Vicente de Bauvais narra que um jovem fidalgo inglês, chamado Ernesto, dera todos os seus bens aos pobres e entrara em um convento. Ali levara vida tão perfeita que os superiores tinham em alta conta, sobretudo por sua devoção especial à Santíssima Virgem.
Tendo aparecido na cidade terrível peste, recorreram os cidadãos aos religiosos, pedindo-lhes que os auxiliassem com suas orações. O superior deu ordem a Ernesto que se fosse pôr em oração diante do altar de Maria Santíssima; e que não se retirasse, enquanto não desse resposta. No fim de três dias Nossa Senhora respondeu que se fizessem certas preces. Apenas lhe obedeceram, cessou o flagelo.
Ora, aconteceu que, pouco a pouco, o jovem monge foi esfriando na devoção de Maria. O demônio assaltou-o com freqüentes tentações, principalmente contra a pureza e a perseverança na vocação.
O infeliz, esquecendo-se de invocar a Mãe de Deus, resolveu fugir, saltando o muro do mosteiro.
Passando por uma imagem da Virgem, que estava no corredor, ouviu as palavras:
– Meu filho, por que me abandonas?
Atordoado e confuso, Ernesto caiu por terra e respondeu:
– Mas não vedes, Senhora minha, que não posso mais resistir? Por que não vindes socorrer-me?
A Virgem replicou:
– E Tu, por que não me invocastes? Se te tivesse recomendado a mim, não terias chegado a esse ponto. De hoje em diante recorre a mim, e nada tens a temer!
O religioso assim fez e viveu sempre feliz, e conquistou o belo Céu.
Como Maria Santíssima é boa! – Frei Cancio Berri