15 DE AGOSTO – ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

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Para ler a Meditação de Santo Afonso para essa data, clique aqui.

Para ler e ouvir um Sermão de D. Lefebvre, de 1990, sobre a Festa da Assunção, clique aqui.

Para ler e ouvir um Sermão de D. Lefebvre, de 1975, sobre a Festa da Assunção, clique aqui.

Para ler um Sermão de São Tomás de Villanueva sobre a Festa, clique aqui.

Para ler a belíssima Encíclica MUNIFICENTISSIMUS DEUS, de Pio XII, que define o Dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu em Corpo e Alma, clique aqui.

Abaixo colocamos o momento da proclamação do dogma pelo Papa Pio XII

ESPECIAIS DO BLOG: ALGUMAS RESPOSTAS A ARGUMENTOS CONSERVADORES, PELO PE. JEAN-MICHEL GLEIZE, FSSPX

Obediência

Fonte: Courrier de Rome nº 679 – Tradução: Dominus Est

Nota do Blog: O Pe. Gleize, um dos principais teólogos da FSSPX, está há mais de um ano em franco debate na França com os Institutos Ecclesia Dei, e os textos desse debate têm sido publicados no jornal Courrier de Rome. Essa série de três textos que publicamos é uma (dentre várias) dessas intervenções. Embora praticamente inexista a Fraternidade São Pedro aqui no Brasil, os argumentos lá usados contra a FSSPX são bem parecidos com os que conservadores/continuístas usam por aqui, por isso reaproveitamo-nos:

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Um outro excelente texto sobre Tradicionalismo x Conservadorismo, escrito por Dado Juán Calderón, pode ser lido CLICANDO AQUI.

Um outro, do Pe. Etienne de Blois, FSSPX, com o título Conservador = Corruptor pode ser lido CLICANDO AQUI.

UMA TRIPLA E ESPANTOSA CONFUSÃO

Obediência

Fonte: Courrier de Rome nº 679 – Tradução: Dominus Est

Pelo Pe. Jean-Michel -Gleize, FSSPX

Esse texto é continuação do: A FRATERNIDADE SÃO PIO X: SOB ARTILHARIA DE SEIS OBJEÇÕES

1. Observemos também, como que para concluir, que a leitura que o Padre Vernier faz de nossa tese é surpreendente. Pois em pelo menos três pontos a avaliação que ele faz é, se não uma extrapolação, pelo menos um mal-entendido difícil de entender.

Negar a indefectibilidade da Igreja?

2. O mais importante e o mais grave desses mal-entendidos consiste em nos imputar a negação prática da indefectibilidade da Igreja. Ao descrever qual seria a posição da FSSPX como a apresentaríamos, o Padre Vernier escreve: “Se o dogma da indefectibilidade da Igreja e suas implicações necessárias permanecem sempre teoricamente válidos, mesmo em tempos de crise provocada pela hierarquia, algumas de suas implicações práticas podem deixar de ser aplicadas em virtude da prudência. De fato, para o nosso autor, como essas implicações não parecem absolutamente necessárias, ele admite que a posição da FSSPX difere apenas prudencialmente do alegado sedevacantismo oculto”.

3. No entanto, essa citação é dada na nota 5 de nosso artigo na edição de abril de 2024 do Courrier de Rome, onde escrevemos exatamente o seguinte: “O zelo do Padre Vernier, sem dúvida, tem algo de cavalheiresco, e o ardor com que ele se propõe a destruir qualquer coisa que possa parecer lançar dúvidas e pôr em perigo o dogma da indefectibilidade da Igreja, bem como sua visibilidade, teria, em outras circunstâncias, merecido aprovação irrestrita. Infelizmente, esse zelo e esse ardor são claramente desproporcionais às circunstâncias da crise que ainda assola, e se agrava cada vez mais, dentro da santa Igreja”. Continuar lendo

13 DE AGOSTO EM FÁTIMA: A APARIÇÃO QUE A MAÇONARIA QUERIA EVITAR

Pastorinhos de Fátima – Wikipédia, a enciclopédia livre

Durante a sua primeira aparição às três crianças de Fátima, no domingo, 13 de maio de 1917, a Virgem pediu-lhes que viessem todos os dias 13 dos meses seguintes. Mas em 13 de agosto, quando uma multidão de 20.000 pessoas já lotava a Cova da Iria, nenhum dos três pastores esteve presente.

CLIQUE NA IMAGEM PARA LER O TEXTO COMPLETO

 

MUNDO, MUNDO…

Gustavo Corção – Conservador ardente | Pro Roma Mariana

Gustavo Corção

Entre os belos Cantos Eucarísticos do grande poeta místico que foi Santo Tomás de Aquino, vêm-nos à memória estes versos.

Solum expertus potest scire

quid sit Jesum diligere

Traduzimos, sem sabermos traduzir o sabor original: “Somente aqueles que o experimentaram podem saber o que seja o amor de Jesus”. Ou, “somente os que por experiência sabem…”.

Todos os mestres místicos ensinaram que a contemplação infusa é uma “quase experiência de Deus”. Por que “quase”? Este termo parece restritivo, e portanto impróprio para definir a mais alta de todas as aventuras da alma humana, a subida do Carmelo ou do Calvário, nas pegadas de um Deus que por nós se deixou crucificar. É por isso mesmo, aliás, que nunca poderemos encontrar termos próprios para exprimir a sobrenatural aventura. A linguagem dos místicos é inevitavelmente hiperbólica, antitética e metafórica; e é aqui, mais do que na poesia, que se aplica o que disse Rimbaud: que tentava dizer o indizível.

No caso em questão, Santo Tomás ousa empregar o termo “experimentar” quando canta, mas seus discípulos, quando tentam explicar o canto de maior linguagem especulativa, recuam diante do termo que traz sobre si uma pesada carga de conotações empíricas e carnais. E até ensinam que na subida do Caminho da perfeição o desejo de experiências sensíveis, sejam elas embora feitas do mais piedoso afeto, constituem pedras de tropeço, e até às vezes atrasos e retrocessos, porque nelas a alma se demora e se compraz no sabor e nas consolações de tal afeto. Ora, não foi este o exemplo que Jesus nos deixou na subida do Calvário. A subida mística só se fará se deixarmos para trás o lastro de terra e de carne, e se, corajosamente, aceitarmos a purificação da noite dos sentidos. Daí se explica a reserva dos mestres quando falam mais na pauta especulativa do que naquela da “experiência” ou “superexperiência” vivida na união com Deus.

* * *

Mas agora, caído em mim de tais alturas que tanto desejara ter alcançado, e das quais só ouso falar com ciência de empréstimo e de desejo, imagino o leitor a interpelar-me: — A que vêm todas essas considerações em torno da experiência mística, e dos cantos eucarísticos de Santo Tomás, quando falávamos da agonia da Espanha, e esperávamos comentários das efervescências nacionais em torno da denúncia em boa hora levantada por Dom Sigaud sobre a infiltração comunista na CNBB? Continuar lendo

CARDEAL JOHN NEWMAN, DOUTOR DA IGREJA?

Fonte: La Porte Latine – Tradução : Dominus Est

Pelo Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

1. “É necessário guardar não somente o que nos foi transmitido nas Sagradas Escrituras, mas também as explicações dos santos doutores que as conservaram intactas para nós” Assim fala Santo Tomás de Aquino, ele mesmo qualificado, posteriormente, como “Doutor Comum da Igreja”[1]. Tal reflexão não é letra morta, se considerarmos que as obras do doutor angélico comportam cerca de 8000 citações dos “santos doutores”.

2. O termo “doutor” pode ser compreendido em sentido lato e impróprio, designando o teólogo tomado enquanto tal. O mesmo termo também pode ser entendido em sentido estrito e próprio e é um título dado “oficialmente pela hierarquia da Igreja[2] aos escritores eclesiásticos notáveis pela santidade de vida, pela pureza da ortodoxia e pela qualidade da ciência”[3]. Melchior Cano[4] mostra no que os doutores se distinguem dos Padres da Igreja, título este que é reservado a pessoas que viveram nos primeiros séculos[5]: os Padres dos primeiros séculos não são todos doutores, e nem os doutores são todos Padres do primeiro século. De fato, os doutores constituem, junto com os Padres, duas espécies diferentes de testemunho sobre os quais o Magistério da Igreja tem a possibilidade de se apoiar para indicar o sentido autêntico da doutrina divinamente relevada nas Escrituras. Tanto entre os Padres como entre os doutores (é o ponto comum que faz de ambos testemunhas autorizadas) é necessária a ortodoxia, ou seja, a conformidade perfeita de seus ensinamentos com o depósito revelado. A diferença é que nos Padres é necessária a antiguidade, enquanto nos doutores é necessária a erudição; ou seja, uma ciência eminente a qual pode ser apontada extensamente em razão da extensão de seus escritos, ou em razão da sua intensidade, ou em razão da profundidade de seu gênio. A auréola dos Doutores, diz Santo Tomás, é a recompensa de sua ciência, ou seja, o fruto da vitória que eles recebem ao expulsar o diabo das inteligências[6]. Outra diferença: o título de Doutor é objeto de uma atribuição oficial que se realiza por decreto solene do Soberano Pontífice e pelo preceito que lhe é dado de celebrar a missa e de recitar o ofício litúrgico correspondente; o título de Padre, ao contrário, é objeto de atribuição imemorial, baseado no costume. Continuar lendo

SÉRIE “CRISE NA IGREJA” – EPISÓDIO 10: INFILTRAÇÃO MODERNISTA – OS PRIMÓRDIOS

Neste episódio, temos a presença do Pe. Paul-Isaac Franks, professor no St. Mary’s College, para iniciar nosso estudo sobre o modernismo, analisando os antecedentes desse erro. Primeiro, veremos como ele surgiu na teologia protestante, depois, como o Modernismo tentou dar uma interpretação inteiramente nova das Escrituras e da Divindade de Nosso Senhor e, finalmente, como esses erros se espalharam nas mentes de alguns teólogos católicos no final do século XIX. No final, veremos como esses teólogos teriam sido extremamente influentes nas mentes dos clérigos ao longo do século XX e além.

SOBRE A CANONIZAÇÃO DO CARDEAL JOHN HENRY NEWMAN

Cardeal John Henry Newman "une" católicos e anglicanos, afirma especialista

Fonte: Courrier de Rome nº 627 | Tradução: Dominus Est

Pelo Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

* texto de 2019, na ocasião da canonização do Cardeal John Henry Newman pelo Papa Francisco

1. Beatificado por Bento XVI em 2010, o cardeal John Henry Newman (1801-1890) foi canonizado por Francisco em 13 de outubro de 2019. É claro que usamos aqui as palavras “beatificado” e “canonizado” com todas as restrições impostas pela situação atual, em que, desde o Concílio Vaticano II, as novas beatificações e canonizações realizadas pelos papas são claramente questionáveis[1]. A questão aqui colocada é precisamente saber o que pensar da última dessas supostas canonizações, aquela pela qual Francisco quis levar a termo o ato iniciado por seu predecessor, propondo a toda a Igreja John Henry Newman (1801-1890) como um modelo de virtudes heroicas. Para ser justo, convém salientar que a causa da sua beatificação foi introduzida em 17 de junho de 1958, sob o Papa Pio XII.

2. Recordemos brevemente – para delimitar melhor a nossa questão – que as novas canonizações são duvidosas por dois motivos bem diferentes. O primeiro motivo é comum a estas novas canonizações e torna-as, portanto, todas duvidosas: é a reforma do procedimento, que deve preceder o ato da canonização[2]. As novas normas, promulgadas por Paulo VI em 1967 e 1969, e depois por João Paulo II em 1983, semeiam dúvidas, na medida em que não oferecem mais as garantias exigidas pelos homens da Igreja para que a assistência divina assegure a infalibilidade da canonização e, a fortiori, a ausência de erro de fato na beatificação. O segundo motivo é próprio de algumas canonizações, como, por exemplo, as de João Paulo II ou Paulo VI. A canonização define-se, com efeito, como o ato pelo qual o Sumo Pontífice declara não só que o canonizado goza da glória do céu, mas também e sobretudo que mereceu essa glória ao exercer durante a sua vida as virtudes heroicas – o que equivale precisamente à santidade – e as dá como exemplo a toda a Igreja. De fato, desde o Concílio Vaticano II, os homens da Igreja não têm mais ideias claras sobre o que deve representar a santidade, e é por isso que puderam dar como exemplo fiéis falecidos cuja vida parece incompatível com uma verdadeira heroicidade das virtudes, especialmente no que diz respeito ao exercício das virtudes teologais. A canonização de Newman já é duvidosa, como todas as outras, devido ao novo procedimento. Gostaríamos aqui de verificar o que se passa, do ponto de vista do exemplo a dar a toda a Igreja, devido à virtude heroica. Continuar lendo

PARIS: DUAS IGREJAS PROFANAFAS EM TRÊS DIAS

A França é palco de um aumento alarmante de atos de desprezo contra o sagrado e a fé católica. Vários eventos recentes evidenciam essa tendência preocupante: a perturbação de uma missa na igreja da Madeleine por ativistas pró-palestinos em 26 de julho de 2025, e dois incêndios em dois dias na Igreja de Notre-Dame-des-Champ, também na capital, em 23 e 24 de julho de 2025.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O Le Figaro classifica o caso na seção de notícias diversos: desejo de minimizar o caso ou mera ignorância? A perturbação da missa de sábado, 26 de julho de 2025, tem mais valor como fato social: às 18h50, cinco ativistas pró-palestinos invadiram a igreja da Madeleine (8º arrondissement) no momento da comunhão. Os ativistas brandiam keffiyehs e imagens de vítimas de Gaza, gritavam slogans como “Viva a Palestina” e liam em voz alta um texto pedindo o fim das hostilidades em Gaza.

Essa ação provocou justa indignação entre os fiéis presentes, alguns dos quais gritaram Saiam daqui, vão embora!” para expressar sua indignação com o que constituía a profanação de um local de culto católico. O pároco, D. Patrick Chauvet, interveio para que os ativistas fossem retirados, mas o incidente deixou marcas profundas. Porque interromper uma missa, um momento central na vida litúrgica, denota um ato de desprezo para com os fiéis e uma blasfêmia contra a presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento. Continuar lendo

A “DUALIDADE” DE NEWMAN, OU OS COMEÇOS DO “REINO DIVIDIDO” – PARTE 2

Fé e razão: Cardeal Newman será proclamado Doutor da Igreja

por Dardo Juan Calderón

O argumento de justificação

Em Newman, a consciência não é como um triste contador de culpas. Ele a situa na criação: quando Deus se fez criador, colocou a Lei do seu Ser – que é Ele mesmo – em suas criaturas. A consciência nos apresenta a verdade e é liberadora, é a mensageira de Deus. “Os católicos não somos escravos, nem sequer do Papa”, afirma Newman. Mas para Newman, este caráter tão positivo não implica que devamos desprezar a voz do Papa, embora destaque “a obediência devida à voz divina que fala em nós” em primeiro lugar.

“Seria um traidor um católico inglês no caso do dilema entre seguir o Papa e a sua consciência?” pergunta equiparando consciência a país; e, se olhamos bem, essa equivalência é bem de gosto liberal e supõe um país que é uma somatória de consciências individuais. E toma como exemplo os deputados católicos ingleses que se conjuraram para não admitir um rei de dinastia católica de outro pais (aos quais o Papa Pio IX obrigou a romper o juramento).

Aquela grande confiança na bondade de Deus levou à surpreendente conclusão, que tanto chamou a atenção da opinião pública inglesa, de que o católico deve seguir a consciência antes do Papa, e com isso evitou a intenção maçom de apagá-los do mapa. Um herói em toda linha, um herói de uma guerra real com consequências concretas e valoráveis, um herói cuja arma tinha sido a literatura e ali poderia ter permanecido. Continuar lendo

A “DUALIDADE” DE NEWMAN, OU OS COMEÇOS DO “REINO DIVIDIDO” – PARTE 1

John Henry Newman – Wikipédia, a enciclopédia livre

por Dardo Juan Calderón

A anedota desencadeadora

A figura de Newman coloca um urgente enigma: quem foi ele? desde o ponto de vista doutrinal e mesmo do pessoal. Defendido e atacado à esquerda e à direita, desde o modernismo que o tem por Pai do Concílio Vaticano II, e desde o tradicionalismo que, mesmo sem chegar à devoção, em sua maioria o considera “um deles”. E até mesmo desde (e perdoem-me se são suscetíveis) as organizações homossexuais que o consideram o santo patrono do clericato homossexual.

Sua obra e personalidade foram fonte das mais variadas e contraditórias interpretações, e todos pedem sua bênção sem que existam vozes críticas. Tudo em um século feroz, de combates armados, de perseguições e de muito mais combates intelectuais, de contrastes enormes, no qual esse homem havia declarado sua motivação por um encontro do religioso com o moderno e sem negar o Syllabus. Por acaso o conseguiu? Terá dado ele a chave da síntese? Era essa chave a Pessoa e sua Consciência?

Uma primeira observação pode ser feita ao perguntarmos: por que todos o querem em seu bando? Por que é uma “figura”?; e uma segunda é se um desses bandos o falsifica para puxar a brasa para sua sardinha, para ter essa “figura” estelar e mundial em seu lado. Quem, afinal, não lhe foi fiel? Continuar lendo

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

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Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

Uma Meditação de Santo Afonso de Ligório em relação ao tema pode ser lida clicando aqui.

NADA É MAIS INSPIRADOR DO QUE ESSE PERÍODO CONTURBADO

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Essas desordens nos conectam, de alguma forma, aos católicos de antigamente, dos tempos de outras crises que abalaram a Igreja.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Na vigília de Pentecostes, no início da Peregrinação de Chartres a Paris, a Missa foi celebrada pelo Pe. Gabriele D’Avino, Superior do Distrito da Itália. Reproduzimos aqui a última parte do seu sermão proferido no sábado, 7 de junho de 2025, em frente à Catedral de Notre-Dame de Chartres.

A luta pela tradição não deve ser uma luta desordenada, dispersa, puramente individual. É por isso que D. Lefebvre não se contentou em nos transmitir um ensinamento, em proferir belos sermões, ou mesmo em ordenar padres, bispos, sem um objetivo, sem uma ordem. Ele queria fundar — essa é a sua principal ação, a mais importante que realizou — queria fundar uma fraternidade sacerdotal que reproduzisse, tanto quanto possível, o espírito da Igreja. Foi assim que nos deu uma estrutura jurídica, com autoridade, com superiores.

A crise que assola a Igreja hoje certamente não acabou, muito pelo contrário. Ela já dura muito tempo, e há um risco muito concreto de desânimo, de cansaço, de querer depor as armas, descansar, de nos rendermos a uma pretensa evidência que consistiria em dizer que os homens da Igreja, as autoridades atuais, têm a maioria, que a Igreja mudou hoje e que agora precisamos nos adaptar. Continuar lendo

OS SETE ESPÍRITOS DA MODERNIDADE

Ordem de Siles: Demônios (Parte 3)

Padre Álvaro Calderón, FSSPX

Os espíritos malignos não buscam nada, porque não têm esperança alguma, mas opõem-se a todo bem. Satanás é o inimigo do Bem, “o qual se oporá [a Deus], e se elevará sobre tudo o que se chama Deus”[1]. Adversário de Deus e muito especialmente inimigo do homem, manifesta-se por sua oposição: dele sairá o Anticristo, dele vem o anticatolicismo e tudo o que é anti-humano. E esses espíritos de oposição são os que se manifestaram de modo cada vez mais perceptível a partir do Concílio Vaticano II. Porque é notável que, a partir dos anos 1960, houve uma grande difusão do satanismo. O otimismo conciliar declarou uma Igreja sem inimigos e assim deixou de denunciar a existência e a natureza do demônio, passando então a ser Satanás, de certo modo, o primeiro “redimido” do Vaticano II.

Talvez sua manifestação mais potente tenha ocorrido pelo fenômeno do rock, cuja aparição coincide, estranhamente, com os anos do pós-concílio. Àquele que não acredita no demônio pode lhe parecer uma espécie de moda, uma maneira de se opor e virar de cabeça para baixo tudo o que veio anteriormente, vendo em Satanás apenas um símbolo do proibido. Mas, hoje, qualquer um pode buscar na internet as impressionantes listas de artistas que confessaram ter se consagrado a Satanás para triunfar: e olha como triunfaram! Com o respeito por qualquer opção em ordem religiosa, promovido pelo mesmo ecumenismo conciliar, não apenas se considerou digna a irreligião do ateísmo, mas também digna a antirreligião do satanismo, e por isso temos multidões de seitas satânicas registradas nos ministérios de culto de todos os países liberais. Satanás conseguiu se fazer aceitar no panteão das divindades, inaugurado pelo próprio Papa em Assis. De fato, a espiritualidade satânica não é propriamente negadora de Deus, mas dualista, pois sustenta que o bem deve ser moderado pelo mal para que daí saia o melhor, e por isso se sente cômoda em um ambiente ecumênico. Continuar lendo

SÉRIE “CRISE NA IGREJA” – EPISÓDIO 9: O QUE HÁ DE ERRADO COM O MUNDO?

Já concluímos nosso estudo sobre o Liberalismo. E, antes de começarmos a abordar o Modernismo em detalhes, gostaríamos de reservar um episódio para responder à pergunta de um ouvinte sobre a Crise na Igreja: “O que há de errado com o mundo? Há alguma conexão entre o caos na Igreja pós-conciliar e o caos que estamos vendo na sociedade secular?” Entramos em contato com o Pe. David Sherry, Superior do Distrito da FSSPX no Canadá. Dedicaremos 40 minutos ao tema e, ao final, você terá uma resposta para resolver quase todos os problemas que o mundo vem enfrentando!

O PODER DA GRATIDÃO

Língua Portuguesa: a origem da palavra «Obrigado»

Uma virtude para restaurar nossa alma.

Fonte: Apostol n°198 – Tradução: Dominus Est

À medida que um ano letivo chega ao fim — e antes que o próximo surja no horizonte — as férias oferecem um momento de pausa e relaxamento, um momento para rever o ano que passou, um momento para despertar a gratidão em almas que muitas vezes estão cansadas e fatigadas.

A gratidão é o movimento que nos leva em direção àqueles que nos fizeram bem, demonstrando-lhes estima, atenção, consideração e honra. Temos o dever de agradecer a nossos pais ou benfeitores, sejam eles quem forem: é justiça para com eles. Mas, como toda boa atitude que é cultivada, a gratidão também tem o poder de colocar nosso coração em ordem e remediar muitos de nossos infortúnios; tem o poder de restaurar o equilíbrio e a simplicidade de almas perdidas e complicadas; também pode restaurar a alegria e o ímpeto do desejo e da esperança de corações deprimidos que estão afundando em uma espiral negativa. Continuar lendo

A FRATERNIDADE SÃO PIO X: SOB ARTILHARIA DE SEIS OBJEÇÕES

Obediência

Fonte: Courrier de Rome nº 679 – Tradução: Dominus Est

Pelo Pe. Jean-Michel -Gleize, FSSPX

Esse texto é continuação do: O TRADICIONALISMO “RECONHECIDO”: O FALSO DILEMA DA OBEDIÊNCIA

Não obstante a preocupação em justificar seu teorema, o Pe. Vernier pretende se apoiar em seis exemplos, seis fatos, que seriam, aos seus olhos, “por si só mais convincentes que qualquer argumento”.

A obediência ao Papa

2. Em primeiro lugar, “de modo habituala FSSPX não se submete em nada à autoridade do Papa e dos bispos unidos a ele”. As distinções que fizemos entre a autoridade e seu exercício, entre o poder e seu ato, deveriam ser suficientes para privar este primeiro exemplo de seu valor demonstrativo. A FSSPX não se submete em nada aos atos da autoridade que se mostram contrários ao bem comum da Igreja, visto que contradizem os atos anteriormente realizados pela autoridade antes do Concílio.

Agir sem jurisdição?

3. Em segundo lugar, a “FSSPX invoca um estado de necessidade generalizado na Igreja para abrir seus apostolados e ministrar os sacramentos sem nenhuma solicitação prévia aos bispos dos lugares envolvidos, arguindo uma jurisdição de suplência, quase universal, sem precedentes, nem fundamento eclesiológico e canônico sérios”. Este fato, supostamente único, correlaciona, na verdade, dois fatos: primeiro fato, a FSSPX invoca o estado de necessidade; segundo fato, a FSSPX se apoia neste estado de necessidade para utilizar a jurisdição de suplência que, tal como emprega a FSSPX, seria desprovida de todo fundamento eclesiológico e canônico sérios. O primeiro fato é evidente. O segundo é contrário à evidência. Com efeito, para provar que a jurisdição de suplência, tal como a concebe a FSSPX, seria desprovida de qualquer fundamento, o Pe. Vernier pretende se apoiar sobre um estudo publicado pelo Pe. Hervé Mercury(1): este se limita a se servir dos dados teológicos e canônicos que fundamentam a definição da jurisdição de suplência, e que a justificam; dados aos quais D. Lefebvre sempre se referiu, e que são retomados no livro oficial das Ordenanças da Fraternidade São Pio X, já citado. Em outras palavras, o argumento destinado a provar que a FSSPX se apoia sobre uma jurisdição de suplência “sem fundamento eclesiológico e canônico sérios” prova, na realidade, o contrário, ou seja, que a jurisdição de suplência, tal como a entende a FSSPX, se baseia nos mais sérios fundamentos eclesiológicos e canônicos(2) Continuar lendo

DESCONTINUIDADE: A DESVIRILIZAÇÃO DA LITURGIA E DO SACERDÓCIO NO NOVUS ORDO MISSAE

Resumo de um excelente artigo do Padre Richard G. Cipolla sobre a “desvirilização” da liturgia do Novus Ordo.

Fonte: Chiesa e Post Concilio – Tradução: Dominus Est

Aquilo a que o cardeal estava se referindo está no cerne da forma Novus Ordo da Missa Romana e nos profundos e inerente problemas que afligem a Igreja desde a imposição do Novus Ordo Missae em 1970. Pode-se ser tentado a cristalizar o que o Cardeal Heenan vivenciou como a feminização da liturgia. Mas esse termo seria inadequado e, em última análise, enganoso, visto que há um aspecto mariano autêntico na liturgia que é, indubitavelmente, feminino. A liturgia carrega a Palavra de Deus; oferece o Corpo da Palavra à Adoração e o dá como Alimento. Uma terminologia melhor poderia ser que, no rito da Missa Novus Ordo, a Liturgia foi efeminizada

[…] Quando se fala da feminização da liturgia, corre-se o risco de ser mal interpretado, como se se estivesse desvalorizando o significado de ser mulher e da própria feminilidade. Sem adotar a perspectiva um tanto machista de César sobre os efeitos da cultura sobre os soldados, pode-se certamente falar de uma desvirilização do soldado que absorve sua força e sua determinação para fazer o que deve. Isso não é uma rejeição do feminino: em vez disso, descreve o enfraquecimento do que significa ser um homem.

Este termo desvirilização é o que quero usar para descrever o que o Cardeal Heenan testemunhou naquele dia de 1967, durante a celebração da primeira Missa experimental. Continuar lendo

A BATALHA DO TRADICIONALISMO

Por Dardo Juan Calderón

Fonte: Adelante la Fe – Tradução: Dominus Est

Um mito moderno é o da autoestima e do voluntarismo: é o dizer que, por “ter fé” e por me convencer de que “eu mereço”, o que busco se tornará realidade. “Busca teus sonhos”, “faz sua vocação”, “escuta teu coração”, e toda essa série de frases feitas que levaram muitos jovens a se arrebentar na parede com a convicção de que poderiam atravessá-la. O cristianismo, desde Santo Agostinho, ensinou o desprezo a si mesmo, e se há uma entranha suspeita em nós, é nosso coração. Mas sabemos que algo de verdade esconde a farsa da autoajuda, pois o menosprezo de si mesmo e a falta de confiança nos tornam pusilânimes.

Jean-Paul Sartre tratou de salvar a aporia mediante um “menosprezo extraordinário”; ensinou a toda uma geração a comprazer-se em ser uma mérde, uma traidora e uma perversa; de antologia, muito à francesa. Com um resquício de senso católico, entendeu que não poderíamos ser bons porque seria a aceitação de uma subordinação à ideia de uma natureza; e, portanto, uma afirmação sobre a existência de Deus; que só poderíamos ser nós mesmos no mal, mal este em que deveríamos nos afundar conscientemente e com estilo. Digamos que se inverteu o paradoxo franciscano de uma humildade grandiosa por uma soberba indignante.

O assunto é que uma disposição, um anelo de grandeza é componente imprescindível para a salvação (ao rezar pedimos “o desejo do céu”), mas também requer um destino terreno decente. Destino este que não costuma ser como nós queremos em nossa ambição um tanto pueril, mas que costuma ser premiado por um resultado mais duro e tardio do que queríamos, mas maior e mais profundo do que esperávamos ou imaginávamos. Continuar lendo

O TRADICIONALISMO “RECONHECIDO”: O FALSO DILEMA DA OBEDIÊNCIA

Obediência

Fonte: Courrier de Rome nº 679 – Tradução: Dominus Est

Pelo Pe. Jean-Michel -Gleize, FSSPX

Nota do Blog: O Pe. Gleize, um dos principais teólogos da FSSPX, está há mais de um ano em franco debate na França com os Institutos Ecclesia Dei, e os textos desse debate têm sido publicados no jornal Courrier de Rome. A série de três textos que publicaremos a partir de hoje é uma dessas intervenções. Embora praticamente inexista a Fraternidade São Pedro aqui no Brasil, os argumentos lá usados contra a FSSPX são bem parecidos com os que conservadores/continuistas usam por aqui, por isso reaproveitamo-nos. 

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1. “É possível ser sedevacantista sem declarar?” Esse é o título do artigo publicado pelo Pe. Hilaire Vernier, na página de 5 de maio do site “Claves” da Fraternidade São Pedro (1). O autor desta prosa indica sua intenção nestes termos: “O artigo a seguir pretende ser uma resposta aos artigos “Cismáticos e heréticos?” e “Tradivacantistas?“, publicados pelo padre Jean-Michel Gleize (Courrier de Rome n° 674 de abril de 2024, republicado em laportelatine.org), teólogo da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), em resposta aos nossos dois artigos publicados no Claves.org em julho de 2023, intitulados “Uma Igreja sem papa?””.

2. Eis, portanto, a nossa “resposta à resposta“. A presente edição do Courrier de Rome pretende responder ao artigo supracitado. Reservamos às próximas edições a oportunidade de responder aos outros dois artigos: “É possível ser prudentemente ecclesiovacantista“, (1/2) (2) e (2/2) (3)”, nos quais o Pe. Vernier pretende desenvolver ao extremo sua resposta.

Um Falso Dilema

3. De acordo com ele, o ponto central do debate estaria na seguinte questão: “É possível apropriar-se habitualmente do poder jurisdicional da Igreja (detido pelo Papa e principalmente pelos bispos diocesanos unidos a ele) e concedê-lo a si mesmo com base em uma crise provocada pela hierarquia eclesiástica?”. Daí adviria o dilema. Se a resposta for sim, a Fraternidade São Pio X (FSSPX) entra em contradição, do ponto de vista dos princípios dogmáticos que supostamente ditam sua prudência, com os dados revelados da eclesiologia católica. Se a resposta for não, as decisões de sua prudência estão em contradição com seus próprios princípios dogmáticos. Tal dilema só pode surgir de uma questão mal formulada, e é por isso que as orientações seguidas pela prudência da FSSPX, se as examinarmos pelo que realmente são, e estabelecendo a questão como convém, escapam dela sem dificuldade. É possível verificá-lo através dos quatro pontos a seguir. Continuar lendo