Os deveres que expusemos até aqui para a mãe, embora graves e importantes, são bem menos graves e importantes do que os de que nos resta a tratar. Até qui efetivamente só nos ocupamos dos cuidados que têm por objeto o corpo e a vida natural da criança, e daqui por diante vamos ocupar-nos da cultura da sua inteligência e da vida sobrenatural da sua alma.
Divino Salvador, Palavra eterna do Padre, Luz incriada, falai ao ouvido do coração de todas as mães, e iluminai o seu espírito, para que todas compreendam e sintam de que tesouros são depositárias, e quais os cuidados que devem ter, para vo-los conservar. Concedei-lhes essa graça, para que elas, deixando este mundo, possam dizer, com verdade, o que Vós dizíeis a Vosso Pai, na véspera do dia em que derramastes o Vosso sangue pela salvação dos homens: Meu Pai, cumpri a missão que me confiastes: guardei os que me destes, e nem um só de entre eles se perdeu.
Não há nada, debaixo do Céu, que seja comparável à beleza da alma humana. — «O mundo inteiro, e todos os milhares de tesouros que ele encerra, não podem sequer aproximar-se do seu preço» diz S. João Crisóstomo. Suponde uma balança imensa. Colocai num dos seus pratos todas as riquezas da terra, e todas as criaturas privadas de razão, embora fossem transformadas em ouro, e noutro prato colocai uma única alma. Esta alma pesará mais que todas as riquezas amontoadas. É que, segundo o pensamento de Santo Tomás, a alma humana é a mais excelente criatura que há na terra; é o ornamento, a beleza do mundo, a obra prima saída das mãos de Deus, e a sua imagem viva [1], a irmã dos anjos, destinada a partilhar da sua glória. Para resgatar as almas, foi necessário o sangue de Jesus Cristo, o sangue de um Deus! Qual não é pois o seu preço?
Eis a razão por que todos os santos têm dedicado um generoso amor para com as almas. —«Por elas, exclamava S. Paulo, de boa vontade me entregarei, me dedicarei todo inteiro.» — «Ó meu Padre, dizia a um religioso, Santa Catarina de Sena, se soubesseis quanto uma alma é bela e qual é a perfeição dessa obra prima, não duvido que, para a ganhardes para Deus, desseis de boa vontade cem vidas, se as tivesseis.» —Santa Madalena de Pazzi, exclamava com todo o ardor do seu zelo: «Oh! se me fosse possível voar às Índias, ou por entre os Turcos, para converter as almas, como todos os trabalhos e todos os sofrimentos me pareceriam doces!» Continuar lendo →
Curtir isso:
Curtir Carregando...