A MISSA DE LUTERO

Conferência de Dom Marcel Lefebvre.

Esta noite, falarei da Missa de Lutero e da Missa do novo rito. Por que essa comparação entre a Nova Missa e a Missa de Lutero? Porque a história o diz; a história objetiva não é criação minha. (Sua Excia. mostra então um livro sobre Lutero, publicado em 1911, “Do Luteranismo Ao Protestantismo” de Léon Cristiani). Ele fala sobre a reforma litúrgica de Lutero. Trata-se de um livro escrito em um tempo, em que o autor nem conhecia nossa crise, nem o novo rito; portanto não foi escrito com segundas intenções.

Síntese dos princípios fundamentais da Missa

Primeiramente desejo fazer uma síntese dos princípios fundamentais da Missa, para trazer à nossa memória a beleza, a profunda grandeza espiritual de nossa Missa, o lugar que nossa Missa ocupa na Santa Igreja. Que coisa mais bela Nosso Senhor legou à humanidade, que coisa mais preciosa, mais santa concedeu à Sua Santa Igreja, à Igreja sua Esposa, no Calvário, quando morria na Cruz? Foi o Sacrifício de si mesmo.

O Sacrifício de si mesmo. Sua própria Pessoa, que continua seu Sacrifício. Ele o deu à Igreja, quando morreu na Cruz. A partir desse momento, esse Sacrifício estava destinado a continuar, a perseverar através dos séculos, como Ele o havia instituído, juntamente com o Sacerdócio.

Quando na Santa Ceia, Jesus instituiu o Sacerdócio, Ele o instituiu para o Sacrifício, o Sacrifício da Cruz, porque esse Sacrifício é a fonte de todos os méritos, de todas as graças, de todos os Sacramentos; a fonte de toda a riqueza da Igreja. Isso devemos recordar, ter sempre presente essa realidade, divina realidade. Continuar lendo

“DESTRUIR A MISSA”

Qual é a crise que estamos atravessando atualmente? Manifesta-se, no meu entender, sob quatro aspectos fundamentais para a Santa Igreja.

Manifesta-se, à primeira vista, acredito eu, e me parece que é um dos aspectos mais graves, porque, para mim, se se estuda a história da Igreja, dá-se conta de que a grande crise que atravessou o século XVI, crise espantosa, que arrebatou à Santa Igreja, milhões e milhões de almas, regiões inteiras, Estados na sua totalidade, esta crise foi, antes de tudo, uma crise do culto litúrgico; e que, se atualmente existem divisões entre aqueles que se dizem cristãos, há que se atribuir mais que a outras causas à forma de celebrar o culto litúrgico; e se os protestantes se separaram da Igreja, a causa principal é que os instigadores do protestantismo, como Lutero, disseram, desde o primeiro momento: “Se queremos destruir a Igreja temos que destruir a Santa Missa”. Esta foi a chave de Lutero.

Tinha-se dado conta de que, se chegasse a por as mãos na Santa Missa, se conseguisse reduzir o Sacrifício da Missa a uma pura refeição, a uma comemoração ou recordação, a uma significação da comunidade cristã, a uma rememoração ou memorial da Paixão de Nosso Senhor e, como consequência, que ficasse mais débil o mais sagrado que há na Igreja, o mais santo que nos legou Nosso Senhor, o mais sacrossanto, ele conseguiria destruir a Igreja. E certamente, conseguiu, por desgraça, arrebatar à Igreja nações inteiras, obrando dessa forma. Continuar lendo

CARACTERÍSTICA DA NOVA IGREJA: A RELIGIÃO DO HOMEM

Ou pela dificuldade do empreendimento, ou por uma concessão ao espírito do tempo, o fato é que, na execução do plano traçado pelo Concílio, em largos meios eclesiásticos, o esforço na adaptação foi além da simples expressão mais ajustada à mentalidade contemporânea. Atingiu a própria substância da Revelação. Não se cuida de uma exposição da verdade revelada, em termos em que os homens facilmente a entendam; procura-se, por meio de uma linguagem ambígua e rebuscada, mais propriamente, propor uma nova Igreja, ao sabor do homem formado segundo as máximas do mundo de hoje. Com isso, difunde-se, mais ou menos por toda parte, a idéia de que a Igreja deve passar por uma mudança radical, na sua Moral, na sua Liturgia, e mesmo na sua Doutrina. Nos escritos, como no procedimento, aparecidos em meios católicos após o Concílio, inculca-se a tese de que a Igreja tradicional, como existira até o Vaticano II, já não está à altura dos tempos modernos. De maneira que Ela deve transformar-Se totalmente.

E uma observação rápida, sobre o que se passa em meios católicos, leva à persuasão de que, realmente, após o Concílio, existe uma nova Igreja, essencialmente distinta daquela conhecida, antes do grande Sínodo, como única Igreja de Cristo. Com efeito, exalta-se, como princípio absoluto, intangível, a dignidade humana, a cujos direitos submetem-se a Verdade e o Bem. Semelhante concepção inaugura a religião do homem. Continuar lendo

PARA CONTINUAR SENDO CATÓLICO TERIA QUE SE TORNAR PROTESTANTE?

 “Vae mihi si non evangelizavero” – 1 Cor IX, 16

Sem referir-nos às via inesperadas nas quais se viram os Padres do Concílio ao se tratar de certos esquemas desenraizados do Magistério da Igreja pretendemos nas páginas que se seguem fazermos eco daquela palavra que os Padres do Concílio não poderiam se esquecer: Caveamus! (cuidemo-nos).

Cuidemo-nos de que nos influencie um espírito absolutamente inconciliável com o que os Pontífices romanos e os precedentes Concílios se esforçaram incansavelmente por difundir entre os cristãos. Não se trata de um espírito de progresso, senão de ruptura e de suicídio.

As declarações de alguns Padres a esse respeito são orientadoras: uns afirmam que entre as declarações passadas e a dos autores de determinados esquemas não existe contradição, porque as circunstâncias foram modificadas. Até que ponto o que o Magistério da Igreja afirmou há cem anos servia para aqueles tempos mas não para os nossos.

Há outros que se refugiam no mistério da Igreja.

Outros consideram que um Concílio tem por objeto modificar a doutrina dos Concílios anteriores.

Por fim, outros mantém que todo o Concílio está acima do magistério ordinário, pelo qual pode prescindir deste e bastar-se por si só.

Se ouve além disso a voz da imprensa liberal afirmando que por fim a Igreja admite a evolução do dogma. Continuar lendo

NOSSO SENHOR VERSUS PAPA FRANCISCO

Um pequeno exemplo de como anda a crise instaurada na Igreja e como modernismo, outrora tão combatido, já não é mais percebido, onde muitos, pela ignorância religiosa, vão “pela maioria”, que aceitam, sem critério, o que vem da alta hierarquia católica. Rezemos pelo Papa e por todos os sacerdotes e leigos que estão perdidos ou alienados a tudo isso:

PAPA FRANCISCO:

“Esse é o realismo saudável da Igreja Católica, a Igreja Católica jamais ensinou ‘ou isto ou aquilo’. Isso não é católico. A Igreja diz: “Isto e Isto”. Busque a perfeição: reconcilie-se com seu irmão. Não insultá-lo, mas Amá-lo. Mas se houver qualquer problema, pelo menos, coloquem-se de acordo, para que não ecloda uma guerra. Esse é o realismo saudável do Catolicismo. Não é católico o “ou isso ou nada”: isso não é católico. É herético. Jesus sempre sabe caminhar conosco, nos dá um ideal, nos acompanha em direção ao ideal, nos liberta desse “enjaulamento” da rigidez da lei e nos diz: “Mas, faça até o ponto que você pode fazer”. E Ele nos entende bem. É este o Nosso Senhor, e é isso que nos ensina.” (Homilia do Papa Francisco, dia 09/06 – Fonte: Corrispondenza Romana) 

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO:

Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.” (Mt. 5,37)

Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. (Apoc 3,16)

O DEVER DA DESOBEDIÊNCIA

lefTendo o Reitor do Seminário de Ecône, Padre Lorans, pedido que eu colaborasse na redação deste número da “Lettre aux Anciens”, pareceu-me útil relembrar o que escrevi em 20 de janeiro de 1978 sobre algumas objeções que nos fizeram, relativas à nossa atitude face aos problemas que a atual situação da Igreja levanta.

Uma das perguntas era: Como o senhor concebe a obediência ao Papa? Eis a resposta dada há dez anos:

Os princípios que determinam a obediência são conhecidos e são tão conformes com a razão e com o senso comum, que podemos perguntar como é que pessoas inteligentes podem afirmar que “preferem enganar-se com o Papa do que estar na Verdade contra ele“.

Não é isso que nos ensinam a lei natural e o Magistério da Igreja.

A obediência supõe uma autoridade que dá uma ordem ou decreta uma lei. As autoridades humanas, mesmo sendo instituídas por Deus, apenas têm autoridade para atingir o fim determinado por Deus, e não para dele se desviarem. Quando uma autoridade usa o seu poder em oposição à lei pela qual esse poder lhe foi dado, não tem direito à obediência, e devemos desobedecer-lhe.

Essa necessidade de desobediência é aceita em relação ao pai de família que encoraja a filha a prostituir-se, ou em relação à autoridade civil que obriga os médicos a provocarem abortos e a matarem inocentes. Porém, a autoridade do Papa é aceita a qualquer preço, como se o Papa fosse infalível no seu governo e em todas as suas palavras. É desconhecer a história e ignorar o que é, na realidade, a infalibilidade.

Já São Paulo teve que dizer a São Pedro que ele “não andava direito segundo a verdade do Evangelho” (Gal. II,14). E o mesmo São Paulo encorajou os fiéis a não lhe obedecerem se lhe acontecesse pregar um Evangelho diferente daquele que lhes tinha ensinado anteriormente (Gal. I,8).

São Tomás, quando fala da correção fraterna, alude à resistência de São Paulo face a São Pedro, e comenta-a assim: “Resistir na cara e em público ultrapassa a medida da correção fraterna. São Paulo não o teria feito em relação a São Pedro se não fosse de algum modo o seu igual (…). No entanto, é preciso saber que, caso se tratasse de um perigo para a Fé, os superiores deveriam ser repreendidos pelos inferiores, mesmo publicamente. Isso ressalta da maneira e da razão de agir de São Paulo em relação a São Pedro, de quem era súdito, de tal forma, diz a glosa de Santo Agostinho, que ‘o próprio Chefe da Igreja mostrou aos superiores que, se por acaso lhes acontecesse abandonarem o reto caminho, aceitassem ser corrigidos pelos seus inferiores’” (S. Tomás., Sum. Theol. IIa-IIae, q. 33, art. 4, ad 2m). Continuar lendo

AMORIS LAETITIA NA VIDA REAL

Fonte: DICI/FSSPX – Tradução: Dominus Est

Em um boletim da paróquia Sainte-Anne de Chicoutimi, no Canadá, pudemos ver, abril passado, os reais efeitos da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia. A Festa da Fidelidade, que até agora comemorava as bodas de  prata e ouro de casais nesta paróquia, a princípio Católica, em Quebec, foi substituída por uma “Celebração do Amor”, anunciada da seguinte forma:

“Queremos agora saudar todos os casais que desejam celebrar seu amor e renovar seu compromisso a dois, independentemente do tipo do seu compromisso (casamento católico, casamento civil, cônjuges de direito ou parceiros do mesmo sexo) e qualquer que seja o número de anos (1 ano, 8 anos, 25 anos, 57 anos, 62 anos). Consideramos o compromisso de todos os casais são importantes. “

Sejamos claros: isso não é uma celebração do amor, mas ao invés disso uma celebração igualitária do matrimônio sacramental, do concubinato legal, da união livre e das coabitações homossexuais. Todos os casais são colocados no mesmo nível, todos presumivelmente tendo o mesmo valor exemplar.

Esta não é uma celebração do amor, é o amor da festa própria e para o próprio bem, desprovido de qualquer conteúdo objetivo. Tudo o que importa é o compromisso pessoal, sentimento subjetivo, e uma franca liberdade da verdade Evangélica sobre o matrimônio.

Dessa forma é vivida concretamente, na vida real, a Exortação Pós-Sinodal Amoris. Já não sendo  “A Alegria do Amor”, mas o amor da alegria, emancipado da verdade do Evangelho do matrimônio. Uma triste alegria.

Abbé Alain Lorans

O LINGUAJAR REVOLUCIONÁRIO DO PAPA FRANCISCO

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Fonte: Corrispondenza Romana – Tradução: Dominus Est

Na história da Igreja houveram numerosos Papas “reformadores”, mas ao que parece Bergoglio pertence a outra categoria, inédito até agora entre os pontífices romanos: aquela dos revolucionários.

Os Reformadores se propunham a restituir na doutrina e na moral a pureza e integridade original e neste ponto de vista, podem ser chamados também de tradicionalistas.

Tais foram, por exemplo, Pio IX e Pio X. Os revolucionários, ao contrário, são aqueles que querem fazer uma cisão entre o passado e o presente, colocando em um futuro utópico o ideal que aspiram. A ruptura do Papa Francisco com o passado é mais de ordem linguística do que doutrinal, mas em uma época em que imperam os meios de comunicação, a linguagem possui uma capacidade transformadora superior a todas as ideias que necessariamente veicula. Não é por acaso que, na conferência do anuncio da exortação pontifícia Amoris laetitia, o cardeal Schönborn mesmo a definiu como “um evento linguístico“.

A escolha de um determinado estilo de linguagem, expresso através de palavras, gestos e também omissões, implica um modo de pensar e transmite implicitamente uma nova doutrina. Agora, a pretensão de operar uma revolução linguística negando que seja também uma revolução doutrinária leva necessariamente à confusão. E a confusão, a desorientação e certa esquizofrenia, parecem ser a marca do atual pontificado. Continuar lendo

A TROCA DE CARTAS ENTRE FRANCISCO E O HERESIARCA HANS KUNG

O teólogo Küng havia escrito a Bergoglio pedindo-lhe uma reflexão: “Ele respondeu-me com uma carta fraterna, apreciando as minhas considerações. Ele não colocou limites à discussão sobre o dogma  sancionado pelo Primeiro Concílio do Vaticano e pelo Papa Pio IX em 18 de julho de 1870”.

Hans Kung

Hans Kung

Por Gian Guido Vecchi, Corriere della Sera | Tradução:FratresInUnum.com –  Hans Küng diz que a carta de Francisco, datada de 20 de Março, foi entregue através da nunciatura em Berlim.  Uma carta “que responde ao meu pedido para uma discussão livre sobre o dogma da infalibilidade” do Papa. “Ele respondeu de um modo muito fraterno, em espanhol, dirigindo-se a mim como Lieber Mitbruder, ou seja, querido irmão, e estas palavras pessoais estão em manuscrito”, disse Küng. O grande teólogo suíço, “pela consideração que tenho ao Papa” não cita frases do pontífice. Mas ele diz que “Francisco não estabelece quaisquer limites para a discussão“, ele “apreciou” suas observações. E com espanto indisfarçável ele aponta como é “importante para mim“, o fato de que ele respondeu pessoalmente, e acima de tudo, “não deixou, por assim dizer, cair no vazio o meu texto.”

Na verdade, o texto, dirigido a um papa, foi imperativo: “Imploro Papa Francisco, que sempre me respondeu de uma forma fraternal: receba essa extensa documentação e consinta em nossa Igreja uma discussão livre, aberta e sem preconceitos sobre todas as questões pendentes e removidas relacionadas com o dogma. Não se trata de um relativismo banal que mina os fundamentos éticos da Igreja e da sociedade. E nem mesmo de um dogmatismo rígido e tolo amarrado a uma interpretação literal. Está em jogo o bem da Igreja e do ecumenismo”.  Küng já tinha tornado esse texto público e traduzido em várias línguas, no dia 9 de Março.  Ao aproximar-se de seus 80 anos de aniversário, “como teólogo e até o final dos meus diasnutro uma profunda simpatia pelo papa e por sua ação pastoral”. O  pensador suíço levantou novamente “um apelo que muitas outras vezes levantei durante um década de longa discussão”. Continuar lendo

A INFILTRAÇÃO DO MODERNISMO NA IGREJA – PARTE 5

5A influência dos comunistas em Roma

É preciso ler o livro Moscou e o Vaticano, do padre jesuíta Lepidi. É extraordinário. Ele mostra a influência que têm os comunistas em Roma e como eles chegam a fazer nomear bispos e até dois cardeais: o Cardeal Lekaï e o Cardeal Tomaseck. O primeiro, sucessor do Cardeal Mindszenty. O segundo, sucessor do Cardeal Beran, que foram heróis e mártires da Fé. Em seus lugares puseram os padres da Pax, ou seja, pessoas decididas, antes de mais nada, a se entenderem com os governos comunistas e que perseguem os padres tradicionais. Os padres que vão secretamente batizar alguém no interior ou fazer o catecismo escondido para continuar sua obra de pastores da Igreja Católica, são perseguidos por estes bispos que lhes diz: vocês não têm o direito de não respeitar as ordens dos governos comunistas. Vocês nos atrapalham agindo assim.

Esses padres estão prontos a dar suas vidas para preservar a fé de seus filhos, para preservar a fé das famílias, para dar os sacramentos aos que têm necessidade. É claro que nestes países é preciso sempre pedir autorizações, quando vão levar o Santíssimo Sacramento nos hospitais ou para qualquer outra coisa. Se eles saem de suas sacristias têm de perguntar ao P.C. se lhes autoriza. É impossível. As pessoas morrem sem sacramentos; as crianças não são mais educadas de modo cristão. Por isso eles fazem escondido. E quando eles são presos, são os próprios bispos que os perseguem. É assustador.

Não seriam o Cardeal Wyszynski, nem o Cardeal Slipyi, nem o Cardeal Mindszenty, nem o Cardeal Béran que fariam algo parecido. Eles, ao contrário, empurravam seus bons padres dizendo: vamos, partam. Se forem para a prisão terão feito seu dever de padre. Se for para serem mártires, sejam mártires.

Isso mostra a influência exercida sobre Roma e que temos dificuldade de imaginar. É difícil de acreditar. Continuar lendo

A INFILTRAÇÃO DO MODERNISMO NA IGREJA – PARTE 4

4Infiltrados na Igreja para destruí-la

Sim, eu sou um rebelde. Sim, eu sou um dissidente. Sim, eu sou um desobediente dessa gente, dos Bugnini. Porque são eles que se infiltraram na Igreja para destruí-la. Não é possível fazer de outro modo.

Então, vamos contribuir para a destruição da Igreja? Vamos dizer: sim, sim, amém, mesmo se é o inimigo que penetrou até junto do Santo Padre e que pode fazê-lo assinar o que ele quer? Sob quais pressões? Não sabemos. Existem coisas escondidas que nos escapam, evidentemente. Alguns dizem que é a maçonaria. É possível, eu não sei. Em todo caso, há um mistério. Como um padre que não é cardeal nem mesmo bispo, um padre ainda jovem naquela época, que subiu contra a vontade do Papa João XXIII, que o tinha expulsado da Universidade do Latrão, que subiu, subiu e que chegou ao topo que se ri do Cardeal Secretário de Estado, que se ri do Cardeal Prefeito da Congregação do Culto, que vai diretamente ao Santo Padre e lhe faz assinar o que ele quer. Nunca se viu nada de parecido na Santa Igreja. Tudo passa sempre pelas autoridades. Faz-se Comissões. Estuda-se os documentos. Mas esse rapaz era todo poderoso!

Foi ele que trouxe esses pastores protestantes para mudar nossa Missa. Não foi o Cardeal Guth. Não foi o Cardeal Secretário de Estado, talvez nem mesmo o Papa. Foi ele. Que tipo de homem era esse Bugnini?

Um dia o Abade de São Paulo fora dos Muros, beneditino que precedeu Bugnini na Comissão de Liturgia, me disse: «Monsenhor, não me fale do Pe. Bugnini; eu sei muito sobre ele. Não me pergunte quem ele é». Eu retomei: «Mas diga-me, porque é necessário que as pessoas saibam, é necessário que as coisas apareçam» «Eu não posso lhe falar do Pe. Bugnini». Logo, ele o conhecia bem. É provável que tenha sido ele que tenha pedido a João XXIII de sair da Universidade do Latrão.

Este conjunto de coisas nos mostra que o inimigo penetrou no interior da Igreja, como já dizia São Pio X; ele está no mais alto cume, como anunciou Nossa Senhora de La Salette, e como está, sem dúvida, no terceiro segredo de Fátima. Continuar lendo

A INFILTRAÇÃO DO MODERNISMO NA IGREJA – PARTE 3

3A Revolução na Igreja

Assim se passou o Concílio. É evidente que todos as teses, todos os textos do Concílio foram influenciados pelos cardeais liberais e as comissões liberais. Não devemos nos espantar que tenhamos tido textos ambíguos, favoráveis a mudanças, a uma verdadeira revolução na Igreja.

Será que nós poderíamos ter feito alguma coisa, nós que representávamos a facção tradicional dos bispos e cardeais? Pouca coisa, em definitivo. Éramos duzentos e cinqüenta favoráveis à permanência da Tradição e desfavoráveis a mudanças de vulto na Igreja: falsa renovação, falso ecumenismo, falsa colegialidade. Nós éramos opostos a essas coisas. Esses duzentos e cinqüenta bispos, evidentemente, tiveram algum peso e, em certas ocasiões, os textos foram modificados. O mal foi um pouco limitado. Mas nós não conseguimos impedir certas teses de passar, particularmente a da liberdade religiosa, cujo texto foi refeito cinco vezes. Cinco vezes a mesma tese voltava. Nós nos opusemos sempre. Havia sempre duzentos e cinqüenta vozes contra. Então o Papa Paulo VI fez adicionar duas pequenas frases no texto, dizendo: «não há nada nesse texto que seja contrário à doutrina tradicional da Igreja» e «a Igreja permanece sempre a verdadeira e única Igreja de Cristo».

Então, os bispos espanhóis, em particular, disseram: «bem, já que o Papa adicionou isso, agora não há mais problema, já que não há nada contra a tradição». Se as coisas são contraditórias, essa pequena frase contradiz tudo o que está no interior do texto. É um esquema contraditório. Não se pode aceitar isso. Então sobraram somente, se eu me lembro bem, setenta e quatro bispos que permaneceram contra. É o único esquema que encontrou uma tal oposição: 74 sobre 2.500, é pouca coisa !

Então terminou o Concílio, não podemos nos espantar com as reformas que foram feitas. Depois de toda a história do liberalismo, os liberais saindo vitoriosos no interior do Concílio, exigiram do Papa Paulo VI lugares nas Congregações romanas. E, de fato, os lugares importantes foram dados aos progressistas. Quando morria um Cardeal, ou numa ocasião qualquer que permitisse ao Papa Paulo VI afastar um cardeal tradicionalista, ele colocava imediatamente um cardeal liberal no seu lugar. Continuar lendo

A INFILTRAÇÃO DO MODERNISMO NA IGREJA – PARTE 2

2À deriva com o Concílio

A mesma coisa para o Concílio. «Tenho a intenção de fazer um Concílio». Já o Papa Pio XII tinha sido solicitado por certos cardeais para reunir um Concílio. Mas ele recusou, estimando que isso seria impossível. Não se pode, dizia ele, na nossa época, fazer um Concílio com 2.500 bispos. As pressões que se pode sofrer do fato dos meios de comunicação social são muito perigosas para que se possa reunir um Concílio. Corre-se o risco de perder o controle. E ele não fez o Concílio.

Mas o Papa João XXIII disse: não se pode ser pessimista; é preciso ver as coisas com confiança. Vamos nos reunir durante três meses, com todos os bispos do mundo inteiro. Começamos em 13 de outubro e entre 8 de dezembro e 25 de janeiro, tudo terminado, todo mundo vai embora e volta para suas casas e acaba-se o Concílio.

E o papa lançou o Concílio! Era preciso prepará-lo. Não se faz um Concílio como um sínodo. Foi preciso prepará-lo dois anos antes. Fui nomeado pessoalmente membro da Comissão Central Preparatória, sendo arcebispo de Dakar e presidente da Conferência Episcopal do Oeste Africano. Eu vim, então, a Roma, durante dois anos, ao menos umas dez vezes, para participar das reuniões dessa Comissão Central Preparatória que era, de fato, muito importante porque para ela todos os documentos das comissões secundárias eram enviados, para serem estudados e submetidos ao Concílio. Havia nessa comissão setenta cardeais e uns vinte arcebispos e bispos, além dos peritos. Mas estes não eram membros da comissão. Estavam lá somente para serem eventualmente consultados pelos membros. Continuar lendo

A INFILTRAÇÃO DO MODERNISMO NA IGREJA – PARTE 1

1Breve História

Fico contente em constatar que no mundo inteiro, no mundo católico, em todo lugar, pessoas corajosas se reúnem em torno de padres fiéis à fé católica e à Igreja Católica, para manter a tradição que é a fortaleza de nossa fé.

Se existe um movimento tão geral é porque a situação da Igreja é verdadeiramente grave. Pois, para que padres, fiéis católicos, aceitem ser tratados de rebeldes, de dissidentes, de desobedientes, mesmo se tratando de bons padres, alguns dos quais já serviram em paróquias durante trinta anos com grande satisfação de seus paroquianos, é para manter a fé católica. Eles o fazem conscientemente no espírito dos mártires.

Ser perseguido por seus irmãos ou pelos inimigos da Igreja, qualquer que seja a mão que bata, por vista que seja contra a manutenção da fé, é sofrer um martírio. Esses padres, esses fiéis, são testemunhas da fé católica. Eles preferem ser considerados como rebeldes e dissidentes a perder a fé.

Nós assistimos, no mundo inteiro, a uma situação trágica, inacreditável, que parece não se ter jamais produzido na história da Igreja. É preciso então tentar explicar esse fenômeno extraordinário. Como podem bons fiéis, bons padres, se esforçarem por manter a fé católica num mundo católico que está em plena dissolução? Foi o Papa Paulo VI, ele mesmo, que falou de autodemolição da Igreja. O que significa esse termo de autodemolição senão que a Igreja se destrói, ela mesma, por ela mesma, por seus próprios membros? É isso o que já dizia o Papa São Pio X na sua primeira encíclica, quando escrevia: «Hoje, o inimigo da Igreja não está mais no exterior da Igreja, está no interior». E o Papa não hesitava em designar os lugares aonde ele se encontrava: «O inimigo se encontra nos seminários». Por conseqüência, já no início do século, o Santo Papa Pio X, na sua primeira encíclica, denunciava a presença de inimigos da Igreja nos seminários. Continuar lendo

PADRES CASADOS. O EIXO ALEMANHA-BRASIL

Publicamos a seguir nossa tradução de matéria de janeiro deste ano, do sempre bem informado vaticanista Andrea Tornielli, no momento em que o site  FratresInUnum.com recebe confirmação segura de que Francisco pretende mesmo tratar do tema do celibato sacerdotal no próximo Sínodo dos Bispos.

Estamos em condições de afirmar que o assunto foi pauta de reunião privativa dos bispos na Assembléia da CNBB de 2015, sendo capitaneado por Dom Cláudio Hummes. Então, o arcebispo emérito pediu que os bispos do Brasil fizessem uma “proposta concreta” a Francisco sobre o tema. A recém-eleita presidência da CNBB não demonstrou nenhum empenho especial pela causa, por conta divisão do episcopado brasileiro a respeito. 

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Padres casados. O eixo Alemanha-Brasil.

Por Sandro Magister, 12 de janeiro de 2016 | Tradução: FratresInUnum.com: No relato de um teólogo alemão e de um bispo brasileiro, o projeto de Francisco visando permitir exceções locais para a norma do celibato clerical. A começar pela  Amazônia.

jpg_1351207Uma troca de cartas, uma entrevista e uma inovação que já se tornou lei vem confirmar a vontade do Papa Francisco de estender na Igreja Católica a presença de um clero casado, como já foi mencionado no seguinte artigo do sitehttp://www.chiesa:

> Il prossimo sinodo è già in cantiere. Sui preti sposati (9.12.2015)

A troca de cartas ocorreu por iniciativa de um teólogo alemão proeminente, Wunibald Müller, de 65 anos que, em dezembro de 2013, escreveu uma carta aberta ao papa, amplamente divulgada pelo site oficial da Conferência Episcopal da Alemanha sob o título “Papa Francisco, abra a porta”,  pedindo-lhe que elimine a obrigatoriedade do celibato para os padres.

Müller não é um qualquer. Ele é psicólogo e escritor prolífico. Fundou e dirige a “Recollectio-Haus” junto à abadia beneditina de Münsterschwarzach, na diocese de Würzburg, a qual se encarrega de cuidar de sacerdotes e religiosos em crise existencial,  e que é financiada por outras sete dioceses (Augsburg, Freiburg, Limburg, Mainz, Mónaco -Frisinga, Paderborn, Rottenburg-Stuttgart). Além disso, a  Recollectio-Haus conta com a consultoria do conselheiro espiritual beneditino, Anselm Grün, muito lido não só na Alemanha, mas no mundo inteiro. Continuar lendo

UMA BREVE CONTRIBUIÇÃO PARA COMPREENDER FRANCISCO I

O papa Francisco tem sido acusado de ser infiel à doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio e autorizar uma profanação do sacramento da Eucaristia em sua exortação pós-sinodal Amoris laetitia. Embora diga no referido documento manter íntegra a doutrina da Igreja sobre o vínculo matrimonial indissolúvel, o papa procura encontrar uma solução pastoral para os incontáveis filhos da Igreja que vivem a difícil situação de uma segunda união civil irregular à luz da doutrina tradicional. Tentaria, assim, superar uma dicotomia entre entre teoria e prática por meio de um discernimento sapiencial examinando caso a caso, com o fim de não privar do sacramento àqueles que já viveriam na graça de Deus não obstante a falta de um casamento na devida forma canônica.

Como se vê, aos olhos do papa, não há doutrina, não há ciência teológica ou canônica, capaz de explicar toda a realidade. Há casos particulares, há problemas concretos, que não se ajustariam perfeitamente a uma norma universal abstrata. Assim como há um direito natural, consubstanciado em princípios de valor permanente e universal, que se realiza historicamente adaptando-se à índole de cada povo e às suas circunstâncias especiais, originando instituições sociais e políticas peculiares às diversas culturas, assim também a lei moral interpreta-se e aplica-se conforme os dramas existenciais de tantas vidas e famílias despedaçadas, conquanto permaneça sempre válida e imutável como um ideal a ser alcançado, uma luz a guiar o comportamento do homem que jamais será compreendido se se pretender seja padronizado universalmente.

É claro que semelhante compreensão do bispo de Roma para com os filhos da Igreja que deram um passo em falso não guardando o sagrado vínculo do matrimônio e convolando segundas núpcias no âmbito civil soa injuriosa aos ouvidos de uma considerável parcela de católicos que tiveram a infelicidade de um casamento fracassado, que, entretanto, por coerência com a fé e por amor do Reino de Deus, não contraíram uma segunda união ilegítima. Esses católicos coerentes não se comportam como o irmão mais velho da parábola do Filho Pródigo; não são invejosos e mesquinhos recusando compartilhar da alegria do papa pela volta dos filhos à casa paterna. Afinal, os católicos que vivem em adultério não excomungados pela Igreja, são apenas privados da recepção de um sacramento que não só transmite a graça, mas encerra o Autor da Graça. Continuar lendo

AMORIS LAETITIA E A GRANDE FACHADA

A publicação de Amoris Laetitia tem provocado uma tempestade inteiramente previsível de opiniões em competição que oscilam desde “não se vê aqui nada de especial” até “não é magistral”, até “é uma catástrofe” e até “é revolucionária”.

Cada uma destas opiniões é correta. O que significa – e não deveria ser uma surpresa para qualquer erudito na época pós-conciliar – que o que aqui temos é um novo acrescento de grandes proporções à Grande Fachada de novidades eclesiais que não vinculam e de que nunca se viu na Igreja alguma delas antes daquela grande época de iluminação conhecida como ‘Anos 60’. O truque, como se verá, é promulgar a mais recente novidade e deixar as pessoas pensar que vincula a Igreja; e depois, embora realmente não vincule, passa a vincular. Não prestem atenção à verdade por detrás da fachada!

E agora isto: 256 páginas longas e confusas de meditações sobre “A Alegria do Amor”. Um verdadeiro livro cheio de pensamentos confusos dos quais uns poucos são bons pontos católicos, mais inúmeras trivialidades e citações positivamente erróneas de João Paulo II e de São Tomás de Aquino, usadas como pontos principais de um argumento sofista para o “discernimento pastoral” que permitiria dar a Sagrada Comunhão a “alguns” adúlteros públicos em “certos casos” – uma bomba detonada em rodapé, na nota 351, como o Cardeal Baldisseri teve o prazer de nos informar após a explosão. Falando daqueles que a Igreja vira sempre como adúlteros públicos conforme as palavras do próprio Cristo, Baldisseri anunciou na conferência de imprensa introdutória que “o Papa afirma, de um modo humilde e simples, numa nota [nota de rodapé 351], que a ajuda dos Sacramentos também poderia ser dada em ‘certos casos’”.

E o que poderia ser mais humilde do que derrubar a disciplina sacramental bimilenar da Igreja, enquanto se ignoram todos os Seus ensinamentos em contrário? Isto é a própria essência da humildade pontifícia! Do cimo de um Monte Olimpo de verborreia, Francisco atira raios revolucionários cuja própria justificação é aquilo que ele queria ver, mesmo se contradiz redondamente o ensinamento dos seus dois antecessores imediatos, o Catecismo da Igreja Católica, o Código de Direito Canónico, a declaração de 1994 da Congregação para a Doutrina da Fé e, além disso, toda a Tradição sobre a impossibilidade de admitir aos Sacramentos pessoas divorciadas e recasadas enquanto continuarem no seu adultério. Continuar lendo

MAGISTÉRIO CONTRA “MAGISTÉRIO”: PIO XII RESPONDE À “NOVA MORALIDADE” DA LAETITIA AMORIS DO PAPA FRANCISCO

pieXIIFonte: La Porte Latine

Discurso do Papa Pio XII ao Congresso Internacional da Federação Mundial da Juventude Feminina Católica 

O tema do Congresso

Sejam bem-vindas filhas amadas da Federação Mundial da Juventude Feminina Católica. Eu vos saúdo com o mesmo carinho que recebi, há cinco anos em Castel Gandolfo, por ocasião do grande encontro internacional das Mulheres Católicas.

Os estímulos e os sábios conselhos que foram proporcionados a vocês neste Congresso, assim como as palavras que então dirigimos não foram certamente infrutíferos. Sabemos os esforços que neste intervalo vocês têm desenvolvido para atingir os objetivos precisos dos quais vocês tinham uma visão clara. Isso também prova o relatório impresso durante a preparação deste Congresso que fizemos lá: “La Foi des Jeunes – Problème de notre temps”. Suas 32 páginas têm o peso de um grosso volume, e Nós temos analisado com muito cuidado, porque resume e sintetiza os ensinamentos de numerosas questões sobre a situação da fé na juventude católica da Europa, cujas conclusões são altamente instrutivas.

Em muitas das questões levantadas lá, Nós mesmos tratamos em nossa alocução de 11 de setembro de 1947 (1), que vocês assistiram, e em muitos outros discursos antes e depois. Hoje, Nós queremos aproveitar a oportunidade proporcionada por este encontro com vocês para dizer o que pensamos sobre um fenômeno que ocorre em todos os lugares, na vida de fé dos católicos e que afeta um pouco a todos, mas de uma forma particular afeta os jovens e seus educadores, como quando vocês dizem (p. 10): “Confundindo o cristianismo com um código de preceitos e proibições, os jovens têm a impressão de afogar-se nesse clima de “moral imperativa” e não é uma pequena minoria que deixa de lado esse “fardo constrangedor.”

Uma nova concepção da lei moral

Podemos chamar esse fenômeno de “uma nova concepção da vida moral”, uma vez que é uma tendência que se manifesta no campo da moralidade. No entanto os princípios da moralidade se baseiam nas verdades da fé e vocês sabem bem que é importância capital para a conservação e o crescimento da fé que a consciência da jovem se forme o mais cedo possível e se desenvolva segundo as normas morais justas e saudáveis. Assim, a concepção de “nova moralidade cristã” toca muito diretamente o problema da fé dos jovens. Continuar lendo

CONSEQUÊNCIAS DA EXORTAÇÃO AMORIS LAETITIA

PAPA EMÉRITO BENTO XVI ROMPE O SILÊNCIO E FALA DE “PROFUNDA CRISE” ATINGINDO A IGREJA APÓS O VATICANO II

O Papa retoma o uso do saturnoPor LifeSiteNews.com Tradução: Gercione Lima – FratresInUnum.com

No dia 16 de março, ao falar publicamente em uma rara aparição, o Papa Bento XVI deu uma entrevista ao Avvenire, o jornal da Conferência Episcopal Italiana, abordando uma “dupla e profunda crise” que a Igreja está enfrentando na esteira do Concílio Vaticano II. A notícia já chegou até a Alemanha como cortesia do vaticanista Giuseppe Nardi, do site de notícias católicas da Alemanha vinculado a Katholisches.info.

O Papa Bento nos recorda a antiga e indispensável convicção católica da possibilidade da perda da salvação eterna, ou que as pessoas vão para o inferno:

Os missionários do século 16 estavam convencidos de que uma pessoa não batizada está condenada para sempre. Após o Concílio [Vaticano II], essa convicção foi definitivamente abandonada. O resultado foi uma dupla e profunda crise. Sem essa atenção para com a salvação, a Fé perde o seu fundamento.

Além disso, ele fala de uma “profunda evolução do dogma” em relação ao dogma “fora da Igreja não existe salvação”. Esta mudança proposital do dogma levou, aos olhos do papa, a uma perda do zelo missionário na Igreja – “Qualquer motivação para um futuro compromisso missionário foi removido”.

Papa Bento XVI faz uma pergunta penetrante suscitada por essa mudança palpável de atitude da Igreja: “Por que você deveria tentar convencer as pessoas a aceitar a fé cristã, se elas podem ser salvas sem ela?” Continuar lendo

A SACRÍLEGA COMUNHÃO NA MÃO

comunhaoEste trabalho do Sr. Lafayette é um dos capítulos de uma grande compilação sobre a  Santa Missa, onde o autor recolhe de vasta bibliografia e organiza com inteligência, muitas explicações sobre a Missa Nova, seus erros, a comparação com a Missa de São Pio V etc. Nesta obra inédita são dadas exaustivas referências a todas as obras citadas. Essas notas  foram aqui retiradas para não tornar a leitura desagradável. 

Antecedentes –  Sobre o Concílio Vaticano II e a Reforma Litúrgica 

O Papa Pio XII faleceu em 1958 e no início de 1959 foi dado o primeiro aviso oficial sobre o futuro Concílio; e a 25 de julho de 1960, João XXIII tornou pública a sua decisão de confiar aos Padres do Concílio a reforma litúrgica.

As comportas iam ser abertas; era preciso, então, acelerar as providências. O monge beneditino Dom Adrien Nocent, “neolitúrgico típico”, foi nomeado, em 1961, professor do Pontifício Instituto de Liturgia de Santo Anselmo em Roma, uma venerável universidade beneditina fundada por Leão XIII; e lá Dom Nocent preparava o Concílio. Naquele mesmo ano de 1961, em sua obra O Futuro da Liturgia, Dom Nocent definia os princípios e os fundamentos da nova missa que então preconizava. Seu propósito: influir direta e decisivamente na “revisão da liturgia” que poderia ser realizada durante o Concílio Vaticano II.

Veio o Concílio.

Pela vontade do Papa João XXIII, o Vaticano II quis ser um Concílio Ecumênico e, como disse um bispo não tradicionalista, aí esta palavra “ecumênico” deve ser entendida não no sentido tradicional de “universalidade” ou de “catolicidade”, mas “na acepção moderna (ou errônea?) de favorecer a unidade dos cristãos” 1.

Essa intenção de fazer do Concílio um instrumento de ecumenismo (aliás, falso) abriu as portas da Santa Sé e a cidadela foi ocupada pelos neolitúrgicos progressistas.
Deixemos de lado o que nos separa, guardemos o que nos une; este bem conhecido programa de João XXIII foi o principio inspirador da nova liturgia.
Ora, uma reforma litúrgica inspirada em “motivos ecumênicos” é inconcebível, porque contradiz o princípio imutável da liturgia católica: cabe à regra de fé regular a oração. Uma tal reforma é, ao contrário, pôr em prática a “caridade sem fé” que São Pio X condenou no modernismo. Não é de espantar que a “reforma” (que ia ser implantada) tenha sacrificado a claridade e a exatidão doutrinal em troca de ambigüidade e compromisso.
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PARA ONDE VAI A NOVA TEOLOGIA?

conciliovaticano2Em um livro recente do Pe. Henri Bouillard, lê-se:

Quando o espírito evolui, uma verdade imutável não se mantém senão graças a uma evolução simultânea e correlativa de todas as noções, mantendo entre elas uma mesma relação. Uma teologia que não fosse atual seria uma teologia falsa” 1.

Ora, nas páginas anteriores e nas seguintes, mostra-se que a teologia de Santo Tomás em muitas partes importantes já não é atual. Por exemplo, Santo Tomás concebeu a graça santificante como uma forma (princípio radical de operações sobrenaturais que têm por princípio próximo as virtudes infusas e os sete dons):

As noções utilizadas por Santo Tomás são simplesmente noções aristotélicas aplicadas à teologia” 2.

Que se segue daí? “Renunciando à Física aristotélica, o pensamento moderno abandonou as noções, os esquemas, as oposições dialéticas que só tinham sentido em função dela” 3.Ele abandonou, pois, a noção de forma.

Como evitará o leitor esta conclusão: a teologia de Santo Tomás, por já não ser atual, é uma teologia falsa?

Mas, então, como os Papas amiúde nos recomendaram seguir a doutrina de Santo Tomás? Como, então, diz a Igreja no Código de Direito Canônico, can. 1366, n. 2: “Philosophiæ rationalis ac thelogiæ studia et alumnorum in his disciplinis institutionem professores omnino pertractent ad Angelici Doctoris rationem, doctrinam, et principia, eaque sancte teneant”?

Ademais, como “uma verdade imutável” se pode manter, se as duas noções que ela reúne pelo verbo ser sãoessencialmente cambiantes? Continuar lendo

A FÉ CATÓLICA NÃO É OFENDIDA SÓ COM A HERESIA

Por Roberto de Mattei – Corrispondenza Romana, 13-01-2016 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com

Em uma longa entrevista aparecida em 30 de dezembro no semanário alemão Die Zeit, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, levanta uma questão de crucial atualidade. Quando perguntado pela entrevistadora sobre o que pensa daqueles católicos que atacam o Papa, definindo-o de “herege”, ele responde: “Não só pelo meu ofício, mas pela convicção pessoal, devo dissentir. Herege na definição teológica é um católico que nega obstinadamente uma verdade revelada e proposta como tal pela Igreja para ser crida. Outra coisa é quando aqueles que são oficialmente encarregados de ensinar a fé se exprimem de forma talvez infeliz, enganosa ou vaga. O magistério do Papa e dos bispos não é superior à Palavra de Deus, mas a serve. (…) Pronunciamentos papais têm ademais um caráter vinculante diverso – desde uma decisão definitiva pronunciada ex cathedra até uma homilia que serve bastante para o aprofundamento espiritual.”

indifferentism-468x256Tende-se hoje a cair em uma dicotomia simplista entre heresia e ortodoxia. As palavras do cardeal Müller nos lembram que entre o branco (a plena ortodoxia) e o preto (a heresia aberta) há uma zona cinzenta que os teólogos têm explorado com precisão. Existem proposições doutrinárias que embora não sendo explicitamente heréticas, são reprovadas pela Igreja com qualificações teológicas proporcionais à gravidade e ao contraste com a doutrina católica. A oposição à verdade apresenta de fato diferentes graus, conforme seja direta ou indireta, imediata ou remota, aberta ou dissimulada, e assim por diante. As “censuras teológicas” (não confundir com as censuras ou penas eclesiásticas) expressam, como explica em seu clássico estudo o padre Sisto Cartechini, o julgamento negativo da Igreja sobre uma expressão, uma opinião ou toda uma doutrina teológica (Dall’ opinione al domma. Valore delle note teologiche, Edizioni “La Civiltà Cattolica”, Roma, 1953). Este julgamento pode ser privado, se for dado por um ou mais teólogos por conta própria, ou público e oficial, se promulgado pela autoridade eclesiástica. Continuar lendo

HISTÓRIA E TEOLOGIA DE UMA TRADUÇÃO TRAIDORA

cvPor todos” ou “por muitos”?

Quando começaram a ser usadas as traduções da Missa de Paulo VI, muitos fiéis católicos não puderam ocultar sua surpresa ao ouvir as palavras da consagração do cálice: “Este é o cálice de meu Sangue, Sangue da aliança nova e eterna, que será derramada por vós e por todos os homens para o perdão dos pecados”. Em efeito, o texto latim da nova liturgia dizia em realidade: “pro vobis et pro multis – por vós e por muitos”. Atribuiu-se isto naqueles tempos à traição das traduções.

Ora, a encíclica do Papa João Paolo II ‘Eucaristia de Ecclesia’ parece assumir a tradução errada, desta vez inclusive no texto latino: “Accipite et bibite omnes: hic calix novum aeternumque testamentum est in sanguine meo, qui pro vobis funditur et pro omnibus in remissionem pecatorum. (Ver Marc. 14, 24; Luc. 22, 20; 1 Cor. 11, 25). (No 2).

Versões Latinas e Gregas da Bíblia

Se consultarmos as versões latinas e gregas do Evangelho, e as edições críticas que mencionam as variantes do texto que chegou até nós, não encontraremos nada parecido. Em todos os textos da Sagrada Escritura acerca da narração da instituição da Sagrada Eucaristia (Marc. 14, 24; Mat. 26, 28), lemos ‘pro multis’, por muitos, e não ‘pro omnibus’, por todos. Continuar lendo

HERESIA EM VÍDEO INTER-RELIGIOSO DO PAPA?

pope-francis-jan-2016-interfaith-video-460Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Escrito por John Vennari (Catholic Family News)

Católicos de todo o mundo estão escandalizados com a mais recente manifestação da aberração Conciliar. O vídeo (que publicamos aqui), lançado pelo Papa Francisco, por suas intenções de oração para janeiro — uma celebração pan-religiosa com todas as religiões do mundo onde Francisco pede mais diálogo e afirma que nós,membros de todas as religiões, somos todos “filhos de Deus. “[1] 

Naturalmente, não há no vídeo nenhum apelo à conversão dos acatólicos para a única e verdadeira Fé. 

O vídeo gerou muita discussão em diversas páginas de redes sociais ecatólicoso modernismo e a heresia da apresentação. No entanto, talvez alguns sacerdotes bem-intencionadospareciam confusos com todo o transtorno: “Desculpe”, disse um deles, “o que precisamente é herético na declaração? Não vejo qualquer declaração afirmando que todas as religiões são iguais. (pluralismo?)”

Aqui está a chave para entender o que é verdadeiramente acontece. 

O Modernismo raramente opera com “afirmações precisamente heréticas.” Seu método é uma práxis que aborda de maneira inédita o que está em conflito com o magistério perene.  Continuar lendo

MAIS UM EVENTO DA NOVA ORDEM MUNDIAL, ATRAVÉS DO “ECUMENISMO” PÓS CONCILIAR

APOIO MUNDIALISTA A COMUNIDADE TAIZÉ
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Trinta mil jovens se reuniram durante cinco dias em Valência (Espanha).

 

Fonte: Distrito da FSSPX no México

 

Unanimidade absoluta em torno da comunidade ecumênica de Taizé (1), que celebrou em Valência (Espanha), de 28 de dezembro a 01 de janeiro, o Encontro Europeu de Jovens. Trinta mil pessoas, 15 mil vindas de fora da Espanha, “católicos” e protestantes indistintamente, puderam desfrutar da Catedral de Valência e da igreja de Santa Catarina para seus atos de oração e workshops de intercâmbio de experiências e testemunhos. As vigílias de oração pela paz no Ano Novo foram celebradas em todas as paróquias. Presidiram esses atos o Cardeal Arcebispo de Valência, Antonio Cañizares, e o superior da comunidade de Taizé, Irmão Alois (foto). Estiveram presentes os bispos que receberão o próximo encontro: o Arcebispo Católico de Riga, Zvignevs Stankevics e o arcebispo da Igreja Evangélica Luterana da Letônia, Janis Vanags. 

 

E o Papa Francisco através do secretário de Estado, monsenhor Pietro Parolin, enviou uma mensagem de saudação ao Arcebispo de Cantuária, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, ao presidente do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou, ao secretário-geral da Federação Luterana Mundial, ao Secretário Geral da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas assim como ao secretário-geral do Conselho Ecumênico de Igrejas. Finalmente, apresentaram as suas declarações de apoio: o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

 

Estamos, portanto, em pleno “ecumenismo” …

 

Rezemos pela conversão de todas essas pobres pessoas que estão no erro, e que Deus nos proteja!

(1) A Comunidade de Taizé é uma comunidade monástica protestante ecumênica, fundada em 1940 pelo teólogo suíço Roger Schutz, conhecido como irmão Roger, em Taizé, na França, que continua a ser a sua sede.

ELES QUEREM MUDAR A MISSA TRADICIONAL

Os bispos da Inglaterra e do País de Gales, contra a oração pelos judeus na Sexta-feira Santa.

Fonte: Distrito da FSSPX no  Mexico

Uma das resoluções da última assembleia plenária do episcopado inglês e galês foi se unirem ao pedido dos bispos alemães junto a Santa Sé para que se modifique a oração pelos judeus da Sexta-feira Santa, na Missa tradicional. Ele já tinha sido alterada em 2008, para aqueles que utilizam a agora denominada “forma extraordinária” do Rito Romano (note que nós, membros da FSSPX, não aceitamos esta alteração “ecumênica” e continuamos a celebrar segundo o missal tradicional original), mas, de acordo com Kevin McDonald  (centro da foto), presidente da Comissão Episcopal para as relações entre católicos e judeus, continua sendo “uma oração pela conversão dos judeus ao cristianismo” e isso “causa problemas e confusão na comunidade judaica porque a Igreja parece enviar mensagens inconsistentes “.

Porque “incoerentes”? Porque, como observado pelo Bispo McDonald, a oração de 1970 para a Missa Nova (que substituía as “referências ofensivas a judeus” da missa tradicional) é uma oração “para que o povo judeu continue crescendo no amor ao nome de Deus e na fidelidade à sua Aliança, uma Aliança que – como deixou claro como “São” João Paulo II em 1980 – não foi revogada “.

Comentário:

Esta declaração é importante porque reafirma dois pontos da doutrina Conciliar (certamente, não a da doutrina católica):

  • A Antiga Aliança ainda está em vigor.São Paulo diz o contrário, uma vez que “já não há judeu ou gentio” (Gl 3, 28) à declaração expressa de que a antiga Promessa era “temporária” (2 Cor 3, 11).
  • Os judeus não têm necessidade de converter-se.Mas então, “a quem se dirigiam São Pedro e São Estevão nas sinagogas pedindo-lhes conversão? Para não mencionar o último mandato de nosso Senhor aos apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai a Boa Nova. Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado “(Mc 16: 15-16).

CNBB EM DEFESA DA MAMÃE DILMA

Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, questiona motivos que levaram presidente da Câmara a abrir processo contra a petista e diz que ele agiu por interesse pessoal.

Fonte: Congresso em Foco

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criticou hoje (3) o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que autorizou aabertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em nota, a CNBB questiona os motivos que levaram Cunha a aceitar o pedido de abertura do processo.

Manifestando “imensa apreensão”, a comissão da CNBB diz que a atitude de Cunha “carece de subsídios que regulem a matéria” e que a sociedade está sendo levada a crer que “há no contexto motivação de ordem estritamente embasada no exercício da política voltada para interesses contrários ao bem comum”. Para a CNBB, Cunha agiu por interesse pessoal.

A entidade católica, que, na época em que o então presidente Fernando Collor enfrentou processo de impeachment, participou de uma manifestação pela ética na política, afirma no comunicado divulgado hoje que “o impedimento de um presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas”. “[…] Que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo? […] É preciso caminhar no sentido da união nacional, sem quaisquer partidarismos, a fim de que possamos construir um desenvolvimento justo e sustentável”, acrescenta a comissão da CNBB. Continuar lendo