PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 18 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DAS ALMAS SANTAS

Sufrágio das Almas do Purgatório: uma obra de Caridade

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

No Purgatório o sofrimento é mais intenso que qualquer sofrimento da vida presente e há maior necessidade de paciência para suportá-lo. Mas as Almas Santas têm suas vontades em perfeita conformidade com a vontade de Deus, e não podem ser outra coisa além de pacientes em meio aos seus tormentos.

Elas não se rebelam e não podem se rebelar, mas a sua submissão não remove a amargura da sua tristeza incessante, pois pensam como teria sido relativamente fácil para elas evitar, enquanto ainda na terra, sua angústia atual, por meio de uma maior fidelidade à graça e unindo suas ações e sofrimentos às ações e sofrimentos do Divino Filho de Deus.

Se pudéssemos antecipar esses sofrimentos com uma apreciação de como eles são, quão pacientes deveríamos ser agora! Deveríamos considerar um privilégio sofrer agora como a melhor maneira de evitar a agonia daquele fogo que será aceso pela ira de Deus e que, de alguma forma, corresponderá à nossa ingratidão e infidelidade ao nosso Rei e Benfeitor. Continuar lendo

PORQUE A IGREJA DEVE SOFRER?

A PAIXÃO DA IGREJA – SERMÃO DE D. LEFEBVRE EM 29 DE JUNHO DE 1982 | DOMINUS  EST

Fonte: SSPX Great Britain – Tradução: Dominus Est

A Igreja está desfigurada pelo Concílio

A revolução que começou com o Concílio Vaticano II desfigurou progressivamente a Igreja de Cristo ao longo dos últimos 60 anos, a ponto dela ser quase irreconhecível em suas quatro marcas (veja aqui o post A IGREJA E AS QUATRO NOTAS).

Desde o encerramento do Concílio, em 1965, a influência e a extensão da Igreja no mundo estão tão reduzidas que muitos preveem que ela estará praticamente extinta dentro de uma geração ou pouco mais. Se a Igreja fosse uma instituição puramente humana, provavelmente seria esse o caso, mas a Igreja Católica é humana… e divina.

Composta por homens, ela é humana e, portanto, mortal. Animada enquanto corporação pela Vida Divina, ela é divina e viverá para sempre.

A Igreja, portanto, não pode morrer. Mas, por que deve sofrer?

O Corpo Místico de Cristo

Para responder a esta questão, devemos compreender a natureza da face divina da Igreja: Nosso Senhor revela a verdade dessa face divina, mais claramente no discurso da Última Ceia: Continuar lendo

8 DE DEZEMBRO: FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

ima6Clique na imagem acima para ler a Bula Ineffabilis Deus, de S.S. Pio IX, que definiu em 8 de dezembro de 1854, o Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

E abaixo colocamos dois sermões: um do do Pe. Carlos Mestre, FSSPX, por ocasião da Solenidade da Imaculada Conceição, em 2018 e outro do Pe. Samuel Bon, FSSPX, pela mesma Festa em 2019.

ANTES DA PACHAMAMA: MAGIA, RITOS VODU E AQUELA ESTRANHA VIAGEM DE JOÃO PAULO II

Antes da Pachamama era: magia, ritos de vodu e aquela estranha viagem de João Paulo II.

Temos o prazer de oferecer aos leitores este importante trecho do  Golpe na Igreja. Documentos e crônicas sobre a subversão: das primeiras maquinações ao Papado de transição, do Grupo do Reno ao presente  (D. Andrea Mancinella, prefácio de D. Curzio Nitoglia, posfácio de Aldo Maria Valli).

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

[…] 4 de fevereiro de 1993: João Paulo II, durante a sua visita ao Benin (África), encontra-se com feiticeiros Vodu e, entre outras coisas, diz-lhes: “A Igreja […] deseja estabelecer relações positivas e construtivas com grupos humanos de diferentes crenças com vistas ao enriquecimento mútuo. O Concílio Vaticano II […] reconheceu que, nas diferentes tradições religiosas, há verdade e bem, sementes do Verbo […]”. “É legítimo agradecer aos ancestrais (do rito vodu) que transmitiram o sentido do sagrado, a fé em um Deus único e bom, o gosto pela celebração, a estima pela vida moral e a harmonia na sociedade” (1).

João Paulo II cumprimentando dois feiticeiros vodu

Desta vez, deixamos o comentário ao  Corriere della Sera, o jornal milanês ultra-laicista: “Confirmando sua disposição de dialogar, precisamente sem exclusões, João Paulo II se encontrará com sacerdotes e sacerdotisas do culto Vodu , os misteriosos adoradores do bezerro de ouro e da serpente Damballa, por ocasião da sua 10ª viagem à África. O programa, publicado ontem, anuncia um encontro em Cotonou, Benin, com os adoradores deste antigo culto, que se expressa por meio de sacrifícios de animais, manifestações de magia branca e negra, danças selvagens propiciatórias de bruxas e feiticeiros. Do Benin, do outro lado do oceano, o culto  do vodu  se enraizou especialmente no Haiti, onde se dança a erótica banda […]. Se tiverem que oferecer presentes, os sacerdotes  vodu  oferecem objetos anti-mau olhado, às vezes embaraçosos, para serem expostos na porta das casas. Os mercados de bruxas de Cotonou estão cheios delas. De acordo com muitos ocidentais,  os feitiços  e contra-feitiços vodu são muito eficazes. O Pontífice permanecerá no Benin de 3 a 5 de fevereiro”(2). […]

(1)  Doc. Cath. 21 de março de 1993; cfr OR , 6 de fevereiro de 1993; et: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/it/speeches/1993/february/documents/hf_jp-ii_spe_19930204_vodu-cotonou.html

(2)  Corriere della Sera , 17 de janeiro de 1993, p. 15.

MEDITAÇÕES PARA O TEMPO DO ADVENTO

Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo - Imagens, ícones, fotos, pinturas,  vitrais

Clique nos links abaixo para ler os textos do Pe. D. Mézard, retiradas das obras de Santo Tomás

A IMENSIDÃO DO AMOR DE DEUS

A CONVENIÊNCIA DA ENCARNAÇÃO

DA NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO – PARTE 1

DA NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO – PARTE 2

DA NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO QUANTO À SATISFAÇÃO SUFICIENTE PELO PECADO

NESSE ADVENTO, UMA BELÍSSIMA MÚSICA, NA PREPARAÇÃO PARA O NATAL DE NOSSO SENHOR

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Não vos irriteis, Senhor, e não recordeis nossas iniqüidades.
Eis que sua Cidade Santa foi feita um deserto:
Sião um deserto tounou-se, Jerusalém está desolada; 
a casa de Sua santificação e de Sua glória, onde Vos louvaram nossos pais.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Pecamos, e estamos vivendo como imundos,
caímos nas profundezas, como uma folha morta no universo
e nossas iniqüidades nos arrastam como um vento forte:
escondeste Vossa face de nós e nos aquebrantastes com o peso de nossa própria iniqüidade.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Vede, Senhor, a aflição de seu povo, 
e mandai rapidamente Aquele que está para vir:
enviai diante de nós o Cordeiro, Senhor de toda a Terra, da Rocha do deserto aos Montes das filhas de Sião,
e retirai o severo jugo de nossa sujeição.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Consolai-vos, Consolai-vos, Ó Meu povo, pois que vem tua Salvação.
Por que estais se consumindo em aflição, por que vos renovais em sua dor? 
Eu salvar-te-ei, não tenhais medo: Eu Sou o Senhor teu Deus,
o Santo de Israel, o teu Redentor.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo!

A COMUNHÃO AOS DOENTES

A Eucaristia chega àqueles que não podem ir a ela. 

A visita domiciliar do padre proporciona verdadeiro conforto moral e espiritual aos doentes.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Frequente nos primeiros séculos do Cristianismo, a prática da comunhão sacramental evoluiu largamente ao longo do tempo antes de encontrar nova relevância com o Papa São Pio X.

Nos séculos VII e VIII, tanto no Ocidente como no Oriente, os cristãos mais praticantes limitavam-se em comungar três vezes por ano: na Páscoa, no Pentecostes e no Natal. Em 1215, o IV Concílio de Latrão chegou a impor a obrigação da confissão anual e da comunhão pascal. É compreensível que, nessas condições, os indivíduos saudáveis se absterem de comungar, apenas os moribundos recebiam o viático.

Na França, durante o renascimento espiritual e pastoral que marcou o século XVII, o conforto moral dos enfermos tornou-se prioridade à comunidade paroquial. O Ritual, promulgado pelo Papa Paulo V em 1614, oferecia uma forma litúrgica bem desenvolvida para a visita aos enfermos. Os padres tinham a preocupação de permitir-lhes comungar pelo menos na Páscoa, mas nas paróquias mais observadoras prevalecia o costume de visitar metodicamente todos os doentes, três ou quatro vezes por ano, raramente mais, para confessá-los e dar-lhes a Eucaristia. Como o Ritual nos lembra (título 4, capítulo 4, nº 3), o pároco deve exortar os doentes a receberem a Sagrada Comunhão, especialmente nas proximidades de uma grande Festa, e não deve se recusar a cumprir ele mesmo esse serviço. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 17 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DOS ANJOS

A importância de rezar para o Anjo da Guarda

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

A paciência é uma virtude angelical, assim como a pureza. A paciência de nossos Anjos da Guarda, por vezes, deve ser duramente testada. Oh, quantas vezes eles dão conselhos que não são ouvidos, e sussurram mensagens de Deus no ouvido de seus protegidos, mas falam a ouvidos que são deliberadamente surdos! Quantas vezes nos advertem, mas negligenciamos suas advertências! Quão pouco lhes damos atenção e quão ingratos somos para com eles por todo o seu cuidado! Mesmo quando rezamos, e em resposta à nossa oração, o nosso Anjo da Guarda nos indica o que Deus deseja que façamos, muitas vezes nos afastamos e seguimos nossas próprias inclinações perversas. Não temos feito isso com frequência?

Não há nada mais desgastante para a paciência daqueles que têm naturezas energéticas ativas do que ser continuamente frustrados, falhar devido à obstinação, estupidez e voluntariedade dos outros, ver seus planos falharem sem qualquer culpa própria. Qual pode ser o efeito sobre os Anjos da Guarda quando um plano após outro que eles elaboram para o nosso bem fracassa, e quando frustramos seus esforços e tornamos todos eles infrutíferos, quando jogamos fora graça após graça, sabendo que essas graças nunca retornarão? Isso não é suficiente para fazê-los renunciar seus protegidos com desgosto?

No entanto, sua caridade e paciência nunca falham. Quando negligenciamos uma graça, eles obtêm outra para nós. Quando fazemos o que ofende a Deus, eles rezam ainda mais. Incansavelmente, eles planejam meios para nos trazer à razão e nunca desistem de seus esforços enquanto a vida durar. Eles são, portanto, nosso modelo para lidar com pecadores perversos; nunca desanimar ou se abater pelo fracasso, mas ir até o fim trabalhando e rezando pacientemente.

29 DE NOVEMBRO: ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DE MONS. MARCEL LEFEBVRE

Resultado de imagem para MARCEL LEFEBVRE"Na quarta-feira, 29 de novembro de 1905, nasceu em Tourcoing Marcel Lefebvre, terceiro filho de René Lefebvre e Gabrielle. Já era muito tarde para batizar o recém-nascido. Assim, foi no dia seguinte, na festa do apóstolo Santo André, que Marcel, François, Marie e Joseph foram levados à fonte batismal da igreja de Notre-Dame.

D. Tissier de Mallerais escreve:

A mãe nunca esperou estar de pé para ter seus filhos batizados. A família foi sem ela à igreja, e foi apenas em seu retorno que ela consentiu em beijar o bebê, renascido para a vida divina e adornado a com graça santificante. Ao abraçar Marcel, a quem sua empregada Louise lhe apresentou, ela foi iluminada por uma daquelas intuições que lhe eram habituais e disse: “Este terá um grande papel a desempenhar na Santa Igreja junto ao Santo Padre“.

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Para saber mais sobre sua vida há uma Biografia escrita por D. Tissier de Mallerais que pode ser adquirida clicando AQUI ou AQUI

Há também um SITE DA FSSPX DEDICADO EXCLUSIVAMENTE À D. LEFEBVRE

E em nosso blog temos uma PÁGINA COM O RESUMO DE SUA VIDA e mantemos dois de seus livros que são importantíssimos no entendimento da crise na Igreja: a CARTA ABERTA AOS CATÓLICOS PERPLEXOS (podem ser comprados aqui e aqui)  e DO LIBERALISMO À APOSTASIA (podem ser comprados aqui e aqui).

Veja também todos nossos posts (áudios, vídeos e textos) sobre D. Lefebvre clicando aqui.

AUTORIDADE, O VERDADEIRO DESAFIO DO SÍNODO – PARTE 3

A Autoridade, segundo o Vaticano II? 

“Um partido no poder e todos os outros na prisão”(1) (Mikhail Tomsky).

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

1. “Uma injustiça de fato, coroada de bom êxito, em nada prejudica a santidade do direito”. Essa proposição condenada, a 61ª do Syllabus de Pio IX, descreve muito bem a abordagem pastoral do Papa Francisco, pelo menos, na medida em que não nega, na prática, a admissão de pecadores públicos à recepção da sagrada Eucaristia. E, em breve, talvez, a bênção de uniões LGBT? Poderíamos também traçar um paralelo entre essa proposição de Syllabus com a recente demissão de Mons. Strickland. Mas, já em 1976, o católico perplexo e atônito pôde ver a condenação de um “Seminário selvagem”, o Seminário de Écone, onde D. Lefebvre, antigo Arcebispo de Dakar, apenas aplicava os decretos do santo Concílio de Trento.

2. Essa maneira de exercer a autoridade corresponde a uma alteração de definição da própria natureza da autoridade. Com efeito, se a autoridade consagra e impõe um fato, é porque ela é a expressão bruta dos Números, a vontade de uma maioria. A autoridade torna-se então o que trata o Contrato Social de Rousseau, ou seja, a expressão da vontade geral. Torna-se também o que trata o modernismo, ou seja, a expressão da Consciência comum do Povo de Deus.

3. No modernismo do Vaticano II, portanto, o bem comum não é mais exatamente o que era ensinado pela Igreja, com base na explicação dada por Aristóteles e Santo Tomás. Para estes últimos, o bem comum é o Fim, isto é, a causa primeira sobre a qual tudo o mais está abandonado e em vista da qual todo o resto deve ser organizado. E esse Fim, essa causa é, antes de tudo, a transmissão do depósito da fé, a expressão da dupla lei divina, natural e revelada, à qual os homens devem conformar as suas ações se quiserem obter a salvação eterna das suas almas. Com o Vaticano II e Francisco, o bem comum é o de uma “fraternidade universal”, isto é, uma comunhão desejada em si mesma, ou melhor, desejada como sinal de esperança para a unidade de todo gênero humano. Não um fim, mas um sinal – ou um sacramento. A constituição pastoral Gaudium et spes afirma que “ao proclamar a mais nobre vocação do homem e afirmar que nele está depositada uma semente divina, este santo Sínodo oferece á humanidade a colaboração sincera da Igreja no “estabelecimento de uma fraternidade universal que corresponda a essa vocação” (Prefácio, nº. 3). Por conseguinte, a constituição dogmática Lumen gentium define a Igreja como um “Povo Messiânico“, ou seja, “para todo o gênero humano a semente mais segura de unidade, esperança e salvação”, enviado “a todo o mundo [… ] como luz do mundo e sal da terra” (capítulo II, nº. 9). A missão da Igreja é uma missão de testemunho, de expressão da consciência comum do Povo de Deus que cristaliza as necessidades da humanidade, e é por isso que a autoridade na Igreja é definida como um serviço, na medida em que sanciona esta expressão e assegura a sua permanência. Continuar lendo

ÚLTIMO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES: O FIM DO MUNDO E O PROCEDIMENTO DOS BONS CATÓLICOS EM TEMPO DE PERSEGUIÇÃO

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O DEVER DE DESOBEDECER AOS HOMENS PARA OBEDECER A DEUS

JÁ OUVIU FALAR EM "JOELHOFOBIA"?

Fonte: Permanencia

Um leitor nos escreve:

Prezado Diretor,

Faço questão de participar-lhe do alívio e da satisfação que senti ao ler o Si Si No No de fevereiro de 2003 [edição italiana], especialmente o artigo ‘Autoridade e verdade. Noite ao meio dia?’ [que está sendo publicado neste número da edição brasileira]. Realmente, a brilhante argumentação referente à autoridade papal, que não é absoluta e está limitada pelo direito divino e, portanto, nem sempre obriga à obediência, confirmou-me, mais uma vez, que têm razão de sobra os que decidem continuar pertencendo à Igreja de sempre, isto é, à Igreja da Tradição Apostólica.

Suas demonstrações e provas, dedicadas à refutação dos neomodernistas e “conciliaristas” (que hoje estão soltos pelo mundo e como que possessos por uma sanha diabólica), baseiam-se num plano profundo da moral e da doutrina que nos enche de certeza e esperança quanto ao futuro da Igreja e também à salvação de nossas almas.

Mas, caro diretor, eis aqui a razão de minha carta: há pouco tempo deparei-me com um texto que transcrevo brevemente e que me causou uma pequena “crise” […]. Trata-se de um livro sobre os grandes santos italianos […] em que Santa Catarina de Sena, a grande santa do século XIV, padroeira da Itália, dirige-se a Sire Bernabó Visconti, senhor de Milão, um dos mais perigosos inimigos do papado (1373): “Pecamos diariamente, e por isso necessitamos diariamente de receber o perdão de nossos pecados, mas só a Igreja administra este sacramento, por ser a única depositária do sangue do Cordeiro. Então, quão néscio é quem se afasta do Vigário de Cristo, guardião das chaves do céu! Mesmo que fosse o diabo encarnado, o senhor não deveria rebelar-se contra ele, e sim, humilhar-se sempre e pedir o sangue [do Cordeiro] por misericórdia. De outro modo não poderia obtê-lo nem participar de seus frutos. Rogo-vos, pelo amor de Cristo crucificado, que nunca façais nada contra vosso Chefe […]. Dai-vos conta de que só o demônio pode vos ter tentado a fazer justiça em relação aos maus pastores da Igreja. Não creiais no demônio; o castigo dos prelados não é vossa incumbência; não o consente nosso Salvador, que não quer que Vós nem criatura alguma faça tal justiça, pois é ele próprio quem deseja realizá-la […]”.

Mais tarde […], em 1375, a República de Florença rebelou-se abertamente contra a autoridade do Papado; Catarina trovejou e fulminou seus anátemas contra os reitores do Povoado de Sena: Continuar lendo

AUTORIDADE, O VERDADEIRO DESAFIO DO SÍNODO – PARTE 2

Para o modernismo do Vaticano II, a autoridade vem de baixo e não mais de cima: essa gravíssima inversão da doutrina tradicional explica as atuais oscilações pontifícias entre o autoritarismo face à tradição e a capitulação às exigências libertárias.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ele os ensinava como quem tem autoridade. e não como os escribas” (Mc 1, 22).

A autoridade vem de Deus: a autoridade tomada como tal e, portanto, toda autoridade. São Paulo o diz (Rm 13, 1), mas a reta razão já reconhece isso em seu nível. Portanto, toda autoridade “vem do alto”, porque é a expressão particularizada do governo de Deus, que se utiliza de intermediários humanos para conduzir suas criaturas à felicidade eterna do céu, e para conduzi-las até lá de maneira adequada à sua natureza de seres humanos, isto é, com toda a inteligência e com toda a liberdade. É dessa forma que o mundo, tendo saído de Deus, que o criou e preserva, retorna a Deus, que o atrai e chama. Com efeito, é Deus, o Fim Último e Supremo, que todas as criaturas buscam, cada uma segundo o modo adequado à sua natureza. Os homens tendem a fazê-lo com inteligência e da liberdade. E se vários homens estão envidando juntos em direção a esse mesmo Fim, precisam que suas inteligências e as suas liberdades sejam auxiliadas por uma autoridade, cujo papel é unificar e ordenar os seus esforços, com pleno conhecimento de causa. A autoridade é, portanto, a ajuda e a assistência dadas por Deus aos homens, uma inteligência suficientemente elevada para discernir o verdadeiro bem comum a todos, acima do bem particular de cada indivíduo. E é também a ajuda e a assistência de uma inteligência dotada de todo o poder para tomar as decisões necessárias para aquisição e preservação desse bem comum.

2. A autoridade, portanto, só pode ser concebida em relação a um bem comum e a um fim, porque a autoridade é definida como a ajuda e a assistência de que a liberdade humana necessita para obter este bem e alcançar este fim, segundo a sua modalidade própria, que é a de uma ação comum. Na Igreja a autoridade dos Bispos e a do Papa não tem outro sentido senão em relação à salvação eterna, cuja primeira condição é a preservação e transmissão do depósito da fé, uma vez que a fé é o princípio da salvação. Continuar lendo

EM 21 DE NOVEMBRO….HÁ 49 ANOS…

“Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade.

Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.

Todas estas reformas, com efeito, contribuíram, e continuam contribuindo, para a demolição da Igreja, a ruína do sacerdócio, a destruição do Sacrifício e dos Sacramentos, a desaparição da vida religiosa, e a implantação de um ensino naturalista e teilhardiano nas universidades, nos seminários e na catequese, um ensino surgido do liberalismo e do protestantismo, condenados múltiplas vezes pelo magistério solene da Igreja.

Nenhuma autoridade, nem sequer a mais alta na hierarquia, pode obrigar-nos a abandonar ou a diminuir a nossa fé católica, claramente expressa e professada pelo magistério da Igreja há dezenove séculos. Continuar lendo

SEXTO DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA: A PARÁBOLA DO FERMENTO E OS EFEITOS DA GRAÇA SANTIFICANTE

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AUTORIDADE, O VERDADEIRO DESAFIO DO SÍNODO – PARTE 1

O recente episódio da destituição de Sua Excelência Mons. Joseph E. Strickland, Bispo nos EUA, pelo Papa Francisco, revela-nos o que realmente está em jogo no Sínodo, na qual um relatório resumido acaba de ser publicado no dia 28 de outubro: o desafio é uma adequada compreensão do que deve ser a autoridade na Igreja.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O que sairá desse último Sínodo? Será necessário aguardar pela Exortação Pós-Sinodal que o Papa publicará para podermos realmente responder a esta pergunta. Com efeito, o atual Sínodo de 2023, cujo relatório resumido acaba de ser publicado no sábado, 28 de outubro, ainda não está concluído, pois deverá ser realizado em duas sessões. Assim, esse relatório apresenta apenas reflexões e propostas tendo em vista a segunda sessão, que será realizada no outono de 2024. O Papa é sempre livre para publicar o que quiser nesse intervalo, mas o fato é que, por enquanto, não podemos entrar em mais detalhes.

Parece-nos, no entanto, que o que realmente está em jogo no Sínodo acaba de nos ser esclarecido por um episódio recente: a destituição, pelo Papa Francisco, de Sua Excelência Mons. Joseph E. Strickland, Bispo de Tyler, no Estado de Texas, nos EUA. O desafio é o entendimento correto do que deve ser a autoridade na Igreja.

A palavra “autoridade” vem do verbo latino “augere”, que significa aumentar. De acordo com a etimologia, a autoridade designa a função daquele que deve dar aumento (crescimento) aos que governa. Aumento da liberdade. Tornar os outros cada vez mais livres é o ato fundamental e radical que define a autoridade como tal. E essa liberdade, cuja promoção a autoridade deve promover, é aquela que os membros de uma sociedade devem exercer cada vez melhor, uns com os outros e por meio dos outros, agindo de acordo com as exigências da reta razão iluminada pela fé, a fim de alcançar a perfeição à qual Deus os chama. Perfeição inscrita no bem comum, que é a razão de ser da vida em sociedade e da qual a autoridade é responsável. Continuar lendo

OS HOMENS FOGEM DA MORTE, CRISTO ALIVIA A DOR

Doravante, o sofrimento e a morte não são mais um castigo divino, mas a melhor forma de nos conformarmos com Cristo.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Banalizamos os carros funerários e transformamos os cemitérios em jardins paisagísticos, mas expomos a violência e exibimos as mortes por epidemias ou massacres selvagens. O mundo se esforça para fazer com que Deus desapareça, e assim vagueia sem fé ou razão. E a morte ronda por toda parte à procura de quem devorar, sem que ninguém a consiga evitar. No entanto, não é por falta de tentativas. Todos tentaram em vão, tanto os filósofos como os poetas, um dos quais disse tão bem: 

Ó Morte, velho capitão, é tempo! Levantemos a âncora. Esse país nos entedia, ô Morte! Partamos!

Se o céu e o mar são negros como tinta,

Nossos corações que conheces estão repletos de raios!

Verta-nos teu veneno para que ele nos reconforte!

Queremos, tal é o fogo que queima nosso cérebro,

Mergulhar ao fundo do abismo, Inferno ou Céu, que importa?

Ao fundo do Desconhecido para encontrar o novo!”

A morte é assustadora. São Paulo, assim como nós, não escapou desse medo. Mas ele revela, melhor do que ninguém, este mistério da morte: “Infeliz de mim! Quem me livrará deste corpo (em que habita o pecado, que é causa de morte espiritual)? (Somente) a graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor. Assim, pois, eu mesmo sirvo à lei de Deus com o espírito; e sirvo à lei do pecado com a carne.” (Rm 7, 24-25). Continuar lendo

PECADOS DA IGNORÂNCIA, FRAQUEZA E MALÍCIA

Garrigou Lagrange, O.P.

Espalha-se, em alguns lugares, a opinião de que apenas o pecado de malícia é mortal, e que os pecados de ignorância e fraqueza jamais o são. É importante recordar, acerca deste ponto, o ensinamento da teologia, tal como se encontra formulado por Santo Tomás de Aquino na sua Suma Teológica (Ia-IIae, q. 76, 77, 78).

O pecado de ignorância é o que provém de ignorância voluntária e culpável, chamada ignorância vencível. O pecado de fraqueza é o que provém de forte paixão, que diminui a liberdade e obriga a vontade a dar seu consentimento. Quanto ao pecado de malícia, é o que se comete com plena liberdade “quasi de industria”, com aplicação e frequentemente com premeditação, sem paixão, nem ignorância. Recordemos o que Santo Tomás nos ensina sobre cada um deles.

Os pecados de ignorância

No que diz respeito à vontade, a ignorância pode ser antecedente, consequente ou concomitante.

A ignorância antecedente é a que não é absolutamente voluntária, ela é dita “moralmente invencível”. Por exemplo, acreditando atirar em um animal numa floresta, um caçador mata um homem que não havia dado sinal algum de sua presença e que de modo algum se poderia supor estar onde estava. Neste caso, não há falta voluntária, mas somente pecado material.

A ignorância consequente é a que é voluntária, ao menos indiretamente, por efeito da negligência em instruir-se acerca daquilo que se pode e deve saber; é chamada ignorância vencível, pois seria possível, com aplicação moralmente possível, libertar-se dela; ela dá causa a uma falta formal, desejada, ainda que indiretamente. Por exemplo, um preguiçoso estudante de medicina que não se aplica aos estudos e consegue, de algum modo, colar grau como doutor, apesar de ignorar as coisas mais elementares de sua arte. Se lhe ocorre de acelerar a morte de alguns de seus pacientes, ao invés de lhes curar, não há nisso pecado diretamente voluntário, mas há certamente uma falta indiretamente voluntária, que pode ser grave e pode ir até o homicídio por imprudência ou grave negligência.

A ignorância concomitante é a que não é voluntária, mas acompanha o pecado de tal modo que, independente de existir ou não, ainda haveria pecado. É o caso do homem mui vingativo que deseja matar seu inimigo, e, um dia, por ignorância, mata-o de fato, julgando atirar num animal na floresta; este caso é manifestamente diferente dos dois precedentes. Continuar lendo

PROFECIAS DE GUERRA

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Andrea Oddone, S.J., La Civiltà Cattolica

Tradução de Gederson Falcometa 

O homem é imperiosamente atraído pelo desejo de conhecer o futuro e de levantar algumas pontas do véu que lhe esconde o mistério. As artes mágicas, o estudo das ciências ocultas, as diversas formas de adivinhação nada mais são do que manifestações desse desejo e, ao mesmo tempo, tentativas de satisfazê-lo. Em todas as épocas da história humana surgem profetas e adivinhos, aos quais o povo se abandona com vivo ardor e muitas vezes com entusiasmo fanático; aparições, predições e revelações são fenômenos mais ou menos comuns a todas as civilizações. 

Mas em tempos de convulsão social e de calamidades públicas, a avidez pelo maravilhoso e a curiosidade de explorar o futuro tornam-se mais aguçadas, as predições multiplicam-se e encontram maior ressonância nas almas. Fertilíssimo nesta matéria é sobretudo o tempo de guerra. Em 1870, foram colocadas em circulação “profecias” de todos os tipos, tão numerosas que perfaziam dois volumes de mais de seiscentas(1). O mesmo fenômeno repetiu-se durante a guerra que eclodiu em 1914 (2). Ainda hoje, enquanto enfurece a presente tragédia bélica, se faz audível a voz dos profetas de ocasião, que, poder-se-ia dizer, competem em anunciar misteriosamente a sorte futura da humanidade e em predizer os vários acontecimentos, dos quais nós mesmos seremos espectadores. 

Do ponto de vista psicológico este florescimento extraordinário de predições é facilmente explicável. O tempo de guerra produz na alma o tormento e a angústia do que será o amanhã. Nos acontecimentos alternados das hostilidades, confrontados com a dura realidade do sofrimento e da privação, sentimos a necessidade de descansar nas perspectivas de um futuro mais favorável. Um tal estado de espírito é mais favorável do que nunca para acolher tudo o que possa alimentar a nossa curiosidade, incutir alguns raios de esperança e preencher de alguma forma as nossas inquietudes e angústias. Continuar lendo

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 16 – EXEMPLOS DE PACIÊNCIA – A PACIÊNCIA DOS MÁRTIRES

A psicologia dos mártires ~ Criacionismo

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Dar a vida por Cristo é uma das maiores honras que nos podem ser concedidas.

Ela garante uma entrada imediata no céu e nos dá uma parte, como nada mais pode dar, dos sofrimentos dAquele que deu Sua vida por nós.

É a marca suprema da misericórdia de Deus para com aqueles que são Seus amigos especiais. Não está ao alcance de todos que a desejam. É concedida àqueles a quem Deus a destinou e a mais ninguém.

Ela precisa ser adquirida por um longo curso de serviço e fidelidade a Deus. Se, ao menos, Deus me desse tal privilégio, quão feliz eu deveria ser. Se ao menos eu pudesse viver de modo a merecê-la! Continuar lendo