CONSERVADOR = CORRUPTOR

PEDRA

Pelo Pe. Etienne de Blois, FSSPX

É uma forma louvável de modéstia não querer ser excêntrico”.

Os conservadores têm suas qualidades, não há como negar. Eles têm uma certa coragem, pois precisam opor-se continuamente aos progressistas. Mas não queremos julgar as suas intenções, nem dizer em que forma são desculpáveis. Queremos simplesmente manifestar o perigo que os conservadores estão correndo e fazendo com que outros corram. Não aqueles que buscam a verdade e que se detêm um tempo enganados à meras aparências de verdade, mas os conservadores que insistem em permanecer assim.

Mas essa modéstia tornou-se impossível de praticar hoje em dia!”

Segundo os falsos pensadores, verdadeiros mentirosos, o mundo estaria dividido em direita e esquerda, conservadores e progressistas. Isto é falso. O mundo está dividido desde o pecado de Lúcifer entre aqueles que aceitam a autoridade de Deus e aqueles que a rejeitam.

Aqueles que aceitam a autoridade divina são chamados de contra-revolucionários, mas formam aquilo que verdadeiramente é chamado de “Tradição”. Os homens da Tradição aceitam aquilo que foi transmitido pelos antigos porque foi recebido de Deus. Os revolucionários rejeitam toda transmissão porque se recusam a aceitar qualquer lei. Continuar lendo

A NEO PASTORAL DE FRANCISCO – PARTE III

Recentemente, o Papa Francisco insistiu pela terceira vez sobre a ideia falsa e escandalosa do valor salvífico de todas as religiões.

Leia também a Parte 1 e a Parte 2

1. De 22 a 24 do último mês de setembro aconteceu, em Paris, o trigésimo oitavo Encontro Internacional de Oração pela Paz, organizado pela Comunidade de Santo Egídio. O Papa Francisco fez questão de dirigir uma mensagem aos participantes. E aproveitou a oportunidade para insistir mais uma vez – pela terceira vez – sobre esta ideia escandalosa e falsa do valor salvífico de todas as religiões.

2. O Papa citou o Documento assinado (por ele mesmo, em conjunto com o grão Imã Ahmad Al-Tayyeb) em Abu Dhabi, no dia 4 de fevereiro de 2019, sobre “a fraternidade humana pela paz mundial e a coexistência comum”. O desejo particularmente expresso neste texto é de que as religiões não incitem o ódio. Com efeito, os sentimentos de ódio são apresentados como desvios, dos quais se tornam responsáveis os adeptos de toda religião, a partir do momento em que “abusaram – em certas fases da história– da influência do sentimento religioso nos corações dos homens”. Logo, a religião deveria ser definida como a expressão de um sentimento religioso?…

3. Mais adiante, o Papa encoraja os participantes desse encontro a “se deixarem guiar pela inspiração divina que habita toda fé”, e isso “para imaginarmos juntos a paz entre todos os povos”. Reencontramos aqui a ideia mestra já expressa pelo Papa, durante seu diálogo com os jovens de Singapura, no último dia 13 de setembro (1), e na mensagem por vídeo dirigida ao grupo ecumênico reunido em Tirana, na Itália, em 17 de setembro(2). Esta ideia é que toda religião é querida por Deus e conduz a Deus. Como poderia ser diferente, com efeito, a partir do momento em que toda fé, toda crença de toda religião é habitada pela inspiração divina? Continuar lendo

03 DE OUTUBRO – DIA DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

História da autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus – Santuário  Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

No dia dessa grandiosa Santa, disponibilizamos abaixo alguns links sobre ela:

COMO MANTER A PACIÊNCIA?

A VIA MARIANA DA “PEQUENA TERESA” NO FIM DE SUA VIDA

CURA A SANTA TERESINHA

EDITORIAL DA REVISTA PERMANENCIA NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SANTA TERESINHA (1973)

A VIA DA INFÂNCIA ESPIRITUAL

TERESINHA, TEMPLO DE DEUS

SANTA TERESINHA, POR GUSTAVO CORÇÃO

NA IMITAÇÃO DE TERESINHA ESTÁ A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE

SÃO JOSÉ, SEGUNDO SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – OUTUBRO/24

Caros fiéis,

Depois da Páscoa, quando os padres do priorado estavam visitando a Basílica de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto, um guia chegou. Ele explicou ao seu grupo de turistas que o barroco era uma espécie de teatro organizado pela Igreja para evitar a perda de fiéis para o protestantismo. Tomei a liberdade de chamá-lo à atenção para a essência da Contra-Reforma. Ele não gostou, porém mais tarde um homem do grupo veio até mim para me agradecer, dizendo que o guia havia dito tantas coisas contra a Igreja que dava vontade de abandoná-la.

Em agosto, em outra igreja, São Francisco de Paula, na mesma cidade, um jovem guia aproximou-se de mim. Ele apontou para o altar de São Miguel e disse: “Veja, ele está pisoteando um homem negro porque os negros não podiam ser batizados naquela época! Atônito, respondi: “Mas, na cidade, há a igreja de Nossa Senhora do Rosário, que era reservada aos escravos. Qual era a utilidade disso se eles não eram batizados? O que os missionários faziam na África se não batizavam? E os santos negros como São Benedito, como poderiam ser canonizados sem serem batizados?” O pobre homem não sabia o que responder. Quantas vezes essas mentiras foram repetidas? Centenas, milhares?

Isso nos faz lembrar Voltaire, o famoso anticlerical francês do século 18, que disse: “Minta, sempre minta, algo restará disso”. Também nos lembra Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler. Ele disse: “Quanto maior a mentira, mais ela é aceita. Quanto mais vezes for repetida, mais as pessoas acreditarão nela”. Infelizmente, isso é verdade. Reconheçamos a esperteza e a perseverança dos nossos inimigos. Diante das mentiras repetidas, não nos cansemos de proclamar a verdade. Conhecer nosso catecismo e a história da Igreja é essencial, se quisermos cumprir nosso dever de defender a fé. Continuar lendo

02 DE OUTUBRO – DIA DOS SANTOS ANJOS DA GUARDA

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Clique aqui para ler a Meditação de Santo Afonso sobre os Anjos da Guarda.

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Para um bom entendimento sobre questões referentes aos anjos colocamos abaixo alguns links sobre o assunto:

 

A IGREJA É INDEFECTÍVEL

Fonte: Courrier de Rome n°678 – Tradução: Dominus Est

1 – INDEFECTÍVEL E INDEFECTIBILIDADE: NAS ORIGENS DE UMA TERMINOLOGIA.

1. O substantivo “indefectibilidade” surge no século dezessete. O Dicionário da Academia Francesa o menciona em sua 3ª edição, de 1740. Apresenta-o como um “termo dogmático”, e define-o como “a qualidade do que é indefectível”, esclarecendo que ele não é “muito utilizado além desta frase:A indefectibilidade da Igreja”. Permanecerá assim, de edição em edição, até a 7ª, de 1878, onde um novo esclarecimento é introduzido: a palavra, “todavia, por vezes é dita em termos de filosofia. A indefectibilidade das substâncias”. Foi somente em 1935, na 8ª edição do Dictionnaire, que nosso substantivo recebeu um significado não mais exclusivamente dogmático: doravante, ele é apresentado como “um termo didático” que designa “a qualidade do que é indefectível”, no sentido mais amplo do termo: “A indefectibilidade da Igreja. A indefectibilidade das substâncias”. Paralelamente, o Dictionnaire de l’Académie reserva o mesmo destino ao adjetivo “indefectível”. Esse termo também aparece na 3ª edição de 1740, e, até a 7ª edição de 1878, é dado como um “termo dogmático”, definido como “o que não pode desfalecer, deixar de existir”, “não sendo muito utilizado senão nesta frase: A Igreja é indefectível”. Somente com a 8ª edição, de 1935, a palavra é designada como “um termo didático”, que significa, em um sentido amplo, “o que não pode desfalecer, deixar de existir. A Igreja é indefectível. Linha de conduta indefectível”. A edição atual do Dictionnaire, a 9ª, consagra essa evolução semântica. O adjetivo “indefectível” é definido como “o que não pode falhar, deixar de ser. Uma memória indefectível. Uma amizade indefectível. Uma linha de conduta indefectível. De acordo com a doutrina católica, a Igreja é indefectível, deve durar até o fim dos tempos”. Quanto ao substantivo “indefectibilidade”, ele é definido como “a qualidade do que é indefectível. A indefectibilidade de um sentimento. A indefectibilidade da Igreja”.

2. Essa amplificação de sentido deve manter toda a sua importância, pois, aqui, o histórico da palavra vem confirmar a extensão da coisa que ela se emprega a designar. A indefectibilidade é, originariamente, própria e exclusiva da Igreja, e isso é facilmente concebido, visto que a Igreja aparece como a única realidade criada da qual se pode dizer, aqui na terra, que não somente ela nunca deixou, mas também que ela não deixará de ser o que é: não somente indeficienteou indeficente, mas, precisamente, indefectível, ou, se nos permitem arriscarmos aqui o neologismo, “indefalível”. Aqui, em seu sentido original, a palavra significa uma impossibilidade de princípio, e não um simples fato. E isto está ligado, seguramente, à natureza essencialmente sobrenatural da Igreja. A tal ponto que a indefectibilidade não pode ser dita, por extensão de sentido, sobre as outras realidades da terra, senão em um sentido impróprio e reduzido, no sentido de um simples fato, e não mais de uma pura impossibilidade. Continuar lendo

LIBERALISMO MORTÍFERO

Resultado de imagem para liberalismo"Pe. François-Marie Chautard, FSSPX

“O fim dos modernos é a segurança na fruição privada; e eles chamam de liberdade
as garantias concedidas pelas instituições a essa fruição” 
(Benjamim Constant)

Fecundação artificial, “barriga de aluguel”, uniões homossexuais, eutanásia, aborto, contracepção, divórcio, a lista dos vícios validados, avalizados e encorajados pelas leis não cessa de crescer.

E se por acaso os católicos buscam — ainda que timidamente — impedir uma nova legislação imoral, lança-se ao seu rosto o repetitivo argumento: Como vocês ousam se opor a uma disposição legal que não faz mal a ninguém? Com base em quê a opinião dos católicos deveria prevalecer sobre a dos demais cidadãos, quando se trata de práticas que em nada lesam os católicos? Não é prova de intolerância querer impor aos demais uma conduta que não lhes diz respeito? 

O argumento é revelador do princípio fundamental que caracteriza os tempos modernos: a autonomia absoluta do homem como único limite da liberdade dos demais.

Desde que uma lei não fira um “direito” individual nem [incomode] uma minoria, desde que não gere transtornos à ordem pública, o homem é soberanamente livre de promulgar leis: eis o credo do “homo modernus”.

Benjamin Constant exprimia esse princípio de um modo límpido: 

“Eu defendi por quarenta anos o mesmo princípio, a saber, liberdade em tudo, em religião, filosofia, literatura, indústria e política: e por liberdade, compreendo o triunfo da individualidade, tanto sobre a autoridade que gostaria de governar pelo despotismo, como sobre as massas que reclamam o direito de sujeitar a minoria à maioria. O despotismo não tem direito algum. A maioria tem, sim, o direito de obrigar a minoria a respeitar a ordem: mas tudo o que não perturba a ordem, tudo o que é meramente interior, como a opinião; tudo o que, na manifestação da opinião, não perturba o próximo, quer provocando violências físicas, quer impedindo a manifestação contrária; tudo o que, de fato, em assuntos industriais, permite à indústria rival operar livremente, é individual e não poderia ser legitimamente submetido ao poder público.” Continuar lendo

A ELEVAÇÃO E O PATER

O cânon da Missa termina com o que chamamos de pequena elevação. Antes do século XII, essa era a única elevação no rito da Missa.

Fonte: Apostolo n° 178 – Tradução: Dominus Est

O sacerdote, depois de fazer a genuflexão, pega a hóstia entre os dedos e, com ela, traça cinco cruzes: três cruzes acima do cálice dizendo “por Ele, com Ele e nEle”. Com este gesto e essas palavras o rito indica que o Corpo e o Sangue de Cristo, embora separados pelo sacramento, estão unidos na glória da Ressurreição.

Em seguida, o sacerdote traça duas cruzes diante do cálice “a Vós que sois Deus Pai onipotente, na unidade do Espírito Santo…”; mostrando assim que apenas o Filho encarnou, mas que o Pai e o Espírito Santo estão presentes nesse sacrifício para recebê-lo.

Em seguida, o sacerdote coloca novamente a hóstia sobre o cálice e os eleva juntos, dizendo: “Toda honra e toda glória Vos sejam dadas”. Esta elevação significa a Ascensão de Cristo ressuscitado, pela qual o Pai recebe e aceita o sacrifício do Filho, consumando assim a nossa salvação. Continuar lendo

PADRE PIO RELATA SUA “CRUCIFICAÇÃO”

Padre Pio: a partir de 29 de abril, serão tornadas públicas dez fotos  inéditas - Vatican News

Padre Pio, o santo sacerdote capuchinho estigmatizado, conta-nos como os sinais da Paixão do Senhor foram impressos em seu corpo, em 20 de setembro de 1918.

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

“Era a manhã do dia 20 de setembro passado, no coro, após a celebração da santa Missa, que fui surpreendido por um repouso, semelhante a um doce sono. Todos os sentidos internos e externos, bem como as próprias faculdades da alma, se encontravam em uma quietude indescritível. Em tudo isso houve um silêncio completo ao meu redor e também dentro de mim. Subitamente sucedeu uma grande paz e abandono à completa privação de tudo e uma trégua na própria ruína. Tudo isso aconteceu num piscar de olhos. E, enquanto tudo isso acontecia, vi-me diante de um misterioso personagem, semelhante àquele visto na noite de 5 de agosto, diferindo apenas no fato de que suas mãos, pés e laterais escorriam sangue. 

A visão dele me aterrorizou; não sei dizer o que senti naquele instante. Sentia-me como se estivesse morrendo e teria morrido realmente se o Senhor não tivesse intervindo para sustentar meu coração, que eu sentia saltar-me do peito. A visão do personagem desapareceu e percebi que minhas mãos, pés e lado estavam perfurados e expeliam sangue. Imagine o tormento a que me submeti naquele momento e que continuo a viver quase todos os dias. Continuar lendo

PARAIGUALDADE

O ideal fraudulento da igualdade

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Os Jogos Paralímpicos tiveram o mesmo tratamento midiático que os Jogos Olímpicos. As pessoas se alegraram com a possibilidade oferecida a tantas pessoas deficientes de competir nas disciplinas atléticas.

Todavia, a separação destas competições em duas séries demonstra bem que não é possível comparar o desempenho de uns e outros, e fazê-los concorrer juntos. Há, efetivamente, uma desigualdade. Logo, a alegria dos competidores e dos vencedores demonstra bem que é a ausência desta igualdade  que os torna felizes.

Sem dúvida, é excelente organizar a sociedade de modo a aliviar tanto quanto possível a dificuldade dos deficientes. Todavia, a alegria não vêm de uma igualdade impossível de ser estabelecida. Ela advém, pelo contrário, de uma vitalidade que se manifesta de modo deslumbrante apesar de todos os obstáculos.

A igualdade, ao invés disso, é um slogan revolucionário. Sem dúvida, há igualdade de dignidade entre todos os seres humanos em virtude da natureza humana: essa igualdade justifica, por exemplo, a imparcialidade da justiça, mas, também, a rejeição absoluta do aborto como uma negação de dignidade e de igualdade entre a pessoa humana ainda não nascida e a pessoa que veio à luz. Continuar lendo

A “PORTA LARGA” ESCANCARADA PELO PAPA FRANCISCO

Economia de Francisco e Clara: um modelo baseado no amor

Por Paolo Pasqualucci

Tradução gentilmente pelo nosso leitor Pedro Henrique Silva

Para onde está indo a Igreja Católica? A Igreja Una e Santa está viva e imaculada perante Seu Noivo; mas será que uma parte visível dela corre o risco de sofrer uma ‘mutação genética’, ou isso já aconteceu contra nossa vontade, e estamos vendo os efeitos dessa ação? Discutamos tal questão para “resistir”, na fidelidade.

I.

O Papa Francisco, em suas viagens ou em audiências, se encontrou repetidamente com indivíduos e associações do mundo dito LGBTQ+, ou arco-íris, denominação devida ao símbolo deles, ou seja, com pessoas que vivem de diversas maneiras no “pecado impuro contra a natureza” (Catecismo de São Pio X) – sendo que algumas delas até mesmo o promovem, ainda que se declarem católicas. Entre os católicos que se mantêm fiéis ao dogma e aos valores tradicionais, essa prática causou e causa escândalo. Mas por qual motivo? Nosso Senhor não permitia que viesse até Ele prostitutas e adúlteras arrependidas, bem como não pregava a todos os tipos de pecadores para convertê-los – “Aproxima-se o reino de Deus; fazei penitência, crede no Evangelho”; “eu não vim chamar os justos mas os pecadores” (Mc 1, 15; 2, 17)? O escândalo então não advém do fato do encontro, mas sim daquilo que o Papa Francisco disse e, ademais, daquilo que ele não disse e que deveria ter dito enquanto sacerdote, ainda mais sendo Romano Pontífice e, portanto, Vigário de Cristo na terra.

De fato, enquanto Nosso Senhor exortava sempre os pecadores com doçura, mas firmeza para “não pecarem mais”, isto é, para mudarem imediatamente de vida, converterem-se, viverem segundo os ensinamentos Dele, já que o “Reino dos Céus” estava próximo, quer dizer que a salvação eterna estava mais “próxima” naquele momento como nunca antes, graças às Suas pregações e ao Seu exemplo. O Papa Francisco, pelo contrário, sempre incitou todos esses pecadores a continuarem como são, visto que ele falou várias vezes: “Deus o ama assim como você é”! Não parece que ele os tenha alguma vez encorajado a mudar imediatamente de vida, a procurar entrar “pela porta estreita” (Lc 9, 23-24), carregando a própria Cruz dos verdadeiros seguidores de Cristo, negando a si mesmos (Lc 9, 23-24); em suma, nada evidencia que ele os tenha aberta e fortemente encorajado a fugir do pecado, a viver como verdadeiros e coerentes católicos, a procurar auxílio da Graça, a projetar a existência na salvação, a vida eterna, o único fato que verdadeiramente conta para cada um de nós! Continuar lendo

DEUS É CARIDADE

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

“ECCE AGNUS DEI”

A estas palavras, diz-nos São João, eles o seguiram. Contudo, ele nos comunica apenas um nome, André. Porém, ao lermos os detalhes, compreendemos que São João fazia parte da aventura. E, pela primeira vez, aquele que Jesus mais amava esconde sua identidade.

O que se passa em uma alma apaixonada é muito misterioso. As lembranças do primeiro encontro com o amado são episódicas, mas muito precisas. É uma lembrança que marca definitivamente, uma atitude, um lugar, uma palavra… é um momento. É o que encontramos na narração, tão simples e tão detalhada, do Evangelho, onde acontece o abalo de um primeiro encontro com alguém que faz vossa vida mudar de rumo: era neste lugar, às margens do Jordão, na segunda hora, que Jesus passava. Temos a impressão de ver sua silhueta, ouvimos o Batista falar. João se lembra de tudo. Como não poderia se lembrar de todos estes detalhes aquele que Jesus mais amava?

Não se tratava de um amor humano, como aquele de um simples discípulo que se afeiçoa ao seu mestre, ou como aquele do esposo que encontra pela primeira vez sua esposa. O amor humano nasce da bondade de uma pessoa, de um objeto. Essa bondade é a expressão de uma certa semelhança, de uma certa proporção. Aquele que ama se encontra naquele que ele ama, e sai de si mesmo para se ligar a este outro que o eleva, o completa. Continuar lendo

A NEO PASTORAL DE FRANCISCO – PARTE II

Retorno às palavras escandalosas proferidas pelo Papa Francisco no último dia 13 de setembro.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Leia a primeira parte clicando aqui

1. As palavras – escandalosas – proferidas pelo Papa Francisco no último dia 13 de setembro(1) podem ser compreendidas no sentido de uma forma sútil de indiferentismo, se as entendermos à luz do Concílio Vaticano II. A constituição Lumen gentiumsobre a Igreja, completada pelo decreto Unitatis redintegratio sobre o ecumenismo e a declaração Nostra ætate sobre as religiões não cristãs recusam, com efeito, o princípio próprio do pluralismo religioso, ou seja, a ideia de igual dignidade, verdade e eficácia em matéria de salvação de todas as religiões. Para admitir o valor salvífico de todas as religiões, os ensinamentos do Vaticano II pretendem entendê-lo de modo diferenciado, em referência ao primado da Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja católica.

2. A ideia do pluralismo religioso entendida no sentido estrito foi, além do mais, objeto de uma avaliação crítica pela Congregação para a Doutrina da Fé, então dirigida pelo cardeal Joseph Ratzinger, em uma Notificação publicada pelo Osservatore Romano de 26 de fevereiro de 2001. Naquela época, a Santa Sé aproveitou o lançamento do livro do padre jesuíta Jacques Dupuis, Vers une théologie chrétienne du pluralisme religieux(2), disponível nas livrarias em 1997, para reagir e indicar o verdadeiro sentido dos textos do Concílio que supostamente autorizavam o diálogo inter-religioso(3). A religião católica, e somente ela, representa a plenitude, ou o estado perfeito, da economia salutar, enquanto as religiões não cristãs e as confissões cristãs não católicas representam apenas um estado parcial, certamente em graus diversos, mas, não obstante, reais. Em outras palavras, e se servindo do exemplo utilizado pelo Papa Francisco em seu bate-papo com os jovens de Singapura, a religião católica, e somente ela, representa a língua mais completa para alcançar a Deus, enquanto as outras religiões não teriam a mesma precisão. Todavia, resta dizer que todas as religiões são caminhos iguais que conduzem a Deus. Para ser mitigado, o pluralismo religioso permanece o que é: uma forma nova do mesmo erro, ou uma variante.

3. O pensamento do Papa Francisco corresponde a essa variante, na continuidade do Vaticano II? A continuação de sua fala, é necessário dizê-lo, permitiria duvidar disso. “Mas o meu Deus é mais importante que o seu!”, objeta ele. “É verdade? Há apenas um único Deus, e nós, nossas religiões são línguas, caminhos para alcançar a Deus”. Se nenhuma religião pode pretender conduzir a um Deus mais importante que aquele das outras, onde está a mitigação do pluralismo? E onde está a continuidade? Continuar lendo

A NEO PASTORAL DE FRANCISCO

Dirigindo-se aos jovens de Singapura em 13 de setembro de 2024, o Santo Padre disse-lhes claramente que “todas as religiões são um caminho para alcançar a Deus”.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

1. Durante sua última viagem realizada à Indonésia, o Papa Francisco quis se encontrar com os jovens do Colégio Católico de Singapura, nesta sexta-feira, dia 13 de setembro de 2024. Encontro inter-religioso, no sentido em que os jovens em questão, longe de serem todos católicos, pertenciam a diferentes confissões, católicas ou não, cristãs ou não.

2. Encorajando esses jovens a “dialogar”, o Santo Padre disse-lhes claramente que todas as religiões conduzem a Deus. “Todas as religiões são um caminho para alcançar a Deus. São – faço uma comparação – como diversas línguas, diversos idiomas, para alcançá-Lo. Porém Deus é Deus para todos. E porque Deus é Deus para todos, somos todos filhos de Deus”(1).

3. A comparação é interessante. Com efeito, Aristóteles e São Tomás nos dizem que a língua é o sinal, a expressão direta e imediata, não das realidades extra mentais, mas das ideias, ou seja, dos conceitos intelectuais por meio dos quais nossa alma assimila, no íntimo de si mesma, a realidade que ela conhece. E a linguagem é, ao mesmo tempo, o meio que a natureza deu aos homens para que estes possam se comunicar entre si, intercambiando seus pensamentos, por meio de sua expressão adequada(2). Comparar a religião a uma língua é, portanto, comparar o caminho que conduz a Deus ao caminho que conduz às ideias, que conduz ao pensamento. Se a religião é uma língua, Deus é uma ideia, e as diferentes religiões têm diferentes modos de exprimir a mesma ideia. O Papa insiste, além do mais, sobre este ponto: ““Mas o meu Deus é mais importante que o seu!” É verdade? Há apenas um Deus, e nós, nossas religiões são línguas, caminhos para alcançar a Deus. Alguns são sikhs, outros muçulmanos, outros hindus, outros cristãos, mas são caminhos diferentes”. Continuar lendo

SOBRE A ARREPIANTE “BÊNÇÃO VÁLIDA PARA TODAS AS RELIGIÕES” DE BERGOGLIO. UMA RESPOSTA SIMPLES

Sull’agghiacciante “benedizione valida per tutte le religioni” di Bergoglio. Una risposta semplice

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

Como é sabido (e quem não sabe deve informar-se!), desde a época de João Paulo II, um dos acontecimentos mais importantes das viagens “apostólicas” tem sido o encontro inter-religioso.

Francisco é um devotado guardião desta “tradição” pós-conciliar (diligentemente observada também por Bento XVI) e, por isso, não a perdeu nem mesmo na sua viagem ao Extremo Oriente.

E assim, no dia 4 de setembro passado, ele recebeu, em Jacarta, os jovens das Scholas Occurrentes, pertencentes a diversas “religiões”. E como Bergoglio é um tipo de pessoa que gosta de fazer declarações “chocantes”, concluiu o encontro com declarações que (legitimamente) provocaram os “mais altos lamentos” do mundo conservador e tradicionalista: Continuar lendo

A VELHA HISTÓRIA DO “ASSIS 86: CASO ISOLADO” NÃO FUNCIONA MAIS. A TÉCNICA DO “LAGARTO SEM CAUDA” EXPLICADA EM 2 PONTOS

La vecchia storia “Assisi ‘86: caso isolato” non funziona più. La tecnica “lucertola senza coda” spiegata in 2 punti

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

O livro Golpe na Igreja está abrindo os olhos de muitos, e isso é um grande bem. Dois artigos recentes extraídos do livro suscitaram grande atenção, em particular o de ontem do dia 10/09: Compreendendo João Paulo II para compreender Francisco. A apostasia de Assis de 86 bem explicada, sem circunstâncias atenuantes e trazida de volta ao presente) revelou um caldeirão fervente verdadeiramente interessante. Vamos analisá-lo.

Assis 86 e a sua patente apostasia são hoje indefensáveis ​​para qualquer pessoa que tenha um mínimo de conhecimento da doutrina católica (basta ler o Syllabus, Pascendi ou Mortalium Animos) ou para quem não procura se agarrar a qualquer coisa que se fantasia. Aqui, então, – em meio a dificuldades cada vez maiores – a estratégia do lagarto sem cauda é aplicada.

Seja porque, até de boa fé, pretende-se uma solução fácil, seja por razões de afeto pessoal, seja para demonstrar uma desastrada sagacidade, seja por outros assuntos de foro interno que temos o cuidado de não julgar, há quem lance o slogan: “É tudo é verdade, mas Assis 86 foi um caso isolado!”.

A ideia baseia-se numa lacuna inviável por duas razões: Continuar lendo

COMPREEDER JOÃO PAULO II PARA COMPREENDER FRANCISCO. A APOSTASIA DE 86 BEM EXPLICADA, SEM CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E TRAZIDA DE VOLTA AO PRESENTE

Capire Wojtyła per capire Bergoglio. L’apostasia di Assisi ’86 spiegata bene, senza attenuanti e ricondotta al presente

Esse extrato fundamental para a compreender a crise atual foi extraído da obra-prima de D. Andrea Mancinella (1956-2024): Golpe na Igreja. Documentos e crônicas sobre a subversão: das primeiras maquinações ao papado de transição, do Grupo do Reno à atualidade.

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

27 de outubro de 1986: João Paulo II convida, pessoalmente, representantes de todas as principais religiões do mundo para um encontro ecumênico de oração em Assis, cidade de São Francisco. Cerca de um mês antes, em um artigo publicado no L’Osservatore Romano para preparar a mente dos católicos para o impacto chocante de Assis, Mons. Mejìa (então vice-presidente da Pontifícia Comissão Iustitia et Pax, ex-colega de estudos do jovem Pe. Karol Wojtyla no Angelicum e depois, naturalmente, também cardeal) revelou a heresia fundamental que estava na base deste encontro ecumênico de oração: “A presença comum (de representantes de várias religiões) baseia-se, em última análise, no reconhecimento e no respeito mútuo do caminho percorrido por cada um, e da religião à qual pertence, como via de acesso a Deus “[1]. E, de fato, é somente aceitando esse indiferentismo religioso (para o qual uma religião é essencialmente tão boa como outra), repetidamente condenado pela Igreja[2], é possível aceitar o encontro de Assis  e as suas agora incontáveis repetições em todos os níveis (incluindo o diocesano e até mesmo paroquial).

Na manhã do dia 26 de outubro, João Paulo II, antes de entrar na Basílica de Santa Maria dos Anjos, apresentou o programa do encontro aos participantes: “Daqui iremos para os nossos locais de oração separados. Cada religião terá tempo e a oportunidade para se expressar no seu próprio rito tradicional. Depois, do local de nossas respectivas orações, iremos em silêncio até a praça inferior de São Francisco. Uma vez reunidas naquela praça, cada religião terá novamente a oportunidade de apresentar a sua oração, uma após a outra”[3]. Continuar lendo

MUNDO, MUNDO…

Gustavo Corção – Conservador ardente | Pro Roma Mariana

Gustavo Corção

Entre os belos Cantos Eucarísticos do grande poeta místico que foi Santo Tomás de Aquino, vêm-nos à memória estes versos.

Solum expertus potest scire

quid sit Jesum diligere

Traduzimos, sem sabermos traduzir o sabor original: “Somente aqueles que o experimentaram podem saber o que seja o amor de Jesus”. Ou, “somente os que por experiência sabem…”.

Todos os mestres místicos ensinaram que a contemplação infusa é uma “quase experiência de Deus”. Por que “quase”? Este termo parece restritivo, e portanto impróprio para definir a mais alta de todas as aventuras da alma humana, a subida do Carmelo ou do Calvário, nas pegadas de um Deus que por nós se deixou crucificar. É por isso mesmo, aliás, que nunca poderemos encontrar termos próprios para exprimir a sobrenatural aventura. A linguagem dos místicos é inevitavelmente hiperbólica, antitética e metafórica; e é aqui, mais do que na poesia, que se aplica o que disse Rimbaud: que tentava dizer o indizível.

No caso em questão, Santo Tomás ousa empregar o termo “experimentar” quando canta, mas seus discípulos, quando tentam explicar o canto de maior linguagem especulativa, recuam diante do termo que traz sobre si uma pesada carga de conotações empíricas e carnais. E até ensinam que na subida do Caminho da perfeição o desejo de experiências sensíveis, sejam elas embora feitas do mais piedoso afeto, constituem pedras de tropeço, e até às vezes atrasos e retrocessos, porque nelas a alma se demora e se compraz no sabor e nas consolações de tal afeto. Ora, não foi este o exemplo que Jesus nos deixou na subida do Calvário. A subida mística só se fará se deixarmos para trás o lastro de terra e de carne, e se, corajosamente, aceitarmos a purificação da noite dos sentidos. Daí se explica a reserva dos mestres quando falam mais na pauta especulativa do que naquela da “experiência” ou “superexperiência” vivida na união com Deus.

* * *

Mas agora, caído em mim de tais alturas que tanto desejara ter alcançado, e das quais só ouso falar com ciência de empréstimo e de desejo, imagino o leitor a interpelar-me: — A que vêm todas essas considerações em torno da experiência mística, e dos cantos eucarísticos de Santo Tomás, quando falávamos da agonia da Espanha, e esperávamos comentários das efervescências nacionais em torno da denúncia em boa hora levantada por Dom Sigaud sobre a infiltração comunista na CNBB? Continuar lendo

ENTREVISTA DE D. MAURO TRANQUILLO, FSSPX: O SEDEVACANTISMO NÃO É A SOLUÇÃO DA CRISE

Segue abaixo uma série de nossas publicações complementares ao vídeo sobre o assunto:

CARTA A UM FIEL SOBRE O SEDEVACANTISMO

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DEPOR O PAPA?

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BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO

Introdução

O sedevacantismo

O conciliarismo e a questão do “papa herético”

O galicanismo

O magistério

Magistério e revelação

A infalibilidade do magistério

Os lugares teológicos e o magistério

Magistério, intérprete da tradição

As quatro condições da infalibilidade do magistério extraordinário e ordinário

Conclusão

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PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA

Aspectos – parte 1

Aspectos – parte 2

Refutações

A igreja é visível

La salette

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ONDE O SEDEVACANTISMO E NEOCONSERVADORISMO SE ENCONTRAM

VERDADEIRA E FALSA MISERICÓRDIA

Desde várias décadas, uma noção errônea da misericórdia, que prescinde da justiça, tem se propagado na teologia. Essa “misericórdia” deformada é um elemento central do pensamento do Papa Francisco, e causa uma profunda confusão no povo cristão.

Fonte: La Porte Latine – Fonte: Dominus Est

O QUE É MISERICÓRDIA?

De acordo com a etimologia, misericórdia é o sentimento de um coração (cor, cordis, em latim) comovido por uma miséria. Pela misericórdia, entristecemo-nos pelo desfortúnio do próximo como se fosse nosso: “O homem misericordioso considera como sua a miséria de outrem, e se aflige como se ela lhe fosse pessoal”, escreve São Tomás de Aquino.

A misericórdia não é somente um movimento da sensibilidade: enquanto virtude, ela é um movimento da vontade pautada pela razão. Essa virtude visa um justo meio entre a insensibilidade ou a severidade, e uma paixão que seria incomensurável nos temperamentos deveras afáveis.

Quando nasce da caridade, a misericórdia é uma virtude sobrenatural, que tem em vista os bens naturais do próximo, e, mais ainda, os bens sobrenaturais.

AS ETAPAS DA MISERICÓRDIA

Descrevamos as etapas da virtude sobrenatural de misericórdia, aquela que é um efeito da caridade. Continuar lendo

JULGAR OBJETIVAMENTE

Muitas de nossas dificuldades cotidianas decorrem da falta de discernimento. O que isso significa?

Fonte: Apostol n° 188 – Tradução: Dominus Est

Não apreciamos a realidade dos fatos tal como eles são objetivamente. Deixamos de julgar corretamente uma determinada situação. Não se trata de erros, que afetam o nosso conhecimento sobre Deus, a humanidade ou do mundo material: erros que poderíamos chamar de “teóricos”. Mas trata-se de interpretar mal o comportamento do próximo; interpretar mal uma mensagem escrita ou oral, atribuindo-lhe um significado que ela não possui; não compreender as reações emocionais dos outros; fazer conexões – sem base alguma – entre dois fatos independentes; atribuir uma causa extraordinária a um fenômeno que pode ser explicado de forma mais simples pelas leis da natureza… Nosso olhar, fascinado pelos detalhes ou aspectos da realidade, esquece-se de considerá-la em sua totalidade: uma visão superficial que leva a um mal-entendido parcial ou até mesmo total.

Esses erros práticos de julgamento podem ter consequências mais ou menos graves, por vezes dramáticas. Na medida em que agimos de acordo com a maneira como avaliamos a realidade, é evidente que um erro de julgamento pode levar a decisões insensatas que vão contra nosso bem e nossa felicidade. Infelizmente, isso não é incomum… e o único objetivo deste artigo é apontar o dedo para um problema frequentemente encontrado. Continuar lendo

3 DE SETEMBRO – DIA DE SÃO PIO X

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Nesta data tão importante para a Igreja, listamos abaixo alguns links que já postamos sobre o Santo:

CARTA DE MARCEL DE CORTE A JEAN MADIRAN “SOBRE A MISSA NOVA” – 1970 – “PAULO VI É UM HOMEM CHEIO DE CONTRADIÇÕES”

Fonte: Blog Rorate Caeli – Tradução: Dominus Est

Marcel De Corte

Devo confessar-lhe, meu caro Jean Madiran, que mais do que uma vez me senti tentado a abandonar a Igreja Católica em que nasci. Se não o fiz, dou graças a Deus e ao bom senso de camponês com que Ele me abençoou. A Igreja — murmuro para mim mesmo neste momento — é como um saco de trigo infestado de carunchos. Por mais numerosos que sejam os parasitas — e, à primeira vista, estão enxameando! — não afetaram todos os grãos. Alguns, por muito poucos que sejam, permanecem férteis. Estes brotarão e os carunchos morrerão depois de terem devorado todos os outros. Bon appétit, meus senhores, estão comendo a vossa própria morte.

Enquanto isso, sofremos de fome, de fome de sobrenatural. O número de padres que nos distribuem o pão da alma diminui a um ritmo alarmante. Na hierarquia, a situação é ainda pior. E no topo, de onde se poderia esperar algum consolo, é desastroso.

Confesso que, durante muito tempo, me deixei enganar por Paulo VI. Pensava que estava tentando preservar o essencial. Repetia para mim próprio as palavras de Luís XIV ao Delfim: “Não receio dizer-lhe que, quanto mais elevada é a posição, mais coisas há que não se podem ver ou saber senão quando se a ocupa”. Não sendo papa, nem sequer clérigo, disse a mim mesmo: “Ele vê o que eu não posso ver, devido à sua posição. Por isso, confio nele, mesmo que a maior parte dos seus atos, atitudes e declarações não me agradem e que as suas constantes (aparentemente constantes) manobras me deem a volta à cabeça. Pobre homem, é digno de pena, tanto mais que é evidente que não está à altura do cargo… Mas mesmo assim, com a ajuda de Deus…” Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – SETEMBRO/24

Caros fiéis,

O mundo inteiro ficou chocado com a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em Paris. A profanação da Última Ceia não passou despercebida. O demônio sabe como atingir o que é importante. Ele não tem fronteiras. Mal havia retornado ao Brasil, fui visitar a cidade histórica de Ouro Preto com dois membros da minha família que vieram conhecer nosso belo país. Na praça principal da cidade está o Museu da Inconfidência, instalado na antiga prisão. O museu é dedicado a um movimento de rebelião fracassado contra a coroa portuguesa em 1789. Além desse passado revolucionário, o museu apresenta muitas peças interessantes, inclusive religiosas. Mas a surpresa não era a que se esperava. Assim como as metástases de um câncer, horríveis “obras de arte” contemporâneas haviam sido espalhadas entre as peças históricas do museu. E, além de serem horríveis, eram blasfemas. Na grande escadaria central, havia um quadro sangrento da Última Ceia, caricaturando Nosso Senhor. Em uma sala, Nossa Senhora com óculos quebrados nas mãos. Mais adiante, bonés adornados com palhaços demoníacos dispostos entre relicários. Em uma cadeira, um esqueleto infantil. Diante de um tabernáculo, uma mão articulada agitava um saquinho de pó branco. Nas vitrines que exibiam objetos religiosos, haviam colado papéis: “Catequizar é doutrinar”. E para saber de onde vinha esse movimento artístico, era só ler os papéis espalhados por todo lado: “Burguesia criminosa”.

Hoje em dia, o satanismo se apresenta descaradamente. Podemos nos perguntar por que. Na França, como no Brasil, não há mais nenhuma pressão para ser católico. A Igreja praticamente não tem influência e ninguém é impedido de viver publicamente no pecado. Muito pelo contrário! Esses indivíduos, então, não teriam mais nada a reivindicar, poderíamos pensar. Continuar lendo

CARTA A UM FIEL SOBRE O SEDEVACANTISMO

Roma sedia Encontro Internacional de Párocos em preparação ao Sínodo da Sinodalidade

Fonte: Le Pescadou nº235 – Tradução: Dominus Est

Pelo Pe. Patrick de La Rocque.

Prezado Senhor,

Por carta, compartilhastes comigo vossos questionamentos relativos ao sedevacantismo.

Com efeito, para quem aceita abrir os olhos com isenção e espírito sobrenatural, a situação que a Igreja, em geral, e o papado, em particular, atravessam desde meio século é terrivelmente desconcertante. Ao passo que o “Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro para revelar uma nova doutrina, mas para, com a sua assistência, guardar santamente e expor fielmente a revelação transmitida pelos apóstolos, ou seja, o depósito da fé” (Vaticano I, Const. Pastor æternus), é patente que os papas recentes, infelizmente, se servem de sua posição não para este objetivo, mas, ao contrário, para promover uma doutrina humanista e liberal repetidamente condenada por seus predecessores. E não hesitam em levar essa utopia até as suas consequências mais dramáticas. Assim, vimos João Paulo II beijar o Corão e invocar São João Batista para que ele proteja o Islã, ou o papa Francisco celebrar a Pachamama no Vaticano. Da mesma forma, os mais consagrados princípios morais são atualmente enfraquecidos ao ponto de legitimar a comunhão dos divorciados recasados e dos protestantes, ou de provocar a quase dominação dos lobbys LGBT+ na linguagem oficial da Igreja. Tudo isso acontece sobre as cinzas da Tradição católica, renegada em muitos pontos, inclusive em sua liturgia. Esses papas, aliás, baniram oficialmente a Tradição bimilenar da Igreja quando condenaram aqueles que, ao rejeitarem esses princípios errôneos e suas consequências blasfematórias, quiseram permanecer fiéis ao depósito da fé que o ofício pontifício tem, precisamente, a missão de defender.

À luz dessas traições romanas, surgiram o que denominamos de teses sedevacantistas. Plurais, todas se recusam, de um modo ou de outro, a reconhecer o(s) papa(s) atual(ais) como sucessor(es) de Pedro. Um papa, dizem seus defensores, não pode ensinar o erro e promovê-lo permanecendo papa. Assim, consideram “vacante” a “Sé” de Pedro, de onde o termo sedevacantismo. Continuar lendo

O PRANTO DE SÃO JOÃO BOSCO E A HORA DA VERDADE

El llanto de Don Bosco y la hora de la verdad

Fonte: Adelante la Fe – Tradução: Dominus Est

Entre os milhares de viajantes que se aglomeram na estação Termini de Roma todos os dias, alguns passam pela adjacente Basílica do Sagrado Coração, na Via Marsala, antes de partir. Essa igreja foi construída por vontade de Pio IX, que, em 1870, lançou a primeira pedra do templo, mas as obras foram interrompidas quase imediatamente devido à anexação de Roma ao reino de Itália. Em 1880, Leão XIII, que tinha a mesma estima e devoção por São João Bosco (1815-1888) que seu antecessor, chamou-o e confiou-lhe a difícil tarefa de levantar fundos para concluir a construção da igreja. Apesar da idade avançada, do delicado estado de saúde e das graves dificuldades financeiras que a sua congregação atravessava, D. Bosco não desistiu. Há quem imagine que os santos estão imersos nas coisas de Deus e alheios aos problemas materiais. Não é assim. Os santos desafiam dificuldades aparentemente intransponíveis com um abandono à Divina Providência que lhes permite superar todas as dificuldades. Graças à tenacidade de São João Bosco, o arquiteto Francesco Vespignani pôde retomar as obras, concluídas em 1887.

Durante a sua vigésima e última estadia na Cidade Eterna, entre 30 de abril e 18 de maio de 1887, por ocasião da dedicação do templo do Sagrado Coração de Jesus, D. Bosco hospedou-se em pequenos quartos nos fundos do edifício, atualmente conhecidas como aposentos de D. Bosco. Vale a pena visitá-los, são muito evocativos. Em seu tempo, o espaço que atualmente ocupa um único cômodo, se dividia em dois ambientes separados por uma divisória. O primeiro era utilizado por D. Bosco como escritório e ali recebia todos os que desejavam visitá-lo. A sala adjacente servia de dormitório e possuía um altar para que o santo, já muito exausto e com precárias condições de saúde, pudesse rezar missas privadas. Dom Bosco realizou dois milagres ali que, enquanto ainda estava vivo, contribuíram para confirmar sua reputação de santidade: libertou um seminarista da surdez, cuja vocação havia sido comprometida por seu defeito físico, e curou instantaneamente uma mulher que havia perdido o movimento de um braço muitos anos antes.

Mas o que queríamos falar era outro milagre: Continuar lendo

FALAM DE PAZ, MAS NÃO É A PAZ

Entendendo a Festa de Cristo Rei | Arquidiocese de Uberaba

A paz do mundo procura sua plataforma entre os homens, no que eles têm de parecido e de comum. Constrói sobre fundamentos da igualdade.

Procede por concessões e por silêncios. Faz concessões ao erro e ao mal, envolve no silêncio a verdade e o bem, coloca o verdadeiro e o falso, o bem e o mal no mesmo pé de igualdade e lhes concede os mesmos direitos. Assim pensa apaziguar todas as reclamações e reinar sem problemas.

Há homens religiosos que rezam e procuram servir a Deus, mas que contestam ou a divindade de Cristo ou a autoridade da Igreja. Não reconhecem nem as verdades que a Igreja ensina, nem os sacramentos sobre os quais ela tem gestão, nem a hierarquia que é sua armadura. No entanto são irmãos; desejamos estender-lhes a mão, estabelecer algum acordo com eles, organizar alguma colaboração. O que se faz então? Volta-se para os filhos da Igreja, pede-se para que se consintam, guardando para si suas convicções íntimas, calando-as, escondendo-as num profundo silêncio para não entristecer ou alienar os irmãos dissidentes. Põe-se todas as confissões no mesmo pé de igualdade, propõe-se-lhes um trabalho comum, a elaboração de um CREDO de onde serão riscados todos os artigos contestados por uma ou outra confissão, e na profissão de fé desse CREDO todos se encontrarão. CREDO paupérrimo e que logo se evapora como se dissipam as brumas da manhã sob a ação dos raios do sol do verão.

Ora, logo se verá que além desses homens religiosos, existem outros que se convencionou chamar homens de bem e que não crêem em Deus.

Não professam nenhum culto e não experimentam nenhum sentimento religioso. Esses também são irmãos, nós os amamos, queremos estender-lhes a mão, entrar em algum acordo ou colaboração com eles. Então nos voltamos para os homens religiosos. Pedimos para que consintam, guardando para si suas convicções íntimas, calando-as, envolvendo-as em profundo silêncio para não afastar ou contristar nossos irmãos incrédulos. Continuar lendo

DEPOR O PAPA?

Papa defende leis que regulamentem união civil entre homossexuais - Hora  Brasília

Fonte: Si Si No No, ano XLV, n. 8, de 30 de abril de 2019 – Tradução: Dominus Est

INTRODUÇÃO

Em uma “Carta Aberta aos Bispos da Igreja Católica”, datada de maio de 2019, alguns estudiosos leigos e eclesiásticos acusaram o Papa Francisco de heresia(1).

Além disso, os autores acreditam que um Papado herético não pode ser tolerado ou ignorado com a ideia de assim evitar um mal pior, até mesmo um cisma semelhante ao Grande Cisma do Ocidente (século XV), no qual haviam simultaneamente três “Papas” na Igreja, dois dos quais eram antipapas. Um papado como o de Francisco deve ser submetido à correção por parte dos Bispos.

Por esta razão, o estudo contido nesta “Carta” conclui com o convite aos Bispos:

1°) a admoestar o Papa Francisco negar as suas heresias

2°) se ele se recusar obstinadamente, a depô-lo e nomear outro Papa.

Apresentaremos os principais argumentos contidos na “Carta Aberta” sob a forma de “Objeções” e tentaremos refutá-los na forma de “Respostas”.

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OBJEÇÕES E RESPOSTAS

Objeção nº. 1 da “Carta Aberta”: o Decreto de Graciano (dist. XL, can. 6)

“O cânon que primeiro considerou explicitamente a possibilidade da heresia de um Papa encontra-se no Decreto de Graciano. O Cânon 6 da distinção XL do Decreto afirma que um Papa não pode ser julgado por ninguém, a menos que se descubra que ele se desviou da fé”. Continuar lendo