CONTAGEM DA CRUZADA DE ROSÁRIOS DA FSSPX

Resultado de imagem para nossa senhora de fatimaPrezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Terminamos ontem o primeiro mês de nossa Cruzada de Rosários, visando o Centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

As pessoas que estão nos ajudando com as orações e quiserem encaminhar a nós o total acumulado de Terços e Sacrifícios oferecidos com intenção, o email é gespiox@yahoo.com.br

Entregaremos ao padre na próxima Missa para que seja feita a soma de todos os terços daqui do Brasil, e posteriormente do Distrito Sul-americano.

Que Nossa Senhora nos auxilie nessa caminhada de orações e sacrifícios, pelo triunfo do seu Imaculado Coração.

Contagem

IMAGEM DA VIRGEM NA FLORESTA

rezNuma das nossas excursões de férias com meus alunos, chegamos de uma feita a uma floresta esplêndida e acampamos numa linda clareira. Em derredor havia veredas silenciosas, e, a alguns minutos do acampamento, onde se divertiam pássaros e esquilos, um carvalho colossal, onde se afixava belíssima imagem de Nossa Senhora.

À tarde houve uma briga entre alguns rapazes. Caçoavam um com o outro e se provocavam. Afinal, um deles perdeu a paciência; avançou contra o contendor e, sem hesitações, começou uma pancadaria em regra. Não foi bonito, isso não, mas o que aconteceu, aconteceu!

Mais ou menos uma hora mais tarde, eu andava sozinho por um dos atalhos e refletia sobre a repreensão que daria aos pequenos delinquentes.

Chego à imagem da Virgem. Que vejo? Um dos briguentos está lá, de joelhos. O sol derrama seus raios sobre sua cabeça inclinada. Seu coração pulsa forte. A. Mãe de Deus olha complacente o menino ajoelhado, já estou perto dele, quando me avista. Depressa, quase assustado, se levanta. Uma grossa lágrima lhe corre pelas faces. Disse-lhe algumas palavras e segui meu caminho, mas com intensa alegria no coração…

Isso sim, é um jovem varonilmente piedoso. A religião lhe é força e consolação. Ee deu um passo em falso, como a qualquer pode acontecer, mas tratou de reparar sua falta e aprender para o futuro: nem todos costumam proceder assim, à noite, os contendores eram de novo bons amigos. Continuar lendo

A PRODIGIOSA CALMA DO CORONEL

Na guerra da Criméia um coronel francês recebe a ordem de apoderar-se de um fortim. Sem hesitar um instante, avança à frente de seu regimento, que ficou também eletrizado à vista de tamanha coragem. Calmo e impassível no meio das metralhadoras e baionetas, como se se encontrasse numa parada militar, toma de assalto a bateria inimiga, terrivelmente defendida pelos russos.

Seu general, admirado de tão prodigiosa calma, exclama perante o Estado Maior:

– Coronel, que sangue frio! Onde aprendeste tamanha calma no meio de tão grande perigo?

– Meu general, responde com tôda a simplicidade o coronel, é porque eu comunguei esta manhã.

Honra ao coronel valoroso e cristão, e valoroso justamente porque cristão: e cristão não daqueles, que se envergonham de sua fé ou se contentam com a comunhão de Páscoa, mas dos fervorosos que sabem alimentar-se do Pão dos fortes com frequência e particularmente nas circunstâncias difíceis da vida.

Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves

AS TENTAÇÕES CONTRA A PUREZA

Se esta virtude é bela, é também particularmente atacada. O mundo e o demônio se aliam, mobilizando contra ela todas as suas potências e todas as suas seduções. 

… Vós jovem cristã, agarrai-vos à Cruz de Jesus e, quando vier a tentação, haurireis na Cruz a força para resistir e a coragem para a vencer. Porque tereis de lutar! a tentação ai está que vos espreita e vos espera. Sobre esse assunto tão delicado, universalmente prático e ao mesmo tempo tão grave, precisais de idéias bem claras. 

Nessas horas críticas produz-se, geralmente, um emaranhado de pensamentos, de desejos, de lutas, de êxitos, de desfalecimentos, em que os sentidos, a imaginação, o coração, a vontade intervêm alternativamente; nesse labirinto aparentemente inextricável de atividades interiores convergentes ou opostas, muitos não sabem como se orientar, como se julgar, como conservar ou retomar a serenidade interior.

Em lendo estas linhas, e mais tarde quando a tentação vier agitar-vos, pairai pois acima desse campo de batalha íntimo; vereis melhor o papel que nele desempenha a vontade, e o que deve ser posto à conta da consciência nesses múltiplos assaltos.

a) Não vos admireis das tentações.

Raras são as almas que escapam a essa humilhante tortura; é como que uma inexóral necessidade. Coisa curiosa; temos vergonha de confessar essas misérias; imaginamos que os outros nunca tiveram de sentir essas dentadas dolorosas, e que basta sermos assaltado por uma tentação para ficarmos manchado!  Continuar lendo

VIDA INTELECTUAL VERSUS VIDA DE CURIOSIDADE

(Esta conferência foi proferida na Jornada de Formação do MJCB em 2012. Apresentamos aqui a sua transcrição). 

Pe. Luiz Cláudio Camargo FSSPX

A obra que estamos propondo realizar, em nossos priorados, consiste exatamente na idéia da universidade: versus unum. A universidade é a reunião de todas as faculdades, iluminadas pela Teologia. A nossa vida precisa alcançar essa unidade mais elevada, e o lugar privilegiado para isso, na situação em que nos encontramos hoje, são os nossos priorados.

Quero comparar aqui os elementos normais da vida intelectual — o ato, a estrutura da vida interior — com a sua deformação. Gostaria de comparar a vida intelectual com a vida de curiosidade, e daí tentar tirar os conselhos práticos para a vida especulativa. 

Pode-se dizer que há duas partes no esforço intelectual. Em primeiro lugar, há o que se pode chamar de studium, o estudo. Em latim, a palavra studium significa esforço. É interessante notar que toda a primeira parte, a do esforço intelectual, por causa da união e da relação entre o corpo e a alma, é necessária para se chegar ao ato específico em que a inteligência enxerga o seu objeto. Exige-se um esforço muito grande. O modo pelo qual chegamos ao conhecimento é um modo laborioso. Chamamo-lo de modo racional. É necessário ruminar até se chegar ao saber. Em seguida, temos um ato próprio, específico. O efeito próprio pelo qual a inteligência vê o seu objeto, alcança-o, pode ser chamado de gaudium. Então, alcança-se a idéia e a alma repousa.

Veremos quais as condições desses três passos numa vida intelectual normal, e a sua deformação numa vida de curiosidade.

A primeira consideração, nessa primeira etapa do studium, é a de que, como já se viu, não tratamos de uma atividade qualquer na vida do homem, mas da sua própria essência. Por isso, falamos de uma vida intelectual, e não simplesmente de uma atividade intelectual. É, portanto, necessário organizar a vida. É necessário colocar o saber como o princípio que organizará toda a vida. Continuar lendo

OS CATÓLICOS LIBERAIS E A FALÊNCIA DO ESTADO LAICO

Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

Diante do avanço da legislação anticristã no Brasil, as lideranças  dos diversos grupos religiosos estão em busca de um entendimento para empreender uma reação comum e impedir a aprovação de leis que agridem a consciência moral da imensa maioria da população brasileira. Em princípio, essa atitude poderia compreensível e louvável, contanto que observadas todas as regras da prudência para afastar qualquer perigo de um falso ecumenismo e irenismo.

Mas há uma coisa que merece reparo nessa frente ampla das “religiões” contra as forças maçônicas a serviço do Reino do Anticristo e da Sinagoga de Satanás. É que no embate com o inimigo, quando este defende sua plataforma política contra o Direito Divino e Natural e recusa uma interferência das religiões nos debates em curso no Congresso Nacional argumentando que o Estado brasileiro é laico, os representantes da frente ampla das religiões, principalmente os católicos liberais, saem em defesa do Estado laico dizendo que os verdadeiros inimigos deste são os políticos ateus ou agnósticos que se mostram intolerantes e incapazes de manter um diálogo democrático com seus adversários.

Dizem também os parlamentares da frente ampla das religiões que os seus adversários estão esquecidos de que o Brasil não é um Estado ateu, visto que no preâmbulo da Constituição Federal se diz que os representantes do povo brasileiro promulgam a carta magna sob a proteção de Deus. E argumentam que Estado laico significa que o Estado não sofre uma incidência direta das instituições religiosas em sua organização. Continuar lendo

CUIDADOS ESPIRITUAIS – O BATISMO

abcSegundo o testemunho de S. Francisco de Sales, Santa Mônica, durante a sua gravidez, oferecia a Deus cem vezes por dia, seu filho Santo Agosti­nho.— Depois que aprouve ao Céu fecundar o seu casamento, M.rae de Boisy, mãe de S. Francisco de Sales, gostava de ir muitas vezes, perante os alta­res, dar expansão à sua alma reconhecida. 

— M.me Acarie consagrou os seus filhos a Deus, antes mesmo de nascerem, e sua segunda filha declarou que devia a essa consagração, que tinha precedido o seu nas­cimento, a inclinação que sentiu para a vida religiosa, desde a sua primeira infância. Durante o período da gravidez, a mãe de S. Bernardo aproximava-se fre­qüentemente da sagrada mesa afim de que Jesus Cristo, descendo muitas vezes para ela aí colocasse um gérmen de salvação, para a criança que havia de vir ao mundo. Devemos dizer, de passagem, que se uma mulher previsse que, sendo mãe, corria perigo de morte, seria obrigada, sob pena de pecado mortal a confessar-se de todas as faltas cometidas, e tam­bém a comungar. Além disso, toda a mãe que tem fé, esforça-se por meio da oração, pela freqüência dos sacramentos, e por uma vida santa, a atrair sobre o fruto, que traz no seio, a graça do batismo, sem cuja recepção o Céu está fechado às nossas almas.

Todos nós nascemos efetivamente, manchados pelo pecado original, privados da amizade de Deus, e indignos de O possuir na glória; é um ponto in­contestável da nossa fé. Para lavar em nós a man­cha impressa pela desobediência de Adão, para adquirir a vida da graça, e o direito à posse de Deus, é absolutamente necessário o batismo. Ninguém — diz a Verdade eterna — pode entrar no reino de Deus, se não for regenerado pela água do batismo, e pela virtude do Espírito Santo. Continuar lendo

GUIA PARA A PRÁTICA DA DEVOÇÃO REPARADORA DOS CINCO SÁBADOS

Resultado de imagem para imaculado coração de mariaFonte: SSPX Asia / Fatima.org

1. A história e o texto da promessa

Na noite de quinta-feira, 10 de Dezembro, logo depois do jantar, a jovem postulante Lúcia – que tinha apenas 18 anos – voltou à sua cela. Foi ali que recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Escutemos a sua narração (escrita na terceira pessoa):

“A 10 de Dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, a Seu lado, suspenso numa nuvem luminosa, um Menino. A Santíssima Virgem, pondo-lhe no ombro a mão, mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na outra mão. Ao mesmo tempo, disse o Menino:

‘Tem pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os Homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um acto de reparação para  os tirar.’

E a Santíssima Virgem disse-lhe:

“Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os Homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que, todos aqueles que durante cinco meses (seguidos) no Primeiro Sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.’”
Continuar lendo

PAULO VI, O SEPULTADOR DA TRADIÇÃO

Nota da Permanência: Apresentamos a seguir um capítulo do livro “Cem anos de modernismo” (Cent ans de modernsime. Généalogie du Concile Vatican II, Editions Clovis, 2003) do padre Dominique Bourmaud, FSSPX.

Capítulo XXII

Há mais de um século que os Carbonários, a maçonaria italiana, tinham planejado destruir o papado:

“O trabalho que empreenderemos não é obra de um dia, nem de um mês, nem de um ano: pode durar vários anos, talvez um século; mas em nossas fileiras morre o soldado e a luta continua… O que devemos buscar e esperar, como os judeus esperam o Messias, é um Papa de acordo com nossas necessidades… E este pontífice, como a maioria dos seus contemporâneos, estará mais ou menos imbuído dos princípios humanitários que começaremos a pôr em circulação… Quereis estabelecer o reino dos escolhidos sobre o trono da prostituta da Babilônia? Que o clero marche sob o vosso estandarte, crendo sempre marchar sob a bandeira das Chaves Apostólicas… Estendei vossas redes… no fundo das sacristias, dos seminários, dos conventos… Tereis pregado uma revolução de tiara e capa pluvial, marchando com a cruz e a bandeira, uma revolução que não necessitará senão ser ligeiramente estimulada para atear fogo em todos os extremos da terra”[1].  Leia mais

Na falta de um revolucionário de tiara e capa pluvial, comparou-se Paulo VI com Moisés guiando o povo escolhido para fora do Egito rumo à terra desconhecida da Promessa. Também é apresentado freqüentemente como um Hamlet que terminou no trono de Pedro. Seu temperamento indeciso resultava, talvez, da falta de uma formação intelectual sólida, uma vez que Giovanni Battista Montini (1897-1978) não havia seguido seminário algum… realidade ainda mais lamentável pelo fato de que seu pai, homem influente, publicava uma revista de tom liberal. Deste fato procediam suas utopias juvenis de que é possível colaborar com a esquerda mas não com a direita[2]. Essas deficiências intelectuais não faziam mais que aumentar, pelo predomínio que, nele, a imaginação tinha sobre a realidade: Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA PREGUIÇOSA – PARTE 2

Lentidão

1 – Se há crianças (e adultos…) que remancham propositadamente, há também as que são naturalmente lentas. Às vezes, em tudo; outras, só nas atividades físicas, pois são vivazes e rápidas nas mentais.

– Pais e mestres (mal aparelhados) se irritam com elas e lhe dificultam a vida com exigências, prazos marcados para o término das tarefas, comparações odiosas com irmãos ou colegas rápidos, complexando as que assim procedem sem culpa.

– Quando, além disto, os pais são vaidosos, ai dos filhos lentos! Enquanto uns medíocres de inteligência, mas vivazes, são elogiados como “brilhantes” e “de futuro”, outros, na verdade mais inteligentes, refletidos, e realmente de futuro (como os fatos mostrarão) são postergados ou mesmo injuriados. O menos que lhes chamam é de lesmas…

2 – Se a lentidão é propositada, enquadrar-se-á nas causas já expostas, e receberá o tratamento indicado. Se é natural, pouco conseguirão os pais que desejarem quantidade, mas conseguirão os pais que desejarem qualidade. Dou a dois datilógrafos o mesmo trabalho: o primeiro o faz em 40 minutos, cheio de imperfeições que obrigam a reescrevê-lo; o outro gasta uma hora, e o serviço é irrepreensível. Qual é o lento? Qual o preferível? Claro que o ideal será o rápido e perfeito; mas é também muito mais raro… Continuar lendo

O TESOURO DO BATISMO

O pequeno recém-nascido volta do seu batismo e dorme tranquilamente em seu berço. Leva silenciosamente seu tesouro. Que tesouro? Nas profundezas desta pequena alma, como no templo de Jerusalém, está o Santo.

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Está a graça de Deus, a graça santificante, princípio de uma vida nova e mais elevada que não é inerente a nenhuma criatura e na qual o único ponto de comparação é a própria vida de Deus.

Este pequeno é verdadeiramente uma nova criatura. Exteriormente, tem as características de todas as crianças, mesma as das não batizadas, mas ante aos olhos dos anjos não é, porque agora tem os traços do Menino de Belém, é filho de Deus e leva com ele os tesouros e riquezas sobrenaturais que alegram os olhos dos anjos.

Olhem para ele de novo, vejam como dorme em paz. Seu sonho é tão tranquilo que até se assemelha a morte, mas se este pequeno chegasse a morrer, falaria a língua dos eleitos. Se apresentaria no Paraíso reivindicando como sendo sua casa e diria a seu anjo da guarda: “Gostaria ver a Deus, meu Pai, a Santíssima Virgem Maria, minha Mãe e a Jesus, meu irmão mais velho” … e isso, graças ao tesouro da vida superior que o elevou às alturas de Deus.

Além disso, como qualquer vida, está dotada de faculdades que lhe convém e lhe são proporcionadas no momento do seu batismo, esta criança também recebeu faculdades que correspondem à nova vida superior e sobrenatural que possui agora; as três virtudes teologais: a Fé (inteligência sobrenatural que se dirige à verdade de Deus e nos faz O ver em tudo), a Caridade (vontade sobrenatural que se dirige à beleza de Deus e ao amor) e a Esperança (que repousa na fidelidade de Deus e garante que o céu é para ele). É agora um filho de Deus, e sendo assim, é o herdeiro de Deus … co-herdeiro de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Rom 8, 17).

Dom Paul Delatte, OSB, Contempler l’Invisible.

COMO EDUCAR A CRIANÇA PREGUIÇOSA – PARTE 1

Agir é necessidade biológica da criança. Corpo e mente não se lhe desenvolvem sem movimento. Sua vitalidade é sinônimo de atividade, se é criança normal. Sendo exuberante chega a parecer-nos excessiva sua movimentação.

O trabalho é natural e agradável a todo homem sadio, especialmente à criança sadia. A ociosidade lhe é insuportável. Para a criança não há maior castigo que a imobilidade.

O trabalho é necessário em todos os domínios – físico, intelectual ou moral – sem falarmos da luta pela subsistência. A própria é vida é incessante atividade: no corpo, a respiração, a circulação do sangue e a digestão, sem as quais morreremos; na mente, sentir, comparar e julgar.

O que torna os homens infelizes é a fadiga excessiva, a ausência de êxito, a falta de correspondência entre o esforço e o indispensável à vida, a obrigação de realizar tarefas por que não sentimos gosto, a impossibilidade de realizar o que nos agrada, a associação da obra a idéias odiosas. Só por isto o vulgo execra o trabalho e faz do ócio um ideal… Mas o trabalho em si é fonte de alegria, pois realiza o homem, que, como diz Jó, “foi feito para trabalhar como a ave para voar” (5,7). Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 3

concilio_vaticano_ii

  1. A constituição dogmática sobre a Revelação Divina “Dei Verbum”

Esta constituição abandona a doutrina católica das duas fontes da Revelação, para aproximar-se do sola scriptura dos protestantes. Apresentam-nos de imediato no capítulo 1 a Revelação não mais como comunicação das verdades sobre Deus e suas intenções salvíficas, mas como auto-comunicação de Deus; nisto põem em evidência a passagem da perspectiva objetiva à perspectiva subjetiva.

No artigo 5, descrevem a fé como encontro pessoal com Deus, e dom do homem para com Ele; não se deveria mais considerar a tradição como complemento quantitativo e material da Escritura. Ela teria apenas uma dupla função de reconhecimento do teor do cânon e certidão da revelação. De modo ambíguo, não apresentam o magistério abaixo da palavra de Deus, senão que a seu serviço.

Reconhece-se fortemente no artigo 12 a exegese moderna com sua “Formengeschichte”, embebida no espírito protestante de Bultmann. Não mais se atribui à Santa Escritura a inerrância, mas só dizem que ela ensina a verdade.

artigo 19 fala que os Evangelhos oferecem o veraz e o sincero – no texto originam, acrecentaram: “alimentados pela força criativa da comunidade primitiva”, suprimido após o protesto de muitos dos Padres do Concílio. Na 2ª frase deste artigo, assume o Concílio sem meias palavras a exegese moderna: os apóstolos pregavam uma compreensão mais plena do Cristo, os redatores dos Evangelhos “redigiram” o material desta prédica, i. é., material que eles selecionaram, resumiram e atualizaram. Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 2

protIII. A INFLUÊNCIA DOS PROTESTANTES SOBRE O CONCÍLIO

Com tamanha presença de protestantes no Concílio – presenças direta e indireta – como espantar-se da influência sobre o Concílio e seus documentos? Citemos-lhe alguns para fundamentar a afirmação:

  1. O decreto “Sacrosanctum Concilium” sobre liturgia

Já no artigo 5, encontramos a noção de mistério pascal, que põe a tônica da Redenção na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e arrefece a realidade do sacrifício expiatório da liturgia.

No artigo 6, mencionam o mistério pascal duas vezes.

No artigo 7, equiparam a presença do Cristo na Santa Missa e na substância transubstanciada com a presença no ministro da ação litúrgica, na virtude dos sacramentos, na palavra, ou com a presença que há onde duas ou três pessoas estiverem reunidas em seu nome. Uma tal ordem de coisas é um empréstimo manifesto dos protestantes.

No artigo 22, há clara descentralização da competência, em matéria litúrgica: a partir de agora é o bispo local, e sobretudo a conferência episcopal as estâncias decisórias.

Nos artigos 24 e 51, fala-se da grande importância da Santa Escritura na liturgia. Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 1

cviiConferência do Sr. Padre Franz SCHMIDBERGER no Simpósio de Teologia em Paris, outubro de 2005.

RESUMO DA POSIÇÃO PROTESTANTE

1 – O ponto de partida do protestantismo, sua base filosófica e teológica, é sem dúvida a concepção de Lutero acerca do pecado e da justificação.

Para ele, corrompeu o pecado totalmente a natureza humana, não há sequer liberdade moral. Assim, nada encontra a graça de Deus que curar, transformar, divinizar, limitando-se tão-só a uma declaração exterior: Deus encobre o pecado com o manto dos méritos de seu Filho, não imputando-lhe de pecado, contudo o pecador conserva sua natureza corrompida.

2 – De tal parecer do estado da natureza decaída, decorrem os quatrosoli de Lutero:

a)Sola fide: salva-se o homem só pela fé; notem que, entre os reformadores, concebe-se a fé enquanto fé confiante nos méritos do Cristo Redentor, e não enquanto plena aceitação da Revelação de Deus sob impulso da graça. As boas obras – o jejum, a oração, a esmola, a penitência, a mortificação – não contribuem para a salvação, antes são sinais de fé. Exprime Lutero desta forma seu pensamento de modo categórico: “Peca fortemenTe e crê mais fortemente ainda, e tu serás salvo”. Continuar lendo

22 DE AGOSTO – IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

***********************************

Ladainha ao Imaculado Coração de Maria

Senhor, tende piedade de nós
Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós

Cristo, olhai-nos.
Cristo, escutai-nos

Deus Pai celestial, Tem misericórdia de nós.
Deus Filho Redentor do mundo, Tem misericórdia de nós.
Deus Espírito Santo, Tem misericórdia de nós.
Santa Trindade, um só Deus, Tem misericórdia de nós.

Santa Maria, Coração Imaculado de Maria, rogai por nós
Coração de Maria, cheio de graça, rogai por nós
Coração de Maria, vaso do amor mais puro, rogai por nós
Coração de Maria, consagrado íntegro a Deus, rogai por nós
Coração de Maria, preservado de todo pecado, rogai por nós
Coração de Maria, morada da Santíssima Trindade, rogai por nós
Coração de Maria, delícia do Pai na Criação, rogai por nós
Coração de Maria, instrumento do Filho na Redenção, rogai por nós
Coração de Maria, a esposa do Espírito Santo, rogai por nós
Coração de Maria, abismo e prodígio de humildade, rogai por nós
Coração de Maria, medianeiro de todas as graças, rogai por nós
Coração de Maria, batendo em uníssono com o Coração de Jesus, rogai por nós
Coração de Maria, gozando sempre da visão beatífica, rogai por nós
Coração de Maria, holocausto do amor divino, rogai por nós
Coração de Maria, advogado ante a justiça divina, rogai por nós
Coração de Maria, transpassado por uma espada, rogai por nós
Coração de Maria, Coroado de espinhos por nossos pecados, rogai por nós
Coração de Maria, agonizando na paixão de teu Filho, rogai por nós
Coração de Maria, exultando na Ressurreição de teu Filho, rogai por nós
Coração de Maria, triunfando eternamente com Jesus, rogai por nós
Coração de Maria, fortaleza dos cristãos, rogai por nós
Coração de Maria, refúgio dos perseguidos, rogai por nós
Coração de Maria, esperança dos pecadores, rogai por nós
Coração de Maria, consolo dos moribundos, rogai por nós
Coração de Maria, alívio dos que sofrem, rogai por nós
Coração de Maria, laço de união com Cristo, rogai por nós
Coração de Maria, caminho seguro ao Céu, rogai por nós
Coração de Maria, prenda de paz e santidade, rogai por nós
Coração de Maria, vencedora das heresias, rogai por nós
Coração de Maria, da Rainha dos Céus e Terra, rogai por nós
Coração de Maria, da Mãe de Deus e da Igreja, rogai por nós
Coração de Maria, que por fim triunfarás, rogai por nós
Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, Perdoai-nos Senhor
Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, Escutai-nos Senhor
Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, Tem misericórdia de nós.

Rogai por nós Santa Mãe de Deus
R. Para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo

Oremos:
Vós que nos tens preparado no Coração Imaculado de Maria uma digna morada de teu Filho Jesus Cristo, concedei-nos a graça de viver sempre conforme a sua vontade e de cumprir seus desejos.
Por Cristo teu Filho, Nosso Senhor. Amém

O ÓDIO DE SATANÁS CONTRA A MISSA (TRIDENTINA)

SntMssFonte: FSSPX Sudamerica – Tradução: Sensus fidei

Em 1957 Jean Ousset publicava sua obra-prima, “Para que Ele reine”. O texto a seguir se encontra nas primeiras edições, tanto francesas como espanholas. Em perfeito acordo com a doutrina tradicional da Igreja, o autor mostra-nos aqui como a Missa (Tridentina) está no centro do combate apocalíptico que se desenvolve entre a revolução satânica e a Igreja. Com esta precisão, no entanto: a Missa sim, mas “a Missa dita e bem dita”, ou seja, de acordo com a vontade mesma de Deus expressa pelos sagrados cânones da Igreja.

Consideremos que a Missa nova como celebrada hoje, ainda não tinha sido inventada pelo Padre Bugnini, de infeliz memória, mas já se começava a difundir no clero um espírito de inovação que logo acabaria em desastre conciliar e pós-conciliar.

Estas páginas são admiráveis e merecem ser lidas e meditadas por todos os que desejam trabalhar de forma eficaz “para que Ele reine”. Trata-se, em primeiro lugar, pela Missa que Nosso Senhor reinará nos corações e nas instituições sociais ou políticas para que as almas se salvem.

Mons. Lefebvre aprovou integralmente não só o livro, mas também a obra da Cidade Católica, com todos os princípios doutrinais e modos de ação que ela professava e que o livro expõe.

Ignoramos as razões pelas quais este capítulo fundamental sobre a Missa foi suprimido das edições posteriores.[1] Mas é evidente que ele não se encaixa absolutamente nem com os novos ensinamentos ecumênicos e liberais do Concílio Vaticano II, nem com o rito reformado da nova missa que os expressa. Continuar lendo

EM CONTRAPARTIDA AOS ATAQUES MUÇULMANOS NA FRANÇA, A FSSPX FAZ SUA PARTE

Procissão de 15 de agosto de 2016 nas ruas de Saint-Malo, organizado pelo Priorado de Lanvallay

Este slideshow necessita de JavaScript.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Aproximadamente 600 fiéis quiseram honrar Nossa Senhora saindo em procissão, como em todos os anos, pelas ruas de Saint-Malo, apesar do “Estado de Emergência” que devemos aos assassinos do fundamentalismo “islâmico”.

Além do serviço de caráter pessoal da Fraternidade São Pio X, podia-se notar a presença de vários policiais municipais, da polícia nacional e de um destacamento de seis soldados da operação “Sentinela” que asseguraram do princípio ao fim a segurança da procissão.

Como em todos os anos, o Voto de Luís XIII, consagrando a França à Santíssima Virgem, foi lido no final da procissão diante do Santíssimo Sacramento:

[…] ” Por essas razões, temos declarado e declaramos que ao tomar a Santíssima e Gloriosissima Virgem como protetora especial do nosso reino, consagramos-lhe particularmente a nossa pessoa, o nosso Estado, a nossa coroa e os nossos súditos, suplicando-lhe para que nos inspire uma conduta santa e para que defenda com tanto esmero este reino contra o esforço de todos os seus inimigos, que, seja quando for flagelado pela guerra ou quando gozar da doçura da paz, que pedimos a Deus de todo o nosso coração, ele não saia dos caminhos da graça que conduzem aos da glória”[…], 

INV02219

VÁRIOS MODOS DE CORROMPER A TRADIÇÃO

Pode-se concorrer para destruir a Tradição de vários modos. Há, mesmo, entre eles uma escala que vai da oposição aberta ao desvio quase imperceptível. Exemplo de oposição clara, temos nas várias atitudes tomadas por teólogos, e até Autoridades Eclesiásticas, rejeitando a decisão da Encíclica “Humanae Vitae”. De fato, o ato de Paulo VI, declarando ilícito o uso dos anticoncepcionais, insere-se numa Tradição ininterrupta do Magistério Eclesiástico. Não aceitá-lo, ensinando o oposto do que ele prescreve, ou aconselhando práticas por ele condenadas, constitui exemplo típico de negação de um ensinamento tradicional.

Mais sinuosa é a falácia, quando se fere a Tradição, através de elucidações dogmáticas que, sem negarem os termos tradicionais, de fato, são incompatíveis com os dados revelados; por exemplo, continuar a fazer profissão de fé no mistério da Santíssima Trindade, mas substituir sistematicamente o termo consubstancial por outro que não tem o mesmo significado, como a palavra natureza.

Há igualmente descaminhos para a heresia, nas deduções que ampliam o conteúdo das premissas. Assim, declarar que, em virtude da colegialidade, o Papa pode resolver sem ouvir o Colégio Episcopal, é incidir no conciliarismo que subverte a Igreja de Cristo. Continuar lendo

CATECISMO DE SÃO PIO X – DO MATRIMÔNIO

§ 1º – Natureza do Sacramento do Matrimônio

826) Que é o Sacramento do Matrimônio?

O Matrimônio é um Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, que estabelece uma união santa e indissolúvel entre o homem e a mulher, e lhes dá a graça de se amarem um ao outro santamente, e de educarem cristãmente seus filhos.

827) Por quem foi instituído o Matrimônio?

O Matrimônio foi instituído pelo próprio Deus no Paraíso terrestre; e no Novo Testamento foi elevado por Jesus Cristo à dignidade de Sacramento.

828) Tem o Sacramento do Matrimônio alguma significação especial?

O Sacramento do Matrimônio significa a união indissolúvel de Jesus Cristo com a Santa Igreja, sua esposa e nossa Mãe amantíssima.

829) Por que se diz que o vínculo do Matrimônio é indissolúvel?

Diz-se que o vínculo do Matrimônio é indissolúvel, isto é, que não se pode quebrar senão pela morte de um dos cônjuges, porque assim o estabeleceu Deus desde o começo, e assim o proclamou solenemente Jesus Cristo, Senhor Nosso.

830) No Matrimônio cristão, poder-se-ia separar o contrato do Sacramento?

Não. No Matrimônio entre cristãos o contrato não se pode separar do Sacramento, porque para eles o Matrimônio não é outra coisa senão o mesmo contrato natural, elevado por Jesus Cristo à dignidade de Sacramento. Continuar lendo

COMO EDUCAR A CRIANÇA ORGULHOSA?

orguEssa criança constantemente preocupada em mostrar as suas qualidades, inclinada a exagerar o seu valor e a fingi-lo quando não existe, a chamar atenções sobre si, sempre disposta a aparecer e ser notada, e que chega a tomar atitudes singulares no andar, na fala, nos gestos, é, sem dúvida alguma, uma criança orgulhosa.

Seu grande cuidado é impor-se à consideração alheia, salientar-se onde se encontre, estadear suas “altas qualidades”, da inteligência privilegiada aos cabelos bem penteados, da bonita voz aos vestidos, dos “variados” conhecimentos às habilidades esportivas.

Seu orgulho pode tomar variadas formas, mas ao termo refere tudo a si, e a si o atribui consciente ou inconscientemente, merecida ou imerecidamente. Na sua sede e louvor, louva-se quando ninguém a louva; e até de defeitos se gaba, quando já não há qualidade e virtudes a realçar.

Outras vezes, conforme as circunstâncias, finge qualidades que não têm, jacta-se do que não fez, excede-se nas medidas e nos modos, sem perceber o descrédito a que se lança, e o ridículo que se avizinha.

Ainda bem quando, para engrandecer-se, não desmerece a outrem nem o despreza. Continuar lendo

CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA


Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ó Maria, Virgem poderosa e Mãe de Misericórdia, Rainha do céu e refúgio dos pecadores, nós nos consagramos ao vosso Imaculado Coração. Nós vos consagramos o nosso ser e toda a nossa vida; tudo o que temos, tudo o que amamos, tudo o que somos. Nossos corpos e nossas almas são vossas. Nossos lares, nossas famílias e nossa pátria são vossas. 

Queremos que tudo o que há em nós, tudo o que há ao nosso redor, vos pertença e compartilhe dos benefícios de suas bênçãos maternais. E para que esta consagração seja verdadeiramente eficaz e duradoura, renovamos hoje aos vossos pés, ó Maria, as promessas do nosso batismo e da nossa Primeira Comunhão. Nós nos comprometemos a professar corajosamente e sempre as verdades da Fé, a viver como católicos plenamente submissos à todas as disposições do Papa e dos Bispos em comunhão com ele.

Nós nos comprometemos a guardar os mandamentos de Deus e da Igreja, particularmente a santificação do domingo. Nós nos comprometemos a incorporar às nossas vidas – o quanto nos for possível – as práticas consoladoras da Religião cristã, e sobretudo da Santa Comunhão.

Por fim, nós vos prometemos, ó gloriosa Mãe de Deus e terna Mãe dos homens, colocar todo o nosso coração ao serviço de vosso culto bendito, a fim de acelerar, de assegurar, mediante o reinado do vosso Coração Imaculado, o reinado do Coração de vosso adorável Filho em nossas e em todas almas, em nossa querida pátria e em todo o universo, assim na terra como no céu. Amém. 

(3 anos de indulgência – 21 de fevereiro de 1907)

TRATADO DOS ESCRÚPULOS DE CONSCIÊNCIA – CAPÍTULO 11 (FINAL)

esc6DIÁLOGO ENTRE O DIRETOR E O ESCRUPULOSO

diretor. Conheço os males de que a vossa pobre alma sofre; compadeço-me deles do fundo de minhas entranhas; qui­sera curá-los; mas sabeis qual seria o meio disso, depois de tudo o que acabais de ler?

escrupuloso. Não; ignoro-o, e desejo vivamente que mo ensineis.

diretor. Tende uma confiança sem li­mites na misericórdia divina pela me­diação de Nosso Senhor Jesus Cristo, que derramou o Seu sangue por vós, que vos procurou como uma ovelha desgarrada através das sarças e dos espinhos, e que quis expiar pessoalmente os vossos peca­dos para vos dar a paz e a salvação. Poderíeis desesperar e perder confiança à vista do que Deus fez por vós dando-vos Seu Filho, que se fez a Si mesmo vítima por vós? Que há que não obtenhais pela mediação de Jesus Cristo? Que há que não acheis n’Ele? Força, luz, justiça, santidade, con­solação, perseverança; porquanto Jesus Cristo é um dom universal em quem estão encerrados todos os outros dons e todos os tesouros da graça. “Dando-nos seu Filho, diz S. Paulo, Deus não nos deu todas as coisas com Ele?” (Rom 8, 33). Deu-no-lo para ser o suplemento universal de todas as nossas misérias, de toda a nossa in­dignidade. E que quereríamos que Deus fizesse a mais para nos inspirar sentimentos de confiança e de amor? Que pode Ele acres­centar a admirável economia da redenção, da religião, dos sacramentos, da mediação da SS. Virgem, de tantos caminhos abertas à vossa confiança?

escrupuloso. Mas eu não mereço se­não os repúdios e a indignação de Deus; todas as minhas orações são más, e Deus não pode escutar-me.

diretor. Mas Jesus Cristo, o Filho úni­co do Pai, que intercede por nós, que por nós oferece o preço dos Seus méritos, do Seu sangue e dos Seus trabalhos, não me­rece bem ser escutado em nosso favor? Poderíamos crer que tal Pai pudesse re­cusar alguma coisa a tal Filho que Lhe oferece tal preço? Este pensamento não seria injurioso tanto ao Pai como ao Filho? Continuar lendo

CATECISMO DE SÃO PIO X – DA ORDEM

pio811) Que é o Sacramento da Ordem?

A Ordem é o Sacramento que dá o poder de exercitar os ministérios sagrados que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas, e que imprime na alma de quem o recebe o caráter de ministro de Deus.

812) Por que se chama Ordem?

Chama-se Ordem porque consiste em vários graus, uns subordinados aos outros, dos quais resulta a sagrada Hierarquia.

813) Quais são estes graus?

Supremo entre eles é o Episcopado, que contém a plenitude do Sacerdócio; em seguida o Presbiterado ou Sacerdócio simples; depois o Diaconado e as Ordens que se chamam menores.

814) Quando Jesus Cristo instituiu a Ordem Sacerdotal?

Jesus Cristo instituiu a Ordem Sacerdotal na Última Ceia, quando conferiu aos Apóstolos e aos seus sucessores o poder de consagrar a Santíssima Eucaristia. E no dia da sua ressurreição conferiu aos mesmos o poder de perdoar e de reter os pecados, constituindo os assim os primeiros Sacerdotes da Nova Lei em toda a plenitude do seu poder. Continuar lendo

O QUE É ESQUECER-SE?

despAquele que se entrega a Deus já não se pertence. Deixa de existir aos seus próprios olhos, não vive em si mesmo, mas nAquele a quem se entregou, e não tem outros interesses a não ser os do Mestre.

Esquecer-se de si próprio, por amor, eis a grande lei de toda a vida espiritual. Esquecer-se é excluir das ações, sofrimentos e orações todo o cálculo humano, toda a sombra se amor-próprio ou intenção egoísta.

Esquecer-se é aceitar simplesmente da mão de Deus todas as responsabilidades, todos os deveres, todos os sofrimentos, todas as contrariedades, sem queixumes, sem pretender sobressair por isso, sem examinar a duração e a natureza das próprias penas ou sacrifícios, tal como se eles tivessem atingido outra pessoa.

Esquecer-se é moderar a procura de satisfações pessoais, fugindo das ilícitas e só escolhendo das outras as que a Providência tiver preparado.

Esquecer-se é avaliar-se pelo seu justo valor, isto é, como um mísero pecador; é afastar da memória própria e alheia as qualidades e obras pessoais; é mesmo evitar um olhar ansioso e demorado sobre as próprias fraquezas.

Esquecer-se é desaparecer aos próprios olhos, por um ato de vontade, para não ver em si e nos outros, nas pessoas e nas coisas, senão Jesus e a Sua santa vontade. Continuar lendo

RELIGIOSIDADE VARONIL

mocoMuitos jovens se afastam da vida religiosa ao verificarem o contraste entre a aparente religiosidade exterior de alguns companheiros e sua esterilidade espiritual. Outros, trazem a prática da religião demasiado sentimento e por seu sentimentalismo fazem com que a religiosidade seja mal interpretada pelas pessoas sérias. Religiosidade é o culto de Deus conjuntamente prestado pela razão, o coração e a vontade. O coração ou sentimento tem, pois, também seu papel, mas um elemento não deve demasiar-se em deferimento dos outros dois. Da religiosidade exageradamente sentimental pode-se dizer o que, infelizmente, alguns afirmam de toda a religiosidade: ela é própria só para o povo e as mulheres.

Como? A religião é boa somente para o povo e as mulheres? Para os cultos, inteligentes homens modernos não serve? — Certo que serve! A religiosidade bem compreendida, real, varonil, serve e sem contestação!

E quando será ela, real e varonil?

Podem alguns ter idéias de religião adulterada quanto o quiserem; não poderão negar que ela é um dos mais belos ornatos que constituem a verdadeira nobreza do homem.

Em nossos tempos, tentaram tirar à religião sua autenticidade, e substituí-la por diversas especulações científicas; em vão! Onde se atacou a religião, começou a decadência da virtude, da honestidade, do sentimento do dever, da consciência, do caráter, — numa palavra, dos mais belos ideais da humanidade. Podemos buscar exemplos na história dos antigos gregos, dos romanos e outros povos. Ali, a vida dos próprios sábios, que procuravam tudo o que era bom e nobre, não se isentava de falhas, porque eles não conheciam a ver dadeira religiosidade.

Mas, que é a verdadeira religiosidade? Continuar lendo

TRATADO DOS ESCRÚPULOS DE CONSCIÊNCIA – CAPÍTULO 10

esc5CONDUTA DO CONFESSOR DOS ESCRUPULOSOS CONSOANTE O ABADE BOUDON

Primeiramente, não se pode dizer bas­tante o quanto é grande a necessidade de um diretor experimentado nesses ca­minhos; os que têm apenas ciência po­dem ser prejudiciais em várias ocasiões, porquanto, além do conhecimento que a ciência dá da diferença entre o pensa­mento e o consentimento da vontade, é necessário penetrar bem o que se passa no interior da pessoa que pede conselho.

É preciso ter bastante luz para preve­nir essas almas aflitas, para entender o que elas não podem explicar, para lhes dizer o que elas não dizem, para lhes dis­cernir as operações interiores onde elas não vêem gota, para ter clarezas no meio das trevas, para tranquilizá-las onde elas não fazem senão temer, para as manter firmes onde elas só fazem duvidar e tre­mer. Enfim, é preciso um diretor cheio de uma caridade extraordinária para supor­tar brandamente os escrúpulos dessas pes­soas, que às vezes são ridículas sem razão, sem fundamento, ou que são cheias de vergonha pelos pensamentos extravagan­tes que sugerem, ou repulsivas pela sua obstinação, que é o seu defeito comum. 

Tudo isso reclama uma caridade extraor­dinária. “Há almas, diz Santa Teresa, que são bastante afligidas, para que as pessoas as aflijam ainda mais; do contrário, o coração se lhes fecha, elas são lançadas num abatimento extremo, são desanima­das, e às vezes esses repúdios e essas severidades as tentam de despero”. Santo Inácio, que foi rudemente provado pelos escrúpulos, um dia foi tentado de se preci­pitar do alto de uma casa a baixo, tama­nha era a aflição que o premia. Quantas vezes ele foi tentado a abandonar as vias da perfeição! O demônio sugeria-lhe vol­tar a uma vida comum, que lhe fazia pa­recer não estar sujeita a todas essas pro­vações. Viram-se espíritos mais fortes, grandes teólogos, que davam soluções de todas as coisas, cair em escrúpulos; conhe­ci alguns que eram dotados de grande juí­zo, que não tinham falta de luzes nem de doutrina, mas eram trabalhados por escrúpulos de uma maneira que se custa­ria a crer, sendo os seus escrúpulos coisa de nada e puras bagatelas. Mas aquele que não é tentado, que é que sabe? Sai­bam os espíritos mais seguros que, se Deus os abandonasse o menos que fosse a es­sas tentações, muitas vezes eles seriam mais ridículos do que aqueles que eles cus­tam a suportar. Entretanto, a caridade de­ve ser acompanhada de uma certa firmeza para os impedir de dar novas oca­siões aos seus escrúpulos, não se sofrendo que eles reiterem as suas confissões, e coisas semelhantes de que vamos falar. Continuar lendo