ENCÍCLICA MEDIATOR DEI – CONDENAÇÃO POR ANTECIPAÇÃO DA “REFORMA LITÚRGICA” DE PAULO VI

Resultado de imagem para missa ecumênicaUma “lei nociva”: o “Ordo Missae” ecumênico

Há 30 anos (3 de abril de 1969), o Novus Ordo Missae de Paulo VI sucedeu ao antiqüíssimo e venerável rito romano da Santa Missa.

Pela Festa de Corpus Christi deste mesmo ano, foi apresentado a Paulo VI um Breve exame crítico do “Novus Ordo Missae“, precedido duma “Carta” dos cardeais Ottaviani e Bacci, na qual se afirmava: “Os súditos, para o bem dos quais se quer estabelecer uma lei, tiveram sempre, mais do que o direito, o dever de pedir, com confiança filial, ao legislador a ab-rogação da própria lei, quando ela se demonstra ser nociva”.

E como o Novus Ordo era “nocivo”, a ponto de fundamentar um verdadeiro “dever” de pedir a sua ab-rogação, os dois cardeais diziam sem rodeios: o novo rito da Missa “representa, tanto no seu conjunto como nos seus pormenores, um afastamento impressionante da teologia católica da Santa Missa, tal como foi formulada na sessão XXII do Concílio de Trento”.

A “Mediator Dei”

Este “afastamento da teologia católica da Santa Missa” tinha já sido apontado e reprovado por Pio XII no movimento litúrgico que precedeu o Concílio Vaticano II. Na “Mediator Dei” (1947), escrevia o Papa: “Nós notamos com muita apreensão que alguns são demasiado ávidos de novidades e se afastam do caminho da são doutrina e da prudência. Na intenção e no desejo duma renovação litúrgica, eles interpõem freqüentemente princípios que, na teoria ou na prática, comprometem esta causa santíssima, e muitas vezes até a contaminam de erros que afetam a fé e a doutrina ascética“.

Com esta Encíclica, Pio XII se propunha “afastar da Igreja” “falsas opiniões… inteiramente contrárias à santa doutrina tradicional“, “erros que afetam a fé católica e a doutrina ascética“, “exageros e desvios da verdade que não se harmonizam com os preceitos autênticos da Igreja“… opiniões, erros, exageros, desvios, que são a alma da “reforma litúrgica” de Paulo VI e das suas múltiplas realizações que, chegando mesmo às vezes além da letra, se situam, não obstante, no “espírito do Concílio” e do Novus Ordo (como o demonstra também o fato de que eles não são objeto de nenhuma sanção disciplinar). Continuar lendo

GARRIGOU-LAGRANGE, RATZINGER E BERGOGLIO

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Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

No quinto aniversário da eleição do bispo de Roma Francisco, parece-me oportuno pôr em evidência alguns pontos em comum entre Bergoglio e seu predecessor Ratzinger, tido por alguns ingênuos, sem nenhum fundamento, como um baluarte da sagrada e imutável tradição da Igreja.

Infelizmente, aqui no Brasil os blogs dos grupos Summorum Pontificum, atrelados à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei Adflicta, não deram a merecida publicidade ao lançamento do livro do filósofo italiano Enrico Radaelli, curador da obra de Romano Amerio, Al cuore di Ratzinger – al cuore del mondo

Na referida obra, Radaelli imputa a Ratzinger diversos erros filosóficos e teológicos defendidos em sua obra de juventude Introdução ao cristianismo, sendo que em alguns desses erros reincidiu o autor após ter abdicado do trono de São Pedro.

Diz Radaelli que, segundo Ratzinger, a existência de Deus é a melhor hipótese mas não é um dado da razão, como ensina São Tomás de Aquino. Ratzinger, portanto, seria um “tradicionalista rígido”, ou melhor, um fideísta. Quando li que Ratzinger considera Deus a melhor hipótese lembrei-me do que dizia D. Pestana sobre a mentalidade materialista de hoje: “Considera-se Deus uma hipótese inútil”.

Procurei, então, entender o alcance e as consequências do erro defendido pelo ex-papa. E logo me acudiram à memória as 24 teses tomistas concebidas sob o pontificado de São Pio X e publicadas  por Bento XV, em 1916. As 24 teses foram elaboradas e propostas como regras seguras de direção intelectual, a fim de que se evitassem erros filosóficos que tivessem consequências deletérias nos estudos teológicos. Continuar lendo

A PERDA DO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Um dos efeitos da reforma litúrgica é a perda do espírito de sacrifício. O sacrifício já não é mais buscado sem o prazer. Dom Lefebvre denuncia essa nova orientação e lembra por que a Igreja sempre pediu aos fiéis a mortificação.

1 – Se já não há sacrifício da missa, tampouco há espírito de sacrifício

O catolicismo está fundado essencialmente sobre a cruz. Se não existe mais a noção do sacrifício da Cruz, do sacrifício da missa que continua o sacrifício da Cruz, já não se é mais católico. Nesta fé, na Cruz de Jesus e em seu Coração aberto, é onde encontramos a fonte das graças. Quando contemplamos sua cabeça coroada de espinhos e suas mãos transpassadas, encontramos todas as graças de ressurreição e de redenção que necessitamos. Se o sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo é suprimido em nossos altares, apenas uma Eucaristia permanece, ou seja, uma refeição compartilhada, uma comunhão. Esse já não é mais o espírito da Igreja Católica que se fundamenta essencialmente na Cruz e no espírito de sacrifício.

Devemos reconhecer que o espírito de sacrifício está desaparecendo à nossa volta. Ninguém quer se mortificar, mas gozar e aproveitar a vida, mesmo entre os católicos. Por quê? Porque a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo já não está mais lá. E se já não há mais uma Cruz, já não existe mais uma Igreja Católica. É uma questão de considerável gravidade. É a mudança de orientação que foi feita durante o Concílio.

2 – Sem o espírito de sacrifício, toda a vida familiar é afetada

Em razão do fato de que depois do Concílio já não mais se fala do sacrifício da missa, o espírito de sacrifício desaparece e ninguém mais o entende. Continuar lendo

RUMO À CANONIZAÇÃO DE PAULO VI

news-header-imageFonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Por ocasião de uma entrevista concedida ao site norte americano Crux, o cardeal Pietro Parolin anunciou em 6 de março de 2018 que o Papa Paulo VI (1963-1978) poderia ser canonizado em outubro próximo, no sínodo dos bispos dedicados aos jovens.

Este anúncio teve lugar após a aprovação, por parte da Congregação para as Causas dos Santos, em 6 de fevereiro de 2018, do reconhecimento de um “milagre” atribuído à intercessão de Giovanni Battista Montini.

Em 27 de abril de 2014, o Papa Francisco canonizou os papas João XXIII (1958-1963) e João Paulo II (1978-2005). Em 19 de outubro do mesmo ano, no final do sínodo familiar, beatificou Paulo VI.

Em 17 de fevereiro de 2018, durante um reencontro com o clero de Roma, o Papa Francisco declarou que a canonização de Paulo VI terá lugar no decorrer de 2018: “Paulo VI será canonizado este ano, a beatificação de João Paulo I está em processo, em relação a Bento XVI e a nós mesmos, estamos na lista de espera”, ele brincou.

Através destas canonizações à marcha forçada de todos os papas modernos, o que realmente se canoniza, de certo modo, é a reforma geral da Igreja que ocorreu há cinquenta anos e que, ao mesmo tempo, torna-se irreversível. Além disso, tem a pretensão de fortalecer a religião conciliar, isto é, a concepção e o espírito da prática do catolicismo como redefinido pelo Concílio Vaticano II através de suas destrutivas reformas de culto, da fé e da doutrina.

Mais uma vez, surge a questão da evolução dos processos de beatificação e canonização, bem como a sua utilização para fins de política eclesiástica.

Monsenhor Marcel Lefebvre, que foi suspenso a divinis durante o pontificado de Paulo VI, explicou aos seminaristas de Ecône a opinião que tinha sobre este papa, durante as conferências ministradas sobre as Atas do Magistério, que forneceram o material para o seu livro Le Destronaron, Capítulo XXXI, “Paulo VI, o Papa Liberal”, o qual nos permite saber exatamente o que o fundador da Fraternidade São Pio X havia dito sobre o anúncio desta próxima “canonização”.

O pontificado do Papa Paulo VI (1963-1978) descerá na história como o pontificado do Concílio Vaticano II e sua implementação, que introduziu a revolução na Igreja. As seguintes são algumas das principais reformas resultantes desse concílio: a Missa Nova, cujo espírito e rito são perigosamente semelhantes à “liturgia” protestante; um falso ecumenismo que ignora a verdadeira unidade da Igreja; o aggiornamento geral que aboliu as veneráveis ​​tradições das ordens e congregações ao questionar a vida sacerdotal e religiosa; a prolongada crise da Igreja, com a destruição da fé e das vocações, do espírito católico na educação, da prática moral e religiosa em todos os aspectos, etc. Paulo VI, um papa torturado, presa da dúvida e da preocupação, tentou proibir a Missa de São Pio V no consistório de 1976 e perseguiu a legítima reação da Tradição, a qual se opôs à revolução conciliar com os vinte séculos de vida e ensino da Igreja.

NÃO É ESTA A HORA DE JESUS?

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Lembram-se, amigos, quando à cabeça da Igreja havia um papa como o Venerável Pio XII? Ou um Padre Pio que nos trazia a certeza de ver Cristo vivo nele? Hoje, não há mais nada. A quem olhamos? A quem vamos? Não seria este o momento perfeito para a hora de Jesus?

Uma Babel como a atual no mundo e na Igreja nunca tinha sido vista antes. Autoridades da Igreja que se calam diante de legisladores que legalizam até aquilo que os antigos se envergonhavam; que propõem instituir “diaconisas”; os melhores católicos muitas vezes “amordaçados”; muitos anticlericais e sem Deus sendo apresentados como modelos… e outras amenidades.

Sacerdotes e Bispos que reduziram sua pregação pouco menos do que a educação cívica; o Credo católico e a Moral abalados por um documento que se chama Amoris laetitia, mas isso deve ser chamado de “Amoris malitia”. Tudo isso e mais ainda deixa as pessoas ainda honestas e amigas da Verdade sem palavras, aterrorizadas, alucinadas.

Sabemos que há reuniões de padres que competem para ver quem diz mais bobagens. Diante de todos, o vazio das igrejas e dos seminários, causado por pelo menos três gerações, abandonadas sem verdadeira catequese. Culpa-se a secularização, o declínio dos nascimentos, como se os homens da Igreja não tivessem a culpa quando, durante mais de 50 anos, mudaram a religião e hoje temos um pastor que não sabe mais quem ele é. As pessoas, que acreditam ou não acreditam, dizem uma só coisa: “Não há nada, tudo foi demolido, não há certezas ou pontos de referência. Não há guias, não há chefes: não há diretrizes de marcha, em uma palavra, não há mais nada”. Continuar lendo

ONDE JESUS DIZ BRANCO, RATZINGER DIZ PRETO

Em janeiro havíamos publicado um post que noticiava um bombástico livro e um texto de apoio ao mesmo que acusavam Bento XVI de algumas heresias (leia aqui: BENTO XVI É ACUSADO DE PROPAGAR HERESIAS).

Traduzimos agora uma matéria em que Enrico Maria Radaelli coloca 5 exemplos resumidos que estão em seu livro “No coração de Ratzinger. No coração do Mundo” mostrando a contradição entre os ensinamentos do então Prof. Ratzinger (confirmado posteriormente enquanto Papa) e a Doutrina da Igreja/Sagradas Escrituras.

Fonte: Cooperatores Veritatis – Tradução: Dominus Est

Por Enrico Maria Radaelli

Queremos aqui oferecer pelo menos cinco, dos muitos exemplos, da total incompatibilidade entre: de um lado os ensinamentos das Sagradas Escrituras e dogmas da Igreja, e de outro os ensinamentos apresentados pelo Professor Ratzinger em seu celebre livro de 1968, “Introdução ao Cristianismo”, até hoje verdadeiro e único paradigma de seu pensamento, vendido há cinquenta anos em todo o mundo, nunca negado, senão confirmado em 2000 por um novo Ensaio Introdutório escrito por seu próprio autor, na época Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, e, na sua linha de pensamento, ainda reiterado em uma entrevista publicada em L’Osservatore Romano em 17 de março de 2016, portanto, apenas dois anos atrás, e tendo o digníssimo Sujeito completado três anos da grande renúncia do papado. Livro, portanto, ainda muito atual.

Ele constitui o objeto da análise crítica do meu [livro] “No coração de Ratzinger. No coração do mundo”, pro manuscripto, Aurea Domus, Milão, novembro de 2017, pág. 370, disponível nas livrarias Ancora (Milão e Roma), Coletti (Roma), Hoepli (Milão), Leoniana (Roma), bem como no site metafísico Aurea Domus.

Pretendo também assegurar ao leitor, neste artigo, a contextualização mais ampla das citações do pensamento ratzingeriano, de modo a garantir ao estudioso uma compreensão mais profunda e, acima de tudo, o significado nem sempre claro.

É considerada urgente a máxima divulgação do livro No coração de Ratzinger, No coração do mundo, a fim de que seja evidente que esse que assina, podendo começar a trabalhar nele somente a partir de setembro de 2015, fez todo o possível para chegar a tempo de provar – pelo menos tentar – e convencer o ilustre autor da Introdução ao Cristianismo da necessidade de refletir sobre todos os seus pressupostos antes que seja tarde demais. Continuar lendo

FOCO SOBRE A FRANCO-MAÇONARIA?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Pergunta-se por que seria necessário, subitamente, dar foco à Franco-Maçonaria. Simplesmente porque ambos, o mundo em que vivemos e a igreja conciliar, são hoje “maçonizados”. E foram pela única causa que é conveniente a este resultado: a maçonaria em si.

De que maneira o mundo e a Igreja foram maçonizados? A resposta está em apenas uma palavra: Relativismo. De fato, a mentalidade do mundo atual é uma mentalidade relativista: não há mais verdade saída da adequação da inteligência ao real (verdade natural) ou saída da Revelação (verdade sobrenatural), mas a cada um sua verdade. O mais grave é que o relativismo realmente entrou na mente dos homens da Igreja que querem ser fiéis ao Concílio Vaticano II.

O exemplo hoje vem de cima, já que vem do próprio Papa. Em seu vídeo de janeiro de 2016, vemos Francisco sentado atrás de uma mesa e o ouvimos dizer:

A maioria dos habitantes do planeta declara-se crentes. Isso deveria ser motivo para o diálogo entre as religiões. Não devemos deixar de rezar por isso e colaborar com quem pensa de modo distinto“.

O papa continua:

Muitos pensam de maneiras diferentes, sentem de maneira diferente, procuram Deus ou o encontram de diversas maneiras. Nessa multidão, nesta variedade de religiões, só há uma só certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus “(esse vídeo escandaloso pode ser visto aqui).

Historicamente, é fato que a “maçonização” da sociedade civil que precedeu e permitiu a maçonização da Igreja Católica. A famosa seita maçônica dos Carbonários (condenada pelo papa Pio VII em sua encíclica Ecclesiam a Jesu Christo, de 13 de setembro de 1821) concebeu o seguinte plano que foi realizado com o Concílio Vaticano II:

O que devemos pedir […] é um papa segundo nossas necessidades […]. Assim, caminharemos mais seguramente ao assalto da Igreja […]. Para asseguramos um Papa nas devidas proporções, devemos inicialmente preparar para este Papa uma geração digna do reino que sonhamos. […] Dentro de alguns anos  este  clero  jovem  terá  forçosamente  ocupado todas as funções; será quem governa, administra, julga, forma o conselho soberano e será chamado para eleger o Pontífice que terá que reinar, e este pontífice como a maioria de seus contemporâneos, estará necessariamente mais ou menos imbuído dos princípios italianos e humanitários que começaremos a pôr em circulação. […] Que o clero ande sob vosso estandarte, acreditando ir sempre atrás das bandeiras das Chaves apostólicas. […] Vós trareis amigos em torno da cadeira apostólica. Vós tereis pregado uma revolução em tiara e pluvial, marchando com a cruz e estandarte.”

A conclusão dessas considerações é a seguinte: combatendo sobrenaturalmente a Franco- Maçonaria, atacamos a raiz do mal atual.

Originalmente publicado na: Carta da Milícia da Imaculada – número 2 – também publicado na Revista Le Chardonnet n° 315, fev/2016, pág. 6)

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NOTA DO BLOG DOMINUS EST: D. Marcel Lefebvre já exclamava isso em seu livro DO LIBERALISMO À APOSTASIA, no capítulo: A CONSPIRAÇÃO DA ALTA VENDA DOS CARBONÁRIOS

 

MONS. FELLAY SOBRE O ATUAL ESTADO DA FRATERNIDADE

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Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Monsenhor Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, graciosamente concordou em proferir uma conferência aos fiéis da Igreja de São José, ocasião em que falou sobre o desenvolvimento das relações da Fraternidade com Roma. Durante esta conferência, concedida em 3 de fevereiro de 2018, ele forneceu muita informação sobre isso e, acima de tudo, incentiva um assunto que pode parecer tão obscuro para os católicos hoje.

Diante de um grupo de fiéis muito interessados da Igreja de São José, Monsenhor Fellay abriu a conferência falando sobre os antecedentes da obra da FSSPX, relembrando os eventos e movimentos que tiveram lugar antes do Concílio Vaticano II. Ele também lembrou que o “respeito humano” em que o clero caiu, foi a razão pela qual eles evitaram condenar o comunismo e introduziram o conceito muito venenoso de liberdade religiosa. O último foi solicitado especificamente à Igreja pela Loja Maçônica B’nai B’rith.

No entanto, a influência do comunismo e da maçonaria não terminou no Concílio, mas devastou a Igreja extensivamente nas décadas seguintes. Os inimigos de Cristo atacaram o coração de sua Igreja apontando suas armas para o sacerdócio. Com a implantação de candidatos cuidadosamente selecionados nos seminários, esses inimigos conseguiram reduzir o corpo sacerdotal a uma mera sombra do que fora um dia, em questão de algumas décadas. Sua Excelência observou, por exemplo, o caso de uma paróquia na França que conta com dois sacerdotes, com mais de 60 anos de idade, aos quais foram confiados 92 centros de missas. É uma situação verdadeiramente dramática, e definitivamente não há avanço neste momento.

Em rápidas pinceladas, Monsenhor delineou um breve resumo dos tratados da Fraternidade com Roma desde a sua fundação em 1970. Entre outras coisas, ele falou do protocolo de 1988 — um documento que, apesar de não ser perfeito, era suficiente em si mesmo, e que teria concedido à Fraternidade o seu lugar legítimo na Igreja. Monsenhor Lefebvre voltou atrás em assinar este documento por uma razão prática; depois de rezar, deu-se conta de que estava sendo enganado, e de que não lhe seria concedido um sucessor. Continuar lendo

“A TRADIÇÃO É O ÚNICO FUTURO POSSÍVEL PARA A IGREJA”

Entrevista exclusiva com o Padre Fausto Buzzi – assistente do Superior do Distrito da FSSPX na Itália, com Francesco Boezi, do jornal italiano Il Giornale

A Tradição representa o único futuro possível para a Igreja. Dom Fausto Buzzi tem uma visão clara. Sacerdote da Fraternidade São Pio X, a mesma fundada por Marcel François Lefebvre em 1 de novembro de 1970, logo após Concílio Vaticano II, Buzzi é hoje assistente do Superior italiano. Ele serviu durante alguns anos na associação Alleanza Cattolica. Depois, em 1972, conheceu Monsenhor Lefebvre e ingressou no seminário de Ecône. Nesta entrevista exclusiva, o sacerdote de São Pio X falou, entre os pontos abordados, da reunificação doutrinal com o Vaticano.

Fonte: FSSPX Itália – Tradução: Dominus Est

Il Giornale: O que ainda separa  Fraternidade São Pio X da Igreja Católica?

Dom Fausto Buzzi: É bom ressaltar que a Fraternidade São Pio X não tem nada que a separa da Igreja Católica. Nós estamos unidos à Igreja Católica e nunca nos separamos dela, apesar das divergências com as autoridades da Igreja. Ora, essas divergências não partem de nós. Mons. Lefebvre dizia sempre que o condenaram pelos mesmos motivos pelos quais os papas costumavam enaltecê-lo, particularmente o Papa Pio XII. Foi Roma que mudou e, com o Vaticano II, se distanciou da bimilenar Tradição da Igreja. Em resumo, podemos dizer que o que nos separa de Roma são os graves e fundamentais problemas doutrinais”.

IG: Um pároco me disse, certa vez: “Fala-se muito sobre cisma, mas esses não têm a competência teológica de Marcel Lefebvre“. É isso mesmo?

FB: Muitos criticam ou condenam a Fraternidade São Pio X sem conhece-la e sem compreender as graves razões que a colocam em uma situação hostil em relação às autoridades eclesiásticas. Hoje, muitos, sacerdotes e leigos, estão começando a se perguntar o que está acontecendo na Igreja e estão abrindo os olhos para o fato de que aqueles que foram taxados por muitos anos como cismáticos são aqueles que permaneceram mais fiéis à Igreja Católica e, paradoxalmente, os mais fiéis ao papado. Em nossos seminários, Mons. Lefebvre queria que estudássemos a Summa Theologica de Santo Tomás de Aquino e outras obras clássicas de teologia. Lhe asseguro que foi uma grande graça para nós recebermos uma formação tão profunda e tão sólida.

IG: Qual a sua opinião sobre o Papa Francisco?

FB: Para nós, o Papa Francisco não é nem pior nem melhor do que os outros Papas conciliares ou pós-conciliares. Ele trabalha na mesma obra inaugurada por João XXIII, a de autodemolição da Igreja Católica com a finalidade de construir uma outra que esteja em conformidade com o espírito liberal do mundo. Eu ainda lhe direi mais: o atual Papa não é tão responsável quanto foi o Papa Paulo VI [em seguir adiante com a agenda de autodemolição da Igreja]. Este papa conduziu o Concílio, o concluiu, e conduziu também todas as reformas. E tudo isso, agora, é a causa da gravíssima crise que vemos na Igreja. É certo que as ações e as palavras do Papa Francisco parecem mais graves do que as de seus predecessores. Mas não é assim. Hoje, o efeito midiático ressoa muito mais do que no passado. No entanto, substancialmente, os atos de Paulo VI são muito mais graves do que os de Francisco. Continuar lendo

ONDE O SEDEVACANTISMO E NEOCONSERVADORISMO SE ENCONTRAM

A TENTAÇÃO SEDEVACANTISTA

Fonte: FSSPX Distrito do México – Tradução: Dominus Est

Um estudo sobre a preocupante tendênciaque existe entre alguns católicos que amam os ensinamentos tradicionais e perenes da Igreja.

Sedevacantismo é uma palavra muito extensa que significa, literalmente, que a Santa Sede está vacante. Atualmente, indica a crença de que a pessoa que ocupa a cadeira de São Pedro não é o verdadeiro Papa, mas um impostor sem qualquer direito a exercer o oficio papal.

A razão alegada pelos sedevacantistas é que a crise da igreja tem o respaldo do Bispo de Roma. Eles afirmam que por omissão ou comissão, o Papa está promovendo erros e heresias como a nova Missa, o ecumenismo, a liberdade religiosa e a colegialidade. Os sedevacantistas pensam que um verdadeiro Papa não pode ser responsável por uma crise assim.

Esta mesma crise também produziu outro grupo, o dos neoconservadores, que aderem a tudo o que o Papa diga, pelo simples fato de ser o Papa. Deste modo, são levados a aceitar os falsos ensinamentos do Concilio Vaticano II mencionados acima.

É muito interessante que ambos os grupos, neoconservadores e sedevacantistas, servem-se do mesmo princípio: “O Papa é infalível em tudo, e o que ele ensina é verdadeiro e bom.” A diferença reside na forma como este princípio é aplicado. Os conservadores afirmam que, uma vez que o Vaticano II obteve a aprovação papal, devemos aceitar cegamente seus ensinamentos como bons e verdadeiros, sem importar-nos ou preocuparmos com o que possamos sentira respeito. Os sedevacantistas sustentam que, quando o Vaticano II promove heresias, sua autoridade não pode provir do verdadeiro Papa. Aqui está o dilema perfeito: neoconservador ou sedevacantista!

A solução para o dilema tem sua raiz no próprio princípio. A infalibilidade não é um passe universal para absolutamente tudo o que sai da boca do Papa ou tudo o que Roma diz. A infalibilidade está limitada a declarações específicas, que devem atender a certas condições para ter sua proteção. Esta proteção não se aplica aos documentos do Concílio Vaticano II nem à legislação em torno da Missa nova.

Monsenhor Lefebvre, em seu conhecimento da política romana e sabedoria sobrenatural, conhecia os principais problemas que ocorreram durante o Concílio Vaticano II: presidiu o Coetus, que foi o grupo formado pelos bispos em oposição aos modernistas provenientes dos países do Reno. Ao contrário dos sedevacantistas, o santo bispo não se escandalizou pela terrível confusão que sofreram a fé e a Missa sob o nome de ecumenismo. Ele lutou como um leão contra a Roma modernista e, no entanto, reconhecia a autoridade do Romano Pontífice. Ele agiu do mesmo modo que um bom menino o faria ao resistir a um pai que lhe pedisse para que roubasse, sem deixar de reconhecê-lo como pai.

Alguns sedevacantistas afirmam que os sacerdotes tradicionalistas (incluindo a FSSPX) invocam a pessoa do Papa dizendo “una cum” no cânon da Missa. Para eles ser “una cum” é tanto como dizer “Amém” às heresias promovidas pelo Papa. Na verdade, a tradução mais precisa do termo é que oramos pelo Papa, como cabeça visível da Igreja.

Por muito tentadora que possa parecer neste momento a opção do sedevacantismo, devemos resistir a cair nesse erro. No entanto, isso não significa que devemos alinhar-nos com os neoconservadores que tomam cada declaração papal como quase infalível. Recordemos que na história da Igreja houve santos e homens santos que consideraram necessário resistir ao Papa sem se tornarem sedevacantistas. Esta é a razão pela qual Monsenhor Lefebvre, mesmo com toda a sua oposição à Roma modernista, nunca adotou essa posição, e prudentemente proibiu os sacerdotes da FSSPX professá-la.

“SE VOCÊ QUER AJUDAR A RESTAURAR A IGREJA, É PRECISO COMEÇAR COM O SACERDÓCIO”

news-header-imageFonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Trecho da entrevista concedida por Dom Bernard Fellay à MaikeHickson (MH) de OnePeterFive, sobre o centenário de Fátima e a crise da Igreja. Nota: as perguntas foram enviadas ao Bispo Fellay em finais de 2017, mas em razão de vários contratempos a entrevista foi concluída somente no presente mês.

MH: Cada vez mais muitos observadores parecem ver paralelos entre os princípios em que a Fraternidade São Pio X (FSSPX) baseou sua própria resistência contra certas novidades anteriormente vindas de Roma, e entre os princípios agora aplicados por aqueles críticos do documento exortatório do Papa Francisco, Amoris Laetitia. O próprio Professor Seifert repetidamente fez referência explícita em analogia ao seu próprio caso. O senhor poderia nos explicar esses princípios fundamentais na medida em que os vê em alguma correspondência mútua e reforçada?

Temos almas para salvar. A Igreja não é nova. Se seguimos o que a Igreja sempre fez, e o que os santos sempre fizeram, temos a certeza de estar no caminho seguro para o Céu. Em todos os tempos, a Igreja considerou perigosas as novidades e o fruto do orgulho. Podemos, hoje, dizer que há uma doença de novidade e mudança. Mas Deus não muda. A fé não muda. Os mandamentos não mudam. Seja fiel ao que a Igreja sempre ensinou em seus catecismos e você terá a certeza de estar no lado certo dessa luta por Deus e Sua glória.

MH: A FSPX desde cedo se opôs a certos aspectos do ecumenismo e da liberdade religiosa. Como o senhor relataria essa resistência anterior ao debate atual sobre a indissolubilidade do matrimônio à luz do fato de que essas outras religiões muitas vezes não acreditam neste dogma?

Uma vez que muitas religiões rejeitam a indissolubilidade do casamento, podemos pensar que as medidas tomadas por Roma se inspirariam no ecumenismo, mas não tenho certeza de que exista necessariamente uma ligação. Penso que o problema é uma relativização geral da verdade e, consequentemente, uma aplicação frouxa da lei e compreensão dos mandamentos de Deus. Ou, seguindo os princípios do personalismo, tal insistência na pessoa humana, no sentido de que a ordem de Deus não está em primeiro lugar. (Em outras palavras, o homem se torna Deus.) Você encontra isso no nível da religião e mesmo da legislação hoje. João Paulo II descreveu isso como antropocentrismo. Agora vemos isso aplicado ao matrimônio. Todos querem uma vida fácil… Continuar lendo

30 ANOS DEPOIS: O SERMÃO DAS SAGRAÇÕES EPISCOPAIS DO ARCEBISPO LEFEBVRE

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Preferimos continuar na Tradição, esperando que essa Tradição reencontre seu lugar em Roma, esperando que ela reassuma seu lugar entre as autoridades romanas, em suas mentes” — Mons. Marcel Lefebvre

Introdução de Michael J. Matt (editor de Remnant) – Tradução Dominus Est

Em 1976, quando eu tinha dez anos, fui crismado pelo Arcebispo Marcel Lefebvre. Lembro-me de um homem bondoso e santo, de fala suave e verdadeiramente humilde. Mesmo ainda sendo crianças, meus irmãos e eu entendemos que ali estava um verdadeiro soldado de Cristo, que assumira uma posição corajosa e solitária em defesa da sagrada Tradição, em um momento em que não havia nada mais “hip” do que novidade e inovação. Nosso pai estava junto a ele, e esses homens eram “traddies” muito bem antes de “traddy” ser algo legal.

Lembrem-se que o mundo inteiro estava passando por um revolução na época — sexual, política, litúrgica, cultural — e “não havia nada mais antiquado do que o passado“. A resistência solitária dos primeiros tradicionalistas pôde, então, ser comparada a algo tão absurdo (aos olhos do mundo na época) como um homem na lama em Woodstock que insistisse para que os hippies colocassem suas roupas de volta e parassem de tomar ácido e fumar maconha. Ninguém se importava. Eram zombados, riam deles e, por fim, mandados que saíssem da Igreja.

Os tempos estavam realmente ‘mudando’, e com poucas exceções, o elemento humano da Igreja de Cristo acompanhou a loucura — com efeito, poder-se-ia dizer, liderando o caminho.

Quando nos lembramos do motivo desses homens terem resistido à loucura dos anos 60, lembremo-nos de que eles não foram motivados principalmente pela ideia de salvaguardar suas próprias circunstâncias. O Arcebispo Lefebvre, por exemplo, estava aposentado antes que o mundo descobrisse quem ele era. Ele foi persuadido a sair de sua aposentadoria por seminaristas que, de repente, viram-se cercados por lobos em pele de cordeito, nos próprios seminários. Os modernistas estavam, literalmente, em toda parte. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: ESTUDO SOBRE O NATURALISMO DOS “MISTÉRIOS LUMINOSOS” DO PAPA JOÃO PAULO II

jpEm mais uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente os links para os capítulos do “Estudo sobre o Naturalismo dos Mistérios Luminosos, escrito pelo Padre Peter R. Scott – FSSPX que expõe de forma clara a tentativa velada de promover o naturalismo da revolução pós-conciliar.

Como isso poderia ser possível? Como poderia um papa errar recomendando o Rosário? Como poderia Nossa Senhora abandonar aqueles que continuam a recitar suas Ave-Maria? Como poderia um católico criticar um papa que diz que o Rosário é “sua oração predileta”, “Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade” ?

Leiam e entendam.

 

TRABALHANDO E CAMINHANDO EM SENTIDOS OPOSTOS

Talvez essa vigília não seja tão escandalosa como tantas que temos aqui no Brasil (principalmente em relação ao sincretismo com religiões pagãs), mas vale o exemplo de como deve ser nossa postura perante o novo ecumenismo pós-conciliar, que ofende tanto a Nosso Senhor, e mostra como a igreja conciliar caminha em sentido oposto ao da Igreja Católica, como já dito por D. Lefebvre. Parabéns ao Priorado da FSSPX em Albano (Itália) pelo belo exemplo dado.


Fonte: FSSPX Itália – Tradução: Dominus Est

No sábado, 20 de janeiro, por ocasião da “vigília ecumênica” organizada pela diocese de Albano-Laziale e presidida pelo bispo D. Marcello Semeraro, um grupo de fiéis da Fraternidade São Pio X se reuniu perto da Catedral com a intenção de informar aos participantes da vigília sobre a insensatez de tal prática que, de modo algum, pode ser definida como católica e que destrói profundamente o conceito de “unidade dos cristãos” cuja única base é a integridade da fé.

Na entrada e na saída da igreja foram distribuídos folhetos para alertar sobre o erro praticado hoje e para esclarecer acerca da verdadeira posição do Magistério a este respeito.

Durante a celebração, foi recitado um rosário liderado pelos sacerdotes da Fraternidade, em espírito de reparação ao falso ecumenismo que ofende a Deus e faz os não-católicos permanecerem no erro. Algumas horas antes, na capela do Priorado, foi celebrada uma Missa de reparação. 

Do site da Diocese de Albano-Laziele:

“[…] Sábado, 20 de janeiro, às 19:30h na Catedral de Albano, será celebrada a Vigília ecumênica diocesana, presidida pelo bispo de Albano Marcello Semeraro com a pregação do bispo da diocese ortodoxa romena da Itália, Monsenhor Siluan e a abertura pelo pastor da Igreja Evangélica Batista de Ariccia, Giuseppe Miglio (vice-presidente da UCEBI). A animação litúrgica será organizada pela comunidade evangélica, da comissão ecumênica diocesana, o coral polifônico ortodoxo “San Romano il melode” e pelo organista da Igreja Batista de Ariccia, Alberto Annarilli “.

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Nota do nosso Blog: para entender o verdadeiro significado do ecumenismo, segundo o magistério da Igreja, deve-se ler a Encíclica Mortalium Animos, de Pio XI.

“A IGREJA NÃO É O CORPO MÍSTICO DO PAPA; A IGREJA É, COM O PAPA, O CORPO MÍSTICO DE CRISTO”

Fonte: FSSPX Itália – Tradução: Dominus Est

Não voar muito baixo

Propomos aos nossos leitores este artigo (retirado da última edição da “Le Seignadou”, o boletim do Priorado “Saint-Joseph-des-Carmes”, no sul da França) de D. Michele Simoulin, ex-Reitor do Seminário Ecône (1988 -1996) e Superior do Distrito Italiano da FSSPX (1997-2004), a quem agradecemos a gentil autorização para publicá-la (original do texto italiano).

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Todos nós conhecemos a Declaração de Mons. Lefebvre, de 21 de novembro de 1974. Se a esquecemos, vamos relê-la: ela não envelheceu. Na verdade, é ainda mais atual: ainda hoje – e certamente será por muito tempo – o fundamento da nossa posição na atual situação da Igreja: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neo-modernista e neo-protestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram“.

Não esqueçamos, no entanto, o que a declaração diz logo após: “Nenhuma autoridade, nem sequer a mais alta na hierarquia, pode obrigar-nos a abandonar ou a diminuir a nossa fé católica, claramente expressa e professada pelo magistério da Igreja há dezenove séculos“.

O cerne da questão, portanto, é a fé, propósito e razão de ser da Igreja e de seu magistério. Mons. Lefebvre é muito claro e delineia claramente o objeto final de sua fidelidade: “a Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé“. Todo o resto é secundário ou simplesmente pertence à ordem dos meios, incluindo o Papa, os sacramentos, a moral, a teologia, o catecismo, etc. Tudo, até mesmo a Santa Igreja está a serviço da fé!

E assim não nos esqueçamos da exortação, cheia de força e sabedoria, do padre de Chivré para “não voar muito baixo“. Pode-se facilmente cair em uma espécie de racionalismo que reduz as questões da Igreja aos assuntos puramente humanos. Talvez tenhamos o mau hábito de referir tudo aos homens: Papa, bispos, sacerdotes…aos detentores da autoridade na Igreja, à Roma, ao Papa ou a Mons. Fellay – em vez de Deus e Jesus Cristo. Ao contrário, tudo passará: até a Igreja e a Fraternidade passarão, “mas minhas palavras não passarão” (Mt 24, 35). Somente a Igreja eterna, isto é, a Santíssima Trindade, pode justificar e merecer que se abandone tudo para servi-la. Continuar lendo

A GRANDE TRAIÇÃO – PARTE IV (FINAL)

Resultado de imagem para beijo do judasEm seu livro The Eucharistic Words of Jesus, publicado em 1966,Dr. Jeremias inventou a engenhosa teoria de que, quando Cristo disse “para muitos”, Ele quis dizer “para todos”, porque o aramaico não possui nenhuma palavra que signifique “todos”. Assim, o argumento era transferido da teologia que, uma vez que o Concílio de Trento expressamente rejeitara e repudiara “para todos os homens”, foi terreno perigoso, mesmo para qualificados equivoquistas, para a filologia.

No entanto, o argumento era bastante insano. Não só a passagem: “todos os habitantes da terra são reputados como nada diante dele” (Daniel IV, 32) existem no aramaico original, mas a obra A Grammarof Biblical Aramaic (publicada em 1961) dedica toda uma seção à palavra aramaica para “todos”, “muitos” e “cada um”.

A explicação “oficial” deste ponto particular na Missa Nova, como de muitos outros, é o que o homem simples, alheio aos métodos de pensamento episcopais, chamaria uma mentira. Sua importância, aqui,está no fato de que, ao alterar as palavras de Cristo, certamente essa alteração tornam inválidas todas as Missas vernáculas, além de qualquer possibilidade de argumento.

Como as versões latinas dos novos Cânones da Missa ainda retêm o “pro multis” e ainda não alteraram para o “pro omnibus”, facilmente este motivo de invalidade não se aplica a eles. Contudo, eles não parecem menos inválidos, mas antes de examinar a razão, seria bom dizer uma palavra sobre o Cânon da Missa, porque as nossas autoridades eclesiásticas estão enganando os leigos,falseando mais de 400 anos.

A forma como a mudança foi apresentada ao inglês pode ser resumida pela sentença do cardeal Heenan, no prefácio do livro de Missa de Westminster:

“Palavras e ações que, há quatrocentos anos atrás, serviram de apelo aos isabelinos, dificilmente podem satisfazer o estado de espírito dos homens no século XX.” Continuar lendo

A GRANDE TRAIÇÃO – PARTE III

E quando em setembro os cardeais Ottaviani e Bacci apresentaram ao Papa um estudo crítico da Missa Nova preparado por destacados teólogos europeus, demonstrando que ela “representa em seu conjunto e em seus detalhes um impressionante afastamento da teologia da Missa”, a Latin Mass Society imediatamente publicou uma tradução em inglês, e enviou-a pessoalmente a cada bispo, sacerdote, monsenhor e superior de ordem religiosa da Inglaterra.

A Hierarquia proibiu os sacerdotes de comentar a análise dos estudiosos e podemos presumir que a maioria dos 7.000 exemplares foram parar diretamente nos cestos de lixo clerical.

Neste importante trabalho os teólogos demonstraram, com abundância de ciência teológica, que:

  1. a Missa Nova havia sido substancialmente rejeitada pelo Sínodo dos Bispos;
  2. que nunca fora submetida ao julgamento das Conferências Episcopais;
  3. nunca fora pedida pelo povo;
  4. que continha todas as possibilidades para satisfazer os protestantes mais modernistas;
  5. que, por uma série de equívocos, obsessivamente coloca a ênfase na “ceia” em vez de no Sacrifício;
  6. que não faz nenhuma distinção entre o sacrifício divino e o sacrifício humano;
  7. que o pão e o vinho são somente de caráter espiritual, não substancialmente mudados em Corpo e Sangue de Nosso Senhor;
  8. que a Presença Real de Cristo nunca é aludida e a crença nela é implicitamente repudiada;
  9. que a posição do sacerdote e do povo estão de tal modo falsificada que o celebrante rebaixa quase ao mesmo nível de um ministro protestante e a verdadeira natureza da Igreja é intoleravelmente adulterada;
  10. que o abandono no latim significa um ataque à unidade da Igreja, não somente em seu culto, mas em suas próprias crenças;
  11. Que em qualquer caso, o Novus Ordo Missae não tem intenção de defender a Fé como ensinado pelo Concílio de Trento a qual a consciência católica está vinculada. Com efeito, está repleta de insinuações ou erros manifestos contra a pureza da religião Católica e desmantela todas as defesas do depósito da Fé.

O Vaticano, bem como os Bispos ingleses e galeses, parecem ter presumido uma combinação de ignorância teológica e obediência cega para aceitar a nova missa sem argumentos. Eles fizeram o seu melhor para evitar suspeitas introduzindo as mudanças gradualmente. Como o cardeal Heenan escreveu em sua Carta Pastoral de 12 de outubro de 1969:

“Por que a Missa continua mudando? Aqui está a resposta. Teria sido imprudente introduzir todas as mudanças de uma vez. Obviamente foi mais sábio mudar gradualmente e delicadamente. Se todas as mudanças tivessem sido introduzidas juntas, você ficaria chocado.” Continuar lendo

A GRANDE TRAIÇÃO – PARTE II

Resultado de imagem para beijo judasNo século XVII, as forças anticatólicas foram agrupadas em torno dos três grandes heresiarcas: Lutero, Zwingli e Calvino. Embora todos ensinassem diferentes doutrinas e, ao se falar um do outro, expressaram-se em termos pouco claros, estavam unidos em seu ódio contra a “não suficientemente execrada Missa”. Adotando todas as heresias eucarísticas do passado e adicionando outras, eles estabeleceram e propagaram o que hoje chamamos de Reforma.

Já conhecemos os meios usados pelo arcebispo Cranmer na Inglaterra protestante para a destruição da Missa. Cranmer com outros dois líderes protestantes, Ridiye e Latimer, pediram um debate público com teólogos católicos sobre a transubstanciação. Este debate público ocorreu em Oxford em três proposições:

  • Na Eucaristia, em virtude das palavras de Cristo pronunciadas pelo sacerdote, o Corpo e o Sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes, sob as aparências do pão e do vinho.
  • Após a consagração, não há substância de pão ou vinho, mas corpo e sangue.
  • A Missa é um verdadeiro sacrifício proveitoso aos vivos e aos mortos como propiciação de seus pecados.

Após uma disputa de três dias, os protestantes viram-se obrigados a repudiar a autoridade do Quatro Concílio de Latrão “por não concordar com a palavra de Deus”. Embora este repúdio tenha sido uma consequência lógica da doutrina protestante, não deixou de surpreender grandemente os católicos, bem como os teólogos que disputavam como os estudantes que ouviam.

O quê? Exclamou o teólogo católico que presidia “Não admitem o Concílio de Latrão?”

Não, responderam os protestantes; não admitimos.

Nada havia a acrescentar. Eles repudiaram uma doutrina, que indubitavelmente expressava a doutrina católica. Repudiavam a própria ideia da continuidade apostólica da Igreja, em seu desenvolvimento.

Como Karl Adam coloca em The Spirit of Catholicism: Continuar lendo

A GRANDE TRAIÇÃO – PARTE I

Resultado de imagem para beijo judasPrezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Cristo.

Iniciamos hoje a publicação de um texto de Hugh Ross Williamson (1901-1978) historiador britânico e dramaturgo. Ordenou-se sacerdote anglicano em 1943. Em 1955 converteu-se ao Catolicismo romano e escreveu várias obras históricas com tom apologista católico. Em 1956 publicou sua autobiografia, The Walled Garden e foi crítico às reformas introduzidas pelo Concílio Vaticano II.

O texto que publicamos agora é parte de sua obra The Great Betrayal: Some Thoughts on the Invalidity of the New Mass. Britons, 1970 (Tradução: Dominus Est) e aborda com mestria a sutileza das maquinações heréticas contra Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia, nosso Tudo e maior tesouro da Igreja.

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O Evangelho, a “Boa Nova de Jesus Cristo”, é, acima de tudo, o fato histórico de sua Ressurreição. Ao ressuscitar dos mortos, o Deus Encarnado interrompe o processo da natureza e dá uma nova dimensão à existência humana. Em vez da morte e a decadência, que pareciam ser o fim inevitável de todas as coisas, temos agora a Vida Eterna diante de nós.

Os apóstolos foram testemunhas presenciais deste evento singular, aqueles que podiam dizer: “Eu O vi; eu falei com Ele; aprendi com Ele; eu O toquei, comi com Ele depois de sua ressurreição dentre os mortos”. Por isso, esses homens não tiveram medo da morte, quando em mãos daqueles que não acreditavam, por sua grande fé e pela esperança certa de sua própria ressurreição.

Hoje, quando para a maioria dos homens o Evangelho não significa nada além de uma narrativa, uma lenda de certos episódios da vida de Cristo e o “apóstolo“ não passa de um mestre peregrino de barbas brancas do primeiro século da Igreja, é impossível imaginar o impacto desta “Boa Nova” da abolição da morte, que era “escândalo para os judeus e loucura para os gregos”.

Embora a ressurreição de Cristo seja a base de nossa fé católica, há uma grande multidão de nomeados cristãos, que substituíram esta esperança da própria ressurreição por um interesse insaciável na melhoria social, uma preocupação para com as coisas deste mundo, que parece indicar a convicção de que “a morte é o fim de tudo”, embora continuem dizendo em palavras que acreditam na ressurreição e na vida eterna. Continuar lendo

NA “MISSA NOVA”, O SANTO SACRIFÍCIO SE TORNOU A LITURGIA DOS SALVOS

Tradução: Dominus Est

Este capítulo demonstrará que a perspectiva panteísta fornece uma explicação global e coerente às inovações litúrgicas do concílio Vaticano II. Com razão, alguns não deixarão assim de levantar a questão da influência protestante sobre o Vaticano II, mais que visível, aliás, na missa nova. Seríamos os últimos a querer negá-la ou minimizá-la. Porém devemos ver nela a origem última da subversão religiosa? O protestantismo não é ele próprio o vetor de outras influências, que só se revelam progressivamente no desenrolar da história? Ele não é apenas uma etapa na subversão espiritual.

Não buscaremos evidenciar aqui a filiação histórica entre gnósticos, maniqueus, cátaros, albigenses, humanistas, cabalistas, Rosa-Cruzes e maçons, de um lado, e protestantes, do outro. Somente esta enumeração demonstra a extensão das pesquisas a serem conduzidas a termo. Não se pode negar que todos[1] estes movimentos são anteriores à Reforma e não podem provir dela. A influência destas correntes anti-católicas sobre a origem da Reforma, uma semelhança espiritual frequentemente muito profunda com o protestantismo (que este capítulo evidenciará implicitamente) e a convergência dos herdeiros de todas estas forças durante o concílio Vaticano II estabelecem naturalmente um vasto problema. Não tomaremos a iniciativa de resolvê-lo aqui, mencionando somente que ele conduz a conclusões muito perturbadoras sobre a origem do protestantismo e, portanto, do ecumenismo e do Vaticano II.

A proximidade, não mais histórica, mas intelectual, entre os movimentos gnósticos e o protestantismo exige, não obstante, um esclarecimento rápido[2]. Por que tantos elementos do concílio Vaticano II podem ser interpretados tanto em uma perspectiva holística, gnóstica e maçônica, quanto em um âmbito protestante? Por que o ecumenismo, a colegialidade, a liberdade religiosa, a missa nova, a confusão entre a natureza e a graça, figuram naturalmente nestes dois sistemas de interpretação? Devemos resumir aqui umas considerações que mereceriam desenvolvimentos mais amplos. A doutrina maçônica, que é também aquela do Vaticano II, confunde a natureza e a graça, divinizando a natureza. “Esta natureza foi elevada em nós a uma dignidade incomparável. Pois, por sua encarnação, o Filho de Deus se uniu de algum modo a todo homem“. Por sua vez, Lutero confundia a natureza e a graça, destruindo a natureza para deixar subsistir somente Deus: o pecado original, que o batismo não apaga, corrompeu radicalmente o homem. A natureza estando irremediavelmente ferida, não pode o homem fazer nenhum esforço moral. Toda a nossa santificação é obra somente de Deus, e não podemos de modo algum colaborar com ela. Assim os eleitos são justificados somente pela graça de Deus, que lhes imputa a justiça de Cristo, revestindo-os como por um manto de seus méritos. Chega-se assim ao panteísmo por duas vias opostas: seja exaltando e divinizando o homem, seja o rebaixando até  à aniquilação.

Todavia, resta mencionar que, apesar de todas estas semelhanças profundas, o protestantismo não pode por si só justificar a doutrina do Vaticano II: a confusão entre o Criador e a criatura, a salvação universal, a salvação cósmica, a unidade do gênero humano, nossa graça natural e a dignidade humana só podem ser explicadas no âmbito do pensamento holístico. O livre exame protestante só tomará sua amplitude com a doutrina conciliar e gnóstica da revelação interior. Assim, a Reforma aparece como uma simples etapa na transmutação alquímica da cristandade que culminou no concílio Vaticano II. Continuar lendo

BENTO XVI É ACUSADO DE PROPAGAR HERESIAS

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Após as acusações lançadas contra Francisco, que pervertem o Magistério através de pelo menos sete heresias formais, nada menos que dois textos acusam, por sua vez, o teólogo Ratzinger, então Papa Bento XVI, de desvios heréticos evidentes.

O primeiro ataque levantado nos últimos dias contra o teólogo Ratzinger se encontra no livro “Au cœur de Ratzinger, au cœur du monde” (No coração de Ratzinger, no coração do mundo)“, que acaba de ser lançado na imprensa com a assinatura de Enrico Maria Radaelli. O autor é conhecido como o mais fiel discípulo de Romano Amerio (1905-1997), o filósofo suíço que, em 1985, publicou “ Iota Unum“, a acusação mais sistemática e bem argumentada contra a Igreja Católica da segunda metade do século XX, na qual acusa de haverem subvertido os fundamentos da doutrina em nome do subjetivismo moderno. 

O livro de Radaelli acaba de ser publicado pela Aurea Domus, editora de propriedade do mesmo autor, que pode ser comprado por e-mail e também em algumas livrarias em Roma e Milão. 

O que fez com que Radaelli culpasse igualmente a teologia de Ratzinger de ser subversiva foi a leitura e análise de seu trabalho teológico mais conhecido e mais amplamente lido: “Einführung in das Christentum ” (Introdução ao Cristianismo) [publicado em francês sob o título “A fé cristã ontem e hoje]. Publicado pela primeira vez em 1968 antes de ser reeditado dezenas de vezes e traduzido para várias línguas até hoje. 

O segundo, ainda mais frontal – pelo menos no título – é um texto que apoia o livro de RadaelliÉ intitulado ” “L’eresia al potere” (A heresia no poder) e provém de um dos teólogos e filósofos mais renomados, Dom Antonio Livi, Decano Emérito da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Lateranense, Acadêmico Pontifício e Presidente da Associação Internacional de Ciências e Comunicações. 

Na verdade, segundo Mons. Livi, Ratzinger e sua teologia contribuíram significativamente para o surgimento do que chama de “ a teologia modernista e seus desvios heréticos evidentes“, que se tornou cada vez mais hegemônica nos seminários, ateneus pontificais, nas comissões doutrinais, nos dicastérios da Cúria, bem como os níveis mais altos da hierarquia, até o papado. 

Disso resulta que hoje, Francisco não é o único papa a ser alvo de uma “correção” por heresia, pois até mesmo seu antecessor emérito não está salvo. 

Radaelli e Livi figuram entre os primeiros signatários dacorrectiodirigida ao Papa Francisco no verão passado. E hoje igualmente contra Bento XVI. 

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Nota do Blog: um livro excelente para que se entenda certas acusações e circunstâncias é “Do Liberalismo à Apostasia“, de Mons. Marcel Lefebvre, que pode ser lido clicando aqui.

A REVELAÇÃO DO HOMEM

Resultado de imagem para gustavo corçãoNão, caro leitor, não creio que possamos convenientemente definir e caracterizar as graves perturbações do mundo católico com as expressões condoídas que você usou em sua carta, tais como “lamentáveis divisões”, “dolorosas divergências”, “dissenções e polêmicas entre católicos”. Tentarei expor aqui meu pensamento com a mesma objetividade e isenção de ânimo que sempre pus nas minhas obras de engenheiro: receptores de ondas curtas, amplificadores de freqüências acústicas, sistemas eletrônicos de ondas portadoras etc. etc. Essas pequenas obras que deixei esparsas e que me sobreviverão por algum tempo, como ainda sobrevivem, em funcionamento, aparelhos que construí para a Companhia Telefônica Brasileira em 1937, são meu obscuro testemunho de uma docilidade ao real com que quero viver e morrer. O título com que dou aulas de religião aos que para isto ainda me procuram é também uma docilidade ao que aprendi com os apóstolos e seus descendentes. Melhor coisa não possuo senão esta capacidade de bem identificar o evangelho deixado pelos evangelistas e difundido por Paulo.

Não tinham grau de doutor em teologia os gálatas humildes a quem o apóstolo Paulo escrevia: “Mas ainda que nós mesmos ou até um anjo do céu vos anuncie um outro evangelho (…), anátema seja. Já vos disse antes e agora repito: se alguém pregar outro evangelho, diferente do que recebestes, seja anátema.” (Gal. 1, 8-9.)

Nesta singela e severa passagem se condensa toda a praticabilidade do cristianismo. Se os mais humildes fiéis não fossem capazes desse discernimento inicial e fundamental, ou se outro evangelho se pudesse inculcar como o mesmo já anunciado, vão teria sido o Sangue derramado na Cruz, vãos os ensinamentos de Jesus, vão o testemunho dos mártires, dos doutores, dos heróis da santidade: O cristianismo seria uma tertúlia de intelectuais e, por conseguinte, não seria o cristianismo.

Baseado neste diploma universal, que tem o sinete dos primeiros princípios e o escudo do senso comum, ouso dizer uma coisa ensurdecedoramente visível e ofuscantemente audível: não há apenas divisões dentro da Igreja (se com esses termos queremos designar os escândalos provocados por religiosos, padres e bispos), não há dissensões e polêmicas. O que há, a entrar pelos olhos adentro, é outra “igreja” a anunciar estridulamente outro evangelho. Não há duas alas, a dos conservadores e a dos progressistas; há duas coisas distintas: a Igreja de Cristo, de Pedro e de Paulo e a outra Coisa. Posso admirar-me e entristecer-me pelo fato de não ouvir o Papa dizer a palavra liberadora — anátema seja aos falsificadores, aos fabricantes de um novo super-protestantismo feito com os vômitos do que já envelheceu e apodreceu; mas não posso, sem desrespeito e paranóia, pretender suprir com minha voz o silêncio do Papa. Continuar lendo

NOVA PÁGINA DO BLOG – PALESTRAS FSSPX: DVDs À VENDA

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Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Criamos uma página exclusiva aqui no blog para venda dos DVDs das palestras proferidas pelos padres do Priorado da FSSPX em Santa Maria.

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Sempre que tivermos novidades nos títulos e mas quantidade disponíveis  essa página será atualizada.

É uma grande oportunidade para instrução/formação pessoal e também conhecimento do trabalho da FSSPX.

Nesse mar de heresias e ambiguidades pós-conciliares, nada melhor que o porto seguro da verdadeira Doutrina Católica.

D. FELLAY: CARTA AOS AMIGOS E BENFEITORES – Nº 88

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Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

1517 – 1917: A REVOLTA DE LUTERO E A REVOLUÇÃO BOLCHEVISTA À LUZ DE FÁTIMA

Caros amigos e benfeitores,

Neste mês de outubro de 2017, coincidiram três aniversários que determinaram o curso da história dos homens e da Igreja: a revolta de Lutero, a revolução bolchevista e o milagre de Fátima.

Há quinhentos anos, em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero iniciou sua revolta contra a Igreja Católica. Há cem anos, no dia 7 de novembro, estourou a revolução na Rússia. Segundo o calendário juliano, ela recebeu o nome de “Revolução de Outubro”.

E há cem anos, alguns dias antes, em 13 de outubro, o Coração Imaculado selou com um milagre espetacular sua mensagem, anunciando os grandes eventos futuros da Igreja e do mundo, dos quais alguns já fazem parte do passado, como a Segunda Guerra Mundial, e outros ainda não chegaram, como o triunfo do Coração Imaculado e a conversão da Rússia.

A reforma lançada por Lutero apareceu, em um primeiro momento, como um acontecimento religioso. E, desde logo, o heresiarca alemão abalou em seus fundamentos a Igreja Católica, atacando o papado, a graça, a Santa Missa, o sacerdócio, a Santa Eucaristia … A fé e os meios concedidos por Deus aos homens para alcançarem a salvação eterna foram rejeitadas ou profundamente falsificados.

Mas, tendo em conta os inegáveis ​​vínculos entre a ordem sobrenatural da Igreja e da graça, por um lado, e a ordem temporal dos governos humanos e da sociedade civil, por outro, muito em breve a rebelião contra a Igreja se estendeu à sociedade humana, dividindo a Europa até hoje, abrindo séculos de perseguição contra a Igreja nos países reformados e marcando toda a Europa com terríveis guerras, das quais a mais dolorosa foi a Guerra dos Trinta Anos. Realmente, nossa incompreensão é total quando atualmente vemos que alguns prelados católicos celebram e até mesmo comemoram esse acontecimento tão triste e tão assustador para a cristandade. Continuar lendo

SUMMORUM PONTIFICUM 2017 – PODE O ENRIQUECIMENTO MÚTUO “CURAR A FERIDA”?

Procissão em direção à Basílica de São Pedro por ocasião da conferência Summorum Pontifcum.

Os adeptos ao chamado de Bento XVI para o «enriquecimento mútuo» destacaram-se proeminentemente na conferência e peregrinação Summorum Pontificum.

Fonte: SSPX – USA — Tradução gentilmente cedida pelo nosso amigo Sr. Adolfo José Guimarães Correa 

O cardeal Robert Sarah, chefe da Congregação para o Culto Divino, esteve entre os oradores em Roma, de 14 a 17 de setembro de 2017, assim como o Arcebispo Pozzo, secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, responsável pelos grupos ligados à Missa Tradicional como a Fraternidade São Pedro e o Instituto Cristo Rei.

O arcebispo Pozzo declarou em seu discurso:

«Penso que é necessário voltar a um aspecto fundamental do Summorum Pontificum, ou seja, o desejo de curar a ferida, não apenas litúrgica, mas eclesiológica, entre o antigo e o novo… Creio que o rito antigo, com o seu patrimônio de fé e santidade, pode enriquecer o novo; enquanto o novo, por sua vez, pode representar essa legítima aspiração para o desenvolvimento teológico e litúrgico em continuidade e fidelidade à tradição.»

O que é «Enriquecimento Mútuo»?

A expressão «enriquecimento mútuo» ocorre famosamente nas palavras do Papa Bento XVI em sua Carta aos Bispos do Mundo para Apresentar o «Motu Proprio» sobre o Uso da Liturgia Romana anterior à Reforma realizada em 1970, quando afirmou: «As duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente». Nesta carta, ele procurou dissipar os receios de que, em primeiro lugar, a liberação da Missa Tradicional poria em questão a autoridade do Concílio Vaticano II e, em segundo lugar, o receio de que o uso do rito tradicional causaria divisão dentro da Igreja.

Nessa mesma carta, Bento XVI forneceu exemplos do enriquecimento mútuo que ele previa: pequenos ajustes no antigo Missal, como inserções de «…novos santos e alguns dos novos Prefácios…» e maior sacralidade, reverência e obediência às rubricas na Celebração da Missa Nova: «na celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI, poder-se-á manifestar, de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo».

A expressão rapidamente se tornou uma frase favorita, em particular para aqueles que desejavam a Missa Antiga, mas que, por razões várias, atenuaram a sua oposição aberta ao Novus Ordo ou ao Concílio Vaticano II. Isso encaixa bem com a noção de Bento XVI de «hermenêutica da continuidade», a ideia de que o Concílio Vaticano II e as ambiguidades nele contidas podem ser interpretadas à luz da tradição. Continuar lendo

MAIS UMA DE FRANCISCO VERSUS DOUTRINA CATÓLICA

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O Papa Francisco fez um discurso sobre a pena de morte em uma reunião organizada pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, por ocasião do 25º aniversário da publicação do ambíguo e contraditório Catecismo da Igreja Católica, em 1992.

Resumindo, o Papa disse que “é preciso afirmar com força que a sentença à pena de morte é uma medida desumana que humilha”.

“É em si mesma contrária ao Evangelho porque, com ela, decide-se voluntariamente uma vida humana, que é sempre sagrada aos olhos do Criador, e da qual Deus, em última instância, é o único juiz”, acrescentou.

Francisco manifestou que “ninguém pode tirar não só a vida como a possibilidade de uma redenção moral e existencial que seja em favor da comunidade”.

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Bom, perante tudo isso, qual a verdadeira posição da Igreja Católica sobre o assunto?

Não vamos fazer um estudo. Vamos apenas citar alguns trechos sobre tal, de acordo a doutrina da Igreja. Aliás, um bom estudo do Pe. Jean-Michel Gleize pode ser lido clicando aqui.

Será que todos os filósofos, teólogos e papas que apoiaram a legitimidade da pena de morte, diante do atual Pontífice, traíram o Evangelho?

Façamos então uma comparação da opinião de Francisco com o ensinamento da Igreja: Continuar lendo

A IGREJA DO VATICANO II E MARTINHO LUTERO

Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

É perfeitamente compreensível que haja tantos católicos da tradição chocados com as comemorações do 5º centenário da Revolução Luterana. De fato, é doloroso ver o Vigário de Cristo na Terra, o sucessor de Pedro, encabeçando e incentivando um ditirambo do asqueroso heresiarca.

A mim, pessoalmente, já beirando os 56 anos  de idade e tendo vivido cenas semelhantes nos tempos de João Paulo II, não me causa tanta surpresa ver a hierarquia empolgada com tudo isso. O que me causa mais revolta é ver nossas antigas igrejas, aquelas joias do gótico e do barroco, lugares sagrados e abençoados, ricos de tanto significado para os verdadeiros católicos, abrigando as orgias ecumênicas promovidas por hereges modernistas e luteranos mancomunados na perseguição contra os católicos, como se viu na expulsão de jovens belgas que rezavam o Rosário em desagravo contra a profanação de uma catedral sequestrada para uma esdrúxula cerimônia ecumênica  modernista-luterana.

Entretanto, é preciso dizer que é igualmente compreensível que a Igreja do Vaticano II celebre o 5º centenário da obra nefasta de Martinho Lutero. Afinal, sem Lutero e sua revolução, com todas as suas consequências, não se explica o Vaticano II, seus vários documentos e as múltiplas reformas que dele emanaram.

Com efeito, a nova eclesiologia conciliar (em contradição com a Satis Cognitum de Leão XIII e a Mystici Corporis de Pio XII), tal como está exposta na Lumen Gentium, com a famosa expressão “a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica”, é de origem protestante. Está provado e documentado que essa horrível expressão, que tem o único objetivo de empanar  a perfeita identidade da Igreja de Cristo com a Igreja Católica, foi introduzida pelo Dr. Ratzinger, por sugestão de um pastor protestante.

Recorde-se, outrossim, a história da desastrada reforma litúrgica. O escritor Jean Guiton, amigo de Paulo VI, declarou que Paulo VI lhe disse que tinha a intenção de fazer uma reforma litúrgica que abolisse todos os elementos que eram do desagrado dos “irmãos separados”. Por isso mesmo, após o concílio convidou “peritos” protestantes para participar da comissão encarregada da  reforma do missal romano. Disto resultou uma liturgia ambivalente. E hoje não há ninguém com um mínimo de juízo crítico que não reconheça que a missa moderna, como celebrada na maioria das paróquias e tão apreciada pelos católicos renovados, não parece um arremedo do culto protestante. Continuar lendo

A PSICOLOGIA DA APOSTASIA

Resultado de imagem para homem cabisbaixoFoi incansável na tentativa de levar às almas a verdade, tanto natural quanto sobrenatural, o Pe. Leonel Franca, que ilustra o pensamento brasileiro com livros dignos de um mestre. Entre seus escritos, encontra-se um pequeno livro, A Psicologia da Fé, onde o grande jesuíta analisa os detalhes do ato de fé, aquilo que leva o homem a agir pela Fé, o que  falta na atitude daqueles que não têm Fé.

Inspirado neste trabalho, e assistindo já há alguns anos a tantas almas, perguntei-me o que levava os homens ao abandono da fé. Qual a mola interior que conduz a alma humana a passar de uma atitude de  docilidade diante da verdade revelada à oposição total e perda dos atos relativos à fé: oração, confissão freqüente, comunhão, e vida cristã.

Não analiso aqui a atitude dos que não têm Fé, mas sim a atitude e a dinâmica da perda da Fé.

A alma que vive da fé  

Consideremos, então, uma alma posta no sossego da fé: ela crê em Deus e em sua Igreja, ela obedece aos mandamentos, ela reza todos os dias e no domingo prepara a si e aos seus para assistir a Santa Missa. No dia a dia, esbarrando em tantas ocasiões de pecado, em tantas tentações, ela usa os critérios que a Igreja nos propõe para não se deixar levar, para não cair no pecado: fuga das ocasiões, atos de fé, aconselhamento com o sacerdote, e oração freqüente. Assim combate a alma cristã, assim busca a perfeição quem vive da graça. É claro que em diversas ocasiões virão lhe propor atitudes que são contrárias à sua fé. Ela, porém, saberá esquivar-se com prudência de todos os ataques. Aqui com gentilezas, ali com a força do combate, mas sempre protegendo o maior tesouro que recebeu. Saberá ter compaixão para com tantas amizades, tantos parentes que não vivem da Fé e se deixam levar pelas facilidades da vida. Saberá calar e rezar no silêncio do seu quarto, sem no entanto dar a entender que apóia os erros dos seus mais próximos amigos e parentes. As coisas relativas à vida da Igreja serão sempre, para tal alma, motivo de alegria, de estudos, de oração. E se acontecer que uma atitude lhe seja pesada, rapidamente se inclinará à confiança em Deus, no auxílio divino para resistir ao erro. Viverá na Esperança teologal. E como uma vida assim não existe sem que a alma esteja unida à Deus, sem que a alma ame a Deus e ao próximo, a Caridade será a coroa de sua existência.

Vivendo, então, da Fé, da Esperança e da Caridade, a alma verdadeiramente católica busca a perfeição na prática de todas as virtudes. Continuar lendo

O CARDEAL BURKE PODERIA FALAR DE “CISMA” EM RELAÇÃO À FSSPX?

news-header-imageFonte: DICI – Tradução: Dominus Est

No dia 15 de julho de 2017, o Cardeal Raymond Burke, Patrono da Ordem de Malta e ex-Presidente do Tribunal de Assinatura Apostólica, fez uma conferência em Medford, Oregon, nos Estados Unidos. Interrogado sobre a Fraternidade São Pio X, respondeu que, segundo ele, esta sociedade de sacerdotes está “em estado de cisma”, isso “desde que o falecido Mons. Marcel Lefebvre ordenou quatro bispos sem o mandato do Romano Pontífice. Portanto, não é legítimo assistir à Missa ou receber os sacramentos em uma igreja que está sob a jurisdição da Fraternidade São Pio X. “

Proveniente de um dos quatro cardeais signatários da Dubia sobre as passagens heterodoxas da Amoris lætitia, esta declaração, publicada na Internet por um blogueiro americano em 30 de setembro, é surpreendente em diversos aspectos.

O cardeal Burke, eminente canonista, se manifesta, sem dúvida, de forma jurídica, mas parece ignorar que, ainda que as sagrações episcopais de 1988 tenham merecido as sanções mais elevadas aos seus autores, nem os membros da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, nem os fiéis que frequentam seus priorados, nunca foram declarados cismáticos.

Certamente, o prelado romano sabe que o Papa Bento XVI levantou, em 21 de janeiro de 2009, qualquer tipo de sanção a que os bispos da Fraternidade incorreram e, portanto, admite que os bispos da Fraternidade “não estão mais excomungados”, mas, segundo ele “não estão em plena comunhão com a Igreja Católica.” Esta “anomalia” lhe parece incompreensível, como o fato do Papa Francisco dar o poder ordinário de confessar a todos os sacerdotes da Fraternidade, e até mesmo reconhecê-los como testemunhas qualificadas da Igreja para os casamentos dos seus fiéis. Então, para declarar pura e simplesmente “em um estado de cisma”, há um passo que nenhum papa autorizou atravessar, mas que o Cardeal Burke cruza um pouco rápido demais. Continuar lendo

INDIFERENTES À MISSA NOVA?

Dois ritos diferentes coexistindo para a celebração da Missa. Realmente devemos considerá-los como duas expressões de uma mesma coisa? Certamente isso não é uma questão de gosto: é a fé católica que está em jogo. Lembremo-nos de como devemos julgar a missa reformada de 1969.

Fonte: FSSPX/Distrito da América do Sul – Tradução: Dominus Est 

Muitos problemas seriam resolvidos se fossemos ao menos indiferentes à Nova Missa. De Roma não nos pedem outra coisa. De tantos católicos perplexos com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, muitos acreditaram que o mal do novo rito viria apenas da maneira de celebrá-lo e os peregrinam pelas paróquias buscando padres, sempre poucos, que celebrem com piedade e não deem a comunhão nas mãos. Outros, melhor informados, sabem que a diferença não está nos modos do sacerdote, senão no próprio rito e reivindicam a Missa tradicional argumentando, com alguma hipocrisia, o enriquecimento que implica a pluralidade de ritos: o novo é bom, mas o antigo também, melhor então ficar com os dois!

Embora não haja tolos em Roma, toleraram essa conversa nos grupos tradicionais que se amparam (1) na Comissão “Ecclesia Dei”. Além disso permitiram aos Padres tradicionalistas da diocese de Campos, no Brasil, que ficassem com seu rito tradicional mesmo dizendo que a Nova Missa é “menos boa”. Mas em Roma  nossa Fraternidade porque causa incômodo, porque não só não diz que a missa nova é boa, mas a combate como perversa, incomodando a perplexidade que mesmodepois de quarenta anos de Concílio tantos católicos não deixam de padecer. Se, ao menos, fôssemos indiferentes – que os outros rezem como queiram – Roma nos deixaria em paz. 

Podemos ser indiferentes à Nova Missa?

Na véspera de sua Paixão, havendo chegado a hora de oferecer seu sacrifício redentor a seu Pai, Nosso Senhor fez uma aliança com Sua Igreja: Hæc quotiescumque feceritis, em mei memoriam facietis (Lembre-se de que morri por vossos pecados, que me lembrarei de vós na presença do Pai). E, sendo Deus, nos deixou o imenso mistério da Missa, pelo qual seu Sacrifício permanece sempre vivo, sempre novo, permitindo-nos assistir como ladrões arrependidos: Memento Domine, famulorum famularumque tuarum (Lembra-te, Senhor, de nós agora que estais em seu Reino).

A memória viva da Paixão que se renova pela dupla consagração graças aos poderes do Sacerdócio, a união misteriosa com a Vítima Divina que se realiza pela comunhão é a única maneira que tem o coração duro do homem para retornar ao amor de Deus, porque nada chama tanto ao amor como conhecer-se muito amado, e a Paixão de Nosso Senhor foi a maior demonstração de amor: ninguém ama mais do que aquele que dá a vida por seu amigo. É por isso que a obra da Redenção que Cristo realizada na Cruz não se faz eficaz para nós senão graças ao Sacrifício da Missa. Continuar lendo