JUNHO, MÊS PARA HONRAR O SAGRADO CORAÇÃO E FAZER REPARAÇÕES

Ora, se também por causa também dos nossos pecados futuros, por Ele previstos, a alma de Cristo esteve triste até a morte, sem dúvida, algum consolo Cristo receberia também de nossa reparação futura, que foi prevista quando o anjo do céu Lhe apareceu (Lc 22, 43) para consolar seu Coração oprimido de tristeza e angústias. 

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Estas palavras, extraídas da Encíclica Miserentissimus Redemptor, escrita em 1928 pelo Papa Pio XI, convidam os fiéis a cultivar um espírito de reparação ao Sagrado Coração de Nosso Senhor. O mês de junho, que a Santa Madre Igreja designou como o mês em que se celebra a Festa do Sagrado Coração, é um tempo para os católicos fazerem visitas regulares ao Santíssimo Sacramento, oferecendo orações e sacrifícios pelos seus pecados e os de toda a humanidade.

Embora honrar o Sagrado Coração tenha raízes que remontam à Igreja primitiva, esta devoção especial ao amor ardente de Cristo pela humanidade está intimamente associada a Santa Margarida Maria Alacoque, uma freira Visitandina do século XVII no convento de Paray-le-Monial. Foi a esta humilde freira que Cristo revelou Seu desejo de que uma festa especial de reparação ao Seu Sagrado Coração fosse estabelecida na sexta-feira após a oitava de Corpus Christi (ou terceira sexta-feira depois de Pentecostes). É a partir das aparições de Nosso Senhor a Santa Margarida que surgiu a Devoção das Primeiras Sextas-feiras, prática que garante que as reparações ao Sagrado Coração sejam feitas ao longo de todos ano litúrgico.

A festa e mês do Sagrado Coração não são apenas um tempo de oração “simples” ou passageira. Pelo contrário, está ligada aos sacrifícios, com a reparação feita pelas ofensas contra Nosso Senhor. Os fiéis católicos devem se preparar para participar plenamente esse mês, com suas ações externas, penitências e horas santas desempenhando um papel vital, conforme desejado por Pio XI. Continuar lendo

ORAÇÕES ISLÂMICAS NAS IGREJAS

Uma chamada à oração islâmica na catedral de Coutances (França)… após outros precedentes.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

No último dia 26 de maio, domingo, a catedral de Coutances foi palco de um concerto intitulado “o homem armado, uma missa pela paz”. Uma “missa” não muito católica, pois essa obra musical contém a azan, a chamada à oração muçulmana, cuja mensagem anticristã é clara: “Alá é o maior. Testemunho que não há outro deus além de Alá. Testemunho que Maomé é o mensageiro de Alá. Venha para a oração. Venha para a salvação. Alá é o maior. Não há outro deus além de Alá.” É a mesma obra blasfematória que foi interpretada em São Luís dos Inválidos, em 22 de maio de 2019, e que já causou uma onda de justos protestos.

Também nos recordamos das suratas do corão recitadas na igreja de São Sulpício, em Paris, durante um grande encontro entre cristãs e muçulmanos em 6 de fevereiro de 2022. Esses escândalos são imensos, mas, infelizmente, se repetem. Muitos se comovem, e com razão, com esses atos gravíssimos. Mas tratar-se-ia de abusos independentes do Concílio Vaticano II? O exemplo não veio do alto?

Com efeito, durante a triste famosa reunião inter-religiosa de Assis, em 1986, o papa João Paulo II cedeu algumas igrejas aos representantes das diferentes falsas religiões para que eles realizassem suas respectivas orações. Uma igreja para cada falso culto. Os muçulmanos tiveram direito à sua parte. Qual oração eles recitaram, então? A Documentação Católica nos narra (1). Inicialmente a surata 2, 136: Continuar lendo

A FAMÍLIA SITIADA – PARTE 2

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SUBVERSÃO E PORNOGRAFIA

Muito se enganaria quem na corrupção reinante em certos meios e ostentada com requintes de despudor, ou na onda de pornografia que ganhou o mass media, visse apenas um fenômeno de decadência moral paralelo aos excessos que, no dizer dos historiadores, assinalaram o declínio da Roma antiga.

Sem negar esse paralelismo, devemos notar primeiro que não há tal corrupção na escala em que se apregoa. Em segundo lugar, a divulgação dessa notícia aproveita à tática de uma facção revolucionaria. Da mesma maneira, procura-se dar a impressão que toda a juventude universitária é marxista ou simpatizante. Como sempre, uma minoria ativa, ligada à intelligentsia liberal, é que por meios hábeis domina a massa e maneja os órgãos de opinião.

Sobretudo, seria impossível compreender a “revolução sexual” tão espetacularmente montada e conduzida em todo o mundo, sem ligá-la a uma ofensiva geral para subverter o Cristianismo e, mais do que a religião cristã, a civilização cristã por ela informada, substituindo-a por outras “estruturas” (ou melhor “desestruturas”) e pondo no lugar da religião uma espiritualidade diversa (que de fato é anterior e exterior tanto ao judaísmo quanto ao cristianismo) tendo ao centro o homem, parcela desgarrada da divindade, o homem em marcha, na vanguarda do cosmos do qual é a parte pensante, para a reintegração na Totalidade divina. Ao mesmo tempo, caminha evidentemente esse homem para a comunhão total com os outros homens. Esse movimento de retorno e reintegração no Todo é desatado no indivíduo graças à tomada de consciência de sua presente situação de separação e conflito. A “revolução sexual” é apenas parte de uma tendência mais ampla para a fusão numa sorte de alma coletiva.

Notemos, por exemplo, que a corrupção moral não é apenas vivida como no paganismo, mas também planejada e dirigida para certas metas, e canalizada, justamente com outros meios de agressão, como a legalização da contracepção e do aborto, para a destruição da família. Particularmente, a homossexualidade é um meio de abolir a distinção (ou barreira, como eles dizem), sobretudo psicológica e moral entre os sexos institucionalizada no casamento. Com efeito, não se limitam os apologistas da vida devassa a pregar a sua prática. Pretendem legalizá-la, instituir o casamento homossexual, fundar a família tribal. No artigo de Martha Alencar em “Vozes” (Nọ 1 de 1971) anteriormente citado, lemos a propósito do sexo global: “Nessas relações o que chamamos de sexo é comunitário e multisensual. Não há nenhuma distinção aguda, artificial entre homem e mulher” (grifo meu). Os articulistas de “Vozes” insistem na artificialidade (sic) das diferenças de sexo.
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PECADOS DE IGNORÂNCIA, FRAQUEZA E MALÍCIA

Garrigou Lagrange, O.P.

Espalha-se, em alguns lugares, a opinião de que apenas o pecado de malícia é mortal, e que os pecados de ignorância e fraqueza jamais o são. É importante recordar, acerca deste ponto, o ensinamento da teologia, tal como se encontra formulado por Santo Tomás de Aquino na sua Suma Teológica (Ia-IIae, q. 76, 77, 78).

O pecado de ignorância é o que provém de ignorância voluntária e culpável, chamada ignorância vencível. O pecado de fraqueza é o que provém de forte paixão, que diminui a liberdade e obriga a vontade a dar seu consentimento. Quanto ao pecado de malícia, é o que se comete com plena liberdade “quasi de industria”, com aplicação e frequentemente com premeditação, sem paixão, nem ignorância. Recordemos o que Santo Tomás nos ensina sobre cada um deles. (Continue a ler)

Os pecados de ignorância

No que diz respeito à vontade, a ignorância pode ser antecedente, consequente ou concomitante.

ignorância antecedente é a que não é absolutamente voluntária, ela é dita “moralmente invencível”. Por exemplo, acreditando atirar em um animal numa floresta, um caçador mata um homem que não havia dado sinal algum de sua presença e que de modo algum se poderia supor estar onde estava. Neste caso, não há falta voluntária, mas somente pecado material.

ignorância consequente é a que é voluntária, ao menos indiretamente, por efeito da negligência em instruir-se acerca daquilo que se pode e deve saber; é chamada ignorância vencível, pois seria possível, com aplicação moralmente possível, libertar-se dela; ela dá causa a uma falta formal, desejada, ainda que indiretamente. Por exemplo, um preguiçoso estudante de medicina que não se aplica aos estudos e consegue, de algum modo, colar grau como doutor, apesar de ignorar as coisas mais elementares de sua arte. Se lhe ocorre de acelerar a morte de alguns de seus pacientes, ao invés de lhes curar, não há nisso pecado diretamente voluntário, mas há certamente uma falta indiretamente voluntária, que pode ser grave e pode ir até o homicídio por imprudência ou grave negligência.

ignorância concomitante é a que não é voluntária, mas acompanha o pecado de tal modo que, independente de existir ou não, ainda haveria pecado. É o caso do homem mui vingativo que deseja matar seu inimigo, e, um dia, por ignorância, mata-o de fato, julgando atirar num animal na floresta; este caso é manifestamente diferente dos dois precedentes.

Segue-se que a ignorância involuntária ou invencível não é pecado, mas que a ignorância voluntária ou vencível daquilo que devemos e podemos saber é pecado mais ou menos grave, conforme a gravidade das obrigações que contrariamos. Continuar lendo

A FAMÍLIA SITIADA – PARTE 1

Free Photo | Family of four after quarrel in home

À medida que se aprofunda e, de social se torna cultural, a Revolução desloca seus ataques das instituições em escala nacional e da organização do Estado para a condição humana e a família. Mudar o próprio homem é o seu lema e o seu propósito. Pois, como observou Marcel Clément, se “a revolução política (a Rev. francesa) subverte essencialmente a ordem jurídica e se a revolução social (o socialismo) desagrega a ordem econômica, a revolução cultural “liquida” a ordem interior, espiritual, a fim de remodelar diretamente a alma humana sem qualquer escapatória” (Le Comunisme face a Dieu).

Na Alemanha de hoje uma mãe de família nos pinta a família assediada e a dignidade humana acossada no seu último reduto. Ouçamos a sua voz aflita:

Elizabeth Gerstner: “O drama da Igreja vivido em nossas crianças” (Ap. Itinéraires Fev. 1971):

“Assim, o mundo exterior à família torna-se cada vez mais pesado e penoso para os nossos filhos. A maiorzinha me conta que na escola sente nostalgia de casa, dos pais. Nessa escola mista — outras não temos aqui e a escolaridade é obrigatória — ensina-se às crianças ‘tudo sobre sexo’. Minha filha conhece mais detalhes de ginecologia do que a mãe. Os leitores estrangeiros com certeza teriam uma síncope se eu lhes mostrasse o livro de educação sexual que a garota é obrigada a estudar. Tem a fotografia dos órgãos genitais, da sífilis, da ereção, etc. e a descrição minuciosa do orgasmo. — Odeio a tua escola, digo-lhe, e ela responde — Eu também, mãe”.

“Eu não ousaria publicar numa revista os detalhes da ‘educação sexual’ ministrada às crianças na Alemanha. Balbucio e repito por dentro: — Assassinos da fé! Criminosos!”

Nesse ponto, a Igreja católica nenhum auxílio nos proporciona, ao contrário, as escolas mantidas por religiosas ou por padres jesuítas em regra são as piores. Amigos me previnem: Nas escolas leigas a educação sexual é ministrada apenas em biologia. Nas religiosas, não: fala-se de sexo a todo propósito, na aula de alemão ou de catecismo, e sob qualquer pretexto. Continuar lendo

SÃO JOÃO BOSCO E A MAÇONARIA

Dom Bosco – Wikipédia, a enciclopédia livreFonte: Rivista La Tradizione Cattolica (FSSPX Itália) – Tradução: Dominus Est

“O Piemonte, naquela época, era um dos reinos mais católicos do mundo em sua legislação. Os liberais, porém, reivindicavam de tempos em tempos novos direitos do Estado, que prejudicavam a Igreja, na qual, como mãe piedosa, por vezes condescendia em algum ponto disciplinar para prevenir males piores (1)”(2).

Estamos no século XIX, quando os efeitos da Revolução Francesa não apenas sobreviverão na Europa, mas se desenvolverão a ponto de contaminar a cultura cristã do Continente. A “Restauração”, após o Império napoleônico, foi um parênteses histórico ilusório: os soberanos, caídos de seus tronos sob a guilhotina ou levados ao exílio, de fato retornaram aos Estados, mas foram gradualmente encurralados pelo pensamento dominante: o liberalismo, apoiado cada vez mais por intelectuais, políticos, homens de governos constitucionalizados e parlamentarizados. A França de Voltaire e a Inglaterra do maçom Henry John Temple, terceiro visconde Palmerston (1784-1865) impuseram suas ideias a todo o continente, substituindo gradualmente o pensamento católico. E a Igreja se tornou o verdadeiro inimigo a ser abatido.

Do estado confessional à liberdade religiosa

O primeiro artigo do Estatuto Albertino (4 de março de 1848), composto por 84 artigos, dizia: “A Religião Católica, Apostólica e Romana é a única religião do Estado. Os outros cultos já existentes são tolerados”. O sentimento profundamente católico do Rei Carlo Alberto (1798-1849) entrou em conflito com os interesses políticos que o levaram a simpatizar com o Conde Ilarione Petitti di Roreto (1790-1850), Conde Federico Sclopis di Salerano (1798-1878), Conde Stefano Gallina (1802-1867) e o Marquês Roberto Taparelli d’Azeglio (1790-1862), partidários das ideias liberais. Os chefes das sociedades secretas e carbonários da península italiana, ligadas a Paris e Bruxelas, vieram em segredo a Turim para se encontrar com o rei saboiano e lançar as bases da liberdade religiosa.

É de grande interesse o que escreveu o primeiro biógrafo de Dom Bosco (1815-1888), Giovanni Battista Lemoyne, SDB (1839-1916), muito bem informado sobre os fatos de seu tempo:

“O Rei [Carlo Alberto] queria libertar a Itália para fazer florescerem a religião e a justiça por lá; e certamente se tivesse sucesso, após a vitória ele converteria ou extinguiria o liberalismo, que agora ele apreciava como um meio. Continuar lendo

A MAÇONARIA ASSUME A EDUCAÇÃO DOS JOVENS – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Disse Leão XIII: “A seita dos maçons também tem como objetivo, com uma suma conspiração de vontades, arrebatar para si a educação dos jovens”.

Depois do divórcio, a seita agora apropria a educação dos jovens. É tão evidente que salta aos olhos. O progresso do laicismo no ensino nos países de todo o mundo são evidentes.

Organismos como a UNESCO, supostamente criados para difundir o ensino pelo mundo e lutar contra o analfabetismo, na verdade são administrados pela Maçonaria para difundir a educação laica e ateísta em todo o mundo com o pretexto falacioso de permitir que todos os homens tenham acesso à cultura.

Vimos isso muito bem em nossas missões. Nossos maiores problemas eram com as organizações da UNESCO, porque tinham muito dinheiro e colocavam escolas laicas em todos os lugares onde tínhamos escolas católicas, sendo que havia muitos lugares para colocá-las e que não havia escolas católicas. Mas não, as colocavam propositadamente perto das nossas para destruir a influência da Igreja Católica. Com o dinheiro que tinham era fácil e pagavam aos professores muito mais do que poderíamos pagar Continuar lendo

ECUMENISMO: DESTRUIDOR DAS NAÇÕES

Fonte: FSSPX África – Tradução: Dominus Est

Nosso Senhor, no dia de Sua Ascensão ao Céu, deu aos Apóstolos o que os gregos chamam de “a Grande Comissão”: “Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.(1) Essas palavras de Nosso Senhor constituem a própria missão da Igreja Católica: fazer discípulos entre todas as nações, dar-lhes os sacramentos e governá-los pelas leis da graça que Nosso Senhor nos deu. 

Os diversos povos aos quais os apóstolos e seus sucessores seriam enviados se tornariam grandes nações ao receberem a doutrina e a graça de Nosso Senhor. Os rudes e brutais governantes das terras pagãs, ao receberem o batismo, não só receberam graça em abundância, mas também receberam uma ordem civilizadora, uma base sólida para o seu governo. Quando o poder civil recebe e promove a doutrina de Cristo, a abundância das bênçãos de Deus flui sobre a terra e os seus governantes. Contudo, quando Deus não é honrado e a Sua Igreja é prejudicada, em vez de ser ajudada na sua missão, a tristeza e a desolação rapidamente dominam até mesmo o mais forte dos impérios. 

A sociedade moderna orgulha-se de ser “independente” em questões religiosas. Na prossecução dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, acredita que o Estado ou a constituição civil devem ser “neutros” no que diz respeito à religião. Esta ideia recebe o nebuloso termo “liberdade religiosa”, ou seja, a garantia do exercício de qualquer religião, independentemente da sua forma. De acordo com esta visão moderna, os indivíduos no Estado moderno podem ter quaisquer crenças religiosas, desde que não interfiram na ordem pública. Dito fundamentalmente, as leis do país não devem ser influenciadas por nenhuma religião em particular, mas sim aceitá-las todas. O Estado moderno ideal é aquele que é “indiferente” à religião, ou mais propriamente, que não tem religião oficial. Continuar lendo

O MEDO E O SANTO TEMOR DE DEUS

Gustavo Corção e a certeza daquilo que não se vê | Comunicação & Política

Gustavo Corção

Os acontecimentos desses últimos dias marcados de violência levaram-me a pensar que têm muita razão os que já apontaram o predominante papel do medo na cultura moderna.

No princípio deste século – quando a morte era vencida nas cidades pelo arco-voltaico, quando os recantos mais secretos da vida e do mundo eram vasculhados pela luz da ciência, e quando os fantasmas, os lobisomens e as assombrações, expulsos de seus últimos redutos, eram relegados às anedotas e ao folclore – muita gente certamente pensava que esta civilização científica e arejada iria progredindo de claridade em claridade, de descoberta em descoberta, até o dia confortável em que o Medo, esse anacrônico personagem, fosse definitivamente dominado pela Razão.

Era assim que pensava o cidadão otimista e comodista que se extasiava diante dos pavilhões iluminados na Exposição Universal em Paris, em 1900.

Ora, no meio-dia deste mesmo século desce uma sombra sobre o mundo. O prestígio da Razão, ainda alto no domínio das ciências e das técnicas, nunca esteve tão baixo na vida cotidiana. O racionalismo deu lugar ao instintivismo. A alma humana já não é procurada na linha da razão e sim na dos instintos. O homem tem como seu, propriamente seu, não o que vê e conhece, mas o que dele mesmo se esconde nos porões da memória trancada. E o comodismo tranquilo deu lugar a um comodismo inquieto; e o grande Medo expulso voltou sob a forma do medo do Terror.

Houve tempo em que o homem tinha um terrível medo religioso de perder sua alma; depois, no apogeu da moral leiga, o homem teve um medo supersticioso de perder sua honra; mas hoje ele tem medo do abismo que, de certo modo, advinha no itinerário de um mundo liberal que quer marchar para o socialismo. Continuar lendo

PLENA COMUNHÃO

O conceito de “comunhão” deve ser esclarecido. Celebrar a Pachamama, a Amoris laetitia ou a Fiducia Supplicans é realmente necessário para fazer parte da Igreja?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Vou começar com uma anedota. No verão passado, um Irmão do Seminário de Zaitzkofen tirou alguns dias de férias em família. Ele quis fazer suas preces na igreja paroquial, na diocese de Aix-la Chapelle. A igreja estava ornamentada com as cores do arco-íris, mas não tinha nada a ver com o arco-íris de Noé…. O Irmão não se sentiu em plena comunhão com a prática eclesial daquela paróquia, e saiu para rezar em outro lugar.

Recentemente, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Mons. Bätzing, Bispo de Limburgo, afirmou publicamente que a homossexualidade ativa não era um pecado. Assim como o Cardeal Marx, Arcebispo de Munique.

Não estamos em plena comunhão doutrinária com eles, e lamentamos este fato, mas lamentamos por eles, porque não há dúvidas de que não podemos aderir a essa opinião.

O conceito de “comunhão“, por mais tradicional que seja, não é, contudo, de uma clareza e distinção evidentes. Sem dúvida, a vida da Igreja é uma ação santificadora comum, unificada por uma direção comum, que é aquela da hierarquia, cujo topo é o Papa – hoje, o Papa Francisco -, e a comunhão designa a integração nessa ação comum. Ela é expressa por vários sinais, desde as antigas cartas de comunhão entre Bispos, e com o Papa, até os atos administrativos de nomeação legítima, passando pelos atos litúrgicos (leituras de dípticos, beijo da paz, participação em cerimônias, etc.): o que se resume à unidade na profissão de fé e no culto divino, e na submissão à hierarquia legítima. Mas não é necessário aprovar ou cooperar com tudo o que todos os membros da Igreja dizem ou fazem. E a nomeação legítima de um clérigo para um cargo eclesiástico, embora lhe assegure as graças do estado e a legitimidade de suas ações, não o torna infalível para tudo isso (1). Podemos resistir à graça… Continuar lendo

PSICANÁLISE E RELIGIÃO

Rudolf Allers - Wikipedia

Rudolf Allers — ou o “Anti-Freud”, como o chamou Louis Jugnet  foi psicólogo eminente: discípulo direto de Freud, trabalhou mais de 13 anos com Alfred Adler, e exerceu considerável influência em figuras tais como Victor Frankl, que foi seu aluno. Católico, vienense, desde cedo manifestou oposição às idéias de Sigmund Freud, que considerava anticientíficas. Em 1940 publicou seu famoso trabalho “The Successful Error— A Critical Study of Freudian Psychanalysis”, de onde tiramos o capítulo que se vai ler, e que constitui um pungente libelo contra os erros da psicanálise.

Fonte: Permanencia 

O naturalismo e o materialismo são, necessariamente antagônicos da religião. Uma atitude mental que introduz fatores imateriais e trans-mundanos, que sustenta uma noção como a de uma alma espiritual e que acredita na revelação, torna-se, para o espírito materialista, ininteligível, estranha e perigosa. Tal mentalidade é, verdadeiramente, o oposto do materialismo e, ao passo que as atitudes religiosas existem e permanecem eficazes na vida humana, o materialismo sente a sua posição ameaçada. Os defensores de uma explicação “científica” da realidade vêem na religião, ou um inimigo, ou, pelo menos, um estádio rudimentar da evolução, que tem de acabar por triunfar para assegurar o “progresso” definitivo da raça humana.

A psicanálise é profundamente materialista e não pode mesmo professar outra filosofia. A sua base é o materialismo. Se os sequazes de Freud abandonassem o seu credo materialista, ver-se-iam obrigados a deixar de ser psicanalistas. Há alguns que estão convencidos de que podem acreditar, ao mesmo tempo, na verdade da religião e na verdade da psicanálise, sem incorrerem em auto-contradição. Esses homens imaginam isso, ou porque não conhecem suficientemente uma coisa e outra, ou porque o seu espírito é de tal natureza que se acomoda às contradições, ou ainda talvez porque não são bastante críticos para se aperceberem de tais contradições.

Ninguém que penetre no espírito da psicanálise e, ao mesmo tempo, seja inteiramente conhecedor da essência da fé sobrenatural, pode acreditar que estas duas coisas sejam compatíveis. Já varias vezes foi declarado, tanto por autores católicos como protestantes, que a psicanálise é, basicamente anti-cristã. Não há maneira de se sair deste dilema: ou se acredita em Cristo ou na psicanálise. Os próprios sequazes de Freud não têm dúvidas a tal respeito. Para eles, a religião não significa mais do que uma manifestação particular do espírito humano, da mesma categoria que as práticas da magia, do totemismo ou da bruxaria. Sempre os psicanalistas procuraram provar que a religião é um produto de forças instintivas e da reação contra as mesmas. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – MAIO/24

11 ideias de Homens lendo | pinturas, arte, imagens de leitura

Caros fiéis,

O desejo de saber é, em si, uma coisa boa, mas pode ser viciado por más intenções, o que São Bernardo resume perfeitamente: “Há alguns que querem saber só por saber, e isso é uma curiosidade vergonhosa. E há outros que querem saber para serem chamados de eruditos, e isso é uma vaidade vergonhosa. Há outros que querem saber para vender seu conhecimento, para adquirir riqueza e honra, e isso é ganho vergonhoso; mas há também aqueles que aspiram saber para edificar, e isso é caridade. Finalmente, há aqueles que querem saber para edificar a si mesmos, e isso é prudência” (Sermão sobre o Cântico dos Cânticos, 36, 3). Portanto, precisamos saber para edificar e para edificar a nós mesmos. Após esse lembrete das boas disposições do aluno, precisamos nos lembrar das qualidades do professor.

15 padres da Fraternidade São Pio X para o Brasil não é muito. Isso lhes deixa pouco tempo para dar conferências de formação aos fiéis. Então, muitos recorrem à Internet. Isso não é isento de riscos. Na Internet, pode-se encontrar o melhor e o pior, e geralmente muita mediocridade.

Um dia, em uma confissão, alguém me confessou um pecado venial como sendo um pecado mortal. Eu lhe perguntei por quê. Resposta: “Alguém disse isso na Internet!” Cuidado: o simples fato de se expressar na Internet não confere um diploma em teologia, filosofia ou qualquer outra ciência. Portanto, é importante saber como selecionar suas fontes antes de se colocar, mais ou menos passivamente, na posição de ser ensinado por um professor que não se conhece. Vários pontos precisam ser verificados: competência, convicções e disposições. Aqui estão alguns exemplos. Esse professor de geografia, que é muito bom em sua matéria, é competente para dar aulas de inglês? Não necessariamente! Esse renomado professor de filosofia é ateu. É sensato entrar em sua escola? Não! Este professor é competente e católico, mas é orgulhoso e imprudente em seus julgamentos. Devemos segui-lo? Não! Continuar lendo

TRADIÇÃO, TRADIÇÃO CATÓLICA E FALSA TRADIÇÃO

Paolo Pasqualucci

Sumário:

1. A noção de tradição.

2. Tradição cristã e não “judaico-cristã”. 

3. Definição da Tradição católica.

4. A Tradição católica não contém nada de secreto, ela não é esotérica.

5. A noção esotérica da tradição é irracional e falsa.

5a. A inversão do significado da Cruz por René Guénon.

Em geral, todos consideram bem conhecido o sentido da palavra “tradição”. Nós, todavia, julgamos importante defini-lo corretamente. É o que faremos neste artigo.

  1. A noção de tradição.

Antes de tudo, a idéia de tradição compreende a de certos valores transmitidos e preservados ao longo de gerações. Transmitidos e preservados, ou seja, ensinados e apresentados como valores a se respeitar, visto que constituem o fundamento inalterável de uma determinada concepção de mundo e, conseqüentemente, do modo de viver de uma sociedade — compreendida globalmente enquanto povo. Com efeito, a tradição se materializa nos costumes. A idéia de tradição está, portanto, ligada à de valor e costume. Não há aqui lugar para uma definição subjetiva do que é o valor: o valor preservado pela Tradição é precisamente aquele que se impõe pelo fato de fundar essa mesma tradição e de pertencer-lhe, a despeito do que pensam os indivíduos, que devem reconhecê-la e obedecê-la.  Leia mais

Os valores expressos na tradição constituem a verdade da própria tradição. São compreendidos como dignos de pertencer à tradição porque são verdadeiros, porque se considera que nesses valores estão expressas verdades. Verdades de caráter religioso e moral, ou apenas religioso, ou apenas moral, ou moral e político, ou apenas político, ou enfim, provindo apenas dos costumes: uma verdade que é, seja o que for, objetiva, que pertence à coisa enquanto tal, independentemente do fluxo e refluxo de opiniões e acontecimentos.

A verdade que se compreende nos valores da tradição equivale à conformidade desses valores com a idéia de justiça: os valores da tradição são justos, esta é a sua verdade; e é justo observá-los e conservá-los.

A tradição é, portanto, um sistema coerente de princípios e comportamentos que constituem as normas, escritas ou não, das quais o indivíduo não pode se afastar no plano dos costumes ou das leis. Quando ligada a uma instituição ou a uma nação, a Tradição aparece com um componente épico: atos gloriosos e empresas memoráveis — batalhas, guerras. Continuar lendo

OS DOZE GRAUS DO SILÊNCIO

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

A vida interior poderia consistir somente nessa palavra: Silêncio! O silêncio prepara os santos, os inicia, os aperfeiçoa e os consome. Deus, que é eterno, não diz mais que uma única palavra, que é o Verbo. Do mesmo modo, seria desejável que todas as nossas palavras soem “Jesus”, direta ou indiretamente. Essa palavra, silêncio, ah, quão bonita é!

1º Falar pouco às criaturas e muito a Deus. Este é o primeiro passo, mas imprescindível, nas vias solitárias do silêncio. Nessa escola se ensinam os elementos que dispõe à união divina. Aqui a alma estuda e aprofunda essa virtude, no espírito do Evangelho e da Regra que abraçou, respeitando os lugares sagrados, as pessoas, e sobretudo esta língua em que tantas vezes descansa a Palavra do Pai, o Verbo feito carne. Silêncio ao mundo, silêncio às notícias, silêncio com as almas mais justas: a voz de um Anjo turbou Maria…

2º Silêncio no trabalho, nos movimentos. Silêncio no porte; silêncio dos olhos, dos ouvidos, da voz, silêncio de todo o ser exterior que prepara a alma para entrar em Deus. A alma adquire grandes méritos por estes primeiros esforços em escutar a voz do Senhor. Que  recompensador é esse primeiro passo!

Deus a chama ao deserto, e por isso, nesse segundo estado, a alma aparta-se de tudo o que poderia distraí-la; se distancia do ruído, e foge sozinha Àquele que somente é. Ali saboreará as primícias da união divina e o zelo de seu Deus. É o silêncio do recolhimento, ou o recolhimento no silêncio. Continuar lendo

EIS QUE VOS DEIXO

Deus, ao fazer-se homem, veio para nos fornecer uma admirável soma de benefícios e tesouros. Os homens estão muito mais ricos desde que Cristo ressuscitou e ascendeu ao céu.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A Encarnação do Filho de Deus consistiu em um depósito sagrado de formas variadas. Deus, ao tornar-se homem, veio nos dar uma soma admirável de benefícios e tesouros, de modo que os homens estão muito mais ricos desde que sua presença aqui na Terra findou com a Ascensão. Além disso, não será possível elencar perfeitamente nestas linhas todos os benefícios com os quais o Senhor Jesus nos agraciou antes de ascender ao Pai. Antes de entrar em alguns detalhes de sua vida em si, que nos é conhecida por meio da pregação dos apóstolos, e do que relataram os evangelistas, traz-nos um conhecimento maior de Deus que, nas palavras de São João “revelou-se por meio do Filho.”

Um legado vivo

“Deixo-vos a minha paz”

“Deixo-vos a minha paz”, disse Nosso Senhor aos Seus discípulos na Última Ceia. A humanidade havia perdido este tesouro de paz interior quando o pecado entrou no mundo. O Salvador veio para restaurar essa verdadeira paz, a paz do coração, a paz do homem com Deus. Consciente de nossa fragilidade, Jesus também deixa claro que não nos dá a paz “como o mundo a dá.” Ele não quer que as nossas almas se iludam e esqueçam o antagonismo que permanece, apesar da Redenção, apesar da sua morte pelos pecadores: por meio da sua morte Ele veio para mudar os corações, e o mundo (incluindo a sociedade) só mudará se as almas se beneficiarem dos frutos de sua morte. Jesus veio a este mundo “para resgatar o que estava perdido” e, como diz em Zaqueu, “a salvação entrou nesta casa” porque Ele levou a uma conversão do coração: o Salvador disse essas palavras somente depois que Zaqueu anunciou sua resolução de pagar suas dívidas e dar grandes somas de esmolas. Nosso Senhor, confrontado com contradições antes da sua Paixão, recorda as suas obras e exorta seus interlocutores a reconhecerem que “o Reino de Deus chegou” entre eles. Continuar lendo

AS DIVERSÕES E A CONSCIÊNCIA CRISTÃ

Pinchazos en discotecas | Otra joven denuncia que le han pinchado droga en  una discoteca de Barcelona

Tradução: Gederson Falcometa

A acentuação do desejo de gozar, a corrida muitas vezes febril para o prazer, a procura mais espasmodicamente incitada por diversão, é um dos fenômenos característicos do período pós-guerra. Quando os acontecimentos impõem privações e sacrifícios muito longos a uma geração, esta vinga-se quase infalivelmente, abandonando-se, o mais rapidamente possível, aos seus próprios caprichos e paixões. A forçada e prolongada abstinência dos tempos de guerra, a forte e atroz tensão dos duros anos do furioso furacão sob o qual nos curvamos e nos abatemos, sucedeu em largos setores da sociedade, uma violenta reação, ela foi substituída por um relaxamento na austeridade da vida. Se diria que os homens dos nossos dias tem necessidade de se entorpecer e esquecer o sofrimento que suportaram e, por isso, precipitam-se no turbilhão de prazer que hoje se lhes apresenta num florescimento de formas tão vastas e atraentes que não se recorda igual nos séculos cristãos.

Os edifícios do prazer multiplicam-se todos os dias diante dos nossos olhos, e novos empreendimentos, os quais tem por razão social aquela de divertir o público, surgem por toda parte. Nossas grandes cidades possuem suntuosos locais de divertimento; as aldeias mais modestas têm o seu próprio cinema a bom preço. Estas empresas do prazer aproveitam todos os progressos da ciência e da indústria para aperfeiçoar os seus procedimentos, multiplicar os seus atrativos e alargar o âmbito da esfera da sua ação. Têm ao seu serviço uma publicidade barulhenta e insistente, que descaradamente  nos segue não só nas vias públicas, mas também no fundo das nossas casas. Durante o dia, as afixações sugestivas; à noite, sinalizações luminosas, fixas ou móveis. Qual lugar e qual importância tem hoje os divertimentos da vida social e nacional, nos dizem os jornais, não só aqueles esportivos e mundanos, mas também os mais sérios, as quais colunas invade sempre mais pelas diversas rubricas dos divertimentos.
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O BOM PASTOR – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

mgr-lefebvre-5Fonte: FSSPX – Distrito do México – Tradução: Dominus Est

 

Eis algumas palavras de Mons. Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, sobre o evangelho de hoje, domingo – Jesus, o Bom Pastor.

 

Nosso Senhor disse no Evangelho do Bom Pastor: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco e é preciso que Eu as traga, e elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor “(Jo. 10, 16).

 

Esta exortação é completamente contrária ao ecumenismo moderno. Nosso Senhor pede que tragamos as ovelhas. Ele não diz que devemos deixa-las no rebanho onde estão, mas que as conduzamos a Ele. É o que faz o bom padre. Vai buscar as ovelhas perdidas e desviadas no erro, pelo pecado, neste mundo de pecado e sob a influência do demônio; vai busca-las corajosa e zelosamente, imitando desta maneira, o Bom Pastor.

 

Há de ter um coração de pastor, que vai buscar suas ovelhas uma a uma. Continuar lendo

A DIGNIDADE E A EFICÁCIA DA POLÊMICA RELIGIOSA

Religião de oração, fraternidade, perdão e paz, o Cristianismo é também uma religião de combate. Jesus Cristo, fundando a Igreja, confiou-lhe a missão de lutar, como um exército alinhado para a batalha, pela honra de Deus e pela salvação das almas, pelo triunfo da verdade e pela erradicação do erro. Desde a sua origem, portanto, a Igreja apresentou-se com o caráter de “militante”; desde o início ela inculca em seus seguidores a necessidade de lutar, e os prepara e ensina para serem lutadores; suas primeiras manifestações acontecem no campo de batalha e são marcadas por duros ataques de adversários poderosos.

Ataques da força material, de força bruta. A espada, desembainhada diversas vezes nos primeiros três séculos cristãos, atinge os filhos da Igreja, que morrem em massa, mas morrendo triunfam. O sangue dos mártires fecunda e desenvolve a vida da Igreja, que é vida divina. A nenhum poder humano é concedido exterminar a vida de Deus.

Ataques da força intelectual. Os algozes são substituídos pelos sofistas, pelos filósofos, pelos literatos, que com a terrível arma da palavra tentam minar os ensinamentos da Igreja, a sua hierarquia, as suas sãs instituições  e o seu culto, que visam sufocar a nova Religião no desprezo, no ridículo, na ignorância e no silêncio da morte. Mas todos os golpes da eloquência mais refinada e da dialética mais sutil embotam e estilhaçam a armadura impenetrável que a Igreja carrega no peito. O mundo vê subitamente uma explosão milagrosa da doutrina católica. A palavra sagrada ecoa e brilha por toda parte com tais acentos que despertam a admiração dos próprios pagãos. É a palavra dos apologistas cristãos, destes generosos e intrépidos defensores do cristianismo sobre o terreno científico, que colocam a serviço da Igreja a agudeza de seus engenhos, os tesouros das suas cognições e a arte de suas penas. A tirania do mundo pagão, armado com todas as armas intelectuais dos seus estudiosos para derrotar a Igreja, é ela própria derrotada pelas palavras destes atletas do pensamento católico. Continuar lendo

SERMÃO DE D. LEFEBVRE PARA A PÁSCOA – 11 DE ABRIL DE 1982

Clique na imagem acima para ouvir o Sermão

Caríssimos amigos,

Caríssimos irmãos,

Cristo Ressuscitou. Nós cremo-lo de toda nossa alma e todo nosso coração. E como dizia o padre ontem, ao dispor os grãos de incenso em forma de Cruz sobre o Círio pascal, repetimos hoje, com ele:

Christus heri et hodie: Cristo ontem e hoje.

Principium et finis alpha et oméga: Jesus Cristo é o Princípio e o fim de todas as coisas.

Ipsius sunt tempora et scæula: A Ele todo os tempos e todos os séculos.

Ipsius sunt gloria et imperium per omnia sæcula: A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos.

Gloriosa vulnera custodiant nos: Que suas chagas gloriosas nos conservem na fé.

Sabeis, meus caríssimos irmãos, infelizmente, existe hoje, entre os católicos, um grande número que hesita sobre a realidade da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Senhor não teria reavido seu Corpo. Esse Corpo que ele recebeu da Virgem Maria. Mas teria retomado um corpo espiritual, e não aquele que foi crucificado sobre a Cruz. Ora, Nosso Senhor mesmo quis, para combater esses erros, que houvesse, entre os apóstolos, um incrédulo, São Tomé, que não quis acreditar na realidade da Ressurreição de Nosso Senhor. E, então, Nosso Senhor se apresentou em pessoa, quando Tomé estava presente. Ele lhe disse: “Tomé, vejas, coloques teus dedos em minhas feridas”. Continuar lendo

O QUE É O VAZIO EXISTENCIAL?

Fotos de Homem caminhando sozinho, Imagens de Homem caminhando sozinho sem  royalties | Depositphotos

Fonte: Adelante la Fe – Tradução – Dominus Est

A chamada Psicologia Analítica definiu a neurose que invadia o século XX como “o sofrimento da psique que não encontrou o seu sentido” (Jung). Vimos em um artigo anterior como esta “falta de sentido” implica mais do que uma falta de propósito, uma falta de significado. Para onde estou indo? Qual é o meu fim? São perguntas cuja resposta pode ser presumida em uma cultura ou em uma religião mais ou menos latente nas profundezas da existência, podendo mesmo ser adiadas sem grande sofrimento até à beira da morte, mas a pergunta que hoje nos atormenta é: Que valor tenho dentro da ação geral que se desenvolve ao meu redor?

Urge uma resposta em uma mentalidade narcisista e individualista que olha o mundo com a sensação de que este avança sem se importar com a minha anodina existência; existência que vive abandonada e ferida à margem da história. Todos querem ser alguém e fazer algo que deixe uma marca na sua história, ou, pelo contrário, sentem uma enorme frustração. O homem de hoje está dividido entre o amor-próprio e o ódio-próprio. O amor-próprio que o psicologismo inocula sob uma forçada pressão tem o fracasso como inimigo, único resultado mais ou menos garantido na vida e que é muito mais persistente e seguro do que o otimismo dos cursos de autoajuda. “Odiar a si mesmo é mais fácil do que se pensa; a graça consiste em saber como esquecer”, disse Bernanos. Continuar lendo

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Pin de Sarilinlikha Innovations em Jesus | Pintura de jesus, Arte jesus,  Ressurreição de jesus

Meditada pelo Padre Leonardo Castellani

“Ao terceiro dia ressurgiu dos mortos”: não significa dizer que Cristo Nosso Senhor tenha estado três dias no sepulcro, senão que, morto na Sexta-feira, ressuscitou e saiu do sepulcro no Domingo de manhã. Esteve no sepulcro por mais de 30 e menos de 40 horas.

A Ressurreição de Nosso Senhor é um acontecimento histórico, o evento sustentado com maior peso de testemunho histórico do que qualquer outro evento no mundo.

Os quatro evangelhistas narram os fatos do Domingo de Páscoa de forma totalmente impessoal, assim como o resto da vida de Cristo; não há exclamações, comentários, afetos, espantos ou gritos de triunfo. Os Evangelhos são quatro crônicas inteiramente excepcionais: o cronista registra uma série de eventos de maneira inteiramente enxuta e concisa. Aqui, os fatos são as aparições de Cristo revivido, as quais viram, ouviram e tocaram aqueles que iriam dar testemunho.

Este testemunho pode ser resumido brevemente pelas seguintes circunstâncias:

1° – São quatro documentos distintos, escritos em momentos diferentes e sem conivência mútua, cujos autores não tinham o menor interesse em fabricar uma enorme e incrível impostura, mas, pelo contrário, arriscaram a própria vida ao escrevê-los.

2° – Os Fariseus e Pôncio Pilatos não fizeram nada. Eles teriam que ter feito alguma coisa para criar uma impostura, e seria uma impostura facilíma de se inventar: bastava mostrar o cadáver. Depois julgar e condenar os impostores. Mas, ao invés disso, mentiram e usaram de violência para fazê-los calar. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – ABRIL/24

História da Fraternidade Sacerdotal São Pio X | Tradição Católica em  Vitória-ES

Caros fiéis,

Desde o final do ano passado, os bispos de São Paulo e de outras dioceses brasileiras continuam restringindo ou abolindo a celebração da Missa Tridentina. Um efeito imediato para a Fraternidade São Pio X é um aumento no número de fiéis. Isso é bom?

Parece que sim. Desde as consagrações de 1988, uma verdadeira operação para a sobrevivência da Tradição realizada pelo Dom Marcel Lefebvre, a Fraternidade fundada por ele nunca deixou de responder às necessidades dos fiéis que carecem de um apostolado verdadeiramente católico. A crise cada vez mais profunda destaca a clarividência desse bispo corajoso e a solidez de sua congregação.

Sim, de um ponto de vista prático. Maiores recursos possibilitam a realização de projetos mais importantes. Por exemplo, podemos alugar o salão da Casa de Portugal para a Semana Santa, para as Crismas e, neste ano, para o MJCB.

Aproveitamos esta oportunidade para responder a alguns questionamentos.

Padre, as pessoas não vêm à Fraternidade porque não há espaço suficiente na capela!” Se essas pessoas estivessem realmente convencidas da conveniência do apostolado da Fraternidade, elas ajudariam a levantar o dinheiro necessário para que o priorado comprasse ou alugasse um terreno ou um prédio para construir uma igreja grande. Os protestantes conseguem isso, por que não os católicos tradicionais? Continuar lendo

JESUS CRISTO, PACIÊNCIA DE DEUS

 

Nesta Semana Santa, meditemos sobre a paciência de Deus por meio da paciência de Cristo para com Maria Madalena.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A Semana Santa é o ápice da vida espiritual do cristão. A Igreja nos dá, de fato, a oportunidade de meditar mais intensamente sobre o exemplo de Nosso Senhor: Santo Agostinho diz que a Cruz de Jesus é como o púlpito a partir do qual o Filho de Deus nos ensina.

A Paixão começa muito cedo: quando é anunciada, diz Santo Tomás em seu comentário e explicação do Evangelho de São Mateus. O próprio Cristo a anuncia (Mt 26, 1-2); os inimigos de Cristo também a anunciam quando tramam sua queda (Mt 26, 3–5); e o gesto de Maria Madalena também a anuncia, quando derrama perfume de grande valor (Mt 26, 6-13) pois Cristo declara que este gesto anuncia o seu próprio sepultamento: “Mittens autem hoc unguentum in corpus meum, ad sepeliendum me fecit” (Mt 26, 11). Ao espalhar esse perfume, disse ele, essa mulher realizou antecipadamente o mesmo gesto daqueles que colocarão meu corpo no sepulcro. Santo Agostinho explica que, por vezes, o Espírito Santo nos impele a realizar gestos, gestos esses que podem ser muito simples, mas cujo alcance vai além de nossa intenção… Continuar lendo

25/03/2024 – 33 ANOS DO FALECIMENTO DE S.E.R. DOM MARCEL LEFEBVRE

Tempo da paixão

Tomando conhecimento da morte de sua irmã mais velha, Jeanne, Dom Lefebvre decidiu não ir ao seu funeral [ndr: por conta de seus problemas de saúde]: “Rezo todo dia para que eu possa morrer antes de perder minha consciência. Prefiro partir, pois se caísse em contradição, diriam: ‘Aí está; ele disse que errou!’ E eles tirariam vantagem disso”.Muitas vezes o Arcebispo mencionava a morte suave de sua irmã mais velha, chamada de volta à casa por Deus quando acabara de ir tirar um cochilo; ele gostaria de ter falecido assim, embora com a Extrema Unção. Mas Deus pediria ao padre e bispo Marcel Lefebvre que tomasse parte em Seus sofrimentos redentores.

Em 7 de março de 1991, festa de Santo Tomás de Aquino, o Arcebispo deu a seus amigos e benfeitores de Valais a tradicional conferência. Cheio de fé e eloqüência, concluiu com estas palavras: “Nós as teremos!”. E no dia seguinte, às 11 da manhã, celebrou o que seria sua última Missa na terra. Mas tamanhas eram sua dor de estomago e fadiga que realmente pensou que não poderia terminá-la. Apesar disso, partiu de carro para Paris, a fim de assistir ao encontro dos fundadores religiosos nos “Círculos da Tradição”:  “É algo muito importante”, disse, “e está dentro do meu coração”.

Hospitalização, operação

Ele sequer passou de Bourg-en-Bresse; por volta das 4 da manhã, acordou seu motorista, Rémy Bourgeat: “Não estou bem”, disse, “vamos voltar para a Suíça”. E a seu pedido, ingressou no hospital em emergência na manhã de 9 de março. O direitor do hospital em Martigny, Sr. Jo Grenon, era um amigo de Ecône. O Arcebispo foi acolhido na ala operatória no quarto 213. Atrás das montanhas que cercam a cidade estava Forclaz, e França, e não muito distante o Grande Passo de São Bernardo, Itália, e Roma.

O Arcebispo estava confiante, mas sofria: “É como um fogo queimando meu estômago e subindo até meu peito”.

Padre Simoulin deu-lhe a Sagrada Comunhão, que receberia até a sua operação: Ele o agradeceu: “Fiz o senhor perder as vésperas… mas o senhor fez uma obra de caridade. Trouxe para mim o melhor Médico. Nenhum deles pode me dar mais do que o senhor deu”.

Admirava o Crucifixo, que fora trazido para o altar temporário em seu quarto: “Ele ajuda a suportar os sofrimentos”. Continuar lendo

19 DE MARÇO – FESTA DE SÃO JOSÉ

Novena de São José: receba as bençãos do santo

Alguns excelentes posts sobre São José:

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GESTICULAÇÕES E PALAVRAS VAZIAS

A Nota Gestis Verbisque, do Dicastério para a Doutrina da Fé, restaurará a ordem na liturgia conciliar?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Experiências litúrgicas que resultam em sacramentos inválidos: mais de 50 anos após a reforma litúrgica desejada pelo Concílio Vaticano II, o fenômeno está suficientemente difundido a ponto de ser objeto de um texto do Dicastério para a Doutrina da Fé que “diz respeito à Igreja como um todo” (1). As consequências desses erros são graves, uma vez que um sacramento inválido pode levar à invalidade de todos os outros sacramentos recebidos posteriormente, mesmo que estes últimos tenham sido administrados seguindo todas as condições. Por exemplo: não pode ser ordenado sacerdote – mesmo pelo mais tradicional dos Bispos – o sujeito que recebeu um batismo com uma fórmula inválida. Dessa forma, “numa tão grave situação se encontraram também alguns sacerdotes. Estes, tendo sido batizados com fórmulas desse tipo, descobriram dolorosamente a invalidade da sua Ordenação e dos Sacramentos celebrados até aquele momento.” (2).

Uma constatação alarmante

É preciso dizer que a criatividade nessa área pode ir longe na nova liturgia, como essa fórmula denunciada pelo Cardeal Fernández: “Em nome do papai e da mamãe… nós te batizamos”. A realidade é alarmante: “Infelizmente, deve-se constatar que não sempre a celebração litúrgica, em particular a dos Sacramentos, realiza-se na plena fidelidade aos ritos prescritos pela Igreja.” (3). Daí as elementares advertências catequéticas – que poderiam ter sido desnecessárias se, como sustenta sem pestanejar a Gestis verbisque, os novos ritos do Vaticano II “exprimissem mais claramente as realidades santas que significam e produzem” (4). Obscura claridade… Continuar lendo