ISTO É O MEU CORPO

O novo Missal de Paulo VI é imperfeito a ponto de tornar-se equívoco na expressão da Lei da fé e incorrer no risco de invalidade quanto à eficácia do sacramento.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

1. Em sua 22ª sessão, realizada em 17 de setembro de 1562, o Concílio de Trento afirmou que “neste sacrifício divino que se realiza na Missa, Cristo está contido e imolado de forma incruenta, Ele que se ofereceu de uma vez por todas de forma cruenta no altar da cruz (Hb 9, 14; 27)[1]. E para insistir no valor propiciatório deste sacrifício, o Concílio especifica ainda que “é, com efeito, uma única e a mesma vítima, a mesma que, oferecendo-se agora pelo ministério dos sacerdotes, ofereceu-se então na Cruz, sendo apenas diferente a forma de oferecer a si mesmo. Os frutos desta oblação – que é cruenta – são recebidos abundantemente através desta oblação incruenta; de tal modo que a última não diminui de modo algum a primeira”[2]. A Missa, portanto, não é outro sacrifício senão o sacrifício do Calvário. Ela é esse mesmo sacrifício, realizado de outra forma, já não mais físico, mas sacramental. Isso significa que ela é seu sinal eficaz: a Missa realmente realiza o próprio sacrifício do Calvário na exata medida em que o significa, através de um conjunto de palavras e gestos que constituem precisamente o rito. O missal é a expressão literal (ou a escrita) deste rito. O Missal tradicional dito “de São Pio V” é a expressão mais exata que a Igreja pôde dar aos seus fiéis até hoje, com todo o significado necessário para esta realização sacramental do sacrifício incruento.

2. O novo Missal de Paulo VI, por sua vez, “representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão 22 do Concílio de Trento”. Tal é o veredicto do  Breve Exame Crítico, apresentado ao Papa Paulo VI pelos Cardeais Ottaviani e Bacci. Para ilustrar seu fundamento, demos como exemplo a impressionante redução dos sinais da cruz neste Novus Ordo Missaede Paulo VI. A Institutio Generalis, em sua última versão revisada de 2002, prevê apenas dois fora do Cânon: um primeiro no início da Missa (n.º 124) como rito de entrada quando o celebrante se assinala ao mesmo tempo que os fiéis, e um segundo no final (n.º 167) como rito de conclusão, quando o celebrante dá a bênção aos fiéis. No Cânon (isto é, naquilo que o Missal de Paulo VI doravante designa por “Oração Eucarística”) resta apenas um, logo no início, quando o sacerdote faz o sinal da cruz tanto no pão como no cálice (“Ut benedicas +  haec dona” na Oração Eucarística I; “ut nobis Corpus et  +  Sanguis fiant Domini nostri Jesu Christi” na Oração Eucarística II; “ut Corpus et  +  Sanguis fiant Filii tui Domini nostri Jesu Christi” na Oração Eucarística III; “ut Corpus et  +  Sanguis fiant Domini nostri Jesu Christi” na Oração Eucarística IV).

3. Só no Cânon do Missal dito “de São Pio V”, havia 26 sinais da cruz. A razão destes sinais da cruz é única e representativa: “O sacerdote”, explica São Tomás, “durante a celebração da Missa, faz os sinais da cruz para evocar a Paixão de Cristo, que o levou à Cruz”[3]. Segundo a explicação dada pelo Doutor Comum da Igreja, os vários sinais da cruz feitos pelo celebrante durante a Missa correspondem a uma progressão lógica de significado, para representar as nove etapas da Paixão, ou seja, deixando evidente que a Missa é idêntica ao sacrifício do Calvário. Continuar lendo

POR QUE A CONSAGRAÇÃO DA RUSSIA TORNA-SE CADA VEZ MAIS DIFÍCIL?

L'obstacle à la consécration de la Russie : Vatican II • La Porte Latine

Por que essa consagração, tão simples em si mesma, é tão difícil de se realizar na prática? Resposta: Vaticano II

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Nossa Senhora pediu que a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração fosse realizada pelo papa e pelos Bispos de todo o mundo(1). Ela explicou que, se isso fosse feito, haveria paz no mundo; caso contrário, a Rússia espalharia seus erros, ou seja, o comunismo, pelo mundo. Esta consagração não foi realizada como pedidda. É por isso que o comunismo se espalhou por toda a terra. Por que essa consagração, tão simples em si mesma, é tão difícil de ser realizada na prática?

Primeira razão. A consagração ao Imaculado Coração de Maria é um ato religioso que incide sobre toda a uma nação, isto é, sobre uma realidade política. É, portanto, contrário ao liberalismo político dos Estados, defendido pelo Vaticano II na Dignitatis humanae.

Segunda razão. Além disso, uma consagração a Maria nada mais é do que uma “preparação para o Reino de Jesus Cristo”(2). No entanto, desde o Concílio, a Roma modernista nunca deixou de desencorajar socialmente Jesus Cristo. De fato, foi ela mesma que sistematicamente organizou a apostasia das nações católicas em nome do Vaticano II(3).

Terceira razão. Esta consagração conduziria ao retorno dos cismáticos à Igreja Católica(4). É, portanto, contrário à teoria conciliar das “igrejas irmãs” (o subsistit in da Lumen gentium), segundo a qual as igrejas católica, ortodoxa e protestante são três partes da Igreja de Cristo. Continuar lendo

ARGENTINA: UM PARQUE INTER-RELIGIOSO RECEBE A BÊNÇÃO DE FRANCISCO

Em Santiago del Estero, na Argentina, um parque temático ecumênico e inter-religioso foi inaugurado em outubro de 2021.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O “Parque do Encontro” (Parque del Encuentro) inclui uma igreja católica, uma capela protestante, um templo budista, uma sinagoga e uma mesquita, todos construídos num simbólico abraço fraterno em torno de um “anfiteatro Pachamama“, e dominado por um “obelisco da fraternidade humana”.

O Parque del Encuentro, que se estende por 2,5 hectares e ocupa o local de um antigo jardim zoológico municipal, visa inculcar nas crianças e nos jovens as “virtudes” do diálogo inter-religioso, mas estará aberto a pessoas de todas as idades.

Na Igreja Católica, imagens de afrescos (de Michelangelo) da Capela Sistina serão projetadas no teto, mostrando os estreitos laços que unem esta iniciativa e o Vaticano do Papa Francisco.

Com efeito, segundo o jornalista argentino Lucas Schaerer, “Francisco uniu todas as religiões e é reconhecido entre os líderes religiosos como um irmão mais velho no diálogo inter-religioso que ele vem promovendo antes mesmo de sua eleição”. Este parque representa ainda, segundo este jornalista, “o culto sul-americano da Pachamama, uma expressão da fertilidade da Mãe Terra”. Continuar lendo

GUARDAR E TRANSMITIR A TRADIÇÃO – CONFERÊNCIA DO PADRE DAVIDE PAGLIARANI, SUPERIOR DA FSSPX

Transcrição integral da conferência dada pelo padre Davide Pagliarani, superior-geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, no final do XVIº Congresso de Teologia do Courrier de Rome, em parceria com o DICI, no dia 15 de janeiro de 2022, em Paris. 

Fonte: FSSPX

Não podemos desejar, ao mesmo tempo, o bem das almas pela Tradição e uma nova Igreja sem a Tradição.

É certo que estamos num momento crucial, num momento ao mesmo tempo triste, mas também numa situação lógica. Chegamos a um ponto que era previsível. É verdade que a Fraternidade São Pio X não foi diretamente atingida pelo motu proprio Traditionis Custodes, pelas razões que os senhores já conhecem. Mas, de fato, por causa da nova situação que se criou, hoje mais do que nunca, a posição da Fraternidade São Pio X se mostrou como a única viável, a única que mostra o caminho.

Não sou a pessoa mais indicada para afirmar isso, mas há fatos que são objetivos, e mesmo evidentes.

Por que isso? Porque os institutos Ecclesia Dei, que foram tocados diretamente por esse motu proprio, não são a Fraternidade São Pio X, é verdade; mas eles existem porque a Fraternidade São Pio X existe. Sua origem, de um ponto de vista geral, está ligada de algum modo à história da Fraternidade; dela dependem, ao menos indiretamente. E, hoje em dia, essa nova situação enfatiza grandemente o alcance do papel da Fraternidade, e de sua missão. E também, inevitavelmente, a necessidade da tradição integral.

A tradição é um todo, porque a fé é um todo. Hoje é preciso, mais do que nunca, a profissão livre dessa fé. A verdadeira liberdade dos filhos de Deus é a liberdade, em primeiro lugar, de professar a fé.

A oposição do Papa Francisco

Aqui abro um parênteses. Falaremos, inevitavelmente, dos institutos Ecclesia Dei, e quero esclarecer que no âmbito pessoal, não tenho nada contra aqueles que pertencem a tais institutos: nem contra os fiéis, nem contra os membros. Estamos completamente fora dessa perspectiva de oposição pessoal. Nas coisas humanas, em todo lugar há pessoas simpáticas e pessoas antipáticas. Isso vale para a humanidade inteira, isso vale também para nós de algum modo. Preciso colocar essa nota porque ela permitirá falar mais livremente durante minha exposição.

O problema não é que a Fraternidade São Pio X possa “criticar os institutos Ecclesia Dei”. No momento atual, é o próprio Papa Francisco quem parece estar cansado dos institutos Ecclesia Dei e, em geral, de todos os padres ligados à missa tridentina. Isto nos brinda a oportunidade de retornarmos aos começos da Ecclesia Dei: O texto de 2 de julho de 1988 contém a condenação da Fraternidade São Pio X, a condenação de Dom Lefebvre – e estende a mão aos institutos Ecclesia Dei. Continuar lendo

ARIZONA: AVISO DE PROCURA POR BATISMOS INVÁLIDOS

A diocese de Phoenix (Estados Unidos, Arizona) acaba de lançar um apelo a testemunhas a fim de encontrar pessoas que foram “batizadas” por um padre que utilizava uma fórmula inválida, desde 2005.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O Arizona é famoso por seu Grand Canyon, uma fenda monumental, com 1.800 metros de profundidade (em alguns lugares), e que se estende por quase 500 km. Mas há vários dias, é outro abismo – esse de incompreensão, no qual estão mergulhados os católicos deste Estado do Sudoeste dos Estados Unidos.

Em 1º de fevereiro de 2022, o canal de televisão Telemundo Arizona, revelou que as cerimônias de batismo realizadas nos últimos 17 anos por um padre da Diocese de Phoenix são, provavelmente, inválidas.

E como o batismo é a porta de entrada necessária para a Igreja e para a vida sacramental, conclui-se que todos os outros sacramentos posteriormente recebidos também são inválidos.

A propósito, nem ousamos imaginar a magnitude desta catástrofe, se um dos sujeitos assim “batizados”, de forma inválida, foi ordenado sacerdote na idade adulta… Continuar lendo

A NOVA MISSA E A FÉ CATÓLICA, PELO CÔNEGO RENÉ MARIE BERTHOD

Esta análise da Missa nova pelo Cônego Berthod vai diretamente ao cerne da questão.

O cônego René Berthod (+ 26/06/1996), sacerdote da Congregação dos Cônegos do Grande São Bernardo, após  uma longa e brilhante carreira como professor, foi diretor do seminário de Econe por muitos anos. Eminente e profundo teólogo, grande conhecedor de Santo Tomás, aceitou, em 1981, escrever uma breve crítica à nova Missa para a revisão do Mouvement de la Jeunesse Catholique de France, Savoir et Servir (n° 9).

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

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A Igreja de Cristo foi instituída para uma dupla missão: uma missão de fé e uma missão de evangelização dos homens redimidos pelo sangue do Salvador. A Igreja deve entregar aos homens a fé e a graça: a fé através de seu ensinamento, a graça através dos sacramentos que lhe confiou Nosso Senhor Jesus Cristo.

Sua missão de fé consiste em transmitir aos homens a Revelação, feita ao mundo por Deus, das realidades espirituais e sobrenaturais, assim como sua conservação, através do tempo e dos séculos, sem alterações. A Igreja Católica é, antes de tudo, a fé que não muda; é como – disse São Paulo – “A coluna de verdade”, a qual é sempre fiel a si mesma e inflexível testemunha de Deus – atravessa o tempo dentro de um mundo em perpétuas mudanças e contradições.

Através dos séculos, a Igreja Católica ensina e defende sua fé em nome de um só critério: “O que sempre acreditou e ensinou”. Todas as heresias, contra as quais a Igreja constantemente enfrentou, foram sempre julgadas e reprovadas em nome da não conformidade com este princípio. O primeiro princípio reflexo da hierarquia na Igreja, e especialmente da romana, foi manter sem mudanças a verdade recebida dos Apóstolos e do Senhor. A doutrina do Santo Sacrifício da Missa pertence a este tesouro de verdade da Igreja. E, se hoje em dia, nesta matéria em particular, aparece uma espécie de ruptura com o passado da Igreja, tal novidade deveria alertar qualquer consciência católica, como nos tempos de grandes heresias nos séculos passados, e provocar universalmente uma confrontação com a fé da Igreja que não muda. Continuar lendo

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE JANEIRO/22

ENTREVISTA DE MONS. ROCHE: AS “RESPONSA AD DUBIA” SE APLICAM AOS INSTITUTOS ECCLESIA DEI?

A REVOLUÇÃO REALIZADA PELA DECLARAÇÃO “NOSTRA AETATE”: “A ANTIGA ALIANÇA NUNCA FOI REVOGADA”

MUNDO MODERNO: UMA DECISÃO JUDICIAL TENDE A FAZER CRER QUE O FILHO NÃO É DESEJADO EM SI MESMO, MAS NA MEDIDA EM QUE CORRESPONDA AOS PLANOS DE SEUS PAIS

O ABORTO FOI A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE EM TODO O MUNDO EM 2021

MANUAL DA VERDADEIRA RESISTÊNCIA TRADICIONAL ÀS ORDENS MODERNISTAS: O MILAGRE DE SAINT NICOLAS DU CHARDONNET

NA ALEMANHA: ELE FOI BANIDO DA IGREJA POR RECUSAR “LINGUAGEM INCLUSIVA”

ORDENAÇÕES SACERDOTAIS NO SEMINÁRIO SANTO TOMÁS DE AQUINO (EUA) – 2022

PRIMEIRAMENTE, SERVOS DE DEUS

ONGS FEMINISTAS PROPÕEM ABORTO CONTRA A MUDANÇA CLIMÁTICA

O SEGREDO DA CONFISSÃO: LEI DIVINA OU LEI HUMANA?

KEEP CALM AND CARRY ON

BRUXELAS: FEIRA DE VENDA DE CRIANÇAS CAUSA POLÊMICA

OS BISPOS ITALIANOS E OS NOVOS SACRAMENTOS PANDÊMICOS

A FRATERNIDADE SÃO PIO X ESTÁ FORA DA IGREJA?

CRISTO JUIZ (PARTE 1): UMA VERDADE DE FÉ CAÍDA NO ESQUECIMENTO

UMA ESPIRITUALIDADE SALESIANA?

EUROPA: AMEAÇAS À OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA

RESPONDENDO À ALGUMAS DÚVIDAS SOBRE O COMPORTAMENTO DAS CRIANÇAS NA MISSA

OS BISPOS ITALIANOS E OS NOVOS SACRAMENTOS PANDÊMICOS

Enquanto a Fraternidade São Pio X enfrenta mil dificuldades para manter suas igrejas abertas em Québec – e em muitos casos vendo-se obrigada a fechá-las – por não cumprir com a obrigação de exigir a vacinação dos fiéis que vão aos serviços sagrados, os Bispos italianos vão além das exigências do próprio governo e criam novos poderes sacramentais reservados aos vacinados.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Atualmente, apesar de um “super green pass” em vigor na Itália, que requer a vacinação para participar de quase todas as atividades da vida civil, o acesso aos locais de culto e a participação nos serviços sagrados permanece regulamentado por um protocolo governamental de 7 de abril de 2020, referendado pela Conferência Episcopal Italiana. Agora não é o momento para discutir o valor jurídico (mesmo partindo dos princípios iníquos da constituição italiana e da péssima Concordata de 1984) de tal documento. O fato é que o acesso aos serviços sagrados ainda é possível sem vacina ou exames de cotonete, respeitando as imposições sobre distanciamentos, máscaras, comunhão na mão e distorções semelhantes do culto.

Os Bispos italianos, no entanto, na onda do entusiasmo pela ampliação das exigências de vacinação por parte do governo, não querem ficar para trás. Durante meses, muitas dioceses impuseram, por iniciativa própria, a vacina ou exames a cada 2 dias a padres, diáconos, ministros da Eucaristia, agentes pastorais, etc., com um zelo certamente digno de registro.

Mas não para por aí. Para o Bispo Francesco Beschi, de Bérgamo, a vacina é literalmente “uma obrigação moral“, e não apenas legal. Continuar lendo

PRIMEIRAMENTE, SERVOS DE DEUS

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Fonte: SSPX Great Britain and Scandinavia – Tradução: Dominus Est

Caros fiéis,

O mundo

O novo ano inicia com uma sensação de “mau presságio”, como se estivéssemos às vésperas de uma guerra. A sociedade ocidental está se desintegrando porque não há mais nenhuma cultura para unir e direcionar as almas a um bem comum. O racionalismo, o materialismo e o capitalismo seguiram seu curso e foram considerados insuficientes; as elites globais visam agora a tecnologia e a coerção para sustentar as estruturas existentes, enquanto preparam uma nova ordem de coisas para manter sua hegemonia. Essa nova ordem mundial será uma tirania ateia, muito provavelmente como a da China, mas com vícios ainda mais antinaturais; e então, por sua vez, entrará em colapso, mas não antes de muito sofrimento e a perda eterna de muitas almas. Eis o presságio.

A Igreja

A única coisa que pode salvar o mundo é a Igreja, instituição essa fundada e dirigida por Deus Encarnado, Jesus Cristo, com uma hierarquia visível de ministros cujo dever é continuar a missão de Jesus Cristo na terra: ensinar, governar e santificar almas. A Igreja é Cristo no mundo: um sinal de contradição, uma cidade assentada no monte, mestra da verdade, defensora da lei natural e divina, uma criadora de santos.

Infelizmente, a Igreja também está em crise. Embora ela seja espiritualmente perfeita como o Corpo Místico de Cristo, ela está fisicamente doente porque muitos de seus ministros parecem ter perdido a fé. Coletivamente, comeram do fruto chamado Modernismo no Concílio Vaticano II, que apregoou uma nova compreensão da fé, uma nova consciência e um novo Pentecostes, mas que então causou um colapso espetacular da fé, da moral e dos membros. Continuar lendo

MANUAL DA VERDADEIRA RESISTÊNCIA TRADICIONAL ÀS ORDENS MODERNISTAS: O MILAGRE DE SAINT NICOLAS DU CHARDONNET

AS MAIS BELAS IGREJAS DA FSSPX – PARTE 7 – SAINT NICOLAS DU CHARDONNET  (FRANÇA) | DOMINUS EST

“Se forem expulsos, simplesmente ocuparão outra igreja, e o processo legal terá que começar novamente – a Catedral de Notre Dame havia sido mencionada.”

Faça um tour virtual na Saint Nicolas du Chardonnet clicando aqui

Conheça mais sobre Mons. Ducaud-Bourget clicando aqui.

Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est

No domingo, 27 de fevereiro de 1977, a igreja de Saint Nicolas du Chardonnet, em Paris, foi “ocupada” por Católicos tradicionalistas, ou melhor, “libertada” como eles preferem expressar. A igreja estava ainda firmemente sob o controle deles em 1983, e é, certamente, a mais popular e próspera paróquia de Paris. Histórias melodramáticas do evento foram divulgadas por progressistas. Houve até relatos que deram a impressão de que ela havia caído nas mãos de um esquadrão de uma milícia fascista que usava rosários como socos-ingleses! Quando o Papa visitou a França em 1981, um apelo lhe foi feito para celebrar a Missa com os paroquianos depostos no Salão (Salle Wagram­), que eles tiveram que usar desde que ficaram sem igreja. O Papa recusou o convite. Como o artigo a seguir deixa claro, Saint Nicolas funcionava como paróquia-conjunta com a paróquia de Saint Sérvrin, literalmente a poucos passos de distância. Nesta enorme igreja há uma ampla sala que comporta 100 vezes o número dos paroquianos de Saint Nicolas, ou supostos paroquianos dessa igreja, que não querem mais rezar lá, agora que a Missa Tridentina é oferecida mais uma vez. Embora, estritamente falando, a ocupação de Saint Nicolas não faça parte da história da ruptura entre D. Lefebvre e o Vaticano, que é o assunto deste livro, ela deve ser inserida dentro deste contexto histórico– particularmente no que diz respeito à situação da França. Foi certamente o acontecimento mais dramático do conflito secular entre Tradição e Liberalismo que ocorreu na França desde a triunfante Missa em Lille, pouco mais de seis meses antes (cfr. Vol. I, pp. 253-271)

Tive a grande sorte de visitar Saint Nicolas em 12 de abril de 1977. O relato que se segue é o que escrevi para o The Remmant de 30 de abril de 1977.

Data: terça-feira, 12 de abril de 1977.

Local: Paris – mais precisamente a estação de metrô Maubert-Mutualité. 

Horário: cerca de 18:15h. 

Saio da estação de metrô, e a primeira coisa que observo é o som do sino da igreja soando triunfante, imperiosamente sobre o barulho do tráfego da hora do rush e as multidões apressadas para voltarem pra casa. Em poucos instantes, vejo a igreja onde o sino está tocando – é a Igreja de St. Nicolas du Chardonnet, a igreja onde ocorreu um milagre. Um milagre? Il ne faut pas exagérer, dizem os franceses: “Não se deve exagerar”. Mas isso não é exagero. Até o primeiro domingo da Quaresma, isso era típico da maioria das igrejas paroquiais de Paris. Menos de 100 fiéis compareciam a todas as Missas celebradas no domingo. A outrora bela igreja tinha uma aparência suja e dilapidada. As assembleias dominicais, como a Missa agora é chamada na França, eram celebradas sobre uma mesa colocada sobre um pódio coberto com um material roxo extremamente esfarrapado. O altar havia sido abandonado – aparentemente para sempre.

Durante a Missa, no final da manhã do primeiro domingo da Quaresma, começou o milagre. O punhado de devotos começou a crescer. Lenta, mas seguramente, a igreja começou a encher. Em pouco tempo, ela estava cheia. Os fiéis estavam em pé nos corredores. Um dos clérigos da paróquia não conseguiu conter seu espanto. Continuar lendo

A REVOLUÇÃO REALIZADA PELA DECLARAÇÃO “NOSTRA AETATE”: “A ANTIGA ALIANÇA NUNCA FOI REVOGADA”

A história dos Papas que visitaram a grande Sinagoga de Roma

Fonte: Sì Sì No No | Tradução: Dominus Est

Desde seu primeiro encontro com uma delegação de judeus, em 12 de março de 1979, o Papa João Paulo II cita a declaração conciliar Nostra Aetate, “cujo ensinamento exprime a fé da Igreja” (conforme esclarecerá mais tarde em Caracas, Venezuela, em 27 de janeiro de 1985).

Segundo Nostra Aetate [daqui em diante abreviada por “N.A.”], um vínculo uniria espiritualmente o povo do Novo Testamento com a progenitura de Abraão, que são não só os judeus da Antiga Aliança, mas também aqueles dos dias de hoje.

Com efeito, citando Rom. XI, 28-29, escreve o Padre Jean Stern:  «o Concílio declara a propósito dos judeus [pós-bíblicos] que eles fazem parte de um “povo muito amado de Deus do ponto de vista de eleição, por causa de seu pai, visto que os dons de Deus são irrevogáveis”. Por conseguinte, se a comunidade religiosa hebraica, formada pelo ensinamento rabínico, pertence à descendência [espiritual] de Abraão… o judaísmo [pós-bíblico] constitui uma religião»[1].

“N.A” não exprime a fé da Igreja

A declaração “N.A.”, de 28 de outubro de 1965, sobre “as relações da Igreja com as religiões não-cristãs”, fala em seu n.º 2 do budismo e do hinduísmo, no n.º 3 dos muçulmanos e no 4 fala do “vínculo com que o povo do Novo Testamento está espiritualmente ligado à descendência de Abraão”. Ora, descendência equivale à raça ou estirpe carnal de Abraão. A Igreja, ao contrário, é universal, católica, e protege a fé e a alma de todos os homens de todas as eras e do mundo todo, e por isso não há vínculo com nenhuma descendência ou raça em particular. Com efeito, não se pode relacionar espiritualmente a descendência carnal ou sanguínea com a fé, a alma ou o espírito. Esta é a primeira grande anomalia ou contradição de termos em “N.A.”. Continuar lendo

ARQUIDIOCESE DE CHICAGO: ESCALADA NA PROIBIÇÃO DO RITO TRIDENTINO

Le Cardinal Cupich restreint l'usage du missel traditionnel -  FSSPX.Actualités / FSSPX.News

O cardeal Blaise Cupich publicou uma nova política para a Arquidiocese de Chicago, que restringe a celebração da missa tradicional e de outros sacramentos que utilizem os livros litúrgicos anteriores ao Vaticano II.

Fonte: La Porte Latine – Tradução gentilmente cedida pelo nosso amigo Bruno Rodrigues da Cunha

Em virtude desta decisão, que entrará em vigor no dia 25 de janeiro, os padres, diáconos e ministros ordenados que quiserem utilizar o “rito antigo” deverão submeter um pedido por escrito ao cardeal, e aceitar a conformidade com as novas normas.

Tais regras especificam que as missas tradicionais devem incluir as leituras da Sagrada Escritura em vernáculo, utilizando a tradução oficial da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos.

Por outro lado, as celebrações não poderão ocorrer numa igreja paroquial, exceto se o arcebispo e o Vaticano acordarem uma exceção.

As novas regras vetam, igualmente, a celebração do rito tridentino no primeiro domingo de cada mês, no Natal, durante o Tríduo pascal, no domingo da Páscoa e no domingo de Pentecostes. Continuar lendo

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE DEZEMBRO

A MISSA QUE ENTERRA O VATICANO II

O PRECIOSO E RIDÍCULO RECUO DA UNIÃO EUROPEIA NA COMUNICAÇÃO INCLUSIVA: NATAL E NOMES CRISTÃOS SALVOS

NAS PRÓXIMAS DÉCADAS, “OS PRIORADOS SERÃO VOSSAS PARÓQUIAS”

SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS – PARTE 1/3

SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS – PARTE 2/3

SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS – PARTE 3/3

COMPROMISSOS NO SEMINÁRIO DA FSSPX EM ÉCÔNE – 2021

O DESEJO: NECESSIDADE INSTINTIVA, ASPIRAÇÃO RAZOÁVEL, IMPULSO SOBRENATURAL

ESPECIAIS DO BLOG: SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS

VIDEO DA PROCISSÃO DA IMACULADA CONCEIÇÃO EM PARIS

LES PETITS CHANTEURS DE SAINT-JOSEPH LANÇAM SEU NOVO CD “PIE JESU”

ORDENAÇÕES AO DIACONATO E SACERDÓCIO EM LA REJA – 2021

OUÇAMOS NOVAMENTE O QUE ALGUNS RECUSARAM…

O MODERNISMO: UMA NOVA VISÃO DO MUNDO

FILIPINAS: MISSÕES DA FSSPX DEVASTADAS APÓS A PASSAGEM DE UM “SUPERTUFÃO”

AS PIRUETAS DAS COMUNIDADES ECCLESIA DEI

RECANTO DOS PASTORES: GAUDENS GAUDEBO

O QUE FIZERAM COM O NATAL?

ARQUIDIOCESE DE CHICAGO: ESCALADA NA PROIBIÇÃO DO RITO TRIDENTINO

O MODERNISMO: UMA NOVA VISÃO DO MUNDO

“De maneira geral, finalmente, me professo totalmente alheio ao erro pelo qual os modernistas sustentam que, na Sagrada Tradição, não há nada de divino…” – Trecho do Juramento Anti-modernista de São Pio X

O modernismo, uma das tendências filosóficas dominantes do século XX que persiste até hoje, baseia-se na errônea doutrina de que o homem é a medida suprema de todas as coisas. O modernismo não se restringe apenas à busca do progresso e da prosperidade, mas defende toda uma nova visão do mundo que é diametralmente oposta à fé católica.

Fonte: FSSPX África – Tradução: Dominus Est

Uma percepção subjetiva que se opõe à ordem objetiva

A verdade, segundo o modernista, depende da percepção e das crenças relativas a cada indivíduo e não de uma ordem objetiva e universal proveniente de Deus. A verdade muda, portanto, de acordo com as pessoas, idades e lugares: o modernismo insiste que só a razão humana pode determinar o que é certo ou errado, bom ou mau, verdadeiro ou falso. Ainda mais grave, de acordo com essa mesma doutrina, é que todos os indivíduos têm o direito, por sua própria existência, de exercer esse juízo subjetivo segundo sua conveniência, desde que não prejudiquem os direitos de outra pessoa.

O modernismo, portanto, visa proteger e promover o avanço da condição humana através da justiça natural, do progresso tecnológico, da tolerância religiosa, da paz temporal e da prosperidade material. O homem é a medida e o fim de todas as coisas, e não há nada mais importante do que seu bem-estar natural hic et nunc.

A verdade está para além dos nossos limites

O catolicismo, pelo contrário, insiste no fato de que há uma verdade objetiva universal e uma grande realidade aberta a todos os homens, para além de nossa limitada e imperfeita vida terrena. Esta verdade é Deus, e esta realidade é a bem-aventurança celeste. Continuar lendo

OUÇAMOS NOVAMENTE O QUE ALGUNS RECUSARAM…

…E AGORA ESTÃO PAGANDO O PREÇO PELA “PLENA COMUNHÃO……..COM O MODERNISMO“.

TEXTOS INTERESSANTES SOBRE O ASSUNTO:

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OS ENSINAMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II FAZEM PROPRIAMENTE PARTE DO MAGISTÉRIO?

A CRÍTICA DO VATICANO II | DOMINUS EST

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome nº 606, Janeiro de 2018 – Tradução: Dominus Est

UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO

A exortação pós-sinodal Amoris laetitia não deixou ninguém indiferente. Mas eis que, segundo o parecer do próprio Papa, a única interpretação possível do capítulo 8 desse documento é aquela dada pelos bispos da região de Buenos Aires na Argentina, quando afirmaram abertamente que o acesso aos sacramentos pode ser autorizado a certos casais de divorciados recasados. «O escrito é muito bom e explicita perfeitamente o sentido do capítulo 8 de Amoris laetitia, e não há outra interpretação», afirmou o Papa em uma carta de setembro de 2016. E eis que em junho de 2017 a Secretaria de Estado do Vaticano reconhece o estatuto de «Magistério autêntico» a essa afirmação.

Isso suscitará de novo uma questão já há muito estudada[1]. Estando admitido que as autoridades da hierarquia eclesiástica continuam em posse de seu poder de Magistério, pode-se perguntar: qual valor atribuir aos atos de ensino concedidos pelas autoridades em vigor na Igreja (o Papa e os bispos) desde o Concílio Vaticano II? Deve isso ser visto como o exercício de um verdadeiro Magistério, ainda que, no todo ou em parte, esses ensinamentos se desviem da Tradição da Igreja? A posição da Fraternidade São Pio X[2] sustenta que desde o Vaticano II em diante assolou (e ainda assola a Igreja), «um novo tipo de magistério, imbuído de princípios modernistas, que vicia a natureza, o conteúdo, o papel e o exercício».

Essa posição reteve toda a atenção de um representante designado pelo Sumo Pontífice, o Secretário da Comissão Pontifical Ecclesia Dei, Mons. Guido Pozzo, e inspirou a problemática fundamental de todo o seu discurso[3], indo na mesma linha daquele do Papa Bento XVI. O objetivo dessa problemática é validar aos olhos da Fraternidade o valor propriamente magisterial dos ensinamentos conciliares, antes de lhes fazer aceitá-lo. Porquanto é preciso que esse ensinamento seja aceito. Já antes das discussões doutrinais de 2009-2011, Bento XVI havia claramente anunciado essa intenção: «Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas. […] Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade»[4]. Isso mostra a urgência ainda atual dessa questão crucial, que é uma questão de princípio. Nós a reexaminaremos aqui sob a forma sintética de uma questão disputada, fazendo valer os diferentes argumentos pró e contra, a fim de colocar em evidência a legitimidade da posição defendida até aqui pela Fraternidade. Continuar lendo

A MISSA NOVA DE PAULO VI É UM SACRIFÍCIO? PARTE 2

Afirmar – como fizeram os promotores da Missa Nova – que a liturgia do Ofertório é uma adição inútil, imputável a uma certa teologia pós-tridentina, é não compreender nada da profunda realidade da Missa Católica.

Fonte: Courrier de Rome n ° 645 – Tradução: Dominus Est

A definição de sacrifício está indicada no seu devido lugar(1) por Santo Tomás, de acordo com as quatro causas: a causa material é a oferta de uma coisa sensível; a causa final é que esta oferta é feita somente a Deus para expressar sua soberania absoluta e nossa sujeição como criaturas, uma expressão que, por sua vez, é concretizada de acordo com os quatro fins particulares, que são: adoração, ação de graças, impetração e satisfação. A causa formal é que esse reconhecimento da soberania divina é significado na medida em que a coisa oferecida é submetida a uma certa transformação; a causa eficiente é um ministro legítimo mandatado por Deus e que é sacerdote no sentido próprio.

2 – De fato, só há um sacrifício aceito por Deus, que é o ato da Paixão de Cristo. De tal modo que este não foi apenas um sacrifício real, mas também o único sacrifício, o único que Deus quis e tal como Ele o quis segundo uma livre vontade que só a Revelação nos dá a conhecer. Os demais sacrifícios são apenas análogos, quer para simbolizar antecipadamente segundo o modo figurativo, como os da antiga Aliança, ou para torná-lo novamente presente segundo o modo sacramental, como o da Missa. O sacrifício da Missa, entendido como sacrifício no sentido próprio é, portanto, a oferta de Cristo imolado. Deve ser definido: 1) primeiramente, como uma oferta, e uma oferta agradável a Deus; 2) segundo, como uma imolação, a de Cristo oferecida a Deus neste estado de imolação. Aqui examinaremos a questão de saber se a Nova Missa de Paulo VI pode ser definida como uma oferta agradável a Deus. Examinaremos mais tarde, em outro artigo, a questão de saber se a Nova Missa de Paulo VI pode ser definida como o ato de uma imolação.

A importância do Ofertório de Missa(2)

3 – “Em suas características específicas”, comenta Da Silveira, “o ofertório da Missa de São Pio V sempre foi um dos principais elementos para distinguir a Missa Católica da Ceia Protestante”(3). É por isso que a supressão das orações do Ofertório, no Novus Ordo, é muito grave, uma vez que é esta supressão que representa uma das partes principais, senão a principal deste distanciamento apontado pela Breve Exame Crítico. Continuar lendo

ASSEMBLEIA PLENÁRIA DOS BISPOS FRANCESES EM LOURDES: UM ESPETÁCULO ANGUSTIANTE

Assemblée plénière des évêques à Lourdes : un spectacle affligeant • La  Porte Latine

O que fazem os Bispos num momento de crise para a Igreja na França?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Os 120 bispos da França estão reunidos por 7 dias (da terça, 02 de novembro, até segunda, dia 08) em Lourdes para sua Assembleia Plenária de Outono, ao mesmo tempo que a Fraternidade São Pio X finaliza sua tradicional Peregrinação de Cristo Rei, que reuniu mais de 6000 fiéis.

O tempo raramente tem sido tão sério para a Igreja da França, a crise doutrinal, moral, litúrgica, disciplinar e espiritual que atravessa exige uma recuperação radical mais do que urgente. Disso depende a salvação de milhões de franceses, que se tornaram ovelhas sem pastores.

Agora, o que fazem os bispos? Falam de ecologia, infantilizam os pobres e dançam enquanto cantam “Que c’est bon“…Um espetáculo angustiante na quarta-feira, 3 de novembro na Assembleia Plenária da Conferência dos Bispos franceses:

Nota de nosso Blog: qualquer semelhança com quaisquer outras Conferências Episcopais não é mera coincidência

A MISSA NOVA DE PAULO VI É UM SACRIFÍCIO? PARTE 1

NOM

Os protestantes negam, e esta é sua heresia nessa matéria, que a Missa constitui um sacrifício propiciatório. Por conseguinte, é da maior importância verificar se a Institutio generalis enfatiza suficientemente a noção de propiciação.

Fonte: Courrier de Rome n ° 645 – Tradução: Dominus Est

Segundo os ensinamentos do Concílio de Trento (1), a Missa deve ser definida:

  • em sua causa final segundo os quatro fins de qualquer ato religioso: louvor ou adoração; ação de graças; propiciação ou valor satisfatório; impetração ou petição.
  • em sua causa eficiente segundo o ministro que age “in persona Christi”, que é o sacerdote que recebeu a consagração do sacramento da Ordem.
  • em sua essência como sacrifício, isto é, como oferta da imolação incruenta de Cristo realmente presente:

– a causa material é a presença real de Cristo, resultante da dupla transubstanciação;

– a causa formal é a oferta de uma imolação.

2 – Conforme já explicamos(2), esta definição segundo as quatro causas não é negada diretamente pelo Novus Ordo Missae de Paulo VI. É negado indiretamente, através de repetidas omissões que dão lugar a uma mudança de eixo. Por esta razão, a expressão que designa adequadamente essa negação específica é a de um “distanciamento”. Não devemos esquecer que a liturgia, a Missa, é antes de mais nada uma obra de arte, que deve ser julgada e apreciada de acordo com a sua conformidade ou não ao espírito do autor da obra. E para julgar a obra, há de se julgar primeiro uma prática. Podemos sempre alterar as definições, mas não alteramos a prática, a ação (o Ofertório, etc.). É a obra tal como é, mesmo se a definição é alterada, é a obra que deve ser julgada. Ora, essa obra é deficiente, como mostra o Breve Exame Crítico dos Cardeais Ottaviani e Bacci, porque oblitera a essência do que a obra supostamente deveria alcançar: a adesão a Jesus Cristo Salvador e Redentor. Como todas as outras elaborações escritas post-eventum (o Novo Catecismo de 1992 e o Compêndio de 2005, as atualizações de João Paulo II com a Encíclica Ecclesia de eucharistia de 2003 ou de Bento XVI com a Exortação Sacramentum caritatis de 2007), o Preâmbulo da Institutio generalis revisada em 1970 e depois em 2002 foi escrita após a elaboração da Missa, para justificar a Nova Missa, mas ela própria continua a ser uma obra deficiente.

3 – Examinemos aqui o ponto de vista da causa final: o Novus Ordo corresponde à definição católica da Missa, no sentido de que esta definição deve incluir a ideia de um sacrifício que é propiciatório no seu fim? Em outras palavras, o Novus Ordo define a Missa como um “sacrifício”, como entendido pelo Concílio de Trento, do ponto de vista de seu fim? Continuar lendo

“TRADITIONIS CUSTODES”, EM NOME DO CONCÍLIO VATICANO II

Em 8 de setembro de 2021, numerosas personalidades leigas vinculadas à Missa Tradicional redigiram uma Carta aos fiéis de todo o mundo, na qual pedem “ao Papa Francisco que reconsidere sua decisão, revogando  a Traditionis custodes  e restaurando a plena liberdade de se rezar a Missa Tridentina.”, citando o versículo do Evangelho segundo São Mateus: “Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este lhe pede pão? “(Mt 7,9)

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Nesta carta, podemos ler: A vontade manifestamente afirmada no Motu Proprio Traditionis Custodes, de 16 de julho de 2021, é a de ver desaparecer da Igreja a celebração da Missa da Tradição da Igreja. Esta decisão enche-nos de consternação.

“Como entender essa ruptura com o Missal tradicional, obra “venerável e ancestral” da “lei da fé”, que santificou tantos povos, tantos missionários e ajudou a fazer tantos santos? Que mal fazem os fiéis que simplesmente desejam rezar como os seus pais e avós o fizeram durante séculos?

“Acaso se pode hoje ignorar que a Missa Tridentina converte muitas almas, atrai grandes assembleias, jovens e fervorosas, suscita muitas vocações, deu origem a seminários, comunidades religiosas, mosteiros, e é a coluna vertebral de inúmeras escolas, obras juvenis, catequeses, retiros espirituais e peregrinações?”

Todas essas considerações espirituais e pastorais são muito corretas, mas é possível evitar a questão doutrinal? A Missa Tridentina pertence à teologia tradicional expressa pelo Concílio de Trento, como escreveram os Cardeais Alfredo Ottaviani e Antonio Bacci em seu Breve Exame Crítico de 1969, denunciando a ambigüidade heterodoxa da Missa Nova:

O Novus Ordo Missae – considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos ou são tomados como certos – representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão XXII do Concílio de Trento. Os “cânones” do rito definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que pudesse atacar a integridade do Mistério. Continuar lendo

ALGUMAS PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Dom Marcel Lefebvre (33) | Permanência

A MAÇONARIA ASSUME A EDUCAÇÃO DOS JOVENS

A MISSA NOVA LEVA AO PECADO CONTRA A FÉ

VALIDADE NÃO É SUFICIENTE PARA FAZER QUE UMA MISSA SEJA BOA

A DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE MISSAS

FIDELIDADE NA TEMPESTADE

A MISSA EM VERNÁCULO: FRUTO DO RACIONALISMO

OTIMISMO NA JUVENTUDE

O QUE DIZER A PESSOAS DE OUTRAS RELIGIÕES?

AS FALSAS RELIGIÕES FORAM INVENTADAS PELO DEMÔNIO

A PERDA DO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO

SACERDOTE, MÉDICO DAS ALMAS

A ESSÊNCIA DA ORAÇÃO É A ELEVAÇÃO DA ALMA PARA DEUS

A VERDADEIRA HUMILDADE

A PREPARAÇÃO DOS NOIVOS PARA O MATRIMÔNIO

VERDADEIRO SACERDÓCIO

O BOM PASTOR

A CAPACIDADE DE FAZER O MAL É UM DEFEITO DA VONTADE

A MISSÃO DO VERBO ENVIADO PELA CARIDADE DO PAI

PALAVRAS DE MONS. LEFEBVRE AO CARDEAL RATZINGER: VÓS TRABALHAIS EM PROL DA DESCRISTIANIZAÇÃO DA SOCIEDADE, DA PESSOA HUMANA E DA IGREJA, E NÓS TRABALHAMOS PARA A CRISTIANIZAÇÃO

SINAIS CERTÍSSIMOS: SOBRE OS MILAGRES E A CANONIZAÇÃO DO PAPA PAULO VI

Papa Paulo VI – Wikipédia, a enciclopédia livre

Courrier de Rome n.º 608, Março de 2018 – Tradução: Dominus Est

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

[Nota do blog: texto escrito antes da canonização do Papa Paulo VI]

«Signis certissimis»: tal é a expressão destacada pelo Concílio Vaticano I na constituição dogmática Dei Filius, sobre a fé católica. «Ora, para que, não obstante, o obséquio de nossa fé estivesse em conformidade com a razão [cf. Rm 12,1], quis Deus ajuntar ao auxílio interno do Espírito Santo os argumentos externos de sua revelação, isto é, os fatos divinos, e sobretudo os milagres e as profecias, que, por demonstrarem luminosamente a onipotência e a ciência infinita de Deus, são da revelação divina sinais certíssimos e adaptados à inteligência de todos»[1]. Este ensinamento do Concílio Vaticano I é confirmado pelo ensinamento do Papa São Pio X no Juramento antimodernista: «Segundo: admito e reconheço como sinais certíssimos da origem divina da religião cristã as provas externas da Revelação, isto é, os feitos divinos, em primeiro lugar os milagres e as profecias, e afirmo que são perfeitamente adaptadas à inteligência de todos as idades e [de todos os] homens, inclusive os da época presente»[2].

Os sinais certíssimos são, portanto, os milagres. Em sua etimologia, a palavra «milagre» vem do substantivo latino miraculum, que por sua vez deriva do verbo mirari, que não significa «admirar»[3], mas «considerar com espanto». Ora, espantar-se é considerar um efeito cuja causa é desconhecida. Portanto, o milagre é um efeito cuja causa mantém-se oculta, porquanto é incognoscível. Especificando ainda mais esse vínculo que relaciona a noção de milagre (e portanto de espanto) à ignorância de uma causa, Santo Tomás [4] mostra que o espanto sobrevém diante não de um efeito raro, mas de um novo e inabitual[5]. Ora, esse gênero de efeitos é aquele que não procede de causas já conhecidas.

Vamos mais longe distinguindo o que diz respeito ao espanto: Ele procede da ignorância de uma causa, e ela pode ser ignorada de duas maneiras. Ela pode estar oculta para uma categoria de observadores, mas não para todos: ela provoca então o espanto do vulgo diante daquilo que se convém chamar de maravilhoso (mirum). Por exemplo, o eclipse causa espanto no vulgo, mas não causa espanto no astrônomo. Em seguida, a causa pode estar oculta para qualquer que seja o observador: é o miraculum propriamente dito, aquele que provoca o espanto de todos, mesmo dentre estudiosos e sábios. A definição sintética e científica do milagre é formulada pelo doutor angélico[6] em termos já tornados clássicos: um fenômeno constatável pelo homem (e portanto sensível), mas cuja produção lhe escapa, dado que é sobrenatural, tem Deus como seu autor único e está além das capacidades de todas as naturezas criadas, inclusive a dos anjos. Continuar lendo

O NOVO ORDO MISSÆ DE PAULO VI É MAU EM SI MESMO?

NOM

O Missal de Paulo VI tornou obscuro e ambíguo o que o Missal de São Pio V havia tornado explícito e esclarecido.

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome n ° 645 – Tradução: Dominus Est

Estado da questão

1 – A avaliação do Novus Ordo Missae feita pela Fraternidade São Pio X retoma as bases do Breve Exame Crítico apresentado ao Papa Paulo VI pelos Cardeais Ottaviani e Bacci. No Prefácio que precede e introduz este Breve Exame, os dois cardeais observam que o novo rito reformado por Paulo VI “representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão 22 do Concílio de Trento. Os “cânones” do rito definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que pudesse atacar a integridade do Mistério.” (1).

Breve Exame Crítico observa esse afastamento do ponto de vista das quatro causas:

  • Causa material (a Presença real),
  • Causa formal (a natureza sacrificial),
  • Causa final (o fim propiciatório)
  • Causa eficiente (o sacerdócio do padre). 

Esta grave falha obriga-nos a concluir que o novo rito é “mau em si mesmo” e proíbe-nos considerá-lo legítimo e até permite duvidar da validade das celebrações em vários casos.

Objeções em sentido oposto

2 – Esta constatação é negada por todos aqueles que afirmam que o Missal de Paulo VI contém, suficientemente, a expressão da fé católica no que se refere ao mistério da Eucaristia e que o celebrante e os fiéis podem, portanto, adotá-lo não somente de maneira válida, mas também com piedade e proveito espiritual. Continuar lendo

JOÃO PAULO II: UM NOVO SANTO PARA A IGREJA? – ARTIGO 3/3: JOÃO PAULO II PODE SER CANONIZADO?

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Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome, Janeiro de 2014 – Tradução: Dominus Est

[Nota do blog: Texto publicado originalmente antes da canonização do Papa João Paulo II]

ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA

Parece que sim

Primeiramente, a canonização de João Paulo II foi oficialmente anunciada pela Santa Sé. Ela está prevista para o domingo, 27 de abril de 2014. Sendo a canonização um ato reservado ao sumo pontífice, somente ele pode decidir propor um santo como exemplo a toda a Igreja e, se ele o fez, deve-se concluir que a canonização desse santo é possível. Visto que o Papa Francisco decidiu canonizar João Paulo II, ele é portanto canonizado.

Em segundo lugar, para poder ser canonizado, um fiel defunto deve primeiro ser beatificado. Ora, João Paulo II foi beatificado por Bento XVI. Portanto, João Paulo II pode ser canonizado.

Parece que não

Em terceiro lugar, João Paulo II não foi santo. Ora, nenhum ato poderia reconhecer como santo aquele que não o foi. Portanto, nenhum ato poderia reconhecer como santo João Paulo II e, visto que a canonização é o ato pelo qual o papa reconhece oficialmente a santidade de um fiel defunto, João Paulo II não poderia ser canonizado. Prova da primeira premissa: em suas palavras e atos públicos, João Paulo II foi frequentemente ocasião de ruína para a fé e para a religião dos fiéis.

Em quarto lugar, os milagres atribuídos a João Paulo II são duvidosos. Ora, nenhum ato poderia reconhecer como desfrutando da glória celeste aquele cuja intercessão é duvidosa que os milagres sejam realizados. Portanto, nenhum ato poderia reconhecer João Paulo II como desfrutando da glória celeste e, visto que a canonização é o ato pelo qual o papa reconhece oficialmente a glória celeste de um fiel defunto, João Paulo II não poderia ser canonizado. Continuar lendo

JOÃO PAULO II: UM NOVO SANTO PARA A IGREJA? – ARTIGO 2/3: AS NOVAS CANONIZAÇÕES OBRIGAM EM CONSCIÊNCIA TODOS OS FIÉIS CATÓLICOS?

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Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome, Janeiro de 2014 – Tradução: Dominus Est

[Nota do blog: Texto publicado originalmente antes da canonização do Papa João Paulo II]

ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA

Parece que sim

Primeiramente, as novas canonizações apresentam-se como juízos solenes dos soberanos pontífices, ou seja, como atos de seu magistério supremo. Ora, o ato do magistério supremo do papa obriga em consciência todos os fiéis católicos. Portanto, as novas canonizações obrigam em consciência todos os fiéis católicos.

Se se objeta que a nova intenção de colegialidade implicada pelas reformas conciliares autoriza a duvidar que as novas canonizações sejam atos do magistério supremo do Papa, responde-se em segundo lugar que, qualquer que sejam esses antecedentes históricos, vê-se bem, na ocasião do ato formal dessas novas canonizações, que o soberano pontífice age segundo seu magistério pessoal. Com efeito, as fórmulas utilizadas durante essas novas canonizações significam claramente que o papa, investido de sua autoridade pontifical apostólica, proclama a glória celeste e a santidade do canonizado. A intenção de colegialidade não poderia atentar contra a intenção requerida, tal como ela está suposta pelo ato da canonização, mesmo após o Vaticano II. As novas canonizações, portanto, obrigam em consciência todos os fiéis católicos, enquanto atos do magistério supremo do papa.

Em terceiro lugar, as novas canonizações apresentam-se como juízos definitivos do magistério solene, ou seja, últimos e definitivos, que não poderiam mais ser nem ab-rogados, nem modificados, nem revisados ou reexaminados. Ora, por tais juízos são obrigados em consciência todos os fiéis católicos. Com efeito, os termos empregados até aqui por essas novas canonizações são aqueles pelos quais o papa propõe como exemplo a toda a Igreja um fiel defunto, para que Ela o considere obrigatoriamente como verdadeiramente santo, que goza de felicidade no céu, e com a obrigação de fazer dele objeto de culto cá embaixo[3]. Ora, tal juízo é definitivo em razão da mesma obrigação que ele impõe a toda a Igreja. Daí se tira a mesma conclusão que se tirou nos dois argumentos anteriores. Continuar lendo

JOÃO PAULO II: UM NOVO SANTO PARA A IGREJA? – ARTIGO 1/3: O QUE É A CANONIZAÇÃO DOS SANTOS?

João Paulo II: o atentado, o perdão e a misericórdia - A12.com

Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome, Janeiro de 2014 – Tradução: Dominus Est

[Nota do blog: Texto publicado originalmente antes da canonização do Papa João Paulo II]

PRÓLOGO

Na sua primeira Epistola aos Tessalonicenses (capítulo 1, versículos 6 a 9), São Paulo louva e felicita os fiéis da igreja de Tessalônica pois eles haviam seguido seu exemplo, e também porque eles mesmos deram exemplo a todos os demais fiéis da sua nação. E por isso, graças a eles, a fé foi difundida não somente por toda sua nação, mas também fora dela. Vemos aqui a importância concreta e a eficácia da pregação através do exemplo, da pregação através da santidade de vida. E vemos também a que ponto — se acontecer tal como está previsto — a canonização de João Paulo II representará um acontecimento grave, porquanto esse ato dará a todos os católicos o exemplo enganoso de uma falsa caridade. Falsa caridade oposta em absoluto às exigências da Realeza de Cristo, falsa caridade ecumênica da qual o papa polonês se tornou apóstolo incansável. Esse exemplo dado a toda a Igreja seria ipso facto a apoteose (no sentido mais estrito e etimológico do termo) do Vaticano II: por meio da canonização do Papa João Paulo II, os ensinamentos do Concílio se tornarão intocáveis.

É por isso que é indispensável relembrar alguns princípios elementares, a fim de dar aos fiéis católicos os meios de discernimento, e para que não se deixem ser enganados por raciocínios falsos. Aqueles que querem canonizá-lo não se detêm e se esforçam desde já a incitar os católicos a reconhecer, na vida de João Paulo II, um ideal de santidade autêntica, cuja imitação se impõe a toda a Igreja.

Dirão que não podemos toda hora desobedecer, contestar e recusar o magistério e o papa. Responderemos que, de fato, não podemos desobedecer; e é justamente para continuar a obedecer à Tradição bimilenar da Igreja — para não a contestar e para lhe dar toda a adesão a que Ela nos obriga — que somos obrigados a ser contra todas as iniciativas que se afastam Dela, ainda que venham das mais altas autoridades da Igreja. Continuar lendo

A NOVA DEFINIÇÃO DA MISSA SEGUNDO PAULO VI

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A forma da Missa nova é a reunião do “povo de Deus”, de modo que a Missa em si passa a ser apenas um acontecimento menor se dando no mesmo local. Esta é a essência da reforma desejada pelo Vaticano II.

Fonte: Courrier de Rome n ° 645 – Tradução: Dominus Est

1 – Em 3 de Abril de 1969, o Papa Paulo VI assinou a Constituição Apostólica Missale Romanum, promulgando o Missal Romano restaurado por decreto do Concílio Vaticano II. Este documento apresenta o Novus Ordo Missæ (abreviado como NOM) acompanhado de uma importante “Apresentação geral” ou Institutio generalis, compreendendo 341 artigos. Em 26 de março de 1970, este novo Missal foi objeto de uma segunda edição, compreendendo em sua “Apresentação Geral” um Preâmbulo e numerosas modificações(1).A terceira edição deste novo Missal reformado, apresentado em Roma em 22 de março de 2002 e aprovado pelo Papa João Paulo II, é acompanhada por uma nova versão revisada da Apresentação Geral, a Institutio generalis missalis romani, que contém 399 artigos.

2 – Longe de ter sido imposta da noite para o dia na Igreja, o NOM de Paulo VI é fruto de uma longa elaboração. A constituição Sacrosanctum conciliumsobre a liturgia do Concílio Vaticano II pedia por uma reforma no seu nº 50, inspirada numa lógica profunda, claramente afirmada no nº 21: “Nesta reforma, proceda-se quanto aos textos e ritos, de tal modo que eles exprimam com mais clareza as coisas santas que significam, e, quanto possível, o povo cristão possa mais facilmente apreender-lhes o sentido e participar neles por meio de uma celebração plena, ativa e comunitária”. O número 14 já especificava: “É desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5).

3 – O resultado deste desejo de reforma encontra-se no número 16 da Institutio generalis(2002) do NOM, que define a Missa como “a ação de Cristo e do Povo de Deus hierarquicamente organizado”.

4 – A fim de fornecer uma apreciação, apoiar-nos-emos no Breve Exame Crítico apresentado pelo Cardeal Ottaviani em seu nome e em nome do Cardeal Bacci ao Papa Paulo VI em 3 de setembro de 1969 (abreviado como BEC).

I – A versão de 1969

5 – A definição da Missa encontra-se na primeira edição da Institutio generalis, de 18 de novembro de 1969:

  • no nº 2 é definido como o memorial da paixão e ressurreição de Cristo.
  • no nº 7: “A Ceia do Senhor, também conhecida como Missa, é uma sinaxe sagrada, ou seja, a reunião do povo de Deus, sob a presidência do sacerdote, para celebrar o memorial do Senhor. É por isso que a reunião local da Santa Igreja cumpre de modo eminente a promessa de Cristo: “Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu aí estou, no meio deles” (Mt, XVIII, 20).

6 – A missa é formalmente definida como tal. Ela é:

  • a reunião dos fiéis (causa formal)
  • para celebrar a memória ou a recordação do fato passado da Primeira Ceia (objetivo ou causa final)
  • sob a presidência do sacerdote (causa eficiente).

7 – Notemos que é o povo de Deus reunido que celebra; o povo é o agente da celebração: “congregatio populi Dei ad celebrandum”. A presença de Cristo provém (“quare”) desta reunião: é, portanto, a presença espiritual daquele que recordamos, sendo esta memória precisamente a ação do povo que constitui a causa final da reunião. Parece então que o pão e o vinho não são mais do que os símbolos usados ​​por esta reunião para representar aquele de quem nos recordamos.

8 – O BEC dá a seguinte avaliação, em primeiro lugar no que diz respeito à primeira parte: “A definição da Missa é, portanto, reduzida à de uma “ceia”: e reaparece continuamente (nos números 8, 48, 55, 56 do IG). Esta “ceia” é ainda caracterizada como sendo a da assembleia presidida pelo sacerdote; a da assembleia reunida para realizar “o memorial do Senhor”, que recorda o que fez na Quinta-feira Santa. Tudo isso não implica nem a presença real, nem a realidade do sacrifício, nem o caráter sacramental do sacerdote que consagra, nem o valor intrínseco do sacrifício eucarístico independentemente da presença da assembleia”. Do ponto de vista lógico, esta definição que se supõe ser a da Missa não contém nenhum dos elementos essenciais ao definido, como já foi objeto de definição do Magistério. “A omissão, em tal lugar, desses dados dogmáticos, só pode ser voluntária. Tal omissão voluntária significa sua “superação” e, pelo menos na prática, sua negação”.

9 – O BEC assinala que esta nova definição do nº 7 é imediatamente seguida, no nº 8, pela divisão da Missa em duas partes: Liturgia da palavra e Liturgia eucarística. O significado profundo desta divisão é indicado pelo próprio texto da IG, que nos diz que a Missa envolve assim uma dupla preparação: a preparação da “mesa da palavra de Deus” e da “mesa do Corpo de Cristo”, para que os fiéis possam ser “ensinados e restaurados”. “Há aqui”, observa a BEC, “uma assimilação das duas partes da liturgia, como se fossem dois sinais de igual valor simbólico. Assimilação essa que é absolutamente ilegítima”. A divisão da Missa confirma assim a definição da Missa, onde a presença de Cristo já não é a presença real sacramental, mas uma presença espiritual.

10 – Após a definição e divisão, a denominação. “A IG, que constitui a introdução do novo Ordo Missæ, utiliza numerosas expressões para designar a Missa, todas relativamente aceitáveis. Todas devem ser rejeitadas se utilizadas como são, separadamente e em termos absolutos, cada um adquirindo um significado absoluto pelo fato de serem usadas separadamente:

  • ação de Cristo e do povo de Deus;
  • Ceia do senhor;
  • refeição pascal;
  • participação comum na mesa do Senhor;
  • Oração eucarística;
  • Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística.

11 – Podemos concluir: “É evidente que os autores do NOM enfatizaram obsessivamente a Ceia e o memorial que dela é feita, e não a renovação (incruenta) do sacrifício da Cruz. Devemos inclusive observar que a fórmula: “Memorial da Paixão e da Ressurreição do Senhor” não é exata. A missa se refere formalmente apenas ao sacrifício, que é, em si mesmo, redentor; a ressurreição é o seu fruto”. Santo Tomás diz no Adoro Te: “O memoriale mortis Domini”.

II – A versão de 1970

12 – Essa definição foi revisada na segunda edição da Institutio generalis, aquela de 26 de março de 1970. As modificações nela introduzidas “não impõem uma mudança substancial nas observações que fizemos anteriormente sobre a Nova Missa”(2). Não devemos esquecer, de fato, que a Missa é, antes de mais nada, o equivalente a uma obra de arte, ou seja, a uma prática. Sempre podemos mudar a definição sem mudar a prática correspondente. No entanto, é a obra enquanto tal que deve ser julgada, mesmo que sua definição seja alterada. E esta obra é deficiente, como mostra o Breve Exame Crítico dos Cardeais Ottaviani e Bacci, porque oblitera a essência do que a obra pretende alcançar: a adesão a Jesus Cristo Salvador e Redentor. Como todas as outras elaborações escritas pós-evento, o Preâmbulo da IG revisada de 1970 foi escrito após a elaboração da nova Missa, a fim de justificá-la, mas ela própria continua a ser uma obra deficiente. Corrigir o IG não significa que se corrigiu a Missa: corrigir a definição deixando o definido como está não corrige nada.

13 – A definição corrigida da Missa aparece no n ° 7:

Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote, que representa a pessoa de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor, ou sacrifício eucarístico. Portanto, esse encontro local da Santa Igreja cumpre de modo eminente a promessa de Cristo: «Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei lá no meio deles» (Mt 18, 20). Com efeito, na celebração da Missa, onde se perpetua o sacrifício da cruz (Concílio de Trento, Sessão XXII, cap. 1; DS 1740; cf. Paulo VI, Profissão de fé, n. 24), Cristo está realmente presente na própria assembleia reunida em seu nome, na pessoa do ministro, em sua palavra e também, substancial e continuamente, sob as espécies eucarísticas (Paulo VI, Mysterium fidei)”.

14 – Essa nova definição é menos abertamente modernista. Mas a parte ortodoxa nesta definição não consegue eliminar o modernismo que se aproveita do equívoco(3). “Sempre há ambiguidades e desvios que não são pequenos”(4).

15 – A definição diz que “Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou o sacrifício eucarístico”. Existem cinco coisas a distinguir nesta frase.

  • O sujeito lógico do qual falamos e ao qual atribuiremos o predicado é o “povo de Deus”;
  • O que é dito sobre este povo de Deus? O povo de Deus é “convocado e reunido“.
  • A causa final desta forma: “celebrar a memória do Senhor ou o sacrifício eucarístico”.
  • A causa eficiente que conforma esta questão: “sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo”.
  • Por fim, ao dizer “na missa”, é enunciada uma circunstância de acordo com o lugar.

16 – A forma da Missa nova é a reunião do “povo de Deus”, de modo que a Missa em si passa a ser apenas um acontecimento menor se dando no mesmo local. Aquilo de que se fala, aquilo que será informado e determinado por um predicável não é a Missa, mas ocorre no que é chamado de Missa. A Missa é o lugar apropriado para a reunião do povo de Deus. A primeira versão de 1969 afirmava essa heresia de forma muito mais clara. Nesta segunda versão de 1970 a heresia é mais ambígua. Passou de “Missa é a reunião do povo de Deus” para “na Missa, o povo de Deus está reunido”.

17 – O erro mais grave consiste em manter aqui a afirmação inalterada da primeira versão de 1969, segundo a qual é precisamente o povo como um todo que celebra o memorial do Senhor ou o sacrifício eucarístico. Porque é o que sempre se diz, sem qualquer modificação: “In Missa […] populus Deiin unum convocatur […] ad memoriale Domini seu sacrificium eucharisticum celebrandum”. A palavra “celebrandum” tem aqui, como em 1969, sempre o “populus Dei” por sujeito e, portanto, por agente. E aí reside a essência da reforma desejada pelo Concílio Vaticano II.

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

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INDICAMOS TAMBÉM A LEITURA DO TEXTO MISSA NOVA: UM CASO DE CONSCIÊNCIA

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Notas:

  1. Estas foram analisadas no capítulo IV do livro de Arnaldo Xavier da Silveira, “La Nouvelle Messe de Paul VI, qu’en penser?”Editions de Chiré, Diffusion de la Pensée Française, 1975, p. 99 e seguintes.
  2. Arnaldo Xavier Da Silveira, “La Nouvelle Messe de Paul VI, qu’en penser?”Editions de Chiré, Diffusion de la Pensée Française, 1975, p. 100-101.
  3. Mons. Lefebvre, A Missa de sempre, textos compilados pelo Pe. Troadec, Clovis, 2005, p. 318-319. Publicado no Brasil pela Editora São Pio X, 2019.
  4. Arnaldo Xavier Da Silveira, “La Nouvelle Messe de Paul VI, qu’en penser?”Editions de Chiré, Diffusion de la Pensée Française, 1975, p. 117.

UMA TENTATIVA DE COLOCAR SÃO PIO X NA ORIGEM DA NOVA MISSA

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O site cath.ch publicou um estudo em duas partes intitulado “A missa ‘moderna’ versus a missa ‘de sempre‘” que tenta mostrar que a missa de Paulo VI seria tão tradicional quanto a Missa Tridentina. Os argumentos que apoiam esta tentativa de demonstração merecem uma nova perspectiva para mostrar sua fraqueza.

O primeiro argumento apresentado é o da “participação ativa”, que aparece 11 vezes na constituição sobre a liturgia do Concílio Vaticano II: a Sacrosanctum concilium. O artigo tenta atribuir sua autoria ao Papa São Pio X.

Mas essa tentativa está fundada em um equívoco grosseiro. A FSSPX.Actualités já forneceu prova disso. Há um equívoco – isto é, uma acepção significativamente diferente – entre o que exprime São Pio X – e igualmente o Papa Pio XII, e a constituição conciliar.

A noção de “participação ativa” segundo São Pio X retomada por Pio XII

Deve-se notar, antes de tudo, que o papa do Juramento Antimodernista usa tal termo no Motu Proprio Tra le Sollecitudini, de 1903, que se refere à música sacra. O Santo Papa faz da “participação ativa nos mistérios sagrados” “a primeira e indispensável fonte do verdadeiro espírito cristão”.

Mas para saber o que ele quis dizer com esta expressão, devemos considerar como São Pio X vai realizar este programa.

Quanto aos fiéis, de duas maneiras: encorajando a restauração do canto gregoriano para torná-lo acessível aos fiéis; e pela promulgação de dois decretos: sobre a comunhão das crianças desde a idade da razão e sobre a comunhão frequente. Canto e união com Cristo através da sagrada comunhão, é o que São Pio X entende por “participação ativa”. Continuar lendo

INDIFERENTES À MISSA NOVA?

Dois ritos diferentes coexistindo para a celebração da Missa. Realmente devemos considerá-los como duas expressões de uma mesma coisa? Certamente isso não é uma questão de gosto: é a fé católica que está em jogo. Lembremo-nos de como devemos julgar a missa reformada de 1969.

Fonte: FSSPX/Distrito da América do Sul – Tradução: Dominus Est 

Muitos problemas seriam resolvidos se fossemos ao menos indiferentes à Nova Missa. De Roma não nos pedem outra coisa. De tantos católicos perplexos com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, muitos acreditaram que o mal do novo rito viria apenas da maneira de celebrá-lo e os peregrinam pelas paróquias buscando padres, sempre poucos, que celebrem com piedade e não deem a comunhão nas mãos. Outros, melhor informados, sabem que a diferença não está nos modos do sacerdote, senão no próprio rito e reivindicam a Missa tradicional argumentando, com alguma hipocrisia, o enriquecimento que implica a pluralidade de ritos: o novo é bom, mas o antigo também, melhor então ficar com os dois!

Embora não haja tolos em Roma, toleraram essa conversa nos grupos tradicionais que se amparam (1) na Comissão “Ecclesia Dei”. Além disso permitiram aos Padres tradicionalistas da diocese de Campos, no Brasil, que ficassem com seu rito tradicional mesmo dizendo que a Nova Missa é “menos boa”. Mas em Roma  nossa Fraternidade porque causa incômodo, porque não só não diz que a missa nova é boa, mas a combate como perversa, incomodando a perplexidade que mesmodepois de quarenta anos de Concílio tantos católicos não deixam de padecer. Se, ao menos, fôssemos indiferentes – que os outros rezem como queiram – Roma nos deixaria em paz. 

Podemos ser indiferentes à Nova Missa?

Na véspera de sua Paixão, havendo chegado a hora de oferecer seu sacrifício redentor a seu Pai, Nosso Senhor fez uma aliança com Sua Igreja: Hæc quotiescumque feceritis, em mei memoriam facietis (Lembre-se de que morri por vossos pecados, que me lembrarei de vós na presença do Pai). E, sendo Deus, nos deixou o imenso mistério da Missa, pelo qual seu Sacrifício permanece sempre vivo, sempre novo, permitindo-nos assistir como ladrões arrependidos: Memento Domine, famulorum famularumque tuarum (Lembra-te, Senhor, de nós agora que estais em seu Reino).

A memória viva da Paixão que se renova pela dupla consagração graças aos poderes do Sacerdócio, a união misteriosa com a Vítima Divina que se realiza pela comunhão é a única maneira que tem o coração duro do homem para retornar ao amor de Deus, porque nada chama tanto ao amor como conhecer-se muito amado, e a Paixão de Nosso Senhor foi a maior demonstração de amor: ninguém ama mais do que aquele que dá a vida por seu amigo. É por isso que a obra da Redenção que Cristo realizada na Cruz não se faz eficaz para nós senão graças ao Sacrifício da Missa. Continuar lendo

CONFERÊNCIA DE MONS. LEFEBVRE EM ANNECY (1987): EU VI PADRES CHORAREM”

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Em uma conferência realizada em Annecy em 1987, Mons. Lefebvre expõe a terrível situação em que se encontraram, após o Concílio, “as cabeças mais fiéis à Tradição“, aqueles que guardaram a antiga missa, a batina, etc. Ele afirma que houve perseguições reais e que alguns bispos e padres morreram de tristeza e até nos dá exemplos.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

TRECHOS

Como eles (os liberais) venceram o Concílio (Vaticano II) – é preciso dizer: eles venceram – eles assumiram os lugares imediatamente. Como em um Estado: quando os socialistas assumem o governo, imediatamente demitem todos aqueles que não são a favor do socialismo e outros socialistas são colocados nesses lugares, é claro. Isso é o que foi feito no Vaticano.

Assim que os liberais venceram, todos os conservadores foram imediatamente eliminados da cúria romana e, em todos os bispados onde havia cabeças mais fiéis à tradição, todos eles foram eliminados; muitos deles se demitiram. Vendo o que estava acontecendo na Igreja, eles ficaram tão perturbados, tão agoniados, que pediram demissão.

Uma verdadeira guerra contra todos os bispos tradicionais

Dou-lhes um exemplo: o do Arcebispo de Dublin, que conheci muito bem, que era meu amigo porque também era membro da Congregação dos Padres do Espírito Santo, da qual fui superior geral durante 6 anos: Mons. McQuaid[1] . Ele renunciou e quinze dias depois, morreu. Ele morreu de tristeza, este Arcebispo! Eu o conhecia bem: ele morreu de desgosto. Ele estava ligado a Roma, ao Santo Padre, com todas as fibras de sua alma. Recusar que pudesse ver o Santo Padre, sentir-se de certa forma como se tivesse sido expulso de Roma…ele não pôde suportar, sua saúde não resistiu. E quantos, quantos e quantos bispos como este!

Posso citar um outro caso, o de Mons. Morcillo[2], Arcebispo de Madrid. Mons. Morcillo era um dos secretários do Concilio (não eram numerosos, eram 5 ou 6 secretários ao todo). Todos esses secretários foram feitos cardeais depois do Concílio, exceto Mons. Morcillo, Arcebispo de Madri. Ele também poderia ter sido nomeado cardeal, por que não foi? Porque era conservador, porque era muito firme em suas idéias. Bem, ele morreu de tristeza também, por sentir que havia se tornado persona non grata, que ele havia se tornado uma pessoa repudiada e rejeitada, e que ele não poderia ser cardeal enquanto os outros todos já haviam sido feitos. Não que ele estivesse interessado em ter o chapéu cardinalício, ele era um homem muito humilde – mas isso tudo é inadmissível! Então a resposta a isso (às pessoas que levantaram objeções, aos espanhóis que não entenderam por que todos os secretários do Concílio foram nomeados cardeais e seu Arcebispo de Madri não foi, por quê?) foi: “Ah, mas Madrid é não uma cidade cardinalícia. A primazia da Espanha é Toledo, não Madrid!” Continuar lendo