O QUE É O VAZIO EXISTENCIAL?

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Fonte: Adelante la Fe – Tradução – Dominus Est

A chamada Psicologia Analítica definiu a neurose que invadia o século XX como “o sofrimento da psique que não encontrou o seu sentido” (Jung). Vimos em um artigo anterior como esta “falta de sentido” implica mais do que uma falta de propósito, uma falta de significado. Para onde estou indo? Qual é o meu fim? São perguntas cuja resposta pode ser presumida em uma cultura ou em uma religião mais ou menos latente nas profundezas da existência, podendo mesmo ser adiadas sem grande sofrimento até à beira da morte, mas a pergunta que hoje nos atormenta é: Que valor tenho dentro da ação geral que se desenvolve ao meu redor?

Urge uma resposta em uma mentalidade narcisista e individualista que olha o mundo com a sensação de que este avança sem se importar com a minha anodina existência; existência que vive abandonada e ferida à margem da história. Todos querem ser alguém e fazer algo que deixe uma marca na sua história, ou, pelo contrário, sentem uma enorme frustração. O homem de hoje está dividido entre o amor-próprio e o ódio-próprio. O amor-próprio que o psicologismo inocula sob uma forçada pressão tem o fracasso como inimigo, único resultado mais ou menos garantido na vida e que é muito mais persistente e seguro do que o otimismo dos cursos de autoajuda. “Odiar a si mesmo é mais fácil do que se pensa; a graça consiste em saber como esquecer”, disse Bernanos. Continuar lendo

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

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Meditada pelo Padre Leonardo Castellani

“Ao terceiro dia ressurgiu dos mortos”: não significa dizer que Cristo Nosso Senhor tenha estado três dias no sepulcro, senão que, morto na Sexta-feira, ressuscitou e saiu do sepulcro no Domingo de manhã. Esteve no sepulcro por mais de 30 e menos de 40 horas.

A Ressurreição de Nosso Senhor é um acontecimento histórico, o evento sustentado com maior peso de testemunho histórico do que qualquer outro evento no mundo.

Os quatro evangelhistas narram os fatos do Domingo de Páscoa de forma totalmente impessoal, assim como o resto da vida de Cristo; não há exclamações, comentários, afetos, espantos ou gritos de triunfo. Os Evangelhos são quatro crônicas inteiramente excepcionais: o cronista registra uma série de eventos de maneira inteiramente enxuta e concisa. Aqui, os fatos são as aparições de Cristo revivido, as quais viram, ouviram e tocaram aqueles que iriam dar testemunho.

Este testemunho pode ser resumido brevemente pelas seguintes circunstâncias:

1° – São quatro documentos distintos, escritos em momentos diferentes e sem conivência mútua, cujos autores não tinham o menor interesse em fabricar uma enorme e incrível impostura, mas, pelo contrário, arriscaram a própria vida ao escrevê-los.

2° – Os Fariseus e Pôncio Pilatos não fizeram nada. Eles teriam que ter feito alguma coisa para criar uma impostura, e seria uma impostura facilíma de se inventar: bastava mostrar o cadáver. Depois julgar e condenar os impostores. Mas, ao invés disso, mentiram e usaram de violência para fazê-los calar. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – ABRIL/24

História da Fraternidade Sacerdotal São Pio X | Tradição Católica em  Vitória-ES

Caros fiéis,

Desde o final do ano passado, os bispos de São Paulo e de outras dioceses brasileiras continuam restringindo ou abolindo a celebração da Missa Tridentina. Um efeito imediato para a Fraternidade São Pio X é um aumento no número de fiéis. Isso é bom?

Parece que sim. Desde as consagrações de 1988, uma verdadeira operação para a sobrevivência da Tradição realizada pelo Dom Marcel Lefebvre, a Fraternidade fundada por ele nunca deixou de responder às necessidades dos fiéis que carecem de um apostolado verdadeiramente católico. A crise cada vez mais profunda destaca a clarividência desse bispo corajoso e a solidez de sua congregação.

Sim, de um ponto de vista prático. Maiores recursos possibilitam a realização de projetos mais importantes. Por exemplo, podemos alugar o salão da Casa de Portugal para a Semana Santa, para as Crismas e, neste ano, para o MJCB.

Aproveitamos esta oportunidade para responder a alguns questionamentos.

Padre, as pessoas não vêm à Fraternidade porque não há espaço suficiente na capela!” Se essas pessoas estivessem realmente convencidas da conveniência do apostolado da Fraternidade, elas ajudariam a levantar o dinheiro necessário para que o priorado comprasse ou alugasse um terreno ou um prédio para construir uma igreja grande. Os protestantes conseguem isso, por que não os católicos tradicionais? Continuar lendo

JESUS CRISTO, PACIÊNCIA DE DEUS

 

Nesta Semana Santa, meditemos sobre a paciência de Deus por meio da paciência de Cristo para com Maria Madalena.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A Semana Santa é o ápice da vida espiritual do cristão. A Igreja nos dá, de fato, a oportunidade de meditar mais intensamente sobre o exemplo de Nosso Senhor: Santo Agostinho diz que a Cruz de Jesus é como o púlpito a partir do qual o Filho de Deus nos ensina.

A Paixão começa muito cedo: quando é anunciada, diz Santo Tomás em seu comentário e explicação do Evangelho de São Mateus. O próprio Cristo a anuncia (Mt 26, 1-2); os inimigos de Cristo também a anunciam quando tramam sua queda (Mt 26, 3–5); e o gesto de Maria Madalena também a anuncia, quando derrama perfume de grande valor (Mt 26, 6-13) pois Cristo declara que este gesto anuncia o seu próprio sepultamento: “Mittens autem hoc unguentum in corpus meum, ad sepeliendum me fecit” (Mt 26, 11). Ao espalhar esse perfume, disse ele, essa mulher realizou antecipadamente o mesmo gesto daqueles que colocarão meu corpo no sepulcro. Santo Agostinho explica que, por vezes, o Espírito Santo nos impele a realizar gestos, gestos esses que podem ser muito simples, mas cujo alcance vai além de nossa intenção… Continuar lendo

25/03/2024 – 33 ANOS DO FALECIMENTO DE S.E.R. DOM MARCEL LEFEBVRE

Tempo da paixão

Tomando conhecimento da morte de sua irmã mais velha, Jeanne, Dom Lefebvre decidiu não ir ao seu funeral [ndr: por conta de seus problemas de saúde]: “Rezo todo dia para que eu possa morrer antes de perder minha consciência. Prefiro partir, pois se caísse em contradição, diriam: ‘Aí está; ele disse que errou!’ E eles tirariam vantagem disso”.Muitas vezes o Arcebispo mencionava a morte suave de sua irmã mais velha, chamada de volta à casa por Deus quando acabara de ir tirar um cochilo; ele gostaria de ter falecido assim, embora com a Extrema Unção. Mas Deus pediria ao padre e bispo Marcel Lefebvre que tomasse parte em Seus sofrimentos redentores.

Em 7 de março de 1991, festa de Santo Tomás de Aquino, o Arcebispo deu a seus amigos e benfeitores de Valais a tradicional conferência. Cheio de fé e eloqüência, concluiu com estas palavras: “Nós as teremos!”. E no dia seguinte, às 11 da manhã, celebrou o que seria sua última Missa na terra. Mas tamanhas eram sua dor de estomago e fadiga que realmente pensou que não poderia terminá-la. Apesar disso, partiu de carro para Paris, a fim de assistir ao encontro dos fundadores religiosos nos “Círculos da Tradição”:  “É algo muito importante”, disse, “e está dentro do meu coração”.

Hospitalização, operação

Ele sequer passou de Bourg-en-Bresse; por volta das 4 da manhã, acordou seu motorista, Rémy Bourgeat: “Não estou bem”, disse, “vamos voltar para a Suíça”. E a seu pedido, ingressou no hospital em emergência na manhã de 9 de março. O direitor do hospital em Martigny, Sr. Jo Grenon, era um amigo de Ecône. O Arcebispo foi acolhido na ala operatória no quarto 213. Atrás das montanhas que cercam a cidade estava Forclaz, e França, e não muito distante o Grande Passo de São Bernardo, Itália, e Roma.

O Arcebispo estava confiante, mas sofria: “É como um fogo queimando meu estômago e subindo até meu peito”.

Padre Simoulin deu-lhe a Sagrada Comunhão, que receberia até a sua operação: Ele o agradeceu: “Fiz o senhor perder as vésperas… mas o senhor fez uma obra de caridade. Trouxe para mim o melhor Médico. Nenhum deles pode me dar mais do que o senhor deu”.

Admirava o Crucifixo, que fora trazido para o altar temporário em seu quarto: “Ele ajuda a suportar os sofrimentos”. Continuar lendo

19 DE MARÇO – FESTA DE SÃO JOSÉ

Novena de São José: receba as bençãos do santo

Alguns excelentes posts sobre São José:

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GESTICULAÇÕES E PALAVRAS VAZIAS

A Nota Gestis Verbisque, do Dicastério para a Doutrina da Fé, restaurará a ordem na liturgia conciliar?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Experiências litúrgicas que resultam em sacramentos inválidos: mais de 50 anos após a reforma litúrgica desejada pelo Concílio Vaticano II, o fenômeno está suficientemente difundido a ponto de ser objeto de um texto do Dicastério para a Doutrina da Fé que “diz respeito à Igreja como um todo” (1). As consequências desses erros são graves, uma vez que um sacramento inválido pode levar à invalidade de todos os outros sacramentos recebidos posteriormente, mesmo que estes últimos tenham sido administrados seguindo todas as condições. Por exemplo: não pode ser ordenado sacerdote – mesmo pelo mais tradicional dos Bispos – o sujeito que recebeu um batismo com uma fórmula inválida. Dessa forma, “numa tão grave situação se encontraram também alguns sacerdotes. Estes, tendo sido batizados com fórmulas desse tipo, descobriram dolorosamente a invalidade da sua Ordenação e dos Sacramentos celebrados até aquele momento.” (2).

Uma constatação alarmante

É preciso dizer que a criatividade nessa área pode ir longe na nova liturgia, como essa fórmula denunciada pelo Cardeal Fernández: “Em nome do papai e da mamãe… nós te batizamos”. A realidade é alarmante: “Infelizmente, deve-se constatar que não sempre a celebração litúrgica, em particular a dos Sacramentos, realiza-se na plena fidelidade aos ritos prescritos pela Igreja.” (3). Daí as elementares advertências catequéticas – que poderiam ter sido desnecessárias se, como sustenta sem pestanejar a Gestis verbisque, os novos ritos do Vaticano II “exprimissem mais claramente as realidades santas que significam e produzem” (4). Obscura claridade… Continuar lendo

VISÕES E APARIÇÕES

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Tradução de Gederson Falcometa

Vivemos em um tempo, em que se fala facilmente de aparições e visões, de comunicações e revelações divinas feitas a almas privilegiadas. Aqui e ali sussurram-se com uma frequência incomum de taumaturgos, profetas e visionários, que se dizem dotados de carismas especiais, que prenunciam da parte de Deus e da Virgem Santíssima, acontecimentos ora felizes e belíssimos, ora funestos e horríveis, que se apresentam com a função de alguma missão celestial extraordinária.

Diante desses fatos, sentimentos e juízos seguem as mais opostas direções. Aqui temos uma credulidade excessiva, precipitada, pouco esclarecida, favorecida pelas circunstâncias dolorosas em que nos encontramos. O cansaço, os medos, as ansiedades, o desejo de alívio e de paz excitam fortemente a alma e aquecem a fantasia. O homem nas suas dores, nas suas necessidades e perigos, invoca apaixonadamente a ajuda e a proteção do Céu, e na expectativa febril, no fervor e no entusiasmo, é levado a transformar o mais pequeno acontecimento, e torna-se facilmente vítima de sugestões e alucinações. Basta um nada para fazê-lo acreditar que vê e ouve o que não existe. Lá se nota, ao invés, uma incerteza meticulosa, temos almas desconfiadas, de temperamento bastante cético, que certamente acreditam no sobrenatural, mas sempre temem comprometer a religião dando fé a alguns desses fatos extraordinários, divulgados entre a multidão, almas que às vezes se deixam levar pela zombaria e ao ridículo fora de lugar. Em outros lugares, encontramos a descrença aberta e sistemática daqueles que, negando a priori qualquer forma de sobrenatural, consideram logicamente todas as visões e revelações divinas como impossíveis e, portanto, chamam de iludidos ou mentirosos aqueles que afirmam serem seus protagonistas. Continuar lendo

“PERGUNTE-ME QUALQUER COISA”: INSTAGRAM CONTRA A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA

149 Perguntas para fazer no Instagram Stories [2024]

“Porque virá tempo em que (muitos) não suportarão a sã doutrina, mas acumularão mestres em volta de si, ao sabor das suas paixões, (levados) pelo prurido de ouvir” (2Tm 4, 3)

Tem se alastrado nos últimos anos um fenômeno inusitado nos meios católicos — inclusive nos meios conservadores e tradicionais —: usuários católicos de redes sociais (especialmente do Instagram) fazem uso de uma ferramenta própria da rede em que se enviam perguntas (de maneira anônima) para um também fiel católico e candidato a “guru” prover respostas públicas (o que pressupõe não só um conselho a um amigo que perguntou, mas um magistério pessoal à disposição de muitos leitores). Na maior parte dos casos, o guru começa se propondo a responder perguntas específicas sobre um assunto ao qual ele acredita dominar, mas não demora muito para que, embebido por sua própria “sabedoria”, ele comece a pontificar sobre qualquer assunto, como por exemplo: 

– namoro: mesmo que não tenha a experiência superior de um padre, diretor de almas, ou a de um fiel casado, que viveu por muitos anos a experiência diária do casamento e do namoro, e talvez venha a ter a graça de estado para dar um conselho particular a um afilhado, o guru das redes sociais se propõe a pontificar sobre o que quer que lhe perguntem sobre o assunto. Há até muitos gurus solteiros(as) prontos a dar conselhos sobre o assunto. Há absurdos bem piores, que não comentamos aqui para não escandalizar o leitor;

vocação: por incrível que pareça, não é raro os ouvintes pedirem conselhos vocacionais (sacerdócio ou matrimônio) e esses(as) gurus responderem provendo alguma “direção”. Há inclusive seminaristas enviando perguntas, conforme podemos deduzir dos enunciados. O que mais se vê aqui são respostas que parecem ter vindo de um despacho do quinto dos infernos. O silêncio que pouparia a alma do incauto seminarista e do soberbo guru passa ao largo; Continuar lendo

A TODAS AS MULHERES…

que em todos os dias do ano se espelham “na Mulher” abaixo e A tem como exemplo de conduta de vida, nossos sinceros votos de crescimento espiritual e santificação.nossa-senhora-do-bom-conselhoAssim, parabenizamos a vocês, mulheres católicas, que no seu dia a dia (todos os dias do ano), como filhas de Nossa Senhora:

  • Buscam incansavelmente sua santificação e a santificação de sua família;
  • Que não se importam com comemorações liberais e pagãs;
  • Não se deixam levar por ideologias feministas, esquerdistas e pela moda reinante;
  • Que não querem essa “liberdade” anti-cristã para si e para suas filhas;
  • Que não querem outro espaço a conquistar que não seja o coração do marido;
  • Que sabem, como católicas, que homens e mulheres não são iguais em direitos e deveres;
  • Que sabem, como solteiras, de seus direitos e deveres para com seu estado;
  • Que sabem, como casadas, que não tem os mesmos direitos e deveres de seus maridos (e conhecem seus direitos e deveres para com o marido);
  • Que sabem, como viúvas, de seus direitos e deveres para com seu estado;

Parabenizamos a vocês, mulheres católicas, que todos os dias, como filhas de Nossa Senhora:

  • São virtuosas;
  • São humildes;
  • São generosas;
  • São amáveis;
  • São fiéis;
  • São exemplo de caridade;
  • São benevolentes;
  • São exemplo de modéstia e pudor;
  • Aceitam santamente o sofrimento;
  • Aceitam com paciência todos os filhos que Deus envia;
  • Se entregam à Providência;
  • Que não colocam os bens materiais acima dos bens espirituais;
  • Sabem o que é o verdadeiro amor cristão para com sua família e ao próximo; 
  • Concedem uma educação sobrenatural a seus filhos;
  • São “o sol” de sua casa, iluminando e irradiando alegria, ternura, carinho e amor cristão aos filhos e ao marido;

woman-veil-churchFaçamos hoje pequenos atos de desagravo ao Coração Imaculado de Maria, ao longo do dia. Façamos uma pequena penitência e ofereçamos à Mãe de Deus, pelos muitos membros do clero e pelos muitos católicos leigos que se atrevem a comemorar este dia que é fruto do liberalismo (o tal “Dia internacional da Mulher”).

Doce coração de Maria, sede nossa salvação.

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Para saber mais sobre a origem do Dia Internacional das Mulheres e o Feminismo, clique aqui

É MAIS FÁCIL FAZER PENITÊNCIA COM A VIRGEM

Por que a Virgem Maria é nossa advogada?

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.

A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.

Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.

É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!

A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas. Continuar lendo

O DIREITO À VIOLÊNCIA

Momento historicamente triste nesta segunda-feira, 4 de março de 2024! A França torna-se o primeiro país a consagrar o direito ao aborto em sua constituição.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Há muito a ser dito sobre esse fato. Deixemos que outros comentem o assunto e reiteremos a profunda aversão que todo católico deve ter ao ato de interromper diretamente uma gravidez. De fato, é uma violência injusta praticar este ato que, para os católicos, leva à excomunhão direta quando realizado.

Como sempre, não devemos ficar paralisados pelo medo que nossos adversários tentam incutir em nossos corações. Devemos encontrar formas de responder àqueles que nos censuram pela nossa recusa categórica em fazê-lo. Comecemos por dizer que o texto aprovado pelo Congresso do Parlamento não fala em si do direito ao aborto, mas da “liberdade garantida às mulheres de recorrer a um aborto”. Isso não impede que os mais “avançados” falem de direito e que, em sua opinião, a cláusula de consciência que permite aos médicos recusarem a realizar abortos terá de ser eliminada um dia.

O que motivou os políticos franceses a legislar nesse sentido foi a revisão americana do direito ao aborto feita pela Suprema Corte americana em 2022. Deve-se observar que tal preocupação revela a inconsciente dependência intelectual (para não dizer política) da democracia americana, por grande parte da classe política francesa, porque o que acontece nos EUA deveria, de certa forma, deixar os franceses indiferentes, sabendo que são oficialmente um país independente onde não existe nenhuma ameaça concreta contra o acesso ao aborto. Mas esse pânico deveria abrir os olhos daqueles que recusam a aceitar esse fato quase óbvio: que o domínio francês estaria, portanto, se protegendo legislativamente contra os desenvolvimentos preocupantes de sua capital imperial, Washington. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – MARÇO/24

1905 é um ano bem conhecido na FSSPX, por ser o ano do nascimento de seu fundador, Dom Marcel Lefebvre, que ocorreu em 29 de novembro. Quase dois meses antes, em 23 de setembro, um santo padre brasileiro morreu aos 78 anos de idade, exausto por 54 anos de dedicação apostólica.

Quando nasceu, aos 12 de abril de 1827, em Campanha (Estado de Minas Gerais), nada parecia destiná-lo ao sacerdócio: era filho natural de uma escrava! No entanto, isso não era obstáculo à fé e a tenacidade de sua dona, que também era sua madrinha de batismo: Dona Marianna Bárbara Ferreira. Ao perceber os talentos de seu escravo Francisco, ela o alfabetizou e o empregou como aprendiz numa alfaiataria, onde permaneceu por três anos. Seu aprendizado teve um fim trágico. Francisco, tendo confessado candidamente o seu desejo de se tornar sacerdote, foi ridicularizado publicamente por seu patrão, que o expulsou.

Dona Marianna não ficou impressionada e confiou a formação de Francisco a um vigário da paróquia. Determinada a apoiar a vocação de seu protegido, ela recebeu uma ajuda essencial: a de Dom Antônio Ferreira Viçoso (1787-1875), o novo bispo da diocese de Mariana, um português totalmente integrado à vida e às instituições brasileiras, que se compadecia dos escravos, e respeitado por todos por suas eminentes qualidades. Sob sua proteção paterna, Francisco de Paula Victor ingressou no seminário de Mariana, onde sofreu os dissabores de seus confrades. Eles mudaram gradualmente de atitude, percebendo que a pele negra não era de modo algum um obstáculo para as virtudes mais elevadas. Para que ele pudesse ser ordenado, Dona Marianna lhe concedeu a liberdade e as terras necessárias para constituir seu patrimônio eclesiástico. Finalmente, o seminarista Victor foi ordenado sacerdote por Dom Viçoso em 14 de junho de 1851. Muitos fiéis se recusaram a beijar as mãos do jovem padre. Em suas primeiras missas quase ninguém foi comungar. No entanto, ele foi recebido com triunfo em sua cidade natal, e seu antigo patrão veio lhe pedir perdão. Continuar lendo

POR UM JEJUM PUJANTE

A Quaresma é um tempo de jejum: menos alimento para o corpo e mais alimento para a alma. Como diz o Prefácio deste tempo litúrgico: “Vitias compresses, mentem elevas – Meu Deus, vós que, pelo jejum corporal, reprimis os vícios, elevai a alma, concedei força e recompensa”. Menos comida, mais orações, leituras espirituais, meditações…

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Todavia, esse desejo só será eficaz se for acompanhado de uma firme resolução, realizada de forma dinâmica: jejum das telas, a abstinência dos meios de comunicação. Em outras palavras, menos tempo perdido na internet, na frente do computador, da televisão ou do rádio.

Pois, de que serve querer rezar mais, se nunca deixamos de alimentar uma insaciável curiosidade, se ficamos à espreita a tudo o que circula por aí, com o ridículo desejo de “agarrar a espuma” dos dias atuais?

A Quaresma é inútil quando não nos abstemos de embeber nossas mentes com toda essa confusão midiática, imediatamente expulsa pelas notícias do dia seguinte.

Paul Verlaine descreveu perfeitamente a miséria espiritual que hoje se esconde sob uma superabundância de informações: Continuar lendo

A QUARESMA E O SENTIDO DA ESMOLA

O que a Igreja diz sobre a esmola durante a Quaresma – e por que ela é tão importante?

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Em um artigo anterior sobre se os católicos poderiam consumir carne artificial nos dias de abstinência, os leitores foram lembrados “da relação histórica entre jejum, abstinência e esmola”, particularmente porque os “períodos e dias penitenciais da Igreja eram considerados tempos em que os cristãos deveriam pegar o dinheiro economizado em comida e distribuí-lo aos pobres”. Este aspecto espiritual da Quaresma, infelizmente, permanece pouco compreendido.

Quando os católicos pensam no tempo da Quaresma, suas cabeças, muitas vezes, se voltam para as práticas de jejum e abstinência. Espera-se também que considerem este período um tempo para orações mais fervorosa, inclusive fazendo esforços extras para participar de serviços (celebrações) da igreja. Nosso Senhor instrui, no entanto, que a esmola está interligada à oração e ao jejum (Mt. 6,1-25). E como a oração e o jejum, a esmola deve ser feita em segredo (Mt. 6,2-4):

“Quando pois dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas praças, para serem honrados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando dás esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê (o que fazes) em segredo, te pagará.” Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: O ENGANO CONSERVADOR

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Em mais uma Operação Memória de nosso blog, trazemos parte de uma série publicada entre 2008 e 2009 no jornal antimodernista italiano Sì Sì No No por conta da visita de George W. Bush ao Papa Bento XVI em abril de 2008, onde o então Papa destacou a América neoconservadora como modelo a ser seguido. Mas, conforme mostraram os quatro articulistas (e outros mais que postaram ao longo desses 24 meses), não é bem assim.

Por conta de o conservadorismo não ser outra coisa que um ramo do liberalismo, e por ele ser tão sedutor aos católicos tradicionalistas, que se sentem órfãos quando veem os governantes atuais, sempre ronda a tentação de aderir a um desses projetos com a ilusão de que eles podem combater a Revolução, mesmo sendo parte dela.

Mas, como é dito em um dos artigos da série, escolher o conservadorismo para combater a Revolução é como escolher pular do 5º andar do prédio em vez do 6º na esperança de que a queda será mais suave.

(NEO)CONSERVADORISMO – UMA IDEOLOGIA ATEU-REVOLUCIONÁRIA CAPAZ DE SEDUZIR OS CATÓLICOS

AS RAÍZES PURITANAS DO ESPÍRITO AMERICANISTA

PROGRESSISMO E CONSERVADORISMO: HISTÓRIA DA DISSOLUÇÃO DO HOMEM NO MUNDO E NA IGREJA NOS ÚLTIMOS 100 ANOS

É IMPOSSÍVEL CONCILIAR LIBERALISMO E CATOLICISMO

AS DEMOCRACIAS ATUAIS DESONRAM OS DIREITOS DE DEUS

As democracias nascidas de 1789 não são as dos antigos gregos.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Entre os gregos, o governo da cidade era confiado à massa de cidadãos a fim de garantir o interesse geral. Pelo fato de todos os cidadãos serem considerados iguais, todos eles podiam reivindicar a defesa do bem comum sem que nenhum deles fosse superior. Esse era o regime constitucional comumente chamado hoje de democracia. Regime esse diferente dos outros dois (regime monárquico ou aristocrático), pois todos tinham acesso ao poder e não apenas um ou alguns como nesses citados. Nessas democracias, nenhum cidadão tinha mais poder que outro e ninguém era mais subserviente do que qualquer outro, mas todos tinham a obrigação de subscrever as leis em vigor e governar com justiça.

Essa forma de governo baseava-se, portanto, na igualdade de todos os cidadãos e, consequentemente, também na liberdade política de cada indivíduo. Um pouco quimérico, é verdade, esse regime poderia degenerar-se devido à falta de virtude por parte dos seus cidadãos, e a democracia seria, na verdade, uma corrupção desse regime constitucional. Os pobres aproveitavam-se disso para enriquecer impunemente. Continuar lendo

O HOMEM FERVOROSO E O HOMEM MORNO

O HOMEM FERVOROSO E O HOMEM MORNO | DOMINUS EST

As considerações abaixo foram escritas para religiosos, mas aplicam-se, com algumas adaptações, a qualquer cristão. Elas são, de fato, sintomas de mornidão, sintomas dos quais devemos estar cientes porque, muitas vezes, encontramo-nos afetados sem que sequer saibamos disso.

Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est

O homem fervoroso observa sua regra até nas menores coisas. O menor medo de desagradar o divino Mestre é suficiente para compeli-lo a tudo. Ao contrário, um homem morno muitas vezes viola a sua regra, dispensa os exercícios prescritos tanto quanto pode, não gosta da oração, do estudo ou da leitura espiritual, ele é altamente sensível aos julgamentos humanos e desperdiça seu tempo em uma miríade de trivialidades.

Um homem fervoroso geralmente sente prazer em cumprir seu dever de Estado. Se, por vezes, encontra dificuldades, não desanima, seu fervor transforma as dificuldades em felicidade pela unção que espalha em sua alma. Isso leva-o até a acrescentar orações, austeridades e práticas devocionais às obras obrigatórias, todas as quais ele impõe a si mesmo com a permissão do seu confessor ou superior. Portanto, ele está sempre contente e exibe apenas atitudes gentis e graciosas, mesmo com aqueles que podem causar problemas.

Por outro lado, um homem morno considera as práticas do seu estado um fardo insuportável. Ele suporta toda a amargura sem sentir a doçura ou merecer o mérito. Consequentemente, ele é sempre um fardo para si mesmo e não consegue deixar de torná-lo conhecido externamente. Continuar lendo

A QUARESMA – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Oferecemos aqui uma reflexão de D. Lefebvre sobre a Quaresma.

Fonte: FSSPX Distrito da América Central – Tradução: Dominus Est

Meus queridos irmãos,

De acordo com uma antiga e salutar tradição da Igreja, por ocasião do início da Quaresma, dirijo-me aos senhores para encorajá-los a adentrar plenamente neste tempo penitencial com as disposições desejadas pela Igreja, e para cumprir o propósito para o qual a Igreja as prescreve.

Se eu olhar para os livros da primeira metade deste século, parece-me que indicam três fins para as quais a Igreja recomenda este tempo penitencial:

  • Primeiro, refrear a concupiscência da carne;
  • Segundo, facilitar a elevação de nossas almas às realidades divinas;
  • Finalmente, satisfazer nossos pecados.

Nosso Senhor nos deu o exemplo, durante Sua vida aqui na terra: a oração e a penitência. Entretanto, Nosso Senhor, estando livre da concupiscência e do pecado, fez penitência e, de fato, satisfação por nossos pecados, o que demonstra que nossa penitência pode ser benéfica não apenas para nós mesmos, mas também para os outros.

Rezar e fazer penitência. Fazer penitência para rezar melhor, a fim de se aproximar de Deus Todo-Poderoso. Isso é o que todos os Santos fizeram, e é isso que todas as mensagens de Nossa Senhora nos recordam. Continuar lendo

É IMPOSSÍVEL CONCILIAR LIBERALISMO E CATOLICISMO

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Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIV, n. 9 – Tradução: Dominus Est

As três soluções para a questão social

A questão social é “difícil e perigosa”, advertiu Leão XIII. De fato, é difícil marcar os limites precisos entre capital e trabalho, e é perigoso porque os homens turbulentos e sem espírito cristão tentam usar essa questão para chocar o mundo com a revolução (socialistas) ou para acumular o máximo possível de bens econômicos, como se o fim do homem fosse o dinheiro (liberais).

A Igreja, por meio de seu Magistério divinamente assistido, nos oferece a solução correta: a solução cristã do bom senso e do direito natural. Enquanto a solução liberal exagera os direitos do sujeito (individualismo), direitos que para o liberalismo são um absoluto, especialmente os direitos do sujeito mais forte em detrimento do mais fraco; e a solução social-comunista exagera os direitos da coletividade (coletivismo) e, portanto, dos “trabalhadores” em detrimento do empregador; a solução cristã, por outro lado, concilia os direitos e deveres do indivíduo e do capital com os direitos e deveres da coletividade e do trabalho, evitando os extremos unívocos das duas soluções anteriores.

Conforme fica evidente, a Igreja não fica do lado dos pobres ou dos ricos, mas defende os direitos e condena os abusos de ambos.

A solução cristã

A solução cristã leva em consideração todas as causas que deram origem à questão social, ou seja, tanto as causas religiosas e morais quanto as causas políticas, sociais e econômicas. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 21 – TERCEIRO FRUTO DA PACIÊNCIA: A ALEGRIA

an angel statue next to a stone column

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Como se estivéssemos triste, mas sempre alegres.” (2 Cor 6, 10).

Essa é a descrição que São Paulo faz dos ministros de Cristo, que trabalham pela salvação das almas. O que é verdade para eles é verdade para todos os servos fiéis a Deus. Na superfície, aparente miséria, mas nas profundezas da alma, intensa alegria. Desta alegria diz São Paulo: “Estou cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas as nossas tribulações”. (2 Cor 7, 4). O que faz esse encanto funcionar? Paciência. Uma resistência paciente, uma humilde submissão à vontade de Deus, uma resignação à Sua providência.

Como é possível que da tristeza surja a alegria? A razão é que se vivermos para Deus e na dependência Dele, e buscarmos promover a Sua glória, então, embora na ordem natural possamos ser esmagados pela dor e pelo sofrimento, estaremos cheios de alegria por causa da alegria sobrenatural que Deus nos concede. “A vossa alegria”, diz nosso Senhor aos Seus apóstolos, “ninguém vo-la tirará”. (Jo 16, 22). Tenho alguma experiência dessa alegria? Se assim for, agradecerei a Deus por isso; caso contrário, devo esperar pacientemente e ver se não há algum impedimento de minha parte para tal.

De onde vem essa alegria? Do céu. É por isso que supera todas as alegrias terrenas e torna doces os sofrimentos terrenos. É o primeiro tênue reflexo da luz do Céu em meio às nuvens e à escuridão da Terra; a primeira amostra da alegria com a qual os justos serão acolhidos pelo seu Senhor na porta do Céu. Se uma gota dela na Terra adoça toda amargura e torna leves todos os sofrimentos, qual deve ser a intensidade da alegria que inebriará todos aqueles que aqui suportaram tribulações e sofrimentos por causa de Cristo?

E O CARDEAL INVENTOU UMA BÊNÇÃO PASTORAL, BREVE E ESPONTÂNEA…

Assim que o Cardeal Victor Manuel Fernández, novo Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, chegou ao seu escritório, ele se perguntou como conseguiria fazer acreditar que os casais não casados ​​e os pares do mesmo sexo poderiam, agora, ser abençoados, sem colocar em questão a doutrina e a moralidade católicas sobre o casamento.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Tal era o seu dilema: como abençoar os pares homossexuais sem dar a impressão de estar abençoando a homossexualidade (em si)? Então ele inventou uma nova bênção que não é nem litúrgica nem ritual, mas pastoral e “espontânea”. E essa foi a Declaração Fiducia supplicans de 18 de dezembro de 2023, assinada por ele e referendada pelo Papa Francisco.

Em resumo, ele criou uma bênção informal para casais irregulares, algo sem precedentes, pretensamente justificado por uma doutrina distorcida e uma moralidade deformada.

Essa bênção pretende ser espontânea, portanto, não se expressa em uma fórmula ritual, considerada rígida demais. No entanto, o Cardeal Fernández teve o cuidado de apresentar um modelo ad hoc, em um esclarecimento datado de 29 de dezembro.

Nada como uma espontaneidade supervisionada! E ele chega ao ponto de indicar a duração desta bênção: não mais que 10 a 15 segundos, com o relógio na mão! Nada como a espontaneidade cronometrada! Continuar lendo

PROGRESSISMO E CONSERVADORISMO: HISTÓRIA DA DISSOLUÇÃO DO HOMEM NO MUNDO E NA IGREJA NOS ÚLTIMOS 100 ANOS

O politicamente correto, esse desconhecido

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXV, n. 14 – Tradução: Dominus Est

Esquema introdutório

• Antonio Gramsci (1891-1937) trabalhou na expansão do pensamento revolucionário da década de 1920 até o final da década de 1930. Seu estudo tinha como objetivo fazer com que a filosofia do materialismo dialético marxista fosse aceita intelectualmente por meio de manipulação mental (“entrismo”) e não pela força. Gramsci queria uma “revolução cultural”, ou seja, adquirir a hegemonia, o consenso e a direção da sociedade civil-cultural europeia (penetrando na escola, na imprensa, nas publicações, no judiciário e na mídia de massa). Só então se poderia pensar em ocupar o poder, o governo e o domínio do Estado. Gramsci é o progenitor de todas as correntes revolucionárias (Escola de Frankfurt, Estruturalismo francês) que tentarão, depois dele, trabalhar a revolta dentro do homem individual e não apenas na sociedade.

• Um autor que buscará revolucionar a Europa também religiosamente (e não só culturalmente como Gramsci) é Ernst Bloch (1885-1977), filósofo alemão de origem judaica, que na década de 1960 trabalhou para converter os católicos à dialética social-comunista por meio do diálogo, opondo à religião tradicional ou dogmática (tese) uma religião progressista (antítese), a fim de alcançar um messianismo terreno e imanentista ou “socialismo-cristão” (síntese). Infelizmente, sua estratégia foi bem-sucedida com o Concílio Vaticano II, que se propôs a dialogar com o mundo sem mais querer convertê-lo.

• Dos anos 1920-1930 até os anos 1960, a “Escola de Frankfurt” (Adorno-Marcuse), por meio de drogas, psicanálise, pansexualismo, moda e música pop, tentou revolucionar e aniquilar (a partir da Alemanha e dos EUA) o próprio homem nos aspectos mais profundos de sua alma e personalidade[1] (inclinações, intelecto e vontade) e não mais apenas a sociedade cultural (Gramsci) ou religiosa (Bloch). Continuar lendo

A ACÉDIA

Mas, do que se trata? Por que falar sobre isso?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A acédia é uma forma de tristeza avassaladora que produz, no espírito humano, um profundo desânimo, uma verdadeira desolação da alma. É uma “depressão”, na qual qualquer forma de entusiasmo, de desejo genuíno, são transformadas e concentradas em um único desejo: o de não fazer mais nada, de cessar a luta.

Santo Tomás de Aquino define-a como “um torpor do espírito que não consegue empreender o bem”. Em última análise, é uma tendência que mergulha a alma em um grande cansaço, dando-lhe aversão aos exercícios espirituais e ao devido respeito pelas exigências da religião. Portanto, ela afeta, de modo particular, o exercício da nossa vida cristã.

Devemos estar atentos porque esse defeito, porque é efetivamente um defeito, é um mal que pode acarretar sérias consequências se não for combatido. É por isso que é necessário falar sobre isso.

São Gregório afirma: “Ninguém pode permanecer muito tempo sem prazer, em companhia da tristeza”. O mesmo acontece com a natureza humana e vemos que uma pessoa triste terá, obviamente, uma tendência a se afastar daquilo que lhe está causando dor e a se voltar para outras atividades nas quais espera encontrar prazer e alegria. Continuar lendo