O NOVO ORDO MISSÆ DE PAULO VI É MAU EM SI MESMO?

NOM

O Missal de Paulo VI tornou obscuro e ambíguo o que o Missal de São Pio V havia tornado explícito e esclarecido.

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome n ° 645 – Tradução: Dominus Est

Estado da questão

1 – A avaliação do Novus Ordo Missae feita pela Fraternidade São Pio X retoma as bases do Breve Exame Crítico apresentado ao Papa Paulo VI pelos Cardeais Ottaviani e Bacci. No Prefácio que precede e introduz este Breve Exame, os dois cardeais observam que o novo rito reformado por Paulo VI “representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão 22 do Concílio de Trento. Os “cânones” do rito definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que pudesse atacar a integridade do Mistério.” (1).

Breve Exame Crítico observa esse afastamento do ponto de vista das quatro causas:

  • Causa material (a Presença real),
  • Causa formal (a natureza sacrificial),
  • Causa final (o fim propiciatório)
  • Causa eficiente (o sacerdócio do padre). 

Esta grave falha obriga-nos a concluir que o novo rito é “mau em si mesmo” e proíbe-nos considerá-lo legítimo e até permite duvidar da validade das celebrações em vários casos.

Objeções em sentido oposto

2 – Esta constatação é negada por todos aqueles que afirmam que o Missal de Paulo VI contém, suficientemente, a expressão da fé católica no que se refere ao mistério da Eucaristia e que o celebrante e os fiéis podem, portanto, adotá-lo não somente de maneira válida, mas também com piedade e proveito espiritual. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: JOÃO PAULO II, UM NOVO SANTO PARA A IGREJA?

A apostasia de João Paulo II com os muçulmanos - Igreja Católica

Estudo realizado pelo Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX(*) para o periódico Courrier de Rome, de janeiro de 2014, antes da canonização do Papa João Paulo II.

(*) Pe. Gleize é professor de apologética, eclesiologia e dogma no Seminário São Pio X de Écône, um dos maiores teólogos e filósofos tomistas da atualidade, participou das discussões doutrinárias entre Roma e a FSSPX entre 2009 e 2011.

NOSSOS DEVERES PARA COM OS MORIBUNDOS

MORI

“Cumprir nossos deveres para com nossos pais e mães é, para nós, uma obrigação constante, mas principalmente em suas doenças graves e perigosas. É então que devemos fazer tudo quanto necessário para que não sejam privados da confissão e dos outros sacramentos que os cristãos são obrigados a receber na aproximação da morte” (Catecismo de Trento, sobre o 4 e  mandamento).

Fonte: Le Carillon n° 200 – Tradução: Dominus Est 

É, portanto, natural para um cristão se preocupar em garantir a seus próximos a assistência dos sacramentos durante toda a vida, especialmente na proximidade da morte. Infelizmente, em nossa sociedade dominada pela onda da secularização, não há família que não se preocupe com um de seus membros, ou mesmo com um amigo, que persiste na descrença. Mas, felizmente, quantos sacerdotes puderam testemunhar que, chamados à cabeceira de um moribundo por familiares preocupados, conseguiram reconciliar o pecador com Deus e ver o bom ladrão adormecer no Senhor!

Contudo, não se deve permitir que uma má compreensão do modo como agem os sacramentos prive dos seus frutos esta considerável boa vontade. O catecismo nos ensina isso: os sacramentos sempre concedem a graça,  conquanto que os recebamos com as disposições necessárias. Não digamos a nós mesmos: Padre pode tudo, uma vez que se encontre ao lado do irmão que sofre, tudo está garantido! Não, ele só poderá administrar os sacramentos se se apresentar as disposições necessárias, que o padre pode tentar suscitar com a sua palavra, com sua oração, mas que não pode suprir se aquele a quem foi chamado não as quiser. Continuar lendo

O QUE É A VERDADEIRA TRADIÇÃO? A VISÃO DE SÃO VICENTE DE LERINS

São Vicente de Lérins, um grande pensador, teólogo e místico

Fonte: Courrier de Rome  n.º 308, Fevereiro de 2008 – Tradução: Dominus Est

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Em obra recentemente publicada em março de 2007, o Padre Bernard Lucien dedica seis estudos à questão da autoridade do Magistério e da infalibilidade. O último desses estudos é o assunto de um capítulo 6 até então inédito, visto que os cinco estudos anteriores são uma reapresentação de artigos já publicados na revista Sedes sapientiae. Entre outras coisas, ele diz: «O que sustentamos aqui, e que diversos autores “tradicionalistas” negam, é que a infalibilidade do Magistério ordinário universal respalda a afirmação central de Dignitatis humanae, afirmação essa contida no primeiro parágrafo de DH, 2 e que aqui lembramos: “Este Concílio Vaticano declara que a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa. Esta liberdade consiste no seguinte: todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência, nem impedido de proceder segundo a mesma, em privado e em público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites. Declara, além disso, que o direito à liberdade religiosa se funda realmente na própria dignidade da pessoa humana, como a palavra revelada de Deus e a própria razão a dão a conhecer”»[1].

1) Liberdade religiosa: um ensinamento infalível do Magistério ordinário universal?

O Pe. Lucien afirma ali que o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre a liberdade religiosa é um ensinamento infalível porque equivale a um ensinamento do Magistério ordinário universal.

Sabemos que o Papa pode exercer o Magistério de maneira infalível e que o faz ora sozinho ora junto dos bispos. Essa infalibilidade é uma propriedade que diz respeito precisamente a um certo exercício da autoridade. Pode-se assim distinguir três circunstâncias únicas nas quais a autoridade suprema goza de infalibilidade. Há o ato da pessoa física do Papa que fala sozinho ex cathedra; há o ato da pessoa moral do Concílio ecumênico, que é a reunião física do Papa e dos bispos; há o conjunto dos atos, unânimes e simultâneos, que emanam de todos os pastores da Igreja, o Papa e os bispos, porém dispersos e não mais reunidos. O ensinamento do Papa falando ex cathedra e aquele do Concílio ecumênico correspondem à infalibilidade do Magistério solene ou extraordinário, enquanto que o ensinamento unânime de todos os bispos dispersos, sob a autoridade do Papa, é o ensinamento do Magistério ordinário universal.

A questão do Magistério ordinário universal é abordada na constituição dogmática Dei Filius, do Concílio Vaticano I. Lá é dito que «deve-se crer com fé divina e católica todas aquelas coisas que estão contidas na Palavra de Deus, escrita ou transmitida por Tradição, e que a Igreja nos propõe, ou por definição solene, ou pelo magistério ordinário universal, a serem cridas como divinamente reveladas» (DS 3011). E na Encíclica Tuas libenter, de 21 de dezembro de 1862, o Papa Pio IX fala do «Magistério ordinário de toda a Igreja disseminada pelo orbe terrestre» (DS 2879). Na ocasião do Concílio Vaticano I, em um discurso proferido no dia 6 de abril de 1870[2], o representante oficial do Papa, Mons. Martin, dá a seguinte precisão acerca do texto de Dei Filius: «A palavra “universal” significa geralmente a mesma coisa que a palavra usada pelo Santo Padre na Encíclica Tuas libenter, a saber, o Magistério de toda a Igreja disseminada sobre a terra». Está claro, portanto, que o Magistério ordinário universal está em contraste com o Magistério do Concílio ecumênico assim como o Magistério do Papa e dos bispos dispersos está em contraste com o Magistério do Papa e dos bispos reunidos. Continuar lendo

A SEITA “O TEMPLO SATÂNICO” CONSIDERA O ABORTO “UM RITUAL RELIGIOSO SATÂNICO”

Fonte: Médias-Presse-Info – Tradução: Dominus Est

Nos Estados Unidos, o Templo Satânico decidiu desafiar a recente lei texana que proíbe o aborto após seis semanas usando um argumento que diz muito sobre o obscuro princípio do aborto. A seita, que é incrivelmente reconhecida pelas autoridades fiscais americanas como uma “organização religiosa“, pediu para ser excluída da nova legislação em virtude da Lei de Restauração da Liberdade Religiosa, ou seja, em virtude do princípio da liberdade religiosa.

O Templo de Satanás considera o aborto como um ritual religioso baseado na autonomia do corpo e na “ciência” e, ao mesmo tempo, considera a lei do Texas “tirânica”. “Ao limitar o contexto no qual o ritual ocorre, o próprio ritual fica limitado“, disse o representante legal dos satanistas, Matthew Kezhaya, aventurando-se então a fazer uma comparação blasfema com a Eucaristia. A seita enviou uma carta ao FDA (Food and Drug Administration) solicitando que seus membros tenham acesso à medicamentos abortivos sem estarem sujeitos aos regulamentos do próprio FDA e isso ainda de acordo com a ideia de que o aborto é, para o Templo Satânico, um “ritual religioso”.

Alguns jornais liberais saudaram a iniciativa do Templo Satânico: para o Huffington Post é “diabolicamente inteligente“, para o Salon “pode ​​ser a última, a maior esperança para salvar os direitos ao aborto no Texas” e mesmo o Fortune fala sobre a “última esperança” vinda dos satanistas.

A verdade diabólica do aborto sai das bocas do próprio inferno.

Francesca de Villasmundo

OS “GUARDIÕES DA TRADIÇÃO” E A “ALEGRIA DO AMOR”

Em 2016, o Papa Francisco publicou a Exortação pós-sinodal Amoris lætitia na qual concedeu – caso a caso – o acesso à comunhão eucarística aos divorciados “recasados”, que não têm direito a ela segundo a imutável moral  da Igreja Católica.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Em 2021, ele [Papa Francisco] publicou o Motu proprio Traditionis custodes, cujas condições draconianas visam restringir, ao máximo, o direito dos fiéis à Missa de sempre, na esperança de que um dia esse direito seja extinto por completo.

De um lado, existe um pseudo-direito à comunhão garantido pela “misericórdia pastoral”; de outro, um verdadeiro direito à Missa de sempre, reduzida e praticamente negada em nome da “unidade da Igreja“, comprometida pela falta de submissão ao magistério conciliar cuja Nova Missa afirma pertencer.

De um lado, uma extrema solicitude para com as “periferias da Igreja”; de outro, uma severidade absoluta em relação aos que estão ligados ao Santo Sacrifício da Missa, e que, seguindo os cardeais Ottaviani e Bacci – em seu Breve exame crítico do Novus Ordo Missæ (1969) – afirmam que a Missa de Paulo VI “representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um impressionante afastamento da teologia católica da santa missa, conforme formulada na Sessão XXII do Concílio de Trento. Os “Canones” do rito, definitivamente fixados naquele tempo, proporcionavam uma intransponível barreira contra qualquer heresia dirigida contra a integridade do Mistério”. Continuar lendo

JOÃO PAULO II: UM NOVO SANTO PARA A IGREJA? – ARTIGO 3/3: JOÃO PAULO II PODE SER CANONIZADO?

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Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome, Janeiro de 2014 – Tradução: Dominus Est

[Nota do blog: Texto publicado originalmente antes da canonização do Papa João Paulo II]

ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA

Parece que sim

Primeiramente, a canonização de João Paulo II foi oficialmente anunciada pela Santa Sé. Ela está prevista para o domingo, 27 de abril de 2014. Sendo a canonização um ato reservado ao sumo pontífice, somente ele pode decidir propor um santo como exemplo a toda a Igreja e, se ele o fez, deve-se concluir que a canonização desse santo é possível. Visto que o Papa Francisco decidiu canonizar João Paulo II, ele é portanto canonizado.

Em segundo lugar, para poder ser canonizado, um fiel defunto deve primeiro ser beatificado. Ora, João Paulo II foi beatificado por Bento XVI. Portanto, João Paulo II pode ser canonizado.

Parece que não

Em terceiro lugar, João Paulo II não foi santo. Ora, nenhum ato poderia reconhecer como santo aquele que não o foi. Portanto, nenhum ato poderia reconhecer como santo João Paulo II e, visto que a canonização é o ato pelo qual o papa reconhece oficialmente a santidade de um fiel defunto, João Paulo II não poderia ser canonizado. Prova da primeira premissa: em suas palavras e atos públicos, João Paulo II foi frequentemente ocasião de ruína para a fé e para a religião dos fiéis.

Em quarto lugar, os milagres atribuídos a João Paulo II são duvidosos. Ora, nenhum ato poderia reconhecer como desfrutando da glória celeste aquele cuja intercessão é duvidosa que os milagres sejam realizados. Portanto, nenhum ato poderia reconhecer João Paulo II como desfrutando da glória celeste e, visto que a canonização é o ato pelo qual o papa reconhece oficialmente a glória celeste de um fiel defunto, João Paulo II não poderia ser canonizado. Continuar lendo

JOÃO PAULO II: UM NOVO SANTO PARA A IGREJA? – ARTIGO 2/3: AS NOVAS CANONIZAÇÕES OBRIGAM EM CONSCIÊNCIA TODOS OS FIÉIS CATÓLICOS?

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Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome, Janeiro de 2014 – Tradução: Dominus Est

[Nota do blog: Texto publicado originalmente antes da canonização do Papa João Paulo II]

ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA

Parece que sim

Primeiramente, as novas canonizações apresentam-se como juízos solenes dos soberanos pontífices, ou seja, como atos de seu magistério supremo. Ora, o ato do magistério supremo do papa obriga em consciência todos os fiéis católicos. Portanto, as novas canonizações obrigam em consciência todos os fiéis católicos.

Se se objeta que a nova intenção de colegialidade implicada pelas reformas conciliares autoriza a duvidar que as novas canonizações sejam atos do magistério supremo do Papa, responde-se em segundo lugar que, qualquer que sejam esses antecedentes históricos, vê-se bem, na ocasião do ato formal dessas novas canonizações, que o soberano pontífice age segundo seu magistério pessoal. Com efeito, as fórmulas utilizadas durante essas novas canonizações significam claramente que o papa, investido de sua autoridade pontifical apostólica, proclama a glória celeste e a santidade do canonizado. A intenção de colegialidade não poderia atentar contra a intenção requerida, tal como ela está suposta pelo ato da canonização, mesmo após o Vaticano II. As novas canonizações, portanto, obrigam em consciência todos os fiéis católicos, enquanto atos do magistério supremo do papa.

Em terceiro lugar, as novas canonizações apresentam-se como juízos definitivos do magistério solene, ou seja, últimos e definitivos, que não poderiam mais ser nem ab-rogados, nem modificados, nem revisados ou reexaminados. Ora, por tais juízos são obrigados em consciência todos os fiéis católicos. Com efeito, os termos empregados até aqui por essas novas canonizações são aqueles pelos quais o papa propõe como exemplo a toda a Igreja um fiel defunto, para que Ela o considere obrigatoriamente como verdadeiramente santo, que goza de felicidade no céu, e com a obrigação de fazer dele objeto de culto cá embaixo[3]. Ora, tal juízo é definitivo em razão da mesma obrigação que ele impõe a toda a Igreja. Daí se tira a mesma conclusão que se tirou nos dois argumentos anteriores. Continuar lendo

JOÃO PAULO II: UM NOVO SANTO PARA A IGREJA? – ARTIGO 1/3: O QUE É A CANONIZAÇÃO DOS SANTOS?

João Paulo II: o atentado, o perdão e a misericórdia - A12.com

Padre Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: Courrier de Rome, Janeiro de 2014 – Tradução: Dominus Est

[Nota do blog: Texto publicado originalmente antes da canonização do Papa João Paulo II]

PRÓLOGO

Na sua primeira Epistola aos Tessalonicenses (capítulo 1, versículos 6 a 9), São Paulo louva e felicita os fiéis da igreja de Tessalônica pois eles haviam seguido seu exemplo, e também porque eles mesmos deram exemplo a todos os demais fiéis da sua nação. E por isso, graças a eles, a fé foi difundida não somente por toda sua nação, mas também fora dela. Vemos aqui a importância concreta e a eficácia da pregação através do exemplo, da pregação através da santidade de vida. E vemos também a que ponto — se acontecer tal como está previsto — a canonização de João Paulo II representará um acontecimento grave, porquanto esse ato dará a todos os católicos o exemplo enganoso de uma falsa caridade. Falsa caridade oposta em absoluto às exigências da Realeza de Cristo, falsa caridade ecumênica da qual o papa polonês se tornou apóstolo incansável. Esse exemplo dado a toda a Igreja seria ipso facto a apoteose (no sentido mais estrito e etimológico do termo) do Vaticano II: por meio da canonização do Papa João Paulo II, os ensinamentos do Concílio se tornarão intocáveis.

É por isso que é indispensável relembrar alguns princípios elementares, a fim de dar aos fiéis católicos os meios de discernimento, e para que não se deixem ser enganados por raciocínios falsos. Aqueles que querem canonizá-lo não se detêm e se esforçam desde já a incitar os católicos a reconhecer, na vida de João Paulo II, um ideal de santidade autêntica, cuja imitação se impõe a toda a Igreja.

Dirão que não podemos toda hora desobedecer, contestar e recusar o magistério e o papa. Responderemos que, de fato, não podemos desobedecer; e é justamente para continuar a obedecer à Tradição bimilenar da Igreja — para não a contestar e para lhe dar toda a adesão a que Ela nos obriga — que somos obrigados a ser contra todas as iniciativas que se afastam Dela, ainda que venham das mais altas autoridades da Igreja. Continuar lendo

A NOVA DEFINIÇÃO DA MISSA SEGUNDO PAULO VI

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A forma da Missa nova é a reunião do “povo de Deus”, de modo que a Missa em si passa a ser apenas um acontecimento menor se dando no mesmo local. Esta é a essência da reforma desejada pelo Vaticano II.

Fonte: Courrier de Rome n ° 645 – Tradução: Dominus Est

1 – Em 3 de Abril de 1969, o Papa Paulo VI assinou a Constituição Apostólica Missale Romanum, promulgando o Missal Romano restaurado por decreto do Concílio Vaticano II. Este documento apresenta o Novus Ordo Missæ (abreviado como NOM) acompanhado de uma importante “Apresentação geral” ou Institutio generalis, compreendendo 341 artigos. Em 26 de março de 1970, este novo Missal foi objeto de uma segunda edição, compreendendo em sua “Apresentação Geral” um Preâmbulo e numerosas modificações(1).A terceira edição deste novo Missal reformado, apresentado em Roma em 22 de março de 2002 e aprovado pelo Papa João Paulo II, é acompanhada por uma nova versão revisada da Apresentação Geral, a Institutio generalis missalis romani, que contém 399 artigos.

2 – Longe de ter sido imposta da noite para o dia na Igreja, o NOM de Paulo VI é fruto de uma longa elaboração. A constituição Sacrosanctum conciliumsobre a liturgia do Concílio Vaticano II pedia por uma reforma no seu nº 50, inspirada numa lógica profunda, claramente afirmada no nº 21: “Nesta reforma, proceda-se quanto aos textos e ritos, de tal modo que eles exprimam com mais clareza as coisas santas que significam, e, quanto possível, o povo cristão possa mais facilmente apreender-lhes o sentido e participar neles por meio de uma celebração plena, ativa e comunitária”. O número 14 já especificava: “É desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5).

3 – O resultado deste desejo de reforma encontra-se no número 16 da Institutio generalis(2002) do NOM, que define a Missa como “a ação de Cristo e do Povo de Deus hierarquicamente organizado”.

4 – A fim de fornecer uma apreciação, apoiar-nos-emos no Breve Exame Crítico apresentado pelo Cardeal Ottaviani em seu nome e em nome do Cardeal Bacci ao Papa Paulo VI em 3 de setembro de 1969 (abreviado como BEC).

I – A versão de 1969

5 – A definição da Missa encontra-se na primeira edição da Institutio generalis, de 18 de novembro de 1969:

  • no nº 2 é definido como o memorial da paixão e ressurreição de Cristo.
  • no nº 7: “A Ceia do Senhor, também conhecida como Missa, é uma sinaxe sagrada, ou seja, a reunião do povo de Deus, sob a presidência do sacerdote, para celebrar o memorial do Senhor. É por isso que a reunião local da Santa Igreja cumpre de modo eminente a promessa de Cristo: “Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu aí estou, no meio deles” (Mt, XVIII, 20).

6 – A missa é formalmente definida como tal. Ela é:

  • a reunião dos fiéis (causa formal)
  • para celebrar a memória ou a recordação do fato passado da Primeira Ceia (objetivo ou causa final)
  • sob a presidência do sacerdote (causa eficiente).

7 – Notemos que é o povo de Deus reunido que celebra; o povo é o agente da celebração: “congregatio populi Dei ad celebrandum”. A presença de Cristo provém (“quare”) desta reunião: é, portanto, a presença espiritual daquele que recordamos, sendo esta memória precisamente a ação do povo que constitui a causa final da reunião. Parece então que o pão e o vinho não são mais do que os símbolos usados ​​por esta reunião para representar aquele de quem nos recordamos.

8 – O BEC dá a seguinte avaliação, em primeiro lugar no que diz respeito à primeira parte: “A definição da Missa é, portanto, reduzida à de uma “ceia”: e reaparece continuamente (nos números 8, 48, 55, 56 do IG). Esta “ceia” é ainda caracterizada como sendo a da assembleia presidida pelo sacerdote; a da assembleia reunida para realizar “o memorial do Senhor”, que recorda o que fez na Quinta-feira Santa. Tudo isso não implica nem a presença real, nem a realidade do sacrifício, nem o caráter sacramental do sacerdote que consagra, nem o valor intrínseco do sacrifício eucarístico independentemente da presença da assembleia”. Do ponto de vista lógico, esta definição que se supõe ser a da Missa não contém nenhum dos elementos essenciais ao definido, como já foi objeto de definição do Magistério. “A omissão, em tal lugar, desses dados dogmáticos, só pode ser voluntária. Tal omissão voluntária significa sua “superação” e, pelo menos na prática, sua negação”.

9 – O BEC assinala que esta nova definição do nº 7 é imediatamente seguida, no nº 8, pela divisão da Missa em duas partes: Liturgia da palavra e Liturgia eucarística. O significado profundo desta divisão é indicado pelo próprio texto da IG, que nos diz que a Missa envolve assim uma dupla preparação: a preparação da “mesa da palavra de Deus” e da “mesa do Corpo de Cristo”, para que os fiéis possam ser “ensinados e restaurados”. “Há aqui”, observa a BEC, “uma assimilação das duas partes da liturgia, como se fossem dois sinais de igual valor simbólico. Assimilação essa que é absolutamente ilegítima”. A divisão da Missa confirma assim a definição da Missa, onde a presença de Cristo já não é a presença real sacramental, mas uma presença espiritual.

10 – Após a definição e divisão, a denominação. “A IG, que constitui a introdução do novo Ordo Missæ, utiliza numerosas expressões para designar a Missa, todas relativamente aceitáveis. Todas devem ser rejeitadas se utilizadas como são, separadamente e em termos absolutos, cada um adquirindo um significado absoluto pelo fato de serem usadas separadamente:

  • ação de Cristo e do povo de Deus;
  • Ceia do senhor;
  • refeição pascal;
  • participação comum na mesa do Senhor;
  • Oração eucarística;
  • Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística.

11 – Podemos concluir: “É evidente que os autores do NOM enfatizaram obsessivamente a Ceia e o memorial que dela é feita, e não a renovação (incruenta) do sacrifício da Cruz. Devemos inclusive observar que a fórmula: “Memorial da Paixão e da Ressurreição do Senhor” não é exata. A missa se refere formalmente apenas ao sacrifício, que é, em si mesmo, redentor; a ressurreição é o seu fruto”. Santo Tomás diz no Adoro Te: “O memoriale mortis Domini”.

II – A versão de 1970

12 – Essa definição foi revisada na segunda edição da Institutio generalis, aquela de 26 de março de 1970. As modificações nela introduzidas “não impõem uma mudança substancial nas observações que fizemos anteriormente sobre a Nova Missa”(2). Não devemos esquecer, de fato, que a Missa é, antes de mais nada, o equivalente a uma obra de arte, ou seja, a uma prática. Sempre podemos mudar a definição sem mudar a prática correspondente. No entanto, é a obra enquanto tal que deve ser julgada, mesmo que sua definição seja alterada. E esta obra é deficiente, como mostra o Breve Exame Crítico dos Cardeais Ottaviani e Bacci, porque oblitera a essência do que a obra pretende alcançar: a adesão a Jesus Cristo Salvador e Redentor. Como todas as outras elaborações escritas pós-evento, o Preâmbulo da IG revisada de 1970 foi escrito após a elaboração da nova Missa, a fim de justificá-la, mas ela própria continua a ser uma obra deficiente. Corrigir o IG não significa que se corrigiu a Missa: corrigir a definição deixando o definido como está não corrige nada.

13 – A definição corrigida da Missa aparece no n ° 7:

Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote, que representa a pessoa de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor, ou sacrifício eucarístico. Portanto, esse encontro local da Santa Igreja cumpre de modo eminente a promessa de Cristo: «Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei lá no meio deles» (Mt 18, 20). Com efeito, na celebração da Missa, onde se perpetua o sacrifício da cruz (Concílio de Trento, Sessão XXII, cap. 1; DS 1740; cf. Paulo VI, Profissão de fé, n. 24), Cristo está realmente presente na própria assembleia reunida em seu nome, na pessoa do ministro, em sua palavra e também, substancial e continuamente, sob as espécies eucarísticas (Paulo VI, Mysterium fidei)”.

14 – Essa nova definição é menos abertamente modernista. Mas a parte ortodoxa nesta definição não consegue eliminar o modernismo que se aproveita do equívoco(3). “Sempre há ambiguidades e desvios que não são pequenos”(4).

15 – A definição diz que “Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou o sacrifício eucarístico”. Existem cinco coisas a distinguir nesta frase.

  • O sujeito lógico do qual falamos e ao qual atribuiremos o predicado é o “povo de Deus”;
  • O que é dito sobre este povo de Deus? O povo de Deus é “convocado e reunido“.
  • A causa final desta forma: “celebrar a memória do Senhor ou o sacrifício eucarístico”.
  • A causa eficiente que conforma esta questão: “sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo”.
  • Por fim, ao dizer “na missa”, é enunciada uma circunstância de acordo com o lugar.

16 – A forma da Missa nova é a reunião do “povo de Deus”, de modo que a Missa em si passa a ser apenas um acontecimento menor se dando no mesmo local. Aquilo de que se fala, aquilo que será informado e determinado por um predicável não é a Missa, mas ocorre no que é chamado de Missa. A Missa é o lugar apropriado para a reunião do povo de Deus. A primeira versão de 1969 afirmava essa heresia de forma muito mais clara. Nesta segunda versão de 1970 a heresia é mais ambígua. Passou de “Missa é a reunião do povo de Deus” para “na Missa, o povo de Deus está reunido”.

17 – O erro mais grave consiste em manter aqui a afirmação inalterada da primeira versão de 1969, segundo a qual é precisamente o povo como um todo que celebra o memorial do Senhor ou o sacrifício eucarístico. Porque é o que sempre se diz, sem qualquer modificação: “In Missa […] populus Deiin unum convocatur […] ad memoriale Domini seu sacrificium eucharisticum celebrandum”. A palavra “celebrandum” tem aqui, como em 1969, sempre o “populus Dei” por sujeito e, portanto, por agente. E aí reside a essência da reforma desejada pelo Concílio Vaticano II.

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

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INDICAMOS TAMBÉM A LEITURA DO TEXTO MISSA NOVA: UM CASO DE CONSCIÊNCIA

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Notas:

  1. Estas foram analisadas no capítulo IV do livro de Arnaldo Xavier da Silveira, “La Nouvelle Messe de Paul VI, qu’en penser?”Editions de Chiré, Diffusion de la Pensée Française, 1975, p. 99 e seguintes.
  2. Arnaldo Xavier Da Silveira, “La Nouvelle Messe de Paul VI, qu’en penser?”Editions de Chiré, Diffusion de la Pensée Française, 1975, p. 100-101.
  3. Mons. Lefebvre, A Missa de sempre, textos compilados pelo Pe. Troadec, Clovis, 2005, p. 318-319. Publicado no Brasil pela Editora São Pio X, 2019.
  4. Arnaldo Xavier Da Silveira, “La Nouvelle Messe de Paul VI, qu’en penser?”Editions de Chiré, Diffusion de la Pensée Française, 1975, p. 117.

OUTUBRO: MÊS DO ROSÁRIO

Nossa Senhora do Rosário – História Nossa Senhora

Prezados amigos, leitores e benfeitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nesse mês do Rosário, disponibilizamos abaixo os links para as Encíclicas de Leão XIII sobre o Rosário e Nossa Senhora.

“Ora pro nobis, sancta Dei Genetrix, Ut digni efficiamur promissionibus Christi.”

Aproveitamos para disponibilizar alguns textos já publicados em nosso blog sobre o Rosário:

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE SETEMBRO

SEREMOS, EM BREVE, OS NOVOS LEPROSOS?

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Qualquer pessoa que, razoavelmente, pretenda fugir das injunções estatais e sanitárias, constantemente variáveis ​​e contraditórias, encontra-se marginalizada como um pária.

Fonte: Fideliter n ° 260 – Tradução: Dominus Est

É surpreendente que a própria palavra contágio só tenha surgido no século XIV. Obviamente, bem antes, doenças graves já se transmitiam por aproximação e precisavam de medidas de proteção. O dicionário nos mostra que contágio é um “substantivo feminino que data de 1375, e que vem do latim tangere, tocar”. E se formos um pouco mais a fundo, descobrimos que a ideia de transmissão de uma doença por contato não teve origem na ciência da medicina. Não, não teve! Desde a antiguidade cristã, sempre houve um grande medo da propagação do mal.

Em primeiro lugar, o primeiro e pior dos males, aquele que é transmitido a todos de geração em geração e priva a natureza de sua ordenação, é o pecado original. Ele desordena todas as nossas faculdades entregues à própria vontade, em detrimento do governo da razão. É, até mesmo, a razão de nossa vida mortal e de todos os nossos males. O único remédio é a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, cujo sacrifício se renova no altar, na Missa, que é um verdadeiro sacrifício propiciatório (que já não se manifesta na nova e atualizada Missa de Paulo VI). “Quem me livrará deste corpo (em que habita o pecado, que é causa de morte espiritual)?” pergunta o Apóstolo.

Outrora, o pecado original e a heresia eram estigmatizados

Mas, além dessa corrupção natural, qual é esse mal que todos os Padres da Igreja combateram, tão justamente, porque era tão contagioso? É a heresia. O caridoso Agostinho é cruel quando se trata de deter este flagelo, em particular, o dos donatistas . E por que, se não porque os hereges de todos os matizes rejeitam os cânones da fé e dissolvem a unidade política e social à imagem dos efeitos do pecado original? Por recusarem as regras de crença e ação que vinculam todos os membros de um corpo social organizado, eles devem ser excluídos. Continuar lendo

O SIGNIFICADO DAS VESTIMENTAS

Algumas palavrinhas sobre homens, mulheres e a "pessoa certa" - Modéstia e  Pudor

O vestuário é o reflexo e a expressão da nossa mais profunda personalidade e da nossa adesão pessoal a um modo particular de pensar e de viver.

Fonte: Le Parvis n ° 111 – Tradução: Dominus Est

Hoje em dia, somos aconselhados a “dar sentido” a qualquer atividade ou iniciativa, e esta fórmula convencional nos é muito conveniente pela sua relevância: de fato, o cristão não pode suportar a insignificância que consiste, sobretudo, em adotar um comportamento e realizar suas atividades de forma mecânica e rotineira, isto é, na ausência de uma verdadeira intenção ou de uma forma mundana, ou seja, sob a inspiração dominante do respeito humano. São Paulo encorajou seus fiéis a “fazer tudo para a glória de Deus”, mesmo enquanto comiam ou dormiam. O modo de vestir certa peça de roupa nunca ser banalizado, pois ao vestir-se, inevitavelmente torna-se portador de uma forte mensagem pela qual, de uma mesma forma, se assume responsabilidades e consequências. Trata-se, portanto, de determinar, de forma consciente, o significado que se pretende dar ao uso de tal ou tal vestuário, levando em consideração pelo menos os três parâmetros a seguir.

Um sinal de identificação e decoro na vida social

Pelo menos em tempos normais (e, portanto, fora de períodos de crises políticas, perseguições religiosas, etc.) é legítimo e mesmo oportuno se fazer reconhecer, à primeira vista, por uma aparência evidente: o fato de vestir um traje é a melhor ilustração. Um oficial de trânsito é imediatamente respeitado porque seu uniforme o identifica como representante da polícia. Entusiasmamo-nos em homenagear a bravura de nossos soldados quando desfilam em seus trajes cerimoniais. Sem dúvida, a escolha da roupa é, em grande parte, uma questão de gosto individual, mas apenas até certo ponto porque nunca pode ser deixada a uma pura fantasia, nem ao capricho do momento. Uma das primeiras regras dos bons modos e do respeito elementar devido ao próximo exige vestir-se de acordo com os costumes legítimos e as adequações ligadas à idade, sexo, condição, função, circunstâncias (casamento ou funeral por exemplo).

Nessas circunstâncias, as práticas do mundo às vezes são muito esclarecedoras: em um restaurante um pouco “chique”, os garçons devem usar roupas adequadas para respeitar a honorabilidade dos clientes, mesmo que esse traje seja bastante desconfortável para ele. Por outro lado, em uma cantina para “caminhoneiros“, pode-se permitir, sem escrúpulos, colocar-se à vontade prestando o serviço de camiseta, bermuda e tênis. O bom senso obviamente tolera o uso roupas “banais” em certas atividades como a prática esportiva e o trabalho manual. Por outro lado, as relações com os outros exigem que todos tornem seu emprego pelo menos tolerável, porque não agradável, e a esse respeito: roupas adequadas, limpas, de bom gosto e até mesmo elegantes se tornam um elemento apreciável de convivência. Continuar lendo

INDIFERENTES À MISSA NOVA?

Dois ritos diferentes coexistindo para a celebração da Missa. Realmente devemos considerá-los como duas expressões de uma mesma coisa? Certamente isso não é uma questão de gosto: é a fé católica que está em jogo. Lembremo-nos de como devemos julgar a missa reformada de 1969.

Fonte: FSSPX/Distrito da América do Sul – Tradução: Dominus Est 

Muitos problemas seriam resolvidos se fossemos ao menos indiferentes à Nova Missa. De Roma não nos pedem outra coisa. De tantos católicos perplexos com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, muitos acreditaram que o mal do novo rito viria apenas da maneira de celebrá-lo e os peregrinam pelas paróquias buscando padres, sempre poucos, que celebrem com piedade e não deem a comunhão nas mãos. Outros, melhor informados, sabem que a diferença não está nos modos do sacerdote, senão no próprio rito e reivindicam a Missa tradicional argumentando, com alguma hipocrisia, o enriquecimento que implica a pluralidade de ritos: o novo é bom, mas o antigo também, melhor então ficar com os dois!

Embora não haja tolos em Roma, toleraram essa conversa nos grupos tradicionais que se amparam (1) na Comissão “Ecclesia Dei”. Além disso permitiram aos Padres tradicionalistas da diocese de Campos, no Brasil, que ficassem com seu rito tradicional mesmo dizendo que a Nova Missa é “menos boa”. Mas em Roma  nossa Fraternidade porque causa incômodo, porque não só não diz que a missa nova é boa, mas a combate como perversa, incomodando a perplexidade que mesmodepois de quarenta anos de Concílio tantos católicos não deixam de padecer. Se, ao menos, fôssemos indiferentes – que os outros rezem como queiram – Roma nos deixaria em paz. 

Podemos ser indiferentes à Nova Missa?

Na véspera de sua Paixão, havendo chegado a hora de oferecer seu sacrifício redentor a seu Pai, Nosso Senhor fez uma aliança com Sua Igreja: Hæc quotiescumque feceritis, em mei memoriam facietis (Lembre-se de que morri por vossos pecados, que me lembrarei de vós na presença do Pai). E, sendo Deus, nos deixou o imenso mistério da Missa, pelo qual seu Sacrifício permanece sempre vivo, sempre novo, permitindo-nos assistir como ladrões arrependidos: Memento Domine, famulorum famularumque tuarum (Lembra-te, Senhor, de nós agora que estais em seu Reino).

A memória viva da Paixão que se renova pela dupla consagração graças aos poderes do Sacerdócio, a união misteriosa com a Vítima Divina que se realiza pela comunhão é a única maneira que tem o coração duro do homem para retornar ao amor de Deus, porque nada chama tanto ao amor como conhecer-se muito amado, e a Paixão de Nosso Senhor foi a maior demonstração de amor: ninguém ama mais do que aquele que dá a vida por seu amigo. É por isso que a obra da Redenção que Cristo realizada na Cruz não se faz eficaz para nós senão graças ao Sacrifício da Missa. Continuar lendo

EM BUSCA DA VERDADEIRA ARCA DA ALIANÇA

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A Arca da Aliança é – entre outras coisas – uma figura da Santíssima Virgem Maria.

Fonte: Le Chardonnet n ° 367 – Tradução: Dominus Est

Esta relicário misterioso nunca deixou de nutrir a imaginação, especialmente desde seu desaparecimento. Romances, lendas, mitos e filmes giram em torno de uma questão aparentemente sem resposta: o que aconteceu com a Arca da Aliança? Mas esta não é uma questão inútil? Todos esses exploradores não estão a procura de algo sem valor? Eles não deveriam se concentrar na pessoa figurada e não na figura?

O que era a Arca da Aliança?

No Sinai, Deus havia dado a Moisés todas as prescrições relativas ao culto divino, com uma grande riqueza de detalhes, impressionantemente precisos. No meio do santuário, deveria estar o tabernáculo, uma espécie de grande e bela tenda retangular. E no interior deste tabernáculo, entronizado um baú (caixa) de madeira de acácia, revestido com ouro por dentro e por fora, com 2,5 côvados de comprimento, 1,5 côvado de largura e essa mesma altura (ou seja, cerca de 1,3m x 0,8m x 0,8m). Esse baú era chamado de Arca da Aliança e continha as duas tábuas da lei, uma medida de maná (que foi milagrosamente preservada) e a haste florida de Aarão. A tampa, chamada propiciatório, consistia em uma placa de ouro puro e sustentava dois querubins com asas estendidas, também de ouro. O conjunto era transportado por meio de duas barras que passavam por quatro anéis.

Após a construção do templo por Salomão, a arca foi colocada no Santo dos Santos, um lugar temido que era visitado apenas uma vez por ano, e apenas pelo sumo sacerdote. Esta arca, assim colocada no centro de todo aparato litúrgico, era considerado o objeto mais sagrado, e ninguém podia olhá-la diretamente e muito menos tocá-la, a não ser alguns poucos privilegiados. Continuar lendo

CARAPAÇA E COLUNA VERTEBRAL

primeiro

O globalismo está na pauta do dia, e entre as projeções publicadas aqui e ali por inquestionáveis especialistas[1], podemos antever um futuro sombrio. Como viver na cova do leão e ainda permanecer íntegro?

Fonte: Le Chardonnet n° 367 – Tradução: Dominus Est

Sua descrição costumava ser, em parte, ficção científica, e em parte testemunhos sobre países totalitários: uma sociedade coletivista monitorada nos mínimos detalhes por uma inteligência artificial implacável, uma pressão social perniciosa para estabelecer a imoralidade na sociedade, etc. O mais preocupante é que não se trata de nos deixar uma escolha. Alguns estão até mesmo considerando abolir as eleições, visto hoje temos os meios para saber mais rapidamente o que a população[2] “deseja”  as máquinas decidirão, sem nós, qual é a “nossa” vontade geral, e seremos fortemente convidados a obedecê-las para “obedecermos a nós mesmos” de uma forma mais espontânea e unânime… Um tanto abalados por estes projetos filantrópicos excessivamente invasivos, perguntamo-nos o que fazer. A sociedade reinicializada que querem nos impor apenas remotamente se assemelhará ao cristianismo, e poderíamos muito bem encontrar-nos como cristãos no ainda pagão Império Romano, forçados a viver à parte da imoralidade pública e dos falsos cultos. Mas em tal sociedade a jurisprudência acaba por se afirmar: christianum esse non licet. Então, como viver na cova do leão e ainda permanecer íntegro?

Onde está o limite?

Mais precisamente, até que ponto podemos ou devemos entrar no sistema, sob o risco de participar formalmente do pecado? A polêmica atual sobre a moralidade das vacinas é testemunha disso. Como saber em que momento permanecer no sistema é aceitar a Marca da Besta? E se permanecermos, quem nos garante que teremos força para parar no limite? A experiência das práticas revolucionárias já mostrou como é possível fazer com que almas zelosas abandonem sua fé, envolvendo-as cada vez mais em ações ambíguas. Se deixarmos nos levar por essa engrenagem, tudo se seguirá[3] .

Risco zero?

Uma primeira atitude para resistir consiste em recusar tudo. Não só o pecado, mas também tudo o que se assemelha à sua sombra, porque isso seria cooperar com o projeto globalista, e recusa-se “custe o que custar” [4]. Isso equivale a ver o pecado onde ele não existe. Ao não saber reconhecê-lo onde realmente está, determina-se um curso de ação que parece ainda mais seguro, visto ser mais difícil e exigente. E, no entanto, engana e dispensa a necessidade de formar um juízo para apreciar o bem e o mal (certo e errado). Supondo que um dia não possamos mais suportar tal disciplina, demasiadamente estrita e mal fundamentada, tudo sucumbirá. Há almas escrupulosas que acabam abandonando tudo por não poderem suportar as limitações que impuseram a sim mesmas. Continuar lendo

A IDÉIA É SUPERIOR À REALIDADE?

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“Todos iremos para o céu, quer sejamos ladrões, assassinos, mentirosos, etc.” Tal conceito de santidade ou santificação é um verdadeiro afronta a Deus. É querer fazer de Deus cúmplice das injustiças.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

De um lado, os idealistas respondem afirmativamente. Para eles – quer dizer, infelizmente para um bom número de nossos contemporâneos – a ideia (o conceito) prevalece sobre a realidade (o fato, a verdade). É necessário, portanto, submeter a realidade à ideia concebida ou preconcebida. Do outro lado, os realistas respondem negativamente. Isso, dizem eles, é uma questão de simples bom senso, a realidade tem uma preeminência sobre a ideia, que dela deriva sua origem. O que devemos pensar sobre isso? Qual é a consequência em nossa vida espiritual?

O homem inteligente

O homem não nasce com suas idéias/conceitos infusos. Ao nascer, seu espírito é virginal, tabula rasa (literalmente: uma folha de papel em branco). No decorrer de sua vida, seu espírito será marcado, moldado, “instruído” (no sentido de uma “impressão sensível”) apenas pela experiência. Graças ao seu poder cognitivo, o homem compreende a natureza das realidades que o cercam: seja pela abstração, seja pelo raciocínio (julgamento), ou finalmente pela simples adesão da inteligência.

A inteligência humana compreende a natureza das coisas através de uma operação que lhe é própria, a abstração. Ela desenvolve, em seguida, um conceito, uma ideia da realidade (coisa) considerada. Por ideia ou conceito nos referimos à realidade (a coisa) como é conhecida pela inteligência. A inteligência, portanto, capta as realidades externas por meio de conceitos ou idéias. Também pode passar de uma ideia para outra, graças ao raciocínio. A ideia tem sua origem na realidade, na experiência. A verdadeira ideia é aquela que está de acordo com a natureza da coisa. É por esta razão que a verdade é definida, por Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, como sendo a adequação da inteligência à realidade, isto é, a conformidade do conceito, da ideia à realidade, à natureza das coisas. Para ser verdadeira ou objetiva, a inteligência humana deve estar submissa à realidade e não o contrário: humildade, essa é verdade! Continuar lendo

A BARBA E OS JOELHOS

O capitão Haddock não consegue pregar os olhos de noite. Foi-lhe feita uma pergunta embaraçosa: ele dorme com a barba abaixo ou acima do cobertor? Uma comparação com a saia: acima ou abaixo do joelho?

Fonte: Le Parvis n ° 112 – Tradução: Dominus Est

A barba pode levantar sérias questões. Na Coke en stock (As aventuras de Tintim), o capitão Haddock não consegue pregar os olhos de noite. Foi-lhe feita uma pergunta embaraçosa: ele dorme com a barba abaixo ou acima do cobertor? O joelho é uma articulação maravilhosa e muito útil, embora sem nenhuma beleza especial. Felizmente, as moças não têm barba, o que lhes permite dormir tranquilamente sem estas considerações. Mas elas têm joelhos. E é pela manhã que surge o dilema: saia acima ou abaixo do joelho? O joelho, como já dissemos, nada tem de estético. Mas a voz do mundo e a voz da Igreja discordam sobre o que é conveniente sobre tal assunto. Saber onde está o bem não basta para vencer a batalha. 

Tudo isso para apresentar este pequeno testemunho: Continuar lendo

A REAÇÃO PARADOXAL DAS COMUNIDADES “EX-ECCLESIA DEI” AO MOTU PROPRIO TRADITIONES CUSTODES

La réaction paradoxale des communautés « ex-Ecclesia Dei » au motu proprio  Traditionis Custodes • La Porte Latine

Se a nova missa é “fecunda” e “legítima”, por que recusar seu uso exclusivo? Especialmente se o papa tomou tal decisão motivado pelo desejo de união na Igreja…

Fonte: La Porte Latine – Tradução cedida pelo nosso amigo Bruno Rodrigues da Cunha

Amicus Plato, sed magis amica veritas.Sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”. Se por um lado lastimamos sinceramente um motu proprio que revoga quase todo direito de cidadania à liturgia tradicional, por outro lado não podemos deixar de notar o caráter paradoxal das reações dos institutos “ex-Ecclesia Dei”.

A reação mais emblemática é, sem dúvida, a do padre Paul-Joseph, Superior do Distrito francês da Fraternidade São Pedro. Numa entrevista à Famille Chrétienne, ele disse que “a Fraternidade São Pedro nunca rejeitou o Concílio Vaticano II. Para nós, ele não contém dificuldades fundamentais, mas unicamente demanda esclarecimentos acerca de determinados pontos, que nós interpretamos à luz da tradição da Igreja tal como preconiza Bento XVI”. Disse também que “jamais colocamos em dúvida a validade e a fecundidade do missal de Paulo VI”.

Essas palavras nos lembram que, diferentemente do que alguns pensam, as posições da Fraternidade São Pedro sobre o Concílio e a missa nova são completamente diferentes das posições da Fraternidade São Pio X.

A Fraternidade São Pio X afirma que no Concílio e no ensinamento dos papas pós-conciliares há erros, que se colocam em descontinuidade em relação à doutrina católica de sempre. Por exemplo, a liberdade religiosa, o ecumenismo, a colegialidade, citando apenas os pontos mais importantes. A Fraternidade São Pedro reduz tudo isso a um problema de interpretação e de esclarecimentos a serem dados. Continuar lendo

CONFUSÃO E QUADRATURA DO CÍRCULO

IED

Reunidos no dia 31 de agosto passado em Courtalain, doze superiores das comunidades Ecclesia Dei assinaram uma carta na qual manifestaram suas reações ao recente motu proprio Traditionis Custodes, do Papa Francisco. Muito obrigado, Santo Padre?…

Fonte: La Porte Latine – Tradução cedida pelo nosso amigo Bruno Rodrigues da Cunha

Inquietos com a ideia de que seus Institutos estejam sujeitos a visitas apostólicas disciplinares, que poderão chegar a lhes retirar a possibilidade de celebrar a missa segundo o rito de São Pio V, os signatários da cartaafirmam sua adesão ao Magistério do Vaticano II e subsequente, e se voltam aos bispos da França, para implorar por paciência e ouvidos, por compreensão e por misericórdia – num diálogo verdadeiramente humano. Nenhuma palavra acerca da nocividade intrínseca da nova missa de Paulo VI. Nenhuma palavra acerca dos frutos amargos do Concílio. Nenhuma palavra acerca da aceleração lamentável da crise da Igreja sob o Papa Francisco. E a comunhão aos divorciados recasados? E o escândalo da Pachamama? Essa diplomacia, se considerarmos tal carta como diplomacia,está muito próxima da ingenuidade ou da inconsequência, quando não da hipocrisia. O que dirão os pobres e bravos fieis que frequentam tais Institutos?…

Que pedem, de fato, todos esses superiores gerais? Pedem a liberdade, a liberdade de continuar celebrando o rito da missa antiga, no meio de todos aqueles que celebram o rito da missa nova. Ora, tal liberdade é impossível. E o que é chocante, ao se ler essa carta, é a ausência de qualquer referência à verdade subjacente: a oposição essencial que impede o novo rito da missa de Paulo VI de coabitar pacificamente com a missa de sempre.

Por que tal oposição? Repitamos a evidência: a lei da oração é expressão da lei da fé. Ora, o novo rito da missa de Paulo VI é a expressão de uma nova fé, em oposição à antiga. Dom Lefebvre apontou isso várias vezes, notavelmente em sua homilia nas ordenações sacerdotais de 29 de junho de 1976: “Temos a convicção que esse rito novo da missa exprime uma nova fé, uma fé que não é a nossa, uma fé que não é a católica. Essa nova missa é um símbolo, uma expressão, uma imagem de uma fé nova, de uma fé modernista. Esse rito novo, subentende – se posso dizer – supõe uma outra concepção da religião católica, uma outra religião”. Continuar lendo

DECLARAÇÃO PÚBLICA DO PE. CALMEL SOBRE SUA ESCOLHA DE RECUSAR O NOVUS ORDO DE PAULO VI E DE SE ATER À MISSA DE SEMPRE.

Perante a vergonhosa e já esperada Capitulação conjunta  Declaração conjunta – dos Institutos Eccleia Dei, que até ontem eram vendidos, por muitos, como defensores da Tradição, republicamos a Carta do Pe. Calmel, escrita em 1970, antes mesmo da fundação da FSSPX, proclamando publicamente sua escolha de recusar o novus ordo de Paulo VI e de se ater à Missa de sempre.

Adicionamos aqui também outros 3 textos relacionados ao assunto, mostrando a verdadeira face de tudo isso.

 

Père Roger-Thomas Calmel • La Porte Latine

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A MISSA TRADICIONAL

Eu me atenho à MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI.

Por quê? Porque, na realidade, este Ordo Missae não existe. O que existe é uma Revolução litúrgica universal e permanente, patrocinada ou desejada pelo Papa atual, e que se reveste, por um momento, da máscara de Ordo Missae de 3 de abril de 1969. É direito de todo e qualquer padre recusar-se a vestir a máscara desta Revolução litúrgica. Julgo ser meu dever de padre recusar celebrar a Missa num rito equívoco.

UMA REFORMA REVOLUCIONÁRIA

Se aceitarmos este rito novo, que favorece a confusão entre a Missa católica e a Ceia protestante — como o dizem de maneira equivalente dois cardeais e como o demonstram sólidas análises teológicas — então cairemos sem tardar de uma Missa ambivalente (como de fato o reconhece um pastor protestante) numa missa totalmente herética e, portanto, nula. Iniciada pelo Papa, depois abandonada por ele às igrejas nacionais, a reforma revolucionária da Missa seguirá sua marcha acelerada para o precipício. Como aceitar ser cúmplice? Continuar lendo

OS “RALLIÉS”, VISTOS POR MONS. LEFEBVRE

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Publicado originalmente em 21/07//2018

1) Quem são os “ralliés” (acordistas)?

Chamamos de “ralliés” as comunidades, os sacerdotes e os fiéis que escolheram inicialmente defender a Tradição, mas que depois das sagrações de 30 de Junho de 1988 e da excomunhão contra Mons. Lefebvre, Mons. Castro Mayer e os quatro bispos sagrados, escolheram se submeter efetivamente sob a dependência da hierarquia atual, conservando, contudo, a liturgia tradicional. Logo, eles fizeram um acordo com a igreja conciliar.

Por extensão, o termo “ralliés” designa as comunidades, sacerdotes e fiéis que mantém a liturgia tradicional, mas aceitam os grandes erros conciliares, assim como a plena validade e legitimidade do Novus Ordo de Paulo VI e dos sacramentos promulgados e editados por Paulo VI .

Dom Gerard, em sua declaração, faz referência ao que lhe foi dado e aceito ao se submeter à obediência da Roma modernista, que permanece fundamentalmente anti-tradicional” (1).

2) A palavra “ralliés” não é pejorativa?

Sim, a palavra “ralliés” é pejorativa, pois expressa uma traição em relação à Tradição.

3) Como os “ralliés”  traíram a Tradição?

Os “ralliés” traíram a Tradição porque muitos deles, tendo começado a servi-la, pararam de defendê-la, para depois abandoná-la, fazendo gradualmente apologia dos erros conciliares, e se opondo à Tradição e seus defensores,

“Eles nos traem. Agora eles dão as mãos àqueles que demolem a Igreja, os liberais, os modernistas “(2).

4) Por que dizemos que os “ralliés”  pararam de defender a Tradição?

Diz-se que os “ralliés” deixaram de defender a Tradição porque, desde 1988, não mais denunciam os erros conciliares (nocividade da Nova Missa, do novo Código de Direito Canônico, do diálogo inter-religioso, da liberdade religiosa, etc.. (3)).

“Quando dizem que não desistiram, não é verdade. Eles deixaram de lado a possibilidade de contra-atacar Roma. Eles não podem mais dizer nada. Eles devem ficar calados, dado os favores que receberam. Agora é impossível que eles denunciem os erros da Igreja Conciliar “(4). Continuar lendo

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE AGOSTO

MOTU PROPRIO TRADITIONIS CUSTODES, PELO PE. JEAN-FRANÇOIS MOUROUX, FSSPX, PRIOR DO PRIORADO DE SÃO PAULO

AS MISSÕES: REVISTA “FOREIGN MISSION TRUST”

ADELANTE LA FE: E LEFEBVRE TINHA RAZÃO

CATECISMO EM VÍDEO: O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

QUANDO O PAPA CELEBRA A MISSA NOVA

COMISSÃO EUROPEIA DECIDE PROCESSAR A HUNGRIA

PARTICIPEM: “AÇÃO ENTRE AMIGOS” DE UM BELÍSSIMO ORATÓRIO – 2021

AS MARAVILHAS DO EVANGELHO

SANTO PADRE, BISPOS, PERCEBAM A ANGUSTIA DOS FIÉIS

IRMÃS CONSOLADORAS ADQUIREM UM BELO CONVENTO CONSTRUÍDO EM 1603

AUSTRÁLIA: IGREJA PODE SER EXPULSA DE CEMITÉRIOS

13 DE AGOSTO EM FÁTIMA: A APARIÇÃO QUE A MAÇONARIA QUERIA EVITAR

A VOCAÇÃO DE TODOS

15 DE AGOSTO: RECORDAÇÃO DO MILAGRE DO PAPA PIO VII

A UNIDADE: UM FALSO ARGUMENTO PARA SEDUZIR OS FIÉIS

PALAVRAS DE MONS. LEFEBVRE AO CARDEAL RATZINGER: VÓS TRABALHAIS EM PROL DA DESCRISTIANIZAÇÃO DA SOCIEDADE, DA PESSOA HUMANA E DA IGREJA, E NÓS TRABALHAMOS PARA A CRISTIANIZAÇÃO

“ELES TÊM OS TEMPLOS, VÓS A FÉ APOSTÓLICA”

TOMADA DE BATINA NO SEMINÁRIO NOSSA SENHORA CORREDENTORA, EM LA REJA (ARG) 2021

UMA NOVA IGREJA PARA A FSSPX EM VIENA

UMA BELA EXPLICAÇÃO SOBRE AS ORAÇÕES AO PÉ DO ALTAR, NA MISSA TRIDENTINA

O MOTU PROPRIO QUE LEVA À LOUCURA

CONSELHOS DE SÃO CLAUDIO DE LA COLOMBIÈRE PARA QUE NOSSAS ORAÇÕES SEJAM PROVEITOSAS

MICROSOFT: UM PERVERSO PATROCÍNIO

O ESPÍRITO MISSIONÁRIO DE MONS. MARCEL LEFEBVRE, POR D. TISSIER DE MALLERAIS

SERMÃO DE D. TISSIER DE MALLERAIS

O sermão transcrito abaixo foi dado em Ecône, no dia 27 de junho de 2002.  De grande força doutrinária, estas palavras tiram as consequências dolorosas mas reais de toda a destruição operada pelo Concílio Vaticano II, não somente nos atos e costumes da Igreja oficial, mas também nas mentalidades, nos corações de milhões de católicos espalhados pelo mundo e vivendo dentro dessas heresias e desses erros terríveis e acreditando que se deve obedecer a tais chefes.

Resultado de imagem para Dom Bernard Tissier de Mallerais

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém.

Senhor Superior Geral, Prezados senhores Bispos, senhor Diretor, caros confrades no sacerdócio, caros Ordinandos, queridos fieis,

Em alguns instantes o bispo, no decorrer desta cerimônia de ordenação de diáconos e de padres, pronunciará essas palavras, aos diáconos ele dirá: Vós sois, de agora em diante, os cooperadores do Sangue e do Corpo do Senhor, e aos padres, depois da própria ordenação, lhes dirá: recebei o poder de oferecer o sacrifício a Deus e de celebrar as missas tanto pelos vivos como pelos defuntos.

Essas palavras que nos parecem banais, de nossa simples Fé católica, que exprimem o próprio objeto do sacerdócio, que é a consagração do Corpo e do Sangue de Nosso, Senhor para renovar de modo não cruento sua Paixão Divina, essas palavras foram agora suprimidas do novo Pontifical de ordenação tanto dos diáconos como dos padres. Esse desaparecimento é muito significativo e quer dizer que a Nova Religião não quer mais exprimir a transmissão de um poder de consagrar o Corpo e o Sangue do Cristo e de um poder de renovar a Paixão do Calvário. E então, meus caríssimos ordinandos, estou certo, evidentemente, de que no curso de vossos seis anos de seminário haveis penetrado bem na doutrina católica a qual, agora, é ignorada pela maior parte dos padres da Nova Religião. Porque essa mudança do rito da ordenação significa uma Nova Religião.  Nessa supressão de um poder de oferecer e de consagrar o Corpo e o Sangue do Cristo é precisamente onde se exprime a Nova Religião. Na qual se encontra a grande maioria dos católicos, a contra gosto, mas estão nessa Nova Religião, que consiste não apenas em um novo culto, mas em uma nova doutrina. Assim, se me permitem, caros fiéis, em algumas palavras descreverei primeiramente a nova doutrina dessa Nova Religião e em seguida seu novo culto.

Primeiramente os novos dogmas, uma nova doutrina conseqüência de novos dogmas.
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O CANTO GREGORIANO É, ANTES DE TUDO, ORAÇÃO

Diocese de Novo Hamburgo - MOVIMENTOS E CARISMAS: CORO GREGORIANO DE NOVO  HAMBURGOPe. Hervé Gresland

Existem muitas missas compostas por vários músicos que são boa música, e que podemos chamar de música religiosa, pois possuem caráter religioso. O gregoriano, porém, não é uma “música religiosa” entre outras, mas, segundo a feliz fórmula de Dom Gajard1, é uma “oração cantada”. Aí está toda a diferença.

A alma que canta essa oração, ou que escuta esse canto num espírito de fé, é o contrário de um esteta. Quem concorda em abrir a sua alma para o mistério do cantochão, atinge o objetivo para o qual foi concebido, pois o gregoriano tem a vocação de nos abrir e nos conduzir ao reino do qual Nosso Senhor nos fala no Evangelho, que é o reino da graça.

O canto gregoriano ensina a rezar

Antes de tudo, esse canto é essencialmente oração. É verdadeiramente um canto “consagrado” 2, porque deve servir unicamente ao culto. O seu fim primeiro, com efeito, é o “sacrifício de louvor” da Igreja. Por ser feito e por voltar-se para Deus, coloca-nos de saída diante do nosso Criador numa atitude de oração. Esse canto faz com que nos voltemos para as realidades sobrenaturais e divinas. Ensina ao homem o senso do sagrado e da grandeza de Deus. Ele lhe ensina a rezar, a contemplar a Deus, a louvá-lo. Ele nos faz encontrar a Deus para podermos lhe falar de coração a coração. Suas melodias nos introduzem imediatamente numa atmosfera sobrenatural.

A maior parte das peças gregorianas são curtas, mas são capazes de impor desde logo uma atitude de fé, de admiração, de confiança, de adesão a Deus e a sua vontade – elas nos fazem atingir Deus diretamente. Elas conduzem à contemplação dos mistérios mesmos que revivem. Com efeito, a virtude essencial do nosso canto é a de ser capaz de conduzir e manter o nosso olhar (tanto quanto possível aqui embaixo) em algo de perfeitamente puro, em Deus, que habita uma luz inacessível. Esse canto é transparente ao espiritual, reflete um outro mundo, diz o que nenhuma outra música diz: fala à alma do invisível, dos mistérios divinos. Introduz-nos no mistério, no sagrado, abre-nos as mais altas realidades espirituais. É uma arte impregnada do sobrenatural.

O canto gregoriano ajuda e favoriza assim o recolhimento, a contemplação e inspira o bom gosto3. Dirige-se ao que há de mais profundo dentro da alma. É por isso que atrai as almas amantes da beleza e do sagrado. Traz consigo uma graça própria que é a de nos introduzir de modo único no coração do mistério, na contemplação. Continuar lendo

SABEMOS QUE DEVEMOS AMAR AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS, MAS COMO DEVEMOS AMAR A NÓS MESMOS?

Igreja | Associação dos Campistas Santa Terezinha do Menino Jesus | Página  15

Pe. Juan Iscara, FSSPX

É necessário ter ideias claras acerca do verdadeiro amor de caridade por si mesmo, porque há muitas maneira de amar a si mesmo que não têm nada a ver com a caridade sobrenatural que deve regular nossas relações com o próximo.

Primeiramente, há o amor sensual, desordenado e imoral, que o pecador professa a seu corpo, dando-lhe todo tipo de prazeres ilícitos.

Também há o amor puramente natural, que consiste em preservar a própria existência e buscar o próprio bem. Não é uma virtude sobrenatural, pois é apenas algo puramente instintivo e natural, mas não é uma desordem em si. Esse amor-próprio é comum a todos os homens, bons e maus.

Há uma espécie superior de amor, o amor sobrenatural de desejo, pelo qual a felicidade eterna da glória do céu é desejada. Ele é bom e honesto, porém imperfeito e, na verdade, pertence à virtude da esperança, não da caridade.

Finalmente, há o amor sobrenatural de caridade, pelo qual amamos uns aos outros em Deus, através de Deus e por Deus. Essa é uma forma perfeitíssima de amor, da mais alta dignidade, pois, tendo Deus como seu motivo formal – embora recaia materialmente sobre outros homens – pertence, propriamente, à virtude teológica da caridade e recebe dela sua excelência. 

De acordo com essas distinções, então, o amor sobrenatural de caridade por si é o ato sobrenatural pelo qual amamos a nós mesmos em Deus, através de Deus e por Deus. O amor de caridade por si próprio estende-se à nossa própria pessoa e a tudo que pertence a nós, tanto na ordem natural, quanto na sobrenatural, pois tudo deve estar relacionado com Deus. Continuar lendo