A LIBERDADE RELIGIOSA CONDENADA PELOS PAPAS – PARTE 2

lef3MOTIVO DA CONDENAÇÃO

Como terão notado nos textos precedentes, os papas mostraram cuidadosamente as causas e denunciaram as origens liberais do direito à liberdade religiosa: trata-se de denunciar principalmente o liberalismo naturalista e racionalista, que pretende ser a razão humana o único árbitro do bem e do mal (racionalismo); que pertence a cada um de decidir se deve adorar ou não (indiferentismo); e finalmente que o Estado é a origem de todo o direito (monismoestatal).

Daí certos teólogos modernos acharam que se podiam tirar três teses:

1 – Os papas não condenaram a liberdade religiosa em si, mas somente porque ela aparecia “como conseqüência de uma concepção naturalista do homem”84ou que ela “procedia da primeira premissa do racionalismo naturalista”85, ou das duas outras: “mais do que as conseqüências, são os princípios    que

são aqui considerados: A Igreja condena o racionalismo, o indiferentismo e o monismo estatal”86, simplesmente.

– Ante as expressões concretas dos princípios modernos (luta com o poder temporal do papado, laicização das Constituições, espoliação da Igreja, etc.), faltou aos papas “a serenidade necessária para julgar com objetividade o sistema das liberdades modernas, e distinguir o verdadeiro do falso”; “era inevitável que o primeiro reflexo de defesa fosse uma atitude de condenação total”87, era difícil para estes papas “reconhecer um valor num conteúdo onde a motivação era hostil aos valores religiosos… assim se fez cara feia durante um longo tempo ao ideal representado pelos direitos do homem, porque não se lograva reconhecer neles a longínqua herança do Evangelho”88.

– Mas hoje é possível redescobrir a parte de verdade cristã contida nos princípios da Revolução de 1789 e reconciliar assim a Igreja com as liberdades modernas, com a liberdade religiosa em particular. O Padre Congar foi o primeiro a traçar o caminho que se deve seguir neste ponto: Continuar lendo

A LIBERDADE RELIGIOSA CONDENADA PELOS PAPAS – PARTE 1

lef2“A liberdade civil de todos os cultos propaga a peste do indiferentismo” S.S Papa Pio IX

Correndo o risco de me repetir, vou reunir neste capítulo os textos das principais condenações da liberdade religiosa durante o século XIX, para que os leitores entendam bem o que foi condenado e porque os papas condenaram.

A CONDENAÇÃO

Pio VI, carta “Quod Aliquantulum”, de 10 de março de 1791, aos bispos franceses da Assembléia Nacional:73

“A finalidade da Constituição decretada pela Assembléia é aniquilar a religião católica, e com ela a obediência devida aos reis. Como resultado se estabelece como direito do homem na sociedade esta liberdade absoluta que não só lhe assegura o direito de não ser perturbado quanto às suas opiniões religiosas, como também licença de pensar, de dizer, de escrever e inclusive imprimir impunemente tudo o que possa sugerir  a  imaginação  mais  desordenada;  direito  monstruoso que parece à Assembléia ser o resultado da igualdade e liberdade naturais a todos os homens. Mas o que poderia haver de mais insensato do que estabelecer entre os homens esta igualdade e esta liberdade desenfreada que parece afogar a razão, o dom mais precioso que a natureza fez ao homem e o único que o distingue dos animais.”

Pio VII, carta apostólica “Post tam Diuturnitas”, ao bispo de Troyes, na França, condenando a “liberdade de cultos e de consciência”, estabelecida pela constituição de 1814 (Luis XVIII):74

“Um novo motivo de tristeza pelo qual nosso coração ainda mais se aflige e que, confessamos, nos causa tormento, opressão e angústia, é o artigo 22 da Constituição. Nele não só se permite a liberdade de cultos e de consciência, como também promete-se apoio e proteção a esta liberdade e aos ministros dos seus chamados “cultos”. Certamente não são necessárias muitas explicações, ao nos dirigirmos a um Bispo como vós, para vos fazer conhecer claramente que ferida mortal este artigo atingiu à religião católica na França. Continuar lendo

A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CULTOS

Resultado de imagem para marcel lefebvreSob o nome sedutor de liberdade de culto, proclama-se a apostasia legal da sociedade”. Leão XIII

Na encíclica “Libertas”, o Papa Leão XIII passa em revista as novas liberdades proclamadas pelo liberalismo. Seguirei sua exposição passo a passo66.

“Será bom considerar separadamente os diversos tipos de liberdade que são consideradas como conquistas da nossa época”.

A liberdade de cultos (ou liberdade de consciência e de cultos) é a primeira; ela é, como explica Leão XIII, reivindicada como uma liberdade moral da consciência individual e como uma liberdade social, um direito civil reconhecido pelo Estado.

“Consideremos a propósito dos indivíduos, esta liberdade tão contrária à virtude de religião, a liberdade de cultos, como chamam, liberdade que tem seu fundamento em considerar permitido a cada um professas a religião que mais lhe agrade, ou não professar nenhuma. Ao contrário, entre todas as obrigações do homem, a maior e a mais santa é sem dúvida a que nos manda oferecer a Deus um culto de piedade e de religião. E este dever vem do fato de que estamos sempre sob  o domínio de Deus, somos governados por sua vontade e providência, temos nEle nossa origem e havemos de retornar a Ele”.

Se realmente o indivíduo-rei é considerado a fonte de seus próprios direitos, é lógico que ele atribua à sua consciência uma completa independência em relação à Deus e à religião. Leão XIII considera então a liberdade religiosa enquanto direito civil67.

“Do ponto de vista social, esta mesma liberdade pede que o Estado não tribute nenhum culto público à Deus, ou não autorize nenhum culto público, que nenhuma religião seja preferida à outra, e que todas elas tenham os mesmos direitos, sem nenhuma consideração ao povo, mesmo que este professe o catolicismo”. Continuar lendo

O LIBERALISMO OU A SOCIEDADE SEM DEUS

Resultado de imagem para MARCEL LEFEBVRE“O indiferentismo é o ateísmo sem o nome” Leão XIII

Depois de haver analisado os princípios do liberalismo político, procurarei expor como o movimento generalizado de laicização que destruiu quase completamente a cristandade, tem sua fonte nos princípios liberais. É o que mostra o Papa Leão XIII em sua Encíclica “Immortale Dei”, em um texto já clássico que não se pode ignorar.

O “Direito Novo”

“A ânsia perniciosa e deplorável de novidades que surgiu no século XVI, tendo inicialmente perturbado as coisas da Religião, como natural conseqüência veio transformar a filosofia, e por seu intermédio toda a organização da sociedade civil. Daí, como de um manancial, derivaram os mais recentes postulados de uma liberdade sem freios, criados durante as grandes perturbações do século XVIII e lançadas depois como princípios e bases de um novo direito, que era até então desconhecido e discrepante não só do cristianismo, mas também, em mais de um ponto, do direito natural.

O principal entre estes princípios é que todos os homens,  sendo de uma mesma espécie e natureza, assim também são iguais em suas ações vitais, sendo cada um dono de si mesmo e de modo algum sujeito à autoridade de outro, que pode pensar em qualquer coisa que lhe ocorra e agir livremente no que lhe apetecer, e ninguém tem o direito de mandar em alguém.

Tendo sido a sociedade constituída sob estes princípios, a autoridade pública não passa da vontade do povo o qual, como depende de si mesmo, é o que se dá as ordens. Entretanto o povo elege pessoas a quem ele entrega não tanto o direito, mas apenas a função do poder para que ela a exerça em seu nome. Cobre-se assim com um manto de silêncio o poder soberano de Deus, como se Deus não existisse, ou não se preocupasse com a sociedade do gênero humano, ou como se os homens, individual ou coletivamente, nada devessem a Deus, ou como se fosse possível imaginar alguma forma de domínio que não tivesse em Deus sua razão de ser, sua força e toda sua autoridade. Continuar lendo

JESUS CRISTO É REI DAS REPÚBLICAS?

Resultado de imagem para marcel lefebvreNão é a maioria que faz a verdade, é a verdade que deve fazer a maioria.

Ainda tenho muito a dizer sobre o liberalismo. Mas gostaria que compreendessem bem que não são minhas opiniões pessoais que proponho. Por isso cito documentos dos papas e não sentimentos meus, que facilmente poderiam ser atribuídos a uma formação recebida no Seminário Francês de Roma. O Padre Le Floch, que era superior, teve com efeito uma reputação muito grande de tradicionalista. Dirão de mim: “foi influenciado pelo que lhe foi dito no seminário!”. Não nego esta influência, mas também agradeço todos os dias a Deus o fato de me haver sido dado como superior e mestre o Pe. Le Floch. Ele foi acusado na época de fazer política; Deus sabe que é o oposto a um crime, o fazer a política de Jesus Cristo e suscitar homens políticos que usem todos os meios legítimos, inclusive jurídicos, para expulsar da sociedade  os inimigos  de  Nosso  Senhor  Jesus  Cristo49.  Na  realidade  o  Pe. Le Floch nunca se meteu com a política, nem sequer no pior    momento do “complot” armado contra a “Action Française”50 e da crise que se seguiu, quando eu era seminarista.

Por outro lado, o Pe. Le Floch nos falava constantemente do perigo do modernismo, do “sillonismo”, do liberalismo. Baseando-se nas encíclicas dos papas, o Pe. Le Floch chegou a firmar em nós uma convicção segura e sólida, baseada na doutrina imutável da Igreja, sobre o perigo destes erros. Desejo transmitir-lhes esta mesma convicção, como uma chama que se transmite à posteridade, como uma luz que os preservará destes erros que reinam hoje mais do que nunca “in ipsis Ecclesiae venis et visceribus”, nas veias e mesmo nas entranhas da Igreja, como dizia São Pio X.

Vocês compreenderão assim que meu pensamento político pessoal sobre o regime que melhor convém, por exemplo para a França, não tem muita importância. Os fatos falam por si mesmos: a monarquia francesa nunca conseguiu realizar o que conseguiu a democracia: cinco revoluções sangrentas (1789, 1830, 1848, 1870 e 1945), quatro invasões estrangeiras (1815, 1870, 1914 e 1940), duas desapropriações dos bens da Igreja, expulsões de ordens religiosas, supressão de escolas católicas, laicizações de instituições (1789 e 1901), etc. No entanto, dirão alguns, o Papa Leão XIII pediu o “ralliement”51 dos católicos franceses ao regime republicano52 (que provocou uma catástrofe política e religiosa). Outros criticam esta atitude de Leão XIII, classificando-a e a seu autor, de liberal. Não creio que ele fosse um liberal e muito menos um democrata. Acreditou apenas suscitar uma boa combinação para o bem da religião na França; mas vê-se claramente que esquecia a origem da constituição irremediavelmente liberal, maçônica e anti-católica da democracia francesa. Continuar lendo

DESIGUALDADES NECESSÁRIAS

Resultado de imagem para marcel lefebvreUm Individualismo Antinatural

Continuaremos a análise do princípio do liberalismo: ele é antinatural, diz o Cardeal Billot, “ao pretender que tudo deve ceder ante o bem da liberdade individual, que as necessidades sociais multiplicaram os empecilhos a esta liberdade, e que o regime ideal para o homem é aquele em que reina a lei do puro e perfeito individualismo”. Ora, continua o autor, “este individualismo é absolutamente contrário à natureza humana”.

Vocês já viram que se trata do liberalismo individual de Jean Jacques Rousseau, que se encontra por toda parte no fundo de todo pensamento político atual. De acordo com Rousseau, os homens nascem livres de toda coação, “anti-sociais” por natureza, feitos para viver isolados na selva, onde são felizes. A origem de seus males e das desigualdades está na introdução da propriedade privada, que dá origem às rivalidades: um “estado de guerra de todos contra todos”. Se os homens se agrupam em sociedades, não é por uma necessidade de sua natureza, mas unicamente por decisão de sua livre e espontânea vontade, como uma escapatória a este estado no qual   “o homem é um lobo para o outro homem”. A sociedade nada tem de natural, é puramente convencional em sua origem histórica e em sua constituição: esta convenção é um “contrato social”.

Toda esta teoria, cuja análise nós tiramos do livro do padre Baltasar Argos S.J.41, havia sido refutada anteriormente, e especialmente por São Tomás de Aquino, que demonstra a natureza social do homem, pondo em evidência que o homem é o animal mais provido de meios naturais para subsistir de modo autônomo quando vem ao mundo e que os homens, mesmo na idade adulta são incapazes de satisfazerem sozinhos a todas as suas necessidades; devem portanto ajudar-se mutuamente42. Gostaria de lhes apresentar uma página admirável do pensador político contemporâneo Charles Maurras (1868-1952), que seguindo São Tomás refuta magistralmente a teoria individualista e igualitária de Rousseau43. Contudo, parece- nos bastante indicar o que ensina Leão XIII, em relação a este assunto em sua encíclica sobre a origem do poder político:

“O grande erro destes filósofos está em não ver algo, que entretanto é evidente: os homens não constituem uma raça selvagem e solitária; a condição natural de viver em sociedade é anterior a qualquer decisão de sua vontade”44.
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BENÉFICAS COAÇÕES

Resultado de imagem para marcel lefebvreNão considereis que estais obrigados, mas a que estais obrigados, se é ao bem ou ao mal”. Santo Agostinho

Como lhes disse, o liberalismo faz da liberdade de ação, definida no capítulo anterior, uma liberdade de toda coação, um absoluto, um fim em si. Deixarei ao Cardeal Billot a análise e contestação desta pretensão fundamental dos liberais:

“O princípio fundamental do liberalismo, escreve ele, é a liberdade de toda coação, qualquer que seja, não só daquela que se exerce pela violência e que somente atinge os atos externos, como também da coação que provém do temor das leis e penalidades, das dependências e necessidades sociais, ou resumindo, dos laços de qualquer natureza que impeçam o homem de agir segundo sua inclinação natural. Para os liberais, esta liberdade individual é o bem por excelência, o bem fundamental, inviolável, ao qual tudo deve ceder, excetuando talvez o que exige a ordem puramente material da cidade; a liberdade é o bem ao qual tudo mais está subordinado; ela é o fundamento necessário de toda construção social”36.

“Este princípio do liberalismo, continua o Cardeal Billot, é absurdo, antinatural e quimérico”. Eis a análise crítica que ele desenvolve; eu resumo e comento:

O Princípio Liberal é Absurdo

Este princípio é absurdo: “incipit ab absurdo”, começa com a insensatez de pretender que o principal bem do homem é a ausência de todo liame que atrapalhe ou restrinja a liberdade. Realmente o bem do homem deve ser considerado como um fim: aquilo que é desejado em si. Vejamos porém que a liberdade, a liberdade de ação, é somente um meio, é somente a faculdade que pode permitir ao homem adquirir um bem. É portanto relativa ao uso que se faz: boa se é para o bem, porém má se é para o mal. Não é portanto um fim em si mesma e certamente não é o fim principal do homem.
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LEI E LIBERDADE

Resultado de imagem para marcel lefebvreA liberdade consiste em poder viver mais facilmente conforme as prescrições da lei eterna, com o auxílio das leis civis”. Leão XIII

Não poderia resumir melhor os desastres produzidos pelo  liberalismo em toda parte, expostos no capítulo precedente, do que com uma passagem de uma carta pastoral de bispos, que data de cem anos atrás, mas continua atual.

“Atualmente, o liberalismo é o erro capital das inteligências e  a paixão dominante em nosso século. Forma uma atmosfera infecta que envolve por todos os lados o mundo político e religioso, e é um imenso perigo para o indivíduo e para a sociedade.

Inimigo tão gratuito e cruel da Igreja Católica, amontoa em desordem insensata todos os instrumentos de destruição e morte, com a finalidade de proscrevê-la da terra. Falsifica as idéias, corrompe os juízos, adultera as consciências, irrita os temperamentos, incendeia as paixões, submete os governantes, subleva  os  governados,  e  não  satisfeito  em  apagar  (se isto

fosse possível) a chama da revelação, lança-se inconsciente e audaz para apagar a luz da razão natural”29.

Enunciado do Princípio Liberal

Será possível descobrir no meio de tal caos, num erro  tão multiforme, o princípio fundamental que explica tudo? Repetimos com o padre Roussel: “o liberal é um fanático da independência”. É um fato e procuraremos explicá-lo.

O Cardeal Billot, cujos tratados teológicos foram meus livros de estudo na Universidade Gregoriana e no Seminário Francês de Roma, dedicou ao liberalismo algumas páginas brilhantes e enérgicas, em seu tratado sobre a Igreja30. Ele enuncia o princípio fundamental do liberalismo:
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NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E O LIBERALISMO

Resultado de imagem para marcel lefebvreA verdade os fará livres!” (Jo 8, 32)

Depois de haver exposto que o liberalismo é uma rebelião do  homem contra a ordem natural concebida pelo Criador, que culmina em uma organização individualista, igualitária e centralizadora, me resta lhes mostrar como o liberalismo ataca também a ordem sobrenatural, o plano da Redenção, quer dizer, em definitivo, como o liberalismo tem por finalidade destruir o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, tanto sobre o indivíduo como sobre a sociedade.

Em relação à ordem sobrenatural, o liberalismo proclama duas novas independências:

– “A independência da razão e da ciência em relação à fé: é o racionalismo, para quem a razão, juiz soberana e medida da verdade, se basta a si mesma e rechaça toda dominação estranha”.

É o que se chama de racionalismo.

O liberalismo quer separar a razão da fé, que impõe dogmas formulados de modo definitivo, e aos quais a inteligência deve se submeter. A simples hipótese de que certas verdades podem superar as capacidades da razão é completamente inadmissível. Os dogmas devem então ser submetidos à peneira da razão e da ciência, sendo ela de um modo constante, a causa dos progressos científicos. Os

milagres de Jesus Cristo, a vida maravilhosa dos santos, devem ser reinterpretados e desmistificados. Será necessário distinguir cuidadosamente o “Cristo da Fé”, construtor da fé dos apóstolos e das comunidades primitivas, do “Cristo da história” que foi nada mais do que um simples homem. Vê-se quanto o racionalismo se opõe à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e à Revelação  divina! Continuar lendo

A ORDEM NATURAL E O LIBERALISMO

Imagem relacionadaHá uma obra que recomendo especialmente àqueles que desejam ter uma noção concreta e completa do liberalismo  para poder preparar preleções, destinadas a pessoas que pouco conhecem este erro e suas ramificações e estão viciadas em pensar como um liberal, inclusive entre católicos ligados à tradição. Frequentemente encontramos pessoas que não percebem a profunda penetração do liberalismo em toda nossa sociedade e em nossas famílias.

Facilmente se reconhece que o “liberalismo de vanguarda” de um Giscard d’Estaing nos anos de 1975, conduziu a França ao socialismo; mas se pensa, com boa fé, que a “direita liberal” pode nos livrar da opressão totalitária. As almas que “pensam bem” ainda não descobriram se devem aprovar ou censurar a “libertação do aborto”, mas estão prontas para assinar uma petição para liberar a eutanásia. De fato qualquer coisa que leve a etiqueta de “liberdade”, tem há séculos a auréola do prestígio que acompanha esta palavra “sacrossanta”. No entanto estamos morrendo deste mal, é o liberalismo que envenena tanto a sociedade civil como a Igreja. Abramos o livro de que lhes falo, “Liberalismo e Catolicismo” do Padre Roussel, que foi lançado em 1926, e leiamos a página que descreve     com     muita     precisão     o     liberalismo     (pgs.14-16), acrescentando um pequeno comentário:

“O liberal é um fanático de independência, a proclama em tudo e para tudo, chegando às raias do absurdo”.

Trata-se de uma definição; veremos como se aplica e quais são as libertações que o liberalismo reivindica.

– “A independência da verdade e do bem em relação ao ser: é a filosofia relativista da mobilidade e do futuro. A independência da inteligência em relação a seu objeto: soberana, a razão não tem que se submeter a seu objeto, ela o cria na evolução radical da verdade; subjetivismo relativista”.
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AS ORIGENS DO LIBERALISMO: NATURALISMO, RACIONALISMO, LIBERALISMO

lef4Desde já, podemos ver como todos os erros estão entrelaçados uns com os outros: liberalismo, naturalismo, racionalismo, são somente aspectos complementares do que se deve chamar Revolução. Onde a reta razão, esclarecida pela fé, vê somente harmonia e subordinação, a razão deificada cava abismos e levanta muralhas: a natureza sem a graça, a prosperidade material sem a procura dos bens eternos, o poder civil separado do poder eclesiástico, a política sem Deus nem Jesus Cristo, os direitos do homem contra os direitos de Deus , finalmente a liberdade sem a verdade.

Com este espírito se fez a Revolução, que vinha se preparando a mais de dois séculos, como procurei mostrar, mas somente no fim do século XVIII culmina e dá seus frutos decisivos: os frutos políticos como resultado dos trabalhos dos filósofos, dos enciclopedistas e de uma extraordinária atividade da maçonaria (11), que em poucas décadas havia penetrado e estabelecido núcleos em toda classe dirigente.

A MAÇONARIA PROPAGADORA DESTES ERROS

O Papa Leão XIII nos mostra em “Quod Apostolici”, encíclica já citada, e também em “Humanum Genus” de 20 de agosto de 1884 sobre a ceita dos maçons, com que precisão, com que clarividência, os Soberanos Pontífices denunciaram esta empresa:

“Em nossos dias os malfeitores parecem conspirar em conjunto e lutar com maior força, guiados e auxiliados por uma Sociedade que chamam dos Maçons, firmemente constituída e muito difundida (…). os Romanos Pontífices, nossos predecessores, zelando cuidadosamente pela salvação do povo cristão, reconheceram logo quem era e o que queria este inimigo, assim que ele começou a sair das trevas de sua conjuração oculta, para se lançar ao ataque em plena luz do dia”. Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: NASCIMENTO DO NATURALISMO POLÍTICO

lef3O protestantismo constituiu um ataque muito duro contra a Igreja e ocasionou um desagregamento profundo na cristandade do século XVI, porém sem conseguir impregnar as nações católicas com o veneno de seu naturalismo político e social. Isso só aconteceu quando este espírito secularizante chegou às universidades e em seguida àqueles que chamamos “filósofos das luzes”.

Filosoficamente o protestantismo e o positivismo jurídico têm origem no nominalismo surgido com a decadência da Idade Média (séc. XIV) que conduz tanto à Lutero com sua concepção puramente extrínseca e nominal da Redenção, como a Descartes, com sua idéia de uma lei divina indecifrável submetida somente ao arbítrio da vontade de Deus. Com São Tomás de Aquino, toda a filosofia cristã afirmativa, ao contrário, a unidade da lei divina eterna e da lei humana natural: “A lei natural é tão somente uma participação da lei eterna nas criaturas racionais”. (Suma Teológica I II, 91, 2).

Mas com Descartes já se põe uma ruptura entre o direito divino e o direito humano natural. Seguindo a Descartes, os universitários e juristas não tardariam a tomar o mesmo caminho cismático.

Assim diz Hugo Grotius (1625), citado por Paul Hazard: “E o direito divino? Grotius procura salvaguardá-lo: o que acabamos de dizer, declara, valeria mesmo se concordássemos ( o que não pode ser concedido sem um crime ) que não há Deus e que os assuntos humanos não são objeto de seus cuidados. Não há duvida alguma que Deus e a Providência existem, sendo portanto uma fonte de direito além da que provém da natureza. ‘Mesmo este direito natural, pode ser atribuído a Deus, porque ele quis que estes princípios existissem em nós’. Continuar lendo

ÚLTIMAS DA CRISE NA IGREJA PELOS “FEITOS” E “EFEITOS” DE FRANCISCO

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AS ORIGENS DO LIBERALISMO: O PROTESTANTISMO E O NATURALISMO

lef1Pode parecer estranho e paradoxal chamar o protestantismo de naturalista. Nada há em Lutero de exaltação à bondade intrínseca da natureza porque, segundo ele, a natureza está irremediavelmente decaída e a concupiscência é invencível. No entanto a opinião excessivamente niilista que o protestante tem sobre si mesmo, desemboca em um naturalismo prático: na intenção de menosprezar natureza e exaltar o poder “só da fé”, relegam a graça divina e a ordem sobrenatural ao domínio das abstrações. Para os protestantes a graça não opera uma verdadeira renovação interior; o batismo não é a restituição de um estado sobrenatural habitual, é somente um ato de fé em Jesus Cristo que justifica e salva.

A natureza não é restaurada pela graça, permanece intrinsecamente corrompida; e somente a ordem obtém de Deus que deite sobre nossos pecados o manto pudico de Nóe. Todo o organismo sobrenatural que o batismo agrega à natureza enraizando nela a graça, todas as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo são reduzidos a nada, reduzidos a um só ato forçado de fé, confiança em um redentor que gratifica somente para retirar-se para longe a criatura, deixando um abismo intransponível entre o homem definitivamente miserável e Deus transcendente três vezes santo. Esse pseudo supernaturalismo, como chama o Padre Garrigou Lagrange, deixa finalmente o homem, apesar de haver sido redimido, sujeito somente à força de suas aptidões naturais; fatalmente se afunda no naturalismo. Deste modo os extremos opostos se unem! Jacques Maritain exprime bem o desenlace naturalista do luteranismo:

“A natureza humana terá que rechaçar como um inútil acessório teológico o manto de uma graça que não é nada para ela e cobrir-se com sua fé confiança para converter-se em uma bela besta livre, cujo infalível e continuo progresso encanta hoje o universo inteiro”. (5) Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: O RENASCIMENTO E O NATURALISMO

lef2“Se vocês não lerem muito, cedo ou tarde serão traidores, porque não terão compreendido a raiz do mal”.

Com estas fortes palavras um de meus colaboradores (4) recomendava aos seminaristas de Ecône a leitura de boas obras que tratem do liberalismo.

Com efeito, não se pode compreender a crise atual da Igreja nem conhecer a verdadeira cara dos que ocupam a Roma atual, e em conseqüência ver que atitude tomar perante os fatos, se não se procura as causas desta crise, se não se estuda seu curso histórico, e não se descobre sua fonte primeira neste liberalismo condenado pelos papas dos últimos séculos.

Com efeito, não se pode compreender a crise atual da Igreja nem conhecer a verdadeira cara dos que ocupam a Roma atual, e em conseqüência ver que atitude tomar perante os fatos, se não se procura as causas desta crise, se não se estuda seu curso histórico, e não se descobre sua fonte primeira neste liberalismo condenado pelos papas dos últimos séculos.

NOSSA LUZ: A VOZ DOS PAPAS

Partiremos das origens, como faziam os Soberanos Pontífices, ao denunciarem as graves perturbações em curso. Além de acusarem o liberalismo, os papas vão mais longe no passado e todos, desde Pio VI até Bento XV, falavam da crise reduzindo a para a luta encetada contra a Igreja no século XVI pelo protestantismo e pelo naturalismo, do qual aquela heresia foi a causa e a primeira propagadora. Continuar lendo

DO LIBERALISMO À APOSTASIA (INTRODUÇÃO)

Há 61 anos, foi anunciado o Concílio Vaticano II por São João XXIII |  Pontifício Instituto Superior de Direito CanônicoPara onde vamos? Qual será o final de todas as mudanças atuais? Não se trata de guerras, de catástrofes atômicas ou ecológicas, mas sobretudo da revolução no exterior e interior da Igreja, da apostasia que por fim ganha povos inteiros, católicos em outros tempos, chegando inclusive a mais alta hierarquia da Igreja. Roma parece afogada em uma cegueira completa, a Roma de sempre está reduzia ao silêncio, abafada pela outra Roma, a Roma liberal que a ocupa. As fontes da Graça e da fé divina se esvaem e as veias da Igreja canalizam por todo seu corpo o veneno mortal do naturalismo.

É impossível compreender esta crise profunda sem levar em conta o fato central deste século: o segundo Concílio  Vaticano. Creio que minha opinião em relação a ele é bastante conhecida para me permitir dizer sem rodeios meu pensamento: sem rechaças em bloco este Concílio, penso que é o maior desastre deste e de todos os séculos passados desde a fundação da Igreja. Na verdade não faço mais do que julga-lo pelos frutos, usando o critério que nos foi dado por Nosso Senhor (Mt.VII,16). Quando se pede ao  Cardeal Ratzinger que mostre algum bom fruto do Concílio, não sabe o que responder1; e ao perguntar um dia ao Cardeal Garrone, como um “bom” concílio havia produzido tão mais frutos, me respondeu: “não é o Concílio, são os meios de comunicação social”2.

Agora um pouco de reflexão pode ajudar ao senso comum: se  a época pós-conciliar está dominada pela revolução na Igreja, não é porque o próprio Concílio a introduziu? “O Concílio é o 1789 na Igreja”, declarou o Cardeal Suenens. “O problema do Concílio, foi assimilar dois séculos de cultura liberal”, diz o Cardeal Ratzinger. E se explica: Pio IX pelo Syllabus, havia rechaçado sem possibilidade de réplica o novo mundo surgido da Revolução, ao condenar este proposição: “O Romano Pontífice pode e deve se reconciliar e se acomodar com o progresso, com o liberalismo e com a civilização moderna”(nº 80). O Concílio, diz abertamente Joseph Ratzinger, foi um “contra-Syllabus” ao efetuar este reconciliação da Igreja com o liberalismo, particularmente por intermédio de “Gaudium et Spes”, o maior documento conciliar. Com efeito os papas do século XIX não parecem ter sabido discernir o que havia de verdade cristã, e  portanto assimilável pela Igreja, na revolução de 1789.
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OS PAPAS CONCILIARES E A MODERNIDADE

Jornal Si Si No No, Ano XLII, nº10

1º) João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 11/10/1962, disse: “ferem agora os ouvidos sugestões de pessoas (…) que, nos tempos modernos, só veem prevaricação e ruína; vão repetindo que nossa época, comparada com as passadas, foi piorando (…) A Nós parece ter que dissentir desses profetas de desgraças[1], que anunciam sempre eventos infaustos (…). Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade. (…) Não que faltem doutrinas falazes (…), mas hoje em dia parece que os homens estão propensos a condená-las por si mesmos” (Enchiridion Vaticanum, Documenti. Concilio Vaticano II, EDB, Bologna, IX ed., 1971, p.39 e p.47).

Respondemos:

a) Os tempos modernos começam com Descartes para a filosofia, Lutero para a religião e Rousseau para a política, e os seus sistemas estão em ruptura com a Tradição Apostólica, a Patrística, a Escolástica e o dogma católico. De fato, a modernidade é caracterizada pelo subjetivismo. Seja na filosofia: “Penso, logo existo”, que é a via aberta por Descartes ao idealismo para o qual é o sujeito que cria a realidade. Seja em religião, com o livre exame da Bíblia sem a interpretação dos Padres e o Magistério e com a relação direta homem-Deus sem mediadores (Lutero: “sola Scriptura” “solus Christus”). Seja em política, pois o homem não é animal social por natureza, antes é solitário, portanto é ele quem cria a sociedade temporal mediante o “contrato social”.

O subjetivismo da modernidade, unindo-se à doutrina católica, transforma-a, esvazia desde dentro, torna-a um produto do intelecto humano ou do subconsciente e não mais uma Revelação divina real e objetiva a que se tem de assentir.

A afirmação de João XXIII coincide com a essência do modernismo, tal como a descreve São Pio X na Encíclica Pascendi (08/09/1907): o conúbio entre o idealismo filosófico da modernidade e a doutrina católica, que se tornaria, assim, um produto do pensamento ou do sentimento humano.

b) Se “Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade”, isso significa que se prefere ir contra a doutrina e a prática constante da Igreja (ver Pio IX em Tuas libenter, 1863). Continuar lendo

ESCLARECIMENTO SOBRE A “EXTENSÃO” DE FRANCISCO SOBRE A VALIDADE DA CONFISSÃO NA FSSPX

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Neste dia 21 de novembro, a Santa Sé publicou a Carta Apostólica do Papa Francisco, Misericordia et misera, de 20 de Novembro. No nº 12 deste documento, o Santo Padre estende para além do Ano da Misericórdia a faculdade de confessar concedida aos padres da Fraternidade São Pio X, em 1º de Setembro de 2015:

Ao longo do Ano Jubilar, aos fiéis que por diversas razões frequentam as igrejas atendidas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, concedera a faculdade de receber válida e licitamente a absolvição sacramental de seus pecados. Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade de seus sacerdotes, afim que a plena comunhão na Igreja Católica possa ser reencontrada com a ajuda de Deus, estabeleço por decisão própria que se estenda esta faculdade para além do período jubilar, até que sejam tomadas novas disposições sobre o assunto, para que a ninguém jamais falte o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da Igreja.”

Neste dia 21 de novembro, aniversário da declaração que Dom Marcel Lefebvre fez em 1974, não se pode recordar senão a profissão de fé do fundador da Fraternidade São Pio X: “Com a graça de Deus, o socorro da Virgem Maria, de São José e de São Pio X, estamos convictos de permanecermos fiéis à Igreja Católica e Romana e a todos os sucessores de Pedro, e de sermos os ‘fideles dispensatores mysteriorum Domini Nostri Jesu Christi in Spiritu Sancto” (cf. I Cor. 4, 1 e ss.), fiéis dispensadores dos mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Espírito Santo.”

Em 1º de Setembro de 2015, a Casa Geral publicara a seguinte declaração, que continua relevante:

“A Fraternidade São Pio X tomou conhecimento, através da imprensa, das disposições que o Papa Francisco tomou por ocasião do próximo Ano Santo. No último parágrafo de sua carta de 1º de setembro de 2015 a Mons. Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o Santo Padre escreve: “Instituí por minha própria disposição que aqueles que, ao longo do Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para receber o sacramento da Reconciliação dos padres da Fraternidade São Pio X receberão a absolvição válida e lícita dos seus pecados.”

 A Fraternidade São Pio X expressa seu agradecimento ao Sumo Pontífice por este gesto paternal. No ministério do sacramento da penitência, ela sempre se apoiou, com absoluta certeza, na jurisdição extraordinária conferida pelas Normae generales do Código de Direito Canônico. Por ocasião deste Ano Santo, o Papa Francisco quer que todos os fiéis que desejam se confessar com os sacerdotes da Fraternidade São Pio X possam fazê-lo sem serem importunados.

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Nota da Edição – Dominus Est: na Declaração publicada em 2015 a FSSPX reiterou de forma clara a validade e a licitude de todos seus sacramentos, visto o atual estado de necessidade na Igreja e a consequente jurisdição extraordinária, apoiada pelo próprio Código de Direito Canônico. 

O que muda com essa “concessão” de Francisco é que as confissões deixam seu caráter extraordinário de suplência (necessidade) e passam a ser Ordinárias. Porém, na prática, isso não muda nada em relação ao período anterior à tal gesto. Se não houvesse essa “extensão”, as confissões continuariam sendo válidas e lícitas, porém voltando à jurisdição anterior de suplência. 

Para saber mais sobre a FSSPX, a “jurisdição” e o “estado de necessidade”, clique aqui.

PRELADOS ESTÃO ATENTOS ÀS “PERIPÉCIAS” DE FRANCISCO

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COMUNICADO DO SUPERIOR DO DISTRITO DA FSSPX NA FRANÇA SOBRE A DECLARAÇÃO CONJUNTA ENTRE O PAPA E A IGREJA LUTERANA

bouchacourt_161024Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ao ler a declaração conjunta que o Papa fez com os representantes da igreja luterana na Suécia, em 31 de outubro, por ocasião do quinto centenário da revolta de Lutero contra a Igreja Católica, nossa dor atinge seu ponto máximo.

Diante do verdadeiro escândalo que tal declaração representa, onde se sucedem os erros históricos, graves violações à pregação da fé católica e um falso humanismo, fonte de tantos males, não podemos permanecer calados.

Sob o falso pretexto do amor ao próximo e do desejo de uma unidade artificial e ilusória, a fé católica é sacrificada no altar do ecumenismo que põe em perigo a salvação das almas. Os erros mais gritantes e a verdade de nosso Senhor Jesus Cristo são colocadas em pé de igualdade.

Como “podemos ser gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma“, enquanto Lutero manifestou um ódio diabólico pelo Sumo Pontífice, um desprezo blasfemo pelo Santo Sacrifício da Missa, assim como uma recusa da graça salvífica de Nosso Senhor Jesus Cristo? Ele também destruiu a doutrina eucarística, negando a transubstanciação, desviou as almas da Santíssima Virgem Maria e negou a existência do Purgatório.

Não, o protestantismo não trouxe nada ao catolicismo! Ele arruinou a unidade da cristandade, separou nações inteiras da Igreja Católica, mergulhou as almas no erro colocando em perigo sua salvação eterna. Nós, católicos, queremos que os protestantes retornem para o único rebanho de Cristo, que é a Igreja Católica, e rezamos por esta intenção.

Nestes dias em que celebramos todos os santos, apelamos a São Pio V, São Carlos Borromeu, Santo Inácio e São Pedro Canísio, que combateram heroicamente a heresia protestante e salvaram a Igreja Católica.

Nós convidamos os fiéis do Distrito da França a rezarem e fazerem penitência pelo Papa, afim que Nosso Senhor, do qual ele é o Vigário, o preserve do erro e o mantenha na verdade, da qual ele é o guardião.

Convido os sacerdotes do distrito a celebrar uma missa de reparação e organizar uma Hora Santa diante do Santíssimo Sacramento para pedir perdão pelos escândalos e suplicar a Nosso Senhor que acalme a tempestade que sacode a Igreja por mais de meio século.

Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, salve a Igreja Católica e rogue por nós!

Pe. Christian Bouchacourt, Superior do Distrito da França da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

Suresnes, 02 de novembro de 2016, comemoração de todos os fiéis defuntos

 

MAIS HORROR: HOMENAGEM PRESTADA À ESTÁTUA DE LUTERO NO VATICANO POR VONTADE DO PAPA FRANCISCO

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Quinta-feira, 13 de outubro de 2016, aniversário do Milagre do Sol em Fátima, a estátua de Lutero adentra ao Vaticano por vontade do Papa Francisco!

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O que nos une é muito maior do que aquilo que nos separa”. Isto é o que o Sumo Pontífice repete à exaustão quando ele quer, a marcha forçada, promover um ecumenismo que vai contra os ensinamentos do Magistério anterior ao funesto Concílio Vaticano II.

É assim que ele será a testemunha voluntária e participativa dos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, ao lado dos protestantes suecos. 500º aniversário que será comemorado ao longo de todo o ano de 2017, e que se inscreverá amplamente no diálogo dito “Luterano-Católico”. Continuar lendo

A “BONDADE” DE JOÃO XXIII

Pe. Michel Simoulin, FSSPX

“João XXIII entrou para a história como o ‘Papa buono’ (Papa bom). A esse respeito, é licito se perguntar se ‘Papa buono’ equivale a bom papa” – cardeal Silvio Oddi[1].

A lista dos livros, estudos e artigos escritos que celebram a “bondade” desse papa é longa demais para ser relacionada aqui. O ponto culminante — e, parece, definitivo — dessa celebração é representado pela promulgação, em 20/12/1999, do decreto sobre as “virtudes” heroicas do servo de Deus, João XXIII. Isso pareceu colocar termo à discussão. Todavia, não podemos esquecer outros estudos e artigos publicados para destacar falhas e fraquezas desse mesmo papa[2]. Até o discurso dirigido ao papa atual[3] pelo prefeito da Congregação da Causa dos Santos, em 20/12/1999, suscita algum espanto. Com efeito, se as virtudes louvadas em Pio IX são belas virtudes cristãs (zelo pastoral infatigável, intensa vida de oração, profunda vida interior), as de João XXIII são estranhamente novas, até mesmo desconhecidas da Teologia Ascética e Mística:

“Esse pontífice promoveu o ecumenismo, preocupou-se em desenvolver relações de fraternidade com os ortodoxos do Oriente que conhecera na Bulgária e em Istambul, desenvolveu relações mais intensas com os anglicanos e com o mundo multicolorido das Igrejas protestantes. Agiu de modo a lançar as bases de uma nova atitude da Igreja Católica para com o mundo judaico, fazendo uma decisiva abertura ao diálogo e à colaboração. Em 4 de junho de 1960, criou o Secretariado para a Unidade dos Cristãos. Promulgou duas encíclicas relevantes, Mater et Magistra (20 de maio de 1961) sobre a evolução social à luz da doutrina cristã e Pacem in Terris (11 de abril de 1963) sobre a paz entre todas as nações. Visitou hospitais e prisões e mostrou-se sempre próximo, pela caridade, dos sofredores e dos pobres da Igreja e do mundo”[4].

Se excetuarmos o devotamento às obras de misericórdia corporal, todas as virtudes de João XXIII são virtudes… ECUMÊNICAS!

Por conseguinte, parece-nos lícito ainda hoje estudar e examinar a “bondade” que deveria ser a santidade de João XXIII. Não se trata de negar a possibilidade de que hoje esteja na glória de Deus, mas, uma vez que ser beatificado significa ser proposto à veneração e à imitação dos católicos, trata-se de saber se, verdadeiramente, é permitido imitar a “bondade” do Papa João. Continuar lendo

BERGOGLIO E LUTERO

Resultado de imagem para bergoglio e luteroDentro de poucos dias o papa Bergoglio irá à Suécia participar das comemorações do quinto centenário da revolução luterana.

O gesto do pontífice, embora não nos surpreenda, não deixa de desconcertar-nos. Não nos surpreende porque seu predecessor João Paulo II agia nessa direção, tendo mandado depositar flores na campa do heresiarca, e os teólogos da Nouvelle Theologie, condenados por Pio XII e reabilitados após o Vaticano II, não escondiam sua admiração pelo falso reformador, monge crapuloso, comilão e beberrão, inventor da máquina de genocídio do mundo moderno. Não nos surpreende porque na nova religião há quem chegue a manifestar, senão simpatia, ao menos compreensão por Judas Iscariotes, dizendo que ninguém pode julgá-lo, num esforço vão de inocentar o filho da perdição.

Entretanto, o gesto de Bergoglio nos desconcerta porque de um papa, principalmente em se tratando de um filho de Santo Inácio de Loyola, queríamos poder esperar que seguisse o exemplo de seus irmãos maiores São Roberto Belarmino, São Pedro Canísio e tantos outros gloriosos santos jesuítas.

Com efeito, no quinto centenário da falsa reforma luterana, os católicos tínhamos o direito de esperar que o papa renovasse as condenações de Leão X e do Concílio de Trento contra os erros dos pseudo-reformadores e exortasse os hereges de hoje, herdeiros dos erros do século XVI, a abjurar suas doutrinas heréticas e a voltar para o seio da única Igreja de Cristo. Continuar lendo

O PRETENCIOSISMO TEILHARDIANO DO “PREGADOR DA CASA PONTIFÍCIA”

Resultado de imagem para Raniero Cantalamessa heresiapor Christopher A. Ferrara

Durante as Vésperas do “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”, o Padre Raniero Cantalamessa, o velho Modernista que tem sido o “Pregador da Casa Pontifícia” ao longo dos últimos 36 anos, pronunciou esta tolice durante a sua pseudo-homilia:

Quanto tempo teve o universo de esperar até chegar a este ponto?! Foram precisos biliões de anos, durante os quais a matéria opaca evoluiu rumo à luz da consciência, como a seiva que lentamente sobe desde debaixo da terra até ao cimo da árvore, para fluir nas suas folhas, flores e frutosAtingiu-se finalmente esta consciência quando “o fenómeno humano”, como Teilhard de Chardin lhe chama, apareceu no universoMas agora, tendo o universo atingido esse objetivo, detém-se na expectativa de que os seres humanos façam o seu dever tomando a seu cargo a tarefa, por assim dizer, de regerem o coro e entoarem, em nome de toda a Criação: “Glória a Deus nas alturas!”

Claro que tudo isto é panteísmo rançoso: O “universo” fez nascer a consciência humana — não foi Deus, Uno e Trino, pela criação especial de Adão e Eva, a quem deu uma alma racional. Outro tanto teremos de dizer quanto à narrativa da Criação no Génesis e quanto ao ensinamento infalível da Igreja sobre a descendência de toda a raça humana, proveniente dos nossos primeiros pais que, no Paraíso, pecaram contra Deus perdendo a Graça.  -Não! Segundo o que diz “o Pregador da Casa Pontifícia,” a consciência humana é uma coisa que parece que borbulhou da “matéria opaca” para fora — uma superstição rude e digna de idólatras pagãos da selva. Continuar lendo

-IDE E PROMOVEI O DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL?…

Resultado de imagem para jesus e apostolosHá quase dois mil anos, Deus Incarnado enviou a Sua Igreja para a missão salvífica que lhe cabe, com as seguintes palavras: “-Ide por todo o mundo, e pregai a todas as gentes o Evangelho. Aquele que acreditar e for Baptizado, salvar-se-á; mas aquele que não acreditar condenar-se-á.” O mandato divino à Igreja Católica não poderia ser mais simples: converter o Mundo ao Cristianismo, para a salvação das almas.

Dois mil anos passados, porém, no meio da pior crise de Fé e disciplina que a Igreja jamais experimentou, apresentam-nos esta descrição da missão da Igreja:

Em todo o Seu ser e ações [!], a Igreja é chamada a promover o desenvolvimento integral da pessoa humana à luz do Evangelho. Tal desenvolvimento acontece por se atender aos bens inestimáveis que são a justiça, a paz, e o cuidar da obra da Criação. O sucessor do Apóstolo São Pedro, no seu afã de afirmar estes valores, está continuamente a adaptar as instituições que com ele colaboram, para poderem dar melhor resposta às necessidades dos homens e mulheres que elas são chamadas a servir.

É com estas palavras que abre a Humanum Progressionemcarta apostólica do Papa Francisco que anuncia a continuação do que parece ser um dos temas do seu Pontificado: a Novidade da semana. Desta vez, é a criação de um novo “Dicastério Para Promover o Desenvolvimento Humano Integral” — que irá absorver, abolindo-os, o Conselho Pontifício para a Justiça e a Paz, o Conselho Pontifício Cor Unum, o Conselho Pontifício para a Pastoral de Pessoas Migrantes e Itinerantes, e o Conselho Pontifício para os Trabalhadores dos Cuidados de Saúde. Continuar lendo

OS FALSOS PROFETAS E OS NOVOS CATECISMOS

Resultado de imagem para dom castro mayerNa Exortação Apostólica, que sugere estas considerações, insiste o Papa, sobre a ação dos falsos doutores, que, vivendo no meio do povo de Deus, corrompem a Fé e a Religião. Assim, diz que é “para nós, Bispos”, aquela advertência que se encontra em São Paulo: “virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajuntarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (2 Tim. 4, 3-4), e mais adiante, torna Paulo VI ao mesmo toque de alerta, ainda com palavras do Apóstolo: “do meio de nós mesmos, como já sucedia nos tempos de São Paulo, surgirão homens a ensinar coisas perversas para arrebatarem discípulos atrás de si (Atos 20, 30)” (p. 105).

Quando os inimigos estão dentro de casa, como denuncia aqui o Papa, é sumamente néscio quem não redobra a vigilância. Na atual crise da Igreja, podemos dizer que nossa salvação está condicionada ao emprego de todos os meios que preservem a integridade da nossa Fé. Portanto, é necessária, hoje, maior atenção para evitar as ciladas armadas contra a autenticidade de nosso Cristianismo. Continuar lendo

NOVOS SEMINÁRIOS PARA UMA “NOVA” IGREJA

Foi um processo aplicado em todas as articulações do corpo da estrutura Católica Romana — em nível paroquial, diocesano, nacional, regional e, em última análise, em nível romano. Foi um caso sutilmente calculado por mentes e vontades empenhadas em liquidar a organização tradicional da Igreja. E conseguiram.

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Pe. Malachi Martin (*) | Tradução Sensus fidei: Em apenas dezoito meses — o tempo que passou no Seminário Menor de Nova Orleans — Paul Gladstone seguiu os mesmos passos de muitos Católicos Romanos bem-intencionados, mas carentes de orientações, nos anos setenta: tornou-se uma vítima de circunstâncias alheias a seu controle.

Em grande parte, ele fora protegido das mudanças abruptas e perturbadoras na Igreja. Embora poderosa, a tempestade da mudança não chegou a todos os lugares ao mesmo tempo. Foi um processo aplicado em todas as articulações do corpo da estrutura Católica Romana — em nível paroquial, diocesano, nacional, regional e, em última análise, em nível romano. Foi um caso sutilmente calculado por mentes e vontades empenhadas em liquidar a organização tradicional da Igreja. E conseguiram. Continuar lendo

PAULO VI, O SEPULTADOR DA TRADIÇÃO

Nota da Permanência: Apresentamos a seguir um capítulo do livro “Cem anos de modernismo” (Cent ans de modernsime. Généalogie du Concile Vatican II, Editions Clovis, 2003) do padre Dominique Bourmaud, FSSPX.

Capítulo XXII

Há mais de um século que os Carbonários, a maçonaria italiana, tinham planejado destruir o papado:

“O trabalho que empreenderemos não é obra de um dia, nem de um mês, nem de um ano: pode durar vários anos, talvez um século; mas em nossas fileiras morre o soldado e a luta continua… O que devemos buscar e esperar, como os judeus esperam o Messias, é um Papa de acordo com nossas necessidades… E este pontífice, como a maioria dos seus contemporâneos, estará mais ou menos imbuído dos princípios humanitários que começaremos a pôr em circulação… Quereis estabelecer o reino dos escolhidos sobre o trono da prostituta da Babilônia? Que o clero marche sob o vosso estandarte, crendo sempre marchar sob a bandeira das Chaves Apostólicas… Estendei vossas redes… no fundo das sacristias, dos seminários, dos conventos… Tereis pregado uma revolução de tiara e capa pluvial, marchando com a cruz e a bandeira, uma revolução que não necessitará senão ser ligeiramente estimulada para atear fogo em todos os extremos da terra”[1].  Leia mais

Na falta de um revolucionário de tiara e capa pluvial, comparou-se Paulo VI com Moisés guiando o povo escolhido para fora do Egito rumo à terra desconhecida da Promessa. Também é apresentado freqüentemente como um Hamlet que terminou no trono de Pedro. Seu temperamento indeciso resultava, talvez, da falta de uma formação intelectual sólida, uma vez que Giovanni Battista Montini (1897-1978) não havia seguido seminário algum… realidade ainda mais lamentável pelo fato de que seu pai, homem influente, publicava uma revista de tom liberal. Deste fato procediam suas utopias juvenis de que é possível colaborar com a esquerda mas não com a direita[2]. Essas deficiências intelectuais não faziam mais que aumentar, pelo predomínio que, nele, a imaginação tinha sobre a realidade: Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 3

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  1. A constituição dogmática sobre a Revelação Divina “Dei Verbum”

Esta constituição abandona a doutrina católica das duas fontes da Revelação, para aproximar-se do sola scriptura dos protestantes. Apresentam-nos de imediato no capítulo 1 a Revelação não mais como comunicação das verdades sobre Deus e suas intenções salvíficas, mas como auto-comunicação de Deus; nisto põem em evidência a passagem da perspectiva objetiva à perspectiva subjetiva.

No artigo 5, descrevem a fé como encontro pessoal com Deus, e dom do homem para com Ele; não se deveria mais considerar a tradição como complemento quantitativo e material da Escritura. Ela teria apenas uma dupla função de reconhecimento do teor do cânon e certidão da revelação. De modo ambíguo, não apresentam o magistério abaixo da palavra de Deus, senão que a seu serviço.

Reconhece-se fortemente no artigo 12 a exegese moderna com sua “Formengeschichte”, embebida no espírito protestante de Bultmann. Não mais se atribui à Santa Escritura a inerrância, mas só dizem que ela ensina a verdade.

artigo 19 fala que os Evangelhos oferecem o veraz e o sincero – no texto originam, acrecentaram: “alimentados pela força criativa da comunidade primitiva”, suprimido após o protesto de muitos dos Padres do Concílio. Na 2ª frase deste artigo, assume o Concílio sem meias palavras a exegese moderna: os apóstolos pregavam uma compreensão mais plena do Cristo, os redatores dos Evangelhos “redigiram” o material desta prédica, i. é., material que eles selecionaram, resumiram e atualizaram. Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 2

protIII. A INFLUÊNCIA DOS PROTESTANTES SOBRE O CONCÍLIO

Com tamanha presença de protestantes no Concílio – presenças direta e indireta – como espantar-se da influência sobre o Concílio e seus documentos? Citemos-lhe alguns para fundamentar a afirmação:

  1. O decreto “Sacrosanctum Concilium” sobre liturgia

Já no artigo 5, encontramos a noção de mistério pascal, que põe a tônica da Redenção na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e arrefece a realidade do sacrifício expiatório da liturgia.

No artigo 6, mencionam o mistério pascal duas vezes.

No artigo 7, equiparam a presença do Cristo na Santa Missa e na substância transubstanciada com a presença no ministro da ação litúrgica, na virtude dos sacramentos, na palavra, ou com a presença que há onde duas ou três pessoas estiverem reunidas em seu nome. Uma tal ordem de coisas é um empréstimo manifesto dos protestantes.

No artigo 22, há clara descentralização da competência, em matéria litúrgica: a partir de agora é o bispo local, e sobretudo a conferência episcopal as estâncias decisórias.

Nos artigos 24 e 51, fala-se da grande importância da Santa Escritura na liturgia. Continuar lendo