A TENTAÇÃO SEDEVACANTISTA
Fonte: FSSPX Distrito do México – Tradução: Dominus Est
Um estudo sobre a preocupante tendênciaque existe entre alguns católicos que amam os ensinamentos tradicionais e perenes da Igreja.
Sedevacantismo é uma palavra muito extensa que significa, literalmente, que a Santa Sede está vacante. Atualmente, indica a crença de que a pessoa que ocupa a cadeira de São Pedro não é o verdadeiro Papa, mas um impostor sem qualquer direito a exercer o oficio papal.
A razão alegada pelos sedevacantistas é que a crise da igreja tem o respaldo do Bispo de Roma. Eles afirmam que por omissão ou comissão, o Papa está promovendo erros e heresias como a nova Missa, o ecumenismo, a liberdade religiosa e a colegialidade. Os sedevacantistas pensam que um verdadeiro Papa não pode ser responsável por uma crise assim.
Esta mesma crise também produziu outro grupo, o dos neoconservadores, que aderem a tudo o que o Papa diga, pelo simples fato de ser o Papa. Deste modo, são levados a aceitar os falsos ensinamentos do Concilio Vaticano II mencionados acima.
É muito interessante que ambos os grupos, neoconservadores e sedevacantistas, servem-se do mesmo princípio: “O Papa é infalível em tudo, e o que ele ensina é verdadeiro e bom.” A diferença reside na forma como este princípio é aplicado. Os conservadores afirmam que, uma vez que o Vaticano II obteve a aprovação papal, devemos aceitar cegamente seus ensinamentos como bons e verdadeiros, sem importar-nos ou preocuparmos com o que possamos sentira respeito. Os sedevacantistas sustentam que, quando o Vaticano II promove heresias, sua autoridade não pode provir do verdadeiro Papa. Aqui está o dilema perfeito: neoconservador ou sedevacantista!
A solução para o dilema tem sua raiz no próprio princípio. A infalibilidade não é um passe universal para absolutamente tudo o que sai da boca do Papa ou tudo o que Roma diz. A infalibilidade está limitada a declarações específicas, que devem atender a certas condições para ter sua proteção. Esta proteção não se aplica aos documentos do Concílio Vaticano II nem à legislação em torno da Missa nova.
Monsenhor Lefebvre, em seu conhecimento da política romana e sabedoria sobrenatural, conhecia os principais problemas que ocorreram durante o Concílio Vaticano II: presidiu o Coetus, que foi o grupo formado pelos bispos em oposição aos modernistas provenientes dos países do Reno. Ao contrário dos sedevacantistas, o santo bispo não se escandalizou pela terrível confusão que sofreram a fé e a Missa sob o nome de ecumenismo. Ele lutou como um leão contra a Roma modernista e, no entanto, reconhecia a autoridade do Romano Pontífice. Ele agiu do mesmo modo que um bom menino o faria ao resistir a um pai que lhe pedisse para que roubasse, sem deixar de reconhecê-lo como pai.
Alguns sedevacantistas afirmam que os sacerdotes tradicionalistas (incluindo a FSSPX) invocam a pessoa do Papa dizendo “una cum” no cânon da Missa. Para eles ser “una cum” é tanto como dizer “Amém” às heresias promovidas pelo Papa. Na verdade, a tradução mais precisa do termo é que oramos pelo Papa, como cabeça visível da Igreja.
Por muito tentadora que possa parecer neste momento a opção do sedevacantismo, devemos resistir a cair nesse erro. No entanto, isso não significa que devemos alinhar-nos com os neoconservadores que tomam cada declaração papal como quase infalível. Recordemos que na história da Igreja houve santos e homens santos que consideraram necessário resistir ao Papa sem se tornarem sedevacantistas. Esta é a razão pela qual Monsenhor Lefebvre, mesmo com toda a sua oposição à Roma modernista, nunca adotou essa posição, e prudentemente proibiu os sacerdotes da FSSPX professá-la.
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