NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E O LIBERALISMO

Resultado de imagem para marcel lefebvreA verdade os fará livres!” (Jo 8, 32)

Depois de haver exposto que o liberalismo é uma rebelião do  homem contra a ordem natural concebida pelo Criador, que culmina em uma organização individualista, igualitária e centralizadora, me resta lhes mostrar como o liberalismo ataca também a ordem sobrenatural, o plano da Redenção, quer dizer, em definitivo, como o liberalismo tem por finalidade destruir o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, tanto sobre o indivíduo como sobre a sociedade.

Em relação à ordem sobrenatural, o liberalismo proclama duas novas independências:

– “A independência da razão e da ciência em relação à fé: é o racionalismo, para quem a razão, juiz soberana e medida da verdade, se basta a si mesma e rechaça toda dominação estranha”.

É o que se chama de racionalismo.

O liberalismo quer separar a razão da fé, que impõe dogmas formulados de modo definitivo, e aos quais a inteligência deve se submeter. A simples hipótese de que certas verdades podem superar as capacidades da razão é completamente inadmissível. Os dogmas devem então ser submetidos à peneira da razão e da ciência, sendo ela de um modo constante, a causa dos progressos científicos. Os

milagres de Jesus Cristo, a vida maravilhosa dos santos, devem ser reinterpretados e desmistificados. Será necessário distinguir cuidadosamente o “Cristo da Fé”, construtor da fé dos apóstolos e das comunidades primitivas, do “Cristo da história” que foi nada mais do que um simples homem. Vê-se quanto o racionalismo se opõe à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e à Revelação  divina! Continuar lendo

A ORDEM NATURAL E O LIBERALISMO

Imagem relacionadaHá uma obra que recomendo especialmente àqueles que desejam ter uma noção concreta e completa do liberalismo  para poder preparar preleções, destinadas a pessoas que pouco conhecem este erro e suas ramificações e estão viciadas em pensar como um liberal, inclusive entre católicos ligados à tradição. Frequentemente encontramos pessoas que não percebem a profunda penetração do liberalismo em toda nossa sociedade e em nossas famílias.

Facilmente se reconhece que o “liberalismo de vanguarda” de um Giscard d’Estaing nos anos de 1975, conduziu a França ao socialismo; mas se pensa, com boa fé, que a “direita liberal” pode nos livrar da opressão totalitária. As almas que “pensam bem” ainda não descobriram se devem aprovar ou censurar a “libertação do aborto”, mas estão prontas para assinar uma petição para liberar a eutanásia. De fato qualquer coisa que leve a etiqueta de “liberdade”, tem há séculos a auréola do prestígio que acompanha esta palavra “sacrossanta”. No entanto estamos morrendo deste mal, é o liberalismo que envenena tanto a sociedade civil como a Igreja. Abramos o livro de que lhes falo, “Liberalismo e Catolicismo” do Padre Roussel, que foi lançado em 1926, e leiamos a página que descreve     com     muita     precisão     o     liberalismo     (pgs.14-16), acrescentando um pequeno comentário:

“O liberal é um fanático de independência, a proclama em tudo e para tudo, chegando às raias do absurdo”.

Trata-se de uma definição; veremos como se aplica e quais são as libertações que o liberalismo reivindica.

– “A independência da verdade e do bem em relação ao ser: é a filosofia relativista da mobilidade e do futuro. A independência da inteligência em relação a seu objeto: soberana, a razão não tem que se submeter a seu objeto, ela o cria na evolução radical da verdade; subjetivismo relativista”.
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BREVE CRÔNICA DA OCUPAÇÃO NEO-MODERNISTA NA IGREJA CATÓLICA

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Primeira parte

Preâmbulo

Eis que a quatro décadas o mundo católico assiste a uma série aparentemente sem fim de mudanças na Igreja.

Como se estivessem em um estranho espetáculo pirotécnico eclesiástico, os católicos viram numerosas verdades de Fé se desfazerem, umas após as outras, de modo mais ou menos direto, nos fogos de artifício inventados por uma Hierarquia e um clero cada vez mais inspirado pelo aggiornamento conciliar, aberto a todas as correntes de pensamento, e pronto para trocar a verdade revelada pela miragem de um falso ecumenismo e de uma falsa paz mundial.

O mundo católico assistiu, por exemplo, a subversão do Rito Romano da Missa, substituído por um outro – o atual – a tal ponto ambíguo e ecumênico que foi aprovado pelos próprios protestantes, alguns dos quais, aliás, participaram com sugestões na elaboração do novo rito[1]. Em seguida, ocorreram progressivamente as missas-bazar com música de fundo, a introdução da comunhão na mão e o seu cortejo de inevitáveis sacrilégios, o acesso dos membros do sexo frágil no altar na qualidade de “ministras” de eucaristia (ao menos até agora).

Viu pela primeira vez na história um papa – Paulo VI – enviar num gesto eloquente o seu anel, símbolo de sua autoridade pontifical suprema, ao herético, cismático e impenitente arcebispo de Canterbury[2], e convidá-lo a abençoar a multidão e os numerosos cardeais e bispos presentes na Basílica romana de São Paulo Extramuros. 

Há pior. Viu um João Paulo II convidar os representantes das principais religiões falsas do mundo a Assis (primeiro encontro de 1986) para uma reunião de oração com grande auxílio de cachimbos da paz, oferendas de animistas a espíritos ancestrais e budistas incensando uma estátua de Buda colocada sobre o altar principal de uma igreja católica daquela cidade.

Escutou, boquiaberto, o mesmo João Paulo II declarar abertamente aos protestantes e aos “ortodoxos” sua plena disposição para modificar o modo de exercício do Primado papal segundo os seus desejos, o que equivale na prática a esvaziar o sentido do dogma do Primado de Jurisdição, ao renunciar a exercê-lo de fato (cf. Encíclica Ut unum sint).

Viu o cardeal Ratzinger, Prefeito do Santo Ofício, aprovar e assinar um documento da Comissão Teológica Internacional (“O Cristianismo e as religiões”) que nega abertamente o dogma da fé segundo o qual “fora da Igreja não há salvação” (Cf. Concílio Ecumênico do Latrão, IV, Denz. 800), reduzindo-o a uma simples “frase” de “caráter parenético”, ou seja, a uma simples exortação dirigida tão-somente aos católicos… Continuar lendo

NECESSIDADE DA AUTORIDADE

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

De acordo com a filosofia política, uma das causas essenciais de qualquer sociedade é a “unidade social”, ou seja, o fato de se ter uma ação comum. Ora, o princípio desta unidade social é a autoridade. Com efeito, um membro de uma sociedade qualquer pode espontaneamente perseguir seus objetivos pessoais. Contudo, se todos fossem deixados à sua própria vontade, não haveria nenhuma ação conjunta.  É próprio da autoridade, ao contrário, determinar a ação comum a qual todos participarão, permitindo aos membros “formar a sociedade”.

A recordação destes princípios nos faz entender que a desintegração da autoridade constitui um problema para uma sociedade. E que isso se torna um drama ainda maior quando o eclipse da autoridade alcança as sociedades que edificam o ser humano, principalmente a família, a Cidade e a Igreja.

Ora, é isto o que infelizmente vivemos hoje. Sofremos a ruína da autoridade, os lideres deixam de mandar, os indivíduos se recusam a obedecer. Na família, os pais renunciam enquanto seus filhos contestam. Nas associações civis, nas empresas, ninguém quer obedecer se não for analisada previamente a ordem dada, enquanto os chefes evitam comandar e “delegam”.”Na cidade, os eleitos estão a mercê dos eleitores, enquanto esses últimos se rebelam a qualquer momento. Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: NATURALISMO, RACIONALISMO, LIBERALISMO

lef4Desde já, podemos ver como todos os erros estão entrelaçados uns com os outros: liberalismo, naturalismo, racionalismo, são somente aspectos complementares do que se deve chamar Revolução. Onde a reta razão, esclarecida pela fé, vê somente harmonia e subordinação, a razão deificada cava abismos e levanta muralhas: a natureza sem a graça, a prosperidade material sem a procura dos bens eternos, o poder civil separado do poder eclesiástico, a política sem Deus nem Jesus Cristo, os direitos do homem contra os direitos de Deus , finalmente a liberdade sem a verdade.

Com este espírito se fez a Revolução, que vinha se preparando a mais de dois séculos, como procurei mostrar, mas somente no fim do século XVIII culmina e dá seus frutos decisivos: os frutos políticos como resultado dos trabalhos dos filósofos, dos enciclopedistas e de uma extraordinária atividade da maçonaria (11), que em poucas décadas havia penetrado e estabelecido núcleos em toda classe dirigente.

A MAÇONARIA PROPAGADORA DESTES ERROS

O Papa Leão XIII nos mostra em “Quod Apostolici”, encíclica já citada, e também em “Humanum Genus” de 20 de agosto de 1884 sobre a ceita dos maçons, com que precisão, com que clarividência, os Soberanos Pontífices denunciaram esta empresa:

“Em nossos dias os malfeitores parecem conspirar em conjunto e lutar com maior força, guiados e auxiliados por uma Sociedade que chamam dos Maçons, firmemente constituída e muito difundida (…). os Romanos Pontífices, nossos predecessores, zelando cuidadosamente pela salvação do povo cristão, reconheceram logo quem era e o que queria este inimigo, assim que ele começou a sair das trevas de sua conjuração oculta, para se lançar ao ataque em plena luz do dia”. Continuar lendo

MAIS HORROR – BOFF: AJUDEI O PAPA A ESCREVER A ‘LAUDATO SI’. HAVERÁ UMA GRANDE SURPRESA. TALVEZ PADRES CASADOS OU MULHERES DIÁCONOS.

Por Marco Tosatti| Tradução: André Sampaio – FratresinUnum:

Leonardo Boff, o bem conhecido expoente da teologia da libertação, concedeu uma entrevista ao jornal alemão Kölner Stadt-Anzeiger. Boff, que tem 78 anos, falou livremente sobre a Igreja, e revelou alguns detalhes de sua relação com o Pontífice e de possíveis decisões futuras.

boff_-825x510A fonte da qual nós obtivemos o material que lhes oferecemos é um artigo de Maike Hickson para o One Peter Five. Sobre quanto se refere ao tema dos padres casados no Brasil, remetemos vocês a também alguns artigos que publicamos no passado acerca da matéria. É interessante notar como as declarações de Boff vão na mesma linha e direção de quanto escrevemos. Já há dois anos

Sobre a teologia da libertação, Boff diz que “Francisco é um de nós”. Em particular pela atenção aos problemas ecológicos, dos quais Boff se ocupou. O Pontífice leu os livros desse temário de Boff? “Mais que isso. Pediu-me material para a Laudato si’. Dei-lhe o meu conselho e lhe enviei coisas que escrevi… Contudo, o Papa me disse de maneira direta: ‘Boff, não me envie as cartas diretamente’.”

Por que não? “Disse-me: ‘Se o fizer, os subsecretários as interceptarão e eu não as receberei. Em vez disso, envie as coisas ao embaixador argentino junto à Santa Sé, com quem tenho um bom contato, e elas chegarão seguras às minhas mãos.” O embaixador é um velho amigo do Pontífice. ”E depois, um dia antes da publicação da encíclica, o Papa fez chamar-me para agradecer-me pela ajuda.”

No que diz respeito a um encontro pessoal, Boff falou ao Pontífice em relação a Bento XVI, que, quando Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, teve um papel importante na sua condenação: “Mas o outro ainda está vivo, afinal de contas!”. “Ele [Francisco] não aceitou isso [não aceitou o receio, a hesitação de Boff].  ‘Il Papa sono io’ [‘O Papa sou eu’], respondeu (em italiano no texto [do jornal alemão], n.d.r.). E fomos convidados a ir.”Leonardo Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: NASCIMENTO DO NATURALISMO POLÍTICO

lef3O protestantismo constituiu um ataque muito duro contra a Igreja e ocasionou um desagregamento profundo na cristandade do século XVI, porém sem conseguir impregnar as nações católicas com o veneno de seu naturalismo político e social. Isso só aconteceu quando este espírito secularizante chegou às universidades e em seguida àqueles que chamamos “filósofos das luzes”.

Filosoficamente o protestantismo e o positivismo jurídico têm origem no nominalismo surgido com a decadência da Idade Média (séc. XIV) que conduz tanto à Lutero com sua concepção puramente extrínseca e nominal da Redenção, como a Descartes, com sua idéia de uma lei divina indecifrável submetida somente ao arbítrio da vontade de Deus. Com São Tomás de Aquino, toda a filosofia cristã afirmativa, ao contrário, a unidade da lei divina eterna e da lei humana natural: “A lei natural é tão somente uma participação da lei eterna nas criaturas racionais”. (Suma Teológica I II, 91, 2).

Mas com Descartes já se põe uma ruptura entre o direito divino e o direito humano natural. Seguindo a Descartes, os universitários e juristas não tardariam a tomar o mesmo caminho cismático.

Assim diz Hugo Grotius (1625), citado por Paul Hazard: “E o direito divino? Grotius procura salvaguardá-lo: o que acabamos de dizer, declara, valeria mesmo se concordássemos ( o que não pode ser concedido sem um crime ) que não há Deus e que os assuntos humanos não são objeto de seus cuidados. Não há duvida alguma que Deus e a Providência existem, sendo portanto uma fonte de direito além da que provém da natureza. ‘Mesmo este direito natural, pode ser atribuído a Deus, porque ele quis que estes princípios existissem em nós’. Continuar lendo

ÚLTIMAS DA CRISE NA IGREJA PELOS “FEITOS” E “EFEITOS” DE FRANCISCO

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AS ORIGENS DO LIBERALISMO: O PROTESTANTISMO E O NATURALISMO

lef1Pode parecer estranho e paradoxal chamar o protestantismo de naturalista. Nada há em Lutero de exaltação à bondade intrínseca da natureza porque, segundo ele, a natureza está irremediavelmente decaída e a concupiscência é invencível. No entanto a opinião excessivamente niilista que o protestante tem sobre si mesmo, desemboca em um naturalismo prático: na intenção de menosprezar natureza e exaltar o poder “só da fé”, relegam a graça divina e a ordem sobrenatural ao domínio das abstrações. Para os protestantes a graça não opera uma verdadeira renovação interior; o batismo não é a restituição de um estado sobrenatural habitual, é somente um ato de fé em Jesus Cristo que justifica e salva.

A natureza não é restaurada pela graça, permanece intrinsecamente corrompida; e somente a ordem obtém de Deus que deite sobre nossos pecados o manto pudico de Nóe. Todo o organismo sobrenatural que o batismo agrega à natureza enraizando nela a graça, todas as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo são reduzidos a nada, reduzidos a um só ato forçado de fé, confiança em um redentor que gratifica somente para retirar-se para longe a criatura, deixando um abismo intransponível entre o homem definitivamente miserável e Deus transcendente três vezes santo. Esse pseudo supernaturalismo, como chama o Padre Garrigou Lagrange, deixa finalmente o homem, apesar de haver sido redimido, sujeito somente à força de suas aptidões naturais; fatalmente se afunda no naturalismo. Deste modo os extremos opostos se unem! Jacques Maritain exprime bem o desenlace naturalista do luteranismo:

“A natureza humana terá que rechaçar como um inútil acessório teológico o manto de uma graça que não é nada para ela e cobrir-se com sua fé confiança para converter-se em uma bela besta livre, cujo infalível e continuo progresso encanta hoje o universo inteiro”. (5) Continuar lendo

AS ORIGENS DO LIBERALISMO: O RENASCIMENTO E O NATURALISMO

lef2“Se vocês não lerem muito, cedo ou tarde serão traidores, porque não terão compreendido a raiz do mal”.

Com estas fortes palavras um de meus colaboradores (4) recomendava aos seminaristas de Ecône a leitura de boas obras que tratem do liberalismo.

Com efeito, não se pode compreender a crise atual da Igreja nem conhecer a verdadeira cara dos que ocupam a Roma atual, e em conseqüência ver que atitude tomar perante os fatos, se não se procura as causas desta crise, se não se estuda seu curso histórico, e não se descobre sua fonte primeira neste liberalismo condenado pelos papas dos últimos séculos.

Com efeito, não se pode compreender a crise atual da Igreja nem conhecer a verdadeira cara dos que ocupam a Roma atual, e em conseqüência ver que atitude tomar perante os fatos, se não se procura as causas desta crise, se não se estuda seu curso histórico, e não se descobre sua fonte primeira neste liberalismo condenado pelos papas dos últimos séculos.

NOSSA LUZ: A VOZ DOS PAPAS

Partiremos das origens, como faziam os Soberanos Pontífices, ao denunciarem as graves perturbações em curso. Além de acusarem o liberalismo, os papas vão mais longe no passado e todos, desde Pio VI até Bento XV, falavam da crise reduzindo a para a luta encetada contra a Igreja no século XVI pelo protestantismo e pelo naturalismo, do qual aquela heresia foi a causa e a primeira propagadora. Continuar lendo

DO LIBERALISMO À APOSTASIA (INTRODUÇÃO)

Há 61 anos, foi anunciado o Concílio Vaticano II por São João XXIII |  Pontifício Instituto Superior de Direito CanônicoPara onde vamos? Qual será o final de todas as mudanças atuais? Não se trata de guerras, de catástrofes atômicas ou ecológicas, mas sobretudo da revolução no exterior e interior da Igreja, da apostasia que por fim ganha povos inteiros, católicos em outros tempos, chegando inclusive a mais alta hierarquia da Igreja. Roma parece afogada em uma cegueira completa, a Roma de sempre está reduzia ao silêncio, abafada pela outra Roma, a Roma liberal que a ocupa. As fontes da Graça e da fé divina se esvaem e as veias da Igreja canalizam por todo seu corpo o veneno mortal do naturalismo.

É impossível compreender esta crise profunda sem levar em conta o fato central deste século: o segundo Concílio  Vaticano. Creio que minha opinião em relação a ele é bastante conhecida para me permitir dizer sem rodeios meu pensamento: sem rechaças em bloco este Concílio, penso que é o maior desastre deste e de todos os séculos passados desde a fundação da Igreja. Na verdade não faço mais do que julga-lo pelos frutos, usando o critério que nos foi dado por Nosso Senhor (Mt.VII,16). Quando se pede ao  Cardeal Ratzinger que mostre algum bom fruto do Concílio, não sabe o que responder1; e ao perguntar um dia ao Cardeal Garrone, como um “bom” concílio havia produzido tão mais frutos, me respondeu: “não é o Concílio, são os meios de comunicação social”2.

Agora um pouco de reflexão pode ajudar ao senso comum: se  a época pós-conciliar está dominada pela revolução na Igreja, não é porque o próprio Concílio a introduziu? “O Concílio é o 1789 na Igreja”, declarou o Cardeal Suenens. “O problema do Concílio, foi assimilar dois séculos de cultura liberal”, diz o Cardeal Ratzinger. E se explica: Pio IX pelo Syllabus, havia rechaçado sem possibilidade de réplica o novo mundo surgido da Revolução, ao condenar este proposição: “O Romano Pontífice pode e deve se reconciliar e se acomodar com o progresso, com o liberalismo e com a civilização moderna”(nº 80). O Concílio, diz abertamente Joseph Ratzinger, foi um “contra-Syllabus” ao efetuar este reconciliação da Igreja com o liberalismo, particularmente por intermédio de “Gaudium et Spes”, o maior documento conciliar. Com efeito os papas do século XIX não parecem ter sabido discernir o que havia de verdade cristã, e  portanto assimilável pela Igreja, na revolução de 1789.
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DA CARIDADE NAS CHAMADAS “FORMAS DE POLÊMICA”

Pe. Félix Sardá y Salvani

(…) Ele [o liberalismo] prefere acusar incessantemente os católicos de serem pouco caridosos em suas formas de propaganda. É neste ponto, como dissemos, que certos católicos, bons no fundo, mas contaminados da maldita peste liberal, costumam insistir contra nós.

Vejamos o que dizer sobre isso. Nós, católicos, temos razão neste ponto como nos demais, ao passo que os liberais não têm nem sombra dela. Para nos convencermos disso analisemos as seguintes considerações:

1°) O católico pode tratar abertamente o seu adversário de liberal, se ele o é de fato; ninguém porá em dúvida esta proposição. Se um autor, jornalista ou deputado começa a jactar-se de liberalismo e não trata de ocultar suas preferências liberais, que injúria se faz em chamá-lo de liberal? É um princípio do Direito: Si palam res est, repetitio injuriam non est: “Não é injúria repetir o que está à vista de todos”. Muito menos em dizer do próximo o que ele diz de si mesmo a toda hora. Entretanto, quantos liberais, particularmente os do grupo dos mansos ou temperados, consideram grande injúria que um adversário católico os chame de liberais ou de amigos do liberalismo?

2°) Dado que o liberalismo é coisa má, não é faltar com caridade chamar os defensores públicos e conscientes do liberalismo de maus.

Isto é, em substância, aplicar ao caso presente a lei de justiça que foi aplicada em todos os séculos. Nós, os católicos de hoje, não fazemos inovação neste ponto, e nisto nos atemos à prática constante da antiguidade. Os propagadores e fautores de heresias foram em todos os tempos chamados de hereges, tal como os autores delas. E como a heresia foi sempre considerada na Igreja mal gravíssimo, a Igreja sempre chamou de maus e malignos os seus fautores e propagadores. Lede a coleção dos autores eclesiásticos: vereis como os Apóstolos trataram os primeiros heresiarcas, e como os Santos Padres, os polemistas e a própria Igreja em sua linguagem oficial, os imitaram. Não há assim nenhuma falta contra a caridade em chamar o mau de mau; os autores, fautores e seguidores do mau de malvados; iniquidade, maldade, perversidade, o conjunto de seus atos, suas palavras e seus escritos. O lobo foi sempre chamado de lobo, e nunca se acreditou que, por interpelá-lo assim, se fizesse algo ruim ao rebanho e a seu dono.  Continuar lendo

QUATRO CARDEAIS PRIVADOS DE CHAPÉUS?

Resultado de imagem para quatro cardeais dubiaFonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Há na praça de Saint-Sulpice, em Paris, uma fonte onde estão representados quatro bispos: Bossuet, Fénelon, Fléchier e Massillon. Ela é chamada de cum grano salis “fonte dos quatro pontos cardinais”, pois os famosos pregadores que a ornam nunca foram cardeais. É o que faltou acontecer retroativamente – e hipoteticamente – a quatro prelados romanos…

No dia 28 de novembro de 2016, Dom Pio Vito Pinto, deão do Tribunal da Rota que julga recursos de nulidade de casamentos, reagiu violentamente à decisão dos cardeais Brandmüller, Burke, Caffarra e Meisner de tornar públicas as dúbias sobre a Amoris laetitia que eles tinham submetido ao papa Francisco há dois meses, sem receber resposta. Ele os acusou de ter causado um grave escândalo que poderia fazer-lhes perder o chapéu cardinalício. Depois ele retificou, dizendo que não tinha dito isso, repetindo: “É insensato. Não pode existir um conselho de cardeais que possa pedir contas ao papa”… Mas o essencial não está aí.

Dom Pinto evocou essa hipotética sanção: os quatro cardeais poderiam perder seu chapéu, enquanto eles não querem perder a cabeça! Uma cabeça realista que não pode pensar que o verdadeiro é falso, que o mal é bem, e que não pode afirmar sim e não ao mesmo tempo. Uma cabeça teológica que acredita que o que foi revelado pelo Filho de Deus não poderia se curvar às exigências de uma modernidade biodegradável, hoje bem degradada. Uma cabeça católica que se recusa a declarar que o que é verdadeiro e bom doutrinalmente poderia se tornar falso e mal pastoralmente, em nome de uma misericórdia particularmente elástica.

O que Dom Pinto não compreende é, portanto, bem simples: para que serve manter um chapéu, mesmo cardinalício, se a cabeça que o preenche está vazia?

Abbé Alain Lorans.

OS PAPAS CONCILIARES E A MODERNIDADE

Jornal Si Si No No, Ano XLII, nº10

1º) João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 11/10/1962, disse: “ferem agora os ouvidos sugestões de pessoas (…) que, nos tempos modernos, só veem prevaricação e ruína; vão repetindo que nossa época, comparada com as passadas, foi piorando (…) A Nós parece ter que dissentir desses profetas de desgraças[1], que anunciam sempre eventos infaustos (…). Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade. (…) Não que faltem doutrinas falazes (…), mas hoje em dia parece que os homens estão propensos a condená-las por si mesmos” (Enchiridion Vaticanum, Documenti. Concilio Vaticano II, EDB, Bologna, IX ed., 1971, p.39 e p.47).

Respondemos:

a) Os tempos modernos começam com Descartes para a filosofia, Lutero para a religião e Rousseau para a política, e os seus sistemas estão em ruptura com a Tradição Apostólica, a Patrística, a Escolástica e o dogma católico. De fato, a modernidade é caracterizada pelo subjetivismo. Seja na filosofia: “Penso, logo existo”, que é a via aberta por Descartes ao idealismo para o qual é o sujeito que cria a realidade. Seja em religião, com o livre exame da Bíblia sem a interpretação dos Padres e o Magistério e com a relação direta homem-Deus sem mediadores (Lutero: “sola Scriptura” “solus Christus”). Seja em política, pois o homem não é animal social por natureza, antes é solitário, portanto é ele quem cria a sociedade temporal mediante o “contrato social”.

O subjetivismo da modernidade, unindo-se à doutrina católica, transforma-a, esvazia desde dentro, torna-a um produto do intelecto humano ou do subconsciente e não mais uma Revelação divina real e objetiva a que se tem de assentir.

A afirmação de João XXIII coincide com a essência do modernismo, tal como a descreve São Pio X na Encíclica Pascendi (08/09/1907): o conúbio entre o idealismo filosófico da modernidade e a doutrina católica, que se tornaria, assim, um produto do pensamento ou do sentimento humano.

b) Se “Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade”, isso significa que se prefere ir contra a doutrina e a prática constante da Igreja (ver Pio IX em Tuas libenter, 1863). Continuar lendo

ESCLARECIMENTO SOBRE A “EXTENSÃO” DE FRANCISCO SOBRE A VALIDADE DA CONFISSÃO NA FSSPX

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Neste dia 21 de novembro, a Santa Sé publicou a Carta Apostólica do Papa Francisco, Misericordia et misera, de 20 de Novembro. No nº 12 deste documento, o Santo Padre estende para além do Ano da Misericórdia a faculdade de confessar concedida aos padres da Fraternidade São Pio X, em 1º de Setembro de 2015:

Ao longo do Ano Jubilar, aos fiéis que por diversas razões frequentam as igrejas atendidas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, concedera a faculdade de receber válida e licitamente a absolvição sacramental de seus pecados. Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade de seus sacerdotes, afim que a plena comunhão na Igreja Católica possa ser reencontrada com a ajuda de Deus, estabeleço por decisão própria que se estenda esta faculdade para além do período jubilar, até que sejam tomadas novas disposições sobre o assunto, para que a ninguém jamais falte o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da Igreja.”

Neste dia 21 de novembro, aniversário da declaração que Dom Marcel Lefebvre fez em 1974, não se pode recordar senão a profissão de fé do fundador da Fraternidade São Pio X: “Com a graça de Deus, o socorro da Virgem Maria, de São José e de São Pio X, estamos convictos de permanecermos fiéis à Igreja Católica e Romana e a todos os sucessores de Pedro, e de sermos os ‘fideles dispensatores mysteriorum Domini Nostri Jesu Christi in Spiritu Sancto” (cf. I Cor. 4, 1 e ss.), fiéis dispensadores dos mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Espírito Santo.”

Em 1º de Setembro de 2015, a Casa Geral publicara a seguinte declaração, que continua relevante:

“A Fraternidade São Pio X tomou conhecimento, através da imprensa, das disposições que o Papa Francisco tomou por ocasião do próximo Ano Santo. No último parágrafo de sua carta de 1º de setembro de 2015 a Mons. Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o Santo Padre escreve: “Instituí por minha própria disposição que aqueles que, ao longo do Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para receber o sacramento da Reconciliação dos padres da Fraternidade São Pio X receberão a absolvição válida e lícita dos seus pecados.”

 A Fraternidade São Pio X expressa seu agradecimento ao Sumo Pontífice por este gesto paternal. No ministério do sacramento da penitência, ela sempre se apoiou, com absoluta certeza, na jurisdição extraordinária conferida pelas Normae generales do Código de Direito Canônico. Por ocasião deste Ano Santo, o Papa Francisco quer que todos os fiéis que desejam se confessar com os sacerdotes da Fraternidade São Pio X possam fazê-lo sem serem importunados.

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Nota da Edição – Dominus Est: na Declaração publicada em 2015 a FSSPX reiterou de forma clara a validade e a licitude de todos seus sacramentos, visto o atual estado de necessidade na Igreja e a consequente jurisdição extraordinária, apoiada pelo próprio Código de Direito Canônico. 

O que muda com essa “concessão” de Francisco é que as confissões deixam seu caráter extraordinário de suplência (necessidade) e passam a ser Ordinárias. Porém, na prática, isso não muda nada em relação ao período anterior à tal gesto. Se não houvesse essa “extensão”, as confissões continuariam sendo válidas e lícitas, porém voltando à jurisdição anterior de suplência. 

Para saber mais sobre a FSSPX, a “jurisdição” e o “estado de necessidade”, clique aqui.

PRELADOS ESTÃO ATENTOS ÀS “PERIPÉCIAS” DE FRANCISCO

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AUTODEMOLIÇÃO CIVILIZACIONAL

Relatório do Senado francês aponta que 2.800 igrejas em todo o país, muitas delas construídas a séculos, serão demolidas ao longo dos próximos anos sob alegação de que os custos de restauração excedem o das demolições. Em contrapartida, mesquitas islâmicas florescem por toda a França

Sensus fidei: De acordo com um relatório do Senado francês, 2.800 igrejas em todo o país, muitas delas construídas a séculos, serão demolidas ao longo dos próximos anos sob alegação de que os custos de restauração excedem o das demolições. Em contrapartida, mesquitas islâmicas florescem por toda a França.

Esta igreja, Église Saint-Jacques d’Abbeville [vídeo abaixo], uma obra neo-gótica em Abbeville, Nord-Pas-de-Calais-Picardie que remonta a 1868, foi demolida em 2013 por um custo total de 350.000 €. O raciocínio: o custo da demolição foi muito menor do que custaria a restauração.

Neo expansão islâmica

A neo expansão islâmica rapidamente progride na nova Europa maçônica anticristã e anticlerical. Um exemplo disso, a Grande Mesquita de Paris, construída em 1926, obteve recentemente um telhado moderno, totalmente retrátil, como é normalmente encontrado apenas nos estádios de futebol e centenas de novas mesquitas são construídas a cada ano para as centenas de milhares de novos muçulmanos nascidos ou que imigram na sociedade francesa, muitas vezes com dinheiro do contribuinte. Nos dois vídeos a seguir, imagens do projeto de alta tecnologia na construção do novo telhado e detalhes do suntuoso interior da mesquita.

Autodemolição civilizacional

Enquanto o número de franceses na França continua a diminuir devido às taxas de natalidade recorde de baixa, alta emigração e imigração muçulmana, por outro lado, os membros da fé católica, estão agora na maior baixa de todos os tempos. Para muitas cidades na França, especialmente nas cidades em que os cristãos são a minoria, a falta de interesse e o alto valor de propriedade dos edifícios simplesmente não justificam o custo de uma possível restauração dessas igrejas. Muitos prefeitos escolhem as demolições mais baratas. Milhares de igrejas estão sendo demolidas e sendo substituídas por shoppings, lojas, apartamentos ou estacionamentos.

A seguir, um vídeo perturbador, com imagens e informações da tv iraquiana revelando claramente o verdadeiro e mal dissimulado caráter que anima o espírito religioso muçulmano e que se esconde sob o alarmante incentivo das novas políticas migratórias impostas pela União Europeia. Infelizmente, o nível de compreensão do afetado cidadão-zumbi da nova ordem mundial está muito longe de perceber que ele próprio é protagonista no suicídio de nossa civilização.

Fontes de consulta:

The European Union Times – France is Demolishing Thousands of Churches, Building Mosques

Tradition in Action – Europe Chastised & a Deeper Look at Islam

COMUNICADO DO SUPERIOR DO DISTRITO DA FSSPX NA FRANÇA SOBRE A DECLARAÇÃO CONJUNTA ENTRE O PAPA E A IGREJA LUTERANA

bouchacourt_161024Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ao ler a declaração conjunta que o Papa fez com os representantes da igreja luterana na Suécia, em 31 de outubro, por ocasião do quinto centenário da revolta de Lutero contra a Igreja Católica, nossa dor atinge seu ponto máximo.

Diante do verdadeiro escândalo que tal declaração representa, onde se sucedem os erros históricos, graves violações à pregação da fé católica e um falso humanismo, fonte de tantos males, não podemos permanecer calados.

Sob o falso pretexto do amor ao próximo e do desejo de uma unidade artificial e ilusória, a fé católica é sacrificada no altar do ecumenismo que põe em perigo a salvação das almas. Os erros mais gritantes e a verdade de nosso Senhor Jesus Cristo são colocadas em pé de igualdade.

Como “podemos ser gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma“, enquanto Lutero manifestou um ódio diabólico pelo Sumo Pontífice, um desprezo blasfemo pelo Santo Sacrifício da Missa, assim como uma recusa da graça salvífica de Nosso Senhor Jesus Cristo? Ele também destruiu a doutrina eucarística, negando a transubstanciação, desviou as almas da Santíssima Virgem Maria e negou a existência do Purgatório.

Não, o protestantismo não trouxe nada ao catolicismo! Ele arruinou a unidade da cristandade, separou nações inteiras da Igreja Católica, mergulhou as almas no erro colocando em perigo sua salvação eterna. Nós, católicos, queremos que os protestantes retornem para o único rebanho de Cristo, que é a Igreja Católica, e rezamos por esta intenção.

Nestes dias em que celebramos todos os santos, apelamos a São Pio V, São Carlos Borromeu, Santo Inácio e São Pedro Canísio, que combateram heroicamente a heresia protestante e salvaram a Igreja Católica.

Nós convidamos os fiéis do Distrito da França a rezarem e fazerem penitência pelo Papa, afim que Nosso Senhor, do qual ele é o Vigário, o preserve do erro e o mantenha na verdade, da qual ele é o guardião.

Convido os sacerdotes do distrito a celebrar uma missa de reparação e organizar uma Hora Santa diante do Santíssimo Sacramento para pedir perdão pelos escândalos e suplicar a Nosso Senhor que acalme a tempestade que sacode a Igreja por mais de meio século.

Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, salve a Igreja Católica e rogue por nós!

Pe. Christian Bouchacourt, Superior do Distrito da França da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

Suresnes, 02 de novembro de 2016, comemoração de todos os fiéis defuntos

 

MAIS HORROR: HOMENAGEM PRESTADA À ESTÁTUA DE LUTERO NO VATICANO POR VONTADE DO PAPA FRANCISCO

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Quinta-feira, 13 de outubro de 2016, aniversário do Milagre do Sol em Fátima, a estátua de Lutero adentra ao Vaticano por vontade do Papa Francisco!

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O que nos une é muito maior do que aquilo que nos separa”. Isto é o que o Sumo Pontífice repete à exaustão quando ele quer, a marcha forçada, promover um ecumenismo que vai contra os ensinamentos do Magistério anterior ao funesto Concílio Vaticano II.

É assim que ele será a testemunha voluntária e participativa dos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, ao lado dos protestantes suecos. 500º aniversário que será comemorado ao longo de todo o ano de 2017, e que se inscreverá amplamente no diálogo dito “Luterano-Católico”. Continuar lendo

A “BONDADE” DE JOÃO XXIII

Pe. Michel Simoulin, FSSPX

“João XXIII entrou para a história como o ‘Papa buono’ (Papa bom). A esse respeito, é licito se perguntar se ‘Papa buono’ equivale a bom papa” – cardeal Silvio Oddi[1].

A lista dos livros, estudos e artigos escritos que celebram a “bondade” desse papa é longa demais para ser relacionada aqui. O ponto culminante — e, parece, definitivo — dessa celebração é representado pela promulgação, em 20/12/1999, do decreto sobre as “virtudes” heroicas do servo de Deus, João XXIII. Isso pareceu colocar termo à discussão. Todavia, não podemos esquecer outros estudos e artigos publicados para destacar falhas e fraquezas desse mesmo papa[2]. Até o discurso dirigido ao papa atual[3] pelo prefeito da Congregação da Causa dos Santos, em 20/12/1999, suscita algum espanto. Com efeito, se as virtudes louvadas em Pio IX são belas virtudes cristãs (zelo pastoral infatigável, intensa vida de oração, profunda vida interior), as de João XXIII são estranhamente novas, até mesmo desconhecidas da Teologia Ascética e Mística:

“Esse pontífice promoveu o ecumenismo, preocupou-se em desenvolver relações de fraternidade com os ortodoxos do Oriente que conhecera na Bulgária e em Istambul, desenvolveu relações mais intensas com os anglicanos e com o mundo multicolorido das Igrejas protestantes. Agiu de modo a lançar as bases de uma nova atitude da Igreja Católica para com o mundo judaico, fazendo uma decisiva abertura ao diálogo e à colaboração. Em 4 de junho de 1960, criou o Secretariado para a Unidade dos Cristãos. Promulgou duas encíclicas relevantes, Mater et Magistra (20 de maio de 1961) sobre a evolução social à luz da doutrina cristã e Pacem in Terris (11 de abril de 1963) sobre a paz entre todas as nações. Visitou hospitais e prisões e mostrou-se sempre próximo, pela caridade, dos sofredores e dos pobres da Igreja e do mundo”[4].

Se excetuarmos o devotamento às obras de misericórdia corporal, todas as virtudes de João XXIII são virtudes… ECUMÊNICAS!

Por conseguinte, parece-nos lícito ainda hoje estudar e examinar a “bondade” que deveria ser a santidade de João XXIII. Não se trata de negar a possibilidade de que hoje esteja na glória de Deus, mas, uma vez que ser beatificado significa ser proposto à veneração e à imitação dos católicos, trata-se de saber se, verdadeiramente, é permitido imitar a “bondade” do Papa João. Continuar lendo

BERGOGLIO E LUTERO

Resultado de imagem para bergoglio e luteroDentro de poucos dias o papa Bergoglio irá à Suécia participar das comemorações do quinto centenário da revolução luterana.

O gesto do pontífice, embora não nos surpreenda, não deixa de desconcertar-nos. Não nos surpreende porque seu predecessor João Paulo II agia nessa direção, tendo mandado depositar flores na campa do heresiarca, e os teólogos da Nouvelle Theologie, condenados por Pio XII e reabilitados após o Vaticano II, não escondiam sua admiração pelo falso reformador, monge crapuloso, comilão e beberrão, inventor da máquina de genocídio do mundo moderno. Não nos surpreende porque na nova religião há quem chegue a manifestar, senão simpatia, ao menos compreensão por Judas Iscariotes, dizendo que ninguém pode julgá-lo, num esforço vão de inocentar o filho da perdição.

Entretanto, o gesto de Bergoglio nos desconcerta porque de um papa, principalmente em se tratando de um filho de Santo Inácio de Loyola, queríamos poder esperar que seguisse o exemplo de seus irmãos maiores São Roberto Belarmino, São Pedro Canísio e tantos outros gloriosos santos jesuítas.

Com efeito, no quinto centenário da falsa reforma luterana, os católicos tínhamos o direito de esperar que o papa renovasse as condenações de Leão X e do Concílio de Trento contra os erros dos pseudo-reformadores e exortasse os hereges de hoje, herdeiros dos erros do século XVI, a abjurar suas doutrinas heréticas e a voltar para o seio da única Igreja de Cristo. Continuar lendo

O CIRCO DA IGREJA CONCILIAR

Terceiro dia da Novena a Nossa Senhora Aparecida (5 de outubro de 2016) no Santuário Nacional de Aparecida.

Até quando Nosso Senhor permitirá essa profanação da Casa de Deus? Esse desprezo por tudo que é sagrado e a exaltação do profano e do sacrílego?

Veja também:

9 de outubro de 2013: Novena da Padroeira, o carnaval continua em Aparecida.

8 de outubro de 2012: No “Espírito de Aparecida”: discípulos-missionários ou ridículos-salafrários?

BASTA DE “CATOLICISMO CONFORTÁVEL”. A IGREJA DEVE SE PREPARAR PARA A PERSEGUIÇÃO

A Escritura diz: Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a guerra, e os meus dedos para a batalha (Sl 144: 1). Preparar as pessoas para a guerra — uma guerra moral e espiritual, e não uma guerra de tiros — deve incluir uma definição clara diante dos erros de nosso tempo, e uma aplicação clara e amorosa da verdade sobre o erro e a luz sobre a escuridão

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Mons. Charles Pope – LifeSiteNews | Tradução Sensus fidei:

Há uma consternação crescente entre alguns católicos no sentido de que a Igreja, pelo menos em sua liderança, está vivendo no passado. Parece que não há consciência de que estamos em guerra e que os católicos precisam ser convocados à sobriedade, à progressiva separação da cultura dominante, ao corajoso testemunho e contínuo martírio.

Já vai longe a escuridão sobre nossa cultura, mas na maioria das paróquias e dioceses, acontece de tudo, menos o alarme sóbrio realmente necessário em tempos como estes.

A Escritura diz: Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a guerra, e os meus dedos para a batalha (Salmo 144: 1). Preparar as pessoas para a guerra — uma guerra moral e espiritual, e não uma guerra de tiros — deve incluir uma definição clara diante dos erros de nosso tempo, e uma aplicação clara e amorosa da verdade sobre o erro e a luz sobre a escuridão. Continuar lendo

FÁTIMA VERSUS ASSIS

francois_assise_160920Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Aos 13 de maio de 1917, a Virgem apareceu em Fátima para pedir que rezássemos o terço todos os dias a fim de obtermos a paz no mundo e o fim da guerra. Dois meses depois, em 13 de julho , ela reitera seu pedido: “Eu quero que vocês continuem a rezar o terço todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter o fim da guerra e a paz no mundo. “

Em 20 de setembro de 2016, no Dia Mundial de Oração pela Paz, não houve menção alguma a Nossa Senhora do RosárioSeu divino Filho, único mediador dado por Deus aos homens, teve na pessoa do seu Vigário na terra a permanência com infiéis e pagãos, com os inimigos jurados da Cruz, bem como com as seitas que estão dilacerando sua igreja.

O católico sabe bem onde encontrar a paz nesta terra, que é o fruto da caridade. Ubi Crux, pax ibi. Se queremos paz, devemos pregar Jesus Cristo integralmente, e trabalhar para expandir sobre a terra o reino de Deus, isto é, o reinado de Cristo sobre os indivíduos, as famílias e as sociedades. Só Ele é o Príncipe da Paz – Princeps Pacifer (liturgia da festa de Cristo Rei).

São Paulo proclama: “É Ele, Jesus Cristo, que é nossa paz …”Ef 2, 14 ).

O espírito da Cruz de Cristo e a honra a Nossa Senhora: isso é mais do que nunca, o objetivo da Cruzada de Rosários que a FSSPX lançou para comemorar o centenário de Fátima . E reparar o escândalo de Assis.

Pe. Christian Thouvenot , Secretário-Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

“ROMA PERDERÁ A FÉ”— 170 ANOS DE LA SALETTE

Relativamente à aparição da Santíssima Virgem em “La Salette”, como a qualquer outra manifestação do Céu sobre a terra, nossa curiosidade humana procura saber o que o Céu foi levado a dizer à terra. Mas é antes o atrativo do divino e a solicitude com a nossa santificação que nos deveria impelir a conhecer estas revelações. Por isso, daremos, duma parte, “in extenso”, as revelações feitas por Maria a 19 de setembro de 1846, em La Salette, doutra parte esperamos que tendo sido a inteligência instruída com estas coisas, a vontade será então fortificada, para que daí venha a santificação das almas: é o objetivo de Nossa Senhora, o qual deve ser o nosso. Que os curiosos sem desejo de santidade se abstenham de continuar a ler, pois se arriscariam de não compreender a Santíssima Virgem; os que, porém, querem se santificar que tirem proveito disso.

A 19 de setembro de 1846, duas crianças, Maximino Giraud e Melânia Calvat, originário de Corps no departamento de Isère, na França, guardam as suas vacas nos arredores do lugarejo de La Salette. Eis aqui o que Melânia escreverá desde 1860 e que publicará em 1875, com o “imprimatur” de Dom Zola, bispo de Lecce na Itália. Aí ela confia o texto do seu segredo que havia escrito e transmitido, como Maximino fizera com o seu, ao Papa Pio IX, em julho de 1851. 

… Tendo despertado e não vendo as nossas vacas, chamei Maximino e subi o pequeno montículo. De lá, tendo visto que as nossas vacas estavam tranqüilamente deitadas, eu descia de novo e Maximino subia, quando subitamente vi uma magnífica luz, mais brilhante que o sol e mal pude dizer estas palavras: “Maximino, vês, lá embaixo? Ah! meu Deus!” Ao mesmo tempo deixo cair o bordão que tinha na mão. Não sei o que se passava de delicioso em mim nesse momento, mas eu me sentia atraída, experimentava um grande respeito cheio de amor, e meu coração teria querido correr mais depressa do que eu. Continuar lendo

ESTUDO SOBRE O NATURALISMO DOS “MISTÉRIOS LUMINOSOS” DO PAPA JOÃO PAULO II – PARTE 4/4

Fonte: SSPX Asia – Tradução: Dominus Est 

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Frutos do Rosário

Se for necessária uma última prova sobre todo esse espírito naturalista da carta apostólica, ele encontra-se na discussão sobre os frutos do Rosário. Há, antes de tudo, uma reinterpretação humanista das graças a serem recebidas pela meditação dos mistérios, especialmente nos mistérios dolorosos e gloriosos. Tradicionalmente, meditamos os mistérios dolorosos em reparação aos nossos pecados e aos pecados do mundo, para que assim cresçamos em contrição e, ao sermos purificados das desordens da nossa sensualidade e orgulho, possamos carregar nossa cruz. Todavia, de acordo com a Carta Apostólica de João Paulo II, os mistérios dolorosos são simplesmente “o ápice da revelação do amor e a fonte da nossa salvação” que revela “o mesmo sentido do homem” através da “força regeneradora” do “amor de Deus” (§22). Essa é uma consequência direta da nova teologia naturalista do Mistério Pascal, que diz que não há necessidade de penitência, sacrifício e satisfação dos pecados. O sofrimento humano de Cristo simplesmente nos dá um maior conhecimento da humanidade em comum (isto é, do próprio “sentido do homem”). Visto assim, esse humanismo é em si mesmo uma revelação do amor de Deus, pois Cristo é a melhor manifestação humana desse amor. Pode-se facilmente ver que nenhum fruto sobrenatural pode vir dessa nebulosa experiência, pois ela não nos atrai ao paraíso, nem nos inspira a desprezar as coisas da terra e abraçar nossa cruz.

A mesma coisa pode se dizer das graças que se obtêm dos mistérios gloriosos. Tradicionalmente, eles nos dão as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e nos dão um fervente desejo pelo Paraíso, além da humilde devoção e confiança na Santíssima Virgem Maria. Já na Carta Apostólica é dito que nos mistérios gloriosos “o cristão descobre novamente as razões da própria fé” (§23) — algo que não faz sentido algum para aqueles que acreditam que a Fé é um dom gratuito de Deus aceito por causa da autoridade D’Ele e porque Ele não pode enganar nem ser enganado. Apenas uma fé [puramente] humana procuraria confirmações desse tipo. Ademais, o Papa João Paulo II resume os frutos dos mistérios gloriosos dizendo que eles “alimentam nos crentes a esperança da meta escatológica, para onde caminham como membros do Povo de Deus peregrino na história” (§23). Essa estranha expressão indica que o propósito desses mistérios é ajudar crentes de todos os tipos (pois a ambígua expressão “o povo de Deus” é deliberadamente estendida aos que não são católicos), e ajudá-los na “história” — ou seja, nesta terra — em que a própria Igreja é uma peregrina que não sabe para onde os tempos modernos e as mudanças a levam, embora Ela sempre tenha uma mente aberta. A escatologia é o estudo do destino final, mas aqui o termo “meta escatológica” é usado em sentido ambíguo, de modo que ele muito bem poderia se referir ao destino final do povo de Deus na busca da paz e justiça terrenas, assim como na busca de uma vida perene. Novamente a perspectiva naturalista torna a verdadeira graça ausente. Continuar lendo

ESTUDO SOBRE O NATURALISMO DOS “MISTÉRIOS LUMINOSOS” DO PAPA JOÃO PAULO II – PARTE 3/4

Fonte: SSPX Asia – Tradução: Dominus Est

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Os “melhoramentos” do Rosário

A mais óbvia das melhoras a ser feita no Rosário é a adição de uma nova série de cinco dezenas para ser recitada após os Mistérios Gozosos (§19 e §21). A escolha desses novos mistérios, que o Papa chama de “momentos luminosos”, não é de maneira alguma por acaso. Há um esforço deliberado para evitar os dois principais fatores que contribuíram para que São Domingos determinasse as 15 dezenas as quais estamos acostumados. Primeiro, os mistérios foram dados a ele pela Tradição, e em segundo esses mistérios são eventos objetivos da nossa Redenção. Os 15 mistérios do Rosário como o conhecemos são eventos que aconteceram e que constituíram etapas importantes no cumprimento da Redenção, seja pela Encarnação (no caso dos Mistérios Gozosos), seja pelo mérito e reparação (como nos Mistérios Dolorosos), seja pela causalidade exemplar (como nos Mistérios Gloriosos). Os três conjuntos de mistérios são necessários a nossa redenção, e não poderia ser de outra maneira. É verdadeiro que muitos dos mistérios estão na Sagrada Escritura, todavia, não é por essa razão que eles foram incluídos no Rosário. Eles foram incluídos porque a Tradição católica vivente transmitiu até São Domingos como os mistérios da nossa redenção precisam ser meditados através do Rosário. Por conseguinte, é completamente falso chamar o Rosário de “compêndio do Evangelho” (§19) como ele é chamado na Carta Apostólica. Da mesma maneira, não está de acordo com a Tradição católica — portanto não é católico — querer adicionar cinco mistérios “para que o Rosário possa considerar-se mais plenamente ‘compêndio do Evangelho’” (§19). Ademais, não é surpreendente notar que os mistérios de luz propostos não são eventos da nossa Redenção. São apenas belos episódios do Evangelho e palavras para nos encorajar. Consequentemente, a inserção desses trechos no Rosário obscurece a realidade e a importância da redenção objetiva que o Rosário tradicional representa. Além disso, os novos mistérios são histórias do Evangelho que a Tradição nunca ligou de qualquer maneira ao Rosário. Para acrescentar mais elementos antagônicos ao verdadeiro aspecto mariano da devoção ao Santo Rosário, apenas um desses mistérios menciona a presença e o papel de Nossa Senhora — e apenas de passagem — na ocasião da bodas de Caná. A Santíssima Mãe não está de maneira alguma presente nos demais mistérios. É o caso de se perguntar o que eles estão fazendo no Rosário além de levar sub-repticiamente a atenção para longe de Nossa Senhora.

Citemos esses cinco “momentos” “luminosos” e “significantes” (§21): O batismo de Cristo no Jordão, sua auto-revelação nas bodas de Caná, seu anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão, sua Transfiguração e, enfim, a instituição da Eucaristia. Você pode legitimamente se perguntar por que esses episódios do Evangelho e o quê esses episódios têm em comum para merecer o título de “mistérios de luz”. Evidentemente não têm nada a ver com Nossa Senhora, ou mesmo com a redenção objetiva. Continuar lendo

O PRETENCIOSISMO TEILHARDIANO DO “PREGADOR DA CASA PONTIFÍCIA”

Resultado de imagem para Raniero Cantalamessa heresiapor Christopher A. Ferrara

Durante as Vésperas do “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”, o Padre Raniero Cantalamessa, o velho Modernista que tem sido o “Pregador da Casa Pontifícia” ao longo dos últimos 36 anos, pronunciou esta tolice durante a sua pseudo-homilia:

Quanto tempo teve o universo de esperar até chegar a este ponto?! Foram precisos biliões de anos, durante os quais a matéria opaca evoluiu rumo à luz da consciência, como a seiva que lentamente sobe desde debaixo da terra até ao cimo da árvore, para fluir nas suas folhas, flores e frutosAtingiu-se finalmente esta consciência quando “o fenómeno humano”, como Teilhard de Chardin lhe chama, apareceu no universoMas agora, tendo o universo atingido esse objetivo, detém-se na expectativa de que os seres humanos façam o seu dever tomando a seu cargo a tarefa, por assim dizer, de regerem o coro e entoarem, em nome de toda a Criação: “Glória a Deus nas alturas!”

Claro que tudo isto é panteísmo rançoso: O “universo” fez nascer a consciência humana — não foi Deus, Uno e Trino, pela criação especial de Adão e Eva, a quem deu uma alma racional. Outro tanto teremos de dizer quanto à narrativa da Criação no Génesis e quanto ao ensinamento infalível da Igreja sobre a descendência de toda a raça humana, proveniente dos nossos primeiros pais que, no Paraíso, pecaram contra Deus perdendo a Graça.  -Não! Segundo o que diz “o Pregador da Casa Pontifícia,” a consciência humana é uma coisa que parece que borbulhou da “matéria opaca” para fora — uma superstição rude e digna de idólatras pagãos da selva. Continuar lendo

ESTUDO SOBRE O NATURALISMO DOS “MISTÉRIOS LUMINOSOS” DO PAPA JOÃO PAULO II – PARTE 2/4

Fonte: SSPX Asia – Tradução: Dominus Est

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Naturalismo, o defeito primordial da carta

Há um espírito que não se menciona explicitamente na carta, mas toda ela é permeada por ele: é o naturalismo. Embora lá se diga que o Rosário é uma “contemplação salutar” (§13), não há qualquer menção sobre como ele ajuda na salvação, isto é, como ele pode dar a graça divina, inspirar mortificação e sacrifício, elevar as almas à verdade sobrenatural e eterna e ao amor sobrenatural a Deus. Eliminar essa clara distinção entre as ordens natural e sobrenatural — e eliminar a menção de qualquer coisa especificamente sobrenatural — é o erro modernista de Henri de Lubac que o Papa Pio XII condenou em sua encíclica Humani generis.

A evidência de que o erro naturalista permeia a carta Rosarium Virgnis Mariae reside no fato de que toda afirmação lá feita acerca de meditação e Rosário poderiam ser tanto interpretada facilmente em termos de meditação natural (isto é, de uma experiência psicológica) quanto em termos de meditação sobrenatural. Citemos alguns exemplos disso a seguir.

Afirma-se que “O contemplar de Maria é, antes de mais, um recordar” (§13); e que o “Rosário” de Maria consistia nas lembranças que tinha de seu Filho (§11); e que essa “oração marcadamente contemplativa” “por sua natureza (…) requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar” (§12).

A meditação sobrenatural vai muito além da pura lembrança, pois ela preenche a alma com a convicção e o desejo de amar e se sacrificar pelo amado. Ademais, meditação sobrenatural não é produto de um mantra ou produto da maneira em que alguma oração particular é dita — como são as meditações naturais da yoga e de religiões orientais. Continuar lendo

ESTUDO SOBRE O NATURALISMO DOS “MISTÉRIOS LUMINOSOS” DO PAPA JOÃO PAULO II – PARTE 1/4

Apresentamos um Comentário do Padre Peter R. Scott – FSSPX, que dividimos em 4 partes para publicação, sobre o Naturalismo da Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae de João Paulo II, publicada em 16 de outubro de 2002.

Fonte: SSPX Asia – Tradução: Dominus Est

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Naturalismo e o Rosário

Não deve existir nada que possa alegrar tanto o coração de um católico tradicional como uma carta apostólica de um papa sobre o Rosário. O que poderia ser mais propício para a renovação da devoção à Nossa Senhora? O que de mais poderoso poderia superar a impiedade dos nossos tempos? O que, em última análise, poderia estar mais de acordo com os pedidos de Nossa Senhora de Fátima sobre a consagração e o triunfo do Imaculado Coração? O que de fato poderia ser mais efetivo como resposta ao ecumenismo, à liberdade religiosa e aos outros erros do Concílio Vaticano II, incompatíveis como são com a verdadeira devoção à Nossa Senhora?

Entretanto, nosso entusiasmo inicial acerca de um pronunciamento papal sobre o Rosário se esvaece tão logo estudamos a carta e percebemos que ela é uma tentativa velada de promover o naturalismo da revolução pós-conciliar, e isso vem disfarçado no tratamento dado à mais tradicional devoção que os católicos conhecem. Como isso poderia ser possível? Como poderia um papa errar recomendando o Rosário? Como poderia Nossa Senhora abandonar aqueles que continuam a recitar suas Ave-Maria? Como poderia um católico criticar um papa que diz que o Rosário é “sua oração predileta”, “Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade” (§2)? Continuar lendo