O amor é um orvalho que fertiliza.
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Sermão proferido pelo Revmo. Pe. Samuel Bon, do Piorado São Pio X de Lisboa, por ocasião da Festa da Ascensão de Nosso Senhor 2021.
Em uma Carta a Amigos e Benfeitores publicada em 1975, Mons. Lefebvre explicou o que estava no centro da oposição que se manifestava contra o Seminário de Ecône: o liberalismo, por natureza contrário à Tradição da Igreja. Observações sempre esclarecedoras para compreender a implacabilidade contra a Tradição que infelizmente ainda está em andamento na Igreja.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Como explicar essa oposição à Tradição em nome de um Concílio e sua aplicação? Podemos razoavelmente, e devemos realmente, nos opor a um Concílio e suas reformas? Além disso, podemos e devemos nos opor às ordens da hierarquia que apelam ao Concílio e todas as orientações pós-conciliares oficiais? Eis o grave problema que hoje, passados dez anos pós-conciliares, surge na nossa consciência por ocasião da condenação de Ecône. É impossível responder prudentemente a essas perguntas sem fazer um breve relato da história do liberalismo e do catolicismo liberal nos últimos séculos. Só podemos explicar o presente por meio do passado.
Princípios do liberalismo
Vamos primeiro definir o liberalismo, em poucas palavras, cujo exemplo histórico mais típico é o protestantismo. O liberalismo pretende libertar o homem de qualquer restrição indesejada ou aceitas por ele mesmo.
Primeira libertação: aquela que liberta a inteligência de qualquer verdade objetiva imposta. A Verdade deve ser aceita diferentemente de acordo com os indivíduos ou os grupos de indivíduos, e portanto, é necessariamente compartilhada. A Verdade é criada e buscada incessantemente. Ninguém pode alegar tê-la exclusiva e integralmente. Podemos adivinhar o quanto isso é contrário a Nosso Senhor Jesus Cristo e à sua Igreja.
Segunda libertação: a da fé, que nos impõe dogmas, formulados definitivamente e aos quais a inteligência e a vontade devem se submeter. Os dogmas, segundo o liberal, devem ser submetidos ao crivo da razão e da ciência e isso de forma constante, dado o progresso científico. Portanto, é impossível admitir uma verdade revelada definida para sempre. Notaremos a oposição deste princípio à Revelação de Nosso Senhor e à Sua autoridade divina. Continuar lendo
Por ocasião do Concílio Vaticano II, a definição do dogma da Mediação Universal de Maria havia sido expressamente solicitada por 300 bispos. Mas durante a preparação deste Concílio, esta [definição] teve como implacável adversário o futuro Paulo VI. Foi o ecumenismo conciliar, com os protestantes em particular, que barrou o caminho a uma definição dogmática.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Este ano de 2021 é o ano do centenário da concessão da Missa de Maria Medianeira por Roma (12 de janeiro de 1921). Concedida pela primeira vez, em 31 de maio, à Bélgica e a todas as dioceses que assim a solicitassem, esta Missa, em alguns lugares, faz parte do Proprio do missal de 1962, no dia 8 de maio. Lex orandi, lex credendi: sendo a lei da oração a lei da fé, esta Missa é a expressão da fé da Igreja a respeito do privilégio da Virgem Santíssima.
Uma doutrina tradicional
Toda a tradição católica ensina que Maria é medianeira de todas as graças. Os Padres Apostólicos – herdeiros diretos dos Apóstolos, os Padres da Igreja, os doutores medievais, os autores da era moderna, os papas, especialmente desde a Revolução até Pio XII – o último papa do pré-Concilio, todos ensinam esse privilégio de Maria Medianeira.
A mediação de Maria é uma doutrina antiga, como evidencia esta citação de São Gregório de Nazianzo (+389) que se dirige à Mãe de Deus: “Porque sabemos que a graça divina chega a nós por vossa intermediação”. Este ensinamento é anterior ao Concílio de Éfeso, que definiu a Maternidade Divina em 431. Isso mostra sua antiguidade.
É também, desde muito cedo, uma doutrina universal na Igreja: “É encontrada pregada nos quatro cantos do mundo mediterrâneo nos séculos III e IV: em Jerusalem por São Cirilo, em Roma por Tertuliano, na Síria por Santo Efrém, em Constantinopla por São João Crisóstomo, no Chipre por São Epifânio, na Capadócia por Santo Anfilóquio, em Verona por São Zeno, em Alexandria por Santo Atanásio, em Milão por Santo Ambrósio, em Cartago por Santo Agostinho.” Todas as grandes sedes episcopais do Cristianismo a pregaram. Continuar lendo
Fonte: SSPX/District of Great Britain – Tradução: Dominus Est
Insanidade no mundo
Meus queridos fiéis,
Parece haver uma escalada alarmante de conflitos e insanidades em nossa sociedade atual. Um “zeitgeist” (sinal dos tempos) frenético de desequilibradas ideologias está acelerando a queda da Igreja Católica e de toda a civilização ocidental: liberalismo, feminismo, construtivismo, amor livre, ideologia de gênero, direitos reprodutivos, ambientalismo, ideologia pandêmica, teoria crítica racial e outros.
Estes são promovidos e impostos pelos pilares do poder mundial: governos, acadêmicos, corporações multinacionais, bancos, mídia e celebridades. Nunca antes eles foram tão coordenados e sem oposição em seus esforços. A hierarquia da Igreja Católica, outrora poderosa no cenário mundial como guardiã tanto da verdade como da moralidade, natural e sobrenatural, repete pateticamente sua mensagem em linguagem pseudo-teológica para não ser deixada para trás.
Como tantos podem abraçar a insanidade? De onde vem isso?
Motivos para aceitar a insanidade
Que as novas ideologias do “zeitgeist” são insanas é fácil de ver, pois elas contêm múltiplas contradições internas e têm consequências catastróficas na sociedade quando implementadas (ver Figura 1).
Alguns realmente não se importam se o zeitgeist é um vento favorável ou desagradável, mas cinicamente abraçam múltiplas e insanas ideologias para ganho pessoal – desde que seguir a ideologia do mundo “seja bom para mim”.
Alguns outros querem apenas prosperar no mundo e, assim, apesar de suas reservas quanto às ideologias, capitulam às suas exigências. Continuar lendo
Caros Fiéis,
Sua Excelência Dom Bernard Fellay visitará o Brasil em agosto-setembro. Ele deverá administrar o sacramento da Crisma em São Paulo no sábado, 4 de setembro de 2021.
Aqueles que desejarem receber este sacramento deverão preencher as seguintes condições:
– a certidão de Batismo da pessoa que receberá a Crisma
– o documento de identidade (RG) da pessoa que receberá a Crisma
– a certidão da Crisma do padrinho / madrinha
– o formulário “Pedido de Crisma” preenchido (este documento está disponível no site www.fsspx.com.br)
As inscrições serão encerradas em 15 de junho.
Alguns detalhes para ajudar a preencher o formulário “Pedido de Crisma”, disponível ao final desta página:
Certidão de Batismo:
Aqueles que foram batizados em uma das capelas do Priorado Padre Anchieta de São Paulo, não precisam fornecer a certidão de Batismo.
Padrinho / Madrinha:
Cada pessoa que recebe o sacramento da Crisma deve ter um padrinho ou madrinha. As condições para assumir esta responsabilidade são as seguintes:
– ser do mesmo sexo do confirmando,
– não ser o padrinho/madrinha do Batismo,
– ter pelo menos 16 anos de idade,
– ser batizado e crismado,
– ter uma vida em conformidade com a moral católica,
– não estar sob sentença canônica,
– não ser membro de uma seita herética ou cismática,
– não ser pai, mãe ou cônjuge do confirmando.
Os padrinhos que foram crismados em uma capela dependente do Priorado Padre Anchieta de São Paulo não precisam fornecer a certidão de Crisma.
Nome de Crisma:
É costume escolher um nome específico adicional para Crisma, mas não é obrigatório. É possível manter o nome de Batismo.
Crisma sub conditione (sob condição):
Se uma pessoa que já recebeu a Crisma tem alguma dúvida ou certeza sobre a invalidade deste sacramento, ela pode recebê-lo novamente sob condição.
Neste caso, é possível escolher outro padrinho.
Qualquer dúvida, escrive para: contato@fsspx.com.br
Obrigado por cumprir com todas estas indicações.
Estejam certos das orações e dedicação dos Padres.
Padre Jean-François Mouroux, FSSPX
Prior
Ficha de inscrição
Clique no botão abaixo para abrir a ficha de inscrição. Você deve imprimi-la, preenchê-la completamente e entregá-la, juntamente com todos os documentos pedidos, ao Padre encarregado de sua capela ou a um Padre no Priorado Padre Anchieta.
Clique aqui para acessar a ficha de inscrição
Fonte: La Trompette de Saint Vincent n° 23 – Tradução: Dominus Est
Se nossa vida não é mais guiada pelo “Servir primeiro a Deus“, é muito provável que seja guiada pelo “non serviam” de Lúcifer.
As fórmulas gerais que convidam a um entendimento fraterno entre todos os homens são muito atraentes. Quem pode, razoavelmente, se opor à paz universal? A caridade não é um tema importante da pregação católica?
O problema começa quando queremos especificar os detalhes práticos desse entendimento universal. De fato, será necessário concordar sobre a noção de felicidade, sobre os princípios que orientarão a ação comum e sobre muitas outras questões religiosas. Isso é realmente possível para um católico?
Ignorar a revelação cristã quando ela ocorre é negá-la. Isso se chama naturalismo: a recusa de Nosso Senhor, de sua Igreja, de sua graça. O Naturalismo é a rejeição do sobrenatural. O homem pensa que pode alcançar a perfeição sem a ajuda de Cristo.
Essa recusa pode assumir várias formas: formas absolutas que se opõem radicalmente à fé, ou formas mitigadas, como aquela que toma a fé como opinião. Essa forma mitigada é muito atrativa, pois é simpática e vai muito bem com o liberalismo dominante. É, portanto, muito perigoso. Para ela, a fé é apenas uma opção, ou uma livre opinião. Ela não é contra Nosso Senhor, de quem poderá dizer coisas belas. Mas essa preferência é apenas uma opção, praticamente facultativa. Não é preciso dizer mais nada para perceber que tudo está sendo feito hoje para nos ensinar essa mentalidade de naturalismo moderado. Tudo é feito para que nossa vida se organize em torno de um princípio diferente de Jesus Cristo: dinheiro, saúde, reputação… E se nossa vida não for mais guiada pelo “Servir primeiro a Deus“, corre o risco de sê-lo pelo “Non Serviam” de Lúcifer. Se não é mais o amor de Deus que governa nossa vida, pode muito bem ser o amor desordenado de nós mesmos.
Acautelemo-nos do demônio do naturalismo que esconde seu ódio a Jesus Cristo sob a indiferença religiosa, a promoção de um entendimento fraterno e a construção de uma paz universal.
Pe. Vincent Gélineau, FSSPX
Nota do blog: um excelente texto do Pe. Emmanuel-Andre (O Remédio para o Naturalismo) pode ser lido clicado aqui.
Em 1º de maio, a Igreja celebra a festa de São José Operário, padroeiro dos trabalhadores, coincidindo com o Dia Mundial do Trabalho. Esta celebração litúrgica foi instituída em 1955 pelo Papa Pio XII, diante de um grupo de trabalhadores reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Naquela ocasião, o Santo Padre pediu que “o humilde operário de Nazaré, além de encarnar diante de Deus e da Igreja a dignidade do trabalho manual, seja também o providente guardião de vocês e suas famílias”.
Pio XII desejou que o Santo Custódio da Sagrada Família, “seja para todos os trabalhadores do mundo, especial protetor diante de Deus e escudo para proteger e defender nas penalidades e nos riscos de trabalho”.
Nessa Festa de São José, seguem alguns textos para leitura:
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Para acessar todos os posts publicados relacionados ao glorioso São José, clique aqui.
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
Corre-se o grande risco de nos cansarmos ou deixarmos banalizar em nossas mentes os grandes desvios doutrinários e morais que o ensino oficial da Igreja e os papas recentes fazem em particular.
É por isso que devemos ler e reler certos textos que nos permitem manter intacta a nossa capacidade de indignação, porque se baseiam na revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Abaixo uma carta de Mons. Marcel Lefebvre a oito cardeais, datada de 27 de agosto de 1986 ,por ocasião do Encontro de Assis.
“Os discursos e atos de João Paulo II no Togo, no Marrocos, na Índia, na sinagoga de Roma, suscitam nossos corações de uma santa indignação. O que os Santos do Antigo e do Novo Testamento pensam sobre isso? O que a Santa Inquisição faria se ainda existisse?
É o primeiro artigo do Credo e o primeiro mandamento do Decálogo que são desprezados publicamente por aquele que se assenta na Cátedra de Pedro. O escândalo é incalculável na alma dos católicos. A Igreja está abalada em seus alicerces. Se a fé na Igreja, única arca de salvação, desaparece, é a própria Igreja que desaparece. Toda a sua força, toda a sua atividade sobrenatural está baseada neste artigo de nossa fé.
João Paulo II continuará a arruinar a fé católica, publicamente, especialmente em Assis, com a procissão das religiões planejada nas ruas da cidade de São Francisco, e com a distribuição das religiões nas capelas e na basílica para exercer seu culto em favor da paz tal como é concebida na ONU? Isso é o que anuncia o Cardeal Etchegaray, responsável por este abominável Congresso de Religiões. É concebível que nenhuma voz autorizada seja levantada na Igreja para condenar esses pecados públicos? Onde estão os Macabeus?”
Os oito cardeais destinatários foram o cardeal Giuseppe Siri, Arcebispo de Gênova; Cardeal Paul Zoungrana, Arcebispo de Ouagadougou; Cardeal Silvio Oddi, ex-prefeito da Congregação para o Clero; Cardeal Marcelo González Martín, Arcebispo de Toledo; Cardeal Hyacinthe Thiandoum, Arcebispo de Dakar; Cardeal Alfons Stickler, bibliotecário da Biblioteca do Vaticano; Cardeal Édouard Gagnon, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, e o Cardeal Pietro Palazzini, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Fonte: L’Hermine n ° 61 (em La Porte Latine) – Tradução: Dominus Est
Nestes últimos meses, as autoridades da Igreja “conciliar” se apoiaram na pandemia do Covid-19 para encorajar ou impor a prática de receber a Sagrada Eucaristia nas mãos. Em sentido inverso, circulam muitas publicações que pretendem provar que a comunhão sempre foi recebida na língua, mesmo nos primeiros séculos da Igreja. O que devemos pensar? Na Internet existem muitos documentos que, embora defendam a comunhão na língua, o fazem com base em argumentos falaciosos. É necessário, portanto, aprofundar a questão, sem, no entanto, abandonar o estilo simples do catecismo. Por isso, decidimos inserir no texto apenas as principais conclusões, relegando todo o aparato crítico das evidências às notas finais.
A comunhão nas mãos é uma prática da liturgia romana reformada após o Concílio Vaticano II. O sacerdote (ou outro ministro da Eucaristia, que na nova liturgia também pode ser um leigo [1] coloca a hóstia sobre a palma da mão esquerda do fiel, que a pega com a mão direita e a leva à boca.
A prática atual da comunhão nas mãos foi introduzida oficialmente em 29 de maio de 1969 pela Instrução Memoriale Domini da Sagrada Congregação para o Culto Divino [2]. Este documento, embora exprima uma preferência pela comunhão na língua, confia às Conferências Episcopais, após consulta ao Vaticano, o poder de autorizar a comunhão nas mãos.
Alguns autores, se apoiando na carta da Instrução Memoriale Domini, vêem a comunhão na mão como um mal que o Vaticano teria tolerado unicamente por causa das circunstâncias. De fato, em alguns países (especialmente Bélgica, Holanda, França e Alemanha) a comunhão na mão já havia sido introduzida abusivamente. Ao invés de deixar a porta aberta para uma experimentação anárquica, o Vaticano teria preferido aceitá-la e regulamentá-la. Esta interpretação benevolente é, no entanto, contrariada pelos fatos. De fato, se tivesse sido apenas uma mera tolerância, o Vaticano teria que desencorajar a comunhão nas mãos nos países onde ela não havia sido difundida. No entanto, aconteceu o oposto. Por exemplo, a comunhão nas mãos foi autorizada na Itália em 1989, na Argentina em 1996, na Polônia em 2005. Além disso, D. Annibale Bugnini, Secretário da Congregação para o Culto Divino, deixou claras as intenções do Vaticano em um artigo publicado em 15 de maio de 1973 no Osservatore Romano e revisado pelo próprio Paulo VI [3]: para não mortificar “um significativo número de bispos, que se referem a uma prática [comunhão na mão] igualmente válida na história da Igreja e que, em certas circunstâncias, pode ser útil ainda hoje”. Agora, “válido” e “útil” não se referem a um mal que é tolerado, mas a um bem que é autorizado. A conclusão é óbvia: não há mera tolerância, mas verdadeira autorização, embora restrita. Continuar lendo
Apóstata é a pessoa que já foi católica e que abandonou toda a prática da religião. Por ter recebido e crido na fé católica e por ter conhecido ao menos alguma coisa da ordem sobrenatural da graça, não é possível que tal pessoa esteja de boa fé, como seria possível a um protestante que parou de praticar sua falsa religião. A razão para isso é que a boa fé pressupõe ignorância invencível. Ignorância invencível só é possível para aqueles que não têm possibilidade de conhecer a verdade acerca da revelação divina, e cuja ignorância, portanto, não é culpável. Alguém que já teve a virtude teológica da fé infundida no batismo e que recebeu ao menos alguma instrução na fé católica não pode estar em ignorância invencível. Ele pode, certamente, estar em ignorância quanto à verdadeira Igreja e seus ensinamentos, mas, se ele estiver nesse estado, é por culpa própria, e sua ignorância é vencível. Aparentemente, as únicas exceções a essa regra seriam católicos batizados que nunca receberam ensinamento algum sobre a fé, ou que não receberam exemplos de vidas católicas.
A Igreja Católica recusa exéquias cristãs a todos os pecadores públicos, incluindo apóstatas públicos que não se arrependeram. Se eles deram algum sinal de arrependimento antes da morte, ainda que seja um sinal ao menos provável, como palavras de tristeza pela sua teimosia ou o desejo de receber um Padre, a Igreja pode ter alguma esperança quanto à sua salvação eterna e, portanto, autoriza um funeral cristão. Desnecessário dizer, porém, que apenas Deus pode julgar a alma, então é permitido rezar em privado e oferecer Missas privadas pelos apóstatas que não deram sinais de arrependimento.
Nosso Senhor diz aos seus Apóstolos: Se vos não converterdes e vos não tornardes como meninos, não entrareis no reino dos céus1. São Paulo acrescenta: o Espírito Santo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus2, e nos aconselha freqüentemente uma grande docilidade ao Espírito Santo. Esta docilidade se encontra particularmente na via da infância espiritual, recomendada por muitos santos e, ultimamente, por Santa Teresa do Menino Jesus. Esta via, tão fácil e proveitosa para a vida interior, é muito pouco conhecida e seguida.
Por que pouco seguida? Porque muitos imaginam erroneamente que esta é uma via especial, reservada às almas que se conservaram completamente puras e inocentes; e outros, quando lhes falamos desta via, pensam em uma virtude pueril, uma espécie de infantilidade, que não poderia lhes convir. Estas idéias são falsas. A via da infância espiritual não é nem uma via especial nem uma via de puerilidade. A prova é que foi Nosso Senhor, ele mesmo, quem a recomendou a todos, mesmo àqueles responsáveis pelas almas, como os Apóstolos formados por Ele3.
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Para se ter uma visão de conjunto da via da infância espiritual, é preciso de início notar suas semelhanças e, em seguida, suas diferenças com a infância corporal.
As semelhanças são patentes. Quais as qualidades inatas das crianças? Em geral, elas são simples, sem nenhuma duplicidade, são ingênuas, cândidas, não representam, mostram-se tais como são. Ademais, têm consciência de sua deficiência, pois precisam receber tudo de seus pais, o que as dispõe à humildade. São levadas a crer simplesmente em tudo o que dizem as suas mães, a depositar uma confiança absoluta nelas, e a amá-las de todo seu coração, sem cálculo.
Quais as diferenças entre a infância ordinária e a infância espiritual? — A primeira diferença é notada por São Paulo: Não sejais meninos na compreensão, mas sede pequeninos na malícia4. A infância espiritual se distingue da outra pela maturidade do julgamento e de um julgamento sobrenatural inspirado por Deus. Continuar lendo
Fonte Courrier de Rome n°639 – Tradução: Dominus Est
O Código de Direito Canônico de São Pio X diz, no cânon 1013, que um dos fins secundários do matrimônio é “um remédio à concupiscência”. Expressão misteriosa! O que isto significa? Como este sacramento é um remédio para a concupiscência?
Esta noção foi definida pelo Concílio de Trento[1] que também o chama de lar do pecado. Não é um pecado, mas incita ao pecado. É uma das tristes conseqüências do pecado de nossos primeiros pais e afeta todos os filhos de Adão. Somente Nosso Senhor e sua Santa Mãe foram preservados dela. No campo do matrimônio, falamos especialmente da concupiscência da carne, que consiste em uma desordem do apetite sensível que leva o homem ao pecado da luxuria. De fato, Deus colocou em cada homem um desejo de propagar a espécie humana, mas essa tendência é desajustada pelo pecado original, de modo que é difícil para o homem controlá-la. É por isso que os pecados da impureza são tão difundidos desde as origens da humanidade. Certamente o batismo apaga o pecado original e concede a graça santificante. Contudo, permanecem as feridas nos batizados que Deus nos deixa como oportunidades de luta e de mérito. Daí a necessidade de encontrar um remédio para a concupiscência, ou seja, um meio que ajude o ser humano a apaziguar este desejo violento, a acalmá-lo e a controlá-lo.
Sr. Yves Semen, especialista em teologia do matrimônio de João Paulo II e autor de numerosas obras sobre o assunto, rejeita veementemente a explicação teológica tradicional do matrimônio como remédio à concupiscência. Em seu livro O Matrimônio segundo João Paulo II, publicado em 2015, ele escreve: “A palavra concupiscência, além de estar um tanto desatualizada, é afetada por uma consonância infeliz…sobretudo, sugere que o matrimônio seria uma espécie de alívio do estresse sexual. (…) É o sacramento do matrimônio que, entre outros efeitos, é um remédio para a concupiscência, não o uso do matrimônio, ou seja, não a atividade sexual em si” [2] . Continuar lendo
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
O sacerdote, assim que é enviado em missão pela Igreja – mesmo no âmbito de uma jurisdição de suplência como entre os sacerdotes da FSSPX – não tem outra missão senão a de continuar a função pastoral de Cristo: ensinar o depósito da fé, santificar pela graça divina, governar na ordem da salvação das almas. Em outras palavras, um papel de liderança, no domínio das almas e da sociedade eclesiástica.
As habilidades que fazem o líder
Ao falarmos da autoridade do sacerdote, esclareçamos que ela tira toda a sua legitimidade e força da de Cristo, que a ele confiou. E é isso, de fato, que os cristãos buscam de um sacerdote. Sua autoridade é sagrada. Ele sabe isso. Os fiéis também devem saber disso. Essa autoridade deve, portanto, ser exercida à maneira de Jesus.
Por fim, é óbvio que a eficácia da Igreja a nível local (priorados, paróquias) depende da qualidade dos líderes em exercício (priores, párocos). No entanto, o exercício adequado da autoridade geralmente não é inato, mas conseqüência do desenvolvimento da virtude da prudência em uma pessoa que já possui certas aptidões naturais.
Estas habilidades naturais para liderar os outros consistem, sobretudo, numa certa abertura de espírito (a fim de reunir constantemente ciência, conselhos e experiência), bom julgamento (ter os pés no chão e um mínimo de lógica) e, acima de tudo, capacidade no tomar decisões e impô-las (uma vontade que se sobrepõe à sensibilidade). Estas disposições naturais, exercidas com constância, forjam em nós a virtude da prudência, a virtude por excelência daquele que é investido de autoridade. Esta observação de Santo Tomás de Aquino, seguindo Aristóteles, encontra-se de uma forma ou de outra nos escritos de todos os atuais especialistas na formação de executivos, sejam do Exército ou das Grandes Escolas.
Entretanto, grande parte da formação dos futuros líderes da Igreja se dará na escola da vida, no campo, nos priorados, através da qual eles acumularão a experiência de governo, fazendo um balanço dos erros e sucessos, na ordem natural e sobrenatural. Continuar lendo
Posso fazer tatuagem, já que surgiram tecnologias para removê-las de modo simples, barato e indolor?
Fazer tatuagem não é um ato pecaminoso em si mesmo, mas também não é um ato moralmente neutro. Em todo caso, não é a facilidade de remoção a condição fundamental para determinar a sua moralidade. A “moralidade” de um ato consiste na relação deste com a lei moral, que é, em última instância, a lei de Deus. Ela pode ser determinada considerando o objeto da ação (o que se faz), juntamente com o fim desejado por quem desempenha a ação, as circunstâncias em que ela se realiza, e como esses três fatores se relacionam com a lei moral, seja quando está em conformidade com ela (neste caso, a ação é moralmente boa) ou quando se lhe é oposta (a ação é moralmente má, um pecado).
Pois bem, primeiramente, o objeto: o que é uma tatuagem? Tatuagem é uma “marca ou desenho permanente feito no corpo por meio da introdução de pigmento na pele” (Enciclopédia Britannica). A tatuagem tem sido usada no mundo em diferentes períodos históricos por razões distintas. Havia sido praticamente erradicada do mundo ocidental até ter sido redescoberta nos últimos séculos pelo contato com índios americanos e polinésios, porém mesmo então era usada quase exclusivamente pelas camadas marginais e menos respeitáveis da sociedade. Hoje, todavia, desde os anos 1990, a tatuagem parece ter se tornado uma moda, chegando até a ser “respeitável”.
Não obstante as tatuagens terem sido proibidas na Bíblia (Lv 19,28), foram-no porque representavam a profissão de superstições cananitas e cultos pagãos. Em si mesma, enquanto simples marca no corpo, a tatuagem não é pecaminosa, pois não transgride um mandamento divino, tampouco um bem humano ou ensinamento da Igreja. No entanto, pode se tornar pecaminosa devido à sua circunstância, por exemplo: o custo de uma tatuagem pode ser excessivo em relação ao ganho de uma pessoa; a tatuagem pode deixar cicatrizes se removidas posteriormente; a imagem tatuada pode ser imoral ou obscena e até mesmo blasfema ou satânica; ela pode cobrir uma parte muito grande do corpo, desfigurando-o, ou pode ser feita em uma parte imodesta do corpo. Continuar lendo
A Congregação das Irmãs da Fraternidade São Pio X tem a alegria, todos os domingos de Quasimodo, de expandir-se durante a cerimônia de tomada do hábito e das profissões.
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Neste sábado, 11 de abril de 2021, as fileiras das Irmãs da Fraternidade São Pio X, essas preciosas auxiliares dos sacerdotes, cresceram da seguinte forma:
Este ano, 15 Irmãs estão dando os primeiros passos na vida religiosa, tomando o hábito ou fazendo os três votos de obediência, castidade e pobreza.
Para essas almas chamadas a viver na intimidade de Deus, a felicidade é grande em subir os degraus que as conduzem à doação total! As Irmãs dão graças a Deus, mas a colheita é abundante e as 210 trabalhadoras são muito poucas. As necessidades são urgentes. Como responder aos apelos das almas que as solicitam em todo o mundo?
Rezemos para obter de Nossa Senhora da Compaixão, padroeira e mãe das Irmãs, numerosas e santas vocações.
Mais sobre as Irmãs da FSSPX pode ser visto clicando aqui, aqui e aqui.
Na segunda-feira, 15 de março de 2021, começaram as obras de reforma e construção para o nosso Pré-Seminário (em Santa Maria/RS).
Os pisos e azulejos do banheiro já foram retirados, já foram feitas as novas paredes e está sendo terminada a encanação de água e esgoto.
No primeiro andar já foram retiradas as janelas e estão sendo preparados os novos vãos para recolocá-las; foi retirado o telhado e foram niveladas as paredes exteriores para receberem a laje do novo andar que será construído em breve.
O reforma da cozinha do Priorado para servir de refeitório dos pré-seminaristas já está pronta.
As obras avançam rapidamente e temos recebido a bênção dos primeiros oito pré-seminaristas que já estão recebendo aulas no Priorado de Santa Maria.
Continuamos contando com a generosidades de todos os fiéis do Brasil para terminar de construir nosso Pré-Seminário.
Deus abençoe todos os seus esforços!
Fotos do andamento das obras
Reforma dos banheiros:
Cozinha: antes e depois!
Retirada do telhado
Fotos e vídeos aéreos do prédio do Pré-Seminário
Os Padres do Priorado e os pré-seminaristas
Faça a sua doação!
A obra consiste na restauração dos dois primeiros andares e a construção de um terceiro andar. São 75mts2 de construção e 150mts2 de reforma.
– O metro quadrado de construção custará R$ 1.000,00
– O metro quadrado de restauração custará R$ 500,00
Faça sua doação ao Priorado Imaculado Coração de Maria de Santa Maria/RS na conta:
Associação São Pio X
CNPJ: 04.455.445/0001-17
Banco Itaú
Agencia: 0330
Conta corrente: 03232-7
Especificando como motivo do depósito “Pré-seminário São Luiz Gonzaga”
Conheça aqui todos os detalhes da campanha
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Nota do blog 1: Colocamos abaixo alguns links sobre a vocação sacerdotal:
Nota do blog 2: Mais números sobre a FSSPX podem ser vistos clicando aqui.
Nota do blog 3: Perguntas e respostas sobre a FSSPX podem ser vistas clicando aqui.
Nota do blog 4: Mais sobre os Seminários da FSSPX podem ser vistos clicando aqui
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“Senhor, dai-nos sacerdotes,
Senhor, dai-nos santos sacerdotes,
Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,
Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,
Senhor, dai-nos famílias católicas,
São Pio X, rogai por nós”
A Maçonaria segue uma doutrina radicalmente oposta à doutrina do Verbo Encarnado: segue uma doutrina humana, inventada por homens como outros e propagada por eles.
Fonte: Le Chevalier de l’Immaculée n°15 – Tradução: Dominus Est
A Igreja Católica sempre se referiu à Maçonaria como uma “seita”. Esta palavra está relacionada ao verbo sequor que, genericamente significa seguir, fisicamente, caminhar em direção a.., moralmente se apegar a… [1] . Daí a palavra secta : seguimento, partido, seita. A rigor, uma seita é, portanto, um grupo de pessoas que seguem, que se apegam a um homem, sua doutrina e seus exemplos.
A Igreja Católica não é uma seita porque não segue a doutrina e as regras morais de uma pessoa qualquer, de um homem como outro qualquer; pelo contrário, está unida e fixada a uma Pessoa divina: o Verbo Encarnado, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ela professa, portanto, uma doutrina e uma moralidade de origem divina. Mas, acima de tudo, a Igreja Católica dá ao discípulo de Cristo os meios sobrenaturais de se ligar a Ele: a fé e a graça sobrenaturais.
A Maçonaria segue uma doutrina radicalmente oposta à doutrina do Verbo Encarnado: segue uma doutrina humana, inventada por homens como outros e propagada por eles. Sua doutrina é antidogmática, liberal e permissiva. Esta doutrina é falsa, e que foi condenada pela Igreja Católica. Aqueles que adentram na Maçonaria realmente entram em uma seita, e uma seita anticristã. É por isso que a Igreja condena com a excomunhão (CDC 1917) aqueles que aderem a esta sociedade secreta cujas obediências são múltiplas e variadas. Os maçons, consequentemente, são pessoas sectárias: aqueles que defendem a tolerância em todas as áreas são insuportavelmente intolerantes para com todos aqueles que não aceitam suas ideias. Um maçom também pode ser reconhecido por sua suscetibilidade. Porque ele não suporta ser contradito.
Quando a Igreja Católica fala de liberalismo, ela ainda fala de uma seita: a “seita liberal“. Louis Veuillot não disse: “Não há sectário maior do que um liberal “? Sim, o liberalismo é sectário: “Nenhuma liberdade para aqueles que são contra a liberdade!” Eis porque que os liberais não suportam a Tradição. Quando a Igreja Católica fala de modernismo, ela fala também de seita. Não poderíamos dizer que a igreja conciliar (Mons. Benelli), que é de fato modernista, é também uma seita? Pode ser, na medida em que procura impor, de maneira autoritária, sua doutrina adulterada que não é a da Revelação, e isso em nome da missão recebida de Cristo. Porque afirma ter integrado os melhores valores de dois séculos de cultura liberal no magistério da Igreja Católica (Card. Ratzinger). Assim, sua doutrina se junta à da seita liberal e da seita maçônica. Um maçom poderia dizer que a Maçonaria permaneceu o que era, que a Igreja também permaneceu o que era, mas que agora eles tinham uma coisa em comum: a liberdade religiosa.
A única maneira de se libertar da tendência sectária maçônica, liberal e conciliar é manter a Tradição, integra e completa.
Notas F. Martin, As palavras latinas , Hachette, Paris, 1976, pp. 236-237
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NOTA DO BLOG 1- Uma excelente Carta do Papa Leão XIII, a Humanun Genus, sobre a maçonaria pode ser lida clicando aqui.
NOTA DO BLOG 2- Alguns textos e condenações da Igreja à Maçonaria podem ser vistos clicando aqui.
NOTA DO BLOG 3- Aulas do Pe. Boniface, FSSPX, sobre a Maçonaria podem ser vistos clicando (Episódio 1, Episódio 2, Episódio 3, Episódio 4, Episódio 5, Episódio 6, Episódio 7, Episódio 8, Episódio 9, Episódio 10, Episódio 11)
NOTA DO BLOG 4- Excelentes livros sobre o Liberalismo podem ser comprados aqui:
NOTA DO BLOG 5- Sobre a Liberdade Religiosa clique aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Dom Alfonso de Galarreta, Bispo da FSSPX
Hoje mais do que nunca trata-se de um combate, um combate sem trégua, sem piedade, mas é também ao mesmo tempo o único combate que vale a pena, que nos dá o entusiasmo e a paz.
Penso que foi Santo Agostinho quem definiu, melhor que ninguém, quais são as regras desse combate, da história da Igreja, da história da humanidade.
E a primeira regra que ele dá é que há dois amores opostos: o amor de si mesmo até ao desprezo de Deus, o amor de Deus até ao desprezo de si mesmo. Nós somos o que amamos.
E este combate é o combate de todo o homem necessariamente, quer se queira ou não, é a oposição entre o homem carnal e terrestre e o homem espiritual. É o combate que todos nós experimentamos.
É o homem egoísta ou o homem caritativo.
É o amor próprio, o amor de si ou, pelo contrário, verdadeiramente, o amor de Deus, o amor do próximo.
É o individualismo ou é o cuidado pelo bem comum, quer seja no seio da Igreja, da família, da sociedade.
É esta luta que se desenrola ao longo de toda a história e isso mostra-nos, pois, em primeiro lugar, a importância da caridade.
A caridade é o motor da nossa vida cristã, é verdadeiramente o desafio dessa vida.
A nossa vida é finalmente uma questão de caridade: o que se ama, e de que maneira se ama.
Pois o cristão deve antes de tudo exercitar-se na verdadeira caridade e, por aí, é preciso chegar ao desprezo de si.
Chamou-se a Santo Agostinho o doutor da graça, porque pôs em destaque a importância da graça.
É verdade finalmente que todo o desafio é o sobrenatural, a graça, e o sacerdote não faz senão dar, espalhar a graça de Deus, é essencialmente a sua função.
É isso que foi deixado de lado hoje pela igreja conciliar.
O sacerdote está ali para levar, dar, espalhar o sobrenatural. Continuar lendo
Há em nossos tempos um demônio que nos interessa e que temos o máximo interesse em combater: o demônio mudo, o respeito humano. Como podemos defini-lo?
Dá-se o respeito humano quando um indivíduo, numa ação ou omissão, ao invés de expressar concretamente a sua personalidade e tudo o que ela comporta de idéias, crenças, afeições e sentimentos, leva em consideração a mentalidade dos que o rodeiam e adapta a sua atitude pessoal a ela, de modo a evitar o disse-me-disse, o deboche, os gracejos e críticas de todo tipo. Numa palavra, é culpado de respeito humano quem respeita os homens mais do que a Deus, quem respeita o sentimento geral mais do que a verdade, quem respeita a moda mais do que a moral. Não se pode tornar-se mais escravo, não se pode rebaixar-se mais, nem se tornar mais abjeto e, no fundo, lastimável, do que respeitando tais coisas mais do que a Deus, a verdade e a moral.
É preciso ser de seu tempo, dirão alguns. Não é essa uma maneira bastante hipócrita de se esconder um profundo respeito humano? Seria preciso citar sobre esse tema páginas inteiras de Abel Bonnard(1):
“Os imbecis jactam-se de serem do seu próprio tempo: isto prova que são dele. A verdade é que escapamos à nossa época à medida que desenvolvemos a nossa pessoa. É isto que torna tão cômicos os que, briosos, nos anunciam que são do seu tempo, que o querem ser; isso significa que se atam a si mesmos no fio do telefone, que se fazem servos das máquinas que deveriam servi-los, que vivem segundo um ritmo que lhes é imposto. Orgulham-se de fazer o que se faz, de correr aonde se corre, de comprar o que se vende, de pensar o que se diz, de se vestir segundo a moda do tempo; não se poderia proclamar com maior glória a própria inexistência. Não se adaptar, eis aqui, segundo penso, a verdadeira divisa das almas fortes. Os seres fortes não se adaptam, eles se afirmam.” Continuar lendo
“Porque o estipêndio do pecado é a morte…
Mas a graça de Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom. 6, 23)
“Suplicamos-Vos, Senhor, afastai propício a morte e a epidemia, a fim de que nossos corações mortais reconheçam que sofrem os flagelos da vossa ira, e que vós também sois quem faz eles cessarem pela vossa grande misericórdia. Por Jesus Cristo, Senhor nosso” (Rogações no tempo de epidemia).
Caros fiéis e amigos,
As tribulações deste mundo: o preço do pecado.
Um grande pensador católico, Romano Amerio, na sua obra-prima Iota unum, comenta: “O cristão, na sua condição de pecador, não pode medir o preço da reparação que, pelos seus pecados e os do mundo, deverá suportar em dores e penas”.
O autor apenas lembra a doutrina do pecado original, segundo a qual ‘em Adão todos [os homens] pecaram’ (S. Paulo), e que Santo Tomás comenta: “Segundo a fé católica, é preciso afirmar que a morte, assim como todas as deficiências da vida presente, são penas devidas ao pecado original”.
Fatal e triste constatação que não precisa de demonstração, pois é evidente a abundância de males que acompanham a vida do homem nesta terra apenas pelo fato de ser homem.
Ora, a diferença essencial entre o homem que padece os males desta vida, e o cristão, filho de Deus, é que este sofre e padece em união com Cristo. Ele, nosso Salvador, não quer poupar-nos todas as penas temporais, enquanto sim nos tira da pena eterna, o inferno, pelos méritos de sua Paixão e Morte. Assim, o cristão não esquece que a felicidade do homem na terra é feita de esperança, pois o nosso fim é o bem infinito e eterno, não os bens finitos da terra. Enquanto chega a recompensa, devemos suportar como pena do pecado (o pecado original, os pessoais, os do mundo) os males inevitáveis da vida; devemos, mais ainda, aceitá-los por amor e gratidão a Jesus, nosso Redentor, que sendo o Cordeiro sem mancha de pecado, sofreu gratuitamente para salvar-nos. É assim que a oração da Igreja faz sentido e nos reconforta: “Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, para que, castigado por justos flagelos, respire na vossa misericórdia” (Oração na quinta feira de Cinzas). Continuar lendo