A IGREJA E SEUS INIMIGOS

Gustavo Corção, Marta Braga (org) - CultorDeLivros

Gustavo Corção

Uma das características da camada exterior que desfigura a Igreja em nossos dias, e que se propõe ao mundo como figura verdadeira, modernizada, da Igreja de Cristo, é o impudente exibicionismo que faz dessa falsa Igreja uma “notícia” e quase sempre um escândalo; outro traço não menos deplorável da dita camada exterior é a incontinência verbal, é a tagarelice que se manifesta todos os dias em pronunciamentos, notícias, protestos; o terceiro traço desse make-up que desfigura a Igreja de Cristo é a infinita multiplicação de grupos quase microscópicos que falam engrossando a voz, num plural majestático, como faz agora a subentidade CIEC surgida em São Paulo nas chocadeiras da arquidiocese.

Nós, que conhecemos a Igreja sem essa hedionda desfiguração, que a conhecemos no tempo em que se podiam bem discernir as lições da Mãe e Mestra, mestra do valor da Palavra e mestra do valor do Silêncio, dificilmente podemos suportar sem gemidos de dor ou sem gritos de cólera o que fazem hoje os inimigos da Igreja, ou os amigos desses inimigos.

Não suponha o leitor que eu esteja aqui, romanticamente, imaginando alguma época em que a Igreja aparecia a nossos olhos transfigurada como um dia com a graça de Deus a veremos na Pátria verdadeira. Não julgue o leitor que eu ignore tão completamente não apenas a história da Igreja como também o mistério de sua paixão, e o mistério de nossa mediocridade que não deixa ver, senão na obscuridade da fé, o brilho de sua santidade interior. Nossa Mãe, nos mais gloriosos dias, teve sempre seu mato manchado por nossas faltas, e até rasgado pelas urzes dos caminhos que andou trilhando e por onde correu atrás das ovelhas tresmalhadas, sempre foi Rainha andrajosa por ser Pastora diligente, Mãe eternamente moça e eternamente afatigada. Continuar lendo

APRENDENDO A DIZER OBRIGADO

Irmãs da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

Jeremias desembrulha o presente de aniversário, olha para a história em quadrinhos que ganhou: “Ah! Essa já tenho…” Larga o pacote ao lado, enquanto seus pais, levemente ofendidos, não ousam dizer nada: “Ele ao menos poderia ter dito obrigado…”

É Natal, mas o Sr.e a Sra. Durand estão sozinhos: as crianças cresceram, foram embora. O dia passa sem que nenhuma delas pense em ligar, ainda que para desejar um rápido feliz Natal. “Pelo menos poderiam ter pensado na sua mãe”, resmunga o Sr. Durand.

Esses dois exemplos (imaginários?) mostram que a gratidão mais elementar não é mais natural para nós desde o pecado original. Três obstáculos se juntam para isso.

O primeiro é o orgulho. Se devemos ser gratos, é por um serviço recebido, e recebido muitas vezes porque não conseguimos prestá-lo a nós mesmos: há uma inferioridade que estamos relutantes em reconhecer. Aqui somos constituídos devedores, dependentes dos outros, e nossa autoestima dá um passo atrás. Essa é a razão pela qual algumas crianças sentem embaraço e teimosamente se recusam a pronunciar educadamente o ‘muito obrigado’ que a mãe pede. O que fazer? Armar-se de paciência e coragem para não ceder: mamãe não vai soltar o prato da Paulinha que acabou de servir até ouvir o devido agradecimento. Continuar lendo

ESTO VIR!

Salão dos Heróis: Classe de RPG 1.2 - Cruzado ou CavaleiroTemplário

D. Tissier de Mallerais

Após definir a fortaleza e mostrar em que consiste a disciplina, tratarei do papel da educação na aquisição dessas virtudes segundo Dom Lefebvre. Irei também considerar os defeitos e as virtudes ligadas à fortaleza e à disciplina. Isso nos fornecerá diretivas práticas segundo o modelo de um homem exemplar.

Definições de fortaleza

Disciplina é o controle de si, a ordem interior da alma e do corpo, que é a fonte da ordem exterior das coisas e dos homens. É fruto do dom de sabedoria (ordenar é próprio do sábio) e do dom de fortaleza (“sou mestre de mim mesmo e do universo”, são as palavras que o dramaturgo Corneille põe na boca do Imperador Augusto).

Fortaleza, ou coragem, é uma das virtudes cardeais; é assistida pelo dom de fortaleza, um dos sete dons do Espírito Santo. O seu objeto é dominar o temor a fim de obter o bem difícil, seja na ordem temporal, como uma grande obra, uma vitória militar, ou na ordem espiritual, como a santidade e a salvação eterna.

O papel da educação e da escola na aquisição dessas virtudes

Essas virtudes e esses dons do Espírito Santo devem ser postos em prática desde a primeira infância, em casa ou na escola, para que sejam adquiridos de maneira estável.

O Marechal Foch, comandante supremo das forças aliadas na Primeira Guerra Mundial, via no infatigável trabalho do jovem a fonte do controle de si e da confiança, sobretudo na arte militar, que ele mesmo aprendeu na escola em Metz. Continuar lendo

LANÇAMENTO DA REVISTA INFANTO-JUVENIL “A TRILHA”

Imaginem uma floresta com todas as aventuras possíveis e imagináveis que ali se escondem. Daí a imaginar a Trilha do conhecimento e da leitura foi só um pulo, foi só um sonho….”

A Revista “A Trilha” é uma publicação mensal da Editoria Permanência destinada ao público infanto-juvenil, ilustrada, com design atrativo para as crianças. Nela vocês encontrarão textos ricos para a formação moral e intelectual dos nossos pequenos leitores, além de jogos e passatempos interessantes para todas as idades. Os textos podem ser lidos para crianças que ainda não leem, mas são próprios para as crianças lerem sozinhas nos primeiros anos após a alfabetização. Agradam também os maiores, de até 12 anos ou mais.

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ESPERAMOS MUITO DE NOSSO DIRETOR ESPIRITUAL, MAS O QUE DEVEMOS FAZER PARA COLHERMOS OS BENEFÍCIOS ESPIRITUAIS DE SUA DIREÇÃO?

A direção espiritual

Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

A primeira e mais importante obrigação do dirigido é total sinceridade e transparência do coração, porque, sem isso, é completamente impossível que a direção produza frutos. O diretor precisa saber tudo: tentações, fraquezas, propósitos, boas e más inclinações, dificuldades e estímulos, triunfos e derrotas, esperanças e ilusões – tudo deve ser revelado com humildade e simplicidade. Alguns autores espirituais até recomendam que se revele a falta de confiança que se pode estar começando a ter em relação ao diretor.

É errado – e inútil para fins espirituais – revelar apenas coisas boas ou menos más, revelando nossas maiores misérias e pecados apenas a outro Padre. Sem sinceridade e abertura, seria melhor abandonar uma direção espiritual que, nesse caso, será pura e simples hipocrisia, enganação e desperdício de tempo.

Porém, não é necessário exagerar. Tudo que é importante para a vida espiritual deve ser revelado com total sinceridade ao diretor; mas seria um exagero evidente dar-lhe contas até dos menores detalhes da vida íntima da pessoa dirigida. Muitas coisas de menor importância podem e devem ser resolvidas pelo dirigido. Continuar lendo

COMO DEVEMOS NOS ABANDONAR À PROVIDÊNCIA

Resultado de imagem para ajoelhado igreja"Reginald Garrigou-Lagrange, O. P.

Em outro momento, disséramos porque devíamos nos confiar e abandonar à Providência: por causa de sua sabedoria e bondade, temos de sempre nos dirigir a ela, de corpo e alma, sob a condição do cumprimento do deveres cotidianos e da lembrança de que, se permanecermos fiéis nas pequenas coisas, obteremos a graça para o sermos nas grandes.

Vejamos agora como devemos nos confiar e abandonar à Providência, segundo a natureza dos acontecimentos que dependem ou não da vontade humana, do espírito desse abandono e das virtudes em que se deve inspirar.

DOS DIFERENTES MODOS DE SE ABANDONAR À PROVIDÊNCIA SEGUNDO A NATUREZA DOS ACONTECIMENTOS(1)

Para entender esta doutrina da santa indiferença, convém notar, como amiúde o fazem os autores espirituais2, que o abandono não se deve exercer do mesmo modo em face dos acontecimentos que não dependem da vontade humana, das injustiças dos homens e das faltas e suas conseqüências.

Caso sejam fatos que não dependam da vontade humana, como acidentes de impossível previsão, doenças incuráveis, o abandono nunca seria demais. Seria inútil a resistência, e só serviria para nos infelicitar; por sua vez, a aceitação em espírito de fé, confiança e amor conferirá grandes méritos a esses sofrimentos inevitáveis3

Em circunstâncias dolorosas, cada vez que se diga fiat, haverá novos méritos; a verdadeira provação tornar-se-á santificante. Mais ainda, no abandono lucraremos as provações possíveis, que talvez não se abatam sobre nós, como lucrou Abraão ao se preparar com perfeito abandono para a imolação do filho, a qual o Senhor depois não mais exigiu. A prática do abandono modifica as provações atuais ou futuras em meios de santificação, e tanto mais quanto for tal prática inspirada por um imenso amor a Deus. Continuar lendo

14 DE SETEMBRO – EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

Está página é extraída do Boletim de Nossa Senhora da santa Esperança, de Março de 1903 (reeditada em Le Sel de la Terre, no. 44, consagrado ao Pe. Emmanuel-André). O Padre Emmanuel pronunciou o seu último sermão na festa da Exaltação da Santa Cruz, no Domingo, 14 de Setembro de 1902, seis meses antes de morrer. Trata do espírito da Cruz, que é “a participação do próprio espírito de Nosso Senhor, levando a Cruz, pregado à Cruz e morrendo na Cruz”. 

Páscoa é época de renovação. Veja como alguns países celebram a data | UNG

O ESPÍRITO DA CRUZ

O último sermão do Padre Emmanuel

Irmãos, há muito tempo que não me vedes aqui; não venho aqui com frequência.

Vou falar-vos de uma coisa da qual nunca falei, nem aqui, nem algures. E essa coisa desejo-a a todos; sei bem que o meu desejo não chegará a todos. Vou falar-vos do espírito da Cruz.

Quando o Bom Deus cria um corpo humano, dá-lhe uma alma, é um espírito humano; quando o Bom Deus dá a uma alma a graça do batismo, ela tem o espírito Cristão.

O espírito da Cruz é uma graça de Deus. Há a graça que faz apóstolos, e assim por diante. O que é o espírito da Cruz?

O espírito da Cruz é uma participação do próprio espírito de Nosso Senhor levando a Sua Cruz, pregado à Cruz, morrendo na Cruz. Nosso Senhor amava a Sua Cruz, desejava-a. Que pensava Ele levando a Sua Cruz, morrendo na Cruz? Há aí grandes mistérios: quando se tem o espírito da Cruz, entra-se na inteligência destes mistérios. Existem poucos Cristãos com o espírito da Cruz, vêm-se as coisas de modo diferente do comum dos homens. Continuar lendo

A GUERRA FÚTIL DA “OUTRA” CONTRA O CATOLICISMO

Espanha e Portugal

Robert Morrison

Como vários católicos atentos observaram, o Motu Proprio Traditionis Custodes, de Francisco, encerrou abruptamente a confusa campanha da “hermenêutica da continuidade”, que tinha por objetivo convencer o mundo de que, apesar de tudo o que transparecia, as reformas do Vaticano II estavam em continuidade com a religião Católica de sempre. Como deixa claro a carta que acompanha Traditionis Custodes, é necessário escolher entre as crenças e práticas que os católicos mantiveram por quase dois mil anos e aquelas que decorreram do Vaticano II. Ora, se fossem as mesmas, por que seria necessário escolher entre elas?

Ao passo que a tentativa de eliminar a ruptura entre o Catolicismo e a religião animada pelo Vaticano II (a Outra[1]) tenha sido sempre irremediavelmente frustrante e fútil, avaliar as diferenças entre as duas religiões é, em comparação, simples e iluminador. Para esse fim, vale considerar: o papel da Outra na guerra movida por Satanás; como e por que as duas religiões são diferentes; o propósito da nova religião; por que o Catolicismo é a única religião rejeitada pela Outra; e, finalmente, quão incoerente é a Outra.

O papel da Outra na guerra movida por Satanás

Poderíamos nos ver tentados a considerar a situação atual da Igreja como uma refutação de sua indefectibilidade. De fato, muitos abandonam a Fé porque acreditam erroneamente que a Igreja foi derrotada. Todavia, Deus tem nos dado razões abundantes para nos mantermos firmes na Fé, mesmo se parece que os inimigos triunfaram: temos a promessa de Nosso Senhor de que as portas do inferno não prevalecerão (Mt 16, 18), e dois mil anos de história onde vemos a Igreja resistir a assaltos aparentemente insuportáveis.

Além disso, há importantes aparições da Santíssima Virgem Maria trazendo avisos proféticos sobre a infiltração na Igreja. No início do século XVII, María del Buen Suceso de La Purificación (comumente conhecida como Nossa Senhora do Bonsucesso) apareceu à Venerável Madre Mariana de Jesus Torres, uma freira de clausura do Convento Real da Imaculada Conceição em Quito, Equador. Sua mensagem a respeito de eventos que ocorreriam no século XX é de particular interesse para os católicos de hoje: Continuar lendo

UM ATO BOM

Gustavo Corção - Edições Cristo Rei – Edição e Publicação de Obras Católicas

Gustavo Corção

Se nós tivéssemos de discutir com o Senhor a salvação de nossa cidade, como se vê no capítulo dezoito do Gênese que Abraão o fez para a defesa de Sodoma, deveríamos deter o regateio da misericórdia na condicional existência de uns quinhentos justos. Se Sodoma precisava de dez, nossa gloriosa e populosa cidade precisará cinquenta vezes mais. Digamos quinhentos.

Tomando o termo no sentido sobrenatural, como convém às passagens da Sagrada Escritura, e procurando-os entre os pobres, os oprimidos, as criadas de servir, os religiosos, os simples, facilmente apresentaríamos a Deus, creio eu, os quinhentos ou mais justos que obscuramente, na invisível comunhão, afastam de nós o fogo dos céus. Mas se transpusermos o problema da ordem sagrada para a profana, e se quisermos achar quinhentos homens de bem entre os que visível e oficialmente respondem pelas vigas das instituições e pelo arcabouço temporal da República, então veremos, com profunda apreensão, que nem a décima parte conseguiríamos reunir. Homens bons, graças a Deus, conheço muitos; mas homens públicos honestos, creio que não conheço cinquenta. Conhecerei quarenta? Trinta? Vinte? Ah! Se tivesse a certeza de poder contar dez!

Antes de continuar devo definir o que entendo por honesto e o que entendo por homem público honesto. O termo honesto, no tempo de Cícero, tinha uma austera significação que se estendia por toda a ordem moral. “Ita fit, ut, quod bonum sit, id etiam honestum sit”. Das letras clássicas o termo ingressou no vocabulário da filosofia escolástica para significar aquilo que é moralmente bom e que se distingue do bom deleitoso e do útil. Com o advento da moral burguesa, que sabidamente é uma regra de exterioridades, o termo entrou na linguagem comum com uma significação diferente. Ou melhor, com duas significações. Para homens: honesto é o que não tira o dinheiro do bolso do outro diretamente com a mão; e o que não se descuida de pagar suas contas em dia certo. Para Senhoras: honesta é a excelentíssima senhora que não dorme com homem que não seja o seu marido. Note, porém, o leitor, que o homem, nessa nova acepção do termo, pode dormir com uma senhora, que não seja exatamente aquela a que o ligaram os doces laços do himeneu, sem deixar de ser honesto. E a senhora pode enganar a cozinheira na conta dos dias, sem se tornar desonesta. Continuar lendo

HÁ HOJE UMA CRISE NA IGREJA

Pe. Mathias Gaudron, FSSPX

  1. HÁ HOJE UMA CRISE NA IGREJA? 

Seria preciso cobrir os olhos para não ver que a Igreja Católica sofre uma grave crise. Esperava-se, nos anos 1960, na época do Concílio Vaticano II, uma nova primavera para a Igreja, mas o que aconteceu foi o contrário. Milhares de padres abandonaram seu sacerdócio; milhares de religiosos e de religiosas retornaram à vida secular. Na Europa e na América do Norte, as vocações se tornam raras, e não se pode nem mais computar o número de seminários, conventos e casas religiosas que tiveram que fechar. Muitas paróquias permanecem sem padre, e as congregações religiosas devem abandonar escolas, hospitais e asilos para idosos. “Por alguma fissura, a fumaça de Satanás entrou no Templo de Deus” – essa era a queixa do Papa Paulo VI, em 29 de junho de 1972 (1).

Sabe-se quantos padres abandonaram o sacerdócio nos anos 1960? 

No conjunto da Igreja, entre 1962 e 1972, 21.320 padres foram reduzidos ao estado leigo. Não estão incluídos nesse número aqueles que negligenciaram pedir uma redução oficial ao estado leigo. Entre 1967 e 1974, trinta a quarenta mil padres teriam abandonado sua vocação. Esses fatos catastróficos podem, com algum esforço, ser comparados aos acontecimentos que acompanharam a auto-intitulada “Reforma” protestante do século XVI. 

Há um desastre análogo nas congregações religiosas? 

Quebec, província francófona do Canadá, era, no início dos anos 1960, a região que contava, proporcionalmente, com mais religiosas no mundo. O Cardeal Ratzinger conta, enfatizando que é só um exemplo: 

“Entre 1961 e 1981, por causa das saídas, dos falecimentos e da paralisação do recrutamento, o número de religiosas passou de 46.933 para 26.294. Uma queda de 44%, que parece impossível de conter. As novas vocações, com efeito, diminuíram, durante o mesmo período, ao menos 98,5%. Verifica-se então que uma boa parte dos 1,5% restantes é constituída por “vocações tardias”, e não por jovens, a ponto de as simples previsões permitirem a todos os sociólogos estar de acordo sobre esta conclusão brutal, porém objetiva: em breve (salvo reversão de tendência muito improvável, ao menos ao olhar humano), a vida religiosa feminina tal como conhecemos não será mais que um suvenir do Canadá.”(2)

A situação não melhora hoje, e não se poderia considerar que a crise agora ficou para trás? 

Havia na França, nos anos 1950, por volta de mil ordenações sacerdotais por ano. Desde os anos 1990, não há mais de cem por ano. Havia 41 mil padres diocesanos na França em 1965. Não havia mais que 16.859 em 2004, e a maioria tem mais de 60 anos. O número de religiosos no mundo continua a diminuir(3).  Continuar lendo

A RESTAURAÇÃO DA TRADIÇÃO MUSICAL

Keep Sacred Music Sacred

Pe. Hervé de la Tour, FSSPX

Os momentos mais marcantes da nossa viagem de junho para Winona, à parte as ordenações, foram as reuniões noturnas ao redor das fogueiras no acampamento. As famílias se reuniram para cantar e tocar canções. Os jovens gostam das antigas baladas, que se tornaram clássicos, pois perduraram por gerações, tendo incorporado sentimentos pátrios, familiares e religiosos. Estas canções são parte de nossa cultura: músicas irlandesas e escocesas, cantos da Guerra Civil, canções caipiras, etc. Um dos livros musicais utilizados nos saraus traz o seguinte prefácio:

“’Só o amante canta’. Quão profundas são estas palavras de Santo Agostinho! Porque a canção é o casamento entre a poesia e a música e, como em qualquer casamento, tem por motivo o amor. Quer se cante a Deus, ao amado, ou até à pátria, canta-se por amor. O canto às vezes manifesta alegria, às vezes tristeza, mas sempre é uma manifestação de amor. Quem canta vai além do comum, pois deseja expressar algo que não se poderia expressar de outro modo. Assim como o pintor não só desenha alguma coisa, mas a pinta, o cantor não só diz algo, mas o canta.”

“Só o amante canta. Eis a razão por que o canto é tão natural para o católico. A vida católica é uma vida de amor, porque é uma vida de sacrifício. Daí todas as culturas da Europa Católica possuírem (além do sublime canto litúrgico) sua própria música folclórica, com belas canções e danças. Hoje, porém, não mais se canta. À medida que a cultura se torna cada vez menos católica, a verdade descamba e, juntamente com ela, a excelência, a beleza e, é claro, a caridade. Quando o homem se esquece de Deus, só lembra-se de si mesmo. Um homem egoísta não sabe amar, portanto, não é capaz de cantar.” Continuar lendo

DIVAGAÇÕES A RESPEITO DOS JOVENS

Jovens | DOMINUS EST

Gustavo Corção

Modéstia à parte, tenho sido ultimamente entrevistado, mas permanece inevitavelmente a mesma indagação fundamental: o que penso eu da juventude. Ora, devo confessar que não penso absolutamente nada da juventude. Por mais que me esforce e que esmiúce a pergunta, por mais que analise os conceitos envolvidos no inquérito, só consigo pensar que a juventude é a juventude. Que outro juízo esperam os colegas de mim? Não consigo, sinceramente, descobrir nenhum predicado que convenha a todos os jovens, a não ser a própria juventude. O jovem é jovem, eis aí o pensamento profundo atual, avançado, audacioso, que ofereço a todos os jornais e revistas. E desde já lanço o repto: a quem me provar que o jovem não é jovem entregarei minha casa e meus livros.

Outro dia, entretanto, ouvi alguém dizer, aliás pela milésima vez, que o “jovem é autêntico”, e que o jovem, pelo fato de ser jovem, sofre a pressão ou a colisão das inautenticidades dos velhos. O que quererá dizer isto? Receio que o pressuposto de tal afirmação, se algum existe, é o de só existir, em toda a vida humana, uma estreita faixa etária, como diria o Dr. Alceu Amoroso Lima, em que o mísero bípede implume se encontra consigo mesmo. Eu poderia invocar a longa experiência de vida e contestar o fenômeno. Sim, posso assegurar que já encontrei muitos jovens com todas as características do canalhismo; e até poderia acrescentar, com robusta convicção, que essa peculiaridade da alma humana está equitativamente distribuída por todas as idades.

Lembro-me por exemplo dos moços da extinta UNE, ou entidade máxima estudantil: quase todos os dirigentes que conheci eram canalhas e demonstraram uma virtuosidade capaz de causar inveja a um velho crápula aposentado. Por dois desses fui enrolado apesar de toda a experiência da vida de que me gabei pouco atrás. Mas talvez esteja enganado: os sagazes observadores da eclesialização do mundo ou da secularização da Igreja, e sobretudo os sociólogos dessa índole dirão que observei mal e que confundi canalhismo com atitudes de protesto. Os jovens que praticam atos de canalhice, segundo os padrões tradicionais, não são canalhas porque são jovens e não são canalhas porque estão apenas replicando à deixa da falida geração que só legou taras e misérias. Sim. Um dos postulados que parece presente na base de tudo o que se diz hoje dos jovens é o da total falência do mundo anterior. E aí temos um estranho conflito e até se duvidarem uma estranha revolta: a de um ente de razão contra outro ente de razão, a de um ser abstrato contra outro ser abstrato. Continuar lendo

OS CATÓLICOS INVENTARAM A CIÊNCIA

Pe. Paul Robinson, FSSPX

“Eu arguo não apenas que não há inerente conflito entre religião e ciência, como também que a teologia católica foi essencial para a promoção desta. Na demonstração dessa tese eu primeiro resumi muito dos recentes trabalhos históricos que mostram que a religião não causou a “Era das Trevas” – O conto de que após a queda de Roma uma longa noite de ignorância e superstição teria se estabelecido sobre a Europa. De fato, a Idade Média, foi uma era de profundo e rápido progresso tecnológico no final da qual a Europa ultrapassou o resto do mundo. Além disso, a chamada Revolução Científica do século XVI foi o resultado dos desenvolvimentos iniciados pelos escolásticos no século XI. Portanto, minha atenção inclinou-se para o porquê de os escolásticos interessarem-se pela ciência. Por que a desenvolveram na Europa durante esse período? Por que não desenvolveram outra coisa? Eu achei as respostas a estes questionamentos nas características sem iguais da teologia católica.”   

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Estas não são palavras de um católico, não são palavras de um “lobista” da religião. Ao contrário, elas vêm da boca do sociólogo e historiador Rodney Stark, e elas aparecem em um livro que escreveu para a editora da Universidade de Princeton1. Além disso, ele ressalta que “foi o cristianismo e não o protestantismo que sustentou a ascensão da ciência”; e que “alguns de meus argumentos centrais já se tornaram convencionais entre os historiadores da ciência.”

Neste artigo, vamos defender as afirmações de Stark explicando, primeiramente, o que era necessário para a ascensão da ciência, em seguida, porque esta ascensão não aconteceu antes da Idade Média e por fim, porque a teologia católica deu origem a ciência.

As demandas da ciência

A ciência, como conhecemos hoje, possui um específico método para investigação da realidade que envolve conduzir experimentos na natureza, medindo e quantificando os resultados, formulando teorias sobre suas leis baseadas nessas medições. A razão pela qual podemos falar de “nascimento da ciência” é que esse método não existiu durante a maior parte da história do mundo. Durante esse tempo, ninguém viu a necessidade de escrutinar a matéria de perto e ninguém viu o quão útil a medição e a matemática podiam ser para a compreensão do tecido do mundo cósmico. Desde que o método científico foi inventado, pelos escolásticos medievais católicos, quase todos clérigos, foi empregado com retumbante sucesso para o avanço do conhecimento humano.
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NÃO SE ADAPTAR, EIS A DIVISA DAS ALMAS FORTES

forte

Pe. Xavier Beauvais – FSSPX

Há em nossos tempos um demônio que nos interessa e que temos o máximo interesse em combater: o demônio mudo, o respeito humano. Como podemos defini-lo?

Dá-se o respeito humano quando um indivíduo, numa ação ou omissão, ao invés de expressar concretamente a sua personalidade e tudo o que ela comporta de idéias, crenças, afeições e sentimentos, leva em consideração a mentalidade dos que o rodeiam e adapta a sua atitude pessoal a ela, de modo a evitar o disse-me-disse, o deboche, os gracejos e críticas de todo tipo. Numa palavra, é culpado de respeito humano quem respeita os homens mais do que a Deus, quem respeita o sentimento geral mais do que a verdade, quem respeita a moda mais do que a moral. Não se pode tornar-se mais escravo, não se pode rebaixar-se mais, nem se tornar mais abjeto e, no fundo, lastimável, do que respeitando tais coisas mais do que a Deus, a verdade e a moral.

É preciso ser de seu tempo, dirão alguns. Não é essa uma maneira bastante hipócrita de se esconder um profundo respeito humano? Seria preciso citar sobre esse tema páginas inteiras de Abel Bonnard(1):

“Os imbecis jactam-se de serem do seu próprio tempo: isto prova que são dele. A verdade é que escapamos à nossa época à medida que desenvolvemos a nossa pessoa. É isto que torna tão cômicos os que, briosos, nos anunciam que são do seu tempo, que o querem ser; isso significa que se atam a si mesmos no fio do telefone, que se fazem servos das máquinas que deveriam servi-los, que vivem segundo um ritmo que lhes é imposto. Orgulham-se de fazer o que se faz, de correr aonde se corre, de comprar o que se vende, de pensar o que se diz, de se vestir segundo a moda do tempo; não se poderia proclamar com maior glória a própria inexistência. Não se adaptar, eis aqui, segundo penso, a verdadeira divisa das almas fortes. Os seres fortes não se adaptam, eles se afirmam.” Continuar lendo

A MISSA É UM FREIO AO GLOBALISMO

Espanha e Portugal

Pe. Xavier Beauvais, FSSPX

Durante este encarceramento a que estamos em vias de nos submeter, vimos surgir um grande furor contra a Missa nas nossas capelas e igrejas.

É certo que, golpeando-se a Missa, a Igreja é enfraquecida. Nós já o vimos em 1969, com o novo rito de Paulo VI. Para que a Igreja vacile no tocante ao dogma e à disciplina, é preciso combater a Missa. Esse era (e ainda é) um dos melhores meios de evacuar e substituir, pouco a pouco, a moral católica, os usos e costumes da catolicidade.

O governo francês atual sabe muito bem disso quando nos impede de celebrar a Missa.

Sabemos que o alinhamento dos costumes de todo o mundo à ética maçônica está o coração do globalismo em marcha. Todo freio – e a Missa é um freio – todo obstáculo a esse projeto deve ser tiranicamente suprimido. O principal adversário do globalismo é a renovação do Sacrifício da Cruz, pois sabemos que a Missa é o remédio individual, social e político ao vírus e aos males dos tempos modernos.

Em face da liberdade desenfreada, ela clama ao dom de si.

Em face da igualdade absoluta, apela ao senso de hierarquia.

Em face da fraternidade fundada sobre o homem, lembra da caridade, ou seja, do amor na verdade que os homens devem uns aos outros, em nome de Deus.

Toda a ordem da civilização repousa sobre o altar, eis o porquê de ser preciso lutar sem cessar pelo tesouro oferecido por Nosso Senhor e gritar: “Devolvam-nos a Missa”.

É justamente nesse espírito que o Pe. Davide Pagliarani, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, lançou no dia 21 de novembro um apelo enérgico a uma Cruzada de Orações até a Quinta-Feira Santa, 1º. de abril de 2021. Continuar lendo

QUANDO OS INIMIGOS SE TORNAM AMIGOS

Abbé Philippe Toulza • La Porte Latine

Pe. Philippe Toulza, FSSPX

Como explicar o declínio da evangelização na Europa? A rigor, a resposta a essa pergunta é que qualquer decréscimo no Cristianismo tem como sua causa, ao menos na porção adulta que afeta, uma falta de cooperação com a ação de Deus. De fato, a graça nunca falta; se a evangelização não se consuma, então isso se dá porque o homem, a quem ela está destinada, apresentou um obstáculo a ela. A descristianização ocorre quando, em um grupo humano, uma proporção crescente de almas não mais adere à fé ou, embora se mantendo católica, negligencia seu progresso em direção a Deus ou mesmo abandona a fé (ou a vida católica). Durante o iluminismo, o filósofo Julien de la Mettrie (1709-1751) foi um desses casos; ele nasceu em uma família católica na Bretanha, e seu pai achava que ele poderia ser um Padre. Ele preferiu dedicar-se ao estudo da medicina, o que o levou ao materialismo, ao ateísmo e ao libertinismo; ele espalhou essas convicções em seus escritos e entrou para a história como um exemplo lamentável de secularização. Aqueles responsáveis pela descristianização são, portanto, homens como ele e outros que rejeitam, em maior ou menor grau, para si mesmos ou para aqueles sob seus auspícios conforme o caso, as exigências do Reinado de Cristo.

Essa explicação põe a culpa em várias portas de entrada e, portanto, não é muito específica. Por essa razão, muitos preferem explicar essa descristianização não pelas suas verdadeiras causas, que devem ser buscadas nas almas, mas por aquilo que incita as almas a se afastarem de Cristo. Algumas dessas causas começaram a agir em Pentecostes: o demônio e o mundo. Outras causas estão mais intimamente conectadas a circunstâncias específicas, e são essas causas que nos interessam: quais delas levaram à secularização da Europa?

O pensamento moderno

Uma realidade tão complexa quanto a descristianização e realizada em um continente inteiro ao longo de vários séculos, necessariamente, é resultado de diversas causas: a perda das raízes [de um povo] devido à industrialização, a subversão das sociedades intelectuais, o apoio eclesiástico à escravidão, o avanço do hedonismo, etc. E alguns fatores trabalharam no sentido de promover outros fatores. Porém, o consenso geral é que a principal causa da descristianização é a modernidade. A começar com o Renascimento, a Europa pensou que estava redescobrindo a grandeza da natureza humana que o teocentrismo medieval, supostamente, havia escondido. Havia dúvida quanto a se a raça humana realmente tinha o pecado original e se o homem realmente precisava bater no próprio peito. Então, com o ímpeto da reforma protestante, toda autoridade religiosa parecia perigosa à liberdade; seguindo Rousseau e, após, Kant, a Europa divinizou a autonomia do homem. Assim como Descartes, no Século XVII, havia recusado argumentos que apelassem à autoridade na Filosofia, os pensadores modernos questionaram o dogma; eles não tinham mais a fé da mãe de Villon. No fim, levantes políticos como aqueles de 1789 desafiaram as instituições. Pedia-se liberdade de expressão do pensamento. A aliança entre o trono e o altar era denunciada. Padres eram suspeitos de serem gananciosos e o jugo da moralidade foi jogado fora; o ódio de Voltaire se espalhava. A diversidade religiosa, mesmo aquela entre católicos e protestantes, tornou-se um pretexto para rejeitar a autoridade dos Padres; havia tantas religiões na terra… o fato do Catolicismo ser a religião de nossos pais bastava para torná-lo mais crível que as outras? Continuar lendo

FORMAÇÃO E DEFORMAÇÃO DO HOMEM

RELIGIÃO E CARÁTER | DOMINUS EST

Dom Lourenço Fleichman

O texto a seguir é a transcrição adaptada e completada de uma conferência pronunciada a um grupo de rapazes católicos, na Capela Nossa Senhora da Conceição, em janeiro de 2012. Foi mantido o estilo coloquial.

Introdução

O meu propósito nesta conferência é tratar um problema muito sério que ocorre na vida de todos, de todas as famílias, de todos os casais. Vocês bem sabem, e não vou entrar neste detalhe, que a sociedade moderna não ataca apenas a religião e a fé, mas perverte também a natureza das coisas. No comportamento dos homens também existem distorções graves, fruto desses duzentos anos de liberalismo e dos quinhentos anos de espírito revolucionário. As transformações foram se fixando e atingiram aspectos essenciais da vida social. Assim, a tese que quero apresentar para vocês é a seguinte: “vocês não são homens”.

Por que posso dizer isso? Porque a atitude geral dos homens casados não é mais uma atitude de homem. E se assim ocorre, se a maioria dos jovens casados ingressa na vida familiar sem uma atitude de homem, é porque não estão sendo formados como homens. Apesar de freqüentarem a Capela, de serem católicos e estudarem o catecismo, vocês respiram esse ambiente cultural decadente. Por isso, preciso alertá-los antes, para que saibam agir como homens agora. Será que as mulheres os aceitarão, quando perceberem que vocês recuperaram a condição e as atitudes próprias dos homens? Talvez não. Será preciso, por outro lado, formar as mulheres, o que é outra tarefa necessária na reeducação da sociedade católica.

O problema não é saber se são homens por terem vida masculina, por usarem calças compridas e agirem exteriormente como homens. Não é a voz grossa ou a força física que falta na nossa sociedade. Eu diria mesmo que quanto menor a atitude essencialmente masculina, mais o homem engrossa a voz e ameaça com os punhos, para tentar impor-se pelo temor. Trata-se de saber o que é ser homem, o que isso significa. O mundo perdeu essa noção, e vocês a perderam juntos.

Paralelamente, o mundo levou a mulher a ocupar o lugar dos homens, a ocupar o vazio deixado pelo homem nos estudos, no trabalho, na prática da autoridade; e isso altera os fundamentos da sociedade. Continuar lendo

NADA SERÁ COMO ANTES – O MUNDO DEPOIS DA COVID – PARTE II

Perguntas e Respostas sobre a Covid-19 | Postal Saúde - Caixa de  Assistência e Saúde dos Empregados dos Correios

Fonte: Permanência

  1. Os efeitos reais do COVID-19

Para não evocar as consequências econômicas que se revelarão no futuro, basta-nos observar as repercussões imediatas das medidas:

– Redução drástica das liberdades: de circulação, de atividade profissional, de cuidados, de educação, encontros públicos e privados, de culto…

– Efeitos sobre as pessoas: efeitos psicológicos observados em consequência do isolamento, do confinamento, do distanciamento: conflitos familiares, dúvidas mórbidas, temor, medo, paralisia e atrofia da personalidade… tanto em adultos como em crianças.

– Efeitos na vida social: divisão entre as pessoas até as raias da denúncia. Um clima de suspeita: o próximo se torna um inimigo temível; cada um se torna um perigo vivo para todos, quer estejamos com boa saúde (incluindo portadores assintomáticos) ou doentes infectados… “Toda pessoa saudável é um doente que se ignora “(Knock, ou o triunfo de medicina, por Jules Romains).

Hoje em dia, a sociedade está dividida em três classes:

– Por um lado, os defensores indiscriminados de máscaras, luvas, viseiras, pulseiras de som, medidas sanitárias de distanciamento, gaiolas de plexiglass, aplicativos de rastreamento, vacina para todos; Continuar lendo

NADA SERÁ COMO ANTES – O MUNDO DEPOIS DA COVID – PARTE I

Perguntas e Respostas sobre a Covid-19 | Postal Saúde - Caixa de  Assistência e Saúde dos Empregados dos Correios

Um mal que espalha terror,

Mal que o Céu em sua fúria

Inventa para punir os crimes da terra,

O COVID (já que deve-se que chamá-lo por seu nome),

Capaz de enriquecer em um dia o Aqueronte,

Faz guerra aos humanos.

Nem todos morrem, mas todos são atingidos …(1)

 Fonte: Permanência

Este último verso prende nossa atenção uma vez que o frisson da morte adquiriu dimensões globais.

A mensagem de alerta internacional de profissionais da área de saúde para governos e cidadãos do mundo lançado pela United Health Professionnals (2), recebe a cada dia novo apoio: “Parem o terror, a loucura, a manipulação, a ditadura, as mentiras e a maior falcatrua sanitária do século XXI”. Em uma escala mais modesta, a Dra. Nicole Delépine, em um recente fórum do France-Soir(3), lançou a questão: Fim de uma epidemia ou de um pânico organizado. Por quê.

Por falta de competência, não nos cabe mais do que uma opinião pessoal. Não podemos nos posicionar sobre assuntos que devem ser reservados a profissionais de verdade, e não a ´cientistas de opereta´, a ilustres anônimos encerrados em um comitê científico ou a profissionais de redes de televisão.

Contudo, o constante assédio da mídia, o zelo frenético das autoridades para intervir, nos conduzem a refletir e tentar entender o que está em jogo nesta agitação planetária (4).

Algumas observações e perguntas

1.1. O Grande espetáculo

Com grande espalhafato de imagens e repercussão televisiva, pudemos assistir os fechamentos de aeroportos, as crônicas do obituário diário, os transportes TGV-COVID, a repetição incessante da mídia sobre a utilidade dos hospitais de campanha ou do plano Branco e Azul, a implementação abortada de drones de vigilância…

1.2. Origem do vírus

Natural ou projetado em laboratório? Este debate sobre a origem do vírus não é sem importância porque é uma fonte de interrogações para a pessoa comum: Se houve manipulação, por qual motivo? mera pesquisa ? objetivo curativo, político? O que é evidente é que o COVID-19 é atualmente objeto de consideração, tanto de autoridades locais como de organismos internacionais, a exemplo do que diz Klaus Schwarb, fundador e presidente executivo da World Fórum Econômico (WEF), mais conhecido como Fórum de Davos (5)“A pandemia apresenta uma oportunidade rara e limitada de repensarreinventar reerguer nosso mundo do zero.” Continuar lendo

“TENHO ORGULHO DE VOCÊ”

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Irmãs da FSSPX

“Senta direito! Guarde os sapatos! Faça menos barulho! Quieto! Você é incorrigível! Vem aqui, agora! Não mexa nisso! Presta atenção!” Uma ladainha assim, de censuras repetidas ao longo do dia pode quebrar até mesmo as vontades mais firmes. Sem dúvida, os pais estão obrigados a advertir, admoestar e castigar os filhos. Mas é também importante encorajá-los — e ainda mais do que censurá-los — e, para isso, é preciso saber elogiar com discernimento. Qual a maneira mais apta de estimulá-los: “Se não me aparecer aqui com nota boa, você me paga!” ou  “Estuda, meu filho, você vai conseguir. Tenho certeza de que não me decepcionará”?

O otimismo é uma grande qualidade do educador. Ele permite enxergar as aptidões da criança (sempre existem algumas), ter esperança no seu progresso apesar das dificuldades, não se desencorajar diante do tamanho da tarefa. O otimismo, por sua vez, faz com que a criança adquira confiança em si mesma, o que é indispensável para toda empreitada.

Alain é bagunceiro: o seu quarto nunca está arrumado, os sapatos sujos estão misturados com o Playmobil. Devemos gritar, chamar-lhe de imprestável, reclamar que já mandamos cinquenta vezes que ele arrume aquela bagunça? Claro que não! Isso só fará enraizar no seu espírito a idéia de que ele não mudará nunca. É preciso de início fixar um objetivo simples, concreto, acessível. O sucesso nesse ponto particular servirá de encorajamento para lhe fazer progredir para uma tarefa mais árdua: “Para aprender a arrumar o seu quarto, você vai começar dobrando suas roupas toda noite.  Não é difícil, você é capaz e eu vou te mostrar como fazer”. Durante um tempo suficientemente longo (um mês, um trimestre…), nós o ajudamos a cumprir essa tarefa, fechando os olhos para o resto, que virá a seu tempo. “Bravo, vejo que você é capaz de ser um rapaz ordeiro, passou uma semana arrumando as roupas sem que eu tivesse de te mandar fazer. Parabéns! Agora que já sabe fazer isso, você vai começar a pôr os cadernos em ordem depois de terminar a lição. Papai vai colocar uma prateleira para que seja mais fácil.” Continuar lendo

O SEPULTAMENTO, UM RITO DESEJADO POR NOSSO SENHOR

Você sabe qual é o significado das exéquias para os cristãos?Pe. Olivier Parent du Châtelet – FSSPX

Atualmente, costuma-se falar em favor da cremação ― ou incineração ― do corpo dos defuntos. Contudo, a Igreja sempre se opôs mui firmemente a essa prática. Por quê? Agora que a Igreja modernista já não é tão firme neste assunto, o que devemos pensar?

A mentalidade da Igreja

Para nós, católicos, o primeiro reflexo deve ser a consulta ao ensinamento e à disciplina da Igreja. Ora, ela se pronunciou com precisão e firmeza sobre esse assunto, o que demonstra que ela atribui a ele uma importância real.

Leão XIII estabeleceu uma lei em 15 de dezembro de 1886: “Se alguém fez um pedido público de cremação e morreu sem se retratar desse ato culpável, é defeso conceder-lhe funeral e enterro eclesiásticos.”

O Código de Direito Canônico de 1917 reproduz essa lei e especifica: “Se alguém prescreveu que seu corpo seja entregue à cremação, não se poderá executar sua vontade. Se ela constar de um contrato, testamento ou qualquer outro ato, deve ser tida por não escrita.” (Cânon 1203, 2).

A cremação é um ato humano e, como todo ato humano, é governada por princípios, segue leis; é uma maneira de tratar o término da vida humana que molda costumes e mentalidades. De fato, há um estreito vínculo entre o culto dos mortos, a maneira de enterrá-los, os ritos funerários, e as idéias filosóficas e religiosas que estão por detrás. Os homens não agiram por acaso, e a história desses ritos, mesmo entre os pagãos, é reveladora. Continuar lendo

ONDE BUSCAREMOS REFÚGIO?

Cresce perseguição aos cristãos no Oriente Médio – Olhares do Mundo

Fonte: Boletim Permanencia

No espaço de menos de 30 dias, lemos novos relatos de ataques bárbaros realizados por muçulmanos na França. Primeiro, um professor foi brutalmente assassinado por ter mostrado aos seus alunos uma caricatura de Maomé; poucas semanas depois, outro ataque ocorreu dentro de uma igreja na cidade de Nice: o ataque levou três fiéis à morte, entre os quais, uma brasileira.

Não foi o primeiro ataque terrorista ocorrido dentro de uma igreja — ainda está fresco na memória de todos o assassinato do Pe. Jacques Hamel, poucos anos atrás. A única novidade aqui foi a crueldade do ato: tanto o professor como uma das vítimas de Nice foram literalmente decapitados pelo muçulmano.

Infelizmente, nada disso servirá para mudar a política europeia de acolhida indiscriminada dos imigrantes, ou o ecumenismo irenista de Roma.

Sobre esse último ponto, convém recordar a carta que um grupo de muçulmanos convertidos ao catolicismo escreveu ao Papa Francisco em 25 de dezembro de 2017, denunciando o equívoco da sua aproximação ao islã.

As palavras desses convertidos são certamente amargas e dolorosas, mas muito verdadeiras: Continuar lendo

IDEOLOGIA DE GÊNERO: MAIS UM PASSO DA REVOLUÇÃO ANTICRISTÃ

Ideologia de Gênero | Cooperadores da Verdade

“A Revolução é o triunfo do esforço de todas as potências tenebrosas que se sucederam no curso dos séculos (…), a coroação do incansável combate que o Inferno não cessou de travar contra a ordem divina, geração pós geração (…) e objetiva quase que exclusivamente a destruição do Cristianismo. Pois bem: o Cristianismo somente se encontra em estado íntegro, vivo e expansivo na Igreja Católica” (Jean Ousset, “Para que Ele reine”)

Pe. Ricardo Olmedo, FSSPX

Introdução

 O tema desta conversa é a descrição de um novo intento e ataque à ordem natural, à civilização cristã e à Igreja.

Por trás desse intento existe um poder oculto, inimigo de Deus, cuja cabeça só pode ser Satanás, que, por meio de organismos internacionais, organizações não governamentais e meios de comunicação de massa, vai impondo ideologias e modos de pensar e falar, em aberta oposição à Igreja Católica, à ordem cristã e natural. Sua meta: a Nova Ordem Mundial, humanista, antropocêntrica, na qual Deus é substituído pelo homem; um pretenso paraíso terrestre, em lugar da vida eterna.

Já faz mais de um século e meio que esse inimigo foi clara e publicamente denunciado pela hierarquia eclesiástica: “A Igreja teve outros inimigos (…); venceu a todos. Hoje, tem de enfrentar a Revolução”. E Monsenhor Gaume a definiu assim:

“Se, arrancando-lhe a máscara, perguntarem-lhe: ‘Quem és tu?’, ela responderá: ‘Não sou o que se imagina. Muitos falam de mim, mas poucos me conhecem. Não sou nem a Carbonária…, nem o motim…, nem a mudança da monarquia em república, nem a substituição de uma dinastia por outra, nem os distúrbios momentâneos da ordem pública. Não sou nem as vociferações dos jacobinos, nem os furores da Montanha, nem o combate de barricadas, nem o saque, nem o incêndio, nem a lei agrária, nem a guilhotina, nem os afogamentos. Não sou nem Marat, nem Robespierre, nem Babeuf, nem Mazzini, nem Kossuth1. Estes homens são meus filhos, não são eu mesma. Estes homens e estas coisas são fatos passageiros; já eu sou um estado permanente. Sou o ódio de toda ordem não estabelecida pelo homem e na qual ele não seja rei e Deus a um só tempo. Sou a proclamação dos direitos do homem sem a preocupação com os direitos de Deus. Sou a fundação do estado religioso e social sobre a vontade do homem em vez da vontade de Deus. Sou Deus destronado e o homem posto em seu lugar (o homem chegando a ser, ele mesmo, a sua finalidade). Eis aqui por que me chamo Revolução, quer dizer, inversão’.”

Nesse plano orgulhoso, blasfemo e diabólico, uma nova inversão vai se impondo com força avassaladora: a ideologia do gênero, aberrante atentado contra a ordem natural. É o que iremos expor com brevidade, propondo ao final algumas idéias para combatê-la. Continuar lendo

EDITORIAL DA REVISTA PERMANENCIA NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SANTA TERESINHA (1973)

História da autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus – Santuário  Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada FaceJulgamos oportuno dedicar um número inteiro de PERMANÊNCIA à memória de Thérèse Martin (2 de janeiro de 1873) que entrou no Carmelo de Lisieux com quinze anos de idade, e pronunciou os santos votos em 8 de setembro de 1890. No mesmo mês recebeu o hábito com o nome de Soeur Thérèse de l’Enfant-Jesus et de la Saint Face. Viveu somente sete anos a vida obscura e silenciosa de uma pequenina religiosa ignorada do mundo, rejeitada pelo mundo, mortificada, morta antes de morrer porque nunca escolheu nada entre os nadas do mundo, tendo escolhido TUDO da Santa Vontade de DEUS. Deixou por obediência um caderno de apontamentos onde registrou os pequeninos passos, ínfimos, quase imperceptíveis, de uma vida exterior insignificante. Esse caderno, depois de sua morte, foi publicado pelas freiras de Lisieux com o título “História de uma Alma”. E aqui começa uma outra história, a desse livro, que pode sem nenhum exagero ser considerada um dos espantosos milagres do século que terminava engalanado, estrepitoso, iluminado para festejar as grandezas de uma civilização desviada de Deus. Misteriosamente, incompreensivelmente, milagrosamente o insignificante livro de uma história insignificante, que facilmente poderia ser afastada como convencional ou como presunçosa, começa a difundir-se, aos milhares, aos milhões, e chega em pouco tempo até os confins do Extremo Oriente. Mas o milagre ainda maior foi o de ter sido compreendido, diríamos quase adivinhado, por carvoeiros, cozinheiros, por padres, por Papas e até por intelectuais. Muitos desses leitores descobriram o segredo profundo de Teresinha, o segredo da santidade, a grandeza da pequenês, a glória da humildade, e todos os demais paradoxos da Cruz, sinal de contradição, de tropeço e de escândalo. O sucesso explosivo, humanamente inexplicável da pequenina carmelita de Lisieux foi uma resposta de Deus ao estardalhaço dos homens.

Nas matinas de Natal a Igreja rezava (ainda reza?) o Salmo II com que a Esposa de Cristo muito visivelmente respondia às insolências do mundo: “Quare fremuerunt gentes: et populi medittati sunt insânia?” E adiante: “Aqueles que habita nos céus se rirá deles”, se rirá dos poderosos que se coligaram contra o Senhor. Continuar lendo

AS GRAÇAS QUE ALCANÇA A PESSOA QUE OUVE A MISSA DEVOTAMENTE

A Fraternidade São Pio X é cismática? - Seminário Nossa Senhora  Corredentora - ARAs graças que alcança a pessoa que ouve a Missa devotamente são estas:

Primeira: Quem celebra a Missa reza especialmente por quem a ouve.

Segunda: Ao ouvir a Missa, gozamos de maravilhosa companhia, porque na Missa está Jesus Cristo, tão precioso como no madeiro da cruz e, por concomitância, está também a divindade, a santíssima Trindade. Ademais, estamos na companhia dos santos anjos. E, segundo escreve um doutor, no lugar onde se celebra o santo sacrifício da Missa, estão muitos santos e santas, conforme aquilo da Escritura: «São virgens que seguem o Cordeiro para onde quer que ele vá» (Ap 14, 4).

Terceira graça que alcança a pessoa que a ouve devotamente: a Missa lhe ajuda nos trabalhos e negócios. Lê-se de um cavaleiro, que tinha o costume de ouvir a Missa tomado de grande devoção, que certa vez saiu do mar com seus companheiros e estava se preparando numa capela para ouvir a Missa. Os companheiros lhe anunciaram que o navio ia dar partida e que se apressasse. O cavaleiro respondeu que primeiro queria ouvir a Missa. Por isso o deixaram e partiram no navio. Depois de ter ouvido a Missa, o cavaleiro dormiu e, quando despertou, encontrou-se em sua própria terra. Depois de muitos dias chegaram os do navio, e se maravilharam ao vê-lo.

E de outros casos se lêem coisas maravilhosas. Ademais, a pessoa que ouve a Missa desgosta muito ao diabo; pois, interrogado certa vez sobre o que era que mais lhe desagradava, respondeu que três coisas: os sermões, ou seja, a palavra de Deus, a Missa e a penitência. Continuar lendo

A USURA É PECADO?

A história da usura e a gênese do sistema bancário moderno ...

Pe. Peter Scott, FSSPX

Usura é a cobrança de juros pelo uso de dinheiro como se ele tivesse algum tipo de poder produtivo por si próprio. São Tomás de Aquino pergunta-se essa pergunta – a saber, a usura é pecado? – na Suma Teológica (II-II, q. 78, art. 1) e responde, categoricamente, de maneira afirmativa. A razão que ele dá para isso é que o dinheiro não é algo que permanece após ser usado (p. ex., uma casa, cujo uso é remunerado quando ela é alugada), mas que é consumido quando é usado (p. ex., comida, cujo uso não tem preço, apenas seu valor de venda). Essas são suas palavras:

Comete injustiça aquele que vende vinho ou trigo e que pede pagamento duplo, isto é, um pelo retorno da coisa vendida em igual medida, o outro pelo preço do uso, que se chama usura… Agora, o dinheiro, conforme o Filósofo, foi inventado principalmente com o propósito de troca; e, consequentemente, o fim principal do dinheiro é seu consumo ou alienação, através do qual ele se converte em troca. Consequentemente, é ilícito em essência receber pagamento pelo uso do dinheiro emprestado, cujo pagamento é conhecido como usura: e, assim como um homem está obrigado a devolver bens adquiridos ilictamente, também está obrigado a devolver o dinheiro que recebeu a título de usura.

Não há dúvida de que a usura é o que movimenta a sociedade capitalista moderna ao longo do seu caminho destrutivo do materialismo, e que isso é responsável por depressões e guerras mundiais. Se, porém, a usura sempre é um pecado mortal, isso não significa que não pode haver um juro justo, desde que ele não seja cobrado pelo valor do dinheiro em si, pois este é um mero meio de troca e não tem nenhum poder produtivo em si mesmo, como o trabalho ou um bem imóvel têm. O Pe. Walter Farrell, O.P., resume essa idéia bem em A Companion to the Summa (III, 239): Continuar lendo

DO CORONAVIRUS AO REINO DE SATANÁS

COVID-19 – Wikipédia, a enciclopédia livre

[Reproduzimos aqui a carta enviada pelo Pe. Laurent, capucinho, aos terciários franciscanos, sobre a questão do coronavirus] 

Fonte: Permanencia

Caros terciários,

Desde a nossa última carta, muita coisa aconteceu. A chegada repentina do coronavírus, as ações tomadas em seguida pelos governos da maioria dos países: levará algum tempo até que se tenha o recuo necessário para uma análise completa da situação. No entanto, desde já, importa considerar tudo de um modo católico, afim de nos portarmos em tudo como filhos de Deus.

Em primeiro lugar, gostaríamos de exprimir nossa compaixão por todas as famílias afetadas pela epidemia. Que Deus conceda descanso eterno a todas as almas que se foram, e que se digne a secar as lágrimas de todos que choram (Is 25, 8). Nossa compaixão também se estende a todos vocês, que foram privados dos sacramentos, especialmente durante a Semana Santa e a Páscoa. Seus padres fizeram o possível para contornar o problema com as medidas toleradas pela lei. Tenham certeza de que continuam rezando especialmente por vocês.

Mas o dever do sacerdote é também, e acima de tudo, o de jogar a luz da fé nessas provações.  Ora, as pragas que nos tocaram são um castigo e visam a nossa conversão. “Minha vontade é a morte do ímpio? diz o Senhor Deus. Não é antes que ele se converta e viva?” (Ez 18, 23).

Uma punição coletiva

Nossos pecados pessoais merecem nosso castigo pessoal, neste mundo ou no outro. Quanto às sociedades, elas não sobreviverão a este mundo. Assim, é a partir desta vida que a justiça divina se exerce contra elas. Deus costuma enviar um castigo coletivo (epidemias, guerras, desastres naturais ou sociais), para que as sociedades ‘entrem em si’ (Lc 15,17) e voltem-se para Ele. Continuar lendo

É PERMITIDO A UM CATÓLICO ESPECULAR NA BOLSA DE VALORES OU NO MERCADO DE CÂMBIO?

O que é a Bolsa de Valores e como operar? - Nelogica

Fonte: Permanencia

A lei natural do direito à propriedade privada traz consigo o direito de comprar e vender, possuir e, conseqüentemente, negociar bens como ações de empresas públicas ou privadas. Esse investimento privado é, de fato, absolutamente essencial para o bem comum, pois sem capital não pode haver produção. O fato de o resultado de tais investimentos ser altamente arriscado não altera a moralidade, desde que um homem não invista os fundos necessários para o sustento de sua família. Tampouco se o ganho de um homem for, paralelamente, a perda de outro, desde que não haja engano, fraude ou que se tire proveito da ignorância dos demais.

Especulação, no entanto, não é a mesma coisa que investimento, mas é a colocação de dinheiro a curto prazo, em ações ou moedas, a fim de obter um ganho rápido com uma venda rápida no momento em que o mercado estiver forte. 

Tal especulação não é contrária à justiça, uma vez que os termos do contrato são mantidos, nem pode ser considerada em si um pecado, uma vez que todos os termos dos vários contratos de compra e venda e os requisitos do direito civil são observados. No entanto, “eles não são moralmente louváveis, a menos que sejam exigidos por alguma necessidade comercial” (Merkelbach, Summa Theologiae Moralis, II, §604).

O princípio é dado pelo Papa Pio XII em uma mensagem de rádio para o mundo inteiro, em 1º de setembro de 1944, na qual ele condena não apenas o comunismo, por sua negação do direito à propriedade privada, mas também “o capitalismo… fundado em uma concepção errônea que arroga para si um direito ilimitado sobre a propriedade fora de toda subordinação ao bem comum”, tendo isso sempre sido condenado pela Igreja “como algo contrário à lei natural”1

O católico de reta consciência deve fazer uso do seu capital e de seus investimentos não apenas para seu próprio lucro, mas também para o bem comum da sociedade. É altamente duvidoso que especulações transitórias nos mercados acionários ou monetários redundem em alguma contribuição real ao bem comum. Ao contrário, devem ser supostas como egoístas e prejudiciais ao bem comum.

O Pe. Merkelbach explica o porquê de não considerar a especulação como algo moralmente louvável: 

“[tais especuladores] retém indevidamente seu capital em operações intermediárias que não têm utilidade real; e buscam obter riquezas sem mão de obra proporcional e sem subordinação ao bem comum, com prejuízo aos outros que não se expõem livremente ao acaso, mas são obrigados a fazê-lo por razões comerciais. Além disso, o costume de se preocupar com especulações monetárias leva a um desejo avassalador de ganhos, ao qual subordinam todas as coisas e todas as atividades; engendra uma ansiedade constante e expõe empresas e famílias a um grande perigo de desperdício, ociosidade e ruína financeira.” (Ibidem)

É lamentável que alguns católicos tradicionais considerem que esse modo de vida seja compatível com o Reinado Social de Jesus Cristo, engajando-se, como fazem, em tais comércios pela Internet, sem se perguntarem se esse comércio especulativo poderia servir a Cristo Rei, ou talvez seguindo o falso princípio de que os fins justificam os meios. Podemos conhecer o pensamento da Igreja sobre esse ponto na tradicional interdição do Código de Direito Canônico (1917) desse tipo de especulação dessa sorte para todos os clérigos e religiosos, mesmo se feita em benefício da Igreja ou de outras pessoas (Can. 142).

-Fr. Scott, maio de 2007

1. Disponível no site do Vaticano (em espanhol): http://w2.vatican.va/content/pius-xii/es/speeches/1944/documents/hf_p-xii_spe_19440901_al-compiersi.html

SEJAM SEMPRE FELIZES, FILHOS DE DEUS

véu | Tumblr

Irmãs da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

Como preâmbulo, permitam-me narrar um pequeno fato ocorrido em um de nossos colégios primários. Certo dia, vieram-me avisar que um policial gostaria de falar comigo no parlatório. Com uma ponta de apreensão no coração, dirigi-me ao local indicado e logo me encontrei diante de um jovem que me cumprimentava respeitosamente, e me falava do seu desejo de matricular o filho no nosso colégio. Respirei mais livremente quando me apresentou os motivos que o levaram a essa decisão. Em seguida, declarou à queima-roupa: “Irmã, faço parte da S. D. A”.

Sem compreender do que se tratava, perguntava-me se seria alguma polícia secreta…

Mas o rosto sorridente do policial contrastava com meus pensamentos íntimos. “Eh… O que significa S. D. A.?” perguntei-lhe, vagamente inquieta. O homem respondeu com um enorme sorriso, um pouco surpreso com minha ignorância. “Ora, é a Sociedade da Alegria, de Dom Bosco!”

Que descoberta! Apesar do nosso mundo moderno, e da crise da Igreja, aquele rapaz soubera guardar sua alma na Fé da sua infância e na virtude, graças à Società dell’allegria, fundada por São João Bosco. Continuar lendo

EL MARTIRIO DE LAS COSAS

Incêndio criminoso na Catedral de Nantes

Fonte: Boletim Permanencia

Foi com esses termos que Antonio Montero definiu o anarquismo vermelho durante a guerra civil espanhola. Com efeito, no ano de 1937, a Pastoral dos bispos espanhóis denunciava a destruição de nada menos que 20 mil igrejas no país!

Estamos nós no prelúdio de algo semelhante, só que, dessa vez, em escala mundial?

Já tratamos nesse boletim do ataque a igrejas ocorridos no México (ver aqui e aqui). Também tratamos da loucura chilena, onde mais de dez igrejas foram incendiadas por manifestantes no ano passado.

Nessa semana, a Catedral de Nantes foi incendiada — o fato do fogo ter se iniciado de três pontos diferentes não deixa dúvida sobre a origem criminosa do incêndio.

O episódio de Nantes, contudo, não foi um fato isolado, e sim a coroação de uma semana odiosa, em que ataques contra a Igreja — ou a apologia desses ataques — ocorreram por toda parte, mas, dessa vez, especialmente nos Estados Unidos:

No Estado da California, uma igreja do século XVIII foi inteiramente destruída após um incêndio ocorrido no último dia 11 de julho.

Em Boston, Massachusetts, uma estátua de Nossa Senhora, localizada fora da igreja da paróquia de São Pedro, foi incendiada e sofreu danos. A polícia e os bombeiros locais atenderam ao chamado e afirmam que um indivíduo desconhecido incendiou flores de plástico nas mãos da estátua, causando danos de fumaça e chama no rosto, cabeça e parte superior do corpo da imagem.

O episódio de Boston não foi um ato isolado: em Nova Iorque, na Diocese de Brooklyn, uma estátua de 100 anos foi pichada com as palavras “Idol” (ídolo, em inglês); no Tennessee, decapitaram outra estátua da Santíssima Virgem. Na Flórida, arrancaram do pedestal uma estátua de Nosso Senhor e partiram-lhe a cabeça.

Ainda na Flórida, no dia 11 de julho, um homem de 24 anos foi preso e acusado de tentativa de assassinato após incendiar a igreja católica Mary Queen of Peace, diocese de Orlando. Ele dirigiu sua van até a igreja, derramou dez galões de gasolina e acendeu. A igreja não estava vazia, mas felizmente ninguém se feriu.

Podemos mencionar ainda o histérico ataque contra a estátua do missionário São Junípero, na California (vídeo).

*

É claro que a imprensa canalha não dará destaque a nada disso.

Estamos presenciando o “retorno dos bárbaros”, como denunciou domingo passado o bispo de Alcalá, Dom Juan Antonio Reig Pla, ao tratar desses episódios de degradação e destruição de estátuas de heróis e santos católicos. Com acerto, disse que esses ataques marcam “o retorno dos bárbaros” e que o nosso tempo não é apenas o do “relativismo moral”, mas do “niilismo”.

Mais que nunca é preciso redobrarmos nossas orações e não nos esquecermos dos cinco sábados pedidos por Nossa Senhora em desagravo ao seu Imaculado Coração.