JULGAR OBJETIVAMENTE

Muitas de nossas dificuldades cotidianas decorrem da falta de discernimento. O que isso significa?

Fonte: Apostol n° 188 – Tradução: Dominus Est

Não apreciamos a realidade dos fatos tal como eles são objetivamente. Deixamos de julgar corretamente uma determinada situação. Não se trata de erros, que afetam o nosso conhecimento sobre Deus, a humanidade ou do mundo material: erros que poderíamos chamar de “teóricos”. Mas trata-se de interpretar mal o comportamento do próximo; interpretar mal uma mensagem escrita ou oral, atribuindo-lhe um significado que ela não possui; não compreender as reações emocionais dos outros; fazer conexões – sem base alguma – entre dois fatos independentes; atribuir uma causa extraordinária a um fenômeno que pode ser explicado de forma mais simples pelas leis da natureza… Nosso olhar, fascinado pelos detalhes ou aspectos da realidade, esquece-se de considerá-la em sua totalidade: uma visão superficial que leva a um mal-entendido parcial ou até mesmo total.

Esses erros práticos de julgamento podem ter consequências mais ou menos graves, por vezes dramáticas. Na medida em que agimos de acordo com a maneira como avaliamos a realidade, é evidente que um erro de julgamento pode levar a decisões insensatas que vão contra nosso bem e nossa felicidade. Infelizmente, isso não é incomum… e o único objetivo deste artigo é apontar o dedo para um problema frequentemente encontrado. Continuar lendo

3 DE SETEMBRO – DIA DE SÃO PIO X

Resultado de imagem para são pio x

Nesta data tão importante para a Igreja, listamos abaixo alguns links que já postamos sobre o Santo:

CARTA DE MARCEL DE CORTE A JEAN MADIRAN “SOBRE A MISSA NOVA” – 1970 – “PAULO VI É UM HOMEM CHEIO DE CONTRADIÇÕES”

Fonte: Blog Rorate Caeli – Tradução: Dominus Est

Marcel De Corte

Devo confessar-lhe, meu caro Jean Madiran, que mais do que uma vez me senti tentado a abandonar a Igreja Católica em que nasci. Se não o fiz, dou graças a Deus e ao bom senso de camponês com que Ele me abençoou. A Igreja — murmuro para mim mesmo neste momento — é como um saco de trigo infestado de carunchos. Por mais numerosos que sejam os parasitas — e, à primeira vista, estão enxameando! — não afetaram todos os grãos. Alguns, por muito poucos que sejam, permanecem férteis. Estes brotarão e os carunchos morrerão depois de terem devorado todos os outros. Bon appétit, meus senhores, estão comendo a vossa própria morte.

Enquanto isso, sofremos de fome, de fome de sobrenatural. O número de padres que nos distribuem o pão da alma diminui a um ritmo alarmante. Na hierarquia, a situação é ainda pior. E no topo, de onde se poderia esperar algum consolo, é desastroso.

Confesso que, durante muito tempo, me deixei enganar por Paulo VI. Pensava que estava tentando preservar o essencial. Repetia para mim próprio as palavras de Luís XIV ao Delfim: “Não receio dizer-lhe que, quanto mais elevada é a posição, mais coisas há que não se podem ver ou saber senão quando se a ocupa”. Não sendo papa, nem sequer clérigo, disse a mim mesmo: “Ele vê o que eu não posso ver, devido à sua posição. Por isso, confio nele, mesmo que a maior parte dos seus atos, atitudes e declarações não me agradem e que as suas constantes (aparentemente constantes) manobras me deem a volta à cabeça. Pobre homem, é digno de pena, tanto mais que é evidente que não está à altura do cargo… Mas mesmo assim, com a ajuda de Deus…” Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – SETEMBRO/24

Caros fiéis,

O mundo inteiro ficou chocado com a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em Paris. A profanação da Última Ceia não passou despercebida. O demônio sabe como atingir o que é importante. Ele não tem fronteiras. Mal havia retornado ao Brasil, fui visitar a cidade histórica de Ouro Preto com dois membros da minha família que vieram conhecer nosso belo país. Na praça principal da cidade está o Museu da Inconfidência, instalado na antiga prisão. O museu é dedicado a um movimento de rebelião fracassado contra a coroa portuguesa em 1789. Além desse passado revolucionário, o museu apresenta muitas peças interessantes, inclusive religiosas. Mas a surpresa não era a que se esperava. Assim como as metástases de um câncer, horríveis “obras de arte” contemporâneas haviam sido espalhadas entre as peças históricas do museu. E, além de serem horríveis, eram blasfemas. Na grande escadaria central, havia um quadro sangrento da Última Ceia, caricaturando Nosso Senhor. Em uma sala, Nossa Senhora com óculos quebrados nas mãos. Mais adiante, bonés adornados com palhaços demoníacos dispostos entre relicários. Em uma cadeira, um esqueleto infantil. Diante de um tabernáculo, uma mão articulada agitava um saquinho de pó branco. Nas vitrines que exibiam objetos religiosos, haviam colado papéis: “Catequizar é doutrinar”. E para saber de onde vinha esse movimento artístico, era só ler os papéis espalhados por todo lado: “Burguesia criminosa”.

Hoje em dia, o satanismo se apresenta descaradamente. Podemos nos perguntar por que. Na França, como no Brasil, não há mais nenhuma pressão para ser católico. A Igreja praticamente não tem influência e ninguém é impedido de viver publicamente no pecado. Muito pelo contrário! Esses indivíduos, então, não teriam mais nada a reivindicar, poderíamos pensar. Continuar lendo

CARTA A UM FIEL SOBRE O SEDEVACANTISMO

Roma sedia Encontro Internacional de Párocos em preparação ao Sínodo da Sinodalidade

Fonte: Le Pescadou nº235 – Tradução: Dominus Est

Pelo Pe. Patrick de La Rocque.

Prezado Senhor,

Por carta, o Sr. compartilhou comigo seus questionamentos relativos ao sedevacantismo.

Com efeito, para quem aceita abrir os olhos com isenção e espírito sobrenatural, a situação que a Igreja, em geral, e o papado, em particular, atravessam desde meio século é terrivelmente desconcertante. Ao passo que o “Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro para revelar uma nova doutrina, mas para, com a sua assistência, guardar santamente e expor fielmente a revelação transmitida pelos apóstolos, ou seja, o depósito da fé” (Vaticano I, Const. Pastor æternus), é patente que os papas recentes, infelizmente, se servem de sua posição não para este objetivo, mas, ao contrário, para promover uma doutrina humanista e liberal repetidamente condenada por seus predecessores. E não hesitam em levar essa utopia até as suas consequências mais dramáticas. Assim, vimos João Paulo II beijar o Corão e invocar São João Batista para que ele proteja o Islã, ou o papa Francisco celebrar a Pachamama no Vaticano. Da mesma forma, os mais consagrados princípios morais são atualmente enfraquecidos ao ponto de legitimar a comunhão dos divorciados recasados e dos protestantes, ou de provocar a quase dominação dos lobbys LGBT+ na linguagem oficial da Igreja. Tudo isso acontece sobre as cinzas da Tradição católica, renegada em muitos pontos, inclusive em sua liturgia. Esses papas, aliás, baniram oficialmente a Tradição bimilenar da Igreja quando condenaram aqueles que, ao rejeitarem esses princípios errôneos e suas consequências blasfematórias, quiseram permanecer fiéis ao depósito da fé que o ofício pontifício tem, precisamente, a missão de defender.

À luz dessas traições romanas, surgiram o que denominamos de teses sedevacantistas. Plurais, todas se recusam, de um modo ou de outro, a reconhecer o(s) papa(s) atual(ais) como sucessor(es) de Pedro. Um papa, dizem seus defensores, não pode ensinar o erro e promovê-lo permanecendo papa. Assim, consideram “vacante” a “Sé” de Pedro, de onde o termo sedevacantismo. Continuar lendo

O PRANTO DE SÃO JOÃO BOSCO E A HORA DA VERDADE

El llanto de Don Bosco y la hora de la verdad

Fonte: Adelante la Fe – Tradução: Dominus Est

Entre os milhares de viajantes que se aglomeram na estação Termini de Roma todos os dias, alguns passam pela adjacente Basílica do Sagrado Coração, na Via Marsala, antes de partir. Essa igreja foi construída por vontade de Pio IX, que, em 1870, lançou a primeira pedra do templo, mas as obras foram interrompidas quase imediatamente devido à anexação de Roma ao reino de Itália. Em 1880, Leão XIII, que tinha a mesma estima e devoção por São João Bosco (1815-1888) que seu antecessor, chamou-o e confiou-lhe a difícil tarefa de levantar fundos para concluir a construção da igreja. Apesar da idade avançada, do delicado estado de saúde e das graves dificuldades financeiras que a sua congregação atravessava, D. Bosco não desistiu. Há quem imagine que os santos estão imersos nas coisas de Deus e alheios aos problemas materiais. Não é assim. Os santos desafiam dificuldades aparentemente intransponíveis com um abandono à Divina Providência que lhes permite superar todas as dificuldades. Graças à tenacidade de São João Bosco, o arquiteto Francesco Vespignani pôde retomar as obras, concluídas em 1887.

Durante a sua vigésima e última estadia na Cidade Eterna, entre 30 de abril e 18 de maio de 1887, por ocasião da dedicação do templo do Sagrado Coração de Jesus, D. Bosco hospedou-se em pequenos quartos nos fundos do edifício, atualmente conhecidas como aposentos de D. Bosco. Vale a pena visitá-los, são muito evocativos. Em seu tempo, o espaço que atualmente ocupa um único cômodo, se dividia em dois ambientes separados por uma divisória. O primeiro era utilizado por D. Bosco como escritório e ali recebia todos os que desejavam visitá-lo. A sala adjacente servia de dormitório e possuía um altar para que o santo, já muito exausto e com precárias condições de saúde, pudesse rezar missas privadas. Dom Bosco realizou dois milagres ali que, enquanto ainda estava vivo, contribuíram para confirmar sua reputação de santidade: libertou um seminarista da surdez, cuja vocação havia sido comprometida por seu defeito físico, e curou instantaneamente uma mulher que havia perdido o movimento de um braço muitos anos antes.

Mas o que queríamos falar era outro milagre: Continuar lendo

FALAM DE PAZ, MAS NÃO É A PAZ

Entendendo a Festa de Cristo Rei | Arquidiocese de Uberaba

A paz do mundo procura sua plataforma entre os homens, no que eles têm de parecido e de comum. Constrói sobre fundamentos da igualdade.

Procede por concessões e por silêncios. Faz concessões ao erro e ao mal, envolve no silêncio a verdade e o bem, coloca o verdadeiro e o falso, o bem e o mal no mesmo pé de igualdade e lhes concede os mesmos direitos. Assim pensa apaziguar todas as reclamações e reinar sem problemas.

Há homens religiosos que rezam e procuram servir a Deus, mas que contestam ou a divindade de Cristo ou a autoridade da Igreja. Não reconhecem nem as verdades que a Igreja ensina, nem os sacramentos sobre os quais ela tem gestão, nem a hierarquia que é sua armadura. No entanto são irmãos; desejamos estender-lhes a mão, estabelecer algum acordo com eles, organizar alguma colaboração. O que se faz então? Volta-se para os filhos da Igreja, pede-se para que se consintam, guardando para si suas convicções íntimas, calando-as, escondendo-as num profundo silêncio para não entristecer ou alienar os irmãos dissidentes. Põe-se todas as confissões no mesmo pé de igualdade, propõe-se-lhes um trabalho comum, a elaboração de um CREDO de onde serão riscados todos os artigos contestados por uma ou outra confissão, e na profissão de fé desse CREDO todos se encontrarão. CREDO paupérrimo e que logo se evapora como se dissipam as brumas da manhã sob a ação dos raios do sol do verão.

Ora, logo se verá que além desses homens religiosos, existem outros que se convencionou chamar homens de bem e que não crêem em Deus.

Não professam nenhum culto e não experimentam nenhum sentimento religioso. Esses também são irmãos, nós os amamos, queremos estender-lhes a mão, entrar em algum acordo ou colaboração com eles. Então nos voltamos para os homens religiosos. Pedimos para que consintam, guardando para si suas convicções íntimas, calando-as, envolvendo-as em profundo silêncio para não afastar ou contristar nossos irmãos incrédulos. Continuar lendo

DEPOR O PAPA?

Papa defende leis que regulamentem união civil entre homossexuais - Hora  Brasília

Fonte: Si Si No No, ano XLV, n. 8, de 30 de abril de 2019 – Tradução: Dominus Est

INTRODUÇÃO

Em uma “Carta Aberta aos Bispos da Igreja Católica”, datada de maio de 2019, alguns estudiosos leigos e eclesiásticos acusaram o Papa Francisco de heresia(1).

Além disso, os autores acreditam que um Papado herético não pode ser tolerado ou ignorado com a ideia de assim evitar um mal pior, até mesmo um cisma semelhante ao Grande Cisma do Ocidente (século XV), no qual haviam simultaneamente três “Papas” na Igreja, dois dos quais eram antipapas. Um papado como o de Francisco deve ser submetido à correção por parte dos Bispos.

Por esta razão, o estudo contido nesta “Carta” conclui com o convite aos Bispos:

1°) a admoestar o Papa Francisco negar as suas heresias

2°) se ele se recusar obstinadamente, a depô-lo e nomear outro Papa.

Apresentaremos os principais argumentos contidos na “Carta Aberta” sob a forma de “Objeções” e tentaremos refutá-los na forma de “Respostas”.

***

OBJEÇÕES E RESPOSTAS

Objeção nº. 1 da “Carta Aberta”: o Decreto de Graciano (dist. XL, can. 6)

“O cânon que primeiro considerou explicitamente a possibilidade da heresia de um Papa encontra-se no Decreto de Graciano. O Cânon 6 da distinção XL do Decreto afirma que um Papa não pode ser julgado por ninguém, a menos que se descubra que ele se desviou da fé”. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA

O Concílio Vaticano II semeou a dúvida no espírito dos católicos. Essa dúvida deve ser entendida, evidentemente, primeiro como a dúvida semeada pelo Concílio a respeito das verdades divinamente reveladas por Deus. O motivo dessa dúvida se concentra inteiramente no princípio da liberdade de consciência adotado pelos Papas desde o último Concílio, de João XXIII a Francisco.

Acesse os links abaixo para acessar todos os capítulos dessa série:

ASPECTOS – PARTE 1

ASPECTOS – PARTE 2

REFUTAÇÕES

A IGREJA É VISÍVEL

LA SALETTE

DO FOGO QUE ASSA O PÃO AO FOGO DO AMOR DIVINO

No final de um café da manhã divinamente preparado, Jesus Cristo confiou o cuidado da sua Igreja ao primeiro Papa.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Editorial do Pe. Benoît de Jorna, FSSPX

Não estávamos às margens do Lago Tiberíades quando, nas primeiras horas da manhã após sua ressurreição, Nosso Senhor Jesus Cristo convidou os Apóstolos a se alimentarem dos peixes que havia lhes preparado.

Esta cena maravilhosa do Evangelho é, particularmente, comovente. São Pedro, sempre ardente, logo que percebe que é a voz de Jesus chamando, atita-se no lago para nadar mais rápido que os demais discípulos. Mas, uma vez que todos chegam à margem, ficam espantados ao ver que o Deus feito homem teve cuidado de cozinhar alguns peixes sob brasas. 

Café da manhã divinamente preparado

Sob o brilho pálido do sol nascente, no frescor da manhã, é possível ouvir o bater da água na margem e, depois de uma noite de trabalho, saborear o café da manhã habitual desses pescadores; ele foi preparado com um cuidado comovente e atenção divina: pão e peixe cozidos sob as cinzas.  Que felicidade! Quanto tempo Jesus, o Criador do céu e da terra, demorou a preparar essa frugal refeição em benefício dos seus Apóstolos e especialmente do seu primeiro vigário, Pedro, a quem vai confiar, como aos seus sucessores, o cuidado de sua Igreja, essa sociedade visível e monárquica constituída para reunir todos os chamados e eleitos?  Mesmo antes de essa sociedade ser formada, Pedro foi escolhido para alimentar as ovelhas do rebanho do Bom Pastor. Continuar lendo

SERMÃO SOBRE A ADMIRÁVEL ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA, POR SANTO TOMÁS DE VILLANUEVA

Nossa Senhora da Assunção

Sobre a admirável Assunção da Virgem Maria e sua exaltação sobre todos os coros dos anjos: terno convite do Esposo à sua esposa para que suba ao seu Reino.

“Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano; vem e serás coroada” (Ct. IV, 8).

Primeira Parte

É uma grande prerrogativa para as almas fazerem parte dos coros angélicos. Pois o que é a nossa alma ou qual é a sua dignidade quando comparada com a natureza angélica? A alma é como a matéria-prima da natureza espiritual: o espírito mais elevado é Deus, abaixo Dele está o anjo e o último é a alma humana. Mas aqueles que têm naturezas diferentes foram tornados iguais em graça pelo privilégio e mérito do Redentor. Assim diz o Apocalipse: “medida de homem, que é também medida de anjo” (Ap. XXI, 27). Mas as almas são designadas para os diferentes coros angélicos de acordo com seus méritos: assim, a alma que viveu no mundo, mas fez bom uso das criaturas no serviço ao Criador, é acrescentada aos anjos; a alma que deixou tudo por Deus, para preparar para Deus uma morada digna no seu coração, é acrescentada aos tronos; a alma que exerceu alguma prelazia, aos principados; a alma que iluminou muitos com a luz da sua doutrina, aos querubins; e a alma que se inflamou de amor por Deus e chegou a expor a sua vida por Ele, aos serafins. E nenhum santo, por mais extraordinária que tenha sido a sua santidade, pode ser colocado com certeza anteposto a todos os coros angélicos; de ninguém a Igreja nos afirma isso…………

Continue lendo esse Sermão no excelente site VERBUM FIDELIS (na qual pedimos que ajudem no trabalho fazendo suas assinaturas).

PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA – LA SALETTE

Fonte: Courrier de Rome – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

1. “Roma perderá a fé e tornar-se-á a sede do Anticristo”. Esta suposta profecia, acrescentada ao Segredo de Mélanie, a vidente de La Salette, é invocada com frequência para confirmar o estado atual da crise na Igreja. As aparições da Santíssima Virgem em La Salette foram “reconhecidas” pela Igreja. O que este fato significa? Que crédito se pode capitalizar da referida profecia?

2. O termo “aparições” designa determinados fenômenos que, apesar de sua diversidade, têm em comum serem portadores de um sentido inteligível, às vezes até de uma mensagem determinada. Eles tornam conhecido algo que, até então, era incógnito: neste contexto, podemos falar, portanto, de “revelação”. Mais especificamente, falamos de “aparições” ao dizer que elas são “revelações privadas”. E pretendemos, por isso, distinguir as revelações em questão da Revelação propriamente dita, a Revelação divina, chamada “pública”, que foi finalizada com a morte do último dos apóstolos, que está contida, como em suas fontes, nas Sagradas Escrituras e na Tradição, que é conservada e explicada pelo Magistério da Igreja e que se destina, como meio necessário de salvação, a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares.

Para melhor compreender o sentido dessa distinção, imaginemos que a revelação, compreendida, em geral, como um ensinamento que Deus endereça ao homem, seja definida, inicialmente, por seu propósito[1], e esse propósito é duplo: transmitir o conhecimento das verdades de fé necessárias a todos para a salvação e dirigir, na prática, as ações destes ou daqueles em vista de sua melhor santificação. O primeiro objetivo define, como tal, a Revelação pública. O segundo propósito define, como tais, as revelações privadas. É possível que, mesmo após a morte do último dos apóstolos, Deus continue a revelar aos homens seus desígnios providenciais. Não se trata mais de comunicar o conhecimento das verdades de fé, necessárias a todos e em todos os tempos, trata-se de manifestar determinado detalhe do plano divino, conforme decide a conduta particular de alguns em uma época ou em um dado lugar[2]. Notemos que o qualificativo “privadas” não quer dizer, necessariamente, que essas revelações sejam destinadas, em si, ao bem próprio de uma única pessoa física. Elas podem abranger vários indivíduos, grupos inteiros e até toda a Igreja de uma determinada época. Não obstante, em todos esses casos haverá uma única entidade moral. E a mensagem sempre interessará, a título de conselho, a algum privilegiado, mas não, a título de preceito, a uma parte apenas da Igreja, e não toda a Igreja enquanto tal, ou seja, enquanto instituição. O concílio de Trento, no decreto sobre a justificação[3], adota a expressão “speciali revelatione”, terminologia talvez menos clássica, porém melhor. Continuar lendo

PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA – A IGREJA É VISÍVEL

Fonte: Courrier de Rome – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

1. A principal dificuldade encontrada pela tese sedevacantista é o dogma da visibilidade da Igreja. De modo que, para manter a tese, não há outro recurso senão minimizar essa visibilidade da Igreja, dada a impossibilidade de negá-la. “A visibilidade da Igreja”, dir-nos-ão, “o fato de sua cabeça ser visível, não é uma nota essencial da Igreja como o são a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade. A visibilidade é uma propriedade da Igreja, é um acidente próprio e, como qualquer acidente, é suscetível a variações. A Igreja continua a ser Igreja mesmo quando a sua visibilidade diminui”(1) . Está claro o que se diz aqui: quando a Igreja está habitualmente privada da sua cabeça visível, o Papa.

2. No entanto, os ensinamentos da Revelação são inequívocos sobre este ponto e o Magistério da Igreja dá-nos a formulação exata e invariável, através de repetidas afirmações. Uma das mais explícitas encontra-se na Encíclica Satis cognitum, do Papa Leão XIII. “Certamente, diz o predecessor de São Pio X, Cristo é o rei eterno, e eternamente, do céu, continua a governar e a proteger o seu reino invisivelmente, mas, como quis que este reino fosse visível, teve de nomear alguém para ocupar o seu lugar na terra, depois de Ele próprio ter subido ao céu. Se alguém disser que a única cabeça e o único pastor é Jesus Cristo, que é o único esposo da única Igreja, esta resposta não é suficiente. É obvio, de fato, que é o próprio Jesus Cristo quem opera os sacramentos na Igreja; é ele quem batiza, é ele quem perdoa os pecados. Ele é o verdadeiro sacerdote que se ofereceu a si mesmo no Altar da Cruz, e em virtude do qual o seu corpo é consagrado todos os dias no altar. E, no entanto, como não podia permanecer com todos os fiéis pela sua presença corporal, escolheu ministros por meio dos quais podia dispensar aos fiéis os sacramentos de que acabamos de falar, como dissemos acima (capítulo 74). Do mesmo modo, porque teve de retirar a sua presença corporal da Igreja, teve de designar alguém para cuidar da Igreja universal em seu lugar. Por isso, antes da sua Ascensão, disse a Pedro: ‘Apascenta as minhas ovelhas’”(2). (3) . Continuar lendo

PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA – REFUTAÇÕES

Fonte: Courrier de Rome – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

1. A tese sedevacantista fez e ainda faz correr muita tinta. A título de exemplo, eis o juízo expresso dado por um dos nossos colegas (1), a cujos olhos esta tese nem sequer parece demonstrável, ou seja, seria falsa no plano estritamente teórico.

2. “Embora o modernismo liberal seja, em sua essência, a pior das heresias, a vontade perseverante dos homens modernistas, ao longo dos últimos séculos, de conciliar o pensamento moderno com a fé tradicional, acabou por gerar uma tal confusão que, atualmente, nos seminários e colégios católicos, os teólogos mais heréticos e os mais ortodoxos se misturam, passando por todos os graus intermediários. Se se quiser penetrar na doutrina profunda do Novus Ordo Missæ, encontra-se aí um pensamento inteiramente heterodoxo que, no entanto, oferece a muitos teólogos a possibilidade de explicá-lo sob uma luz completamente católica. O Papa pratica um ecumenismo que não parece distinguir-se em nada do sincretismo maçônico. No entanto, aparentemente, condena o sincretismo aqui e ali, e parece dar garantias suficientes para que mais de um teólogo concilie as suas intenções com as de Pio XI em Mortalium animos. O católico comum, que permanece de boa vontade e que evitou qualquer contato com essa atmosfera de confusão que envolve quase toda a Igreja, tem sérias dificuldades em acreditar (como a experiência mostra) que pessoas animadas por intenções aparentemente retas possam conciliar, a tal ponto, a luz e as trevas. Mas os sofismas que realizam este milagre atingiram um grau supremo de perfeição. O resultado de tudo isto é que, entre os papas conciliares, a má-fé do herege ou a má vontade do cismático não aparecem notoriamente. E não nos peçam para o provar, porque (perdoem-nos este paradoxo) a não notoriedade é algo notório, e o que é obvio não se demonstra, a saber, que a grande maioria dos católicos de hoje, psicologicamente equilibrados e doutrinariamente bem formados, que notam a malícia intrínseca do magistério conciliar, não consideram que os papas tenham deixado de sê-lo”. Continuar lendo

SERMÃO SOBRE A ORAÇÃO, POR SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Para comemorar este 8 de agosto, dia do santo padroeiro dos sacerdotes, o site VERBUM FIDELIS (na qual pedimos que ajudem no trabalho fazendo suas assinaturas) presenteia o leitor com este esplêndido sermão ressaltando a importância fundamental da oração na salvação de cada um.

QUINTO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA

“Amen, amen dico vobis : si quid petieritis Patrem in nomine meo, dabit vobis.

Em verdade, em verdade, vos digo, que, se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará.” (Jo. XVI, 23)

Não, meus irmãos, não há nada mais consolador para nós do que as promessas que Jesus Cristo nos faz no Evangelho, dizendo-nos que tudo o que pedirmos ao Pai em seu nome, Ele o concederá. Não contente com isso, meus irmãos, Ele não só nos permite pedir-Lhe o que desejamos, mas vai ao ponto de nos ordenar que o façamos, e de nos suplicar que o façamos. Dizia aos seus Apóstolos: “Até agora não pedistes nada em meu nome; pedi e recebereis, para que o vosso gozo seja completo” (Jo. XVI, 24). Isto mostra-nos que a oração é a fonte de todo o bem e de toda a felicidade que podemos esperar na terra. De acordo com esses dizeres, meus irmãos, se somos tão pobres e tão carentes de iluminação e dos bens da graça, é porque não rezamos ou rezamos mal. Ai de nós, meus irmãos, digamo-lo com um gemido: muitos não sabem sequer o que é rezar, e outros têm apenas uma grande repugnância por um exercício tão doce e tão consolador para um bom cristão.

No entanto, vemos algumas pessoas que rezam e não obtêm nada, e isto porque rezam mal: ou seja, sem preparação, e sem saberem sequer o que vão pedir a Deus. Mas para vos dar uma melhor ideia do grande bem que a oração nos traz, meus irmãos, dir-vos-ei que todos os males que nos afligem na terra provêm do fato de não rezarmos, ou de rezarmos mal; e se quereis saber a razão, aqui está ela. Se tivéssemos a sorte de rezar ao bom Deus como convém, ser-nos-ia impossível cair em pecado; e se estivéssemos livres do pecado, encontrar-nos-íamos, por assim dizer, como Adão antes da sua queda. Para vos encorajar, meus irmãos, a rezar muitas vezes e a rezar como deveis, vou lhes mostrar: 1) que sem a oração é impossível salvarmo-nos; 2) que a oração é todo-poderosa junto a Deus; 3) que qualidades deve ter uma oração para ser agradável a Deus e meritória para aquele que a reza. Continuar lendo

PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA – ASPECTOS – PARTE 2/2

Fonte: Courrier de Rome – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

Segundo aspecto do dilema

13. O fato é que, tal como os seus quatro predecessores, o atual ocupante da Sé Apostólica abre amplamente a porta à heresia. Há provas abundantes disso, e nos últimos sete anos assistimos a um aumento sem precedentes. No entanto, aos olhos de todos os teólogos, uma tal situação dificilmente seria compatível com o próprio título do papado. A famosa questão do Papa herético fez história: no rescaldo do Grande Cisma e ainda mais no rescaldo do que poderíamos ser tentados a chamar de o caso Savonarola, Caetano foi o primeiro, e depois dele os teólogos foram levados a refletir sobre a natureza da Igreja, e todos previram a possibilidade de um Papa que viria a professar erros contrários à fé.

14. Certamente seu pensamento estava em grande parte condicionado pelo contexto, razão pela qual se fez é história, é porque é da história. Isto porque o problema está demasiado ligado a circunstâncias específicas para que a solução que lhe é dada seja facilmente transponível para a situação pós-Vaticano II. Por um lado, os teólogos daquelas épocas consideravam a heresia, com efeito, professada na devida forma, ao passo que os erros atuais são muito mais sutis e sem precedentes para atrair, obviamente, os anátemas já fulminados na época contra as heresias antigas. Por outro lado, esses mesmos teólogos vêem a heresia limitada à pessoa do Papa, de modo que, se o Papa que caiu em heresia perder o pontificado, é possível e relativamente fácil dar-lhe um sucessor sem dificuldade, enquanto o resto do Corpo da Igreja permanece saudável e ileso da heresia. Hoje, o fato inédito daquilo a que se costuma chamar a “Igreja conciliar”ou seja, a situação de uma hierarquia eclesiástica majoritariamente infiltrada pelo cancro do neo-modernismo, torna muito mais problemática a possibilidade de uma desqualificação seguida de uma nova eleição a favor de um candidato isento de heresias. Podemos ver o que aconteceu nos últimos anos, uma vez que tanto as Dubiaapresentadas ao Papa Francisco por quatro cardeais em 2016 como a Correctio filialis dirigida ao mesmo Papa em 2017 por 62 figuras importantes do mundo católico não surtiram resultado. Continuar lendo

PEGANDO O TOURO PELOS CHIFRES: O DILEMA SEDEVACANTISTA – ASPECTOS – PARTE 1/2

Fonte: Courrier de Rome – Tradução: Dominus Est

1. O Concílio Vaticano II semeou a dúvida no espírito dos católicos. Essa dúvida deve ser entendida, evidentemente, primeiro como a dúvida semeada pelo Concílio a respeito das verdades divinamente reveladas por Deus. O motivo dessa dúvida se concentra inteiramente no princípio da liberdade de consciência adotado pelos Papas desde o último Concílio, de João XXIII a Francisco.

2. “Hoje”, disse João XXIII no discurso de abertura do Concílio Vaticano II, em 11 de outubro de 1962, “a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações”. Depois dele, na sua mensagem de encerramento do Concílio, dirigida aos governantes, em 8 de dezembro de 1965, Paulo VI declarou que “a Igreja pede apenas liberdade”. Em outras palavras, a verdade pregada pela Igreja é agora reivindicada, no contexto da vida em sociedade e face aos poderes civis, não mais como dogma, mas como uma opinião. O dogma exige para si a exclusividade da expressão — o que implica a repressão dos erros contrários — enquanto a opinião se contenta com a liberdade de expressão e não pretende excluir a expressão de opiniões contrárias. Em sua Mensagem de 8 de dezembro de 1987 pela Jornada Mundial da Paz de 1988, João Paulo II tirou a consequência lógica dessas proposições iniciais de João XXIII e Paulo VI, afirmando que “mesmo quando um Estado concede a uma determinada religião uma posição jurídica particular, deve reconhecer juridicamente e respeitar efetivamente o direito de todos os cidadãos à liberdade de consciência”.

A mesma ideia foi vigorosamente reafirmada por Bento XVI no seu discurso à ONU em 8 de dezembro de 2010: “Todos devem poder exercer livremente o direito de professar e manifestar, individualmente ou comunitariamente, a sua religião ou sua fé, tanto pública como privadamente, no ensino e na prática, nas publicações, no culto e na observância dos ritos. Não devem ser impedidos se quiserem, eventualmente, aderir a uma outra religião ou não professar nenhuma”. Portanto, o tipo de discurso que o Papa Francisco utiliza atualmente não apresenta nenhuma novidade. Quando, no dia seguinte à sua eleição, em outubro de 2013, o sucessor de Bento XVI declarou, numa entrevista a Eugenio Scalfari que “cada um tem a sua própria concepção do bem e do mal”, o novo Papa estava simplesmente traduzindo a doutrina do Concílio sobre a liberdade religiosa. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG – BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO

cidade-estado vaticano

Nestes tempos em que a crise neomodernista penetrou diretamente no espírito dos homens da Igreja, é necessário conhecer a natureza da Igreja para não naufragarmos na obra da nossa salvação. De fato, é de Fé revelada (Mt. XVI, 28) e infalivelmente definida (Concílio Vaticano I) que Jesus Cristo fundou a Igreja com o objetivo de continuar a Redenção do gênero humano que Ele próprio iniciou (Mt. XXVIII, 19-20; Conc. Vat. I). Por isso, “fora da Igreja não há salvação” (Lc. X, 10; Atos IV, 12; IV Conc. de Latrão; Conc. de Florença).

Tentaremos resumir os pontos principais do que se encontra na Revelação (Sagrada Escritura e Tradição) e do que o Magistério tem ensinado sobre a Igreja, de forma autêntica e, por vezes, até infalível, para que permaneçamos na Fé Católica “sem a qual é impossível agradar a Deus” (Heb. XI, 6).

INTRODUÇÃO

O SEDEVACANTISMO

O CONCILIARISMO E A QUESTÃO DO “PAPA HERÉTICO”

GALICANISMO

O MAGISTÉRIO

MAGISTÉRIO E REVELAÇÃO

A INFALIBILIDADE DO MAGISTÉRIO

OS LUGARES TEOLÓGICOS E O MAGISTÉRIO

MAGISTÉRIO, INTÉRPRETE DA TRADIÇÃO

AS QUATRO CONDIÇÕES DA INFALIBILIDADE DO MAGISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO E ORDINÁRIO

CONCLUSÃO

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – AGOSTO/24

assunção de nossa senhora aos ceus

Caros fiéis,

Em nossas capelas, a maioria dos fiéis são novos na Tradição – no máximo, há alguns anos. Descobrir a doutrina e a liturgia tradicionais é como encontrar um tesouro. Ele deslumbra e a vida nunca mais será a mesma. Felizmente essa descoberta é usada pela maioria das pessoas para organizar uma vida cristã fervorosa. Mas, como a perfeição não é deste mundo, essa descoberta pode apresentar algumas armadilhas.

Hoje a Igreja não tem o rosto que deveria ter. Ela está em crise. O primeiro efeito dessa situação é a dificuldade de entender o que é a Igreja. Para isso, é essencial estudar o catecismo e ler a vida dos santos. Mas a situação da pessoa que descobre continua confusa. Além de entender como a Igreja deveria ser, ela precisa conhecer os principais problemas que a levaram à crise. Em seguida, ela é confrontada com várias posições dentro da Igreja: desde os sedevacantistas até a celebração da missa de Paulo VI em latim, passando pela Fraternidade São Pio X, as comunidades ex-Ecclesia Dei e uma gama infinita de posições. Nessas condições, a conversão parece uma verdadeira corrida de obstáculos, o treinamento BOPE do católico tradicional!

Um erro clássico é se afogar na Internet lendo tudo. Essa é a melhor maneira de manter as pessoas confusas. Os orgulhosos e os escrupulosos não conseguirão se safar. Os primeiros acharão que entenderam tudo porque acumularam uma quantidade incrível de informações e tomarão decisões insensatas que desejarão impor aos outros. Os segundos adotarão as posições que lhes parecerem mais rígidas e claras. Isso não lhes dará paz, pois as soluções mais simples nem sempre são as justas. Continuar lendo

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS E ORAI POR AQUELES QUE VOS PERSEGUEM: UM EXEMPLO DO VIETNÃ

Ho Ca Dau, um vietnamita de 27 anos, compara sua conversão à de São Paulo. Durante 10 anos, ele tentou fazer com que os cristãos de seu vilarejo fossem presos: considerava-os uma “força reacionária” que ameaçava o governo comunista. “Um dia desmaiei de fome na beira da estrada. Um transeunte católico me levou ao hospital e custeou minhas despesas médicas”, diz Ho, que foi batizado na Páscoa deste ano.…

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ho Ca Dau converteu-se ao catolicismo depois de trabalhar durante quase uma década para que os cristãos fossem presos, acusando-os de “colocar a sociedade em perigo” por se oporem ao comunismo. O jovem vietnamita, de 27 anos, nasceu em uma família ateia em um vilarejo na província de Quang Tri, na região central do Vietnã. Em seu vilarejo, os cristãos eram tratados como uma “força reacionária” que lutava contra o governo comunista. Seu pai, soldado e membro do Partido Comunista, havia lhe dito que as forças religiosas, como o cristianismo, eram um insulto aos nativos indígenas e prejudiciais às causas revolucionárias.  “Não há Deus no mundo, e os seres humanos podem fazer qualquer coisa“, disse-lhe também seu pai.

Ho Ca Dau estudou num internato público onde se juntou a uma organização sócio-política local (União da Juventude Comunista de Ho Chi Minh), treinando os seus jovens membros nos ideais comunistas. Depois de terminar o ensino secundário em 2015, voluntariou-se como miliciano para manter a ordem social e a segurança em seu vilarejo. Ele fez o possível para agradar seus superiores “perseguindo, vasculhando e espionando as pessoas” que chegavam ao vilarejo vindas de outras regiões. Pessoas que vinham tentar vender peixe seco, açúcar, leite, óleo de cozinha e roupas, ou mesmo cadernos, aos moradores.

Eu suspeitei que eles divulgassem ilegalmente o catolicismo. Acusei-os de pôr em perigo a segurança da sociedade.” Em 2016, ele prendeu cinco deles por carregarem “cruzes e cópias da Bíblia em suas bolsas“. Eles ficaram detidos por um dia antes de serem liberados. Ho Ca Dau via a cruz como uma força “maligna” e impedia ativamente que os católicos do vilarejo se reunissem para rezar. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA

Oração não é fórmula mágica

Em mais uma Operação Memória de nosso blog, colocamos abaixo os links para uma série de publicações do Bulletin Hostia, publicação da SSPX Great Britain & Ireland.

O PRIMEIRO DEGRAU DA PACIÊNCIA

O SEGUNDO DEGRAU DA PACIÊNCIA

O TERCEIRO DEGRAU DA PACIÊNCIA

NA IMPACIÊNCIA

A IMPACIÊNCIA NAS EXPRESSÕES FÍSICAS

SOBRE A RECLAMAÇÃO

RESISTÊNCIA À TENTAÇÃO

PACIÊNCIA NAS TENTAÇÕES

SOBRE A PACIÊNCIA NAS DOENÇAS

A PACIÊNCIA SOB O LUTO

A PACIENCIA SOB O DESPREZO

A PACIÊNCIA DE JÓ

A PACIÊNCIA DE MARIA

A PACIÊNCIA DE JESUS CRISTO

A PACIÊNCIA DOS SANTOS

A PACIÊNCIA DOS MÁRTIRES

A PACIÊNCIA DOS ANJOS

A PACIÊNCIA DAS ALMAS SANTAS

PRIMEIRO FRUTO DA PACIÊNCIA: A PAZ

SEGUNDO FRUTO DA PACIÊNCIA: A ESPERANÇA

TERCEIRO FRUTO DA PACIÊNCIA: A ALEGRIA

DIRETOS NATURAIS E “DIREITOS HUMANOS”

Direitos Naturais - Direito Natural e o Contrato Social

Juan Carlos Iscara, FSSPX

“Direito” (ius) é definido por São Tomás em termos estritamente objetivos como uma ipsa res iusta, uma coisa justa, algo que é devido. Essa “coisa justa” sempre é um bem honesto. Portanto, é uma contradição referir-se a atos pecaminosos como “direitos”.

Para melhor explicar a noção do que é devido, a doutrina católica distingue entre direitos inatos e direitos adquiridos.

Direitos inatos são estritamente naturais, absolutos, fundados na natureza do homem. Eles advêm do fim necessário do homem, a que ele está destinado por sua natureza. Essa necessidade natural lhe dá o direito de fazer, sem ferir o próximo, o que é necessário para atingir seu fim. Esses direitos são inerentes à natureza humana; eles não podem ser alienados ou extintos no que diz respeito a sua substância, embora um indivíduo possa abster-se de seu exercício quando ele não estiver obrigado a exercê-lo, e até mesmo renunciar a eles formalmente para buscar uma perfeição maior.

Direitos adquiridos são fundados em um fato livre, contingente – isto é, algo que poderia ou não ter acontecido, dependendo da ação livre de alguém. Por exemplo, eu posso escolher comprar um livro ou não, mas, uma vez que tenha decidido comprar um livro e cheguei a um acordo com o vendedor, o livro é meu, e o pagamento é do vendedor. Esses direitos podem ser perdidos ou transferidos a outro.

Em consequência, podemos dizer que os verdadeiros direitos naturais do homem são inerentes à sua própria natureza. Em relação a Deus, o homem não tem direitos; mas, em relação a outros homens, ele tem o direito de usar bens que sejam conformes a sua natureza – isto é, os bens que lhe sejam devidos. Continuar lendo

BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – CONCLUSÃO

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

1°) Se – em matemática – o número 1 for removido, todos os outros números desaparecem. Assim – em teologia – se a Sé suprema for removida, a Igreja deixa de ter alicerces e desaba como uma casa da qual é removida a fundação. Mas isso é um absurdo, tornado impossível pelas promessas de Jesus à sua Igreja.

2°) ‘Pedro’ ou Cefas significa ‘Pedra’: “Petra autem erat Christus” (1 Cor. X, 4). A Igreja coincide com Cristo e se funda em Cristo, sua Cabeça invisível, e ao mesmo tempo com/sobre Pedro, seu chefe visível: Ubi Petrus ibi Ecclesia.

3°) Pedro e Cristo são Pessoas em ato, não em potência. Caso contrário teríamos, além do “Cristo cósmico” de Teilhard de Chardin, o “Papa cósmico” e a “Igreja cósmica”.

4°) A Igreja tornou sua a filosofia e a teologia do ser estavelmente imutável e repudiou aquela do devir em contínua mudança ou em “movimento perpétuo”. A Tese do Papado material ou em potência está no devir e, portanto, é contrária à reta razão, à reta teologia e ao “sentire cum Ecclesia”. Continuar lendo

BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – AS QUATRO CONDIÇÕES DA INFALIBILIDADE DO MAGISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO E ORDINÁRIO

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

A constituição ‘Pastor Aeternus’ do Concílio Vaticano I estabelece as condições necessárias para a infalibilidade das definições pontifícias extraordinárias ou ordinárias. Ensina que o papa é infalível “quando fala ex cathedra, isto é, quando, no exercício do cargo de Pastor e Doutor de todos os cristãos, em virtude da sua suprema autoridade apostólica, define uma doutrina relativa à Fé e aos Costumes, que deve ser sustentada por toda a Igreja” (DB 1834).

Portanto, as condições necessárias para que haja um pronunciamento infalível do Magistério pontifício extraordinário ou ordinário são quatro: 1°) que o Papa fale como Doutor e Pastor universal; 2°) que use a plenitude da sua autoridade apostólica; 3°) que manifeste claramente o desejo de definir e obrigar a crer; 4°) que trate de fé ou da moral.

O ponto crucial é a terceira condição, ou seja, que haja a intenção de definir e obrigar a crer. É, com efeito, fundamental que fique claro, de uma forma ou de outra, que o papa quer definir (de maneira “ordinária” ou “extraordinária”) uma verdade que deve ser acreditada obrigatoriamente, pois é divinamente revelada. Continuar lendo

BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – MAGISTÉRIO, INTÉRPRETE DA TRADIÇÃO

cidade-estado vaticano

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

Tanto na Escritura como nos Padres o conceito de verdadeira Tradição está sempre ligado:

1°) à Assistência de Deus, pois sem a ajuda do Espírito de Verdade a pureza do ensino oral não poderia ser preservada;

2°) ao Magistério, que embora não seja a Tradição, é o órgão pelo qual ela é transmitida; o sentido pleno da Tradição só pode ser obtido sob a condição de manter juntos seus dois aspectos, o passivo (objeto transmitido) e o ativo (sujeito transmissor), dos quais o segundo é tão importante, que uma “tradição” do primeiro século, mas não atestada pelo Magistério da Igreja, não constituiria uma ‘verdadeira’ Tradição divino-apostólica; no máximo teria o valor de documentação histórica.

Há uma distinção, mas não uma separação entre o Magistério e a Tradição, ou seja, a Igreja é como uma Mestra (Magistério) que possui e transmite a Escritura (Bíblia) e a Tradição (Denzinger), tem um livro oficial (Bíblia mais Denzinger) e explica o verdadeiro significado para os alunos; se um estudante não compreender bem o significado do Livro, poderá pedir explicações à Mestra e ela lhe esclarecerá. De tudo isso resulta a tarefa essencial, e não menor ou mesmo contingente, que o Magistério desempenha ao dar, “todos os dias até ao fim do mundo”, a correta interpretação ativa ou subjetiva/formal do conteúdo dogmático-moral da Tradição, tendo garantido ontem a veracidade do conteúdo passivo ou objetivo/material[1]. Continuar lendo

OS IRMÃOS DA FSSPX

Fonte: FSSPX Portugal

Membros de uma sociedade sacerdotal

«A Fraternidade de São Pio X é uma sociedade sacerdotal de vida comum sem votos, seguindo o exemplo das sociedades das Missões Estrangeiras.» Como tal, está centrada no sacerdócio e na sua razão de ser, que é o santo sacrifício da Missa. 

Mons. Lefebvre, tendo constatado a inestimável ajuda dada pelos irmãos aos sacerdotes da sua congregação dos Padres do Espírito Santo, quis agregar uma comunidade de irmãos auxiliares aos sacerdotes da Fraternidade.

Religiosos

Os irmãos da Fraternidade pronunciam votos religiosos que os unem estreitamente ao Divino Mestre. Consagrando-se a Deus na vida religiosa, tal como os frades capuchinhos, os beneditinos ou os dominicanos, o seu primeiro objectivo é a glória de Deus, a sua santificação e a salvação das almas. A única palavra «religioso» resume, exprime e revela a especificidade da sua vocação. Os irmãos da Fraternidade são religiosos. Têm os deveres, mas também os privilégios!

Qualquer que seja a sua actividade exterior, toda a sua vida assume uma dimensão sobrenatural apaixonante. A vocação de irmão é definida em relação a Deus, não em relação ao homem. Longe de serem essencialmente trabalhadores manuais, eles são, como os sacerdotes, homens de Deus. Continuar lendo

BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – OS LUGARES TEOLÓGICOS E O MAGISTÉRIO

Da Praça São Pedro, a entrada em procissão na Basílica de São Pedro para a abertura do Concílio Vaticano II, em 11 de outubro de 1962

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

Uma perigosa novidade

Alguns “hiper-tradicionalistas”, partidários da “sola Traditio sine Magisterio” [só a Tradição sem o Magistério], afirmam que o Magistério não é um lugar teológico. Portanto, segundo eles, não existe fórmula mais equívoca do que aquela segundo a qual o Magistério interpreta a Tradição.

Em primeiro lugar, Jesus Redentor é Mestre, Pastor e Sacerdote (cf. Jo. XIV, 16). Jesus é a Verdade (“Ego sum veritas”), porque enquanto Mestre ensina os mistérios que dizem respeito à salvação. Pois, por causa do pecado original, a ignorância entrou no mundo graças ao diabo tentador, que é o mestre do erro (Jo. VIII, 44). Jesus Redentor, que veio para “destruir as obras do demônio” (1Jo. III, 8), tinha antes de tudo que eliminar o erro e as trevas do espírito dos homens e trazer a luz da verdadeira sabedoria, a única que nos liberta: “Veritas liberabit vos” (Jo. VIII, 32). “Nihil volitum, nisi praecognitum”: ninguém pode querer percorrer o caminho que conduz à vida eterna se não lhe for previamente ensinado qual é o Fim e o caminho que conduz a ele. Depois de ter dissipado o erro e ensinado a verdade, o Redentor conduz-nos, enquanto Pastor, no caminho para o Céu (“Ego sum via”). Finalmente, como sacerdote, reconcilia-nos com Deus e dá a graça que é a vida sobrenatural da alma (“Ego sum vita”).

Jesus, portanto, chamou a si mesmo de Verdade (Jo. XIV, 6), aceitou o título de Mestre (Jo. XIII, 13) e afirmou ser o único Mestre dos homens (Mt. XXIII, 10: “porque um só é vosso Mestre, o Cristo”). Cristo transmitiu então o Magistério ou o seu poder docente aos apóstolos para que ele fosse continuado para sempre (Mt. XXIX, 19), consciente da sua imprescindibilidade para a salvação das almas. Os Padres da Igreja chamam a Jesus de “Nosso único Mestre” (Santo Inácio de Antioquia, Magn., IX, 1). Continuar lendo

BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – A INFALIBILIDADE DO MAGISTÉRIO

Decreto regulamenta os mandatos de governo nas associações internacionais  de fiéis - Vatican News

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

Monsenhor Gherardini aborda também a questão da Infalibilidade do Magistério (p. 91).

Primeiramente, só Deus é absolutamente infalível por natureza. Ele é a própria Verdade subsistente que não pode se enganar e nem nos enganar, assim como só Deus é o próprio Ser por essência, enquanto as criaturas têm o ser por participação, ou seja, recebem-no de Deus, em um mundo limitado e finito, proporcional à sua natureza. Analogamente, o Magistério eclesiástico é infalível[1] não por essência e absolutamente, mas por participação; isto é, a Igreja (ou o Papa) recebe a infalibilidade de Deus sob quatro condições específicas (se ensina como Doutor Universal, em matéria de Fé e Moral, com intenção de definir e, finalmente, com intenção de obrigar a crer para a salvação da alma).

A infalibilidade do Magistério (ou o Magistério infalivelmente assistido com o fim de não cair em erro) é garantida por Deus Espírito Santo (p. 92), o “Espírito da Verdade” (Jo. XIV, 16). Ele, disse Jesus aos seus Apóstolos, “vos guiará no caminho da verdade integral […]. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará.” (Jo. XVI, 13-15).

Como se vê, Jesus estabeleceu um vínculo estreitíssimo entre a Verdade que o Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, deverá comunicar e explicar à Igreja, a sua própria Pessoa do Verbo Encarnado, a sua obra e seu ensinamento. O Espírito Santo é o “aperfeiçoador da obra de Redenção iniciada por Cristo” (Leão XIII, Encíclica Divinum illud munus, 1897). Portanto, o início de uma Terceira Era ou Igreja pneumática não pode ser atribuída ao Paráclito, como queria Joaquim de Fiore, mas apenas pode-se atribuir a Ele o aperfeiçoamento da Nova e Eterna Aliança da Igreja petrina nascida do Sangue de Cristo. Continuar lendo

NÃO COLOQUE SUAS ORAÇÕES DE FÉRIAS

ferias

Com as férias, às vezes é difícil cumprir os horários, e a vida de oração pode ser prejudicada.

Fonte: Lou Pescadou n° 201  – Tradução: Dominus Est

Quando estávamos no primeiro ano do seminário, e as férias em família se aproximavam, nossos professores nos advertiam: as férias são um bom teste para mensurar o fervor. Longe da vida comunitária, sem parte dos serviços em comum, pode ser difícil manter uma vida de oração tão fervorosa como no seminário. Esta observação também pode ser feita a vocês, queridos fiéis. Com as férias, às vezes é difícil cumprir os horários, e a vida de oração pode ser prejudicada. Assim, para ajudá-lo a não colocar a oração de férias, gostaríamos de relembrar algumas verdades sobre essa “elevação de nossa alma a Deus”.

A primeira coisa a se convencer é que a oração é necessária. Em outras palavras: não pode não ser. É a respiração da alma. Respiramos para nos mantermos vivos. Rezamos para permanecermos unidos ao Autor da Vida. Entrentanto, uma objeção pode surgir na cabeça das pessoas: mas por que rezar, falar com Deus, fazer pedidos a Ele, já que Ele conhece tudo? O catecismo do Concílio de Trento responde. Ele diz que não somos animais sem razão, e que Deus não é uma abstração, um ser imaginário. É uma Pessoa, é nosso Pai. Portanto, é normal que seus filhos conversem com Ele. É claro que Deus poderia nos atender sem nenhum pedido, sem nenhuma oração. Mas se obtivéssemos tudo sem pedir, acabaríamos nos esquecendo do Deus para o qual fomos feitos. É por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo diz: Devemos sempre orar (Lc 18, 1). E acrescenta um argumento decisivo, o da nossa fraqueza: Sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5); vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26,41).

O Papa Pio XII, em um discurso aos pregadores da Quaresma, disse em 1943: Ninguém pode, sem oração, guardar a lei divina por muito tempo e evitar uma falta grave. Porque a oração, diz o teólogo Garrigou-Lagrange, é o meio normal, universal e eficaz pelo qual Deus deseja que obtenhamos todas as graças atuais de que necessitamos. Lembremos que essas graças atuais são ajudas temporárias de Deus, para fazer o bem e evitar o mal. Continuar lendo

BREVE CATECISMO SOBRE A IGREJA E O MAGISTÉRIO – MAGISTÉRIO E REVELAÇÃO

Cuándo se construyó el Vaticano?

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIX, n. 18 – Tradução: Dominus Est

Leia o capítulo anterior clicando aqui.

O Magistério é a regra próxima da Fé, enquanto a Escritura e a Tradição são sua regra remota. Com efeito, é o Magistério da Igreja quem interpreta a Revelação e propõe que se acredite no que nela está contido como objeto de fé.

Monsenhor Brunero Gherardini, na revista Divinitas[1], explicou com mais detalhes o munus docendi da Igreja em relação às discussões que surgiram recentemente sobre a questão da relação entre a Revelação e o Magistério.

A palavra Magistério indica o Poder de ensinar, que Jesus deixou à Sua Igreja, e também o Ato e o Conteúdo do ensinamento da Igreja (p. 87).

Na Sagrada Escritura (uma das duas fontes da Revelação, juntamente com a Tradição), encontramos a definição do Magistério, especificamente no Evangelho segundo S. Mateus (XXVIII, 19): “Ide, pois, ensinai todas as gentes”, que literalmente pode ser traduzido como “Faça de todos os povos seus discípulos” (p. 87), ou “Submeta todos os povos ao seu Magistério”. É evidente, pelo que é revelado no Evangelho, que Jesus quis estabelecer um Poder docente ou magisterial na Sua Igreja (ver também Mt. XVIII, 18; Mc. XVI, 15; Lc. XXIV, 47; Jo. XXI, 15-17), embora na teologia eclesiológica a palavra “Magistério” só tenha sido usada recentemente. Continuar lendo