TERRA PLANA? OS BASTIDORES DE UMA FALSIFICAÇÃO PARTE 1/4

A coroação de Otão III em 983.
O imperador tem na mão o globus crucifiger.

Fonte: FSSPX – News – Tradução: Gederson Falcometa

Não, a falsificação de que vamos falar não vem da NASA, mas diz respeito à ideia arraigada, mas falsa, de uma Idade Média de “terraplanista” e aos fundamentos ideológicos deste mito.

A recente coroação de Carlos III nos deu uma imagem que parece ter saído de um livro de história: o novo rei Carlos III tem nas mãos as insígnias do poder real, incluindo o globus cruciger, ou seja, a esfera encimada por uma cruz, que simboliza a Terra redimida pela Cruz de Jesus Cristo. Esta esfera tem um uso muito antigo.

É encontrada ao longo de toda a Idade Média, principalmente nas representações de Cristo, que segura o globo na mão ou o tem sob os pés. A esfera apresenta um hemisfério delineado em três partes devido aos três continentes conhecidos na época. Assim, um fato se destaca: a Terra é representada como uma esfera muito antes da descoberta da América.

Isto deverá levantar questões sobre um mito muito difundido, nomeadamente o de que “na Idade Média acreditava-se que a Terra era plana”. Ouvimo-lo da boca de jornalistas, intelectuais, antigos ministros como Marlène Schiappa ou Claude Allègre, e até em filmes históricos, livros de história e livros escolares, mesmo os mais recentes. Continuar lendo

OBSTÁCULO INCONVENIENTE

A MISSA É UM SACRIFÍCIO DE AGRADECIMENTO PROPORCIONADO À DIVINA  BENEFICÊNCIA | DOMINUS EST

Pe. Robert Brucciani, FSSPX

O Rito Tridentino da Missa é sinal de contradição e um obstáculo inconveniente para a revolução que tomou controle das instituições da Igreja no Concílio Vaticano II (1962-1965)

O Rito Tridentino da Missa

O Rito Tridentino da Missa é a oração suprema da Igreja, que expressa, perfeitamente, sua doutrina e santidade. Não é um sinal passivo da doutrina e da santidade, como um crucifixo ou uma imagem, mas um sinal eficaz, um sacramento, que produz o que representa, trata-se de um sacramento de fé e sacralidade, um estandarte vivo. É o momento da vitória sobre o pecado e a morte. É o meio pelo qual a vitória vem às almas através dos séculos.

Sim, ele permaneceu inalterado em sua essência ao longo dos séculos. É o mesmo sacrifício, com o mesmo Padre, com o mesmo propósito e com as mesmas palavras pronunciadas por Cristo. As orações que adornam a consagração (o Cânone da Missa) foram acrescentadas no curso dos primeiros seis séculos e estavam definidas ao tempo do Papa São Gregório Magno (590-604). O Papa São Pio V, seguindo um decreto do Concílio de Trento, promulgou a bula Quo primum tempore para definir o Rito da Missa da Igreja Latina para todos os tempos. Dali em diante, o Rito passou a ser conhecido como o Rito Tridentino da Missa.

Quando a Igreja e o Estado caminhavam de mãos dadas, a Cristandade era ordenada em direção à Missa. Hillaire Belloc, em seu Europe and the Faith, salientava que qualquer historiador medieval que não entendesse o que é o Santíssimo Sacramento (e, portanto, o que é o Santo Sacrifício da Missa) não conseguiria entender os motivos de seus ancestrais e, portanto, as grandes crises da história civil. Continuar lendo

17 DE OUTUBRO: DIA DE SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE

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Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Nascida em 22 de julho de 1647 em Verosvres, na diocese de Autun (França), Marguerite-Marie Alacoque (Margarida Maria Alacoque) se dedicou a Cristo desde muito jovem. Na verdade, tinha apenas 5 anos quando, ao ouvir falar dos votos religiosos de sua madrinha, ofereceu-se pronunciando estas palavras que ficarão gravadas na sua memória e que ela repetirá posteriormente: “Ó meu Deus, eu Vos consagro a minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua ”.

Aos 13 anos, acamada por vários anos devido a uma paralisia, foi milagrosamente curada pela Virgem logo após a promessa de consagrar-se a Deus pela vida religiosa. Depois de muitas vicissitudes e assédios sofridos por parte de familiares, ela entrou em 25 de maio de 1671, aos 23 anos, na Ordem das Visitandinas de Paray-le-Monial, na Borgonha.
 
Escolhida por Nosso Senhor para ser a mensageira do Seu amor misericordioso, ela recebeu 3 grandes revelações que estão na origem da devoção ao Sagrado Coração.
 
A mais importante é o de junho de 1675, onde Cristo lhe mostrou o seu Coração, dizendo: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia.”
 

Cristo pede o estabelecimento de uma festa particular para honrar o Seu Coração, comungando e fazendo reparações através de pedidos de perdão. Em troca, explica à sua confidente: “Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino amor sobre os que tributem essa divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”
 
Tornada mestra de noviças, Santa Margarida-Maria se esforça para difundir o amor do Sagrado Coração nas almas que lhe foram confiadas. Ela morreu piedosamente em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos, pronunciando o nome de Jesus.
 
Levará mais de um século até que, em 1824, a Igreja a declare venerável, e mais quarenta anos até que seja beatificada pelo Papa Pio IX, em 1864, ano do Syllabus . Ela foi canonizada em 13 de maio de 1920 pelo Papa Bento XV.
 
Oração após a comunhão: “Tendo participado dos mistérios do vosso Corpo e do vosso Sangue, possamos nós, Senhor Jesus, pela intercessão da bem-aventurada virgem Margarida Maria, despojar-nos das soberbas vaidades do mundo e revestir-nos da mansidão e da humildade do vosso Coração.”

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O mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. CLIQUE AQUI e leia mais textos sobre essa devoção.

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UMA CURIOSIDADE

Na Igreja da FSSPX em Oensingen (Suiça) está o altar original de Paray-le-Monial, construído após a morte de Sta. Margarita Maria Alacoque, e sob o qual seu corpo foi mantido até que o altar fosse substituído pelo atual.

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CREMOS NA IGREJA

Editorial: apesar das alarmantes perspectivas do Sínodo, persistimos em crer na indefectibilidade das promessas de Cristo 

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Extraído da Carta aos nossos irmãos Sacerdotes n° 99

Dentro de alguns dias (e, sem dúvida, no momento em que lerem estas linhas), será realizada a primeira sessão do “sínodo sobre a sinodalidade”. É de temer, infelizmente, que essa assembleia, longe de trabalhar para restaurar sua vitalidade e seu esplendor espiritual da Igreja, acabe por aumentar ainda mais os desvios.

Do ponto de vista humano, não se pode deixar de temer pelas perspectivas cada vez mais alarmantes que pairam sobre a Igreja. A perda da fé, a cessação da prática, a queda das vocações, a apostasia assumida continuam a acelerar. Assim, começamos a compreender melhor a enigmática frase de Jesus: “Quando o Filho do Homem voltar, ainda encontrará fé na terra?” (Lc 18, 8).

Para superar esse inevitável pessimismo humano, devemos manter uma visão de fé sobre a Igreja. A Igreja é humana, profundamente humana e, portanto, experimenta todas as deficiências e todos os pecados que os homens podem cometer em si mesmos. Mas a Igreja também é, sobretudo, fundamentalmente divina. Santificada pelo Espírito, governada por Nosso Senhor Jesus Cristo, consagrada ao culto do Pai celestial, não pode ser abalada nos seus fundamentos, que são santos, que são divinos. Continuar lendo

03 DE OUTUBRO – DIA DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

História da autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus – Santuário  Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

No dia dessa grandiosa Santa, disponibilizamos abaixo alguns links sobre ela:

COMO MANTER A PACIÊNCIA?

A VIA MARIANA DA “PEQUENA TERESA” NO FIM DE SUA VIDA

CURA A SANTA TERESINHA

EDITORIAL DA REVISTA PERMANENCIA NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SANTA TERESINHA (1973)

A VIA DA INFÂNCIA ESPIRITUAL

TERESINHA, TEMPLO DE DEUS

SANTA TERESINHA, POR GUSTAVO CORÇÃO

NA IMITAÇÃO DE TERESINHA ESTÁ A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE

A VIA MARIANA DA “PEQUENA TERESA” NO FIM DE SUA VIDA

Convosco sofri e desejo agora, cantar em vosso colo, Maria, porque vos amo, e repetir para sempre que sou vossa filha! “.

Santa Teresinha de Lisieux- Porque vos amo, ó Maria.

Fonte: Bulletin de la Confrérie Marie Reine des Cœurs n° 214 – Tradução: Dominus Est

Entre as amizades espirituais e sobrenaturais da “Pequena Teresa”, um ser “ocupa um lugar especial”. É “a Santa das Santas, a Virgem Maria” (1). O fim da sua vida foi inteiramente mariano: “contentemo-nos em ver a enferma viver com a sua Mãe”, nos últimos meses da sua vida.

Em maio de 1897, “ela escreveu tudo o que desejava dizer sobre Maria em seu importante poema Por que vos amo, ó Maria”. Foi o seu testamento mariano. Ela até mesmo esboçou “um plano de sermão que ela gostaria de ter proferido se tivesse sido padre”. Provavelmente, o conteúdo deste sermão se assemelharia à sua poesia mariana: “Enfim, disse em meu Cântico tudo o que gostaria de pregar sobre Ela” (2).

A Virgem ajuda Teresa a meditar: “Olhando para a Santíssima Virgem esta noite, compreendi (…) que Ela sofreu não apenas da alma, mas também do corpo. (…) Sim, Ela sabe o que é sofrer… Mas, seria talvez errado querer que a Santíssima Virgem tenha sofrido? Eu, que A amo tanto!”. Ela aproveitou, dessa forma, de seu sofrimento para se unir à sua Mãe. Ela explica isso em sua poesia: “Meditando vossa vida no santo Evangelho, atrevo-me a vos olhar e aproximar-me de vós, acreditando que sou vossa filha, o que não é difícil para mim, pois vos vejo mortal e sofredora como eu”. À Madre Agnès, que já lamentava vê-la morta, respondeu sem hesitar: “A Santíssima Virgem, de fato, segurou o seu Jesus morto em seu colo, desfigurado e ensanguentado! Foi algo diferente do que você verá! “. Que realismo! Continuar lendo

SOB A PROTEÇÃO DOS ANJOS DA GUARDA

Uma devida devoção ao nosso anjo da guarda não deve cair no exagero nem no esquecimento.

Fonte: Lou Pescadou nº 218 – Tradução: Dominus Est

O quarto livro de Reis relata que os sírios queriam prender o profeta Eliseu. Ao ver os soldados, o servo do profeta ficou com medo. Então Eliseu lhe disse: Não temas; muitos mais estão conosco do que com eles. E Eliseu, fazendo oração, disse: Senhor, abre os olhos deste, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do criado, e viu, e o monte apareceu cheio de cavalos e de carroças de fogo, ao redor de Eliseu. (4 Reis 6, 16-17). Fillion comenta: “Eliseu e seu servo contemplaram ao redor deles as tropas de anjos, enviados do alto para defendê-los.”

Esta passagem do Antigo Testamento nos revela a existência de anjos, que podem ser enviados por Deus para proteger os homens. De fato, é uma verdade de fé que Deus criou, do nada, no início dos tempos, seres espirituais, e que a tarefa secundária destes é a proteção dos homens e o cuidado com sua salvação. Quase todos os teólogos ainda acreditam – é, portanto, uma sentença comum – que todo homem, mesmo infiel, tenha um santo anjo particular desde seu nascimento. O Catecismo do Concílio de Trento fala disso na explicação do Pai Nosso: “Desde o nosso nascimento, Deus coloca os anjos para nossa guarda e os estabelece individualmente para velar pela salvação de cada um de nós.” Santo Tomás de Aquino ensina: “Assim como se dá um guarda aos homens que percorrem uma via insegura, assim todo o homem, que está aqui na terra como um peregrino, goza da guarda de um anjo.” Foi o Papa Clemente X, em 1670, que estabeleceu para a Igreja universal a Festa dos anjos da guarda em 2 de outubro.

Podemos nos perguntar quando “recebemos” este anjo: no nascimento ou no batismo? Santo Tomás de Aquino responde que é desde o nascimento (por isso todo homem tem um anjo), mas este anjo desempenha um novo papel a partir do batismo. E antes do nascimento? O mesmo teólogo afirma: “A criança, não estando separada de sua mãe, é confiada à guarda do anjo que vela por ela.

Teria, Nosso Senhor, um anjo da guarda? Eis a resposta de Santo Tomás de Aquino: “Cristo, enquanto homem, sendo regido imediatamente pelo verbo de Deus, não precisava da guarda dos anjos. E, demais, era, pela alma, compreensor; mas era, em razão da passibilidade do corpo, viandante. E por isso, não lhe era devido, nenhum anjo custódio como superior, mas antes um anjo ministrante, como inferior. É por isso que o Evangelho diz: “Os anjos se aproximaram e O serviram” (Mt 4,11). Acrescentemos que no Horto das Oliveiras, um anjo vem especialmente para consolá-lo (Lc 22,43). E no momento de sua prisão, disse a São Pedro: Julgas porventura que eu não posso rogar a meu Pai, e que ele me não porá aqui logo mais de doze legiões de anjos? (Mt 26, 53) Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – OUTUBRO/23

Dia de Nossa Senhora Aparecida: conheça a história da Padroeira do Brasil

Caríssimos fiéis,

Uma criança mal-criada pode tomar água benta e jogá-la em sua irmãzinha. Uma mãe irritada pode usar seu livro de orações para bater em seu filho. Um homem orgulhoso pode dar esmolas para chamar a atenção. Esses exemplos nos mostram que não basta que uma realidade seja boa para que seu uso seja igualmente bom. É por isso, por exemplo, que nossa mãe, a santa Igreja, se esforça, por meio de seus ministros, para nos dar as disposições devidas para receber os sacramentos. Os sacramentos são bons em si mesmos, mas podem ser mal utilizados.

Se, por um lado, quanto se trata dos sacramentos, as disposições devidas são bem conhecidas; por outro lado, quando se trata dos sacramentais ou das várias devoções, elas são muito menos conhecidas.

Antes de mais nada, precisamos distinguir entre o essencial, que é obrigatório, e o acidental ou não essencial, que é opcional. Como sempre, uma comparação entre a vida natural e a vida sobrenatural nos ajudará a entender. Uma mãe alimenta seu bebê recém-nascido imediatamente. Ela não espera que ele expresse seus gostos pessoais. Ela lhe fornece o essencial. Mais tarde, quando a criança tiver adquirido a capacidade de escolher com prudência, ela poderá decidir entre várias boas opções para se alimentar, de acordo com seus gostos, mas também segundo suas necessidades, que podem variar segundo a idade ou o estado de saúde. Da mesma forma, os pais cristãos darão a seus filhos a vida sobrenatural por meio do batismo – o essencial – sem demora. Mais tarde, quando eles tiverem atingido a idade da razão, poderão optar por nutrir a vida da graça em suas almas por meio de devoções – o acidental – que correspondam a seus gostos e necessidades. Continuar lendo

OUTUBRO: MÊS DO ROSÁRIO

Nossa Senhora do Rosário – História Nossa Senhora

Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nesse mês do Rosário, disponibilizamos abaixo os links para as Encíclicas de Leão XIII sobre o Rosário e Nossa Senhora.

“Ora pro nobis, sancta Dei Genetrix, Ut digni efficiamur promissionibus Christi.”

Aproveitamos para disponibilizar alguns textos já publicados em nosso blog sobre o Rosário:

A IGREJA CONCILIAR E AS 4 NOTAS

Há 61 anos, foi anunciado o Concílio Vaticano II por São João XXIII -  Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico

Fonte: SSPX Great Britain – Tradução: Dominus Est

Meus queridos irmãos,

Última iniciativa da Igreja Conciliar

Em sua mais recente entrevista ao FSSPX.News, nosso Superior Geral explicou o processo sinodal, que é a mais recente iniciativa da Igreja Conciliar destinada a “renovar” a Igreja Católica, mas que, ao invés disso, a vira de cabeça para baixo (veja Ite Missa Est, março-abril 2019) e, efetivamente, a coloca a serviço de uma nova ordem mundial, inimiga de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Não se sabe se o Papa, os cardeais ou os outros reformadores realmente entendem que estão levando o Cordeiro ao matadouro uma segunda vez, mas uma coisa é clara: parece haver um senso de urgência – até mesmo desespero – em seus sucessivos projetos para mudar a Igreja Católica. Talvez haja uma mão invisível que os esteja forçando. Vemos isso na esfera da política nacional onde, em vez de estadistas, vemos fantoches egoístas dançando ao som de outra melodia para impor leis ideológicas malignas para as quais não há demanda pública real. Ou talvez os reformadores possam ver que seu tempo é limitado: os fiéis fugiram, as estruturas estão em colapso, a árvore não tem frutos e está murchando, e eles estão se tornando irrelevantes para o mundo pelo qual sacrificaram tudo para agradar.

As ruínas

As aflições da Igreja prontamente lembram as Lamentações de Jeremias: “Os caminhos de Sião choram, porque não há quem venha às solenidades ; todas as suas portas se acham destruídas ; os seus sacerdotes gemendo ; as suas virgens esquálidas, e ela oprimida de amargura. Os seus adversários assenhorearam-se dela, enriqueceram-se os seus inimigos, porque o Senhor falou contra ela, por causa da multidão das suas iniquidades ; os seus filhinhos foram levados para o cativeiro ante a face dos que os atribulavam.”(Lam 1, 4-5) Continuar lendo

A RELIGIÃO DOS MODERNISTAS PÓS-CONCILIARES – CARACTERÍSTICAS

Fonte: Corsia dei Servi – Tradução: Gederson Falcometa

Muitas declarações e ações da hierarquia católica que se sucedem a um ritmo cada vez maior são cada vez menos explicáveis como desvios marginais da reta doutrina.

Parece mais a emersão de uma versão humanitária da nossa Santa Religião, a qual gradualmente, com os aplausos dos teólogos e dos operadores da comunicação, conquistou o centro da cena, a ponto de ser pregada abertamente como a doutrina atual da Igreja.

As ideias vetoriais do modernismo inoculadas no catolicismo na sequência da revolução joanina atuaram nestes anos conciliares, provocando uma transmutação alquímica do catolicismo, de uma religião revelada tendo por finalidade a salvação das almas para um humanismo filantrópico que apoia o poder mundano.

Nesta versão diluída do cristianismo ad usum delphini dois aspectos se destacam principalmente, o historicismo e o naturalismo.

Historicismo

Com o historicismo se abandona as categorias verdadeiro-falso e bom-mau a favor de uma concepção evolucionista em que cada expressão e ação deve ser julgada de acordo com o momento histórico em que aconteceu: o verdadeiro e o bom são prisioneiros do tempo. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 15 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DOS SANTOS

Discourses on the Sober Life (Discorsi della vita sobria) Being the Personal Narrative of Luigi Cornaro (1467-1566, A. D.) [Illustrated Edition] (English Edition) por [Luigi Cornaro]

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Todos os santos devem sua recompensa eterna, em grande parte, à graça da paciência. Sua coroa no céu não será devida tanto ao que fizeram por Deus, mas ao que sofreram por Ele. Neles, a paciência tem sua obra perfeita (Tiago 1,4), e essa obra tem sido prepará-los para as alegrias eternas do Céu.

Oh, quão gratos eles serão a Deus pela paciência que Ele lhes deu para sofrer voluntariamente por Ele! Quão gratos serão pelos sofrimentos que lhes proporcionaram uma felicidade inexprimível e uma paz que não conhece fim.

Os santos, enquanto ainda estão na terra, têm uma visão mais verdadeira de todos os eventos da vida do que nós. Eles valorizam, acima de tudo, mesmo enquanto ainda estão sofrendo, as cruzes e aflições que Deus lhes envia. Os apóstolos consideraram uma alegria sofrer afrontas por causa de Cristo. “Nos gloriamos na tribulação”, diz São Paulo. Continuar lendo

SANTO TOMÁS PROPÕE A VINGANÇA COMO VIRTUDE. MAS, VINGANÇA NÃO É ALGO RUIM?

A criação, a cosmologia e o pensamento de São Tomás de Aquino

Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

Entre as virtudes sociais, isto é, aquelas que facilitam a vida dos homens na sociedade, Santo Tomás enumera a vindicta – que deveria ser traduzida como “punição justa” para evitar o sentido pejorativo que a palavra “vingança” tem. É uma virtude ligada à virtude cardeal da justiça, que consiste em punir o malfeitor pelo crime cometido.

Infelizmente, quando se trata de punir criminosos, o mundo moderno parece oscilar entre dois extremos: rigor desproporcionado e leniência exagerada. Portanto, é necessário esclarecer o que entendemos como “vingança”, punição justa.

Não há duvida de que restaurar a ordem perturbada por uma ação má é uma obra boa e virtuosa, exigida pela justiça em si e pela necessidade de manter a ordem social. Porém, em razão de nossa natureza decaída, quando se aplica uma punição, é muito fácil se deixar levar por motivos pecaminosos (raiva desordenada, ódio do criminoso, etc), o que faria a punição perder sua justiça, seu caráter virtuoso, tornando-a um verdadeiro pecado.

Santo Tomás explica: Continuar lendo

FRANCISCO FALA DE SEU SUCESSOR: JOÃO XXIV. E TALVEZ POSSAMOS DIZER ALGO SOBRE

Bergoglio parla del suo successore: Giovanni XXIV. E forse possiamo dirvi qualcosa.

Em seu voo de retorno da Mongólia, o Papa Francisco deixou claro que, se não puder ir ao Vietnã durante a sua próxima viagem internacional, o seu sucessor, João XXIV, poderá ir em seu lugar (literalmente).

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

Talvez possamos contar mais sobre essa figura e a era que ele inaugurará.

João XXIV será italiano e de ideias controversas. Ele terá um pontificado curto. Estará aberto ao mundo moderno e pronto para liderar uma igreja de misericórdia . Ele convocará um novo Concílio que será concluído por seu sucessor. Nele e com ele triunfarão os erros condenados pela Igreja: ecumenismo indiferentista, colegialidade-sinodalismo, liberalismo religioso, liturgia protestantizada. 

Será impressionante porque estes miasmas anticatólicos serão aceitos por muitos fiéis, embora já tenham sido definitivamente condenados na: Auctorem Fidei, Mirari Vos, Qui Pluribus, Sillabo, Libertas, Pascendi, Notre Charge Apostolique, Quas Primas, Mortalium Animos, Humani Generis , e em muitos outros documentos papais. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 14 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DE JESUS CRISTO

COMO FOI SUA SEMANA SANTA? – Vocação de Jesus

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Assim como em todas as outras virtudes, também na paciência Jesus Cristo é nosso Mestre e Exemplo.

Ninguém jamais sofreu como Ele sofreu e, portanto, ninguém teve que exercer tanta paciência como Ele exerceu.

Quão paciente Ele foi com aqueles que O insultaram e abusaram! Jamais houve uma palavra de indignação, jamais um olhar raivoso, nada além de doçura e bondade. “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.

Oh, quando serei capaz de imitar a paciência de Jesus? Quando me aproximarei, mesmo à distância, do Modelo Divino que professo imitar? Quão paciente Ele foi com Seus Apóstolos! Como a aspereza, o egoísmo e a estupidez deles devem tê-lo desagradado! Continuar lendo

MARX SERIA CONSERVADOR HOJE?

Camiseta Tio Karl Marx | VandalFonte: Ricognizioni – Tradução: Gederson Falcometa

Um fantasma assombra o dourado mundo progressista: a suspeita de que Marx hoje não se daria bem com a atual esquerda político-cultural “fúcsia”, do Partido Democrata de marca Schlein ao espanhol Sànchez até mesmo as brigadas woke americanas e aos autodenominados Social justice Warriors da extrema-esquerda financiados por bilionários. Há anos a tese é tematizada na França, sobretudo por Jean Paul Michéa, que se define como socialista, mas não “de esquerda”. Agora a desconfiança ecoa nas considerações de uma pensadora suíça, Elena Louisa Lange. Um artigo no semanário alemão Die Weltwoche causou sensação. “Vale a pena perguntar o que Marx, um lutador contra a censura prussiana, pensaria da cultura do cancelamento da esquerda hoje, o que Marx pensaria dos Verdes alemães, cuja política é baseada em um novo coletivismo centrado no vírus ou na mudança climática.” E em um belicismo desatinado, representado pela ministra Annalena Baerbock, que contradiz décadas de pacifismo de arco-íris.

A Lange identifica o momento decisivo da esquerda ocidental na contracultura nascida na década de 1960 e na Escola de Frankfurt. Os frankfurtianos partiram do pensamento de Marx, mas para revira-lo como a uma meia, até perderem o interesse pelo elemento básico, a abolição da propriedade privada como elemento fundamental da libertação da humanidade. O próprio internacionalismo era íntimo deles: optaram por um cosmopolitismo abstrato, cuja saída paradoxal era o subjetivismo mais exaltado, ponto de encontro com o liberalismo. Herbert Marcuse, figura chave daqueles anos, Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, embora fortemente marcados pelo marxismo clássico, nunca se interessaram “pela emancipação social das classes trabalhadoras. Adorno e companhia, influenciados pela experiência de Auschwitz, substituíram a luta de classes pela política de identidade judaica, Marcuse viu o sujeito revolucionário nos danados da Terra (Frantz Fanon), no Terceiro Mundo, nas mulheres, nos negros e nos homossexuais.”

Não concordamos com o julgamento relativo a Adorno e Horkheimer: os dois certamente foram influenciados pela raiz judaica – comum a todos os frankfurtianos – mas seu alvo polêmico era sobretudo a sociedade autoritária – símbolo de uma espécie de eterno fascismo (A personalidade autoritária ) e a cultura de massa (Dialética do Iluminismo), que detestavam em nome de um intelectualismo elitista. A falta de interesse pelo destino do proletariado e seus problemas concretos é evidente. Na verdade, eles acreditavam que a classe trabalhadora não era nada revolucionária, mas sim interessada em melhorar sua condição econômica e social, portanto conservadora. Continuar lendo

A COSMOVISÃO DA LAGARTIXA

Fonte: Permanência

Hoje, para variar e para descansar o leitor, vamos falar da lagartixa. Antes disso, devo dizer que, nas meias horas de descanso depois das refeições receitadas pelo Dr. Stans Murad, costumo esticar-me num sofá, perdão, num sofanete, para ser mais exato, e então, sem saber como e quando começou, costumo deixar correr a lembrança dos dias idos e vividos ou das pessoas idas e mortas. Entrego a memória a seus caprichos e ponho-me de camarote a assistir às avessas, e de surpresa, às cenas desse teatro de amadores mal ensaiados que se chama vida. É o meu luxo, é o último regalo que os ferozes deveres de estado me concedem. Desta maneira, misturando à água da memória o vinho da ficção, invento a vida que não tive, viajo, vejo terras e mares que não vi, revivo amores que não vivi

Many and many years ago,

In a kingdom by the sea…

Nem sempre é ameno este exercício. Às vezes, como cobra escondida na moita, salta-me diante dos olhos um quadro vivíssimo  que supunha morto ou dormido, ou vara-me o ouvido do coração uma palavra, um timbre, um grito, que me quebra o repouso com uma descarga elétrica de dor. Mas também muitas vezes logro repassar momentos de tão intensa doçura — ora no gosto fresco de um alvorecer, ora na suavidade silenciosa de um entardecer — que me dão esquecimento de todos os azedumes provados… Outras vezes, simplesmente cochilo até que toque um dos sete despertadores dos sete deveres de estado.

*

Ora, ontem, quando me punha no decúbito dorsal aconselhado pela sábia e amiga solicitude do Dr. Stans Murad, que é meu amigo pessoal, e declarado inimigo pessoal da morte, especialmente da morte súbita (A subitanea et improvisa morte libera nos, Domine), no momento em que me preparava para desatar as amarras da fantasia, vi no teto uma lagartixa a andar desembaraçadamente no seus afazeres de lagartixa, movendo-se ao arrepio das leis da gravitação, mas certamente ao saber de outras leis que desconheço, mas respeito.

Feliz animal! Lá no teto, com a maior naturalidade do mundo, a lagartixa vê tudo de pernas para o ar, vê pesados móveis grudados num teto sem nenhuma lei a favor de tal postura, e vê em decúbito dorsal uma grande pobre lagartixa humana, estendida no sofanete, imóvel, vivendo só pelo ardor dos olhos e pela angústia do semblante. Lacerta agilis, se tivesses nas tuas frias veias uma centelha daquilo que nos faz entender, e principalmente desentender, saberias lá no teu teto que o mundo cá embaixo anda ainda muito mais de pernas para o ar do que te parece. Tua tranqüilidade, ó Lacerta agilis, vem do fato de não seres absurda. És o que és, e moves-te em conformidade com o que és. Nós, não. Nós não sabemos exatamente o que somos, e quando o sabemos é para logo observarmos que certamente, certíssimamente, não vivemos segundo o que verdadeiramente somos. Continuar lendo

ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO TRABALHO DA FSSPX NA ÁSIA

Medical Mission

Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est

Queridos amigos e benfeitores,

Mais uma vez, escrevemos com notícias do Apostolado aqui no Extremo Oriente. Vocês poderão encontrar nesta revista APOSTLE (links no final do texto) os vários trabalhos que realizamos na vinha do Senhor, para a salvação das almas.

Uma das maiores tentações que os católicos podem encontrar nestes tempos estranhos é a do desespero. Um católico pode viajar para qualquer país do mundo e encontrar inúmeros casos de desânimo e dificuldade na prática da nossa santa fé. Repetidas vezes ouvimos os gritos dos fiéis pedindo por mais ajuda, mais tempo, mais respostas para os problemas que enfrentam em um mundo pagão. São gritos altos e desesperados que não podem ser ignorados!

É a virtude sobrenatural da esperança que fornece as respostas e os recursos para enfrentar as situações “impossíveis” que encontramos todos os dias. É, precisamente, a esperança e a confiança na Providência Divina que nos dão a força e a perseverança para superar as tentações do desespero e da tristeza durante estes tempos perigosos.

Entretanto, existem também outros “gritos” de almas que não podem ser ouvidos tão facilmente. Estes são os “gritos silenciosos” de tantos milhões, ou melhor, bilhões de almas que nascem nas trevas da idolatria e das falsas religiões. Elas passam a vida inteira buscando a felicidade e algumas outras respostas que fariam este mundo bizarro parecer mais sensato para elas. Infelizmente, para a maioria destas pobres almas, elas não conseguem encontrar as respostas e morrem na escuridão espiritual. Como escreve São Paulo aos Romanos: “Como invocarão, pois, aquele, em quem não creram (ainda)? Ou como crerão naquele, de quem não ouviram falar? E como ouvirão, sem haver quem lhes pregue? E, como pregarão eles, se não forem enviados? Como está escrito: Que formosos são os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam a felicidade!” (Rom 10, 14-15). Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 13 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DE MARIA

virgem-maria

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Como Jesus veio para sofrer, era necessário que Maria sofresse com Ele. Este era seu maior privilégio, e ela sabia que seria assim. Ela sabia disso mesmo quando seu amor humano irrompeu em suas palavras suplicantes: “Filho, por que procedeste assim conosco?” Ela sabia disso quando ficou com o coração partido sob a cruz. Ela sabia quando recebeu, em seus braços, o Corpo do Filho, depois de ter sido descido da Cruz. Ela sabia, do princípio ao fim, que a melhor prova do amor de Nosso Senhor é dar-nos parte em Seus sofrimentos.

Esta era a consolação de Maria. Será a minha quando tenho que sofrer?

Não lemos muito nas Sagradas Escrituras a respeito da paciência de Maria, mas o suficiente para saber que Jesus, propositalmente, testou sua paciência. Por que Ele fez com que o santo Simeão penetrasse em seu coração com a previsão de seus sofrimentos futuros? Por que Ele a obrigou a começar, na noite escura, a viagem para o Egito, quando Ele poderia facilmente ter derrotado os projetos de Herodes? Por que Ele não a deixou saber onde estava quando permaneceu em Jerusalém? Por que Ele aparentemente a repreendeu nas bodas de Caná? Por que Ele permitiu que seu coração fosse dilacerado pela visão de Sua crucificação? Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – SETEMBRO/23

História de São Miguel Arcanjo

Caríssimos fiéis,

Neste mês, comemoramos a festa de São Miguel Arcanjo. No início de outubro, comemoraremos os Santos Anjos da guarda.

A devoção aos Santos Anjos é muito importante. Como os homens passam cada vez mais tempo diante das telas – muitas vezes para mergulhar no mundo artificial dos jogos ou filmes – é importante lembrar que há, realmente, um mundo invisível: o dos espíritos.

Um dia, conheci um idoso, supostamente católico, que me disse que não acreditava em anjos. Ora, não crer nos anjos é grave! Negar a existência dos anjos é negar a verdade da Sagrada Escritura, na qual sua presença é constante; desde os querubins que guardam a entrada do Paraíso terrestre, até os anjos que resgatam São Pedro de sua prisão, passando pela Anunciação, a Natividade de Nosso Senhor e muitos outros episódios.

Negar a existência dos anjos é também rejeitar os dois mil anos do Magistério da Igreja. O Quarto Concílio de Latrão afirma a existência dos anjos; e também diz o Concílio Vaticano I: “Desde o início dos tempos Deus criou do nada dois tipos de criaturas, a espiritual e a corpórea, ou seja, os anjos e o mundo”. Continuar lendo

O QUE É A VIRTUDE DA AFABILIDADE?

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Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

Afabilidade é a simpatia, a virtude que nos compele a preencher nossas palavras e ações externas aquilo que possa contribuir para tornar amigáveis e agradáveis as nossas relações com o próximo. É uma virtude eminentemente social, moralmente necessária para a existência humana, e um dos sinais mais delicados e inequívocos de um autêntico espírito cristão.

Suas manifestações são inúmeras, todas gerando a simpatia e a afeição daqueles ao nosso redor – bondade, elogios simples, indulgência, gratidão manifestada com entusiasmo, educação nas palavras e maneiras, etc.

Ainda assim, como é uma virtude moral, a afabilidade sempre deve ser mantida em um meio termo justo, pois pode-se pecar contra ela por excesso (adulação) e por falta (litígio, espírito de contradição).

Adulação é o pecado daquele que tenta agradar alguém de modo desornado ou exagerado para extrair dele alguma vantagem. No fundo, ele sempre vem acompanhado de hipocrisia e egoísmo. Como São Tomás diz: “Como dissemos, a amizade referida, ou afabilidade, embora tenha como fim principal causar prazer àqueles com quem convivemos, contudo, quando é necessário, para conseguir um bem ou evitar um mal, não teme contristar. Por onde, quem quer de todos os modos  falar a outrem para lhe causar prazer, excede o modo devido de fazer e portanto peca por excesso. E se o fizer só com a intenção de causar prazer, chama-se complacente, segundo o Filósofo; se, porém, tirar algum proveito, chama-se lisonjeiro ou adulador. Mas, comumente, a palavra adulação costuma ser aplicada só àqueles que, excedendo o modo devido da virtude, querem agradar aos outros na convivência ordinária com palavras e obras” (II-II, 115, 1) Continuar lendo

A BATALHA DE CAPORETTO DOS CATÓLICOS – O TRIUNFO DO CONCILIARISMO

Concílio Vaticano II precisa ser mais conhecido também pelos leigos -  Vatican News
Fonte: EreticaMente –  Tradução: Gederson Falcometa

É a fé dos católicos como a ave fênix: todos dizem que existe, onde está ninguém sabe. Conseguimos com a perífrase de um verso de Pietro Metastasio, tomando nota de uma ampla pesquisa realizada entre os italianos que se declaram católicos pela revista mensal Il Timone. A minoria que ainda vai à missa quase nunca se confessa, ignora o que é a Eucaristia e o pecado, aprova o aborto, a contracepção e o casamento homossexual. O caos reina sobre os fundamentos: assim conclui a desanimada capa do jornal.

Realmente preocupante mesmo para quem é um simples crente observador das coisas da Igreja. A Caporetto* da fé e dos passados “princípios inegociáveis” é impressionante, tendo em conta que as ideias levantadas não dizem respeito os simples batizados, mas aos praticantes, aqueles que participam dos ritos, recebem os sacramentos, pertencem a galáxia associativa e cultural chamada mundo católico. Cujos membros – mas talvez sejam aqueles a quem o cardeal Biffi chamou de “não crentes praticantes” – pensam mais ou menos como a cultura anti-religiosa dominante. A separação entre a doutrina de sempre e a conduta concreta é impressionante. A comparação com o que Jesus disse aos seus discípulos faz-nos sorrir: vós não sois do mundo, mas eu escolhi-vos do mundo. A cidade do homem já não se parece com a cidade de Deus. A própria referência a um criador parece afastar-se da sensibilidade dos “fiéis” – a quê coisa? – e Jesus Cristo é muitas vezes uma desculpa para falar de outra coisa.

As recentes Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa foram um exemplo disso. Grandes palavras, canções, ambientalismo, eco-ansiedade: o catolicismo reduzido a uma corrente verde que reflete sobre a Mãe Terra, mas não sobre o Pai Eterno. O prelado português organizador garante que não “quer fazer proselitismo”; quando acreditavam em Deus, chamavam-lhe apostolado, mas assim soa também o sino fúnebre para a organização, o edifício concreto e mundano da Igreja. Sem prosélitos, a loja fecha, salta a “persistência dos agregados” (V. Pareto), a tendência humana de preservar as organizações. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 12 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DE JÓ

Por que dizemos que precisamos “ter mais paciência que Jó”?

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

A paciência de Jó é proverbial.

Ela é apresentada nas Sagradas Escrituras para nossa imitação. (Tiago 5,11.) Foi elogiada pelo próprio Deus e recebeu uma rica recompensa, mesmo neste mundo. É, portanto, digna de nosso estudo e imitação.

A paciência de Jó o sustentou não apenas contra um tipo de infortúnio, mas contra uma série de calamidades de todos os tipos que vieram sobre ele, uma após a outra, rapidamente e sucessivamente.

Todos os seus bens lhe foram tirados e, seus filhos foram mortos de uma só vez pela queda de uma casa onde eles estavam. Jó, longe de murmurar, simplesmente adorou a Deus, dizendo: “O Senhor deu e o Senhor tirou: Bendito seja o nome do Senhor!”

É esta a minha linguagem quando sofro? Continuar lendo

MODESTIA CRISTÃ

Fonte: FSSPX Portugal

Tendo em conta o mundo em que vivemos atualmente: um mundo de materialismo e cheio de todo o tipo de vaidades, é oportuno voltar a falar de pudor. Infelizmente, quando se fala de pudor, as pessoas pensam logo que se trata de algo que só diz respeito às mulheres, no que diz respeito ao seu modo de vestir. Mas na realidade não é assim, porque vemos como os homens também podem escandalizar as mulheres com a sua maneira de vestir. Além disso, os homens desempenham um papel importante na propagação do pudor. Os pais que são homens, supostamente educadores dos seus filhos, devem educar os seus filhos na forma correcta de se vestirem. Por acaso não temos a obrigação de corrigir as raparigas quando usam roupas provocantes ou roupas que não são suficientemente modestas? Estes parágrafos pretendem ser uma ajuda para as nossas senhoras, para que tenham uma ideia da verdadeira modéstia cristã; e também para que os pais vejam que os seus filhos, e sobretudo as suas filhas, não sejam a causa da condenação de muitas almas ao inferno.

Mensagem de Nossa Senhora de Fátima

“Há mais almas que vão para o inferno por pecados da carne (isto é, pecados contra o 6º e 9º Mandamentos) do que por qualquer outra razão”. Nossa Senhora de Fátima disse à Jacinta: “Serão introduzidas certas modas que ofenderão gravemente o Meu Filho”. A Jacinta também disse: “As pessoas que servem a Deus não devem seguir modas. A Igreja não tem modas, Nosso Senhor é sempre o mesmo”. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 11 – A VIRTUDE DA PACIÊNCIA – A PACIENCIA SOB O DESPREZO

Fonte: Hostia Bulletin (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Há poucas coisas tão difíceis suportar para a natureza humana como o desprezo.

Ser considerado indigno de percepção, ser mencionado em termos que implicam que somos desprezados, ser ignorado como se não tivesse importância aos olhos dos outros, tudo isso é realmente doloroso para nós e desafia, dolorosamente, nossa paciência. .

Quando sou tratado assim, como encaro isso? Estou desejoso de provar minha importância e a necessidade de me considerarem? Se é assim, não tenho a paciência que deveria ter. Ainda tenho muito do espírito de orgulho em mim. Devo rogar a Deus para me tornar mais humilde.

Por que o desprezo é tão doloroso para nós? É porque nosso desejo natural é por poder e influência. Não nos damos conta de nossa própria insignificância. Se déssemos, estaríamos dispostos a ser menosprezados.

Deveríamos desprezar a alta estima dos homens. Este era o caso dos santos. Eles evitavam a honra e cortejavam o desprezo. São Filipe Neri costumava ir aos lugares em que se encontravam os cardeais, em São Pedro, em uma Festa, para que ele pudesse ter a humilhação de ser expulso. São Francisco costumava ajoelhar-se no refeitório e acusar-se abertamente de gula. Oh, meu Deus, obterei alguma vez esta graça de estar satisfeito em ser desprezado e de não gostar de ser honrado?

Qual seria o tratamento dispensado a nós se aqueles ao nosso redor nos vissem como somos aos olhos de Deus, se conhecessem todos os pensamentos ímpios e ações pecaminosas de nossa vida passada? Qual seria a avaliação deles sobre nós se nos vissem com todas as abominações de nossa alma reveladas; se eles contemplassem nosso orgulho, egoísmo, preguiça, impureza e egoísmo, nossa alta estima por nós mesmos e nossa indiferença a Deus?

Oh, então, como eles nos desprezariam! Como devemos desprezar a nós mesmos!

COMO DEVEMOS CUMPRIR O PRECEITO DE ASSISTIR À MISSA?

Minoritenkirche, Viena - próximos eventos clássicos

Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

O terceiro mandamento da Lei de Deus requer que “santifiquemos o Sábado” (Ex. 20:8), e, no Antigo Testamento, Deus definiu como cumprir essa obrigação. Na Nova Lei, a Igreja determinou que o preceito divino deve ser cumprido pela presença na Missa aos domingos e dias santos. Isso é uma obrigação – sob pena de pecado mortal – para todo católico de 7 anos ou mais, que tem o uso habitual da razão.

Para cumprir o preceito eclesiástico de assistir à Missa, a primeira condição é a presença física no lugar onde a Missa é celebrada, de modo que as ações do Padre possam ser acompanhadas. Não se requer, porém, que se esteja dentro da Igreja, nem mesmo que se veja ou ouça o Padre. Basta fazer parte daqueles que ouvem a Missa (p.ex., da sacristia ou de uma Capela lateral, ou atrás de uma coluna, ou fora da Igreja se ela estiver lotada) e ser capaz de segui-la de algum modo, como pelo som dos sinos ou pelos gestos dos outros presentes. Portanto, mesmo fora da Igreja, é possível assistir à Missa, desde que se esteja unido ao grupo de fiéis que estão dentro.

Na falta dessa presença física, aquele que ouve a Missa pelo rádio ou pela televisão, ou via streaming online, ou que permanece tão longe do grupo de presentes que não pode ser considerado parte deles, este não cumpre o preceito. Continuar lendo

ASSIM É, SE ASSIM LHE PARECE. CUIDADO COM O “TRADICARISMATISMO” (MESMO QUANDO PARECE “CATÓLICO”)

Così è, se vi appare. Occhio al tradicarismatismo (anche quando sembra “cattolico”)

Extraído do livro Palavras claras sobre a Igreja. Por que existe uma crise, onde ela surge e como sair dela, de D. Daniele di Sorco, FSSPX

Fonte: Radio Spada – Tradução: Gederson Falcometa

[…] Antes de enunciar alguns princípios gerais, gostaríamos de dizer uma palavra sobre um fenômeno relativamente recente, que chamaremos de tradicarismatismo.

Com este termo indicamos aqueles sacerdotes que, por trás de um verniz tradicional (rito antigo, rejeição dos ensinamentos do Papa Francisco, mais raramente do Concílio), possuem uma concepção carismática da fé, para a qual, na vida cristã, o elemento decisivo é representado por intuições pessoais (qualificadas como «ouvir a Deus», «fazer a experiência Deus») e por revelações privadas.

Eles pretendem resolver os nós da crise atual não à luz dos princípios da sã teologia, mas com base no que uma pessoa “inspirada” diz (isto é, na maioria das vezes, eles mesmos) ou uma suposta mensagem sobrenatural.

Por exemplo, há quem acredite que Francisco seja um antipapa e espere um “sinal do céu” para poder designar o verdadeiro Papa. Continuar lendo

15 DE AGOSTO – ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

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Para ler a Meditação de Santo Afonso para essa data, clique aqui.

Para ler e ouvir um Sermão de D. Lefebvre, de 1990, sobre a Festa da Assunção, clique aqui.

Para ler e ouvir um Sermão de D. Lefebvre, de 1975, sobre a Festa da Assunção, clique aqui.

Para ler a belíssima Encíclica MUNIFICENTISSIMUS DEUS, de Pio XII, que define o Dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu em Corpo e Alma, clique aqui.

Abaixo colocamos o momento da proclamação do dogma pelo Papa Pio XII

SERMÃO DE D. LEFEBVRE POR OCASIÃO DA FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA (15 DE AGOSTO DE 1975)

Neste sermão proferido em Êcone, em 15 de agosto de 1975, D. Lefebvre mostra como a Assunção é uma afirmação do sobrenatural, de nossa vida de união com Deus face o naturalismo contemporâneo que considera apenas esta Terra e esquece o mundo futuro.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Para ouvir o Sermão clique aqui

Meus queridos irmãos,

Celebramos hoje o 25º aniversário da proclamação do Dogma da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria por nosso Santo Padre, o Papa Pio XII. Foi em 1º de novembro de 1950.

Tive a alegria e a felicidade de estar em Roma naquele dia, na Praça de São Pedro, e ainda posso ouvir as palavras do nosso Santo Padre, o Papa Pio XII, proclamando a Assunção da Santíssima Virgem Maria, dogma da nossa fé.

Uma verdade professada desde os tempos apostólicos

Foi em 1950, no dia 1º de novembro, que a Santa Igreja de Deus ouviu falar pela primeira vez da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria? Certamente não. Basta ler os Atos pelos quais nosso Santo Padre Pio XII proclamou a Assunção da Santíssima Virgem, para ver que desde os primeiros tempos da Igreja já se professava a Assunção da Virgem Santíssima Virgem Maria.

Seja nas imagens, seja nos vitrais, nos escritos dos Padres, a fé na Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria já era professada em toda parte. Mas não foi definido solenemente pela Santa Igreja, porque esses dogmas – é preciso recordar – não podem ser novas verdades. Toda Revelação cessou após a morte do último dos apóstolos.

Portanto, é necessário olhar para antes da morte do último dos apóstolos, para encontrar no fundo da tradição e da Revelação que nos legaram, que os apóstolos nos legaram, para afirmar as verdades nas quais devemos crer hoje. Nenhum papa pode inventar uma nova verdade que ele queira submeter à nossa fé. Ele só pode buscar esta verdade no decorrer dos séculos, significando que esta verdade já estava implicitamente contida na Revelação e na fé que os apóstolos nos deram. Este é o ensinamento da Igreja. Continuar lendo

O PECADO DA INVEJA

A inveja está entre os 7 pecados capitais, mas seus limites são mais difíceis de estabelecer do que os de alguns outros vícios… Sintomas e remédios de uma imperfeição mais comum e perigoso do que parece. 

Fonte: La Couronne de Marie – Tradução: Dominus Est

O que é o pecado da inveja?

Por inveja do demônio, é que entrou no mundo a morte” diz o livro da Sabedoria (2, 24). De acordo com esta passagem, os anjos maus caíram porque invejaram os homens. O motivo específico é misterioso, mas geralmente supõe-se que eles não suportaram saber que meros seres humanos receberiam dons divinos ainda maiores do que os deles: que o Filho de Deus encarnaria como homem, que uma simples mulher se tornaria Mãe de Deus. Isso mostra a importância desse pecado capital, do qual até os anjos podem ser culpados, embora ele não deva nada à preguiça ou à gula… A inveja, ao contrário desses vícios, não está relacionada à nossa condição corporal. É, de certa forma, um mal puro, como o orgulho, do qual está muito próxima.

Este exemplo dos demônios mostra claramente em que consiste precisamente o pecado da inveja: como nos diz Santo Tomás de Aquino, retomando São João Damasceno, é “uma tristeza pelos bens alheios“. “Por que ele e não eu?” Em essência, tal é o pensamento que constantemente retorna à mente do invejoso. O bem que meu próximo possui torna-se uma afronta, uma diminuição de minha própria excelência, e esse sentimento é, muitas vezes, acompanhado por um desejo violento de que o próximo seja privado desse bem. O invejoso procura fugir de sua tristeza pela alegria sinistra de ver o mal do próximo. Esta é a razão do terrível ódio do demônio pelos homens, pelo qual ele imagina encontrar alívio em seu desespero por estar privado de Deus. É assim que os podemos comparar os invejosos a animais raivosos…

Quais são as suas causas?

Na raiz da inveja está, claro, o orgulho, o apego à nossa própria glória e, às vezes, até aos nossos bens materiais, se eles são motivo de vaidade em nós. Cada um de nós, a seu modo, está convencido da própria excelência segundo o temperamento: para alguns, será por sua inteligência, para outros, por suas qualidades, suas posses, sua fortuna… Há o orgulho legítimo, mas que não deve degenerar em fontes de vanglória. O rei Saul, grande guerreiro, foi consumido pela inveja ao ouvir as mulheres de Israel cantarem: “Saul matou mil, e Davi dez mil.” Saul irou-se em extremo, desagradou-lhe esta expressão, e disse: Deram dez mil a Davide, e mil a mim; que lhe falta, senão só o reino? “Daquele dia em diante, Saul não via Davi com bons olhos.” (1 Samuel 18, 7–9). Em poucas palavras, a Sagrada Escritura mostra-nos a inveja em toda a sua fealdade: um orgulho ferido que destrói a caridade e leva ao ódio, que muda o olhar com o qual vemos o próximo. Continuar lendo