A CASA DE JOSÉ

Esta casa de Nazaré, templo  de paz e do amor reabilitado, mostra-nos a forma mais pura de amor.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Tudo começou com a Luz de Deus na alma deste grande Patriarca: José, filho de Davi, não tenhais medo de levar consigo Maria, tua mulher, porque o que nela nasce vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de todos os seus pecados.

Que as luzes de Deus, quer sejam dadas no sono extático ou na vigília, iluminem até o âmago da alma, produzindo, ali, a certeza. A profecia de Isaías ilumina como uma paisagem escura atingida pelo sol.

José obedece sem hesitar. Acolhe Maria em sua casa, dando ao noivado, assim, a sanção definitiva do casamento. Exteriormente semelhante a todos os outros, o casamento acontece nas vielas de Nazaré. Ao cair da noite, com lâmpadas acesas e ramos de murta, o cortejo de jovens chega para buscar Maria da casa da Anunciação e conduzi-la, cem passos adiante, até a casa de José.

Semelhante à casa de Maria, esta inclui uma gruta em calcário, com uma janela de sótão com vista para o jardim – será a cela de Maria – e um anexo de alvenaria, utilizado como cozinha e oficina. Ao lado da bancada de trabalho havia uma esteira onde José descansava. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – FEVEREIRO/25

Caros fiéis,

Nas missas de casamento, as feministas pulam em seus bancos quando ouvem a carta de São Paulo aos Efésios: “Mulheres, sejam submissas aos seus maridos como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu corpo místico, cuja também é o Salvador”. Mas não devemos nos esquecer de meditar no que vem a seguir: “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela”. São Paulo estabelece um padrão muito alto para os esposos. Nosso Senhor morreu nos piores sofrimentos para salvar sua Igreja. Que esposa não gostaria de ser submissa a um marido assim?

O termo submissão é muitas vezes mal interpretado, como se fosse um tipo de escravidão. Nada poderia estar mais longe da verdade! Nosso Senhor é a cabeça; em outras palavras, aquele que dá a direção e os meios de salvação. Ninguém exerce sua autoridade legitimamente a menos que seja para o bem de seus subordinados.

A autoridade não pode ser inventada. Ela é recebida. O Filho é enviado pelo Pai. Os Apóstolos são enviados por Nosso Senhor. Os filhos recebem seus pais da Providência. Eles não os escolhem. Continuar lendo

A IGREJA, MESTRA DA FÉ E DA LITURGIA

A liturgia não é uma questão de gosto pessoal. Nossas razões para amar a Missa de sempre são eminentemente mais profundas.

Fonte: L’Aigle de Lyon n° 377 – Tradução: Dominus Est

Existe uma relação necessária entre o culto e fé. A liturgia traduz o dogma em fórmulas, em gestos. Santo Agostinho afirma que a liturgia é a expressão pública de nossa fé. As festas litúrgicas são, de certa forma, um Credo recitado em um ano: a Natividade, a Paixão, a Santíssima Trindade, a Eucaristia… É através da liturgia que nos elevamos a Deus e que professamos a fé católica. A forma como rezamos diz muito sobre nossa fé. O Cardeal Journet disse: ” A liturgia e a catequese são as duas mandíbulas da tenacidade com que se arranca a fé”.

Não basta professar sua fé de forma privada. Nas palavras do Papa Pio XII: “ A liturgia é o culto público que o nosso Redentor presta ao Pai como chefe da Igreja. É também o culto prestado pela sociedade dos fiéis ao seu fundador e, através dele, ao Pai Eterno: é, numa palavra, o culto integral do Corpo Místico de Jesus Cristo, isto é, da Cabeça e seus membros. (1). A liturgia constitui uma função vital de toda a Igreja e não apenas de um determinado grupo ou movimento. A Igreja, como sociedade, presta o culto devido a Deus. Com efeito, o homem não é um elétron livre, nem os movimentos existentes nas paróquias são independentes. Pertencemos à Igreja e, por conseguinte, devemos rezar e professar nossa fé como membros desta sociedade que é a Igreja.

Por conseguinte, as regras litúrgicas só podem depender da autoridade da Igreja. Ela é a guardiã da fé. A Igreja recebe, então, a tarefa de zelar pela santidade do culto divino. As cerimônias, os ritos, os textos, os cantos estão sujeitos à autoridade da Santa Sé. Assim, os papas sempre acompanharam de perto os diferentes ritos, proibindo uns e permitindo outros. Entre os vários Dicastérios da Cúria Romana, existe um que rege a liturgia desde 1588: a Sagrada Congregação dos Ritos. Ela está envolvida na publicação de livros litúrgicos e na preocupação com a unidade litúrgica. Daí a sua vigilância atenta que evita abusos e desvios. Que nossos leitores fiquem tranquilos, uma reforma só é legítima na medida em que conduz ao bem comum. O Papa não pode fazer o que quiser com a liturgia. Continuar lendo

ATENÇÃO À MUDANÇA DE ENDEREÇO DAS MISSAS EM JANEIRO, DIAS 24, 25 E 26!!!

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Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Devido ao Acampamento da FSSPX para meninos agora em janeiro, que tem como sede o sítio/capela em Cravinhos, a Missão deste mês, extraordinariamente, ocorrerá na Av. Caramuru, 1014, Vila Virginia, Ribeirão Preto.

Pedimos que repassem essa informação o quanto antes aos amigos e parentes para que não haja confusão em relação ao local. 

Para saber sobre os dias e horários, CLIQUE AQUI.

NÃO COLOQUE SUAS ORAÇÕES DE FÉRIAS

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Com as férias, às vezes é difícil cumprir os horários, e a vida de oração pode ser prejudicada.

Fonte: Lou Pescadou n° 201  – Tradução: Dominus Est

Quando estávamos no primeiro ano do seminário, e as férias em família se aproximavam, nossos professores nos advertiam: as férias são um bom teste para mensurar o fervor. Longe da vida comunitária, sem parte dos serviços em comum, pode ser difícil manter uma vida de oração tão fervorosa como no seminário. Esta observação também pode ser feita a vocês, queridos fiéis. Com as férias, às vezes é difícil cumprir os horários, e a vida de oração pode ser prejudicada. Assim, para ajudá-lo a não colocar a oração de férias, gostaríamos de relembrar algumas verdades sobre essa “elevação de nossa alma a Deus”.

A primeira coisa a se convencer é que a oração é necessária. Em outras palavras: não pode não ser. É a respiração da alma. Respiramos para nos mantermos vivos. Rezamos para permanecermos unidos ao Autor da Vida. Entrentanto, uma objeção pode surgir na cabeça das pessoas: mas por que rezar, falar com Deus, fazer pedidos a Ele, já que Ele conhece tudo? O catecismo do Concílio de Trento responde. Ele diz que não somos animais sem razão, e que Deus não é uma abstração, um ser imaginário. É uma Pessoa, é nosso Pai. Portanto, é normal que seus filhos conversem com Ele. É claro que Deus poderia nos atender sem nenhum pedido, sem nenhuma oração. Mas se obtivéssemos tudo sem pedir, acabaríamos nos esquecendo do Deus para o qual fomos feitos. É por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo diz: Devemos sempre orar (Lc 18, 1). E acrescenta um argumento decisivo, o da nossa fraqueza: Sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5); vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26,41).

O Papa Pio XII, em um discurso aos pregadores da Quaresma, disse em 1943: Ninguém pode, sem oração, guardar a lei divina por muito tempo e evitar uma falta grave. Porque a oração, diz o teólogo Garrigou-Lagrange, é o meio normal, universal e eficaz pelo qual Deus deseja que obtenhamos todas as graças atuais de que necessitamos. Lembremos que essas graças atuais são ajudas temporárias de Deus, para fazer o bem e evitar o mal. Continuar lendo

OS REIS MAGOS, MESTRES DA VIDA ESPIRITUAL

Assim como eles, sigamos a estrela da nossa fé. 

Se a perdermos de vista, mantenhamos sempre o mesmo caminho.

Fonte: La lettre de saint Florent n° 301 – Tradução: Dominus Est

A chegada dos Magos ao presépio (Mt 2,1-12) inspirou numerosos pregadores. Em um sermão sobre a Epifania, o jesuíta Louis Bourdaloue (1632-1704) evoca a verdadeira sabedoria “que consiste em procurar e encontrar Deus”. No início, no progresso e no aperfeiçoamento de sua fé, os Magos encorajam-nos a acolher a graça e a perseverar, deixando-nos guiar pela sabedoria divina.

Responder ao chamado da graça

O Evangelho observa: “Vimos a sua estrela e viemos”. Assim que discerniram o chamado de Deus, os Magos puseram-se a caminho. “Enquanto uma nova estrela brilhava externamente em seus olhos”, uma “luz secreta” entrava em seus corações. Movidos pela graça, estes sábios respondem ao seu Deus que espera “louvores de todas as nações”.

A disposição desses homens contrasta com a falta de entusiasmo que manifestamos quando o Espírito Santo nos sugere um bom projeto, cuja realização atrapalharia nossos planos. A prontidão dos Magos em seguir a estrela destaca os atrasos “imprudentes e insensatos que levamos todos os dias no cumprimento das ordens de Deus e em fazer o que a graça nos inspira Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: TRANSUMANISMO

Should We Be More Concerned about Transhumanism? - ISCAST

Essa série explora o conceito de transumanismo sob a perspectiva da filosofia tomista, analisando sua evolução histórica, fundamentos filosóficos e impactos éticos. O transumanismo, definido como uma ideologia voltada para superar as limitações biológicas humanas por meio de tecnologias avançadas, surgiu na década de 1950 e ganhou força nas últimas décadas, prometendo a criação de uma “humanidade aumentada” ou “pós-humana”. Essa visão, segundo seus defensores, busca eliminar o envelhecimento, ampliar capacidades intelectuais e físicas e, em última instância, alcançar uma forma de imortalidade tecnológica.

Do ponto de vista da filosofia tomista, a ideia central do transumanismo entra em conflito com os princípios fundamentais da natureza humana. Santo Tomás de Aquino enfatiza que a natureza possui uma ordem intrínseca que não pode ser alterada sem respeitar seus fins últimos, especialmente no que se refere à alma como princípio vital. Assim, qualquer tentativa de melhorar o corpo humano deve estar subordinada à sua finalidade.

  1. O transumanismo à luz do tomismo
  2. Genealogia do transumanismo
  3. Princípios filosóficos do transumanismo
  4. Cosmologia, a verdadeira resposta ao transumanismo

TEMPO, UM PRESENTE DE DEUS

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Enquanto Deus parece nos conceder mais tempo, peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a usar sabiamente os dias desse novo ano, segundo o conselho de São Paulo: “Façamos o bem enquanto temos tempo” (Gal 6, 10). A vida na terra prepara para a eternidade. Longe de desperdiçar nosso tempo, é importante que façamos bom uso dele para crescer em Cristo.

Dois olhares no tempo

As Sagradas Escrituras dissertam com lucidez sobre a brevidade da vida. O homem apenas passa pela terra, onde as provas o aguardam. “O homem nascido de mulher vive pouco tempo e está cheio de misérias. Como uma flor nasce e é logo cortada e foge como uma sombra e jamais permanece num mesmo estado” (Jó 14, 1-2).

Na realidade, como explica Bossuet, o tempo pode ser considerado de duas maneiras [1] . Em si mesmo, o tempo “não é nada, porque não tem forma nem substância “. Ele “desvanece em um movimento sempre progressivo, que nunca regride“. Ele não faz nada além de “passar” e ” perecer “. Mas se o homem prende ao tempo “algo mais imutável do que ele mesmo “, então esse tempo se torna “uma passagem para a eternidade que permanece “.

Além disso, continua o Bispo de Meaux, um “homem que teria envelhecido nas vaidades da terra ” não viveu realmente, porque “todos os seus anos foram perdidos“. Mas uma vida cheia de boas obras, por mais curta que seja, é eternamente benéfica. A riqueza de uma vida é medida não por sua longevidade, mas pelo valor de suas ações. A Igreja que honra a virtude do velho Simeão celebra também o martírio dos santos inocentes.

O tempo é precioso, conclui Bourdaloue, porque “é o preço da eternidade”. A salvação depende do tempo. Além disso, “não é somente para nós, mas ainda mais para Ele mesmo e para Sua glória, que Deus nos deu o tempo. Ele quer que o usemos para servi-lo e glorificá-lo” [2] . Continuar lendo

ORDENAÇÕES AO DIACONATO E SACERDÓCIO EM LA REJA – 2024

No sábado, 21 de dezembro de 2024, Festa do Apóstolo São Tomé, D. Alfonso de Galarreta procedeu com ordenações sacerdotais e diaconais no Seminário Nuestra Señora Corredentora, em La Reja, na Argentina.

Os 2 novos diáconos são argentinos.

Ao sacerdócio foram ordenados 2 australianos e 1 argentino.

Vários Superiores estiveram presentes na cerimônia (América do Sul, Brasil, América Central e Austrália).

41 padres impuseram as mãos sobre os ordenandos, incluindo padres da Austrália e dos Estados Unidos, por ocasião da ordenação de 2 de seus ex-alunos do Seminário de Goulburn.

A cerimónia contou com uma grande participação, especialmente das famílias dos novos sacerdotes, incluindo os seus pais e vários dos seus irmãos e irmãs que viajaram da Austrália para assistir à Missa de ordenação.

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A FSSPX conta atualmente com (alguns números aproximados):

  • 2 Bispos
  • 707 sacerdotes
  • 137 Irmãos
  • 200 Irmãs em 28 casas [“Relacionadas” à FSSPX: 183 professas e 14 noviças]. As freiras ajudam em 15 escolas e administram outras 4. Estão presentes também em muitos Priorados e em duas residências para idosos em Brémien Notre-Dame, na França, e na Maison Saint-Joseph, na Alemanha.
  • 19 Irmãs Missionárias do Quênia
  • 80 Oblatas
  • 250 Seminaristas e 80 pré-seminaristas

Está presente em 37 países e visita regularmente outros 35.

Mantém:

  • 1 Casa Geral
  • 14 Distritos e 5 Casas Autônomas
  • 4 Conventos Carmelitas
  • 6 Seminários
  • 167 priorados
  • 772 centros de missa
  • Mais de 100 escolas (do Ensino Básico ao Médio),
  • 2 universidades
  • 7 casas de repouso para idosos
  • Numerosas Ordens Latinas e Orientais tradicionais amigas em todo o mundo

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Nota do blog: Colocamos abaixo alguns links sobre a vocação sacerdotal:

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“Senhor, dai-nos sacerdotes,

Senhor, dai-nos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,

Senhor, dai-nos famílias católicas, 

São Pio X, rogai por nós”

COSMOLOGIA, A VERDADEIRA RESPOSTA AO TRANSUMANISMO

Transhumanism - Pittsburgh Quarterly

Fonte: Courrier de Rome nº 668 –  Tradução: Dominus Est

Pelo Padre Florent Marignol, FSSPX

No artigo anterior, mostramos a ligação entre a ciência física, matemática e o transumanismo. Não discutiremos aqui a relevância e a legitimidade da revolução na ciência provocada por Galileu e Descartes. Postularemos que essa nova maneira de ver o mundo é totalmente legítima e que o método matemático tem seu lugar de direito na compreensão das realidades naturais. Por outro lado, veremos como se usou isso para justificar o abandono da filosofia da natureza, que está na raiz do surgimento do transumanismo. Para facilitar a compreensão deste artigo, chamaremos de “ciências experimentais” as ciências naturais modernas que usam o método experimental e matemático, e de “cosmologia” a filosofia da natureza de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino.

É possível haver concordância entre essas duas ciências definidas dessa forma? Sim, diz o filósofo Henri-Dominique Gardeil: “se cada um desses campos do conhecimento for reconduzido às suas possibilidades próprias: se, em particular, a física peripatética for purificada de todo um aparato científico evidentemente ultrapassado, e se, possivelmente, a física moderna abandonar certas pretensões de se colocar como sabedoria suprema, o que não é de sua competência” [1]. Portanto, cada um deve permanecer em seu lugar: a ciência experimental no nível da quantificação das realidades sensíveis e a cosmologia no nível mais elevado dos princípios. “A formulação do princípio da inércia por Galileu e Descartes, diz Jacques Monod, fundou não apenas a mecânica, mas a epistemologia da ciência moderna, abolindo a física e a cosmologia de Aristóteles”[2]. Esse foi precisamente o grande erro cometido pelos pais da ciência moderna: a ciência sem cosmologia rapidamente dá origem ao transumanismo, como explicamos anteriormente. Mas o que a cosmologia pode contribuir para as ciências experimentais a fim de formar uma compreensão profunda da natureza? Continuar lendo

PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS DO TRANSUMANISMO

What is transhumanism, or, what does it mean to be human? | Extremetech

Fonte: Courrier de Rome nº 668 –  Tradução: Dominus Est

Pelo Padre Florent Marignol, FSSPX

Como mostramos em nosso artigo anterior[1], a genealogia do transumanismo é composta quase exclusivamente por cientistas nos tempos antigos e engenheiros nos tempos modernos. Será que esse conluio entre a ideologia do transumanismo e a ciência é mera coincidência? O objetivo deste artigo é mostrar que não se trata apenas de uma coincidência, mas que realmente existe uma filiação entre a ciência, tal como foi concebida desde o século XVII, e o transumanismo do século XXI, por mais surpreendente que isso possa parecer.

Até Galileu, todo o conhecimento humano era equivalente ao da filosofia. A ciência no sentido moderno da palavra, ou seja, o conhecimento físico e matemático da natureza, era praticamente desconhecida pelos antigos, com exceção de algumas aplicações em astronomia, cujo melhor exemplo é o cálculo detalhado das posições dos planetas e das estrelas feito por Ptolomeu (100-168) em seu Almagesto.

Com Galileu operou-se uma revolução na ciência por meio da matemática, que destronou a filosofia e se estabeleceu como a única fonte legítima de conhecimento nas ciências da natureza. O filósofo Marcel de Corte explica essa revolução da seguinte forma: “Todo o erro — a nosso ver enorme, e que vicia completamente a interpretação da evolução da mente humana desde a Renascença e sob o impacto do cartesianismo — é acreditar que a nova ciência da natureza se definiu ao se divorciar da metafísica (e da moralidade) e contrair matrimônio com a matemática”[2]. Continuar lendo

D. LEFEBVRE: SERMÃO DE NATAL: “ESTAMOS REALMENTE VIVENDO COM JESUS?” (25/12/78)

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Clique na imagem para ouvir D. Lefebvre

Caríssimos amigos

Caríssimas irmãs

A Igreja, durante a preparação desta festa do Natal – durante o Advento – evoca três tipos de vindas de Nosso Senhor junto a nós:

  1. A primeira é aquela pela qual celebramos hoje, particularmente, e que nos recorda a festa do Natal: a vinda de Nosso Senhor entre nós, através da Santíssima Virgem Maria.
  2. A segunda é evocada nos textos que a Igreja nos apresenta durante o Advento: da vinda de Nosso Senhor no fim do mundo, para julgar os homens.
  3. Finalmente, a terceira vinda de Jesus entre nós é aquela que se realiza em cada um de nós: a vinda de Jesus às nossas almas.

E, em suma, se meditarmos um pouco nos textos que a Igreja nos propõe durante estas semanas, percebemos que a vinda mais importante é aquela que diz respeito a nós mesmo. Pois se Nosso Senhor quis descer à terra, é por nós, é para nossa salvação. E se Nosso Senhor virá sobre as nuvens do Céu para nos julgar, é também para saber o que temos feito com os meios que Nosso Senhor nos deu para alcançar nossa salvação.

E a festa do Natal é a que mais evoca, em nós e para nós, a ida de Jesus a Belém, que nos dá lições admiráveis. Porque quando Nosso Senhor vier nas nuvens do Céu, Ele nos perguntará: “O que fizestes com tudo o que eu fiz por vós? Como me recebestes durante sua peregrinação nesta terra? Como me recebestes em minhas mensagens? Como recebestes meus apóstolos? Como recebestes meu Sacrifício, meus sacramentos?”

Então, qual será a nossa resposta? Que ela seja, meus caríssimos irmãos, a primeira que foi dada pela Santíssima Virgem Maria. Como Maria recebeu Jesus? Com ação de graças. Como vos disse ontem, ela cantou seu Magnificat. Ela O recebeu com toda a sua alma ao pronunciar o seu Fiat. Continuar lendo

GENEALOGIA DO TRANSUMANISMO

Transhumanism and inequality: Enhancing human life could bring dystopian  consequences - Genetic Literacy Project

Fonte: Courrier de Rome nº 668 –  Tradução: Dominus Est

Pelo Padre Florent Marignol, FSSPX

1. Como podemos definir o transumanismo? De acordo com os proponentes dessa ideologia, o homem atingiu um patamar supostamente “crítico” em sua evolução. O objetivo é obter um controle cada vez maior sobre o destino humano, e agora é hora de o homem moderno ir além dos próprios limites estabelecidos pela natureza. Com efeito, os últimos avanços tecnológicos fornecem os meios para isso, e o resultado esperado será uma humanidade “aumentada” ou “pós-humana”.

2. Por exemplo, a World Transhumanist Association (hoje Humanity +) afirma: “O futuro da humanidade será radicalmente transformado pela tecnologia. Prevemos a possibilidade de os seres humanos passarem por modificações como rejuvenescimento, aumento da inteligência por meios biológicos ou artificiais, capacidade de modular seu próprio estado psicológico, abolição do sofrimento e exploração do universo”[1]. Partindo do pressuposto de que os seres humanos terão que se submeter a esses tipos de modificações em um futuro próximo, quer queiram ou não, os transumanistas defendem “o direito moral daqueles que desejam usar a tecnologia para aumentar suas capacidades físicas, mentais ou reprodutivas e ter mais controle sobre suas próprias vidas. Desejamos prosperar transcendendo nossas limitações biológicas atuais”[2]. O leitor, que olhar apenas superficialmente, pode ver isso como meras divagações, mas a mente atenta não pode deixar de notar que essa ideologia é propagada pelos homens mais ricos do mundo: Bill Gates, Elon Musk e Larry Page, para citar apenas alguns. Quanto ao filósofo e ao teólogo, tais declarações só podem encorajá-los a levar a sério essa utopia que, por seu escopo e pela qualidade de seus pregadores, força a voz católica a ser ouvida em alto e bom som.

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CARTA DO SUPERIOR GERAL DA FSSPX AOS AMIGOS E BENFEITORES – N° 93

Mitte operarios in messem tuam.
Enviai operários à vossa messe.

Fonte: FSSPX

Caros fiéis, amigos e benfeitores,

Dentro de poucos dias terá início um novo Ano Jubilar para a Igreja. Em 20 de agosto do próximo ano, muitos de nós, espero, encontrar-nos-emos em Roma. Lá, evidentemente, daremos um testemunho de fé: uma fé recebida da Igreja por sua Tradição, uma fé viva que, por nossa vez, temos o dever de transmitir tal como a recebemos, isenta de qualquer compromisso com o espírito do mundo. 

Possa este jubileu ser igualmente um testemunho de esperança, especialmente em relação ao futuro da Igreja e sua indefectibilidade. Com efeito, se somos profundamente ligados à Roma de sempre, devemos nos preocupar intimamente com a Igreja de amanhã. Naturalmente, conhecemos a promessa de Cristo de estar com ela até o fim dos tempos, apesar das investidas do inferno. Contudo, devemos compreender que esta promessa implica, necessariamente, a nossa participação: Nosso Senhor conta com os nossos esforços, suscitados e fecundados por sua graça, para garantir à Igreja a sua indefectibilidade.

Concretamente, que esforços são estes que Nosso Senhor espera que façamos para assegurar o futuro da Igreja? Podemos resumi-los em nosso labor comum em fazer desabrochar numerosas e santas vocações, tanto religiosas quanto sacerdotais. Os santos e os papas não deixam de repeti-lo: um povo só é santo graças a um clero santo, e uma civilização só se torna cristã na medida em que ela é fecundada por santos religiosos. Logo, preocupar-se com a Igreja de amanhã é trabalhar com todo o nosso poder no surgimento, formação e perseverança destas vocações. Continuar lendo