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A PRÁTICA DA MORTIFICAÇÃO CRISTÃ
Livre-tradução do Artigo “La mortificación cristiana” do Cardeal Desidério José Mercier (1851-1926) publicado em “Cuadernos de La Reja” número 2 do Seminário Internacional Nossa Senhora Corredentora da FSSPX.
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É MAIS FÁCIL FAZER PENITÊNCIA COM A VIRGEM
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.
A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.
Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.
É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!“
A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas. Continuar lendo
A QUARESMA E O SENTIDO DA ESMOLA
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA, PELO PE. SAMUEL BON, FSSPX
A QUARESMA – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE
O COMBATE DO GETSÊMANI
Meditemos um pouco sobre a agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras onde, “triste até a morte”, aceitou o cálice de sua Paixão para a salvação de nossas almas.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
A nossa redenção dependeu de dois fiat: o de Maria, na Anunciação, quando aceitou tornar-se mãe do Salvador, e o de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, quando a sua vontade humana se submeteu à vontade do Pai. “Não a minha vontade, mas a sua (1)”. Por três vezes repetiu esta oração em um lugar que nunca mereceu tanto o nome de Getsêmani”, o “lagar” de olivas. Alí, a alma do Salvador sofreu uma agonia (αγωνία, combate em grego), uma tristeza, uma angústia tão extrema que, segundo suas próprias palavras, poderia ter causado sua morte. São Lucas nos dá uma ideia da violência desta luta, dessa luta, ao descrever o suor de sangue que provocou(2). O Coração de Jesus foi prensado, esmagado como uma oliva para que nossas almas pudessem ser ungidas com o óleo da graça.
Nunca Nosso Senhor pareceu tão humano, pedindo a Pedro para vigiar, mesmo que por apenas uma hora, com Ele(3) e implorando a seu Pai que removesse este cálice de tão horrível amargura. Qual é a natureza deste cálice? Quais são os sofrimentos apresentados a Jesus? Continuar lendo
É MAIS FÁCIL FAZER PENITÊNCIA COM A VIRGEM
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.
A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.
Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.
É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!“
A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas. Continuar lendo
POR UM JEJUM PUJANTE
A Quaresma é um tempo de jejum: menos alimento para o corpo e mais alimento para a alma. Como diz o Prefácio deste tempo litúrgico: “Vitias compresses, mentem elevas – Meu Deus, vós que, pelo jejum corporal, reprimis os vícios, elevai a alma, concedei força e recompensa”. Menos comida, mais orações, leituras espirituais, meditações…
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
Todavia, esse desejo só será eficaz se for acompanhado de uma firme resolução, realizada de forma dinâmica: jejum das telas, a abstinência dos meios de comunicação. Em outras palavras, menos tempo perdido na internet, na frente do computador, da televisão ou do rádio.
Pois, de que serve querer rezar mais, se nunca deixamos de alimentar uma insaciável curiosidade, se ficamos à espreita a tudo o que circula por aí, com o ridículo desejo de “agarrar a espuma” dos dias atuais?
A Quaresma é inútil quando não nos abstemos de embeber nossas mentes com toda essa confusão midiática, imediatamente expulsa pelas notícias do dia seguinte.
Paul Verlaine descreveu perfeitamente a miséria espiritual que hoje se esconde sob uma superabundância de informações: Continuar lendo
A QUARESMA E O SENTIDO DA ESMOLA
O que a Igreja diz sobre a esmola durante a Quaresma – e por que ela é tão importante?
Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est
Em um artigo anterior sobre se os católicos poderiam consumir carne artificial nos dias de abstinência, os leitores foram lembrados “da relação histórica entre jejum, abstinência e esmola”, particularmente porque os “períodos e dias penitenciais da Igreja eram considerados tempos em que os cristãos deveriam pegar o dinheiro economizado em comida e distribuí-lo aos pobres”. Este aspecto espiritual da Quaresma, infelizmente, permanece pouco compreendido.
Quando os católicos pensam no tempo da Quaresma, suas cabeças, muitas vezes, se voltam para as práticas de jejum e abstinência. Espera-se também que considerem este período um tempo para orações mais fervorosa, inclusive fazendo esforços extras para participar de serviços (celebrações) da igreja. Nosso Senhor instrui, no entanto, que a esmola está interligada à oração e ao jejum (Mt. 6,1-25). E como a oração e o jejum, a esmola deve ser feita em segredo (Mt. 6,2-4):
“Quando pois dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas praças, para serem honrados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando dás esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê (o que fazes) em segredo, te pagará.” Continuar lendo
O ESPÍRITO DA QUARESMA – PELO PE. JOSÉ MARIA MESTRE, FSSPX
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA, PELO PE. SAMUEL BON, FSSPX
A QUARESMA – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE
Oferecemos aqui uma reflexão de D. Lefebvre sobre a Quaresma.
Fonte: FSSPX Distrito da América Central – Tradução: Dominus Est
Meus queridos irmãos,
De acordo com uma antiga e salutar tradição da Igreja, por ocasião do início da Quaresma, dirijo-me aos senhores para encorajá-los a adentrar plenamente neste tempo penitencial com as disposições desejadas pela Igreja, e para cumprir o propósito para o qual a Igreja as prescreve.
Se eu olhar para os livros da primeira metade deste século, parece-me que indicam três fins para as quais a Igreja recomenda este tempo penitencial:
- Primeiro, refrear a concupiscência da carne;
- Segundo, facilitar a elevação de nossas almas às realidades divinas;
- Finalmente, satisfazer nossos pecados.
Nosso Senhor nos deu o exemplo, durante Sua vida aqui na terra: a oração e a penitência. Entretanto, Nosso Senhor, estando livre da concupiscência e do pecado, fez penitência e, de fato, satisfação por nossos pecados, o que demonstra que nossa penitência pode ser benéfica não apenas para nós mesmos, mas também para os outros.
Rezar e fazer penitência. Fazer penitência para rezar melhor, a fim de se aproximar de Deus Todo-Poderoso. Isso é o que todos os Santos fizeram, e é isso que todas as mensagens de Nossa Senhora nos recordam. Continuar lendo
A QUARESMA E O SENTIDO DA ESMOLA
O que a Igreja diz sobre a esmola durante a Quaresma – e por que ela é tão importante?
Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est
Em um artigo anterior sobre se os católicos poderiam consumir carne artificial nos dias de abstinência, os leitores foram lembrados “da relação histórica entre jejum, abstinência e esmola”, particularmente porque os “períodos e dias penitenciais da Igreja eram considerados tempos em que os cristãos deveriam pegar o dinheiro economizado em comida e distribuí-lo aos pobres”. Este aspecto espiritual da Quaresma, infelizmente, permanece pouco compreendido.
Quando os católicos pensam no tempo da Quaresma, suas cabeças, muitas vezes, se voltam para as práticas de jejum e abstinência. Espera-se também que considerem este período um tempo para orações mais fervorosa, inclusive fazendo esforços extras para participar de serviços (celebrações) da igreja. Nosso Senhor instrui, no entanto, que a esmola está interligada à oração e ao jejum (Mt. 6,1-25). E como a oração e o jejum, a esmola deve ser feita em segredo (Mt. 6,2-4):
“Quando pois dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas praças, para serem honrados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando dás esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê (o que fazes) em segredo, te pagará.” Continuar lendo
É MAIS FÁCIL FAZER PENITÊNCIA COM A VIRGEM
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.
A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.
Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.
É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!“
A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas. Continuar lendo
POR UM JEJUM PUJANTE
A Quaresma é um tempo de jejum: menos alimento para o corpo e mais alimento para a alma. Como diz o Prefácio deste tempo litúrgico: “Vitias compresses, mentem elevas – Meu Deus, vós que, pelo jejum corporal, reprimis os vícios, elevai a alma, concedei força e recompensa”. Menos comida, mais orações, leituras espirituais, meditações…
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
Todavia, esse desejo só será eficaz se for acompanhado de uma firme resolução, realizada de forma dinâmica: jejum das telas, a abstinência dos meios de comunicação. Em outras palavras, menos tempo perdido na internet, na frente do computador, da televisão ou do rádio.
Pois, de que serve querer rezar mais, se nunca deixamos de alimentar uma insaciável curiosidade, se ficamos à espreita a tudo o que circula por aí, com o ridículo desejo de “agarrar a espuma” dos dias atuais?
A Quaresma é inútil quando não nos abstemos de embeber nossas mentes com toda essa confusão midiática, imediatamente expulsa pelas notícias do dia seguinte.
Paul Verlaine descreveu perfeitamente a miséria espiritual que hoje se esconde sob uma superabundância de informações: Continuar lendo
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA, PELO PE. SAMUEL BON, FSSPX
A QUARESMA – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE
Oferecemos aqui uma reflexão de D. Lefebvre sobre a Quaresma.
Fonte: FSSPX Distrito da América Central – Tradução: Dominus Est
Meus queridos irmãos,
De acordo com uma antiga e salutar tradição da Igreja, por ocasião do início da Quaresma, dirijo-me aos senhores para encorajá-los a adentrar plenamente neste tempo penitencial com as disposições desejadas pela Igreja, e para cumprir o propósito para o qual a Igreja as prescreve.
Se eu olhar para os livros da primeira metade deste século, parece-me que indicam três fins para as quais a Igreja recomenda este tempo penitencial:
- Primeiro, refrear a concupiscência da carne;
- Segundo, facilitar a elevação de nossas almas às realidades divinas;
- Finalmente, satisfazer nossos pecados.
Nosso Senhor nos deu o exemplo, durante Sua vida aqui na terra: a oração e a penitência. Entretanto, Nosso Senhor, estando livre da concupiscência e do pecado, fez penitência e, de fato, satisfação por nossos pecados, o que demonstra que nossa penitência pode ser benéfica não apenas para nós mesmos, mas também para os outros.
Rezar e fazer penitência. Fazer penitência para rezar melhor, a fim de se aproximar de Deus Todo-Poderoso. Isso é o que todos os Santos fizeram, e é isso que todas as mensagens de Nossa Senhora nos recordam. Continuar lendo
O COMBATE DO GETSÊMANI
Meditemos um pouco sobre a agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras onde, “triste até a morte”, aceitou o cálice de sua Paixão para a salvação de nossas almas.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
A nossa redenção dependeu de dois fiat: o de Maria, na Anunciação, quando aceitou tornar-se mãe do Salvador, e o de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, quando a sua vontade humana se submeteu à vontade do Pai. “Não a minha vontade, mas a sua (1)”. Por três vezes repetiu esta oração em um lugar que nunca mereceu tanto o nome de Getsêmani”, o “lagar” de olivas. Alí, a alma do Salvador sofreu uma agonia (αγωνία, combate em grego), uma tristeza, uma angústia tão extrema que, segundo suas próprias palavras, poderia ter causado sua morte. São Lucas nos dá uma ideia da violência desta luta, dessa luta, ao descrever o suor de sangue que provocou(2). O Coração de Jesus foi prensado, esmagado como uma oliva para que nossas almas pudessem ser ungidas com o óleo da graça.
Nunca Nosso Senhor pareceu tão humano, pedindo a Pedro para vigiar, mesmo que por apenas uma hora, com Ele(3) e implorando a seu Pai que removesse este cálice de tão horrível amargura. Qual é a natureza deste cálice? Quais são os sofrimentos apresentados a Jesus? Continuar lendo
POR UM JEJUM PUJANTE
A Quaresma é um tempo de jejum: menos alimento para o corpo e mais alimento para a alma. Como diz o Prefácio deste tempo litúrgico: “Vitias compresses, mentem elevas – Meu Deus, vós que, pelo jejum corporal, reprimis os vícios, elevai a alma, concedei força e recompensa”. Menos comida, mais orações, leituras espirituais, meditações…
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
Todavia, esse desejo só será eficaz se for acompanhado de uma firme resolução, realizada de forma dinâmica: jejum das telas, a abstinência dos meios de comunicação. Em outras palavras, menos tempo perdido na internet, na frente do computador, da televisão ou do rádio.
Pois, de que serve querer rezar mais, se nunca deixamos de alimentar uma insaciável curiosidade, se ficamos à espreita a tudo o que circula por aí, com o ridículo desejo de “agarrar a espuma” dos dias atuais?
A Quaresma é inútil quando não nos abstemos de embeber nossas mentes com toda essa confusão midiática, imediatamente expulsa pelas notícias do dia seguinte.
Paul Verlaine descreveu perfeitamente a miséria espiritual que hoje se esconde sob uma superabundância de informações: Continuar lendo
OBSERVÂNCIA DA QUARESMA – PELO PE. CARLOS MESTRE, FSSPX
Sermão proferido por ocasião do Domingo da Quinquagésima (27/02/22), no Priorado São Pio X de Lisboa, sobre os preceitos da Igreja para santificar a Quaresma.
ATTENDE DOMINE
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA, PELO PE. SAMUEL BON, FSSPX
SERMÃO DE SÃO LEÃO MAGNO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR (SERMÃO LVII)
INTRODUÇÃO DA REVISTA “A ORDEM”
O sermão que hoje publicamos como precioso alimento para estes dias sacratíssimos da Quaresma em que, na alegria do Espírito Santo esperamos a Páscoa do Senhor, é um dos dezenove sermões do santo Papa que estão colecionados nas edições impressas como “Sermões sobre a Paixão”.[1] Pelas suas primeiras palavras, vê-se que é precedido de um outro. Esta circunstância não prejudica porém a sua unidade, pois forma por si só um todo independente; foi pronunciado numa quarta-feira da Semana Santa e o sermão anterior a que alude, no domingo precedente.
Mesmo entre os sermões de S. Leão este se faz notar pela sua extraordinária beleza, pela segurança magistral do movimento oratório; contém por assim dizer todos os pontos de história e doutrina que o santo Pastor costumava abordar nas homilias similares e não se estende por mais de quinze minutos.
De início, é quase um “sermão de lágrimas”: é a Paciência de Cristo, a crueldade e cegueira dos Judeus, a cumplicidade de Pilatos, a iniqüidade do processo que condenou Jesus e tudo isso culminando com a crucificação e morte de Cristo (I-V). Mas neste momento, a narração cede o passo à exortação: o pensamento se eleva gradativa e rapidamente e o tema da gloria da Paixão se desenvolve em toda a sua plenitude (VI-VII). A conclusão é uma exortação à vida cristã: a Paixão do Senhor destruiu a morte e a nossa vida, a nossa moral é o exercício do mistério da “nova criatura”: “como as coisas antigas passaram e tudo se fez novo, ninguém permaneça na caducidade da vida carnal…” (VIII).
A glória da Paixão… a glória da Morte do Senhor… “uma força da fraqueza, uma glória do opróbio…”. Invariavelmente o santo Padre desenvolve este tema. “A glória da Paixão do Senhor, sobre a qual vos prometemos falar ainda hoje, Diletíssimos, é principalmente admirável pelo mistério de humildade que contém”: são as primeiras palavras de um outro sermão seu. Invariavelmente ele nos exorta à alegria e nos proíbe de chorar[2] ao considerarmos o espetáculo patético do Calvário; tal como hoje a Liturgia da Sexta-Feira Santa nos fala do “gáudio que veio para todo o mundo” através da Cruz do Senhor.
Piedoso exagero oratório? Gosto condenável do paradoxo? É quase um escândalo (o escândalo da Cruz!) que possamos indagar, ainda que em interrogação retórica, a respeito daquilo que o instinto cristão mais elementar já exprimia ao adornar a Cruz de pedrarias e assim representar aos olhos da carne o que a fé via tão nitidamente: a glória da Paixão do Senhor. E no entanto indaguemo-lo agora: será a Paixão gloriosa, será gloriosa a Morte do Senhor, será a Sexta-Feira Santa um dia de triunfo e de glória, estará certo o Cânon da nossa Liturgia ocidental ao dizer que comemoramos “a tão bem-aventurada Paixão” de Cristo? Continuar lendo
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA – 8ª AULA
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, FSSPX
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA – 7ª AULA
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, FSSPX
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA – 6ª AULA
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, FSSPX
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA – 5ª AULA
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, FSSPX
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA – 4ª AULA
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, FSSPX
CONFERÊNCIAS DA QUARESMA – 3ª AULA
Pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, FSSPX