
Líbia, Síria, Armênia, Ucrânia: uma ladainha inacabada de uma longa série de guerras que marcaram a última década… Como encontrar a paz?
Fonte: Lou Pescadou nº 230 – Tradução: Dominus Est
É certo que Caim e Abel nos ensinaram que a guerra é sempre a consequência do vício: é habitada pela ganância e pela inveja, pela sede de poder e pelo desejo de derrubar. Nesse sentido, é a prova irrefutável do pecado original. Importa-nos, pois, perguntar: se a multiplicação dos confrontos violentos, tanto internamente (em nossos países) como internacionalmente, não seria uma manifestação do pecado que, desde o início, viciou nossas sociedades modernas? Em outras palavras, a guerra, a violência e a destruição não estariam inscritas no próprio DNA do chamado mundo ocidental? Não seriam parte integrante da sua identidade? Isso seria muito grave porque mostraria como nossa cultura é uma cultura de morte, e o quanto nossas sociedades, longe de se unirem, dissolvem-se e dividem-se por natureza.
Não é segredo que o espírito da Revolução Francesa trouxe consigo sua parcela de conflitos, internos e externos. O filme Vaincre ou mourir soube dizer tudo isso. Esse fluxo, infelizmente, jamais se esgotou. Trazendo para uma pequena escala, as greves de hoje recordam-nos disso, assim como os grandes conflitos da última década. Poderia ser de outra forma? Existe paz quando o desejo humano se concentra principalmente nos bens que se multiplicam quando são partilhados.
Assim são os bens de ordem espiritual: quando comunicada, a alegria multiplica-se, a partir si mesma.
Assim é Deus: todos tem sua parte e todos a têm em sua totalidade.
Só há paz interior, portanto, quando o desejo do Infinito que habita no coração humano pode ser alcançado nesse Infinito, e só há paz social e internacional na medida em que este mesmo Infinito é colocado no ápice da busca humana. Quando, ao contrário, os bens espirituais são renegados ou, semelhantemente, são colocados numa esfera puramente privada, então reina a busca pelos bens materiais, de riquezas temporais que se dividem cada vez que são compartilhadas. A sede pelo Infinito então se transforma em ganância, cada vez mais, e o outro torna-se um rival. Ora, nossas sociedades ocidentais definem-se como sociedades de consumo, centradas em bens materiais e perecíveis e admitem também ter como regulador o interesse, e não mais o bem Infinito. Tudo está dito. Eles dividem-se ao invés de unirem-se. São, por natureza, geradores de conflitos, guerras e greves. Continuar lendo →
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