Sermão proferido pelo Revmo. Pe. José Maria, no Priorado S. Pio X de Lisboa, no VI Domingo depois de Pentecostes, sobre a tibieza.
Arquivos da Categoria: Espiritualidade
BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – MAGISTÉRIO E REVELAÇÃO
Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est
Leia o capítulo anterior clicando aqui.
O Magistério é a regra próxima da Fé, enquanto a Escritura e a Tradição são sua regra remota. Com efeito, é o Magistério da Igreja quem interpreta a Revelação e propõe que se acredite no que nela está contido como objeto de fé.
Monsenhor Brunero Gherardini, na revista Divinitas[1], explicou com mais detalhes o munus docendi da Igreja em relação às discussões que surgiram recentemente sobre a questão da relação entre a Revelação e o Magistério.
A palavra Magistério indica o Poder de ensinar, que Jesus deixou à Sua Igreja, e também o Ato e o Conteúdo do ensinamento da Igreja (p. 87).
Na Sagrada Escritura (uma das duas fontes da Revelação, juntamente com a Tradição), encontramos a definição do Magistério, especificamente no Evangelho segundo S. Mateus (XXVIII, 19): “Ide, pois, ensinai todas as gentes”, que literalmente pode ser traduzido como “Faça de todos os povos seus discípulos” (p. 87), ou “Submeta todos os povos ao seu Magistério”. É evidente, pelo que é revelado no Evangelho, que Jesus quis estabelecer um Poder docente ou magisterial na Sua Igreja (ver também Mt. XVIII, 18; Mc. XVI, 15; Lc. XXIV, 47; Jo. XXI, 15-17), embora na teologia eclesiológica a palavra “Magistério” só tenha sido usada recentemente. Continuar lendo
BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JULHO/24
Caros fiéis,
Uma de nossas fiéis era muito ativa em sua paróquia. Quando ela deixou de vir, o pároco lhe perguntou para onde estava indo. “Para a Missa Tridentina”. O padre respondeu: “Não, você tem que vir à missa humana”. Ele provavelmente estava se referindo a uma missa que estivesse próxima das pessoas. Mas sua expressão descreve perfeitamente a situação. A Missa Nova é a Missa do homem que quer se tornar Deus. A Missa Tridentina é a Missa de Deus feito homem. Essa realidade é óbvia quando se entra em uma igreja pós-conciliar: no centro do santuário, não é mais o tabernáculo que contém a Presença Real que está entronizado, mas o assento do celebrante (veja o artigo A igreja da nova liturgia, do Padre Grégoire Celier, fsspx; em nosso site).
O Padre Celier escreve: “Uma igreja, como qualquer outro edifício, reflete em sua arquitetura as ideias daqueles que a construíram. Construída para uma determinada liturgia, um determinado cerimonial, uma determinada teologia, ela necessariamente expressa esses valores. Por meio da sua organização, cria um clima particular, favorável à implantação da forma de expressão religiosa que presidiu sua concepção”. Essas considerações condenam a prática de uma “nova missa bem celebrada” atrás da qual alguns conservadores se refugiam.
O problema da nova missa não é apenas litúrgico. É um problema doutrinário. Por que a arquitetura das igrejas modernas é diferente das igrejas antigas? Porque a liturgia mudou. Por que a liturgia mudou? Porque a doutrina mudou. E qual é a doutrina por trás da nova missa? A doutrina ecumênica do Vaticano II. Paulo VI queria remover da missa tudo o que pudesse desagradar aos protestantes. Assim, a natureza sacrificial da missa e as referências à Presença Real foram removidas e, consequentemente, o papel do sacerdote – oferecer o sacrifício – foi apagado. Continuar lendo
COMEMORAÇÃO DO PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
MÊS DE JULHO, DEDICADO AO PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE JESUS CRISTO
Foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça” (Ap 5,9).
Fonte: Hojitas de Fe, 203, Seminário Nossa Senhora Corredentora
Tradução: Dominus Est
A Igreja dedica todo o mês de julho ao amor e adoração do Preciosíssimo Sangue de nosso Salvador Jesus. É justo que nós adoremos na santa humanidade de Cristo, com um culto especial, aquelas partes que são mais significativas de algum mistério ou perfeição divina; e assim honramos:
• SEU CORAÇÃO: para prestar culto ao seu amor infinito;
• SUAS CHAGAS: para prestar culto a suas dores e sua paixão;
• SEU SANGUE: para prestar culto ao preço de nossa Redenção.
No entanto, esse culto do Sangue do Salvador assume um caráter festivo no mês de julho e na festa com a qual este mês inicia. Já na Quinta-feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia e na Sexta-feira Santa o Sangue de Cristo derramado por nós; mas o acento da celebração centrava-se em sentimentos de dor, de compunção, de contrição. A Igreja volta depois a dar culto à Sagrada Eucaristia na festa de Corpus Christi, e também à Paixão e Sangue do Salvador, mas com maior ênfase nos sentimentos de alegria e triunfo.
Por este culto nós agradecemos a Nosso Senhor a Redenção como uma vitória já obtida, e nos exultamos em tomar parte entre o número dos redimidos, daqueles que foram lavados no Sangue do Cordeiro. E prestamos culto de latria ao Sangue do Redentor, reconhecendo especialmente uma virtude salvadora, como se vê: Continuar lendo
SEXTO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES: AS TURBAS FAMINTAS E A VAIDADE DOS BENS TERRESTRES
Acesse a leitura de hoje clicando na imagem
Para acompanhar diariamente as Meditações de Santo Afonso clique aqui.
BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – O MAGISTÉRIO
Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est
Leia o capítulo anterior clicando aqui.
O Magistério eclesiástico se divide em Solene e Ordinário. O Solene se subdivide em conciliar e pontifício; e o Ordinário se subdivide em universal e papal.
Magistério Solene
Magistério Solene Conciliar é o ensinamento de “todos” os bispos do mundo (totalidade moral, e não matemática ou absoluta) reunidos fisicamente — de maneira não-habitual ou não-permanente e estável — em Concílio Ecumênico sob a direção do Papa.
Magistério Solene Pessoal Pontifício é o do Papa que, enquanto pastor universal (ou assentado sobre a cátedra de Pedro, “ex cathedra Petri”), define como divinamente revelada uma doutrina que diz respeito à Fé e à Moral e obriga a crê-la como absolutamente necessária à salvação. Continuar lendo
BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – O CONCILIARISMO E A QUESTÃO DO “PAPA HERÉTICO”
Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est
Leia o capítulo anterior clicando aqui.
O conciliarismo é um erro eclesiológico, segundo o qual o Concílio ecumênico[1] é superior ao Papa.
Como podemos ver, esse erro, juntamente com o galicanismo, é muito atual e voltou à tona “pela esquerda” com a teoria da colegialidade episcopal do Concílio Vaticano e “pela direita” com a doutrina da independência da Igreja nacional francesa em relação ao papa e à Igreja universal. A doutrina católica, por outro lado, ensina que só o papa pode fazer tudo, enquanto todos os Bispos sem o papa não podem fazer nada.
A origem remota desse erro encontra-se no princípio jurídico contido no Decreto de Graciano (dist. XL, c. 6) do século IV, segundo o qual o papa pode ser julgado pelo Concílio ecumênico “imperfeito” (sine Papa) em caso de heresia.
A questão do Papa herético, no entanto, é apenas uma hipótese, uma opinião discutível, possível, mas não chega a provável, e de maneira alguma é uma certeza. Os Doutores da Igreja, sobretudo na Contrarreforma, discutiram-na como uma possibilidade puramente hipotética (“é certo/não é certo que o Papa pode cair em heresia…”). Sem chegar a um acordo unânime e menos ainda em uma certeza, cada um exprimiu a sua própria hipótese possível, ou no máximo provável[2]. Continuar lendo
SÊ IRREPREENSÍVEL NAS TUAS PALAVRAS – PELO PE. CARLOS MESTRE, FSSPX
Sermão proferido pelo Revmo. Pe. Carlos Mestre, no Priorado S. Pio X de Lisboa, no V Domingo depois de Pentecostes, com uma admoestação sobre o uso da linguagem próprio dos católicos.
NÃO SE PODE SALVAR A DIGNITATIS HUMANÆ
“Alguns teólogos tentaram salvar a qualquer custo a declaração do Vaticano II sobre a liberdade religiosa, demonstrando que ela estaria em continuidade com a Tradição. A posição de suas tentativas e fracassos.”
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Todos os católicos concordam em dizer que ninguém pode ser constrangido a aderir à fé. A questão da liberdade religiosa reside em um outro ponto. Ela consiste em saber se um Estado católico tem o direito de reprimir o exercício público das falsas religiões, exatamente porque são falsas. Toda a Tradição responde de forma afirmativa. O Concílio Vaticano II o nega.
O ensino tradicional da Igreja simplesmente considera uma tolerância aos falsos cultos para evitar um mal maior. Ao contrário, “o regime da liberdade religiosa proíbe essa intolerância legal, segundo a qual alguns cidadãos ou algumas comunidades religiosas seriam reduzidas a uma condição inferior quanto aos direitos civis em matéria religiosa.”[1]
À primeira vista, a questão é muito mais importante do que poderia parecer, pois envolve a obra da Igreja no mundo e seu fim. Ora, o fim (chamado também causa final) influi sobre toda a ação, desde o princípio desta. É “uma questão de vida ou morte para a Igreja.”[2] Ela recebeu a missão de fazer seu Esposo reinar ao ponto de ser estabelecida uma cristandade, ou suas prerrogativas reais serem plenamente reconhecidas. O Concílio Vaticano II, ao contrário, se associou ao ideal da democracia moderna, onde o Estado deve velar para que “ninguém seja forçado a agir contra sua consciência, nem impedido de agir, em justos limites, conforme sua consciência, em privado como em público, sozinho ou associado a outros.”[3] Os falsos cultos não deveriam ser somente tolerados, mas protegidos. Continuar lendo
QUINTO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES: O VÍCIO DA IRA E O MODO DE REFREÁ-LA
Acesse a leitura de hoje clicando na imagem.
Para acompanhar diariamente as Meditações de Santo Afonso clique aqui.
BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – GALICANISMO
Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est
Leia o capítulo anterior clicando aqui.
Trata-se de um conjunto de doutrinas teológico-políticas sobre a eclesiologia, que defende:
1) limitar o poder do Papa sobre a Igreja francesa (“galicanismo teológico”), apoiando-se em direitos adquiridos no passado (Clóvis †511 e Carlos Magno †814);
2) favorecer a interferência do rei da França na própria Igreja, retirando do papa todo o poder sobre o reino de França (“galicanismo político”).
A origem remota do galicanismo encontra-se na teoria da unção de Clóvis, rei dos francos (496), pelo Bispo de Paris, S. Remígio (Remy) (†530), com óleo trazido por uma pomba diretamente do céu e não consagrado pelo bispo. A Enciclopédia Católica (Vaticano, 1951, vol. VI, col. 1769-1770) atribui a Incmaro, Arcebispo de Reims (806, 21 de dezembro de 882), a lenda da santa Ampola contida em sua obra Vida de São Remígio (P.L. 125, 1229-88, Monumenta Germaniae Historica, Hannover-Berlim, 1826, Script. Rer. Merov. III, pp. 239-341), que “é apenas uma obra de edificação” (“Enciclopedia Cattolica”, ibid., col. 1170).
A figura de Incmaro é altamente discutível. Basta consultar A. Fliche-V. Martin, Storia della Chiesa, (Cinisello Balsamo, San Paolo, 1983, vol. VI, pp. 423-475) para conhecer mais sobre sua longa atividade de falsificador de documentos e de decretos de direito canônico ou, pelo menos, de explorador de documentos falsos (as chamadas “falsificações isidorianas”, em homenagem a Isidoro Mercator, compostas por volta de 850). O fato de o Arcebispo de Reims (que era então o próprio Incmaro) ter sido o depositário e o guardião da Ampola trazida diretamente pelo Espírito Santo a Remígio em 498 ou 499 tornou esse arcebispo – tal como o rei da França – “em certo sentido” independente do papa. Todo o curso de ação de Incmaro na disputa que teve com Roma foi uma longa procrastinação, composta de atestados teóricos de obediência e de dependência em relação à Sé Apostólica, quando, na realidade (A. Fliche – V. Martin, ibidem, p. 473 e 475), ele continuava a agir como se fosse o soberano absoluto da sua arquidiocese e da Igreja da França, dada a sua supremacia sobre toda a Gália de Reims, por causa da Santa Ampola ainda conservada lá. Continuar lendo
BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – O SEDEVACANTISMO
Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est
Leia o capítulo anterior clicando aqui
A apostolicidade é, na crise que o ambiente eclesial vive, a nota mais útil e importante para compreender o que está acontecendo e para remediar tamanho mal. Sem Apóstolos não há Igreja de Cristo, pois o próprio Jesus a fundou sobre eles. Mas sem o Príncipe dos Apóstolos, sem Pedro, que é a “pedra” secundária e subordinada a Cristo, os Apóstolos estão separados de Cristo. A presença do Papa e dos Bispos em ato é absolutamente necessária, e não apenas em potência ou in fieri, ou seja, no devir, tal como pretende o sedevacantismo. De fato, se a Igreja estivesse em potência ou no devir, ainda não existiria e, além disso, Cristo não estaria com ela, como prometeu, todos os dias até ao fim do mundo, mas estaria com ela como que em intervalos, algumas vezes em ato ou em ser e outras vezes apenas em potência ou in fieri. Em vez disso, Cristo fundou a sua Igreja sobre uma cadeia ininterrupta de Papas no presente e não no devir perpétuo ou intermitente: Pedro e os Apóstolos eram Papas e Bispos em ato e formalmente, não em potência ou in fieri ou materialmente. A Igreja está estabelecida na existência presente, no ato e na forma, não no futuro, na potencialidade e na materialidade. Portanto, a Igreja ou o papado material ou in fieri, que não teria passado ao ato nos últimos cinco papas e teria interrompido a sucessão apostólica formal que vinha desde Pedro, é um Papado concebido pela mente de um homem (mesmo que fosse um grande teólogo que, no entanto, não é Cristo na terra e nem o Magistério eclesiástico), mas não é a Igreja querida por Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
É necessário distinguir:
1°) o estado transeunte da Sé vacante, que vai da morte de um papa à eleição de outro, no qual permanecem o Colégio cardinalício, capaz de substituir o papa falecido governando com autoridade (uma espécie de Colégio “vicário” do Vigário de Cristo), e também permanece o Episcopado universal[1], mantendo assim a unidade, a continuidade ininterrupta da série dos papas e a existência da Igreja, enquanto se aguarda a eleição de um novo Papa; Continuar lendo
DEIXEMOS O ECUMENISMO – PELO PE. JOSÉ MARIA, FSSPX
Sermão proferido pelo Revmo. Pe. José Maria, no Piorado S. Pio X de Lisboa, no IV Domingo depois de Pentecostes, com uma exortação a uma reforma de vida, expurgando os erros do ecumenismo no nosso dia-a-dia.
A FIGURA DA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO, PELO CARDEAL LOUIS BILLOT
Fonte: Verbum Fidelis
Um dos lugares mais comuns que os autores sagrados usam para representar os tempos presentes é a forma de um vasto e tempestuoso mar, no qual o gênero humano foi mergulhado desde que, pelo pecado de Adão, se viu precipitado nas trevas e no abismo da perdição. É por isso que o Verbo de Deus, vindo a esta terra para nos resgatar do abismo e nos reconduzir à terra dos vivos, quis respeitar este símbolo, escolhendo entre os pescadores do mar da Galileia os apóstolos a quem confiaria a missão de perpetuar a sua obra. Ele disse-lhes: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens”[1]. Quis também representar a sua Igreja, a qual estabeleceria como meio universal de salvação, sob a forma de um barco de pescador, do qual se servia constantemente, e no qual queria instalar-se, por assim dizer, quando, para pregar o Evangelho, percorria as aldeias e cidades das margens do lago de Genesaré.
“Um dia, comprimindo-se as multidões em volta dele para ouvir a palavra de Deus, Jesus estava junto do lago de Genesaré. Viu duas barcas que estacionavam à borda do lago; os pescadores tinham saído, e lavavam as redes. Entrando numa destas barcas, que era a de Simão, rogou-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois, estando sentado, ensinava o povo da barca. Quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Faz-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar’. Respondeu Simão: ‘Mestre, tendo trabalhado toda a noite, não apanhamos nada; porém, sobre a tua palavra, lançarei a rede’. Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a sua rede rompia-se. Então fizeram sinal aos companheiros, que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram, e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam. Simão Pedro, vendo isto, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo: ‘Retira-te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador’. Porque tanto ele como todos os que se encontravam com ele ficaram possuídos de espanto, por causa da pesca que tinham feito. O mesmo tinha acontecido a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: ‘Não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens’”[2]. Em outras palavras: assim como hoje, por este milagre extraordinário, enchestes as vossas redes com uma tal abundância de peixes, assim também usareis o mesmo poder para realizar um milagre maior, tirando as almas das profundezas do abismo deste mundo, trazendo-as para a vossa barca e conduzindo-as daí para a margem do descanso eterno. Foi assim que Nosso Senhor quis explicar esse grande mistério da pesca milagrosa e mostrar-nos, através do desenrolar desse episódio, o que a Igreja iria realizar até o fim dos tempos. Continuar lendo
QUARTO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES: A PESCA MILAGROSA E O MINISTÉRIO APOSTÓLICO
Acesse a leitura de hoje clicando na imagem.
Para acompanhar diariamente as Meditações de Santo Afonso clique aqui.
BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – INTRODUÇÃO
Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est
Nestes tempos em que a crise neomodernista penetrou diretamente no espírito dos homens da Igreja, é necessário conhecer a natureza da Igreja para não naufragarmos na obra da nossa salvação. De fato, é de Fé revelada (Mt. XVI, 28) e infalivelmente definida (Concílio Vaticano I) que Jesus Cristo fundou a Igreja com o objetivo de continuar a Redenção do gênero humano que Ele próprio iniciou (Mt. XXVIII, 19-20; Conc. Vat. I). Por isso, “fora da Igreja não há salvação” (Lc. X, 10; Atos IV, 12; IV Conc. de Latrão; Conc. de Florença).
Tentaremos resumir os pontos principais do que se encontra na Revelação (Sagrada Escritura e Tradição) e do que o Magistério tem ensinado sobre a Igreja, de forma autêntica e, por vezes, até infalível, para que permaneçamos na Fé Católica “sem a qual é impossível agradar a Deus” (Heb. XI, 6).
Uma Igreja hierárquica e não colegiada
A Igreja recebeu do próprio Cristo uma Hierarquia (Jo. XX, 21; Conc. de Trento) com a tríplice tarefa de ensinar, governar e santificar. Ao lado de Pedro (Mt. XVI, 18; Conc. Vat. I) e dos duze Apóstolos, nos Atos dos Apóstolos aparecem os Presbíteros ou Sacerdotes (Atos XX, 17) e os Diáconos (Atos VIII, 5).
Está igualmente revelado e infalivelmente definido que os poderes hierárquicos (Magistério, Império e Sacerdócio) passaram de Pedro para os Papas e dos Apóstolos para os Bispos (Jo. XX, 21; Conc. Trento; Conc. Vat., I, DB 1821 e 1828). Continuar lendo
A “MORTE CEREBRAL” NOVAMENTE EM DESTAQUE
No momento em que o debate sobre a eutanásia se intensifica na Europa e, particularmente, na França, um estudo americano recente revela profundas reservas sobre critério de morte cerebral utilizado para avaliar o fim da vida de um paciente.
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
Até meados do século XX, a morte – definida pela filosofia cristã, com todos os seus médicos e teólogos, como a separação da alma do corpo – era determinada pelo médico com base na parada cardiorrespiratória. A partir da década de 1950, uma abordagem diferente começou a surgir sob a pressão dos avanços nas técnicas de reanimação e do interesse pelos transplantes de órgãos.
Em agosto de 1968, um grupo de médicos, advogados e teólogos, conhecido como o Comitê de Harvard, publicou um documento histórico propondo que o conceito de morte cerebral fosse usado como um sinal de coma irreversível, sendo ele próprio um critério médico de morte. Uma perspectiva atraente para a medicina experimental, mas um terreno escorregadio para as ciências morais.
Pouco mais de duas décadas depois, o Papa João Paulo II, depois de muita hesitação, argumentou que “o critério adotado para declarar a morte com certeza, isto é, a cessação completa e irreversível de toda a atividade cerebral”, se aplicado com rigor, não parece entrar em conflito com os elementos essenciais de uma antropologia séria“, em um discurso de 29 de agosto de 2000. Continuar lendo
“EU SOU O BOM PASTOR” – PELO PE. JOSÉ MARIA, FSSPX
Sermão proferido pelo Revmo. Pe. José Maria, no Priorado S. Pio X de Lisboa, no III Domingo depois de Pentecostes, com uma meditação sobre Nosso Senhor, o Bom Pastor que dá a Sua Vida pelas suas ovelhas.
OS FALSOS DEVOTOS E AS FALSAS DEVOÇÕES À SANTÍSSIMA VIRGEM
Conheço sete espécies de falsos devotos e falsas devoções, a saber:
1. Os devotos críticos;
2. Os devotos escrupulosos;
3. Os devotos exteriores;
4. Os devotos presunçosos;
5. Os devotos inconstantes;
6. Os devotos hipócritas;
7. Os devotos interesseiros.
Os devotos críticos
Os devotos críticos são, ordinariamente, sábios orgulhosos, espíritos fortes e que se bastam a si mesmos. No fundo têm alguma devoção à Santíssima Virgem Maria, mas criticam quase todas as práticas de devoção que as almas simples tributam singela e santamente a esta boa Mãe, porque não condizem com a sua fantasia. Põem em dúvida todos os milagres e narrações referidas por autores dignos de crédito ou tiradas das crônicas de ordens religiosas, e que testemunham as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem.
Vêem com desgosto pessoas simples e humildes ajoelhadas diante dum altar ou imagem da Virgem, talvez no recanto duma rua, para aí rezar a Deus. Acusam-nas até mesmo de idolatria, como se estivessem a adorar madeira ou pedra. Dizem que, quanto a si, não gostam dessas devoções exteriores, e que não são tão fracos de espírito que vão acreditar em tantos contos e historietas que correm a respeito da Santíssima Virgem. Quando lhes referem os louvores admiráveis que os Santos Padres tecem a Nossa Senhora, ou respondem que isso é exagero, ou explicam erradamente as suas palavras.
Esta espécie de falsos devotos e de gente orgulhosa e mundana é muito para temer, e causam imenso mal à Devoção a Nossa Senhora, afastando eficazmente dela o povo, sob o pretexto de destruir abusos. Continuar lendo
O SOLDADO E O SANTO
Nós sabemos bem distinguir, e não confundimos de modo algum, o heroísmo dos santos e o do soldado. (…) Sim, nós distinguimos sem dificuldade os dois heroísmos e jamais identificamos o grito do herói tombado por uma “pátria carnal” com o cântico do santo que expira consumido pela caridade divina. Sabemos perfeitamente que as últimas palavras de Joana, agonizante, exprimem, acima de tudo, o heroísmo da santidade, e suas palavras só puderam ser aquelas porque, na sua alma, o heroísmo do chefe guerreiro estava iluminado, transformado pelo heroísmo da “Pucelle”, “filha de Deus”.
Sempre ensinamos as distinções irredutíveis entre a natureza e a graça, mas não seremos nós que as transformaremos em oposições; e, por isso, depois de termos discorrido brevemente sobre o heroísmo dos santos, queremos agora exaltar o heroísmo do soldado.
Pertencem a duas ordens distintas, é certo, mas uma ordem pode penetrar a outra, resplandecer através da outra, como a chama ardente através de um cristal. Fazemos questão, uma vez que falamos do heroísmo dos santos, lembrar o heroísmo guerreiro que só parecerá desprezível aos corações covardes, ou aos intelectuais cerebrinos, tornados abomináveis em suas cogitações egoísticas e vazias. Sem o heroísmo do soldado, a sociedade dos homens não terá recursos para discernir praticamente, concretamente que sua instituição visa mais alto do que à produção e ao consumo… Sem o heroísmo do soldado a sociedade entra em putrefação, e dentro dela as almas vivas estão a cada momento ameaçadas de asfixia. Sem o heroísmo do soldado, a sociedade, fechada sobre si mesma, torna-se semelhante, ora a uma usina colossal de portas aferrolhadas, ora a um circo gigantesco, ameaçado de desmoronar-se entre as chamas de um incêndio implacável. Continuar lendo
TERCEIRO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES: A OVELHA PERDIDA E O PASTOR DIVINO
Clique na imagem para acessar a leitura
Acompanhe diariamente as Meditações de Santo Afonso clicando aqui.
AS SETE LEIS SUPERIORES DA VIDA DA GRAÇA
Garrigou-Lagrange, Réginald , O.P.
De modo geral, não prestamos atenção suficiente às leis superiores da vida da graça. É uma consolação espiritual conhecê-las e vivê-las.
Conhecemos as leis da energia física, as da vida vegetal, da vida animal e as leis naturais da vida humana, mas não conhecemos o suficiente as leis da vida da graça.
Conhecemos, por exemplo, a lei da conservação da energia física, segundo a qual a quantidade de energia física permanece a mesma em suas diferentes transformações; assim, o movimento local produz calor, como verificamos ao esfregarmos as mãos; o calor produzido é uma forma de energia equivalente ao movimento que a engendrou. Quando a energia desaparece sob uma forma, reaparece sob outra: movimento, calor, luz, eletricidade etc.
Conhecemos também a lei da degradação da energia, segundo a qual a energia, cuja quantidade se conserva, perde qualidade ou se degrada. É por isso que a água das fontes quentes se resfria. É ainda por isso que os astros pouco a pouco se apagam e se resfriam. Assim também a energia dos seres vivos se torna mais lenta e se resfria na velhice.
Todos conhecemos as leis da vida vegetal, por exemplo, as da germinação, segundo as quais uma boa semente de trigo em uma terra boa produz uma espiga de 30 grãos, por vezes de 60 e mesmo de 100, como está dito no Evangelho (Mc 4, 8). Não prestamos suficiente atenção a isto, é uma das maravilhas da natureza que o trigo possa dar 60 e mesmo 100 por um.
Quem deu esta força vital, este poder germinativo ao grão de trigo? É o Criador, o Autor da vida, e é este, diz o Evangelho, o símbolo do que a graça santificante pode produzir e de fato produz numa alma perfeitamente fiel. Continuar lendo
TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME – PELO PE. JOSÉ MARIA, FSSPX
SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES: CORAÇÃO AFLITO DE JESUS
Clique na imagem para acessar a leitura
Acompanhe diariamente as Meditações de Santo Afonso clicando aqui.
BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JUNHO/24
Caros fiéis,
Quando Nosso Senhor falou da união de fé e caridade que deveria reinar entre seus discípulos, ele a comparou à união das pessoas divinas dentro da Trindade: “Que eles sejam um, como eu e meu Pai somos um, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). Nessa oração que o Filho de Deus dirige ao Pai, “Para que eles sejam um, como nós somos um”, o que se pede é a unidade da Igreja: unidade de fé e de governo. Isso foi alcançado na Igreja Católica. Nós cantamos isso no Credo: “Credo Ecclesiam unam. Creio que a Igreja é uma só”.
Mas é errado querer usar a oração de Nosso Senhor como base para convidar ou justificar o ecumenismo atual, que tende a promover a unidade das religiões em detrimento da unidade da fé. Esse não é o caso, porque, antes de tudo, é necessária uma fé total: “Sem a fé, é impossível agradar a Deus”. Mas só pode haver uma fé verdadeira.
Além disso, no exemplo da união das pessoas divinas que o Senhor nos propõe em sua oração, devemos ver também o modelo da união da caridade fraterna que o Senhor também propõe a seus discípulos: “Um novo mandamento vos dou: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” Continuar lendo
JUNHO, MÊS PARA HONRAR O SAGRADO CORAÇÃO E FAZER REPARAÇÕES
Ora, se também por causa também dos nossos pecados futuros, por Ele previstos, a alma de Cristo esteve triste até a morte, sem dúvida, algum consolo Cristo receberia também de nossa reparação futura, que foi prevista quando o anjo do céu Lhe apareceu (Lc 22, 43) para consolar seu Coração oprimido de tristeza e angústias.
Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est
Estas palavras, extraídas da Encíclica Miserentissimus Redemptor, escrita em 1928 pelo Papa Pio XI, convidam os fiéis a cultivar um espírito de reparação ao Sagrado Coração de Nosso Senhor. O mês de junho, que a Santa Madre Igreja designou como o mês em que se celebra a Festa do Sagrado Coração, é um tempo para os católicos fazerem visitas regulares ao Santíssimo Sacramento, oferecendo orações e sacrifícios pelos seus pecados e os de toda a humanidade.
Embora honrar o Sagrado Coração tenha raízes que remontam à Igreja primitiva, esta devoção especial ao amor ardente de Cristo pela humanidade está intimamente associada a Santa Margarida Maria Alacoque, uma freira Visitandina do século XVII no convento de Paray-le-Monial. Foi a esta humilde freira que Cristo revelou Seu desejo de que uma festa especial de reparação ao Seu Sagrado Coração fosse estabelecida na sexta-feira após a oitava de Corpus Christi (ou terceira sexta-feira depois de Pentecostes). É a partir das aparições de Nosso Senhor a Santa Margarida que surgiu a Devoção das Primeiras Sextas-feiras, prática que garante que as reparações ao Sagrado Coração sejam feitas ao longo de todos ano litúrgico.
A festa e mês do Sagrado Coração não são apenas um tempo de oração “simples” ou passageira. Pelo contrário, está ligada aos sacrifícios, com a reparação feita pelas ofensas contra Nosso Senhor. Os fiéis católicos devem se preparar para participar plenamente esse mês, com suas ações externas, penitências e horas santas desempenhando um papel vital, conforme desejado por Pio XI. Continuar lendo
PECADOS DE IGNORÂNCIA, FRAQUEZA E MALÍCIA
Espalha-se, em alguns lugares, a opinião de que apenas o pecado de malícia é mortal, e que os pecados de ignorância e fraqueza jamais o são. É importante recordar, acerca deste ponto, o ensinamento da teologia, tal como se encontra formulado por Santo Tomás de Aquino na sua Suma Teológica (Ia-IIae, q. 76, 77, 78).
O pecado de ignorância é o que provém de ignorância voluntária e culpável, chamada ignorância vencível. O pecado de fraqueza é o que provém de forte paixão, que diminui a liberdade e obriga a vontade a dar seu consentimento. Quanto ao pecado de malícia, é o que se comete com plena liberdade “quasi de industria”, com aplicação e frequentemente com premeditação, sem paixão, nem ignorância. Recordemos o que Santo Tomás nos ensina sobre cada um deles. (Continue a ler)
Os pecados de ignorância
No que diz respeito à vontade, a ignorância pode ser antecedente, consequente ou concomitante.
A ignorância antecedente é a que não é absolutamente voluntária, ela é dita “moralmente invencível”. Por exemplo, acreditando atirar em um animal numa floresta, um caçador mata um homem que não havia dado sinal algum de sua presença e que de modo algum se poderia supor estar onde estava. Neste caso, não há falta voluntária, mas somente pecado material.
A ignorância consequente é a que é voluntária, ao menos indiretamente, por efeito da negligência em instruir-se acerca daquilo que se pode e deve saber; é chamada ignorância vencível, pois seria possível, com aplicação moralmente possível, libertar-se dela; ela dá causa a uma falta formal, desejada, ainda que indiretamente. Por exemplo, um preguiçoso estudante de medicina que não se aplica aos estudos e consegue, de algum modo, colar grau como doutor, apesar de ignorar as coisas mais elementares de sua arte. Se lhe ocorre de acelerar a morte de alguns de seus pacientes, ao invés de lhes curar, não há nisso pecado diretamente voluntário, mas há certamente uma falta indiretamente voluntária, que pode ser grave e pode ir até o homicídio por imprudência ou grave negligência.
A ignorância concomitante é a que não é voluntária, mas acompanha o pecado de tal modo que, independente de existir ou não, ainda haveria pecado. É o caso do homem mui vingativo que deseja matar seu inimigo, e, um dia, por ignorância, mata-o de fato, julgando atirar num animal na floresta; este caso é manifestamente diferente dos dois precedentes.
Segue-se que a ignorância involuntária ou invencível não é pecado, mas que a ignorância voluntária ou vencível daquilo que devemos e podemos saber é pecado mais ou menos grave, conforme a gravidade das obrigações que contrariamos. Continuar lendo
VÍDEOS DA TRADICIONAL PEREGRINAÇÃO DE PENTECOSTES (FSSPX) – DE CHARTRES A PARIS – 2024
Cerca de 8000 peregrinos fizeram a caminhada de 3 dias, de Chartres a Paris, na edição 2024 da tradicional Peregrinação de Pentecostes da FSSPX na França.
A reportagem com as fotos de todos os dias podem ser vistas CLICANDO AQUI.
DOMINGO DE PENTECOSTES: AMOR DE DEUS PARA COM OS HOMENS NA MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO
Clique na imagem para acessar a leitura
Acompanhe diariamente as Meditações de Santo Afonso clicando aqui.