Neste mês que Lhe é dedicado, eis o Coração divino, para sempre aberto, eis a chaga que o Ressuscitado quis guardar e nos mostrar.
Fonte: Lou Pescadou nº 222 – Tradução: Dominus Est
Quando, em 27 de dezembro de 1673, Nosso Senhor manifestou o Seu Sagrado Coração a Santa Margarida-Maria Alacoque na capela de Paray-le-Monial, Ele o fez sob características muito específicas e doravante notórias. A coroa de espinhos o cobria, a cruz o sobrepunha, a ferida em seu lado estava aberta. Tudo isso parecia como um trono de chamas. E Nosso Senhor acrescentou que onde quer que esta imagem fosse exposta para ser honrada, Ele espalharia suas graças e suas bênçãos. Honrar essa imagem requer uma compreensão do seu significado, que é tão revelador.
A primeira característica apresentada, embora que exterior ao Sagrado Coração, é a coroa de espinhos. Estes espinhos, símbolos da maldição herdada do pecado original (cf. Gn 3, 17-18), manifestam quanto Nosso Senhor se encarnou para se tornar maldição por nós (Gl 3, 13), ou seja, para tomar sobre si as nossas culpas, a fim de expiá-las Nele. Honrar o Sagrado Coração requer, portanto, em primeiro lugar, como Madalena, a penitente, entregar-Lhe os nossos pecados, desapegar-nos deles aos Seus pés, cheios de arrependimento e confusão. “Dá-me os teus pecados“, implorou Nosso Senhor a São Jerônimo…
Tal perspectiva dificilmente assustava a pequena Teresa de Lisieux: “Como é que, quando se lança as próprias faltas, com confiança filial, no fogo do Amor, elas não podem ser consumidas sem um retorno?” E esse é, de fato, a característica mais marcante do Sagrado Coração de Jesus: uma chama de amor! Oprimido, abraçado pelos nossos pecados até a agonia, brota dela não uma justiça vingativa, mas a sua mais bela jóia, o último segredo que Nele habita: um amor infinito, ao mesmo tempo de justiça para o seu Pai e de misericórdia para nós. Eis o significado das chamas e da cruz que aí se encontram. Oferecendo a seu Pai toda a piedade filial que lhe havíamos ultrajantemente negado, vivendo esta obediência de amor infinito até a morte, Jesus destrói a acta de nossa condenação (Col 2, 14), merecendo-nos um perdão divino sem qualquer outro limite que não seja o da nossa verdadeira contrição. Continuar lendo