A RELIGIÃO DOS MODERNISTAS PÓS-CONCILIARES – CARACTERÍSTICAS

Fonte: Corsia dei Servi – Tradução: Gederson Falcometa

Muitas declarações e ações da hierarquia católica que se sucedem a um ritmo cada vez maior são cada vez menos explicáveis como desvios marginais da reta doutrina.

Parece mais a emersão de uma versão humanitária da nossa Santa Religião, a qual gradualmente, com os aplausos dos teólogos e dos operadores da comunicação, conquistou o centro da cena, a ponto de ser pregada abertamente como a doutrina atual da Igreja.

As ideias vetoriais do modernismo inoculadas no catolicismo na sequência da revolução joanina atuaram nestes anos conciliares, provocando uma transmutação alquímica do catolicismo, de uma religião revelada tendo por finalidade a salvação das almas para um humanismo filantrópico que apoia o poder mundano.

Nesta versão diluída do cristianismo ad usum delphini dois aspectos se destacam principalmente, o historicismo e o naturalismo.

Historicismo

Com o historicismo se abandona as categorias verdadeiro-falso e bom-mau a favor de uma concepção evolucionista em que cada expressão e ação deve ser julgada de acordo com o momento histórico em que aconteceu: o verdadeiro e o bom são prisioneiros do tempo. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 15 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DOS SANTOS

Discourses on the Sober Life (Discorsi della vita sobria) Being the Personal Narrative of Luigi Cornaro (1467-1566, A. D.) [Illustrated Edition] (English Edition) por [Luigi Cornaro]

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Todos os santos devem sua recompensa eterna, em grande parte, à graça da paciência. Sua coroa no céu não será devida tanto ao que fizeram por Deus, mas ao que sofreram por Ele. Neles, a paciência tem sua obra perfeita (Tiago 1,4), e essa obra tem sido prepará-los para as alegrias eternas do Céu.

Oh, quão gratos eles serão a Deus pela paciência que Ele lhes deu para sofrer voluntariamente por Ele! Quão gratos serão pelos sofrimentos que lhes proporcionaram uma felicidade inexprimível e uma paz que não conhece fim.

Os santos, enquanto ainda estão na terra, têm uma visão mais verdadeira de todos os eventos da vida do que nós. Eles valorizam, acima de tudo, mesmo enquanto ainda estão sofrendo, as cruzes e aflições que Deus lhes envia. Os apóstolos consideraram uma alegria sofrer afrontas por causa de Cristo. “Nos gloriamos na tribulação”, diz São Paulo. Continuar lendo

SANTO TOMÁS PROPÕE A VINGANÇA COMO VIRTUDE. MAS, VINGANÇA NÃO É ALGO RUIM?

A criação, a cosmologia e o pensamento de São Tomás de Aquino

Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

Entre as virtudes sociais, isto é, aquelas que facilitam a vida dos homens na sociedade, Santo Tomás enumera a vindicta – que deveria ser traduzida como “punição justa” para evitar o sentido pejorativo que a palavra “vingança” tem. É uma virtude ligada à virtude cardeal da justiça, que consiste em punir o malfeitor pelo crime cometido.

Infelizmente, quando se trata de punir criminosos, o mundo moderno parece oscilar entre dois extremos: rigor desproporcionado e leniência exagerada. Portanto, é necessário esclarecer o que entendemos como “vingança”, punição justa.

Não há duvida de que restaurar a ordem perturbada por uma ação má é uma obra boa e virtuosa, exigida pela justiça em si e pela necessidade de manter a ordem social. Porém, em razão de nossa natureza decaída, quando se aplica uma punição, é muito fácil se deixar levar por motivos pecaminosos (raiva desordenada, ódio do criminoso, etc), o que faria a punição perder sua justiça, seu caráter virtuoso, tornando-a um verdadeiro pecado.

Santo Tomás explica: Continuar lendo

FRANCISCO FALA DE SEU SUCESSOR: JOÃO XXIV. E TALVEZ POSSAMOS DIZER ALGO SOBRE

Bergoglio parla del suo successore: Giovanni XXIV. E forse possiamo dirvi qualcosa.

Em seu voo de retorno da Mongólia, o Papa Francisco deixou claro que, se não puder ir ao Vietnã durante a sua próxima viagem internacional, o seu sucessor, João XXIV, poderá ir em seu lugar (literalmente).

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

Talvez possamos contar mais sobre essa figura e a era que ele inaugurará.

João XXIV será italiano e de ideias controversas. Ele terá um pontificado curto. Estará aberto ao mundo moderno e pronto para liderar uma igreja de misericórdia . Ele convocará um novo Concílio que será concluído por seu sucessor. Nele e com ele triunfarão os erros condenados pela Igreja: ecumenismo indiferentista, colegialidade-sinodalismo, liberalismo religioso, liturgia protestantizada. 

Será impressionante porque estes miasmas anticatólicos serão aceitos por muitos fiéis, embora já tenham sido definitivamente condenados na: Auctorem Fidei, Mirari Vos, Qui Pluribus, Sillabo, Libertas, Pascendi, Notre Charge Apostolique, Quas Primas, Mortalium Animos, Humani Generis , e em muitos outros documentos papais. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 14 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DE JESUS CRISTO

COMO FOI SUA SEMANA SANTA? – Vocação de Jesus

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Assim como em todas as outras virtudes, também na paciência Jesus Cristo é nosso Mestre e Exemplo.

Ninguém jamais sofreu como Ele sofreu e, portanto, ninguém teve que exercer tanta paciência como Ele exerceu.

Quão paciente Ele foi com aqueles que O insultaram e abusaram! Jamais houve uma palavra de indignação, jamais um olhar raivoso, nada além de doçura e bondade. “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.

Oh, quando serei capaz de imitar a paciência de Jesus? Quando me aproximarei, mesmo à distância, do Modelo Divino que professo imitar? Quão paciente Ele foi com Seus Apóstolos! Como a aspereza, o egoísmo e a estupidez deles devem tê-lo desagradado! Continuar lendo

MARX SERIA CONSERVADOR HOJE?

Camiseta Tio Karl Marx | VandalFonte: Ricognizioni – Tradução: Gederson Falcometa

Um fantasma assombra o dourado mundo progressista: a suspeita de que Marx hoje não se daria bem com a atual esquerda político-cultural “fúcsia”, do Partido Democrata de marca Schlein ao espanhol Sànchez até mesmo as brigadas woke americanas e aos autodenominados Social justice Warriors da extrema-esquerda financiados por bilionários. Há anos a tese é tematizada na França, sobretudo por Jean Paul Michéa, que se define como socialista, mas não “de esquerda”. Agora a desconfiança ecoa nas considerações de uma pensadora suíça, Elena Louisa Lange. Um artigo no semanário alemão Die Weltwoche causou sensação. “Vale a pena perguntar o que Marx, um lutador contra a censura prussiana, pensaria da cultura do cancelamento da esquerda hoje, o que Marx pensaria dos Verdes alemães, cuja política é baseada em um novo coletivismo centrado no vírus ou na mudança climática.” E em um belicismo desatinado, representado pela ministra Annalena Baerbock, que contradiz décadas de pacifismo de arco-íris.

A Lange identifica o momento decisivo da esquerda ocidental na contracultura nascida na década de 1960 e na Escola de Frankfurt. Os frankfurtianos partiram do pensamento de Marx, mas para revira-lo como a uma meia, até perderem o interesse pelo elemento básico, a abolição da propriedade privada como elemento fundamental da libertação da humanidade. O próprio internacionalismo era íntimo deles: optaram por um cosmopolitismo abstrato, cuja saída paradoxal era o subjetivismo mais exaltado, ponto de encontro com o liberalismo. Herbert Marcuse, figura chave daqueles anos, Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, embora fortemente marcados pelo marxismo clássico, nunca se interessaram “pela emancipação social das classes trabalhadoras. Adorno e companhia, influenciados pela experiência de Auschwitz, substituíram a luta de classes pela política de identidade judaica, Marcuse viu o sujeito revolucionário nos danados da Terra (Frantz Fanon), no Terceiro Mundo, nas mulheres, nos negros e nos homossexuais.”

Não concordamos com o julgamento relativo a Adorno e Horkheimer: os dois certamente foram influenciados pela raiz judaica – comum a todos os frankfurtianos – mas seu alvo polêmico era sobretudo a sociedade autoritária – símbolo de uma espécie de eterno fascismo (A personalidade autoritária ) e a cultura de massa (Dialética do Iluminismo), que detestavam em nome de um intelectualismo elitista. A falta de interesse pelo destino do proletariado e seus problemas concretos é evidente. Na verdade, eles acreditavam que a classe trabalhadora não era nada revolucionária, mas sim interessada em melhorar sua condição econômica e social, portanto conservadora. Continuar lendo

A COSMOVISÃO DA LAGARTIXA

Fonte: Permanência

Hoje, para variar e para descansar o leitor, vamos falar da lagartixa. Antes disso, devo dizer que, nas meias horas de descanso depois das refeições receitadas pelo Dr. Stans Murad, costumo esticar-me num sofá, perdão, num sofanete, para ser mais exato, e então, sem saber como e quando começou, costumo deixar correr a lembrança dos dias idos e vividos ou das pessoas idas e mortas. Entrego a memória a seus caprichos e ponho-me de camarote a assistir às avessas, e de surpresa, às cenas desse teatro de amadores mal ensaiados que se chama vida. É o meu luxo, é o último regalo que os ferozes deveres de estado me concedem. Desta maneira, misturando à água da memória o vinho da ficção, invento a vida que não tive, viajo, vejo terras e mares que não vi, revivo amores que não vivi

Many and many years ago,

In a kingdom by the sea…

Nem sempre é ameno este exercício. Às vezes, como cobra escondida na moita, salta-me diante dos olhos um quadro vivíssimo  que supunha morto ou dormido, ou vara-me o ouvido do coração uma palavra, um timbre, um grito, que me quebra o repouso com uma descarga elétrica de dor. Mas também muitas vezes logro repassar momentos de tão intensa doçura — ora no gosto fresco de um alvorecer, ora na suavidade silenciosa de um entardecer — que me dão esquecimento de todos os azedumes provados… Outras vezes, simplesmente cochilo até que toque um dos sete despertadores dos sete deveres de estado.

*

Ora, ontem, quando me punha no decúbito dorsal aconselhado pela sábia e amiga solicitude do Dr. Stans Murad, que é meu amigo pessoal, e declarado inimigo pessoal da morte, especialmente da morte súbita (A subitanea et improvisa morte libera nos, Domine), no momento em que me preparava para desatar as amarras da fantasia, vi no teto uma lagartixa a andar desembaraçadamente no seus afazeres de lagartixa, movendo-se ao arrepio das leis da gravitação, mas certamente ao saber de outras leis que desconheço, mas respeito.

Feliz animal! Lá no teto, com a maior naturalidade do mundo, a lagartixa vê tudo de pernas para o ar, vê pesados móveis grudados num teto sem nenhuma lei a favor de tal postura, e vê em decúbito dorsal uma grande pobre lagartixa humana, estendida no sofanete, imóvel, vivendo só pelo ardor dos olhos e pela angústia do semblante. Lacerta agilis, se tivesses nas tuas frias veias uma centelha daquilo que nos faz entender, e principalmente desentender, saberias lá no teu teto que o mundo cá embaixo anda ainda muito mais de pernas para o ar do que te parece. Tua tranqüilidade, ó Lacerta agilis, vem do fato de não seres absurda. És o que és, e moves-te em conformidade com o que és. Nós, não. Nós não sabemos exatamente o que somos, e quando o sabemos é para logo observarmos que certamente, certíssimamente, não vivemos segundo o que verdadeiramente somos. Continuar lendo

ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO TRABALHO DA FSSPX NA ÁSIA

Medical Mission

Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est

Queridos amigos e benfeitores,

Mais uma vez, escrevemos com notícias do Apostolado aqui no Extremo Oriente. Vocês poderão encontrar nesta revista APOSTLE (links no final do texto) os vários trabalhos que realizamos na vinha do Senhor, para a salvação das almas.

Uma das maiores tentações que os católicos podem encontrar nestes tempos estranhos é a do desespero. Um católico pode viajar para qualquer país do mundo e encontrar inúmeros casos de desânimo e dificuldade na prática da nossa santa fé. Repetidas vezes ouvimos os gritos dos fiéis pedindo por mais ajuda, mais tempo, mais respostas para os problemas que enfrentam em um mundo pagão. São gritos altos e desesperados que não podem ser ignorados!

É a virtude sobrenatural da esperança que fornece as respostas e os recursos para enfrentar as situações “impossíveis” que encontramos todos os dias. É, precisamente, a esperança e a confiança na Providência Divina que nos dão a força e a perseverança para superar as tentações do desespero e da tristeza durante estes tempos perigosos.

Entretanto, existem também outros “gritos” de almas que não podem ser ouvidos tão facilmente. Estes são os “gritos silenciosos” de tantos milhões, ou melhor, bilhões de almas que nascem nas trevas da idolatria e das falsas religiões. Elas passam a vida inteira buscando a felicidade e algumas outras respostas que fariam este mundo bizarro parecer mais sensato para elas. Infelizmente, para a maioria destas pobres almas, elas não conseguem encontrar as respostas e morrem na escuridão espiritual. Como escreve São Paulo aos Romanos: “Como invocarão, pois, aquele, em quem não creram (ainda)? Ou como crerão naquele, de quem não ouviram falar? E como ouvirão, sem haver quem lhes pregue? E, como pregarão eles, se não forem enviados? Como está escrito: Que formosos são os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam a felicidade!” (Rom 10, 14-15). Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 13 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DE MARIA

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Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Como Jesus veio para sofrer, era necessário que Maria sofresse com Ele. Este era seu maior privilégio, e ela sabia que seria assim. Ela sabia disso mesmo quando seu amor humano irrompeu em suas palavras suplicantes: “Filho, por que procedeste assim conosco?” Ela sabia disso quando ficou com o coração partido sob a cruz. Ela sabia quando recebeu, em seus braços, o Corpo do Filho, depois de ter sido descido da Cruz. Ela sabia, do princípio ao fim, que a melhor prova do amor de Nosso Senhor é dar-nos parte em Seus sofrimentos.

Esta era a consolação de Maria. Será a minha quando tenho que sofrer?

Não lemos muito nas Sagradas Escrituras a respeito da paciência de Maria, mas o suficiente para saber que Jesus, propositalmente, testou sua paciência. Por que Ele fez com que o santo Simeão penetrasse em seu coração com a previsão de seus sofrimentos futuros? Por que Ele a obrigou a começar, na noite escura, a viagem para o Egito, quando Ele poderia facilmente ter derrotado os projetos de Herodes? Por que Ele não a deixou saber onde estava quando permaneceu em Jerusalém? Por que Ele aparentemente a repreendeu nas bodas de Caná? Por que Ele permitiu que seu coração fosse dilacerado pela visão de Sua crucificação? Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – SETEMBRO/23

História de São Miguel Arcanjo

Caríssimos fiéis,

Neste mês, comemoramos a festa de São Miguel Arcanjo. No início de outubro, comemoraremos os Santos Anjos da guarda.

A devoção aos Santos Anjos é muito importante. Como os homens passam cada vez mais tempo diante das telas – muitas vezes para mergulhar no mundo artificial dos jogos ou filmes – é importante lembrar que há, realmente, um mundo invisível: o dos espíritos.

Um dia, conheci um idoso, supostamente católico, que me disse que não acreditava em anjos. Ora, não crer nos anjos é grave! Negar a existência dos anjos é negar a verdade da Sagrada Escritura, na qual sua presença é constante; desde os querubins que guardam a entrada do Paraíso terrestre, até os anjos que resgatam São Pedro de sua prisão, passando pela Anunciação, a Natividade de Nosso Senhor e muitos outros episódios.

Negar a existência dos anjos é também rejeitar os dois mil anos do Magistério da Igreja. O Quarto Concílio de Latrão afirma a existência dos anjos; e também diz o Concílio Vaticano I: “Desde o início dos tempos Deus criou do nada dois tipos de criaturas, a espiritual e a corpórea, ou seja, os anjos e o mundo”. Continuar lendo

O QUE É A VIRTUDE DA AFABILIDADE?

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Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

Afabilidade é a simpatia, a virtude que nos compele a preencher nossas palavras e ações externas aquilo que possa contribuir para tornar amigáveis e agradáveis as nossas relações com o próximo. É uma virtude eminentemente social, moralmente necessária para a existência humana, e um dos sinais mais delicados e inequívocos de um autêntico espírito cristão.

Suas manifestações são inúmeras, todas gerando a simpatia e a afeição daqueles ao nosso redor – bondade, elogios simples, indulgência, gratidão manifestada com entusiasmo, educação nas palavras e maneiras, etc.

Ainda assim, como é uma virtude moral, a afabilidade sempre deve ser mantida em um meio termo justo, pois pode-se pecar contra ela por excesso (adulação) e por falta (litígio, espírito de contradição).

Adulação é o pecado daquele que tenta agradar alguém de modo desornado ou exagerado para extrair dele alguma vantagem. No fundo, ele sempre vem acompanhado de hipocrisia e egoísmo. Como São Tomás diz: “Como dissemos, a amizade referida, ou afabilidade, embora tenha como fim principal causar prazer àqueles com quem convivemos, contudo, quando é necessário, para conseguir um bem ou evitar um mal, não teme contristar. Por onde, quem quer de todos os modos  falar a outrem para lhe causar prazer, excede o modo devido de fazer e portanto peca por excesso. E se o fizer só com a intenção de causar prazer, chama-se complacente, segundo o Filósofo; se, porém, tirar algum proveito, chama-se lisonjeiro ou adulador. Mas, comumente, a palavra adulação costuma ser aplicada só àqueles que, excedendo o modo devido da virtude, querem agradar aos outros na convivência ordinária com palavras e obras” (II-II, 115, 1) Continuar lendo

A BATALHA DE CAPORETTO DOS CATÓLICOS – O TRIUNFO DO CONCILIARISMO

Concílio Vaticano II precisa ser mais conhecido também pelos leigos -  Vatican News
Fonte: EreticaMente –  Tradução: Gederson Falcometa

É a fé dos católicos como a ave fênix: todos dizem que existe, onde está ninguém sabe. Conseguimos com a perífrase de um verso de Pietro Metastasio, tomando nota de uma ampla pesquisa realizada entre os italianos que se declaram católicos pela revista mensal Il Timone. A minoria que ainda vai à missa quase nunca se confessa, ignora o que é a Eucaristia e o pecado, aprova o aborto, a contracepção e o casamento homossexual. O caos reina sobre os fundamentos: assim conclui a desanimada capa do jornal.

Realmente preocupante mesmo para quem é um simples crente observador das coisas da Igreja. A Caporetto* da fé e dos passados “princípios inegociáveis” é impressionante, tendo em conta que as ideias levantadas não dizem respeito os simples batizados, mas aos praticantes, aqueles que participam dos ritos, recebem os sacramentos, pertencem a galáxia associativa e cultural chamada mundo católico. Cujos membros – mas talvez sejam aqueles a quem o cardeal Biffi chamou de “não crentes praticantes” – pensam mais ou menos como a cultura anti-religiosa dominante. A separação entre a doutrina de sempre e a conduta concreta é impressionante. A comparação com o que Jesus disse aos seus discípulos faz-nos sorrir: vós não sois do mundo, mas eu escolhi-vos do mundo. A cidade do homem já não se parece com a cidade de Deus. A própria referência a um criador parece afastar-se da sensibilidade dos “fiéis” – a quê coisa? – e Jesus Cristo é muitas vezes uma desculpa para falar de outra coisa.

As recentes Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa foram um exemplo disso. Grandes palavras, canções, ambientalismo, eco-ansiedade: o catolicismo reduzido a uma corrente verde que reflete sobre a Mãe Terra, mas não sobre o Pai Eterno. O prelado português organizador garante que não “quer fazer proselitismo”; quando acreditavam em Deus, chamavam-lhe apostolado, mas assim soa também o sino fúnebre para a organização, o edifício concreto e mundano da Igreja. Sem prosélitos, a loja fecha, salta a “persistência dos agregados” (V. Pareto), a tendência humana de preservar as organizações. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 12 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DE JÓ

Por que dizemos que precisamos “ter mais paciência que Jó”?

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

A paciência de Jó é proverbial.

Ela é apresentada nas Sagradas Escrituras para nossa imitação. (Tiago 5,11.) Foi elogiada pelo próprio Deus e recebeu uma rica recompensa, mesmo neste mundo. É, portanto, digna de nosso estudo e imitação.

A paciência de Jó o sustentou não apenas contra um tipo de infortúnio, mas contra uma série de calamidades de todos os tipos que vieram sobre ele, uma após a outra, rapidamente e sucessivamente.

Todos os seus bens lhe foram tirados e, seus filhos foram mortos de uma só vez pela queda de uma casa onde eles estavam. Jó, longe de murmurar, simplesmente adorou a Deus, dizendo: “O Senhor deu e o Senhor tirou: Bendito seja o nome do Senhor!”

É esta a minha linguagem quando sofro? Continuar lendo

MODESTIA CRISTÃ

Fonte: FSSPX Portugal

Tendo em conta o mundo em que vivemos atualmente: um mundo de materialismo e cheio de todo o tipo de vaidades, é oportuno voltar a falar de pudor. Infelizmente, quando se fala de pudor, as pessoas pensam logo que se trata de algo que só diz respeito às mulheres, no que diz respeito ao seu modo de vestir. Mas na realidade não é assim, porque vemos como os homens também podem escandalizar as mulheres com a sua maneira de vestir. Além disso, os homens desempenham um papel importante na propagação do pudor. Os pais que são homens, supostamente educadores dos seus filhos, devem educar os seus filhos na forma correcta de se vestirem. Por acaso não temos a obrigação de corrigir as raparigas quando usam roupas provocantes ou roupas que não são suficientemente modestas? Estes parágrafos pretendem ser uma ajuda para as nossas senhoras, para que tenham uma ideia da verdadeira modéstia cristã; e também para que os pais vejam que os seus filhos, e sobretudo as suas filhas, não sejam a causa da condenação de muitas almas ao inferno.

Mensagem de Nossa Senhora de Fátima

“Há mais almas que vão para o inferno por pecados da carne (isto é, pecados contra o 6º e 9º Mandamentos) do que por qualquer outra razão”. Nossa Senhora de Fátima disse à Jacinta: “Serão introduzidas certas modas que ofenderão gravemente o Meu Filho”. A Jacinta também disse: “As pessoas que servem a Deus não devem seguir modas. A Igreja não tem modas, Nosso Senhor é sempre o mesmo”. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 11 – A VIRTUDE DA PACIÊNCIA – A PACIENCIA SOB O DESPREZO

Fonte: Hostia Bulletin (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Há poucas coisas tão difíceis suportar para a natureza humana como o desprezo.

Ser considerado indigno de percepção, ser mencionado em termos que implicam que somos desprezados, ser ignorado como se não tivesse importância aos olhos dos outros, tudo isso é realmente doloroso para nós e desafia, dolorosamente, nossa paciência. .

Quando sou tratado assim, como encaro isso? Estou desejoso de provar minha importância e a necessidade de me considerarem? Se é assim, não tenho a paciência que deveria ter. Ainda tenho muito do espírito de orgulho em mim. Devo rogar a Deus para me tornar mais humilde.

Por que o desprezo é tão doloroso para nós? É porque nosso desejo natural é por poder e influência. Não nos damos conta de nossa própria insignificância. Se déssemos, estaríamos dispostos a ser menosprezados.

Deveríamos desprezar a alta estima dos homens. Este era o caso dos santos. Eles evitavam a honra e cortejavam o desprezo. São Filipe Neri costumava ir aos lugares em que se encontravam os cardeais, em São Pedro, em uma Festa, para que ele pudesse ter a humilhação de ser expulso. São Francisco costumava ajoelhar-se no refeitório e acusar-se abertamente de gula. Oh, meu Deus, obterei alguma vez esta graça de estar satisfeito em ser desprezado e de não gostar de ser honrado?

Qual seria o tratamento dispensado a nós se aqueles ao nosso redor nos vissem como somos aos olhos de Deus, se conhecessem todos os pensamentos ímpios e ações pecaminosas de nossa vida passada? Qual seria a avaliação deles sobre nós se nos vissem com todas as abominações de nossa alma reveladas; se eles contemplassem nosso orgulho, egoísmo, preguiça, impureza e egoísmo, nossa alta estima por nós mesmos e nossa indiferença a Deus?

Oh, então, como eles nos desprezariam! Como devemos desprezar a nós mesmos!

COMO DEVEMOS CUMPRIR O PRECEITO DE ASSISTIR À MISSA?

Minoritenkirche, Viena - próximos eventos clássicos

Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

O terceiro mandamento da Lei de Deus requer que “santifiquemos o Sábado” (Ex. 20:8), e, no Antigo Testamento, Deus definiu como cumprir essa obrigação. Na Nova Lei, a Igreja determinou que o preceito divino deve ser cumprido pela presença na Missa aos domingos e dias santos. Isso é uma obrigação – sob pena de pecado mortal – para todo católico de 7 anos ou mais, que tem o uso habitual da razão.

Para cumprir o preceito eclesiástico de assistir à Missa, a primeira condição é a presença física no lugar onde a Missa é celebrada, de modo que as ações do Padre possam ser acompanhadas. Não se requer, porém, que se esteja dentro da Igreja, nem mesmo que se veja ou ouça o Padre. Basta fazer parte daqueles que ouvem a Missa (p.ex., da sacristia ou de uma Capela lateral, ou atrás de uma coluna, ou fora da Igreja se ela estiver lotada) e ser capaz de segui-la de algum modo, como pelo som dos sinos ou pelos gestos dos outros presentes. Portanto, mesmo fora da Igreja, é possível assistir à Missa, desde que se esteja unido ao grupo de fiéis que estão dentro.

Na falta dessa presença física, aquele que ouve a Missa pelo rádio ou pela televisão, ou via streaming online, ou que permanece tão longe do grupo de presentes que não pode ser considerado parte deles, este não cumpre o preceito. Continuar lendo

ASSIM É, SE ASSIM LHE PARECE. CUIDADO COM O “TRADICARISMATISMO” (MESMO QUANDO PARECE “CATÓLICO”)

Così è, se vi appare. Occhio al tradicarismatismo (anche quando sembra “cattolico”)

Extraído do livro Palavras claras sobre a Igreja. Por que existe uma crise, onde ela surge e como sair dela, de D. Daniele di Sorco, FSSPX

Fonte: Radio Spada – Tradução: Gederson Falcometa

[…] Antes de enunciar alguns princípios gerais, gostaríamos de dizer uma palavra sobre um fenômeno relativamente recente, que chamaremos de tradicarismatismo.

Com este termo indicamos aqueles sacerdotes que, por trás de um verniz tradicional (rito antigo, rejeição dos ensinamentos do Papa Francisco, mais raramente do Concílio), possuem uma concepção carismática da fé, para a qual, na vida cristã, o elemento decisivo é representado por intuições pessoais (qualificadas como «ouvir a Deus», «fazer a experiência Deus») e por revelações privadas.

Eles pretendem resolver os nós da crise atual não à luz dos princípios da sã teologia, mas com base no que uma pessoa “inspirada” diz (isto é, na maioria das vezes, eles mesmos) ou uma suposta mensagem sobrenatural.

Por exemplo, há quem acredite que Francisco seja um antipapa e espere um “sinal do céu” para poder designar o verdadeiro Papa. Continuar lendo

15 DE AGOSTO – ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

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Para ler a Meditação de Santo Afonso para essa data, clique aqui.

Para ler e ouvir um Sermão de D. Lefebvre, de 1990, sobre a Festa da Assunção, clique aqui.

Para ler e ouvir um Sermão de D. Lefebvre, de 1975, sobre a Festa da Assunção, clique aqui.

Para ler a belíssima Encíclica MUNIFICENTISSIMUS DEUS, de Pio XII, que define o Dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu em Corpo e Alma, clique aqui.

Abaixo colocamos o momento da proclamação do dogma pelo Papa Pio XII

SERMÃO DE D. LEFEBVRE POR OCASIÃO DA FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA (15 DE AGOSTO DE 1975)

Neste sermão proferido em Êcone, em 15 de agosto de 1975, D. Lefebvre mostra como a Assunção é uma afirmação do sobrenatural, de nossa vida de união com Deus face o naturalismo contemporâneo que considera apenas esta Terra e esquece o mundo futuro.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Para ouvir o Sermão clique aqui

Meus queridos irmãos,

Celebramos hoje o 25º aniversário da proclamação do Dogma da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria por nosso Santo Padre, o Papa Pio XII. Foi em 1º de novembro de 1950.

Tive a alegria e a felicidade de estar em Roma naquele dia, na Praça de São Pedro, e ainda posso ouvir as palavras do nosso Santo Padre, o Papa Pio XII, proclamando a Assunção da Santíssima Virgem Maria, dogma da nossa fé.

Uma verdade professada desde os tempos apostólicos

Foi em 1950, no dia 1º de novembro, que a Santa Igreja de Deus ouviu falar pela primeira vez da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria? Certamente não. Basta ler os Atos pelos quais nosso Santo Padre Pio XII proclamou a Assunção da Santíssima Virgem, para ver que desde os primeiros tempos da Igreja já se professava a Assunção da Virgem Santíssima Virgem Maria.

Seja nas imagens, seja nos vitrais, nos escritos dos Padres, a fé na Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria já era professada em toda parte. Mas não foi definido solenemente pela Santa Igreja, porque esses dogmas – é preciso recordar – não podem ser novas verdades. Toda Revelação cessou após a morte do último dos apóstolos.

Portanto, é necessário olhar para antes da morte do último dos apóstolos, para encontrar no fundo da tradição e da Revelação que nos legaram, que os apóstolos nos legaram, para afirmar as verdades nas quais devemos crer hoje. Nenhum papa pode inventar uma nova verdade que ele queira submeter à nossa fé. Ele só pode buscar esta verdade no decorrer dos séculos, significando que esta verdade já estava implicitamente contida na Revelação e na fé que os apóstolos nos deram. Este é o ensinamento da Igreja. Continuar lendo

O PECADO DA INVEJA

A inveja está entre os 7 pecados capitais, mas seus limites são mais difíceis de estabelecer do que os de alguns outros vícios… Sintomas e remédios de uma imperfeição mais comum e perigoso do que parece. 

Fonte: La Couronne de Marie – Tradução: Dominus Est

O que é o pecado da inveja?

Por inveja do demônio, é que entrou no mundo a morte” diz o livro da Sabedoria (2, 24). De acordo com esta passagem, os anjos maus caíram porque invejaram os homens. O motivo específico é misterioso, mas geralmente supõe-se que eles não suportaram saber que meros seres humanos receberiam dons divinos ainda maiores do que os deles: que o Filho de Deus encarnaria como homem, que uma simples mulher se tornaria Mãe de Deus. Isso mostra a importância desse pecado capital, do qual até os anjos podem ser culpados, embora ele não deva nada à preguiça ou à gula… A inveja, ao contrário desses vícios, não está relacionada à nossa condição corporal. É, de certa forma, um mal puro, como o orgulho, do qual está muito próxima.

Este exemplo dos demônios mostra claramente em que consiste precisamente o pecado da inveja: como nos diz Santo Tomás de Aquino, retomando São João Damasceno, é “uma tristeza pelos bens alheios“. “Por que ele e não eu?” Em essência, tal é o pensamento que constantemente retorna à mente do invejoso. O bem que meu próximo possui torna-se uma afronta, uma diminuição de minha própria excelência, e esse sentimento é, muitas vezes, acompanhado por um desejo violento de que o próximo seja privado desse bem. O invejoso procura fugir de sua tristeza pela alegria sinistra de ver o mal do próximo. Esta é a razão do terrível ódio do demônio pelos homens, pelo qual ele imagina encontrar alívio em seu desespero por estar privado de Deus. É assim que os podemos comparar os invejosos a animais raivosos…

Quais são as suas causas?

Na raiz da inveja está, claro, o orgulho, o apego à nossa própria glória e, às vezes, até aos nossos bens materiais, se eles são motivo de vaidade em nós. Cada um de nós, a seu modo, está convencido da própria excelência segundo o temperamento: para alguns, será por sua inteligência, para outros, por suas qualidades, suas posses, sua fortuna… Há o orgulho legítimo, mas que não deve degenerar em fontes de vanglória. O rei Saul, grande guerreiro, foi consumido pela inveja ao ouvir as mulheres de Israel cantarem: “Saul matou mil, e Davi dez mil.” Saul irou-se em extremo, desagradou-lhe esta expressão, e disse: Deram dez mil a Davide, e mil a mim; que lhe falta, senão só o reino? “Daquele dia em diante, Saul não via Davi com bons olhos.” (1 Samuel 18, 7–9). Em poucas palavras, a Sagrada Escritura mostra-nos a inveja em toda a sua fealdade: um orgulho ferido que destrói a caridade e leva ao ódio, que muda o olhar com o qual vemos o próximo. Continuar lendo

A LINGUAGEM OPACA DA IGREJA CONCILIAR

PODE-SE FALAR DE UMA “IGREJA CONCILIAR?” | DOMINUS EST

Oreste Sartore | Fonte: Corsia dei Servi

Tradução: Gederson Falcometa

Sob as inovações teológicas, as mutilações sacramentais, as liturgias criativas e os sermões ecumênicos assistenciais, é possível discernir o papel nada secundário desempenhado pela nova forma de comunicação da hierarquia eclesiástica.

A nova forma de comunicar nasceu, nem é preciso dizer, com o Concílio Vaticano II, seguindo as indicações de João XXIII, que deu aos teólogos e padres sinodais uma ampla renovação na forma de apresentação da doutrina, a menos que a substância fosse alterada[1]. Essa reestilização do catolicismo foi justificada pelo axioma (sofístico e falso) de que o homem moderno não pode ser abordado com a linguagem clara e definidora do Magistério precedente. 

O resultado agora visível para todos aqueles que querem ver a realidade é um caos comunicativo pelo qual os documentos, homilias e entrevistas de eminentes bispos, cardeais e papas, dependendo da filiação e conveniência de quem os interpreta, podem ser considerados em completa continuidade com a Igreja de sempre, ou em continuidade apenas em algumas partes (enquanto em outras precisariam de esclarecimentos), ou julgados substancialmente em ruptura com a Tradição ou mesmo tachados de anticristicos. Continuar lendo

FIEL À PATERNIDADE

Randall C. Flanery

Ser fiel: estrita observância dos deveres

Atualmente a paternidade se encontra num estado lamentável. O pai, como presença ativa na família e na vida pública, vem desaparecendo desde o nascimento de nossa nação(1). Os cientistas sociais reconhecem as perdas culturais da ausência paterna, e a identificam como o problema social mais urgente de nossos tempos(2). Um número impressionante de dificuldades sociais e psicológicas está afligindo as crianças criadas sem pais(3). Meninas criadas sem pais são mais propensas à promiscuidade, transtornos alimentares, depressão e suicídio; meninos sem pais são mais propensos a delinqüência, criminalidade, uso de drogas, e a se transformarem em pais ausentes ou agressivos. E note-se que essas probabilidades aumentam em mais de sete vezes, o que não é pouca coisa.

A razão direta da ausência paterna está nas relações entre os pais que não se concretizam em casamento ou que terminam em divórcio. Aparentemente, os requisitos mínimos da paternidade estão longe da mente de muitos jovens. Dois dentre os muitos motivos desse estado lastimável são a marginalização da paternidade e as seduções da sociedade, para que se negligenciem as responsabilidades paternas. 

A marginalização da paternidade atinge diretamente os homens [ou seja, em si mesmos], e também indiretamente, com o aumento da desconfiança das pessoas – como das próprias esposas, que não estão imunes às influências culturais negativas. E é tão forte a ridicularização da masculinidade, que os homens que lutam contra as pressões predominantes e tentam fazerem-se presentes no lar podem, apesar de tudo, ser vistos com desconfiança pelas esposas, o que ajuda a retrair ainda mais a presença masculina.

A marginalização da paternidade

Hoje, se marginaliza a paternidade de três maneiras: minimizando-a, desvalorizando-a e esvaziando-a culturalmente. Continuar lendo

A PRECIOSIDADE DO TEMPO

Preciousness of Time

Não há nada mais precioso do que o tempo, mas, “…pobre de mim…”! Hoje, nada é considerado mais inútil. Os dias da salvação passam e não se pensa neles. Ninguém reflete sobre o fato que esses momentos se foram, para nunca mais voltar.

Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est

Muitos, hoje, abusam da paciência de Deus, dando pouca atenção a assuntos tão importantes. Eles desperdiçam tempo, o mais precioso dos dons e, miseravelmente, o desperdiçam em coisas frívolas. São Bernardo escreve: “Hoje as pessoas negligenciam o cuidado de sua alma e se dedicam completamente aos desejos da carne. Eles não têm medo de pecar, têm medo apenas de serem castigados. Sua preocupação não é desenvolver as virtudes do coração, mas a solidez do corpo e até mesmo seu prazer (sua concupiscências). Eles aprenderam essas lições na escola de Hipócrates e Epicuro. Mas este é um tempo para almas e não para os corpos. Estes são dias de salvação, não de voluptuosidade”. E ainda: “Não há nada mais precioso do que o tempo, mas, “…pobre de mim…”! Hoje nada é considerado mais inútil. Os dias da salvação passam e não se pensa neles. Ninguém reflete sobre o fato de que esses momentos se foram, para nunca mais voltar.” Na verdade, não há dádiva mais preciosa do que o tempo: temos uma breve hora para obter perdão, a graça e a glória, e para merecer mais do que o o mundo inteiro pode oferecer. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 10 – VIRTUDE DA PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA SOB O LUTO

morte

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

O amor humano puro, especialmente o amor de pai e mãe por seus filhos, é uma das coisas mais belas da ordem natural. Ele se entrelaça com a nossa própria natureza. Marido e mulher, irmão e irmã e, sobretudo, os filhos que, em um sentido especial, são nossos, são parte de nós mesmos, são nossos por nascimento, nossos por associação constante, nossos por mil laços de amor.

Oh, como é difícil perder alguém do nosso pequeno círculo, ver o lugar vazio, perder seus olhares de amor, o doce som de sua voz.

Então, de fato, precisamos de paciência e devemos implorar para que não lamentemos como aqueles que não têm esperança, mas que possamos humildemente curvar o pescoço sob a mão castigadora de Deus.

Paciência! Como vamos obtê-la sob o golpe esmagador? Continuar lendo

POR QUE OS CATÓLICOS NÃO COMEM CARNE NAS SEXTAS-FEIRAS?

Os benefícios do jejum e da abstinência de carne para a saúde

A prática de abstinência de carne nas sextas-feiras data do início da Igreja. O princípio da prática penitencial de abstinência, para se atingir o domínio de si mesmo, já estava delineado por São Paulo: “E todos aqueles que combatem na arena de tudo se abstêm e o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível” (1Cor 9, 25) e “Antes nos mostramos como ministros de Deus nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns” (2Cor 6,5).

Menção explícita da prática de abstinência nas sextas-feiras é feita em um documento do fim do século I (A Didaqué dos Apóstolos), assim como por São Clemente de Alexandria e por Tertuliano no século III. Era um costume universal desde o começo, e a sexta-feira foi escolhida em comemoração da Paixão de Nosso Senhor como um dia em que devemos nos esforçar de maneira especial para praticar a penitência. É em reconhecimento do fato de que Cristo sofreu e morreu e deu sua carne humana e sua vida por nossos pecados em uma sexta-feira que os católicos não comem carne nesse dia. O Papa Nicolau I tornou isso lei da Igreja no século IX. Na Igreja Latina, nos primórdios da Idade Média, esse dia de abstinência não foi considerado suficiente, e a abstinência aos sábados foi acrescentada em honra ao sepultamento de Cristo e ao sofrimento de Nossa Senhora e das santas mulheres no Sábado Santo. Isso foi tornado lei da Igreja por São Gregório VII no Século XI, mas, desde então, caiu em desuso, exceto por parte daqueles que querem professar sua devoção a Nossa Senhora de maneira especial. A Igreja Oriental também tem regras  rigorosas para abstinência, pois, nela, a abstinência de carne é praticada nas quartas e nas sextas-feiras.

As regras acerca do que é ou não permitido em dias de abstinência também variaram conforme o tempo. Santo Tomás de Aquino, por exemplo, indica que ovos, leite, manteiga, queijo e gordura são proibidos em dia de abstinência porque eles vêm de animal e, portanto, têm, em sua origem, algum tipo de identidade com a carne. As regras dos nossos dias restringem a abstinência à carne vermelha apenas. Continuar lendo

UMA IGREJA EM CRESCENTE PERDA DE INFLUÊNCIA

Por ocasião do 35º aniversário das sagrações de Ecône, o jornal francês La Croix, de 30 de junho de 2023, publicou um artigo intitulado A Fraternidade São Pio X, uma influência limitada.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Nesse artigo lemos o seguinte: “A FSSPX renova-se, sobretudo, em si mesma através de uma reprodução geracional”; “está condenada ao imobilismo para garantir a sua sobrevivência”; “é uma instituição completamente autônoma que tem, em si mesma, todos os meios para conseguir subsistir“. Às vezes, é feita uma tímida concessão: “continua sendo uma pequena minoria operante”, mas a impressão geral que domina é a de uma Fraternidade autárquica.

O que chama a atenção neste artigo é a falta de perspectiva histórica e filosófica. Propõe ao leitor apenas uma análise sociológica, descritiva, sem jamais esboçar qualquer raciocínio explicativo. Limita-se ao como, sem questionar o porquê.

É como se se receasse que essa perspectiva se tornasse uma acusação mais profunda e, sobretudo, mais embaraçosa. Porque apresentar a Fraternidade São Pio X como auto reprodutora, imobilista e completamente autônoma, não é apenas transformá-la em uma seita, mas também cercá-la com um “cordão sanitário” para se proteger de qualquer reflexão perigosamente contagiosa. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – AGOSTO/23

Onde está a Assunção de Maria na Escritura

Caríssimos fiéis,

Embora agosto não tenha o título de mês mariano como maio e outubro, no entanto ele é caracterizado por duas grandes festas da Santíssima Virgem: a Assunção, em 15 de agosto, e o Imaculado Coração de Maria, no dia 22.

O coração, símbolo do amor, faz-nos pensar que Maria é modelo do amor a Deus, um modelo de caridade.

Maria supera todas as outras criaturas no amor. Mais do que qualquer outra, Maria esteve em contato com a caridade infinita, tornou-se participante dela; Maria foi repleta dela: Ela era “cheia de graça”, o Senhor estava nela, o Senhor estava com ela; o Senhor, o próprio Amor, a graça, o manancial divino do seu Coração, do seu “Coração fornalha de caridade”. Foi porque Maria era “cheia de graça”, foi porque a caridade infinita estava nela e ela estava completamente aberta a essa caridade por meio da fé, fortalecida na esperança, que ela recebeu tal abundância e, ademais, foi capaz de corresponder ela, pois, em termos de amor, o que podemos retribuir a Deus que não tenhamos recebido dele? Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 9 – VIRTUDE DA PACIÊNCIA – SOBRE A PACIÊNCIA NAS DOENÇAS

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Não é fácil para aqueles que sempre gozaram de boa saúde compreender o quão pesada é a cruz de uma longa e contínua doença.

Não se trata apenas da dor física, embora muitas vezes ela seja muito difícil de suportar.

É o desconforto, o cansaço, a languidez, a depressão que acompanham a doença; é a inquietação, a incapacidade de encontrar repouso, a solidão das longas horas.

Quão necessária é a paciência para os doentes! Paciência deve ser a palavra de ordem de sua vida. Concedei-me paciência, ó Senhor, paciência para sofrer por Vós e Convosco, e nunca murmurar, mesmo quando a dor e o sofrimento forem maiores.

Há uma forma de doença que é a mais difícil de suportar com paciência. Quando realizamos nossas ocupações habituais em um estado de sofrimento que torna tudo um fardo. Continuar lendo

A CURIOSIDADE – UMA TENTAÇÃO PARA PECAR

Fonte: FSSPX Portugal

Uma das principais causas do mal no mundo, em que infelizmente todos nós participamos em maior ou menor grau, é a nossa curiosidade em manter uma certa relação com as trevas, em ter alguma experiência do pecado e em saber como são as satisfações da pecaminosidade. Muitas pessoas (embora não o digam tão claramente em palavras) consideram pouco masculino e algo vergonhoso não ter experiência do pecado, como se isso fosse um distanciamento anormal do mundo, uma ignorância infantil da vida, uma simplicidade e estreiteza de espírito, um medo supersticioso e servil.

Não conhecer o pecado por experiência traz ao homem o riso e a zombaria de seus companheiros. E não é estranho que isso aconteça com os descendentes daquele par culpado a quem, no princípio, Satanás ofereceu a entrada num mundo único de conhecimento e satisfação, como recompensa pela desobediência ao mandamento divino. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável à vista e excelente para dar sabedoria, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu” (Gn 3.6). Continuar lendo

O CRISTIANISMO QUE NÃO MORRERÁ

Gustavo Corção: o Olavo de Carvalho (sem os palavrões) dos anos 1960

Gustavo Corção

As reflexões que no artigo de quinta-feira andamos fazendo, despertadas pela releitura de uma página de Chesterton, levam-nos à conclusão de que haverá arrefecimento do cristianismo todas as vezes que os homens se afligirem, se envergonharem ou se cansarem de o sentir tão incôngruo em relação ao curso da história, e daí tirarem a intenção de afeiçoá-lo àquele andamento.

A crise de nossos dias, a mais ampla e profunda de toda a história da Igreja, começou por um propósito de aggiornamento. O cristianismo estava envelhecido, a Igreja esclerosada, e o bravo mundo moderno passou a interessar-se prodigiosamente por sua renovação. Reformas… reformas… reformas… O pastor anglicano John Robinson, que andou por aqui a fazer conferências, escreveu um volume inteiro para explicar que hoje, na era espacial, não é possível ter a mesma idéia de Deus “fora de nós” tida e mantida pelos antigos. Eis o que diz na tradução portuguesa esse tipo bem representativo de nossa época: “Enquanto não tinham sido explorados, ou era possível explorar (por meio de radiotelescópios, se não com foguetões) os últimos recantos do Cosmos, ainda se podia localizar Deus mentalmente nalguma terra incógnita. Mas agora parece não haver lugar para Ele, não apenas na estalagem, mas em parte alguma do universo: é que já não há lugares vazios.”

É difícil, em tão poucas linhas, dizer mais densa coleção de asneiras sobre a presença de Deus que, para esse notável anglicano, ao que se vê, sempre esteve no limbo das primeiras imagens infantis. O reverendo (que o Prof. Cândido Mendes Almeida importou quando por aqui é abundantíssimo o similar nacional), fascinado por leituras de vulgarizações, e esquecido da presença de Deus em todas as coisas como causa primeira, e como sustentador de todas as existências, pensa que o homem já explorou todos os recantos do universo! Continuar lendo