Sermão proferido em 2020 pelo Revmo. Pe. Olivieri Toti, FSSPX, por ocasião da mesma Festa.
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Em 1º de maio, a Igreja celebra a festa de São José Artesão, padroeiro dos trabalhadores, coincidindo com o Dia Mundial do Trabalho. Esta celebração litúrgica foi instituída em 1955 pelo Papa Pio XII, diante de um grupo de trabalhadores reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Naquela ocasião, o Santo Padre pediu que “o humilde operário de Nazaré, além de encarnar diante de Deus e da Igreja a dignidade do trabalho manual, seja também o providente guardião de vocês e suas famílias”.
Pio XII desejou que o Santo Custódio da Sagrada Família, “seja para todos os trabalhadores do mundo, especial protetor diante de Deus e escudo para proteger e defender nas penalidades e nos riscos de trabalho”.
Nessa Festa de São José, seguem alguns textos para leitura:
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Caros fiéis,
Deus nos enviou seu Filho para redimir nossas almas por meio de seu sacrifício e para se tornar a pedra angular da humanidade regenerada pela graça. Essa pedra foi rejeitada pelos construtores (Salmo 118; Mat. 21,42). Eles mataram Nosso Senhor e o enterraram atrás da pesada pedra do túmulo, símbolo da sua perfídia, que tornaria possível o esquecimento daquele Messias perturbador. Apesar de todos os obstáculos, o divino Salvador triunfou sobre a morte, o pecado, o demônio e o mundo por meio de sua gloriosa ressurreição, que se tornou alicerce de esperança para todos os seus discípulos.
Antes de deixar esta terra, Nosso Senhor queria dar à sua Igreja um chefe visível, uma pedra fundamental. Por incrível que pareça, ele escolheu o único apóstolo que o havia negado. Os outros haviam fugido, mas Simão o havia negado – três vezes. No entanto, não houve intervalo entre sua falha e seu arrependimento. Ele havia respondido prontamente à graça da vocação: ele respondeu novamente com prontidão à graça da conversão. Para a primeira, bastou uma palavra do Mestre; para a segunda, bastou um de seus olhares. Lágrimas felizes, que tinham a virtude do batismo para purificá-lo, pois vinham de seu coração, pressionado até o extremo pela violência do amor por seu Mestre. Nosso Senhor reparou seu pecado com uma tríplice demonstração de amor: “Simão, amas me? Após três respostas afirmativas, Ele lhe confiou o cuidado do rebanho: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21,15). São Pedro foi digno disso. Ele morreu como mártir, encorajando os outros 33 papas que tiveram que oferecer suas vidas por Cristo.
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mat. 16, 18). Com essas palavras, Nosso Senhor ensinou que o poder dos demônios não poderia derrubar a Igreja, mas não disse que ela não seria abalada. Conhecemos o poder devastador dos terremotos. Isso dá uma ideia dos desastres nas almas quando a pedra fundamental da Igreja é abalada. Continuar lendo
“Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês; verás coisas maiores que esta.” (Jo 1, 50)
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
O que esses homens que o Senhor chamou tinham em comum? Eles formavam uma verdadeira comunidade de espírito: a mesma expectativa, o mesmo desejo, a mesma linguagem. Conduzir-vos-ei ao deserto, falarei ao vosso coração: a mesma busca de Deus conduziu-os ao deserto, não ao lugar físico, mas ao lugar onde a alma se encontra, o lugar anunciado nas sagradas escrituras.
Mas o que é que diferenciava esses homens, então? Eram animados por uma autêntica vida espiritual: uma vida que os liberta e que os fará abandonar tudo para seguir o Senhor que se manifesta. Se muitas almas não encontram Deus, é porque a religião que desejam é, como a dos fariseus e de outros, uma religião que refaz a sociedade sem refazê-las elas próprias. Estas almas buscam a sabedoria sem coroa de espinhos e sem cruz, preferem a sua própria imagem à de Deus.
Natanael já não especula sobre um anúncio ou uma ideia de Deus. Ele se submete. Como os outros que o precederam, ele já não se preocupa com os seus “porquês”, mas com os deveres que a revelação do Senhor lhe impõe. Já não quer simplesmente analisar a divindade, mas satisfazê-la. Continuar lendo
Uma das missões do Padre Pio foi “tornar a Cruz de Jesus Cristo visível”. Cristo assumiu forma humana para tornar o invisível visível. Essa revelação de Deus não terminou com Sua Ascensão, pois, quando retornou a Seu Pai, Nosso Senhor enviou o Espírito de Santidade. Desde então, cada século teve seus santos, cujas vidas perfeitas, em imitação de Cristo, parecem renovar sua Encarnação. A vida exterior de alguns Santos, às vezes, conforma-se a de Cristo com tamanha perfeição que eles revivem sua Paixão no seu próprio corpo.
São Francisco de Assis é o mais conhecido de todos eles, e vários artistas ilustraram o Poverello recebendo os estigmas. Outros Santos também experimentaram esse fenômeno extraordinário: Santa Catarina de Sena, ou a Madame Acarie (Beata Maria da Encarnação), cujos estigmas eram invisíveis.
O Sacrifício da Cruz tornado visível
Mas, até 20 de setembro de 1918, nenhum Padre, apesar de sua união sacramental com Cristo, o Sumo Sacerdote, havia sido escolhido ainda para renovar na sua carne o mistério do Sacrifício da Cruz.
No dia 20 de setembro de 1918, enquanto ele rezava em frente a um crucifixo pendurado em frente ao coro dos monges, raios de luz vindos do crucifixo perfuraram suas mãos, pés e seu lado como flechas. O jovem Capuchinho de 31 anos não sabia ainda, mas, pelos próximos 50 anos, até o dai 20 de setembro de 1968, ele traria visíveis as marcas da Paixão de Cristo, que ele revivia todos os dias.
Uma das missões do Padre Pio havia começado: a de tornar a Cruz de Jesus Cristo visível, de iluminar as almas para a realidade do sacrifício renovado no altar e de relembrar Padres e fiéis da vocação do Padre como vítima: “Se o grão de mostarda não morrer, não dará fruto.” “Fazei como me vistes fazer”
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“É preciso dizer que, em um bom número de regiões, há uma espécie de pentecostalismo tradicionalista”, lamentou D. Lefebvre em uma conferência dirigida aos seminaristas em junho de 1978.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
O movimento pentecostal, nascido em círculos evangélicos protestantes, inspirou a Renovação Carismática entre os católicos – o que Dom Lefebvre chama de pentecostalismo progressista – que supõe invocar o Espírito Santo, sem passar pelos sacramentos: trata-se, portanto, de obter a graça por meios que não são os da Igreja.
Dom Lefebvre observa, embora seja de um tipo diferente, a mesma tendência entre os fiéis da Tradição: alguns tendem a buscar, não o aprofundamento da Tradição, os meios ordinários de santificação dispensados pela Igreja, mas meios extraordinários, mensagens, comunicações, por pessoas que têm “relações com o Céu“. Ele mesmo conheceu pessoas que usavam um distintivo especial, comunicavam-se de forma extraordinária, espalhando por toda parte as mensagens que uma alma “privilegiada” havia recebido; ou mesmo pessoas que tinham que lhe transmitir mensagens que lhe diziam respeito pessoalmente.
O fundador da Fraternidade São Pio X continua: “Sim, Nosso Senhor, a Santíssima Virgem podem falar, isso já aconteceu, em revelações privadas, mas, atualmente, não é possível que todas sejam verdadeiras.” E conclui: “Devemos ser muito, muito, muito cuidadosos em relação a isso.” Continuar lendo
Fonte: FSSPX – Distrito da Espanha e Portugal
Elevado no alto do Calvário, pregado no madeiro entre o Céu e a terra, Nosso Senhor não sofria apenas no corpo, mas contemplava com os olhos da alma tudo o que se passava à Sua volta… e muito mais além. Desde a Cruz, Jesus via.
Via os Seus, via os inimigos, via os que choravam, os que fugiam, a Sua Mãe…
E também te via a ti.
Esta meditação convida-nos a entrar nesse momento sagrado, a olhar o mundo e a nossa própria vida com os olhos de Cristo crucificado, e a deixarmo-nos olhar por Ele com ternura e verdade.
Porque o Seu olhar não foi de acusação, mas de redenção.
Não foi de condenação, mas de compaixão.
E esse olhar… ainda hoje te procura.
1 – Via a cegueira do seu povo
Do alto da Cruz, Jesus não via apenas as pedras de Jerusalém… via os corações endurecidos do seu povo.
O povo eleito… aquele que Ele próprio alimentara no deserto, instruíra através dos profetas, libertara tantas vezes… agora gritava: “Crucifica-O!”
Via os fariseus, orgulhosos por O terem silenciado.
Via os escribas, convencidos da sua própria justiça.
Via o Sinédrio, satisfeito por tê-Lo condenado.
Via aquelas bocas que, dias antes, O aclamavam como Rei e agora pediam a Sua morte. Continuar lendo
Lembrando que qualquer outro tipo de jejum mais rigoroso deve ter sempre a orientação e acompanhamento de um padre prudente.
Meditemos um pouco sobre a agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras onde, “triste até a morte”, aceitou o cálice de sua Paixão para a salvação de nossas almas.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
A nossa redenção dependeu de dois fiat: o de Maria, na Anunciação, quando aceitou tornar-se mãe do Salvador, e o de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, quando a sua vontade humana se submeteu à vontade do Pai. “Não a minha vontade, mas a sua (1)”. Por três vezes repetiu esta oração em um lugar que nunca mereceu tanto o nome de Getsêmani”, o “lagar” de olivas. Alí, a alma do Salvador sofreu uma agonia (αγωνία, combate em grego), uma tristeza, uma angústia tão extrema que, segundo suas próprias palavras, poderia ter causado sua morte. São Lucas nos dá uma ideia da violência desta luta, dessa luta, ao descrever o suor de sangue que provocou(2). O Coração de Jesus foi prensado, esmagado como uma oliva para que nossas almas pudessem ser ungidas com o óleo da graça.
Nunca Nosso Senhor pareceu tão humano, pedindo a Pedro para vigiar, mesmo que por apenas uma hora, com Ele(3) e implorando a seu Pai que removesse este cálice de tão horrível amargura. Qual é a natureza deste cálice? Quais são os sofrimentos apresentados a Jesus? Continuar lendo
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
“Seria melhor que nunca tivesse nascido…”
Esta frase, esta sentença terrível, não temos o direito de dizê-la a mais ninguém. A exemplo de Jesus, se podemos e se devemos amaldiçoar o crime, se podemos e devemos qualificar os atos dos homens, sob pena de abolir a lei moral, cabe somente a Deus o julgamento definitivo das consciências. E este permanecerá em segredo até o Juízo Final. Exceto para Judas, para ele, seria melhor que nunca tivesse nascido.
Esse discípulo de Jesus, formado e amado com paciência assim como os outros, entregou seu Mestre a aqueles que queriam sua morte, por meio de um beijo… Ele matou Jesus. A traição foi sua única resposta à amizade divina. Ele vendeu o Filho do homem, por algumas moedas à vista, como um objeto, como uma cabeça de gado.
Estais limpos, mas não todos…
Em verdade, em verdade vos digo, um dentre vós me trairá… Aquele que põe comigo a mão no prato… Infeliz deste homem por quem o Filho do homem é entregue. Seria melhor que nunca tivesse nascido. – Sou eu, Mestre? Sim, tu o disseste.
Judas ouviu este último apelo à sua consciência: ele sabe que Jesus sabe o que ele vai fazer. De fato, ele o sabe há muito tempo. Mas esta resposta murmurada, este olhar do Amor eterno não penetra mais em sua consciência obscurecida, impermeável. A resposta do Mestre é compreendida apenas por ele e João, que sentiu o frêmito angustiante do Sagrado Coração. Continuar lendo
Devemos obedecer Perinde ac cadaver (como um cadáver)?
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Durante o Processo do Ordinário de Nevers, em preparação para a beatificação de Santa Bernadette Soubirous, uma irmã contou que a santa, já doente e sendo tratada na enfermaria de seu convento em Nevers, um dia foi proibida pela Superiora Geral de comparecer à Missa no domingo seguinte. A Superiora queria poupar a doente do cansaço. Bernadette, religiosamente chamada Marie-Bernard, foi para lá mesmo assim. Tudo o que ela precisava fazer era se levantar e atravessar o corredor para aparecer na tribuna da capela. Ao vê-la, a Superiora a repreendeu duramente, ao que a irmã se humilhou. Então ela disse: “O que você quer? Eu cumpri o preceito [1].”
Nas Notas das Carmelitas de Lisieux, preparatórias ao Processo Apostólico, Madre Inês de Jesus, irmã de sangue de Santa Teresa de Lisieux (sua irmã Paulina), relatou o seguinte fato: o padre franciscano Alexis Prou veio pregar o retiro comunitário do Carmelo de Lisieux. Suas pregações e conselhos particulares fizeram muito bem à Irmã Teresa do Menino Jesus. Madre Marie de Gonzague, Prioresa, no entanto, proibiu a irmã de voltar a vê-lo. Porém, no final do retiro, ela foi se confessar com ele, como era costume. Isso aconteceu durante a refeição das 11 horas, e sua ausência foi notada pela Prioresa, que expressou sua raiva à Madre Inês de Jesus. “Ela tomou a iniciativa de ir bater na porta do confessionário. Teresa escapou. Ela me respondeu com calma e determinação: “Não, eu não vou sair, o bom Deus quer que eu esteja aqui neste momento, devo aproveitar suas graças e sua luz. Então suportarei todas as dores que ele me enviar”. E ela voltou ao confessionário. O que eu havia previsto aconteceu [2]…” ” Continuar lendo
A doutrina católica nos ensina que uma das primeiras condições para nossas orações serem eficazes – ou seja, para obterem aquilo que pedem – é que a pessoa que reza deve estar em estado de graça.
Por outro lado, o Evangelho nos fala de pecadores cujas orações com certeza foram atendidas por Deus – o bom ladrão no Calvário, Maria Madalena, Zaqueu, o publicano da parábola… Na verdade, ao longo da Sagrada Escritura, o pecador é quem é mais insistentemente encorajado a rezar, porque ele é o mais miserável perante Deus e só pode recorrer à misericórdia divina, não a algum mérito dele mesmo.
Portanto, sim, podemos estar certos de que Deus ouve essas orações – mas, também como lemos nos Evangelhos, apenas se essa oração for acompanhada pelo desejo e a intenção de arrependimento.
Deus não ouve o pecador quando ele pede algo enquanto pecador, p. ex., algo de acordo com um desejo pecaminoso, ou permanece obstinado no seu estado pecaminoso, sem disposição de abandonar o pecado e suas ocasiões (cf. Summa, IIae IIa, q. 83, a. 16). O pecador que, após ofender Deus, persiste no estado de inimizade com Ele, não pedirá aqueles bens que levam ao perdão e ao estado de amizade com Deus. Ainda assim, ele, às vezes, pode obter o que pede [a Deus], mas essa resposta favorável não é um ato de misericórdia ou de recompensa, mas de punição. Santo Agostinho nos diz que há coisas que Deus, em sua misericórdia, nos recusa, mas que, em sua ira, nos concede… (Trat. João 73).
A oração do pecador, para ser ouvida, deve partir do reconhecimento da sua própria miséria, que o leva a pedir a liberação do seu estado de pecado, ou seja, ser afastado do pecado.
O pecador será ouvido se requerer para si, piedosa e perseverantemente, aquelas coisas que são necessárias para sua salvação. Ele será ouvido se pedir a força e a coragem de amar o verdadeiro bem. Ele será ouvido se aceitar os sacrifícios que tornarão o seu arrependimento eficaz. Ele pode até mesmo pedir bens temporais, desde que eles não sejam obstáculo ou sejam conducentes à sua conversão e salvação final.
E Deus atenderá o que essas orações pedem, não por justiça, pois o pecador não merece ser ouvido, mas por pura misericórdia.
Caros fiéis,
A colheita é abundante. Nossas capelas estão crescendo em número. Também esperamos que em santidade. Mas os trabalhadores da colheita são poucos. É por isso que nosso Superior Geral quis concentrar nossas orações e esforços no tema das vocações durante este Ano Santo de 2025. Mas, em termos práticos, o que os fiéis podem fazer para ajudar os sacerdotes a lidar com o aumento do número de seu rebanho?
Em primeiro lugar e acima de tudo, o apostolado. Nossa fé é nosso tesouro mais precioso. Temos o dever de compartilhá-la. Alguns fazem isso com zelo e levam os recém-chegados à missa. Isso é bom, mas não é o suficiente. Os senhores não podem simplesmente jogar seus amigos no confessionário e deixar que o padre lide com um caso especial entre as confissões. Cabe a cada um preparar seus amigos: dê a eles o catecismo (São Pio X ou do Concílio de Trento) e explique-o, fale sobre o curso de catecismo para adultos, recomende o Catecismo da Crise na Igreja e explique brevemente a situação (veja o documentário Um Bispo na Tormenta), apresente a Missa Tridentina e acompanhe a pessoa na missa, depois de explicar como ela deve se comportar. Se seu amigo não for católico ou tiver uma situação conjugal que precise ser resolvida, convide-o a marcar uma consulta com um padre. Isso é feito depois que a pessoa vem regularmente há algum tempo e tem a vontade de perseverar na prática religiosa com a Fraternidade. Os sacerdotes não conseguem lidar com todos os casos de parentes e amigos. Eles se dedicam aos fiéis que desejam o apostolado tradicional proposto pela Fraternidade. Se seu amigo não se confessa há muito tempo, os senhores devem ajudá-lo a fazer um bom exame de consciência e explicar-lhe como se confessar. Quando ele estiver pronto, poderá marcar um horário para fazer sua confissão geral.
Nossas capelas estão abertas a todas as pessoas de boa vontade. Isso significa que novas pessoas estão chegando constantemente. Elas precisam conhecer, entender e colocar em prática os hábitos e costumes dos católicos tradicionais. Precisamos ser pacientes e caridosos em nossas boas-vindas. Exceto no caso de comportamento escandaloso que exija intervenção imediata, os comentários são reservados ao padre. Se o padre não estiver ciente de um detalhe que mereça uma observação de sua parte, os fiéis devem apontá-lo para ele. Continuar lendo
“André foi encontrar seu irmão Simão e disse-lhe: “Encontramos o Messias”. No dia seguinte, Simão chegou pontualmente para seu primeiro encontro com Cristo.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Os dois primeiros discípulos que haviam sido conquistados pela simples visão de Jesus, logo trouxeram-lhe outros. Primeiro foi Simão, irmão de André. E no dia seguinte, quando partiram para a Galileia, Filipe e Natanael.
Essa narração é muito simples: um grupo de homens que se encontram às margens do Jordão. A primeira vocação dos discípulos tem sua atração… somente uma testemunha ocular poderia contá-la dessa maneira. São João não tem a intenção de acrescentar algo ao relato muito preciso dos evangelhos sinóticos, mas sim de nos dar, em sua maneira simples de dar seu testemunho para os séculos vindouros, o que o homem que Jesus amava viu: o que ele admira no encontro entre Cristo e esses homens é o que ele compreende o que o Senhor realiza nele… ele contempla, admira, dá graças. Nem sempre conseguimos notar, em nossa própria experiência, o que reconhecemos de relance na experiência dos outros.
Já refletimos sobre o impacto de certos eventos que ocorreram durante séculos e séculos? E se Simão não tivesse seguido seu irmão no dia seguinte? O que teria sido da Igreja? Continuar lendo
Tempo da paixão
Tomando conhecimento da morte de sua irmã mais velha, Jeanne, Dom Lefebvre decidiu não ir ao seu funeral [ndr: por conta de seus problemas de saúde]: “Rezo todo dia para que eu possa morrer antes de perder minha consciência. Prefiro partir, pois se caísse em contradição, diriam: ‘Aí está; ele disse que errou!’ E eles tirariam vantagem disso”.Muitas vezes o Arcebispo mencionava a morte suave de sua irmã mais velha, chamada de volta à casa por Deus quando acabara de ir tirar um cochilo; ele gostaria de ter falecido assim, embora com a Extrema Unção. Mas Deus pediria ao padre e bispo Marcel Lefebvre que tomasse parte em Seus sofrimentos redentores.
Em 7 de março de 1991, festa de Santo Tomás de Aquino, o Arcebispo deu a seus amigos e benfeitores de Valais a tradicional conferência. Cheio de fé e eloqüência, concluiu com estas palavras: “Nós as teremos!”. E no dia seguinte, às 11 da manhã, celebrou o que seria sua última Missa na terra. Mas tamanhas eram sua dor de estomago e fadiga que realmente pensou que não poderia terminá-la. Apesar disso, partiu de carro para Paris, a fim de assistir ao encontro dos fundadores religiosos nos “Círculos da Tradição”: “É algo muito importante”, disse, “e está dentro do meu coração”.
Hospitalização, operação
Ele sequer passou de Bourg-en-Bresse; por volta das 4 da manhã, acordou seu motorista, Rémy Bourgeat: “Não estou bem”, disse, “vamos voltar para a Suíça”. E a seu pedido, ingressou no hospital em emergência na manhã de 9 de março. O direitor do hospital em Martigny, Sr. Jo Grenon, era um amigo de Ecône. O Arcebispo foi acolhido na ala operatória no quarto 213. Atrás das montanhas que cercam a cidade estava Forclaz, e França, e não muito distante o Grande Passo de São Bernardo, Itália, e Roma.
O Arcebispo estava confiante, mas sofria: “É como um fogo queimando meu estômago e subindo até meu peito”.
Padre Simoulin deu-lhe a Sagrada Comunhão, que receberia até a sua operação: Ele o agradeceu: “Fiz o senhor perder as vésperas… mas o senhor fez uma obra de caridade. Trouxe para mim o melhor Médico. Nenhum deles pode me dar mais do que o senhor deu”.
Admirava o Crucifixo, que fora trazido para o altar temporário em seu quarto: “Ele ajuda a suportar os sofrimentos”. Continuar lendo
Segunda acusação contra a FSSPX: ausência de regularidade canônica. Continuação do primeiro post: D. LEFEBVRE, CAUSA DA CRISE NA IGREJA?
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Haveria pouco a dizer sobre a prosa do Cônego Albert Jacquemin se não fosse pelo fato de que ele faz duas afirmações surpreendentes.
Pouco há a dizer, porque o bom cônego se contenta em repetir – usque ad nauseam – todos os argumentos sofísticos que negariam a D. Lefebvre a legitimidade do ato que realizou em 30 de junho de 1988.
Sagrar um bispo sem um mandato do Papa, e mesmo in casu contra a sua vontade explícita, constitui uma violação à primazia de jurisdição do Romano Pontífice, a quem pertence o direito exclusivo de instituir bispos livremente (p. 18).
O que falta aqui é a distinção crucial que seria de se esperar, e que D. Lefebvre teve o cuidado de tornar explícitar no Sermão proferido durante as sagrações em Ecône. “Sagrar um bispo, sem mandato do Papa, ou mesmo in casu contra sua vontade explícita “constitui” uma violação “de direito ou de fato” à primazia de jurisdição do Romano Pontífice“? Se se tratar de uma violação de direito, isso significa que a exceção nunca é possível e que nenhuma circunstância pode justificar tal ato. Se se trata de um ataque apenas de fato, isso significa que a exceção é possível, mesmo que seja rara e mesmo que seja justificada em uma circunstância excepcional: embora na maioria dos fatos haja violação à primazia do Papa, pode não haver uma violação em um fato isolado. Continuar lendo
A edição de março da Revista francesa La Nef inclui um dossiê especial de 22 páginas (páginas 12 a 33) dedicada à Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) e com o subtítulo: “Qual lugar na Igreja?”. Sob a direção de Christophe Geffroy, é, na realidade, uma verdadeira acusação preparada ao trabalho de D. Marcel Lefebvre.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
AS ACUSAÇÕES
Além de uma “breve história” (muito tendenciosa e não muito verdadeira) da Fraternidade São Pio X (pp. 12-17), o Sr. Geffroy publica a prosa do Cônego Albert Jacquemin, professor da Faculdade de Direito Canônico do Instituto Católico de Paris que, mais uma vez, tenta dar crédito à “situação de ruptura da comunhão eclesial” em que se encontra a FSSPX (pp. 18-19). A isso se acrescenta um artigo do jovem Matthieu Lavagna que, há algum tempo, repete aqui e ali os mesmos argumentos destinados a provar que a FSSPX nega a indefectibilidade da Igreja (pp. 20–22). Em seguida, vem outra tentativa do Padre Basile Valuet, de estabelecer a perfeita continuidade do Vaticano II com a Tradição nos três pontos problemáticos contestados pela FSSPX, a saber: a Liberdade Religiosa, o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso (p. 23–25). Segue-se uma reflexão do Padre Fabrice Loiseau, fundador da Sociedade dos Missionários da Divina Misericórdia, sobre “a tentação sedevacantista”, uma contribuição de Pierre Louis sobre a Traditionis custodes, buscando verificar se este documento poderia ou não justificar, a posteriori, as sagrações de 1988 (pp. 28–29), uma entrevista com o Padre Grégoire Celier, representante da FSSPX: “A FSSPX, sintoma da crise?” (p. 30–31) e, como epílogo, a eterna questão fetichista dos eclesiadeistas: “É possível um acordo?” (pág. 32–33). A revista também publica em seu site as “Respostas aos argumentos da FSSPX sobre as sagrações de 1988” já apresentadas no La Pensée catholique n° 250 de janeiro-fevereiro de 1991.
Por que um ataque tão grande? Continuar lendo
Além de uma fé viva, uma esperança firme e uma caridade ardente, nosso bom D. Tissier demonstrou uma profunda confiança em D. Lefebvre e na obra por ele fundada.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Editorial do Pe. Gonzague Peignot (Fideliter nº 281)
As tempestades aqui na Terra justificam que nos apeguemos a um homem, assim como a uma embarcação, para evitar o afogamento? Não nos adverte o profeta Jeremias quando clama: “Ai do homem que confia em outro homem”? Não é Deus o único que merece nossa confiança?
Contra todas as probabilidades, essa foi, no entanto, a atitude do nosso bom D. Bernard Tissier de Mallerais, decano dos bispos da Fraternidade São Pio X, que partiu para a eternidade há algumas semanas. Contra todas as probabilidades, ele foi capaz de discernir em D. Lefebvre o homem que a Providência havia levantado para salvar a Igreja do seu naufrágio. Ele foi capaz de discernir isso e teve a graça de segui-lo. A Igreja foi abalada por uma crise terrível. Quase 80.000 padres estavam prestes a deixar a vida sacerdotal, e os seminários estavam começando a passar por uma revolução que o Dr. Jean-Pierre Dickès relatou em seu comovente livro: La Blessure. A formação sacerdotal foi jogada pela janela junto com as batinas Continuar lendo
Livre-tradução do Artigo “La mortificación cristiana” do Cardeal Desidério José Mercier (1851-1926) publicado em “Cuadernos de La Reja” número 2 do Seminário Internacional Nossa Senhora Corredentora da FSSPX.
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Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.
A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.
Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.
É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!“
A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas. Continuar lendo
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Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Meus queridos amigos,
Meus queridos irmãos,
Neste primeiro domingo da Quaresma, a Igreja nos convida à austeridade. Vemos isso nos próprios ritos desta Missa – ritos austeros – e ela também nos convida a meditar sobre as razões que temos para fazer penitência.
E este Evangelho que narra a tentação que Nosso Senhor sofreu nas mãos do demônio deve nos fazer pensar que se o demônio teve a ousadia e a soberba de atacar, propriamente, Nosso Senhor Jesus Cristo, quando sabia perfeitamente que era o Filho de Deus, quanto mais se empenhará em nos destruir. Pois ele sabe que em nós ele tem uma chance muito maior de nos fazer cair em pecado.
E é por isso que precisamos meditar sobre as razões desse jejum que a Igreja nos pede, esse jejum quaresmal à imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dá o exemplo do jejum que fez durante quarenta dias no deserto.
E para dar alguma expressão concreta às razões, aos motivos de nossa penitência, escolherei três exemplos: o exemplo de Santa Maria Madalena, o exemplo de São Francisco de Assis e o exemplo da Virgem Maria. Continuar lendo
O ministro israelense Ben-Gvir visita o Monte do Templo em Jerusalém
Artigo postado originalmente em Lifesitenews
Traduzido pelo excelente Verbum Fidelis
Entre as consequências da campanha militar de Israel em Gaza, que já dura mais de um ano, está um entusiasmo renovado entre judeus e sionistas cristãos pela construção do chamado “terceiro templo” em Jerusalém.
Em agosto passado, por exemplo, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema direita, visitou o Monte do Templo (pela sexta vez), onde reivindicou o direito dos judeus de orar no local e construir uma sinagoga. O jornal israelense Haaretz, que cobriu o evento, chamou-o de um “ato ardiloso”, ocultando o objetivo de longo prazo de destruir as estruturas islâmicas no Monte do Templo e construir o terceiro templo.(1)
No início do ano passado, em uma entrevista na televisão, um membro de extrema direita do Knesset endossou a construção do terceiro templo onde “poderemos comer (…) dos sacrifícios da Páscoa”(2). Após a eleição presidencial de novembro nos EUA, Yosef Berger, o rabino responsável pelo local da Tumba do Rei Davi, declarou que “Como Ciro, Deus colocou Donald Trump no poder para construir o Templo e preparar o caminho para o moshiach [messias] (3).
Nas fileiras americanas, os jornalistas descobriram um discurso de 2018 de Pete Hegseth, o novo secretário de Defesa de Donald Trump, no qual ele parecia endossar o “milagre do restabelecimento do templo”(4). A revista Jewish Currents observou recentemente que republicanos notáveis, como o ex-vice-presidente Mike Pence, o deputado Jim Jordan e o governador da Flórida Ron DeSantis, se reuniram com membros de organizações kahanistas radicais, que fazem parte da espinha dorsal do movimento do terceiro templo de Israel(5). Continuar lendo
…que em todos os dias do ano se espelham “na Mulher” abaixo e A tem como exemplo de conduta de vida, nossos sinceros votos de crescimento espiritual e santificação.Assim, parabenizamos a vocês, mulheres católicas, que no seu dia a dia (todos os dias do ano), como filhas de Nossa Senhora:
Parabenizamos a vocês, mulheres católicas, que todos os dias, como filhas de Nossa Senhora:
Façamos hoje pequenos atos de desagravo ao Coração Imaculado de Maria, ao longo do dia. Façamos uma pequena penitência e ofereçamos à Mãe de Deus, pelos muitos membros do clero e pelos muitos católicos leigos que se atrevem a comemorar este dia que é fruto do liberalismo (o tal “Dia internacional da Mulher”).
Doce coração de Maria, sede nossa salvação.
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Caros fiéis,
O mês de março é dedicado ao “Salvador do Salvador do mundo”. Essa expressão de São Francisco de Sales lança luz sobre o papel de São José e o de todos aqueles para quem ele é modelo. De acordo com o Papa Leão XIII (Carta “Quamquam pluries”; 1889), há muitos que podem seguir seu exemplo: “Há razões para que todos os homens, qualquer que seja sua condição ou origem, se recomendem e se confiem ao poder e a proteção de São José: os pais têm em São José a mais bela personificação da vigilância paterna e da previdência; as esposas, um modelo perfeito de amor, de união dos corações e de fidelidade conjugal; as virgens, um modelo e também um protetor da pureza virginal”. O Papa continua listando várias condições sociais. Vamos nos ater à consideração dos pais dos quais esperamos futuras vocações sacerdotais e religiosas.
São José protege o Menino Jesus da vontade assassina de Herodes. Esse rei depravado simboliza os vícios que podem arrebatar a presença divina de nossas almas. Todos os pais dignos desse nome devem proteger seus filhos contra eles. Depois de lhes dar a vida divina por meio do batismo, esse é seu dever mais imperativo. São José salva a vida humana de Nosso Senhor. Mas Nosso Senhor é o Salvador das almas. E a de São José não faz exceção. Essa relação mútua de salvador/salvo entre o pai e o Filho manifesta o mistério da Encarnação: o mistério de um Deus feito homem. Isso nos lembra a resposta sublime de Nosso Senhor aos fariseus que se recusaram a reconhecê-lo como Messias: o Messias é filho de Davi, mas por que então Davi o chama de Senhor (Mateus 22,44)? Esse mistério é encontrado no sacerdote que trabalha para a salvação das almas. No dia da sua ordenação, seu pai pode chamá-lo de “Meu Pai”. Continuar lendo
“Trata-se de saber se se deseja viver com os Anjos ou com as bestas…”
Fonte: La part des Anges n° 13 – Tradução: Dominus Est
Essas palavras de Psichari resumem muito bem a grande diferença que divide os homens. Elas simplesmente repetem o que São Paulo disse aos Gálatas: Andai segundo o espírito… a carne tem desejos contrários ao espírito e o espírito desejos contrários a carne. Essas coisas são contrárias entre si. A carne é o que se opõe ao espírito… é a matéria, é a obsessão do corpo com todos os seus vícios. É também a tirania do poder, da dominação pelo dinheiro ou pela ciência pervertida, seja ela econômica, ecológica ou médica. O marxismo continua, todos os dias, a materializar com sucesso as massas…
É nesse mundo materialista que sobrevivemos, e os pseudo valores que ele nos impõe tendem cada vez mais a sufocar nossa realidade espiritual. O fato é que as pessoas não acreditam mais. Não apenas não acreditam mais no Credo, mas também não acreditam mais no espírito, ou seja, em Deus, na alma espiritual: elas não sabem mais que têm uma alma e que ela foi feita para Deus.
O homem não é uma besta. A oposição ao materialismo deve ser uma luta moral e espiritual. Pois a derrota da matéria é a vitória do espírito. E a vitória do espírito é uma alma que encontra a transcendência absoluta de Deus. Continuar lendo
Cristianismo e judaísmo pós-cristão: a hipótese de “dois caminhos paralelos” pode substituir a doutrina tradicional de uma oposição irreconciliável?
Fonte: Courrier de Rome n° 682 – Tradução: Dominus Est
Pelo Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX
Um novo vencedor
1. O Prêmio Cardeal Lustiger é um dos principais prêmios literários concedidos pela Academia Francesa. Criado em 2012, premia de dois em dois anos “uma obra de reflexão que responda aos interesses do Cardeal Jean-Marie Lustiger e que se debruce sobre as questões espirituais de vários fenômenos culturais, sociais e históricos” (1). O vencedor recebe 3.000 euros. O primeiro a receber este prêmio foi o filósofo Jean-Louis Chrétien (1952-2019), precisamente no ano em que foi criado. Em 2020 foi sucedido pelo filósofo judeu convertido ao catolicismo, Fabrice Hadjadj. No ano passado, durante a sessão pública anual de 5 de dezembro de 2024, o Prêmio foi entregue ao Revmo. Pe. Jean-Miguel Garrigues, por todo o seu trabalho e, em especial, por sua última obra A impossível Substituição. Judeus e Cristãos (Iº – IIIº séculos), publicado por Les Belles Lettres, em 2023(2).
2. No discurso que proferiu em dezembro passado, por ocasião da cerimônia de entrega dos prêmios da Academia (3), Pascal Ory (4) recordou que, aos olhos de Jean-Luc Marion (ele próprio discípulo do Cardeal Jean-Marie Lustiger), o Pe. Garrigues era “uma figura eminente da teologia católica na França” (5), sendo reconhecido como tal “pela sua então muito inovadora tese sobre Máximo, o Confessor”. Professor em Notre-Dame de Paris e, por diversas vezes, consultor em Roma, “destacou-se por dois grandes eixos de pesquisa e reflexão: primeiro, a reconciliação entre as tradições teológicas latinas e orientais, contribuindo assim para um documento romano sobre o tema. Segundo – e talvez acima de tudo – a retificação da relação entre a eleição do povo judeu e a eleição da Igreja, na linha direta da declaração Nostra Aetate, bem como das obras de Joseph Ratzinger e Jean-Marie Lustiger“. Em seu livro mais recente, “A impossível substituição,” ele mostra que a promessa de salvação universal feita à Igreja não anula nem ofusca a aliança original de Israel, mas que ambas se convergem e se confirmam mutuamente“.
Da substituição à ruptura: releitura ou manipulação?
3. A ideia central que orienta toda a reflexão do Pe. Garrigues está perfeitamente sintetizada na introdução do seu livro: “O objetivo desta investigação histórico-teológica é examinar uma ruptura religiosa ocorrida há quase 20 séculos no povo judeu e que deu origem ao que desde então se chamou cristianismo; uma ruptura que permanece” (6). O título da obra, então, deixa claro: a realidade histórica seria a de uma “ruptura” e não poderia, em caso algum, ser a de uma “substituição”. Analisemos mais profundamente. Continuar lendo