Caros fiéis,
Se Nosso Senhor não é Deus, então, seus ensinamentos não são obrigatórios e a Igreja que Ele fundou não tem mais autoridade do que qualquer outra religião ou seita. Por outro lado, se Nosso Senhor é Deus, mas a Igreja Católica não foi fundada por Ele ou não lhe foi fiel, ela perde sua legitimidade. Temos aqui dois pontos fundamentais (a divindade de Cristo e a instituição divina da Igreja) que são alvo de ataques recorrentes dos inimigos da Igreja; seja por hostilidade direta a Cristo, seja pela rejeição de uma doutrina e de uma moral às quais eles não querem se submeter. Um evento histórico sintetiza esse confronto essencial: o Concílio de Nicéia.
Em 313, o imperador Constantino concedeu aos cristãos liberdade religiosa no Império Romano, através do edito de tolerância promulgado em Milão. O imperador tornou-se o protetor da Igreja, e o cristianismo pôde viver e se desenvolver mais pacificamente. Mas dentro da Igreja começaram grandes lutas doutrinais, que provocaram distúrbios tão profundos quanto os que ela havia conhecido até então pelas perseguições.
A mais perigosa das heresias primitivas foi o arianismo, assim chamada por causa do seu autor, Ário, sacerdote de Alexandria. Ele defendia que Jesus Cristo não era igual ao Pai, mas simplesmente uma criatura de Deus, e que houve um tempo em que Ele não existia. Ele explicava que o Filho era a primeira criatura que o Pai havia produzido, que superava em muito todas as outras criaturas, e que o Pai havia criado todos os outros seres por meio dele. Tal doutrina atacava todos os principais dogmas do cristianismo: se Jesus Cristo não é Deus, não há mais Trindade divina, a Encarnação não tem mais sentido, a Redenção se dissolve. Essa heresia destruía, portanto, a religião cristã até os seus fundamentos. Continuar lendo