PADRE ANTONIO

Ficheiro:Antiga Capela e depois Matriz de Santa Rita construída ainda no  século XIX.,,.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fonte: Permanencia

Numa cidadezinha perdida e esquecida, lá nos confins deste tão imenso Brasil, existe uma igreja quase sem existir. Em torno, mil ou duas mil almas mais ou menos desalmadas; dentro, um velho vigário a fazer contas intermináveis, e um padre coadjutor, na sacristia, a olhar o morro, a linha férrea lá longe, o rio, talvez o céu.

Já traz cinzas na cabeça e uma curvatura nas costas, mas naquele momento o que mais lhe pesa é a solidão que cerca a velhice que se aproxima. Está ali. Não é nada. Não sente forças para fazer nada pela vila indiferente que quer viver sua vida rotineiramente encaminhada para a morte. Sente-se inútil a mais não poder. Quer que ele celebre a única missa da féria, e com uma só porta apenas entreaberta. Precaução aliás inútil porque ninguém mais aparece nas missas dos dias da semana. O povo não gostou quando o vigário tirou os santos que há mais de cem anos povoavam a velha igrejinha. Diminuiu a assistência à missa, diminuíram as confissões. A conversa com o vigário, na hora do jantar, reduz-se a monossílabos.

Padre Antônio torna a pensar nas coisas que se perderam: a água benta, a oração do terço à noite, os santinhos que dava aos moleques na rua com magnanimidade, e tudo o mais que fazia companhia, que cercava a alma da gente nas igrejinhas da roça. Por que esta devastação? O vigário não gosta de abordar o assunto. Sofre a seu modo, com a tenacidade obtusa dos animais feridos. Cerra os dentes. Não pensa. Não fala. Faz o que o bispo mandou fazer e encerra-se num mutismo quase vegetal. Às vezes parece ter gosto de transmitir seu sofrimento fazendo um outro sofrer. É seu modo de conversar, e quem paga é padre Antônio. Continuar lendo

EM 21 DE NOVEMBRO….HÁ 51 ANOS…

“Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade.

Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.

Todas estas reformas, com efeito, contribuíram, e continuam contribuindo, para a demolição da Igreja, a ruína do sacerdócio, a destruição do Sacrifício e dos Sacramentos, a desaparição da vida religiosa, e a implantação de um ensino naturalista e teilhardiano nas universidades, nos seminários e na catequese, um ensino surgido do liberalismo e do protestantismo, condenados múltiplas vezes pelo magistério solene da Igreja.

Nenhuma autoridade, nem sequer a mais alta na hierarquia, pode obrigar-nos a abandonar ou a diminuir a nossa fé católica, claramente expressa e professada pelo magistério da Igreja há dezenove séculos. Continuar lendo

OS QUATRO PILARES DE UMA VERDADEIRA VIDA CRISTÃ

Para toda alma, independente do seu grau de intimidade com Deus, uma verdadeira vida cristã pressupõe quatro elementos essenciais: um relacionamento frequente com Deus através da oração; uma grande fidelidade em submeter a Deus todas as ações; uma grande constância em afastar todos os obstáculos que impeçam alguém de servi-Lo; e, finalmente, uma união íntima com Deus através dos sacramentos.

Fonte: Le Bachais – N° 83 – Tradução: Dominus Est

A Oração

Devemos orar, e orar bem. As duas palavras-chave são: regularidade e respeitosa atenção. Contra a regularidade, geralmente se opõem o cansaço e a falta de vontade. A “regra” nº 1 é dedicar-nos a isso a todo custo, com esforços generosos, independentemente dos “estados de espírito”. Trata-se, acima de tudo, de orar e orar ainda mais, apesar das dificuldades que encontramos nisso, da pouca atração, ou mesmo da repugnância.

Devemos dedicar-nos às nossas orações com devoção. Embora nem sempre seja a falta de desejo que prejudica nossa vida de oração, às vezes é também a pressa, o desejo de terminar o mais rápido possível porque temos outra coisa em mente; às vezes é também a rotina ou a desatenção: oramos porque… mas sim, por quê, exatamente? Continuar lendo

ENTREVISTA COM O SUPERIOR GERAL DA FRATERNIDADE SACERDOTAL SÃO PIO X ACERCA DA PUBLICAÇÃO DE MATER POPULI FIDELIS

“A negação do título de “corredentora” equivale a depor a Santíssima Virgem de seu reinado, e isso fere a alma católica no que lhe é mais caro.”

Fonte: FSSPX

FSSPX.News: Reverendo Padre Superior Geral, um documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, restringindo o uso de certos títulos tradicionalmente atribuídos à Santíssima Virgem, foi publicado no dia 4 de novembro com o título Mater populi fidelis. Qual foi sua primeira reação a ela?

Don Davide Pagliarani: Confesso ter ficado em choque. Se, por um lado, o Papa Leão XIV já manifestara desejo de continuidade com seu antecessor, por outro lado eu não esperava um documento de um dicastério romano restringindo o uso de títulos, tão ricos de significado, que a Igreja tradicionalmente atribui à Virgem. Minha primeira reação foi celebrar uma Missa de reparação contra esse novo ataque à Tradição e, mais ainda, contra a Santíssima Virgem.

De fato, não é apenas o uso dos termos de “Corredentora” e “Medianeira de todas as graças” que foi posto em dúvida; é o significado tradicional desses títulos que foi deturpado. Isso é muito mais grave, porque a negação dessas verdades equivale a depor a Santíssima Virgem de seu reinado, o que fere a alma católica no que lhe é mais caro. Com efeito, a Santíssima Virgem representa, junto com a Santíssima Eucaristia, os dons mais preciosos que Nosso Senhor nos deu.

O que mais o chocou?

Primeiramente, o fato de considerar o uso de “Corredentora” como “sempre inoportuno”; o que, na prática, equivale a proibi-lo. A razão que nos é dada é a seguinte: “Quando uma expressão requer muitas e constantes explicações, para evitar que se desvie de um significado correto, não presta um bom serviço à fé do Povo de Deus e torna-se inconveniente1”. Continuar lendo

COMUNICADO DA CASA GERAL DA FSSPX SOBRE A “NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS TÍTULOS MARIANOS REFERIDOS À COOPERAÇÃO DE MARIA NA OBRA DA SALVAÇÃO”

No último dia 4 de novembro, o Dicastério para a Doutrina da Fé publicou uma “Nota doutrinal sobre alguns títulos marianos referidos à cooperação de Maria na obra da Salvação”.

Fonte: FSSPX

Esse texto, aparentemente preocupado em não “obscurecer a única mediação salvífica de Cristo”, ensina que “o uso do título de ‘Corredentora’ para definir a cooperação de Maria é sempre inoportuno” e que “requer-se uma especial prudência na aplicação do título ‘Medianeira’ a Maria”.

Caricaturando — para melhor se distanciar dela — a terminologia tradicional da Igreja e, por outro lado, sendo prolixo em belas considerações sobre o papel materno da Virgem, essa “Nota” pretende minimizar a missão confiada por Deus à sua Associada na obra da Redenção e da salvação das almas: de um lado, afirma-se que a Santíssima Virgem Maria não interveio na aquisição da graça; de outro, atenua-se quase até a negação o seu papel universal e necessário na distribuição das graças. Já não se lhe reconhece senão um vago papel de intercessão materna. Continuar lendo

AMOR E CASAMENTO

Nossas músicas da Cerimônia

Fonte: Permanencia

A ESCOLHA

Não pretendo ensinar aqui a arte de escolher cônjuge, tal como outros se gabam de ensinar a arte de se defender na rua ou de ganhar na bolsa. Não tenho receitas práticas para este fim. Um casamento (e refiro-me às uniões mais refletidas) está condicionado por tantos acasos (acasos de situações, de encontros, de fortuna, de sentimentos etc.) que seria ridículo ingressar nestes domínios armado de regras matemáticas. De resto, a escolha humana está rodeada de uma tal obscuridade que aquele que tenha a pretensão de fazer uma escolha definitiva, aquele a quem paralisa uma idéia excessivamente precisa da «alma gêmea» se arrisca bastante, ou a nunca mais se casar, ou a fazer uma escolha absurda, uma dessas escolhas «que nunca se poderia imaginar» como diz La Fontaine, como a experiência nos revela todos os dias. «Em toda a parte tenho conhecido compradores cautelosos ― escreve, não sem um certo exagero, Frederico Nietzsche ― mas mesmo o mais esperto acaba por comprar a mulher a olho». Mesmo nas uniões mais clarividentes, há um aspecto de salto no desconhecido, de «pari», no sentido pascaliano da palavra. Deste modo, as poucas indicações gerais que vou dar sobre este assunto não visam fornecer certezas, mas simples probabilidades.

Um dos problemas primordiais que se põem para a escolha de um cônjuge é o problema biológico. Da saúde dos esposos depende, com efeito, grande parte do equilíbrio material e moral do lar, a existência e o futuro dos filhos. Mas apenas pretendo focar aqui este problema sob o ângulo psicológico e social. Entre os fatores que contribuem para determinar a escolha nupcial, há alguns, na verdade, que são exteriores ou sociais (consideram-se o meio, a classe social, a fortuna) e outros interiores ou psicológicos (decide-se pelo amor ou pela razão). Detenhamo-nos um momento sobre estes pontos. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: MARIA MEDIANEIRA E CORREDENTORA

O que significa dizer que Maria é “corredentora” e “medianeira de todas as  graças”?

Diante dos horrores pronunciados pela igreja conciliar sobre Maria como Medianeira e Corredentora, seguem abaixo alguns artigos sobre esse assunto, de acordo com a verdadeira Doutrina:

MARIA MEDIANEIRA, CORREDENTORA E DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS – PARTE 1/2

MARIA MEDIANEIRA, CORREDENTORA E DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS – PARTE 2/2

A CORREDENTORA – PELO PE. ÁLVARO CALDERÓN, FSSPX

POR QUE NEGAM A CORREDENÇÃO DE MARIA? A BATALHA DOUTRINAL DO ECUMENISMO – CONFERÊNCIAS DO PE. RUBIO, FSSPX

COMUNICADO DA CASA GERAL DA FSSPX SOBRE A “NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS TÍTULOS MARIANOS REFERIDOS À COOPERAÇÃO DE MARIA NA OBRA DA SALVAÇÃO”

ENTREVISTA COM O SUPERIOR GERAL DA FRATERNIDADE SACERDOTAL SÃO PIO X ACERCA DA PUBLICAÇÃO DE MATER POPULI FIDELIS

A MEDIAÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM

MARIA CORREDENTORA DO GÊNERO HUMANO E MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS – PELO PE. JOSÉ MARIA, FSSPX

ORAÇÃO DE REPARAÇÃO À BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, IMACULADA, MÃE DE DEUS, MEDIANEIRA E CORREDENTORA

01 DE OUTUBR0 – NOSSA SENHORA MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS

NOSSA SENHORA: MEDIANEIRA JUNTO AO MEDIADOR

MARIA SANTÍSSIMA É A MEDIANEIRA DOS PECADORES PARA COM DEUS

CENTENÁRIO DA MISSA DE MARIA MEDIANEIRA

FALAR, MAS PARA DIZER O QUE?

A galinha cacareja e o homem fala. Mas se ele fala, não fala como a galinha cacareja.

Fonte: La part des Anges n° 3 – Tradução: Dominus Est

Em seu sentido mais geral, a linguagem é o instrumento de uma consciência para se manifestar a si mesma ou aos outros. Com efeito, em toda a parte onde se encontra uma vida psicológica que procura fazer-se conhecer, encontramos a linguagem: a linguagem dos animais, a linguagem dos homens entre si, a linguagem interior a nós mesmos.

Nos animais, a linguagem limita-se às necessidades imediatas da espécie; não tem história, é imutável e hereditária. Não envolve um diálogo real: os animais respondem a uma mensagem por meio de um comportamento ao invés de outra mensagem. Se eles não conversam entre si, não é porque não podem, mas porque não têm nada a dizer.

A linguagem humana é incomparável: está tão intimamente ligada à inteligência que a mesma palavra logos ou verbum designa, em grego e em latim, tanto a operação espiritual do pensamento quanto a expressão externa através da palavra. Continuar lendo

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS

purgAcesse a Meditação de Santo Afonso sobre essa data clicando na imagem acima.

Veja também: 

INDULGÊNCIAS PELOS DEFUNTOS EM NOVEMBRO

NESTE MÊS DE NOVEMBRO, REZEMOS PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO

AS ALMAS DO PURGATÓRIO

OS VÁRIOS ESTÁGIOS DO PURGATÓRIO

DEFRAUDANDO AS SANTAS ALMAS DO PURGATÓRIO

OBRIGAÇÃO QUE TEMOS DE SOCORRER AS ALMAS DO PURGATÓRIO

PADRE PIO E AS ALMAS DO PURGATÓRIO

ATO HERÓICO DE CARIDADE

COMO AJUDAR OS DEFUNTOS

PURGATÓRIO – SEGUNDO SÃO JOÃO BOSCO

O QUE DIZER DA CREMAÇÃO DOS CORPOS?

SEPULTURA CATÓLICA: QUANDO CONCEDÊ-LA OU NEGÁ-LA?

O SEPULTAMENTO, UM RITO DESEJADO POR NOSSO SENHOR

DO SUFRÁGIO PELOS MORTOS

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – NOVEMBRO/25

Ficheiro:Beato angelico, predella della pala di fiesole 01.jpg

Caros fiéis,

Do final de outubro ao início de novembro, durante o último quarto de século, tornou-se impossível caminhar pelas ruas e lojas sem se deparar com “decorações” horríveis e muitas vezes macabras. Até mesmo crianças se fantasiam de esqueletos, bruxas e fantasmas. Um internauta francês anônimo nos lembra o que devemos pensar sobre tudo isso. Ele o faz tão bem que compartilho suas palavras como estão:

“O Halloween nos é apresentado como uma simples festa popular, uma brincadeira inofensiva. Mas para aqueles que mantêm uma perspectiva religiosa, é impossível não enxergar por trás desse folclore pagão uma sutil campanha de descristianização, orquestrada pelo Inimigo de nossas almas. Não é a fantasia em si que profana a alma, mas a cumplicidade com o mal. Brincar com o diabo já é abrir uma brecha para ele.

O Halloween tem suas raízes no festival celta de Samhain, uma celebração pagã dos mortos e espíritos, que a Igreja outrora cristianizou ao instituir o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados. Mas, ao reviver essas antigas superstições hoje, nossa sociedade apóstata está simplesmente reabrindo as portas que os santos fecharam por mais de um milênio. Continuar lendo

SÓ A PALAVRA DEUS BASTA

Diante do verdadeiro Templo que é Cristo, os sacerdotes do templo pedem um sinal, sem perceber que a Verdade já está diante deles.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Com que sinal nos mostras tu que tens autoridades para fazer essas coisas? Nosso Senhor acabara de expulsar os vendedores do Templo. O que acabara de realizar irritou profundamente o povo na sinagoga, ao mesmo tempo que os surpreendeu. Quem era aquele homem que nem sequer era sacerdote?

Para nós que viemos posteriormente, para nós que ouvimos as palavras de São Paulo, Deus, nestes últimos dias, falou-nos por meio de seu Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, não julguemos precipitadamente estas pessoas do Templo nesta pergunta que fazem ao Senhor. O choque para eles deve ter sido duro. Desafiados publicamente por um desconhecido, não seria legítima a sua pergunta? Tanto mais que o seu sacerdócio tinha apenas um objetivo: o Messias, anunciando-o e designando-o.

Na antiga Lei, bastava ser descendente de Levi, ser homem e não ter nenhum defeito físico para ser sacerdote. Nenhuma cerimônia de consagração era necessária. O sacerdócio do Antigo Testamento era um sacerdócio de instituição humana. Nascia-se levita. Continuar lendo

UMA PANDEMIA DE DESESPERO

Eles não estão brincando, os evangélicos estão de fato partindo para o momento em que a teologia do domínio tentará chegar ao poder político' (João Cezar de Castro Rocha)

Por Dardo Juán Calderón

Fonte: Adelante la Fe

Perante a – em princípio inexplicável e aparentemente surpreendente – condescendência na proliferação de condutas pervertidas em ambientes religiosos, surpreendentemente especial na Igreja Católica, devemos lembrar que uma geração marcada pela falta de compromisso pessoal, pela falta de amor, iria afetar a Igreja desde um mundo corrompido (ao qual o Concílio Vaticano II dá boas vindas e compreensão), degenerando em uma tempestade de sentimentos impuros, que já reinavam gordos nas nações e que hoje mostram, no clero católico, a ponta de um iceberg que vinha congelando há muito tempo.

Os agnósticos estudiosos dos fenômenos sociais já o viam nesse mundo tão louvado pelos padres conciliares, e a definição de desespero, de falta de esperança, era a chave que encontravam. “Se ao menos pudesse sentir algo!”, é a fórmula de Lipovetsky para expressar o que chama de “novo desespero”. E segue desvelando tal desespero como “um mal-estar difuso que tudo invade, um sentimento de vazio interior e de absurdidade da vida”. Agrega Christopher Lasch: “os indivíduos aspiram cada vez mais a um desapego emocional, em razão dos riscos de instabilidade que sofrem, atualmente, as relações pessoais”, o que define como “a fuga ante o sentimento”. Não escapa a esses autores nenhum dos fenômenos que essa personalidade traz consigo, acentuando o lugar que o “sexo” ocupa nesse homem desesperado. “A liberação sexual, o feminismo e a pornografia, apontam ao mesmo fim: levantar barreiras contra as emoções e deixar de lado as intensidades afetivas”: é a aparição do cool sex, das relações livres, a condenação dos ciúmes e da possessividade, “trata-se de fato de esfriar o sexo”, “não somente para proteger-se das decepções, mas também para proteger-se dos próprios impulsos que ameaçam o equilíbrio interior”. O homossexualismo é a realização total desse desprendimento de compromisso afetivo, é em si mesma e conaturalmente uma relação sem futuro possível e até com um enorme dose de desilusão (ou melhor, repugnância) imediata ao ato de prazer, que apenas uma grande intervenção artificial das ciências (medicina, direito positivo, publicidade) consegue ocultar de seu decurso desagradável. “Uma temporada no inferno”, descreverá Rimbaud e “De profundis”, Oscar Wilde. Verlaine sangrará poemas de arrependimento no limite do desespero. Entendemos que como em Judas, possa, para aprofundar a tragédia, coexistir um fio de Fé com o desespero, mas a única explicação para que homens da Igreja amparem – e, por isso, promovam – tal abismo de amargura existencial é produto de eles mesmos sofrerem a mesma deformação por perda das virtudes teologais. E o que expressam é autocompaixão. Continuar lendo

17 DE OUTUBRO: DIA DE SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE

Este slideshow necessita de JavaScript.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Nascida em 22 de julho de 1647 em Verosvres, na diocese de Autun (França), Marguerite-Marie Alacoque (Margarida Maria Alacoque) se dedicou a Cristo desde muito jovem. Na verdade, tinha apenas 5 anos quando, ao ouvir falar dos votos religiosos de sua madrinha, ofereceu-se pronunciando estas palavras que ficarão gravadas na sua memória e que ela repetirá posteriormente: “Ó meu Deus, eu Vos consagro a minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua ”.

Aos 13 anos, acamada por vários anos devido a uma paralisia, foi milagrosamente curada pela Virgem logo após a promessa de consagrar-se a Deus pela vida religiosa. Depois de muitas vicissitudes e assédios sofridos por parte de familiares, ela entrou em 25 de maio de 1671, aos 23 anos, na Ordem das Visitandinas de Paray-le-Monial, na Borgonha.
 
Escolhida por Nosso Senhor para ser a mensageira do Seu amor misericordioso, ela recebeu 3 grandes revelações que estão na origem da devoção ao Sagrado Coração.
 
A mais importante é o de junho de 1675, onde Cristo lhe mostrou o seu Coração, dizendo: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia.”
 

Cristo pede o estabelecimento de uma festa particular para honrar o Seu Coração, comungando e fazendo reparações através de pedidos de perdão. Em troca, explica à sua confidente: “Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino amor sobre os que tributem essa divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”
 
Tornada mestra de noviças, Santa Margarida-Maria se esforça para difundir o amor do Sagrado Coração nas almas que lhe foram confiadas. Ela morreu piedosamente em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos, pronunciando o nome de Jesus.
 
Levará mais de um século até que, em 1824, a Igreja a declare venerável, e mais quarenta anos até que seja beatificada pelo Papa Pio IX, em 1864, ano do Syllabus . Ela foi canonizada em 13 de maio de 1920 pelo Papa Bento XV.
 
Oração após a comunhão: “Tendo participado dos mistérios do vosso Corpo e do vosso Sangue, possamos nós, Senhor Jesus, pela intercessão da bem-aventurada virgem Margarida Maria, despojar-nos das soberbas vaidades do mundo e revestir-nos da mansidão e da humildade do vosso Coração.”

*********************

O mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. CLIQUE AQUI e leia mais textos sobre essa devoção.

*************************

UMA CURIOSIDADE

Na Igreja da FSSPX em Oensingen (Suiça) está o altar original de Paray-le-Monial, construído após a morte de Sta. Margarita Maria Alacoque, e sob o qual seu corpo foi mantido até que o altar fosse substituído pelo atual.

Este slideshow necessita de JavaScript.

FOLHEANDO UM LIVRO DE 60 ANOS ATRÁS

A Declaração do Vaticano II sobre Liberdade Religiosa está em continuidade com o Magistério anterior? Eis a opinião de um teólogo favorável à época do Concílio. 

Fonte: Lettre à nos Frères Prêtres, n°107 – Tradução: Dominus Est

O Pe. Guy de Broglie (1889-1983) foi um sacerdote da Companhia de Jesus, autodeclarado discípulo de Santo Tomás e professor de teologia no Instituto Católico de Paris e na Universidade Gregoriana de Roma. Em 1964 e 1965, quando se discutia a Declaração do Concílio Vaticano II sobre a Liberdade Religiosa (promulgada em 7 de dezembro de 1965), ele publicou duas obras sobre o assunto, das quais se mostra um fervoroso defensor. É, portanto, ainda mais interessante reler, 60 anos depois, algumas passagens de sua segunda obra, intitulada Questões cristãs sobre a liberdade religiosa (1). Continuar lendo

AS ORAÇÕES DAS MÃES

Uma pequena cidade italiana deu, em 50 anos, 500 vocações à Igreja. Graças a uma prática muito simples… 

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O que Nosso Senhor Jesus Cristo pode recusar a Maria, sua mãe? Absolutamente nada. Porque, precisamente, ela é sua mãe, de pureza imaculada. Ele não pode recusar nada a ela porque Ela própria nada recusou ao seu divino filho. Ela se uniu ao seu sacerdócio e ao seu sacrifício desde a Anunciação até os pés do Calvário. Virgem fiel, ela se uniu à sua oração de adoração e expiação.

Sem dúvida, a Santíssima Virgem Maria apressou a vinda do Messias. Imaculada em sua fé e em seu amor, ela possuía uma acuidade muito particular das Escrituras. Ela sabia que o Messias não demoraria a chegar, agora que o cetro de Judá havia sido tirado dos descendentes do rei Davi, agora que as 70 semanas de anos anunciadas pelo profeta Daniel antes da chegada do Salvador haviam sido cumpridas. Maria, em sua oração, implorava a Deus que enviasse urgentemente aquele que salvaria os homens do pecado. As súplicas da Santíssima Virgem foram ouvidas. Elas tocaram o coração de Deus: o Salvador então encarnava-se no ventre desta Virgem. Ele é sacerdote e rei. É ele que sela uma nova aliança em seu sangue para a remissão dos pecados.

A oração de uma mãe acelerou os decretos do Céu. Continuar lendo

QUEM VAI ARRUMAR A MESA?

A MESA DA FAMÍLIA: AUTORIDADE E AMOR | DOMINUS EST

Irmãs da FSSPX

Em uma família, as crianças não são como hóspedes de um hotel onde tudo lhes é servido. É essencial que participem das tarefas da família, e a primeira que vem à mente, por ser uma atividade diária simples, é pôr a mesa. Essa é até uma das primeiras tarefas que as crianças podem cumprir e terão orgulho de que as julguemos capazes de pôr a mesa.

Talvez os pais temam que os mais pequenos acabem por quebrar a louça. O risco não é tão grande. Veja como estão ansiosos para provar-lhes que são dignos da confiança que lhes foi dada. As crianças sabem como prestar atenção e ter cuidado quando necessário. Não é melhor correr esse risco mínimo de um vidro quebrado do que arriscar transformar os filhos em criaturas egoístas, pouco dispostas a prestar serviços? Se necessário, é possível utilizar pratos de plástico no início de seu aprendizado. Continuar lendo

ATO HERÓICO DE CARIDADE

O maior cemitério do Rio de Janeiro tem a extensão de 3 Maracanãs – Diário  da Guanabara

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain) – Tradução: Dominus Est

O Ato Heroico de Caridade é uma oferta, um oferecimento voluntário de todas as obras pessoais de satisfação que possamos realizar durante nossas vidas, e de todos os sufrágios que possamos receber após nossa morte, para serem aplicados ao alívio das almas do Purgatório. Colocamos tudo nas mãos da Bem Aventurada Virgem, rogando-lhe que as disponha como lhe aprouver em favor dos fiéis defuntos. Embora esta oferta tenha sido aprovada por vários Papas e enriquecida por muitas indulgências, algumas objeções foram feitas a ela, conforme considerado nos parágrafos a seguir.

Alguns relutam em abrir mão de todo o controle de suas riquezas espirituais, dispondo tudo às almas sofredoras, e imaginam que chegarão ao seu julgamento de mãos vazias. Mas esse raciocínio é falso. Uma simples explicação do ensinamento da teologia sobre este ponto será suficiente para nos assegurar que nada perderemos, mas, na realidade, muito ganharemos com esta prática sagrada. Cada uma de nossas boas obras, realizada em estado de graça, normalmente possui um triplo valor aos olhos de Deus: Continuar lendo

03 DE OUTUBRO – DIA DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

História da autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus – Santuário  Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

No dia dessa grandiosa Santa, disponibilizamos abaixo alguns links sobre ela:

COMO MANTER A PACIÊNCIA?

A VIA MARIANA DA “PEQUENA TERESA” NO FIM DE SUA VIDA

CURA A SANTA TERESINHA

EDITORIAL DA REVISTA PERMANENCIA NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SANTA TERESINHA (1973)

A VIA DA INFÂNCIA ESPIRITUAL

TERESINHA, TEMPLO DE DEUS

SANTA TERESINHA, POR GUSTAVO CORÇÃO

NA IMITAÇÃO DE TERESINHA ESTÁ A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE

SÃO JOSÉ, SEGUNDO SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – OUTUBRO/25

Novena de Nossa Senhora do Rosário - Instituto Santo Atanásio

 Caros fiéis,

Quando os portugueses partiram pelos oceanos para explorar o mundo, não se deixaram levar pelos ventos nem pelo movimento das ondas; definiram as suas viagens de acordo com dados objetivos: a sua bússola e as estrelas. Da mesma forma, na jornada da sua existência, os católicos não podem deixar-se levar pelas modas mundanas ou pelas tendências da internet. Devem definir a sua atitude de acordo com a bússola da fé e os exemplos dos santos, que são estrelas no seu caminho. Este critério objetivo é a Tradição Católica, um conjunto de textos e práticas cuja unidade pode ser apreendida pelo estudo da história da Igreja.

Considerando essa harmonia ao longo dos séculos, não se pode deixar de admitir, sem cegueira ou má-fé, que o Concílio Vaticano II foi uma ruptura. Em 2000 anos de cristianismo, a Igreja nunca experimentou tantas reformas, tão profundas e tão distantes da Tradição. Vemos isso todos os dias; às vezes de forma particularmente escandalosa, como em 6 de setembro. Naquele dia, uma peregrinação LGBTQ+ pôde oficialmente entrar na Basílica de São Pedro. Antes, seus participantes haviam assistido a uma missa celebrada por um dos vice-presidentes da Conferência Episcopal Italiana. Este bispo dirigiu-se aos participantes: “Irmãos e irmãs, digo isto com emoção: é hora de restituir a dignidade a todos, especialmente àqueles a quem ela foi negada“. Uma declaração que foi recebida com longos aplausos. Em seguida, todos os participantes foram convidados a receber a comunhão. É interessante notar que o próprio bispo reconheceu a ruptura com a Tradição. O que era condenado torna-se permitido. O que era pecado torna-se virtude. Uma inversão verdadeiramente diabólica!

Nenhuma reação do Vaticano. Mas algumas reações notáveis de prelados honestos. Para o Cardeal Müller: “Eles profanaram o templo de Deus… abusaram da fé católica, da graça e do símbolo da Porta Santa para fins de propaganda, vivendo em aberta contradição com a vontade do Criador”. Continuar lendo

02 DE OUTUBRO – DIA DOS SANTOS ANJOS DA GUARDA

guardian-angel-painting

Clique aqui para ler a Meditação de Santo Afonso sobre os Anjos da Guarda.

********************************

********************************

Para um bom entendimento sobre questões referentes aos anjos colocamos abaixo alguns links sobre o assunto:

 

CONTRADIÇÕES MÚLTIPLAS

Um católico não tem saída: ou ele aceita o que a Igreja sempre ensinou e rejeita as novidades contrárias, ou aceita as novidades e rejeita o Magistério da Igreja.

Fonte: Courrier de Rome nº 689 – Tradução: Dominus Est

Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. Em outras palavras, se uma proposição é verdadeira, então a proposição contraria é necessariamente falsa, e vice-versa. Isso é evidente. Se uma pessoa nega tal princípio, então ela afirma algo, a saber, que esse princípio é falso. Mas ao afirmar isso, ela rejeita a proposição contrária, ou seja, que esse princípio não é falso. Ela admite, portanto, que é impossível ser e não ser ao mesmo tempo (1).

É em virtude desse princípio que todo católico é capaz de rejeitar certas proposições que contrariam o que é ensinado pelo Magistério da Igreja. Ora, acontece que, desde o Concílio Vaticano II, vemos contradições entre o que a Igreja sempre ensinou como pertencente à doutrina católica e o que os homens da Igreja ensinam hoje. Acabaremos por ter de negar o princípio da não contradição?

Aqui estão seis contradições. Continuar lendo

AO TRABALHO!

Em todo retorno de férias, lembremo-nos de que o trabalho traz, junto com os frutos e lucros que dele se obtêm, a felicidade: um sinal de que Deus assim assim o deseja e traz a sua bênção.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Sabemos que o trabalho corresponde à vontade de Deus para o homem: Adão, o primeiro deles, é conduzido pelo Senhor Deus “ao jardim do Éden para o cultivá-lo e guardá-lo” (Gn 2,15). Assim como comer e beber, o trabalho traz, junto com os frutos e o lucro que dele se obtêm, a felicidade: um sinal de que Deus assim o deseja e traz a sua bênção.

No Antigo Testamento, os livros sapienciais frequentemente afirmam: “E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.“, diz Eclesiastes (3, 13). “Porque comerás do trabalho das tuas mãos: bem-aventurado és! E te irá bem”, diz o Salmo 127 ao pai de família. E no livro de Provérbios (cap. 31), a mulher forte — modelo da mulher judia, fiel a Deus e sábia no governo da sua casa — é elogiada pelo trabalho das suas mãos, desde o preparo das refeições até o governo das criadas, desde os negócios até as obras de misericórdia: “Dai-lhe graças pelo fruto do seu trabalho“! Continuar lendo

A PSICOLOGIA ANALÍTICA DE JUNG É MAIS PERIGOSA QUE A PSICANÁLISE DE FREUD?

Resultado de imagem para jung freud

Introdução

Carl Gustav Jung (1875-1961) demonstrou um grande interesse pela religião em geral, tanto a ocidental mas especialmente a oriental 1. Certamente, ele está longe do ateísmo de Freud e da sua opinião negativa sobre todas as religiões.

Contudo, se examinarmos atentamente o pensamento junguiano, encontramos aqui um espiritualismo gnóstico, alquímico e esotérico muito mais perigoso do que o pansexualismo freudiano, porque é mais dissimulado e pode se tornar mais facilmente uma armadilha para os católicos 2.

É preciso ter em mente que, se Jung, como Hegel, lança mão de conceitos cristãos, no entanto, dá a eles um significado substancialmente diferente da teologia católica 3.

Simbolismo e relativismo religioso de Jung

É um fato objetivamente constatável que Jung, embora dizendo-se cristão/protestante, relativiza todos os conceitos e dogmas cristãos em um conceito muito abrangente do “religioso”, no qual todas as religiões se equivalem.

Ademais, ele estuda as religiões na sua relação com a psique humana, que para ele é a consciência humana mais o inconsciente, não as estuda como uma doutrina dogmático-moral objetiva porque, no tocante ao problema da sua objetividade e realidade, ele se declara agnóstico.

Ele justifica o seu agnosticismo relativista servindo-se da filosofia kantiana, segundo a qual o homem não pode conhecer a coisa em si, mas apenas como ela lhe aparece depois de lhe ter aplicado as suas categorias subjetivas — o a priori de Kant ou, para Jung, a nossa estrutura psíquica. Assim, supondo-se que Deus exista, sem poder prová-lo, não podemos conhecer a sua existência objetiva, mas apenas como o representamos graças aos símbolos que a psique humana forma dele. Continuar lendo

“NÓS O INCITAREMOS AO CISMA!”

Tal como a Revolução, o pós-Concílio redefine o bom cidadão da Igreja.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Em um testemunho publicado em 2009, pouco antes da sua morte, D. Jacques Masson(1) (1937–2010) relatou que o seu bispo, D. Jacques Ménager, furioso com a sua colaboração à obra de D. Lefebvre, exclamou durante uma entrevista acalorada com ele em 1971: “D. Lefebvre é um integrista, fez de tudo para sabotar o Concílio. Diz que é fiel ao Papa, mas desobedece a Paulo VI: recusa-se a celebrar a missa nova. Pois bem! Veremos até onde irá a sua fidelidade ao Papa: faremos com que o Papa Paulo VI proíba a Missa de São Pio V: ou ele obedecerá ao Papa celebrando a missa nova, ou nós o incitaremos ao cisma(2)!

D. Ménager foi bispo auxiliar de Versalhes, bispo de Meaux, depois arcebispo de Reims, presidente da Comissão Francesa “Justiça e Paz” (!) do episcopado francês quando esta foi criada em 1967.

O episódio tem o mérito de mostrar que quanto mais se prega a abertura e o diálogo, mais se abrem as hostilidades. Continuar lendo

OS TRADICIONALISTAS SÃO JANSENISTAS: UMA ACUSAÇÃO ERRÔNEA – PARTE 2/2

A primeira parte desta série de artigos (clique aqui para lê-la) lançou um olhar crítico sobre certas distorções do catolicismo tradicional encontradas no polêmico artigo de Josh Blanchard e Rick Yoder, “A Rival Magisterium“. Especificamente, argumentau-se que acusar os tradicionalistas de serem “jansenistas“, embora seja um tropo de longa data, carece de mérito. Este artigo aborda a acusação mais séria feita por Blanchard e Yoder, a saber, que, assim como os jansenistas de antigamente, os católicos tradicionalistas construíram seu próprio magistério paralelo — ou melhor, rival — desafiando a autoridade do magistério da Igreja.

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Uma distinção necessária

Embora haja divergências entre alguns católicos tradicionalistas quanto ao status exato do Concílio Vaticano II e à ortodoxia doutrinária de diversos documentos de ensino que emanaram da Igreja nas últimas seis décadas, a Fraternidade São Pio X (FSSPX) tem consistentemente chamado a atenção para os pontos em que esses pronunciamentos se desviam do depósito da fé. A liberdade religiosa, a colegialidade e o ecumenismo – todos os ensinamentos do Concílio Vaticano II — foram cuidadosamente examinados pela Fraternidade e por outros tradicionalistas. Essa postura crítica, que sempre foi adotada em defesa da fé católica, não equivale à construção de um magistério rival dentro da Igreja. Ela é feita a serviço da Igreja, para lembrar aos fiéis o que ela professava claramente antes do advento do modernismo.

Não é de surpreender, portanto, que Blanchard e Yoder dediquem uma parte significativa de sua atenção à Fraternidade, incluindo seu fundador, D. Marcel Lefebvre. Recordando a famosa “Declaração de 1974” do Arcebispo, a dupla aparentemente enxerga um espírito jansenista nessa declaração — antes de confessar que essa proclamação de fidelidade à Tradição Católica, na verdade, nada tem a ver com o jansenismo propriamente dito.  Continuar lendo

AS VIRTUDES DA FAMÍLIA CATÓLICA

A Brief Rule of Life for Catholic Families – Benedictine College Media &  Culture

Pelo Pe. Álvaro Calderón, FSSPX

Introdução

O demônio é o príncipe desse mundo que, antes da chegada de Jesus Cristo, conquistara até mesmo o povo escolhido; e, como homem armado, guardava seu reino.

Jesus Cristo, mais forte do que ele, expulsou-o da verdadeira Israel, ou seja, da Igreja Católica – Igreja que ergueu no meio das trevas como Torre de Ouro e de Marfim, escada de Jacó fortificada que leva até o céu; para que acudissem a ela os indivíduos, as famílias e as nações, se desejam sua salvação.

A Igreja possui as virtudes de Jesus Cristo, o Ouro de sua Divindade e o Marfim de sua humanidade, o Ouro de sua caridade e o Marfim de sua pureza, com os quais é capaz de confirmar as almas, as famílias e os povos.

A Igreja chegou a receber uma família de povos que se chamou Cristandade, forte em graça e em sabedoria. Mas após um ataque de sete séculos, acabou caindo e foi invadida pelos maus espíritos, sua ruína pior do que a princípio. O que foi a Cristandade, a Cidade de Deus, a Cidade do Amor a Deus até a entrega de si, voltou a ser Babel, a Cidade de Caim, a Cidade do Amor-próprio até o desprezo de Deus. Continuar lendo

OS TRADICIONALISTAS SÃO JANSENISTAS: UMA ACUSAÇÃO ERRÔNEA – PARTE 1/2

Acusar católicos tradicionalistas de serem “jansenistas” é um tropo desgastado que persiste há décadas. Essa acusação mal formulada geralmente não tem nada a ver com os enigmáticos debates sobre graça e predestinação que definiram o jansenismo histórico do século XVII. Em vez disso, o “jansenismo” é usado como sinônimo pejorativo de rigorismo estéril, frieza espiritual e desobediência eclesiástica. Embora avanços significativos tenham sido feitos nos últimos anos para esclarecer a real história do jansenismo e dos movimentos adjacentes que ele inspirou, é irônico que dois acadêmicos que tem procurado atualizar a compreensão pública sobre o jansenismo tenham voltado a comparar os tradicionalistas católicos a esse movimento condenado pelo Papa.

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Dois jovens acadêmicos renovam uma antiga acusação

Em um artigo que é, ao mesmo tempo, informativo e frustrante, “A Rival Magisterium” (Commonweal), os estudiosos jansenistas Shaun Blanchard e Richard T. Yoder se propuseram a explicar  “o que os tradicionalistas de hoje têm em comum com os jansenistas”. Blanchard, por sua vez, é o autor de The Synod of Pistoia and Vatican II: Jansenism and the Struggle for Catholic Reform – Jansenismo e a luta pela reforma católica (Oxford University Press 2020). Pistoia, que foi um sínodo diocesano italiano de 1786, foi condenado pelo Papa Pio VI em 1794 por emitir uma série de decretos que, entre outras coisas, buscavam introduzir o vernáculo na liturgia, limitar o calendário de santos e abolir todas as ordens monásticas, exceto as que seguiam a Regra de São Bento. Blanchard argumenta que Pistoia não foi apenas um precursor do Concílio Vaticano II, mas uma espécie de “ponto culminante” da incorporação de certas reformas jansenistas na vida da Igreja.

Yoder, juntamente com Blanchard, também foi curador de Jansenism: An International Anthology (Catholic University of America Press, 2024). Essa coletânea de textos jansenistas (ou relacionados ao jansenismo) abrange cerca de 150 anos de história da Igreja, abrangendo geograficamente desde o Vallée de Chevreuse, a sudoeste de Paris, na França, até Beirute, no Líbano. Ele também contém uma extensa introdução sobre a história do jansenismo feita pela dupla, que é amplamente repetida de forma condensada em sua polêmica contra o catolicismo tradicional. Embora não seja possível recapitular essa história aqui, é suficiente dizer que Blanchard e Yoder prestaram um serviço à erudição histórica ao traçar o jansenismo (nomeado assim em homenagem ao bispo Cornelius Jansen – um bispo e teólogo cujo controverso Tomo sobre o pensamento de Santo Agostinho ajudou a engendrar o movimento) de uma disputa sobre graça e predestinação a uma série de disparates, mas conectados, que questionaram o alcance da autoridade papal; a natureza do governo da Igreja; a estrutura e o serviço da liturgia; práticas devocionais populares; e certas vertentes da teologia moral e da práxis. Por fim, sua obra se soma ao pequeno, mas crescente, corpus da literatura anglófona que vê certas vertentes do jansenismo prenunciando a Nouvelle Théologie do século XX e as reformas do Vaticano II. Continuar lendo

A VIRILIDADE: UMA PERSPECTIVA CATÓLICA SOBRE UM COMENTÁRIO MUITO OPORTUNO

A crise histórica que vivemos, que deslegitimou o Pai e eliminou a complementaridade do masculino e do feminino, mostra uma evidente devirilização que informa todas as esferas de nosso ser-no-mundo. Apesar disso, temos a tomada de consciência daqueles que ainda mantêm um espírito crítico e um senso de realidade que está intimamente ligado à verdadeira fé.

Fonte: Chiesa e Post Concilio – Tradução: Dominus Est

Muitos homens vivem suas vidas evitando responsabilidades, trabalhos e esforços. Muitos não têm ideia do propósito de suas vidas ou para onde querem ir. Outros ainda recuam diante de uma cultura que interpreta qualquer movimento em direção ao desenvolvimento do caráter ou à liderança masculina como odioso e opressivo. Todas essas figuras masculinas estão perdendo um ingrediente vital: a virilidade. Eles precisam dela com urgência.

Finalmente alguém se manifesta

A virilidade não se resume a ter certos cromossomos. O senador americano Josh Hawley (Republicano do Missouri) descreve suas características em seu novo livro, “Manhood: The Masculine Virtues America Needs” (Masculinidade: As Virtudes Masculinas que a América Precisa). Ao ler esse livro, respiramos aliviados porque finalmente alguém está dizendo o que precisa ser dito: a virilidade é boa, necessária e alcançável.

O livro do senador Hawley combina vários estilos para expressar seu ponto de vista. É, em parte, um livro de memórias, com relatos de como seus familiares e antepassados vivenciaram sua masculinidade. Em parte, é um estudo bíblico que reúne histórias, lições e passagens das escrituras que apontam para o propósito da masculinidade dado por Deus. Por fim, é um comentário social sobre o desejo da pós-modernidade de destruir a masculinidade e o que precisa ser feito para recuperá-la. Continuar lendo