto de vista. De um lado vê-se a vertiginosa decomposição de nossas melhores tradições. As famílias se desmancham. Os casamentos são cada vez mais efêmeros. E as casas funcionam apenas como plataforma de estação, como ponto de baldeação entre as correrias do dia e as correrias da noite.
É de um importância capital a compreensão do estreito nexo entre os sentimentos familiares e os cívicos, e é essa compreensão que falta em todas as teorias, da direita e esquerda, que pretendem resolver o problema da reestruturação da sociedade sem a amizade cívica e portanto sem a casa que é a oficina dessa amizade.
Voltemos a nossa idéia de um mundo humano formado de zonas concêntricas. Em contrações sucessivas chegamos à casa de família que é (ou deve ser) o lugar onde se destila a amizade cívica. O ar da amizade está ali (ou deve estar) em densidade maior e mais alta pressão. Por isso a casa se fecha. Escola, sala de armas onde se exercita a difícil esgrimagem da justiça, a casa tem o recato necessário a esse aprendizado que não deixa de ter o seu ridículo, como todo aprendizado. Lá dentro entre as quatro paredes bem opacas — contra as idéias arquitetônicas do Sr. Niemeyer — a família aprende e exercita, entre as alegrias e aflições, as regras dos atritos humanos.
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MORTE DO PECADOR – PONTO III
Caso digno de admiração! Deus não cessa de ameaçar o pecador com o castigo de uma morte infeliz.
“Virá um dia em que me invocarão e então já não os atenderei” (Pr 1,28)
Esperam, porventura, que Deus dê ouvidos a seu clamor quando estiver na desgraça? (Jó 27,9). Rir-me-ei de sua morte e escarnecerei de sua miséria (Pr 1,26).
“Rir-se Deus significa não querer de usar de misericórdia” (São Gregório).
“A mim pertence a vingança, e eu lhes darei a paga a seu tempo, quando seu pé resvalar” (Dt 32,15).
O mesmo ameaça o Senhor em outros lugares da Escritura, e, não obstante, os pecadores vivem tão tranquilos e seguros, como se Deus lhes houvesse prometido o perdão e o paraíso na hora da morte. É verdade, sempre que o pecador se converter Deus prometeu perdoar. Mas não disse que o pecador se converterá no transe da morte. Pelo contrário, repetiu muitas vezes que aquele que vive em pecado, em pecado morrerá (Jo 8,21-24) e que, se na morte o procurar, não o encontrará (Jo 7,34). É mister, pois, procurar a Deus, enquanto o podemos encontrar (Is 55,6), porque virá tempo em que já não será possível encontrá-lo. Pobres pecadores! pobres cegos que se contentam com a esperança de se converter na hora da morte, quando já não o poderão fazer! Disse Santo Ambrósio:
“Os ímpios não aprenderão a praticar o bem, senão quando já não é tempo”.
Deus quer que todos os homens se salvem; mas castiga os pecadores obstinados. Continuar lendo
14 DE SETEMBRO: EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ
Está página é extraída do Boletim de Nossa Senhora da santa Esperança, de Março de 1903 (reeditada em Le Sel de la Terre, no. 44, consagrado ao Pe. Emmanuel-André). O Padre Emmanuel pronunciou o seu último sermão na festa da Exaltação da Santa Cruz, no Domingo, 14 de Setembro de 1902, seis meses antes de morrer. Trata do espírito da Cruz, que é “a participação do próprio espírito de Nosso Senhor, levando a Cruz, pregado à Cruz e morrendo na Cruz”.
O ESPÍRITO DA CRUZ
O último sermão do Padre Emmanuel
Irmãos, há muito tempo que não me vedes aqui; não venho aqui com freqüência.
Vou falar-vos de uma coisa da qual nunca falei, nem aqui, nem algures. E essa coisa desejo-a a todos; sei bem que o meu desejo não chegará a todos. Vou falar-vos do espírito da Cruz.
Quando o Bom Deus cria um corpo humano, dá-lhe uma alma, é um espírito humano; quando o Bom Deus dá a uma alma a graça do batismo, ela tem o espírito Cristão.
O espírito da Cruz é uma graça de Deus. Há a graça que faz apóstolos, e assim por diante. O que é o espírito da Cruz?
O espírito da Cruz é uma participação do próprio espírito de Nosso Senhor levando a Sua Cruz, pregado à Cruz, morrendo na Cruz. Nosso Senhor amava a Sua Cruz, desejava-a. Que pensava Ele levando a Sua Cruz, morrendo na Cruz? Há aí grandes mistérios: quando se tem o espírito da Cruz, entra-se na inteligência destes mistérios. Existem poucos Cristãos com o espírito da Cruz, vêm-se as coisas de modo diferente do comum dos homens.
O espírito da Cruz ensina a paciência; ensina a amar o sofrimento, a fazer sacrifícios. Continuar lendo
AS DIFERENTES POSIÇÕES DOS CATÓLICOS NO PÓS-CONCÍLIO
Devido ao grande número de questionamentos que recebemos – desde pessoas que querem, humildemente, entender a posição da FSSPX e crise de fé que abala a Igreja até alguns “grandes sábios de redes sociais” que nos acusam de coisas que, além de nos causar grandes risadas, mostram nitidamente que não entendem nada sobre a Tradição, relinchando jargões já refutados há décadas – republicamos um texto da década de 80, escrito pelos até então “Padres Tradicionalistas de Campos” (hoje acordistas) e que permanece atual, para que cada um, de uma maneira simples, analise sua posição de católicos nessa crise pós conciliar.
AS VÁRIAS POSIÇÕES TOMADAS NA CRISE ATUAL
1) PROGRESSISMO: se subdivide em diversas categorias:
a) Obediência cega: aqueles que não admitem resistência às autoridades. É a posição mais cômoda na crise atual. Tem vários graus. Há até aqueles que dizem: “Prefiro errar com o Papa a acertar sem ele”, “Se o Papa fosse para o inferno eu iria junto”. Peca por excesso: chama-se subserviência. Destes tais dizia São Bernardo: “Aquele que faz o mal, sob o pretexto de obediência, faz antes um ato de rebeldia do que de obediência”.
b) Ultra-progressismo: são aqueles que, seguindo os princípios do Concílio Vaticano II, são mais lógicos e vão até às últimas conseqüências, sendo mais avançados do que as próprias autoridades auto-demolidoras da Igreja, não respeitando os freios que estas, por receio de escândalo, tentam impor. São os que, por exemplo, promovem os cultos afros, na linha da inculturação preconizada por João Paulo II; são os que pregam o ecumenismo total, na linha do encontro ecumênico de Assis; são os que apóiam as invasões de terra e o socialismo, na linha da teologia da libertação, etc.
c) Oficialismo: é a posição daqueles que, talvez pelo receio de serem chamados cismáticos, procuram tranqüilizar a própria consciência dizendo que seguem as autoridades oficiais da Igreja, mesmo quando favorecem à autodemolição. É a tentação da oficialidade, que reconhecemos ser bastante forte e sedutora, como se viu na Paixão de Jesus, quando a grande maioria do povo preferiu ficar do lado das autoridades religiosas oficiais que condenavam injustamente a Jesus, que ficou com poucos amigos fiéis.
Os que defendem tal posição teriam ficado com Aarão, sumo sacerdote oficial escolhido por Deus, que levou o povo a adorar o bezerro de ouro; teriam ficado com Caifás, sumo sacerdote oficial, que condenou a Jesus, teriam ficado com o Papa Libério, que favoreceu ao semi-arianismo e excomungou Santo Atanásio; teriam ficado com o Papa Honório que foi anatematizado pela Igreja, após sua morte, por ter também favorecido à heresia.
d) Conservadorismo: são os tidos como “conservadores”, querem conservar os ritos antigos, sem resistir aos novos ritos e às novas doutrinas instaladas na Igreja. Subdividem-se em:
Bi-ritualismo, “ralliés”: São os que gostariam de conservar a Tradição (Liturgia tradicional) ao mesmo tempo que a obediência às autoridades atuais e aos seus princípios, sobretudo aos princípios inovadores do Concílio Vaticano II, aceitando a legitimidade e exatidão doutrinária do Novus Ordo. Calam-se sobre pontos da doutrina tradicional, como preço pago a serem reconhecidos na Igreja hoje. Neste grupo se incluem o Barroux, a Fraternidade São Pedro, o Instituto Cristo Rei. São os que pleiteiam a “missa do indulto” e o bi-ritualismo, isto é, a legitimidade dos dois ritos, o da Missa tradicional e o da Missa nova.
“Sirismo”: Posição do Cardeal Siri, e dos que se assemelham a ele: “Mesmo que Paulo VI seja um papa pouco ortodoxo, é preciso se submeter a ele. … A nova missa é um castigo de Deus para os padres que celebravam mal a missa antes do Concílio” (Card. Siri). Esta posição consiste em aceitar as novidades da autodemolição por espírito de submissão e sofrer com isso. Obedecer e sofrer. Posição muito espalhada também.
2) SEDEVACANTISMO (de várias gamas: desde os mais extremistas até aos mais moderados): baseia-se no mesmo princípio equivocado anterior de não admitir resistência às autoridades. Levados, talvez, até pelo zelo da ortodoxia na Igreja e não podendo conceber que as autoridades favoreçam à heresia, classificam esses desvios doutrinários como heresias formais e concluem que perderam os seus cargos. Os mais extremistas acham que se deva eleger outro Papa e organizar outra hierarquia. Outros acham que a Igreja visível acabou (=heresia!). Alguns acham que a Igreja está sem Papa desde Pio XII. Dividem-se, porém, sobre a causa exata e a data em que tal coisa aconteceu.
3) CISMÁTICOS (recentes): São aqueles que acham que a Igreja atual falhou, separaram-se dela e elegeram um outro Papa. Assim são, por exemplo, os seguidores da igreja de Palmar de Troya, na Espanha e do movimento de Santa Jovita, no Canadá.
4) NOSSA POSIÇÃO NESSA CRISE: Nós, padres de Campos que formamos a União Sacerdotal São João Batista Maria Vianney, (FSSPX) somos católicos apostólicos romanos. Não somos “lefebvristas”, porque não existe, nem nunca existiu “lefebvrismo”, porquanto Dom Marcel Lefebvre não tinha doutrina própria nem formou uma hierarquia própria. Não somos “tradicionalistas”, no sentido de que “tradicionalismo” identifica um partido na Igreja. Somos fiéis à Tradição da Igreja como todo católico sempre foi e sempre deverá ser. Nem cismáticos, nem excomungados como nos acusam, a fim de impressionar a imaginação coletiva e formar um vazio ao nosso redor.
Esta é a também a posição de Dom Marcel Lefebvre, Dom Antônio de Castro Mayer, Fraternidade São Pio X, e dos fiéis em geral ligados à Tradição.
Fonte: Católicos Apostólicos Romanos – Nossa posição, na atual crise da Igreja – Livreto editado pelos “Padres Tradicionalistas de Campos”, antes do acordo com Roma
MORTE DO PECADOR – PONTO II
Não uma só, senão muitas serão as angústias que hão de afligir o pobre pecador moribundo. Verse-á atormentado pelos demônios, porque estes terríveis inimigos empregam nesse transe todos os seus esforços para perder a alma que está prestes a sair desta vida. Sabem que lhes resta pouco tempo para apoderar-se dela e que, escapando-se agora, jamais será sua (Ap 12,12). Não estará ali apenas um só, mais muitos demônios hão de rodear o moribundo para o perder. Dirá um:
“Nada temas, que te restabelecerás”
Outro exclamará:
“Tu, que durante tantos anos foste surdo à voz de Deus, esperas agora que ele tenha misericórdia de ti?”
“Como — intervém outro — poderás reparar os danos que fizeste, restituir as reputações que prejudicaste?”
Outro, enfim, dirá:
“Não vês que todas as tuas confissões foram nulas, sem contrição, sem propósito? Como podes agora renová-las?”
Por outro lado, o moribundo se verá rodeado por suas culpas. Estes pecados, como outros tantos verdugos — disse São Bernardo, acercar-se-ão dele e lhe dirão: Continuar lendo
FUMAR MACONHA É PECADO?
Recentemente, tem-se havido uma grande polêmica pelas notícias de várias legislaturas (pelo mundo) propondo ou mesmo legalizando o uso da maconha para uso “recreativo”. Mas, o que é que a Igreja Católica ensina sobre o uso de maconha e outros entorpecentes? Seu consumo é pecado?
Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est
Oferecemos duas respostas a estas frequentes questões teológicas-morais, extraídas do livro “As Melhores Perguntas e Respostas” (mais de 300 respostas dos 30 anos de perguntas feitas à revista The Angelus).
É pecado fumar maconha?
“Nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus” (1Cor. 6,10). A embriaguez é um excesso deliberado no uso de bebidas ou drogas intoxicantes até o ponto de privar-se forçosamente do uso da razão, para satisfazer um desejo desordenado de beber, e não para promover a saúde. Isto é contrário à virtude da Temperança, e, especificamente, à sobriedade. A sobriedade regula o desejo do homem e o uso de produtos tóxicos, e é vitalmente necessária para uma vida moral reta.
A perversão da intoxicação reside na violência cometida contra a própria natureza, privando-a do uso da razão. Quem age assim se priva do que o torna especificamente humano: sua capacidade de pensar. O bêbado, ou neste caso, o drogado, deseja essa perda da razão por uma sensação de libertação que a acompanha, precisamente pela falta de controle da vontade sobre a razão. É antinatural, ao contrário do sono, que também priva o uso da razão mas de uma forma natural.
O consumo de drogas proporciona um meio de fuga ilícito. Além de ser um pecado, manifesta também imaturidade por parte do usuário. Através de um ato de violência contra si mesmo, escapa da responsabilidade da tomada de decisões e do controle em sua vida. Quando essa privação é completa, por exemplo, a ações totalmente contrárias ao comportamento normal, a incapacidade de distinguir entre o bem e o mal, etc., é um pecado grave. “In vino veritas“, diziam os romanos, e não sem razão. Qualquer estado que não seja uma embriagues completa, sem razão suficiente, é em si mesmo um pecado venial, mas mesmo neste caso pode ser um pecado mortal se provoca escândalo, danos à saúde, danos à família, etc. Devemos enfatizar que um homem é responsável por todas as ações pecaminosas cometidas enquanto intoxicado, a qual ele tinha ou deveria ter previsto que aconteceriam.
Segundo Jone-Adelman, na Teologia Moral, o uso de drogas em pequenas quantidades, e apenas ocasionalmente, é um pecado venial se feito sem razão suficiente. Este poderia ser o caso, por exemplo, dos comprimidos para dormir. Obviamente, a perda do uso da razão através dos narcóticos deve ser julgada como o álcool. O uso da maioria das drogas se complica pelo fato de que são ilegais. Isso também significa a vontade do usuário em infringir a lei, um crime contra a justiça social. Isso agrava o pecado. A velocidade com que a droga altera a consciência também agrava seu uso. Esta velocidade poderia ter um maior potencial para privar-se do uso da razão, e, assim, passar para tóxicos mais fortes para um maior efeito.
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MORTE DO PECADOR – PONTO I
Angustia superveniente, pacem requirent, et non erit; conturbatio super conturbationem veniet – “Sobrevindo a aflição, procurarão a paz e a não encontrarão; virá confusão sobre confusão” (Ez 7, 25-26)
Os pecadores afastam a lembrança e o pensamento da morte, e procuram a paz (ainda que jamais a encontrem), vivendo em pecado.
Quando, porém, se virem em face da eternidade e nas agonias da morte, já não poderão escapar aos tormentos de sua má consciência, nem encontrar a paz que procuram. Pois, como pode encontrá-la uma alma carregada de culpas, que, como víboras, a mordem? Que paz poderão gozar pensando que em breve deverão comparecer ante Cristo Jesus, cuja lei e amizade desprezaram até então?
“Confusão sobre confusão” (Ez 7,26).
O anúncio da morte próxima, a ideia de se separar para sempre de todas as coisas do mundo, os remorsos da consciência, o tempo perdido, o tempo que falta, o rigor do juízo de Deus, a eternidade infeliz que espera o pecador, todas estas coisas produzirão perturbação terrível que acabrunha e confunde o espírito e aumenta a desconfiança. E neste estado de confusão e desespero, o moribundo passará à outra vida.
Abraão, confiando na palavra divina, esperou em Deus contra toda a esperança humana, e por este motivo foi insigne o seu merecimento (Rm 4,18). Mas os pecadores, por desdita sua, iludem-se quando esperam, não só contra a esperança, mas também contra a fé, quando desprezam as ameaças que Deus faz aos obstinados. Receiam a morte infeliz; mas não temem levar a vida má. Quem lhes dá, pois, a certeza de que não hão de morrer subitamente feridos por um raio? E ainda que tivessem nesse momento tempo de se converter, quem lhes assegura que realmente se converterão? Santo Agostinho teve de lutar doze anos para vencer suas más inclinações. Como é que um moribundo, que teve quase sempre a consciência manchada, poderá fazer facilmente uma conversão verdadeira, no meio dos sofrimentos, das dores de cabeça e da confusão da morte? Digo conversão verdadeira, porque então não bastará dizer e prometer com os lábios, mas será preciso que palavras e promessas saiam do fundo do coração. Ó Deus, que confusão e susto os do pobre enfermo que se descuida de sua consciência, quando se vir oprimido pelo peso dos pecados, do temor do juízo, do inferno e da eternidade! Que confusão e angústia produzirão nele tais pensamentos, quando se achar desfalecido, a mente obscurecida, e entregue às dores da morte já próxima! Confessar-se-á, prometerá, chorará, pedirá perdão a Deus, mas sem saber o que faz. Nesse caos de agitação, de remorso, de agonia e ansiedade, passará à outra vida. Continuar lendo
ESPECIAIS DO BLOG: CORRIJA SEU FILHO
Em mais uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente os links para capítulos do Livro: Corrija seu Filho, do Pe. Álvaro Negromonte que, com exemplos, orientações e uma excelente didática, mostra uma maneira católica de educar os filhos.
- 1- CORREÇÃO DAS CRIANÇAS (a Necessidade, a Finalidade, Corrigir não é Castigar, o Trabalho de Educação, a Boa Correção (Parte 1 e Parte 2)
- 2- O AGITADO
- 3- O COLÉRICO
- 4- O DESOBEDIENTE (Parte 1, Parte 2 e Parte 3)
- 5- O EGOÍSTA
- 6- O QUE NÃO QUER ESTUDAR
- 7- O QUE MEXE NO ALHEIO (Parte 1 e Parte 2)
- 8- O GULOSO
- 9- O MEDROSO
- 10- O QUE FALTA À VERDADE (Parte 1 e Parte 2)
- 11- O ORGULHOSO
- 12- O PREGUIÇOSO (Parte 1 e Parte 2)
INCERTEZA DA HORA DA MORTE – PONTO III
“Estai preparados” — O Senhor não disse que nos preparemos ao aproximar-se a morte, mas que estejamos preparados. No transe da morte, nesse momento cheio de perturbação, é quase impossível pôr em ordem uma consciência embaraçada. Isto nos diz a razão. Nesse sentido Deus também advertiu-nos, dizendo que não virá então perdoar, mas vingar o desprezo que fizéssemos da sua graça (Rm 12, 19).
“Justo castigo — disse Santo Agostinho — para aquele que não quis salvar-se quando pôde; agora, quando quer, não o pode”. Dirá todavia alguém: Quem sabe? talvez nesse momento me converta e me salve.
Mas quem é tão néscio e se lança num poço dizendo: Quem sabe? atirando-me, talvez fique com vida e não morra? Ó meu Deus, que é isto? Quanto o pecado cega o espírito e faz perder até a razão! Quando se trata do corpo, os homens falam como sábios, e como loucos, quando se trata da alma.
Meu irmão, quem sabe se esta reflexão que lês será o último aviso que Deus te envia? Preparemo-nos sem demora para a morte, a fim de que não nos encontre de improviso. Santo Agostinho disse que o Senhor nos oculta a última hora da vida com o fim de que todos os dias estejamos preparados para morrer (Hom. XIII). São Paulo nos previne que devemos procurar a salvação não só temendo mas tremendo (Fl 2, 12). Conta Santo Antonio que certo rei da Sicília, para manifestar a um particular o grande medo com que se sentava no trono, o fez sentar à mesa com uma espada suspensa sobre sua cabeça por um fio delgado, de sorte que o convidado, vendo-se nessa terrível situação, mal podia levar à boca uma migalha de alimento. Todos estamos em semelhante perigo, já que dum instante para outro pode cair sobre nós a espada da morte, resolvendo o negócio da eterna salvação. Continuar lendo
SANTA MISSA EM RIBEIRÃO – 10 E 11 DE SETEMBRO
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