NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E O LIBERALISMO

Resultado de imagem para marcel lefebvreA verdade os fará livres!” (Jo 8, 32)

Depois de haver exposto que o liberalismo é uma rebelião do  homem contra a ordem natural concebida pelo Criador, que culmina em uma organização individualista, igualitária e centralizadora, me resta lhes mostrar como o liberalismo ataca também a ordem sobrenatural, o plano da Redenção, quer dizer, em definitivo, como o liberalismo tem por finalidade destruir o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, tanto sobre o indivíduo como sobre a sociedade.

Em relação à ordem sobrenatural, o liberalismo proclama duas novas independências:

– “A independência da razão e da ciência em relação à fé: é o racionalismo, para quem a razão, juiz soberana e medida da verdade, se basta a si mesma e rechaça toda dominação estranha”.

É o que se chama de racionalismo.

O liberalismo quer separar a razão da fé, que impõe dogmas formulados de modo definitivo, e aos quais a inteligência deve se submeter. A simples hipótese de que certas verdades podem superar as capacidades da razão é completamente inadmissível. Os dogmas devem então ser submetidos à peneira da razão e da ciência, sendo ela de um modo constante, a causa dos progressos científicos. Os

milagres de Jesus Cristo, a vida maravilhosa dos santos, devem ser reinterpretados e desmistificados. Será necessário distinguir cuidadosamente o “Cristo da Fé”, construtor da fé dos apóstolos e das comunidades primitivas, do “Cristo da história” que foi nada mais do que um simples homem. Vê-se quanto o racionalismo se opõe à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e à Revelação  divina! Continuar lendo

A ORDEM NATURAL E O LIBERALISMO

Imagem relacionadaHá uma obra que recomendo especialmente àqueles que desejam ter uma noção concreta e completa do liberalismo  para poder preparar preleções, destinadas a pessoas que pouco conhecem este erro e suas ramificações e estão viciadas em pensar como um liberal, inclusive entre católicos ligados à tradição. Frequentemente encontramos pessoas que não percebem a profunda penetração do liberalismo em toda nossa sociedade e em nossas famílias.

Facilmente se reconhece que o “liberalismo de vanguarda” de um Giscard d’Estaing nos anos de 1975, conduziu a França ao socialismo; mas se pensa, com boa fé, que a “direita liberal” pode nos livrar da opressão totalitária. As almas que “pensam bem” ainda não descobriram se devem aprovar ou censurar a “libertação do aborto”, mas estão prontas para assinar uma petição para liberar a eutanásia. De fato qualquer coisa que leve a etiqueta de “liberdade”, tem há séculos a auréola do prestígio que acompanha esta palavra “sacrossanta”. No entanto estamos morrendo deste mal, é o liberalismo que envenena tanto a sociedade civil como a Igreja. Abramos o livro de que lhes falo, “Liberalismo e Catolicismo” do Padre Roussel, que foi lançado em 1926, e leiamos a página que descreve     com     muita     precisão     o     liberalismo     (pgs.14-16), acrescentando um pequeno comentário:

“O liberal é um fanático de independência, a proclama em tudo e para tudo, chegando às raias do absurdo”.

Trata-se de uma definição; veremos como se aplica e quais são as libertações que o liberalismo reivindica.

– “A independência da verdade e do bem em relação ao ser: é a filosofia relativista da mobilidade e do futuro. A independência da inteligência em relação a seu objeto: soberana, a razão não tem que se submeter a seu objeto, ela o cria na evolução radical da verdade; subjetivismo relativista”.
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AS ORIGENS DO LIBERALISMO: NATURALISMO, RACIONALISMO, LIBERALISMO

lef4Desde já, podemos ver como todos os erros estão entrelaçados uns com os outros: liberalismo, naturalismo, racionalismo, são somente aspectos complementares do que se deve chamar Revolução. Onde a reta razão, esclarecida pela fé, vê somente harmonia e subordinação, a razão deificada cava abismos e levanta muralhas: a natureza sem a graça, a prosperidade material sem a procura dos bens eternos, o poder civil separado do poder eclesiástico, a política sem Deus nem Jesus Cristo, os direitos do homem contra os direitos de Deus , finalmente a liberdade sem a verdade.

Com este espírito se fez a Revolução, que vinha se preparando a mais de dois séculos, como procurei mostrar, mas somente no fim do século XVIII culmina e dá seus frutos decisivos: os frutos políticos como resultado dos trabalhos dos filósofos, dos enciclopedistas e de uma extraordinária atividade da maçonaria (11), que em poucas décadas havia penetrado e estabelecido núcleos em toda classe dirigente.

A MAÇONARIA PROPAGADORA DESTES ERROS

O Papa Leão XIII nos mostra em “Quod Apostolici”, encíclica já citada, e também em “Humanum Genus” de 20 de agosto de 1884 sobre a ceita dos maçons, com que precisão, com que clarividência, os Soberanos Pontífices denunciaram esta empresa:

“Em nossos dias os malfeitores parecem conspirar em conjunto e lutar com maior força, guiados e auxiliados por uma Sociedade que chamam dos Maçons, firmemente constituída e muito difundida (…). os Romanos Pontífices, nossos predecessores, zelando cuidadosamente pela salvação do povo cristão, reconheceram logo quem era e o que queria este inimigo, assim que ele começou a sair das trevas de sua conjuração oculta, para se lançar ao ataque em plena luz do dia”. Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: NASCIMENTO DO NATURALISMO POLÍTICO

lef3O protestantismo constituiu um ataque muito duro contra a Igreja e ocasionou um desagregamento profundo na cristandade do século XVI, porém sem conseguir impregnar as nações católicas com o veneno de seu naturalismo político e social. Isso só aconteceu quando este espírito secularizante chegou às universidades e em seguida àqueles que chamamos “filósofos das luzes”.

Filosoficamente o protestantismo e o positivismo jurídico têm origem no nominalismo surgido com a decadência da Idade Média (séc. XIV) que conduz tanto à Lutero com sua concepção puramente extrínseca e nominal da Redenção, como a Descartes, com sua idéia de uma lei divina indecifrável submetida somente ao arbítrio da vontade de Deus. Com São Tomás de Aquino, toda a filosofia cristã afirmativa, ao contrário, a unidade da lei divina eterna e da lei humana natural: “A lei natural é tão somente uma participação da lei eterna nas criaturas racionais”. (Suma Teológica I II, 91, 2).

Mas com Descartes já se põe uma ruptura entre o direito divino e o direito humano natural. Seguindo a Descartes, os universitários e juristas não tardariam a tomar o mesmo caminho cismático.

Assim diz Hugo Grotius (1625), citado por Paul Hazard: “E o direito divino? Grotius procura salvaguardá-lo: o que acabamos de dizer, declara, valeria mesmo se concordássemos ( o que não pode ser concedido sem um crime ) que não há Deus e que os assuntos humanos não são objeto de seus cuidados. Não há duvida alguma que Deus e a Providência existem, sendo portanto uma fonte de direito além da que provém da natureza. ‘Mesmo este direito natural, pode ser atribuído a Deus, porque ele quis que estes princípios existissem em nós’. Continuar lendo

ÚLTIMAS DA CRISE NA IGREJA PELOS “FEITOS” E “EFEITOS” DE FRANCISCO

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AS ORIGENS DO LIBERALISMO: O PROTESTANTISMO E O NATURALISMO

lef1Pode parecer estranho e paradoxal chamar o protestantismo de naturalista. Nada há em Lutero de exaltação à bondade intrínseca da natureza porque, segundo ele, a natureza está irremediavelmente decaída e a concupiscência é invencível. No entanto a opinião excessivamente niilista que o protestante tem sobre si mesmo, desemboca em um naturalismo prático: na intenção de menosprezar natureza e exaltar o poder “só da fé”, relegam a graça divina e a ordem sobrenatural ao domínio das abstrações. Para os protestantes a graça não opera uma verdadeira renovação interior; o batismo não é a restituição de um estado sobrenatural habitual, é somente um ato de fé em Jesus Cristo que justifica e salva.

A natureza não é restaurada pela graça, permanece intrinsecamente corrompida; e somente a ordem obtém de Deus que deite sobre nossos pecados o manto pudico de Nóe. Todo o organismo sobrenatural que o batismo agrega à natureza enraizando nela a graça, todas as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo são reduzidos a nada, reduzidos a um só ato forçado de fé, confiança em um redentor que gratifica somente para retirar-se para longe a criatura, deixando um abismo intransponível entre o homem definitivamente miserável e Deus transcendente três vezes santo. Esse pseudo supernaturalismo, como chama o Padre Garrigou Lagrange, deixa finalmente o homem, apesar de haver sido redimido, sujeito somente à força de suas aptidões naturais; fatalmente se afunda no naturalismo. Deste modo os extremos opostos se unem! Jacques Maritain exprime bem o desenlace naturalista do luteranismo:

“A natureza humana terá que rechaçar como um inútil acessório teológico o manto de uma graça que não é nada para ela e cobrir-se com sua fé confiança para converter-se em uma bela besta livre, cujo infalível e continuo progresso encanta hoje o universo inteiro”. (5) Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: O RENASCIMENTO E O NATURALISMO

lef2“Se vocês não lerem muito, cedo ou tarde serão traidores, porque não terão compreendido a raiz do mal”.

Com estas fortes palavras um de meus colaboradores (4) recomendava aos seminaristas de Ecône a leitura de boas obras que tratem do liberalismo.

Com efeito, não se pode compreender a crise atual da Igreja nem conhecer a verdadeira cara dos que ocupam a Roma atual, e em conseqüência ver que atitude tomar perante os fatos, se não se procura as causas desta crise, se não se estuda seu curso histórico, e não se descobre sua fonte primeira neste liberalismo condenado pelos papas dos últimos séculos.

Com efeito, não se pode compreender a crise atual da Igreja nem conhecer a verdadeira cara dos que ocupam a Roma atual, e em conseqüência ver que atitude tomar perante os fatos, se não se procura as causas desta crise, se não se estuda seu curso histórico, e não se descobre sua fonte primeira neste liberalismo condenado pelos papas dos últimos séculos.

NOSSA LUZ: A VOZ DOS PAPAS

Partiremos das origens, como faziam os Soberanos Pontífices, ao denunciarem as graves perturbações em curso. Além de acusarem o liberalismo, os papas vão mais longe no passado e todos, desde Pio VI até Bento XV, falavam da crise reduzindo a para a luta encetada contra a Igreja no século XVI pelo protestantismo e pelo naturalismo, do qual aquela heresia foi a causa e a primeira propagadora. Continuar lendo

DO LIBERALISMO À APOSTASIA (INTRODUÇÃO)

Há 61 anos, foi anunciado o Concílio Vaticano II por São João XXIII |  Pontifício Instituto Superior de Direito CanônicoPara onde vamos? Qual será o final de todas as mudanças atuais? Não se trata de guerras, de catástrofes atômicas ou ecológicas, mas sobretudo da revolução no exterior e interior da Igreja, da apostasia que por fim ganha povos inteiros, católicos em outros tempos, chegando inclusive a mais alta hierarquia da Igreja. Roma parece afogada em uma cegueira completa, a Roma de sempre está reduzia ao silêncio, abafada pela outra Roma, a Roma liberal que a ocupa. As fontes da Graça e da fé divina se esvaem e as veias da Igreja canalizam por todo seu corpo o veneno mortal do naturalismo.

É impossível compreender esta crise profunda sem levar em conta o fato central deste século: o segundo Concílio  Vaticano. Creio que minha opinião em relação a ele é bastante conhecida para me permitir dizer sem rodeios meu pensamento: sem rechaças em bloco este Concílio, penso que é o maior desastre deste e de todos os séculos passados desde a fundação da Igreja. Na verdade não faço mais do que julga-lo pelos frutos, usando o critério que nos foi dado por Nosso Senhor (Mt.VII,16). Quando se pede ao  Cardeal Ratzinger que mostre algum bom fruto do Concílio, não sabe o que responder1; e ao perguntar um dia ao Cardeal Garrone, como um “bom” concílio havia produzido tão mais frutos, me respondeu: “não é o Concílio, são os meios de comunicação social”2.

Agora um pouco de reflexão pode ajudar ao senso comum: se  a época pós-conciliar está dominada pela revolução na Igreja, não é porque o próprio Concílio a introduziu? “O Concílio é o 1789 na Igreja”, declarou o Cardeal Suenens. “O problema do Concílio, foi assimilar dois séculos de cultura liberal”, diz o Cardeal Ratzinger. E se explica: Pio IX pelo Syllabus, havia rechaçado sem possibilidade de réplica o novo mundo surgido da Revolução, ao condenar este proposição: “O Romano Pontífice pode e deve se reconciliar e se acomodar com o progresso, com o liberalismo e com a civilização moderna”(nº 80). O Concílio, diz abertamente Joseph Ratzinger, foi um “contra-Syllabus” ao efetuar este reconciliação da Igreja com o liberalismo, particularmente por intermédio de “Gaudium et Spes”, o maior documento conciliar. Com efeito os papas do século XIX não parecem ter sabido discernir o que havia de verdade cristã, e  portanto assimilável pela Igreja, na revolução de 1789.
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OS PAPAS CONCILIARES E A MODERNIDADE

Jornal Si Si No No, Ano XLII, nº10

1º) João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 11/10/1962, disse: “ferem agora os ouvidos sugestões de pessoas (…) que, nos tempos modernos, só veem prevaricação e ruína; vão repetindo que nossa época, comparada com as passadas, foi piorando (…) A Nós parece ter que dissentir desses profetas de desgraças[1], que anunciam sempre eventos infaustos (…). Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade. (…) Não que faltem doutrinas falazes (…), mas hoje em dia parece que os homens estão propensos a condená-las por si mesmos” (Enchiridion Vaticanum, Documenti. Concilio Vaticano II, EDB, Bologna, IX ed., 1971, p.39 e p.47).

Respondemos:

a) Os tempos modernos começam com Descartes para a filosofia, Lutero para a religião e Rousseau para a política, e os seus sistemas estão em ruptura com a Tradição Apostólica, a Patrística, a Escolástica e o dogma católico. De fato, a modernidade é caracterizada pelo subjetivismo. Seja na filosofia: “Penso, logo existo”, que é a via aberta por Descartes ao idealismo para o qual é o sujeito que cria a realidade. Seja em religião, com o livre exame da Bíblia sem a interpretação dos Padres e o Magistério e com a relação direta homem-Deus sem mediadores (Lutero: “sola Scriptura” “solus Christus”). Seja em política, pois o homem não é animal social por natureza, antes é solitário, portanto é ele quem cria a sociedade temporal mediante o “contrato social”.

O subjetivismo da modernidade, unindo-se à doutrina católica, transforma-a, esvazia desde dentro, torna-a um produto do intelecto humano ou do subconsciente e não mais uma Revelação divina real e objetiva a que se tem de assentir.

A afirmação de João XXIII coincide com a essência do modernismo, tal como a descreve São Pio X na Encíclica Pascendi (08/09/1907): o conúbio entre o idealismo filosófico da modernidade e a doutrina católica, que se tornaria, assim, um produto do pensamento ou do sentimento humano.

b) Se “Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade”, isso significa que se prefere ir contra a doutrina e a prática constante da Igreja (ver Pio IX em Tuas libenter, 1863). Continuar lendo

ESCLARECIMENTO SOBRE A “EXTENSÃO” DE FRANCISCO SOBRE A VALIDADE DA CONFISSÃO NA FSSPX

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Neste dia 21 de novembro, a Santa Sé publicou a Carta Apostólica do Papa Francisco, Misericordia et misera, de 20 de Novembro. No nº 12 deste documento, o Santo Padre estende para além do Ano da Misericórdia a faculdade de confessar concedida aos padres da Fraternidade São Pio X, em 1º de Setembro de 2015:

Ao longo do Ano Jubilar, aos fiéis que por diversas razões frequentam as igrejas atendidas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, concedera a faculdade de receber válida e licitamente a absolvição sacramental de seus pecados. Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade de seus sacerdotes, afim que a plena comunhão na Igreja Católica possa ser reencontrada com a ajuda de Deus, estabeleço por decisão própria que se estenda esta faculdade para além do período jubilar, até que sejam tomadas novas disposições sobre o assunto, para que a ninguém jamais falte o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da Igreja.”

Neste dia 21 de novembro, aniversário da declaração que Dom Marcel Lefebvre fez em 1974, não se pode recordar senão a profissão de fé do fundador da Fraternidade São Pio X: “Com a graça de Deus, o socorro da Virgem Maria, de São José e de São Pio X, estamos convictos de permanecermos fiéis à Igreja Católica e Romana e a todos os sucessores de Pedro, e de sermos os ‘fideles dispensatores mysteriorum Domini Nostri Jesu Christi in Spiritu Sancto” (cf. I Cor. 4, 1 e ss.), fiéis dispensadores dos mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Espírito Santo.”

Em 1º de Setembro de 2015, a Casa Geral publicara a seguinte declaração, que continua relevante:

“A Fraternidade São Pio X tomou conhecimento, através da imprensa, das disposições que o Papa Francisco tomou por ocasião do próximo Ano Santo. No último parágrafo de sua carta de 1º de setembro de 2015 a Mons. Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o Santo Padre escreve: “Instituí por minha própria disposição que aqueles que, ao longo do Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para receber o sacramento da Reconciliação dos padres da Fraternidade São Pio X receberão a absolvição válida e lícita dos seus pecados.”

 A Fraternidade São Pio X expressa seu agradecimento ao Sumo Pontífice por este gesto paternal. No ministério do sacramento da penitência, ela sempre se apoiou, com absoluta certeza, na jurisdição extraordinária conferida pelas Normae generales do Código de Direito Canônico. Por ocasião deste Ano Santo, o Papa Francisco quer que todos os fiéis que desejam se confessar com os sacerdotes da Fraternidade São Pio X possam fazê-lo sem serem importunados.

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Nota da Edição – Dominus Est: na Declaração publicada em 2015 a FSSPX reiterou de forma clara a validade e a licitude de todos seus sacramentos, visto o atual estado de necessidade na Igreja e a consequente jurisdição extraordinária, apoiada pelo próprio Código de Direito Canônico. 

O que muda com essa “concessão” de Francisco é que as confissões deixam seu caráter extraordinário de suplência (necessidade) e passam a ser Ordinárias. Porém, na prática, isso não muda nada em relação ao período anterior à tal gesto. Se não houvesse essa “extensão”, as confissões continuariam sendo válidas e lícitas, porém voltando à jurisdição anterior de suplência. 

Para saber mais sobre a FSSPX, a “jurisdição” e o “estado de necessidade”, clique aqui.

PRELADOS ESTÃO ATENTOS ÀS “PERIPÉCIAS” DE FRANCISCO

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COMUNICADO DO SUPERIOR DO DISTRITO DA FSSPX NA FRANÇA SOBRE A DECLARAÇÃO CONJUNTA ENTRE O PAPA E A IGREJA LUTERANA

bouchacourt_161024Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ao ler a declaração conjunta que o Papa fez com os representantes da igreja luterana na Suécia, em 31 de outubro, por ocasião do quinto centenário da revolta de Lutero contra a Igreja Católica, nossa dor atinge seu ponto máximo.

Diante do verdadeiro escândalo que tal declaração representa, onde se sucedem os erros históricos, graves violações à pregação da fé católica e um falso humanismo, fonte de tantos males, não podemos permanecer calados.

Sob o falso pretexto do amor ao próximo e do desejo de uma unidade artificial e ilusória, a fé católica é sacrificada no altar do ecumenismo que põe em perigo a salvação das almas. Os erros mais gritantes e a verdade de nosso Senhor Jesus Cristo são colocadas em pé de igualdade.

Como “podemos ser gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma“, enquanto Lutero manifestou um ódio diabólico pelo Sumo Pontífice, um desprezo blasfemo pelo Santo Sacrifício da Missa, assim como uma recusa da graça salvífica de Nosso Senhor Jesus Cristo? Ele também destruiu a doutrina eucarística, negando a transubstanciação, desviou as almas da Santíssima Virgem Maria e negou a existência do Purgatório.

Não, o protestantismo não trouxe nada ao catolicismo! Ele arruinou a unidade da cristandade, separou nações inteiras da Igreja Católica, mergulhou as almas no erro colocando em perigo sua salvação eterna. Nós, católicos, queremos que os protestantes retornem para o único rebanho de Cristo, que é a Igreja Católica, e rezamos por esta intenção.

Nestes dias em que celebramos todos os santos, apelamos a São Pio V, São Carlos Borromeu, Santo Inácio e São Pedro Canísio, que combateram heroicamente a heresia protestante e salvaram a Igreja Católica.

Nós convidamos os fiéis do Distrito da França a rezarem e fazerem penitência pelo Papa, afim que Nosso Senhor, do qual ele é o Vigário, o preserve do erro e o mantenha na verdade, da qual ele é o guardião.

Convido os sacerdotes do distrito a celebrar uma missa de reparação e organizar uma Hora Santa diante do Santíssimo Sacramento para pedir perdão pelos escândalos e suplicar a Nosso Senhor que acalme a tempestade que sacode a Igreja por mais de meio século.

Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, salve a Igreja Católica e rogue por nós!

Pe. Christian Bouchacourt, Superior do Distrito da França da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

Suresnes, 02 de novembro de 2016, comemoração de todos os fiéis defuntos

 

MAIS HORROR: HOMENAGEM PRESTADA À ESTÁTUA DE LUTERO NO VATICANO POR VONTADE DO PAPA FRANCISCO

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Quinta-feira, 13 de outubro de 2016, aniversário do Milagre do Sol em Fátima, a estátua de Lutero adentra ao Vaticano por vontade do Papa Francisco!

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O que nos une é muito maior do que aquilo que nos separa”. Isto é o que o Sumo Pontífice repete à exaustão quando ele quer, a marcha forçada, promover um ecumenismo que vai contra os ensinamentos do Magistério anterior ao funesto Concílio Vaticano II.

É assim que ele será a testemunha voluntária e participativa dos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, ao lado dos protestantes suecos. 500º aniversário que será comemorado ao longo de todo o ano de 2017, e que se inscreverá amplamente no diálogo dito “Luterano-Católico”. Continuar lendo

A “BONDADE” DE JOÃO XXIII

Pe. Michel Simoulin, FSSPX

“João XXIII entrou para a história como o ‘Papa buono’ (Papa bom). A esse respeito, é licito se perguntar se ‘Papa buono’ equivale a bom papa” – cardeal Silvio Oddi[1].

A lista dos livros, estudos e artigos escritos que celebram a “bondade” desse papa é longa demais para ser relacionada aqui. O ponto culminante — e, parece, definitivo — dessa celebração é representado pela promulgação, em 20/12/1999, do decreto sobre as “virtudes” heroicas do servo de Deus, João XXIII. Isso pareceu colocar termo à discussão. Todavia, não podemos esquecer outros estudos e artigos publicados para destacar falhas e fraquezas desse mesmo papa[2]. Até o discurso dirigido ao papa atual[3] pelo prefeito da Congregação da Causa dos Santos, em 20/12/1999, suscita algum espanto. Com efeito, se as virtudes louvadas em Pio IX são belas virtudes cristãs (zelo pastoral infatigável, intensa vida de oração, profunda vida interior), as de João XXIII são estranhamente novas, até mesmo desconhecidas da Teologia Ascética e Mística:

“Esse pontífice promoveu o ecumenismo, preocupou-se em desenvolver relações de fraternidade com os ortodoxos do Oriente que conhecera na Bulgária e em Istambul, desenvolveu relações mais intensas com os anglicanos e com o mundo multicolorido das Igrejas protestantes. Agiu de modo a lançar as bases de uma nova atitude da Igreja Católica para com o mundo judaico, fazendo uma decisiva abertura ao diálogo e à colaboração. Em 4 de junho de 1960, criou o Secretariado para a Unidade dos Cristãos. Promulgou duas encíclicas relevantes, Mater et Magistra (20 de maio de 1961) sobre a evolução social à luz da doutrina cristã e Pacem in Terris (11 de abril de 1963) sobre a paz entre todas as nações. Visitou hospitais e prisões e mostrou-se sempre próximo, pela caridade, dos sofredores e dos pobres da Igreja e do mundo”[4].

Se excetuarmos o devotamento às obras de misericórdia corporal, todas as virtudes de João XXIII são virtudes… ECUMÊNICAS!

Por conseguinte, parece-nos lícito ainda hoje estudar e examinar a “bondade” que deveria ser a santidade de João XXIII. Não se trata de negar a possibilidade de que hoje esteja na glória de Deus, mas, uma vez que ser beatificado significa ser proposto à veneração e à imitação dos católicos, trata-se de saber se, verdadeiramente, é permitido imitar a “bondade” do Papa João. Continuar lendo

BERGOGLIO E LUTERO

Resultado de imagem para bergoglio e luteroDentro de poucos dias o papa Bergoglio irá à Suécia participar das comemorações do quinto centenário da revolução luterana.

O gesto do pontífice, embora não nos surpreenda, não deixa de desconcertar-nos. Não nos surpreende porque seu predecessor João Paulo II agia nessa direção, tendo mandado depositar flores na campa do heresiarca, e os teólogos da Nouvelle Theologie, condenados por Pio XII e reabilitados após o Vaticano II, não escondiam sua admiração pelo falso reformador, monge crapuloso, comilão e beberrão, inventor da máquina de genocídio do mundo moderno. Não nos surpreende porque na nova religião há quem chegue a manifestar, senão simpatia, ao menos compreensão por Judas Iscariotes, dizendo que ninguém pode julgá-lo, num esforço vão de inocentar o filho da perdição.

Entretanto, o gesto de Bergoglio nos desconcerta porque de um papa, principalmente em se tratando de um filho de Santo Inácio de Loyola, queríamos poder esperar que seguisse o exemplo de seus irmãos maiores São Roberto Belarmino, São Pedro Canísio e tantos outros gloriosos santos jesuítas.

Com efeito, no quinto centenário da falsa reforma luterana, os católicos tínhamos o direito de esperar que o papa renovasse as condenações de Leão X e do Concílio de Trento contra os erros dos pseudo-reformadores e exortasse os hereges de hoje, herdeiros dos erros do século XVI, a abjurar suas doutrinas heréticas e a voltar para o seio da única Igreja de Cristo. Continuar lendo

O PRETENCIOSISMO TEILHARDIANO DO “PREGADOR DA CASA PONTIFÍCIA”

Resultado de imagem para Raniero Cantalamessa heresiapor Christopher A. Ferrara

Durante as Vésperas do “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”, o Padre Raniero Cantalamessa, o velho Modernista que tem sido o “Pregador da Casa Pontifícia” ao longo dos últimos 36 anos, pronunciou esta tolice durante a sua pseudo-homilia:

Quanto tempo teve o universo de esperar até chegar a este ponto?! Foram precisos biliões de anos, durante os quais a matéria opaca evoluiu rumo à luz da consciência, como a seiva que lentamente sobe desde debaixo da terra até ao cimo da árvore, para fluir nas suas folhas, flores e frutosAtingiu-se finalmente esta consciência quando “o fenómeno humano”, como Teilhard de Chardin lhe chama, apareceu no universoMas agora, tendo o universo atingido esse objetivo, detém-se na expectativa de que os seres humanos façam o seu dever tomando a seu cargo a tarefa, por assim dizer, de regerem o coro e entoarem, em nome de toda a Criação: “Glória a Deus nas alturas!”

Claro que tudo isto é panteísmo rançoso: O “universo” fez nascer a consciência humana — não foi Deus, Uno e Trino, pela criação especial de Adão e Eva, a quem deu uma alma racional. Outro tanto teremos de dizer quanto à narrativa da Criação no Génesis e quanto ao ensinamento infalível da Igreja sobre a descendência de toda a raça humana, proveniente dos nossos primeiros pais que, no Paraíso, pecaram contra Deus perdendo a Graça.  -Não! Segundo o que diz “o Pregador da Casa Pontifícia,” a consciência humana é uma coisa que parece que borbulhou da “matéria opaca” para fora — uma superstição rude e digna de idólatras pagãos da selva. Continuar lendo

-IDE E PROMOVEI O DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL?…

Resultado de imagem para jesus e apostolosHá quase dois mil anos, Deus Incarnado enviou a Sua Igreja para a missão salvífica que lhe cabe, com as seguintes palavras: “-Ide por todo o mundo, e pregai a todas as gentes o Evangelho. Aquele que acreditar e for Baptizado, salvar-se-á; mas aquele que não acreditar condenar-se-á.” O mandato divino à Igreja Católica não poderia ser mais simples: converter o Mundo ao Cristianismo, para a salvação das almas.

Dois mil anos passados, porém, no meio da pior crise de Fé e disciplina que a Igreja jamais experimentou, apresentam-nos esta descrição da missão da Igreja:

Em todo o Seu ser e ações [!], a Igreja é chamada a promover o desenvolvimento integral da pessoa humana à luz do Evangelho. Tal desenvolvimento acontece por se atender aos bens inestimáveis que são a justiça, a paz, e o cuidar da obra da Criação. O sucessor do Apóstolo São Pedro, no seu afã de afirmar estes valores, está continuamente a adaptar as instituições que com ele colaboram, para poderem dar melhor resposta às necessidades dos homens e mulheres que elas são chamadas a servir.

É com estas palavras que abre a Humanum Progressionemcarta apostólica do Papa Francisco que anuncia a continuação do que parece ser um dos temas do seu Pontificado: a Novidade da semana. Desta vez, é a criação de um novo “Dicastério Para Promover o Desenvolvimento Humano Integral” — que irá absorver, abolindo-os, o Conselho Pontifício para a Justiça e a Paz, o Conselho Pontifício Cor Unum, o Conselho Pontifício para a Pastoral de Pessoas Migrantes e Itinerantes, e o Conselho Pontifício para os Trabalhadores dos Cuidados de Saúde. Continuar lendo

OS FALSOS PROFETAS E OS NOVOS CATECISMOS

Resultado de imagem para dom castro mayerNa Exortação Apostólica, que sugere estas considerações, insiste o Papa, sobre a ação dos falsos doutores, que, vivendo no meio do povo de Deus, corrompem a Fé e a Religião. Assim, diz que é “para nós, Bispos”, aquela advertência que se encontra em São Paulo: “virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajuntarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (2 Tim. 4, 3-4), e mais adiante, torna Paulo VI ao mesmo toque de alerta, ainda com palavras do Apóstolo: “do meio de nós mesmos, como já sucedia nos tempos de São Paulo, surgirão homens a ensinar coisas perversas para arrebatarem discípulos atrás de si (Atos 20, 30)” (p. 105).

Quando os inimigos estão dentro de casa, como denuncia aqui o Papa, é sumamente néscio quem não redobra a vigilância. Na atual crise da Igreja, podemos dizer que nossa salvação está condicionada ao emprego de todos os meios que preservem a integridade da nossa Fé. Portanto, é necessária, hoje, maior atenção para evitar as ciladas armadas contra a autenticidade de nosso Cristianismo. Continuar lendo

NOVOS SEMINÁRIOS PARA UMA “NOVA” IGREJA

Foi um processo aplicado em todas as articulações do corpo da estrutura Católica Romana — em nível paroquial, diocesano, nacional, regional e, em última análise, em nível romano. Foi um caso sutilmente calculado por mentes e vontades empenhadas em liquidar a organização tradicional da Igreja. E conseguiram.

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Pe. Malachi Martin (*) | Tradução Sensus fidei: Em apenas dezoito meses — o tempo que passou no Seminário Menor de Nova Orleans — Paul Gladstone seguiu os mesmos passos de muitos Católicos Romanos bem-intencionados, mas carentes de orientações, nos anos setenta: tornou-se uma vítima de circunstâncias alheias a seu controle.

Em grande parte, ele fora protegido das mudanças abruptas e perturbadoras na Igreja. Embora poderosa, a tempestade da mudança não chegou a todos os lugares ao mesmo tempo. Foi um processo aplicado em todas as articulações do corpo da estrutura Católica Romana — em nível paroquial, diocesano, nacional, regional e, em última análise, em nível romano. Foi um caso sutilmente calculado por mentes e vontades empenhadas em liquidar a organização tradicional da Igreja. E conseguiram. Continuar lendo

PAULO VI, O SEPULTADOR DA TRADIÇÃO

Nota da Permanência: Apresentamos a seguir um capítulo do livro “Cem anos de modernismo” (Cent ans de modernsime. Généalogie du Concile Vatican II, Editions Clovis, 2003) do padre Dominique Bourmaud, FSSPX.

Capítulo XXII

Há mais de um século que os Carbonários, a maçonaria italiana, tinham planejado destruir o papado:

“O trabalho que empreenderemos não é obra de um dia, nem de um mês, nem de um ano: pode durar vários anos, talvez um século; mas em nossas fileiras morre o soldado e a luta continua… O que devemos buscar e esperar, como os judeus esperam o Messias, é um Papa de acordo com nossas necessidades… E este pontífice, como a maioria dos seus contemporâneos, estará mais ou menos imbuído dos princípios humanitários que começaremos a pôr em circulação… Quereis estabelecer o reino dos escolhidos sobre o trono da prostituta da Babilônia? Que o clero marche sob o vosso estandarte, crendo sempre marchar sob a bandeira das Chaves Apostólicas… Estendei vossas redes… no fundo das sacristias, dos seminários, dos conventos… Tereis pregado uma revolução de tiara e capa pluvial, marchando com a cruz e a bandeira, uma revolução que não necessitará senão ser ligeiramente estimulada para atear fogo em todos os extremos da terra”[1].  Leia mais

Na falta de um revolucionário de tiara e capa pluvial, comparou-se Paulo VI com Moisés guiando o povo escolhido para fora do Egito rumo à terra desconhecida da Promessa. Também é apresentado freqüentemente como um Hamlet que terminou no trono de Pedro. Seu temperamento indeciso resultava, talvez, da falta de uma formação intelectual sólida, uma vez que Giovanni Battista Montini (1897-1978) não havia seguido seminário algum… realidade ainda mais lamentável pelo fato de que seu pai, homem influente, publicava uma revista de tom liberal. Deste fato procediam suas utopias juvenis de que é possível colaborar com a esquerda mas não com a direita[2]. Essas deficiências intelectuais não faziam mais que aumentar, pelo predomínio que, nele, a imaginação tinha sobre a realidade: Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 3

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  1. A constituição dogmática sobre a Revelação Divina “Dei Verbum”

Esta constituição abandona a doutrina católica das duas fontes da Revelação, para aproximar-se do sola scriptura dos protestantes. Apresentam-nos de imediato no capítulo 1 a Revelação não mais como comunicação das verdades sobre Deus e suas intenções salvíficas, mas como auto-comunicação de Deus; nisto põem em evidência a passagem da perspectiva objetiva à perspectiva subjetiva.

No artigo 5, descrevem a fé como encontro pessoal com Deus, e dom do homem para com Ele; não se deveria mais considerar a tradição como complemento quantitativo e material da Escritura. Ela teria apenas uma dupla função de reconhecimento do teor do cânon e certidão da revelação. De modo ambíguo, não apresentam o magistério abaixo da palavra de Deus, senão que a seu serviço.

Reconhece-se fortemente no artigo 12 a exegese moderna com sua “Formengeschichte”, embebida no espírito protestante de Bultmann. Não mais se atribui à Santa Escritura a inerrância, mas só dizem que ela ensina a verdade.

artigo 19 fala que os Evangelhos oferecem o veraz e o sincero – no texto originam, acrecentaram: “alimentados pela força criativa da comunidade primitiva”, suprimido após o protesto de muitos dos Padres do Concílio. Na 2ª frase deste artigo, assume o Concílio sem meias palavras a exegese moderna: os apóstolos pregavam uma compreensão mais plena do Cristo, os redatores dos Evangelhos “redigiram” o material desta prédica, i. é., material que eles selecionaram, resumiram e atualizaram. Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 2

protIII. A INFLUÊNCIA DOS PROTESTANTES SOBRE O CONCÍLIO

Com tamanha presença de protestantes no Concílio – presenças direta e indireta – como espantar-se da influência sobre o Concílio e seus documentos? Citemos-lhe alguns para fundamentar a afirmação:

  1. O decreto “Sacrosanctum Concilium” sobre liturgia

Já no artigo 5, encontramos a noção de mistério pascal, que põe a tônica da Redenção na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e arrefece a realidade do sacrifício expiatório da liturgia.

No artigo 6, mencionam o mistério pascal duas vezes.

No artigo 7, equiparam a presença do Cristo na Santa Missa e na substância transubstanciada com a presença no ministro da ação litúrgica, na virtude dos sacramentos, na palavra, ou com a presença que há onde duas ou três pessoas estiverem reunidas em seu nome. Uma tal ordem de coisas é um empréstimo manifesto dos protestantes.

No artigo 22, há clara descentralização da competência, em matéria litúrgica: a partir de agora é o bispo local, e sobretudo a conferência episcopal as estâncias decisórias.

Nos artigos 24 e 51, fala-se da grande importância da Santa Escritura na liturgia. Continuar lendo

A PROTESTANTIZAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II – PARTE 1

cviiConferência do Sr. Padre Franz SCHMIDBERGER no Simpósio de Teologia em Paris, outubro de 2005.

RESUMO DA POSIÇÃO PROTESTANTE

1 – O ponto de partida do protestantismo, sua base filosófica e teológica, é sem dúvida a concepção de Lutero acerca do pecado e da justificação.

Para ele, corrompeu o pecado totalmente a natureza humana, não há sequer liberdade moral. Assim, nada encontra a graça de Deus que curar, transformar, divinizar, limitando-se tão-só a uma declaração exterior: Deus encobre o pecado com o manto dos méritos de seu Filho, não imputando-lhe de pecado, contudo o pecador conserva sua natureza corrompida.

2 – De tal parecer do estado da natureza decaída, decorrem os quatrosoli de Lutero:

a)Sola fide: salva-se o homem só pela fé; notem que, entre os reformadores, concebe-se a fé enquanto fé confiante nos méritos do Cristo Redentor, e não enquanto plena aceitação da Revelação de Deus sob impulso da graça. As boas obras – o jejum, a oração, a esmola, a penitência, a mortificação – não contribuem para a salvação, antes são sinais de fé. Exprime Lutero desta forma seu pensamento de modo categórico: “Peca fortemenTe e crê mais fortemente ainda, e tu serás salvo”. Continuar lendo

MUITO CUIDADO COM OS NEO-MODERNISTAS!!!

INTRODUÇÃO
Em primeiro lugar, creio haver mister uma observação preliminar, não ignorando da possibilidade de existir consciências falseadas. Aliás, a observação não é minha mas de São Pio X na Encíclica “Pascendi”, com a qual condenou o Modernismo. Diz o imortal Pontífice: “Pasmem embora homens de tal casta (=os modernistas) que nós os ponhamos no número dos inimigos da Igreja; não poderá, porém, pasmar com razão quem quer que , postas de lado as intenções de que só Deus é juiz, (sublinhado meu) se aplique a examinar as doutrinas e o modo de falar e de agir de que lançam eles mão” (sublinhado meu). Ao falar dos neo-modernistas podemos e até devemos, aplicar o mesmo princípio acima enunciado. O próprio Divino Mestre declarou que pelos frutos se conhece a árvore. 
Outra observação: Entre nós tradicionalistas, ou melhor dizendo, entre aqueles que, pela graça de Deus, permanecem fiéis à Santa Madre Igreja, e, portanto, devem combater o Modernismo, é extremamente necessário que não aja divisão e sobretudo REBELIÃO contra a autoridade legítima;  pois isto, é fazer papel de sapa no próprio exército. Em uma palavra: é, mesmo pretendendo combater o modernismo,  fazer o papel  dos mesmos.  
Uma última observação que é de Santo Agostinho: “In principiis unitas, in dubiis libertas, in omnibus charitas” – Nos princípios unidade, nas coisas livres liberdade, em tudo a caridade. 
 
O modernismo, nos últimos tempos, recebeu o nome de “Progressismo”. É o modernismo colocado em prática através do fator “progresso”. Como vimos na postagem anterior, os modernistas ensinam que a Igreja mostra-se incapaz de defender eficazmente a moral evangélica, porque adere obstinadamente a doutrinas imutáveis, que não podem conciliar-se com o progresso moderno; e o progresso das ciências exige que se reformem os conceitos da doutrina cristã sobre Deus, a Criação, a Revelação, a Pessoa do Verbo Encarnado e a Redenção. Como eles sabem que esta mudança na doutrina, nos dogmas da Igreja, não é aceita pelos católicos, nem mesmo por aqueles que só conhecem o Primeiro Catecismo, usam, então, o disfarce, para assim conseguirem uma baldeação ideológica inadvertida. Em outras palavras, não atacam de frente, têm paciência diabólica para trabalhar as mentes aos poucos e de maneira disfarçada. Fazem uma lavagem cerebral mudando as idéias tradicionais, aos poucos, sem a pessoa perceber. Agem mais através dos ambientes que vão criando com imprecisões de linguagem e termos ambíguos. Há, no entanto, um critério para surpreendê-los, critério este que não falha. Qual é? É o seguinte: Todas as suas imprecisões , ambiguidades,  novos formulários, etc., obedecem à mesma direção. Operam no sentido de afastar os fiéis da Tradição, das fórmulas tradicionais, dos limites precisos entre a verdade e o erro, dos costumes elaborados lenta e seguramente pelos séculos de Cristianismo, de tudo enfim que indique, sem o menor perigo de engano, o Cristianismo ortodoxo, a fidelidade à Revelação e ao Espírito de Jesus Cristo.

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AS MARCAS DA “IGREJA MUNDIAL”

O famoso teólogo jesuíta Karl Rahner, que foi um dos pais da hermenêutica da “descontinuidade” em uma conferência na cidade de Bruxelas, afirmava que “a partir do Concílio, a Igreja se tornava mundial”
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Karl Rahner dá as pistas da verdadeira finalidade progressista revolucionária imanente no Concílio Vaticano II: “O Concílio é naturalmente uma indicação muito abstrata e formal daquilo que vai se formando até que se configure totalmente esta Igreja Mundial”

Carmelitas Eremitas — El Ermitaño / Sensus Fidei: O Concílio Vaticano II fez surgir, segundo alguns teólogos, uma nova Igreja. A partir deste tempo, já não se deveria chamar a Igreja de Católica, mas sim de Igreja Mundial (!) A antiga Una e santa Igreja Católica caracterizada pela cultura Greco-romana, não teria mais vez no mundo da pós-modernidade… Chegara, portanto o tempo de surgir uma Igreja nova e pluralista, aberta a todas as culturas e religiões que deveria suceder a esta antiga Igreja e se impor em todos os ambientes eclesiásticos.

O famoso teólogo jesuíta Karl Rahner, que foi um dos pais desta hermenêutica da “descontinuidade” em uma conferência na cidade de Bruxelas, afirmava que “a partir do Concílio, a Igreja se tornava mundial”. Assim, continua dizendo que “neste Concílio ainda que de maneira germinal e obscura se proclama uma passagem da Igreja Ocidental para a nova Igreja Mundial.” “O Concílio é naturalmente uma indicação muito abstrata e formal daquilo que vai se formando até que se configure totalmente esta Igreja Mundial.” E no decorrer de suas afirmações podemos identificar as marcas dessa nova Igreja preconizada por esse ideal liberalista: Continuar lendo

O CONCEITO DE LIBERDADE RELIGIOSA NA “DIGNITATIS HUMANAE” DO CONCÍLIO VATICANO II

Dom Antônio de Castro Mayer

Em matéria de liberdade religiosa na ordem civil, três pontos capitais, entre outros, são absolutamente claros na tradição católica:

1. Ninguém pode ser obrigado pela força a abraçar a fé;

2. O erro não tem direitos;

3. O culto público das religiões falsas pode, eventualmente, ser tolerado pelos poderes civis, em vista de um maior bem a obter, ou de um maior mal a evitar, mas de si deve ser reprimido, mesmo pela força, se necessário.

É o que se depreende, por exemplo, dos seguintes documentos:

PIO IX, Encíclica “Quanta Cura”:

“E contra a doutrina da Sagrada Escritura e dos Santos Padres, (os seguidores do naturalismo) não temem afirmar que “o melhor governo é aquele no qual não se reconhece ao poder político a obrigação de reprimir com sanções penais os violadores da religião católica, a não ser quando a tranqüilidade pública o exija”. Desta idéia absolutamente falsa do regime social não receiam passar a fomentar aquela opinião errônea e mortal para a Igreja Católica e a salvação das almas, chamada por nosso predecessor de feliz memória, Gregório XVI, loucura, a saber que “a liberdade de consciência e de cultos é um direito próprio de cada homem, que deve ser proclamado e garantido em toda sociedade retamente constituída (BAC, Doutrina Pontifícia, II documentos políticos, 1958, p. 8)”.

“Syllabus” de PIO IX:

“77. Na nossa época não é mais necessário que a religião católica seja considerada como a única religião do Estado, excluídos os outros cultos.

“78. Por isso é de louvar que em regiões católicas, se tenha providenciado por lei, que aos imigrantes naquelas regiões se permita o culto público próprio deles.” (BAC, ib. p. 37). Continuar lendo

A MISSA DE LUTERO

Conferência de Dom Marcel Lefebvre.

Esta noite, falarei da Missa de Lutero e da Missa do novo rito. Por que essa comparação entre a Nova Missa e a Missa de Lutero? Porque a história o diz; a história objetiva não é criação minha. (Sua Excia. mostra então um livro sobre Lutero, publicado em 1911, “Do Luteranismo Ao Protestantismo” de Léon Cristiani). Ele fala sobre a reforma litúrgica de Lutero. Trata-se de um livro escrito em um tempo, em que o autor nem conhecia nossa crise, nem o novo rito; portanto não foi escrito com segundas intenções.

Síntese dos princípios fundamentais da Missa

Primeiramente desejo fazer uma síntese dos princípios fundamentais da Missa, para trazer à nossa memória a beleza, a profunda grandeza espiritual de nossa Missa, o lugar que nossa Missa ocupa na Santa Igreja. Que coisa mais bela Nosso Senhor legou à humanidade, que coisa mais preciosa, mais santa concedeu à Sua Santa Igreja, à Igreja sua Esposa, no Calvário, quando morria na Cruz? Foi o Sacrifício de si mesmo.

O Sacrifício de si mesmo. Sua própria Pessoa, que continua seu Sacrifício. Ele o deu à Igreja, quando morreu na Cruz. A partir desse momento, esse Sacrifício estava destinado a continuar, a perseverar através dos séculos, como Ele o havia instituído, juntamente com o Sacerdócio.

Quando na Santa Ceia, Jesus instituiu o Sacerdócio, Ele o instituiu para o Sacrifício, o Sacrifício da Cruz, porque esse Sacrifício é a fonte de todos os méritos, de todas as graças, de todos os Sacramentos; a fonte de toda a riqueza da Igreja. Isso devemos recordar, ter sempre presente essa realidade, divina realidade. Continuar lendo

“DESTRUIR A MISSA”

Qual é a crise que estamos atravessando atualmente? Manifesta-se, no meu entender, sob quatro aspectos fundamentais para a Santa Igreja.

Manifesta-se, à primeira vista, acredito eu, e me parece que é um dos aspectos mais graves, porque, para mim, se se estuda a história da Igreja, dá-se conta de que a grande crise que atravessou o século XVI, crise espantosa, que arrebatou à Santa Igreja, milhões e milhões de almas, regiões inteiras, Estados na sua totalidade, esta crise foi, antes de tudo, uma crise do culto litúrgico; e que, se atualmente existem divisões entre aqueles que se dizem cristãos, há que se atribuir mais que a outras causas à forma de celebrar o culto litúrgico; e se os protestantes se separaram da Igreja, a causa principal é que os instigadores do protestantismo, como Lutero, disseram, desde o primeiro momento: “Se queremos destruir a Igreja temos que destruir a Santa Missa”. Esta foi a chave de Lutero.

Tinha-se dado conta de que, se chegasse a por as mãos na Santa Missa, se conseguisse reduzir o Sacrifício da Missa a uma pura refeição, a uma comemoração ou recordação, a uma significação da comunidade cristã, a uma rememoração ou memorial da Paixão de Nosso Senhor e, como consequência, que ficasse mais débil o mais sagrado que há na Igreja, o mais santo que nos legou Nosso Senhor, o mais sacrossanto, ele conseguiria destruir a Igreja. E certamente, conseguiu, por desgraça, arrebatar à Igreja nações inteiras, obrando dessa forma. Continuar lendo

CARACTERÍSTICA DA NOVA IGREJA: A RELIGIÃO DO HOMEM

Ou pela dificuldade do empreendimento, ou por uma concessão ao espírito do tempo, o fato é que, na execução do plano traçado pelo Concílio, em largos meios eclesiásticos, o esforço na adaptação foi além da simples expressão mais ajustada à mentalidade contemporânea. Atingiu a própria substância da Revelação. Não se cuida de uma exposição da verdade revelada, em termos em que os homens facilmente a entendam; procura-se, por meio de uma linguagem ambígua e rebuscada, mais propriamente, propor uma nova Igreja, ao sabor do homem formado segundo as máximas do mundo de hoje. Com isso, difunde-se, mais ou menos por toda parte, a idéia de que a Igreja deve passar por uma mudança radical, na sua Moral, na sua Liturgia, e mesmo na sua Doutrina. Nos escritos, como no procedimento, aparecidos em meios católicos após o Concílio, inculca-se a tese de que a Igreja tradicional, como existira até o Vaticano II, já não está à altura dos tempos modernos. De maneira que Ela deve transformar-Se totalmente.

E uma observação rápida, sobre o que se passa em meios católicos, leva à persuasão de que, realmente, após o Concílio, existe uma nova Igreja, essencialmente distinta daquela conhecida, antes do grande Sínodo, como única Igreja de Cristo. Com efeito, exalta-se, como princípio absoluto, intangível, a dignidade humana, a cujos direitos submetem-se a Verdade e o Bem. Semelhante concepção inaugura a religião do homem. Continuar lendo

PARA CONTINUAR SENDO CATÓLICO TERIA QUE SE TORNAR PROTESTANTE?

 “Vae mihi si non evangelizavero” – 1 Cor IX, 16

Sem referir-nos às via inesperadas nas quais se viram os Padres do Concílio ao se tratar de certos esquemas desenraizados do Magistério da Igreja pretendemos nas páginas que se seguem fazermos eco daquela palavra que os Padres do Concílio não poderiam se esquecer: Caveamus! (cuidemo-nos).

Cuidemo-nos de que nos influencie um espírito absolutamente inconciliável com o que os Pontífices romanos e os precedentes Concílios se esforçaram incansavelmente por difundir entre os cristãos. Não se trata de um espírito de progresso, senão de ruptura e de suicídio.

As declarações de alguns Padres a esse respeito são orientadoras: uns afirmam que entre as declarações passadas e a dos autores de determinados esquemas não existe contradição, porque as circunstâncias foram modificadas. Até que ponto o que o Magistério da Igreja afirmou há cem anos servia para aqueles tempos mas não para os nossos.

Há outros que se refugiam no mistério da Igreja.

Outros consideram que um Concílio tem por objeto modificar a doutrina dos Concílios anteriores.

Por fim, outros mantém que todo o Concílio está acima do magistério ordinário, pelo qual pode prescindir deste e bastar-se por si só.

Se ouve além disso a voz da imprensa liberal afirmando que por fim a Igreja admite a evolução do dogma. Continuar lendo