Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.
A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.
Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.
É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!“
A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas.
O segundo pensamento, que pode nos ajudar a perseverar na prática da penitência, é o pensamento em Jesus e Maria.
No meio da alegria do Natal, enquanto Maria segurava Jesus nos braços, Simeão profetizou: “Eis que este menino está posto para a ruína e para ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição, e uma espada trespassará a tua alma a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos nos corações de muitos.” (Lc 2, 34). O Pe. Faber diz que essas palavras encheram a alma de Maria de uma dor indescritível e que lhe foi dada conhecer todos os detalhes da futura paixão de Cristo. Em outras palavras, como Jesus desejou sua paixão desde a concepção, Maria obteve essa graça 40 dias após o nascimento de seu Filho. Assim, a partir do dia da Apresentação, Jesus e Maria se uniram em uma sinfonia de dores, em uma vida de penitência.
Essa verdade profunda nos ensina exatamente como praticar a penitência. Não necessariamente de flagelações diárias ou jejuns freqüentes de pão e água. A forma mais profunda de penitência, a mais acessível e mais necessária a todos, é manter presente essa dor contínua do pecado, enquanto olha as severas penas de Cristo em nossos corações.
Você está sentado em seu escritório? Em união com Maria, deixe que as tristezas de Cristo ocupem uma parte importante de seu espírito, mesmo que você faça tarefas mais humildes em seu computador. Suas mãos que digitam e seus olhos cansados são como aquelas mãos pregadas e dos olhos que buscam os corações que O buscam. É assim que Marie viveu. Ela viu as mãozinhas de Jesus bebê e sabia que um dia elas seriam pregadas em uma cruz. Ela olhou nos olhos de Jesus e viu as almas que Ele estava procurando. Cada movimento na vida de Cristo foi acompanhado por dor interior, por um verdadeiro sofrimento no Coração de Maria.
Em cada tarefa de nossa vida cotidiana, neste período da Quaresma, possamos nós reviver a vida de Maria. Que, com Maria, vejamos em cada árvore uma cruz, em cada mão um prego, em cada trabalho, cada obra, um fardo divino. Façamos todos nossos trabalhos diários neste espírito de união com o homem de dores. É assim que nossa conversão será concluída.
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