CONTINUÍSMO VS CONTINUÍSMO: A FALHA DA UTILIZAÇÃO DOS “JUSTOS LIMITES” DE DIGNITATIS HUMANAE COMO FORMA DE CONCILIAR A LIBERDADE RELIGIOSA COM A DOUTRINA TRADICIONAL DA IGREJA

EXCERTO DO ARTIGO DO DR THOMAS PINK “Dignitatis Humanae: continuity after Leo XIII”

Tradução: Witor B. L

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Nota explicativa prévia do tradutor:

Neste pequeno excerto retirado do artigo do autor Dr. Thomas Pink vemos o autor criticar a tentativa de hermenêutica da continuidade de importantes autores como Pe Brian Harrison, Pe Basile Valuet OSB, Dr John R.T Lamont e Thomas Storck que apelam aos critérios da “justa ordem pública” de Dignitatis Humanae para tentar conciliar a doutrina da liberdade religiosa com o magistério tradicional. O autor procura mostrar como essa abordagem fracassa totalmente em seu propósito e carece de respaldo tanto da Tradição da Igreja quanto das próprias relatios oficiais propostas para que fossem votadas pelos padres conciliares, as quais se encontram nas atas do próprio concílio. Diga-se de passagem, para que se evite qualquer tipo de confusão, que o professor Thomas Pink não é um autor propriamente “tradicionalista” ligado a FSSPX- ainda que tenha certas posições idênticas as do movimento em certos pontos- e que possui uma hermenêutica continuísta supostamente “Suarezista” da liberdade religiosa do CVII. Sua visão integral a respeito do assunto pode ser encontrada em sua homepage na academia.edu em múltiplos artigos redigidos por ele, dos quais o artigo de onde retiramos este excerto é apenas um deles. Quanto a sua própria visão de Dignitatis Humanae, tal coisa será abordada de maneira crítica em outro documento.

Última observação: colocamos a nota de rodapé número 15 no corpo do texto, pois consideramos que, para este pequeno excerto, o conteúdo torna-se ainda mais didático. No entanto, mantivemos a nota número 15 também em seu local de rodapé.

SANTO AGOSTINHO: OS GOVERNANTES DEVEM SERVIR A DEUS, DEFENDER A VERDADEIRA RELIGIÃO E PUNIR OS HEREGES

A Cidade de Deus de Santo Agostinho

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

Na coletânea de textos do magistério ordinário infalível sobre a necessária ordenação do poder temporal ao espiritual (Unam Sanctam, Immortale Dei, Vehementer nos e Quas Primas) vimos a Igreja Católica, antes da desastrosa revolução do Concílio Vaticano II, condenar o princípio da dita laicidade do Estado (separação entre Estado e Igreja e sua indiferença quanto à Religião). Junto dessas condenações, acompanhava-se sempre a condenação da liberdade de cultos acatólicos.

O Papa Bento XVI, para explicar a ruptura entre o ensinamento tradicional e as inovações conciliares, várias vezes sustentou (como no famigerado discurso de 2005 à Cúria romana sobre a hermenêutica da continuidade) que tais condenações diziam respeito ao liberalismo do século XIX.

Tese infundada. Santo Agostinho, que escreveu as linhas a seguir, viveu bem antes dos papas do séculos XIX, mas disse as mesmas coisas:

Epístola 185 (Tratado da correção dos donatistas) a Bonifácio

[…]

8. Disse o Apóstolo: “Enquanto temos tempo, façamos bem a todos” (Gal. 6, 10). Por isso, segundo as possibilidades de cada um, seja por meio dos sermões dos pregadores católicos, seja por meio das leis dos imperadores católicos, ou seja, por meio não só daqueles que obedecem às inspirações divinas, mas também daqueles que executam as leis, convidemos todos à salvação e fujamos da perdição eterna. Se os imperadores promulgam más leis contra a verdade e em favor da falsidade, são provados aqueles que creem retamente e são coroados os perseverantes. Mas se os imperadores dão boas leis em favor da verdade e contra a falsidade, são afugentados os violentos e são convertidos os inteligentes. Continuar lendo

PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO MODERNA

Pe. Hervé de la Tour – FSSPX

[Nota da Permanência: O artigo a seguir é uma compilação das conferências que o Pe. Hervé de la Tour proferiu ao corpo docente da Immacule Conception Academy, em Post Falls, Idaho, Estados Unidos, e aos padres da FSSPX do distrito estadunidense, na reunião anual ocorrida entre 12 e 16 de fevereiro de 2001.]

Introdução: A causa do problema da educação moderna

Em 1669, na Festa de Corpus Christi, os monges da Abadia de Saint-Wandrille cantavam Matinas. O quinto trecho era de Santo Tomás de Aquino. Lia-se: “Accidentia sine subjecto subsistunt.” O Doutor Angélico explicava ali que após a consagração, os acidentes do pão permanecem sem a sua substância, que se transformou no corpo de Nosso Senhor. Então algo inacreditável aconteceu. Os jovens monges começaram a assobiar com o intuito de demonstrar oposição a Santo Tomás. Por que tal atitude? Eles vinham estudando a filosofia de René Descartes (1569-1650), o qual rejeita a distinção tomista entre substância e acidente. Descartes recusou-se também a dar uma explicação filosófica ao mistério da Presença Real. Para ele, razão e fé pertencem a domínios inteiramente distintos. Visto que a Presença Real é um fenômeno sobrenatural, seria inútil utilizar a filosofia natural para compreendê-la. Foi por isso que os monges, imbuídos de filosofia cartesiana, rejeitaram o trecho de Santo Tomás e decidiram perturbar o Ofício Divino. O incidente deve ter sido algo marcante, pois foi registrado nos anais do mosteiro. (Continue a ler)

Reflitamos sobre essa anedota. É típica da segunda metade do século XVII, quando, na França, as ordens educadoras (jesuítas, oratorianos, doutrinários, etc) foram aos poucos se contaminando com os erros de Descartes. Até mesmo os noviciados das ordens contemplativas começaram a ensinar filosofia cartesiana, como aconteceu aos beneditinos de Saint-Wandrille. Ilustra também o tema desta conferência, que é a influência da filosofia na educação e, através da educação, na vida espiritual. É preciso entender que o Ofício Divino é o centro da vida do monge. O exemplo acima mostra que a sua paz foi destruída por uma falsa filosofia.  A maneira correta de rezar foi desordenada por causa de uma educação errada.

Em 1969, quando foi promulgado o Novus Ordo, costumávamos dizer “lex orandi, lex credenti.” Rejeitamos a Missa Nova pois não expressa a fé católica. Da maneira que se reza depende a maneira que se crê. Uma liturgia defeituosa pouco a pouco envenena a fé. Pois bem, poderíamos ter dito em 1669, ao testemunhar os monges bagunceiros assobiarem durante Matinas, “lex studenti, lex orandi,”: da maneira que se estuda depende a maneira que se reza. Uma educação defeituosa traz graves conseqüências à vida espiritual. Esse incidente registrado nos anais da Abadia de Saint-Wandrille é portanto simbólico, e será o ponto de partida desta conferência. Continuar lendo

O RITO NÁUTICO

Era um domingo muito quente de julho na Calábria, ao sul da Itália. Por isso, D. Mattia Bernasconi decidiu celebrar uma “Missa” dentro d’água, de frente para a praia. Ele disse sem rodeios: “Eram 10:30h e o sol estava escaldante, então decidimos ir para o único lugar confortável: a água.”

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A Igreja admite que o Santo Sacrifício da Missa possa ser celebrado fora de um local de culto consagrado, por circunstâncias excepcionais, para o bem das almas. Pensa-se então naqueles heróicos capelães militares rezando a Missa sobre a base de um canhão para os Poilus que, logo após, entrariam em batalha, com o sacrifício de suas vidas.

Aqui, é por motivos de “conforto” que este padre de 36 anos decidiu celebrar a “missa” de sunga em um colchão inflável, um altar-boia. Essa evidente perda do sentido do sagrado manifesta, de forma resplandecente, o espírito de uma reforma litúrgica que, normalmente, é mais discreta, menos chocante.

No entanto, esta liturgia reformada é levada por si mesma a sacrificar o sentido do sagrado: em nome do conforto, ela se adapta ao clima meteorológico e ideológico. O altar-boia flutua, como doutrina e a moral, sobre as ondas que se sucedem, sem uma âncora firme na Tradição. E a nova liturgia é regulada pela temperatura ambiente. Continuar lendo

O RITUAL MAÇÔNICO INICIA-SE PELO ORGULHO

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E não um orgulho qualquer: um orgulho satânico diretamente orientado contra a verdadeira religião.

Fonte: Le Chevalier de l’Immaculée n°18 – Tradução: Dominus Est

Serge Abad-Gallardo, um ex-maçom, em seu livro intitulado Servi a Lúcifer sem saber (Téqui, 2016), em seu capítulo I: À sombra dos símbolos (págs. 23-53), mostra como o ritual maçônico inicia pelo orgulho, e não um orgulho qualquer: mas um orgulho satânico diretamente orientado contra a verdadeira religião. Na página 49 do livro, podemos ler: “A Maçonaria incita seus adeptos, que alcançaram os mais altos escalões, a orgulharem-se de seu progresso iniciático”. 

O autor, no parágrafo intitulado Glorificar a si mesmo, continua: A Maçonaria, portanto, direciona seus adeptos para uma orgulhosa autonomia desde a iniciação, em particular, através de certos rituais. O mesmo se aplica às Lojas do Grande Oriente da França, que praticam majoritariamente o Rito Francês, rito que se diz laico (sic)”. Ele, então, dá um exemplo: “Durante a cerimônia, o Venerável Mestre declara ao iniciante, que acaba de receber a luz e que acaba de criar um aprendiz maçom, pela imposição da lâmina de sua espada flamejante: “Levante-se, meu F.°., nunca mais te ajoelharás perante ninguém. Um maçom vive de pé e morre de pé” (op. cit. p. 49). É uma verdadeira transposição ritual maçônica do Non serviam, de Lúcifer. Continuar lendo

A FALSA BONDADE

Gustavo Corção, Marta Braga (org) - CultorDeLivros

Gustavo Corção

Quando hoje percorremos, já com fastio, as páginas dos novos catecismos, ou dos novos livros escritos e ilustrados à sombra da frondosa pastoral catequética, a impressão dominante que logo nos assalta é a de uma açucarada e viscosa falsificação da bondade produzida pela tenebrosa estupidez, ou pela mais tenebrosa perversidade dos “novos” que aos borbotões se desprendem todos os dias da verdadeira Igreja, una, santa, católica etc, em demanda de outra mais tolerante, e por isso apontada como mais bondosa do que a Igreja de Jesus Cristo e dos Santos que imitaram seu áspero e difícil exemplo.

Seria mais exato dizer que essa edulcoração e esse amolecimento dos valores formam uma espécie de peste rósea que atingiu o mundo, a começar pela civilização ocidental em processo de crepuscular decadência e de desintegração. À Igreja caberiam o alarma e a lição do revigoramento, mas para nosso maior sofrimento, e para imprevisíveis e inimagináveis sofrimentos de nossos filhos e netos, processou-se neste mesmo glorioso século a maior e mais grave trahison des clercs e é na Igreja-egrediente (por derrisão chamada de “progressista”) que se notam as mais espantosas e repugnantes falsificações de tudo, a começar pela falsificação do amor, feita num tom infinitamente repugnante que lembra as vozes das prostitutas do princípio do século, que atrás das rótulas chamavam os pedestres: “entra simpático!”

Nos tempos de Pio X, quando foi preciso opor uma severa condenação aos abusos do Sillon, pôde o grande e santo pontífice dizer aos desgarrados que se perdiam “levados por um mal norteado amor pelos fracos”, porque nesse tempo o mundo católico ainda guardava a ressonância da doutrina dos dois amores que desde a Didaqué ilumina a cristandade. Nos tempos que correm espalhou-se pelo mundo a pestilencial doutrina de que qualquer sentimento meloso merece o mesmo nome de amor. Continuar lendo

SERMÃO DE D. LEFEBVRE POR OCASIÃO DA FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA (15 DE AGOSTO DE 1990)

L'Immaculée Conception, par Bartomolé Esteban Murillo, Musée de Madrid. Domaine public, via Wikimedia Commons

Sermão proferido por D. Marcel Lefebvre, no Seminário de Ecône, em 15 de agosto de 1990.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Para ouvir o sermão, clique aqui

Meus queridos irmãos,

Peço-vos desculpa pela simplicidade desta cerimônia, pois – como sabem – nossos seminaristas estão de férias, então serão os senhores que farão o coro.

Mas se a cerimônia é simples, penso que nossos corações devem estar todos na Festa. Na Festa da Santíssima Virgem Maria, de sua Assunção, que é, certamente, uma das mais belas festas de Maria e, sobretudo, é a Festa que para os fiéis, para nós que ainda estamos in via, que ainda estamos a caminho do Céu, é uma ocasião de grande esperança e de grande auxilio.

Se procurarmos qual a lição que a Igreja nos dá em sua liturgia hoje, a encontraremos na oração. Daqui a pouco, cantaremos, na oração, o voto que a Igreja nos pede: Que sejamos sempre ad superna semper intenti (1), diz a Igreja.

O que isso significa? Que tenhamos nossos corpos, as nossas almas, os nossos corações sejam sempre dirigidos ad superna coelestia, para as coisas celestiais. A oração e a Igreja acrescentam: Ipsius gloriae mereamur esse consortes: Que um dia sejamos participantes da glória de Maria.

O que a Igreja pode desejar de melhor para nós? Que conselho mais eficaz ela pode nos dar? Ter nossos olhos, quer dizer, sobretudo, ter todo nosso coração voltado para as coisas do Céu. E se isso é algo que é difícil para nós, uma vez que somos afligidos pelas consequências do pecado original e nossa alma está, de alguma forma, cega pelas coisas materiais, pelas coisas sensíveis que formam obstáculo entre nós e o Céu, ao passo que deveriam ser, ao contrário, um meio para nos elevarmos a ele. Pois bem, se há uma coisa e se há um pensamento que nos ajuda a olhar para o Céu, é pensar na Santíssima Virgem Maria. Continuar lendo

QUE VIDA CRISTÃ?

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Deus não nos chama a uma honesta mediocridade.

Fonte: Apostol nº 160 – Tradução: Dominus Est

É um erro comum entre os cristãos (leigos ou sacerdotes) acreditar que a vida mística seria reservada apenas a uma elite. A própria palavra “mística” evoca, na maior parte dos casos, graças extraordinárias como a levitação durante a oração. De acordo com esta opinião, haveria, por um lado, os cristãos comuns que apenas poderiam aspirar a uma vida cristã honesta (mas, no fundo, medíocre), e por outro uma pequena elite a quem Deus reservaria a vida mística, que se julga estar cheia de favores extraordinários. Ora, nada poderia estar mais longe da concepção tradicional da vida cristã, admiravelmente realçada pelo Pe. Garrigou-Lagrange, OP em Perfeição Cristã e Contemplação.

Na realidade, todo cristão recebe no batismo um “organismo espiritual” destinado a se desenvolver e não a vegetar: a graça santificante acompanhada das virtudes infusas e dos dons do Espírito Santo. 

No início da vida cristã (a chamada via purgativa), são os esforços pessoais que são necessários para estabelecer virtudes sólidas e arrancar as raízes dos vícios, enquanto a influência dos dons é bastante latente e rara. Se a alma continua seus esforços, as virtudes se consolidam e a influência dos dons começa a se manifestar: este é o limiar da vida mística (via iluminativa). Por fim, se a alma persevera e permanece dócil à graça de Deus, ela alcança virtudes eminentes, praticadas sob a influência já habitual dos dons (via unitiva). Continuar lendo

D. TISSIER DE MALLERAIS: CONTRA A HERMENÊUTICA DA CONTINUIDADE NA DIGNITATIS HUMANAE

Mons. Tissier de Mallerais | DOMINUS EST | Página 2

Título original: “Liberdade religiosa, direito natural à liberdade civil, limitado pelas exigências do bem comum em matéria religiosa . Estudo crítico desta tese por Vossa Excelência Reverendíssima, o Bispo Dom Bernard Tissier de Mallerais, FSSPX”. Publicado em: LE SEL DE LA TERRE Nº 84, PRINTEMPS 2013.

Clique aqui ou na imagem acima para acessar o texto

O texto original encontra-se aqui: https://laportelatine.org/wp-content/uploads/2020/07/liberte_religieuse_mgr_tissier.pdf

O QUARTO

Quarto antigo Foto stock gratuita - Public Domain Pictures

Recentemente foi inventada uma ferramenta que impede que o quarto alcance sua tripla finalidade.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Éum dos cômodos mais importantes da casa. A sua primeira finalidade é o descanso, mas também é usado para ler e rezar. Estas são três atividades essenciais para um ser humano. Sem eles, é impossível levar uma vida verdadeiramente humana. O que dizer de um homem adulto que nunca lê ou nunca eleva sua alma a Deus? Sua vida assemelha-se à dos animais. Quanto àquele que nunca dorme, não permanecerá vivo por muito tempo. Isso mostra a importância do quarto.

Mas recentemente foi inventada uma ferramenta que impede que o quarto alcance essa tripla finalidade. Esta ferramenta, ao entrar neste cômodo, fascina tanto o seu proprietário que é um obstáculo formidável ao descanso, à leitura e à oração. Quando está lá, o habitante subjugado se encontra em uma impossibilidade quase total, quase imsuperável, de viver uma vida verdadeiramente humana. Mesmo os mais fortes falharam. Mesmo os mais sérios tiveram que admitir a derrota. Mesmo os mais virtuosos reconheciam sua fraqueza. Mesmos os sábios perderam sua sabedoria.

Existe apenas uma solução é eficaz: nunca deixar esta ferramenta no quarto, em hipótese alguma. Todos aqueles que, à custa de um esforço violento, puseram em prática este remédio, regojizaram-se posteriormente. Aqueles que não têm a coragem de tomar esta resolução têm motivos para se envergonhar. O quarto deles se torna um quarto de pecado. Mas antes tarde do que nunca. Compre um despertador e coloque seu telefone na cozinha antes de ir para a cama. Este é o preço da liberdade e da verdadeira felicidade!

Pe. Bernard de Lacoste, FSSPX

 

DE PROFUNDIS

Gustavo Corção

Sempre desejei escrever um estudo, um ensaio, um livro, para mostrar, aos que se escandalizam com os desconcertos do mundo, que é esse turbado espetáculo o melhor encaminhamento para uma demonstração da existência de Deus. Não pretendo ter achado uma nova via demonstrativa além das clássicas cinco vias da Escola. Penso apenas que aquele caminho, contraparte ou avesso do argumento baseado na harmonia do mundo, é o mais indicado para nossos tempos de paradoxos e crises. Talvez seja um remédio bom para todas as épocas, a julgar pela ênfase com que a idéia aparece no Antigo e no Novo Testamento. o livro do Eclesiastes, por exemplo, é uma longa demonstração, por absurdo, da transcendência da sorte humana e da existência de Deus, pois se ficamos nos limites traçados “sub sole”, nos limites dos horizontes terrestres, a vida se torna inteiramente absurda. os grandes salmos, as grandes antíteses paulinas, tudo nos leva a crer que talvez seja a estrada real para Deus o escuro caminho das tribulações que desemboca no fundo dos abismos.

Olha em volta de ti, alma atribulada e triste. O mundo, com todas as suas montagens, com todos os seus prestígios, tem o ridículo das coisas frágeis que se julgam enormes. Olha em volta de ti, alma cansada, e considera as farsas, as máscaras, os espetáculos, as galas, os príncipes, as cúpulas, os demagogos, os dirigentes em todos os escalões, e os dirigidos, ah! os pobres dirigidos que se extasiam de admiração diante de quem os desfalca, diante de quem os oprime. Mundo, mundo, triste mundo… É bem verdade que sempre andamos a servir um Deus invisível, um Deus mergulhado nas coisas, um Deus escondido nas aulas que damos, nos artigos que escrevemos. Quando combatemos isto ou aquilo, estamos sempre procurando servir a exatidão e a veracidade das coisas, e assim sendo é sempre Deus, nos seus inúmeros pseudônimos, que estamos servido, consciente ou inconscientemente. Pode ser que nesta ou naquela circunstância o amor próprio tenha entrado com suas amargas exigências, e a doce e santa verdade tenha sofrido o ultrajante eclipse de nossa própria glória. Pode ser. Mas na media em que podemos aquilatar o que dissemos de todos os problemas provocantes que o mundo tem armado como um desafio, talvez nos possamos gabar — se nos permitem um momento de loucura — de termos sempre procurado servir a Deus, servindo o bem e a verdade nas suas difusas, minúsculas e efêmeras manifestações. Continuar lendo

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico

Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

Uma Meditação de Santo Afonso de Ligório em relação ao tema pode ser lida clicando aqui.

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – AGOSTO/22

ORDE

Caríssimos fiéis,

Garantir o nosso sustento é a principal ocupação das nossas vidas. E, em tempos de fome, esta busca torna-se uma verdadeira obsessão. Isto deveria ser igualmente verdadeiro em relação ao nosso sustento espiritual. No Evangelho do 8º domingo depois de Pentecostes, Nosso Senhor nos reprovou por sermos mais frequentemente filhos deste mundo, bem versados em assuntos terrenos, do que filhos da luz, preocupados com a própria salvação. Santo Agostinho disse sobre esta questão da salvação: “Quem a conhece sabe tudo; quem não a conhece sabe nada, mesmo que saiba todo o demais”.

Sim, estamos preocupados com o aquecimento global experimentado por todo o planeta. Infelizmente, este aquecimento não se deve às chamas da caridade, mas sim às do inferno. Milhões de almas estão morrendo de sede, longe das fontes salvíficas dos sacramentos. E não há ninguém para matar a sua sede. Os bombeiros de almas são menos numerosos do que a extensão dos incêndios.

Para todo cristão que está consciente do único necessário, nossa salvação, o despertar das vocações e a perseverança dos padres continuam sendo uma prioridade na vida. Os sacerdotes e os fiéis precisam do padre. Uma bela oração do Cardeal George Mundelein, Arcebispo de Chicago, que morreu em 1939, mostra esta dependência espiritual desejada por Nosso Senhor no plano da redenção. Continuar lendo

A AJUDA DA FAMÍLIA NO DESPERTAR DAS VOCAÇÕES

Instrumentos e cooperadores da Providência, o pai e a mãe devem ter uma fé profunda e fundamentada na grandeza, na dignidade transcendente, no poder divino do sacerdócio.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A cooperação dos pais está inteiramente em ordem ao estudo e determinação de um estado de vida, seja um estado comum ou um estado mais especial e santo. É em conformidade com a lei natural que distribuem em torno deles os conselhos da sua experiência e do seu afeto. Essa cooperação tem seu papel na investigação, no despertar e no cultivo de disposições nascentes. Instrumentos e cooperadores da Providência, o pai e a mãe devem ter uma fé profunda e fundamentada na grandeza, na dignidade transcendente, no poder divino do sacerdócio e saber apreciar a honra que lhes é devida ao adentrarem em sua casa.

Seu primeiro dever é presidir com delicadeza ao despertar dos desejos que se manifestam e estimular seu desenvolvimento. Que eles imitem com fé aqueles pais que vieram ao encontro de Jesus nas fronteiras da Judéia, na margem direita do Jordão, colocando seus filhos em seu caminho, para que ele se dignasse impor-lhes as mãos. Jesus tomou em seus braços essas crianças cheias de inocência e candura, pôs-lhes a mão sobre suas cabeças, para abençoá-las e como que para torná-las suas.

Normalmente, uma determinação dessa natureza não se manifesta de uma só vez, em toda a sua extensão, mas é descoberta pouco a pouco. Deus semeia aptidões para o sacerdócio, e compete aos pais auxiliar os desígnios de Deus. Continuar lendo

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE JULHO/22

MÊS DE JULHO, DEDICADO AO PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE JESUS CRISTO

RECONCILIAÇÃO E CONFIRMAÇÕES NA BELÍSSIMA MINORITENKIRCHE, EM VIENA

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JULHO/22

PIO XII E OS JUDEUS: A “LISTA PACELLI” DISPONIBILIZADA ONLINE

ORDENAÇÕES AO DIACONATO E AO SACERDÓCIO NO SEMINÁRIO DE ZAITZKOFEN – 2022

UMA EXCELENTE NOVIDADE – CURSOS DA FSSPX DISPONÍVEIS PARA COMPRA 

JESUS? O QUE SE PODE DIZER SOBRE…

CRUZADA DE ROSARIOS PELAS ELEIÇÕES NO BRASIL 2022

16 DE JULHO – NOSSA SENHORA DO CARMO

A CONSAGRAÇÃO DE SI MESMO A NOSSA SENHORA SEGUNDO SÃO LUIZ MARIA GRIGNION DE MONTFORT

O ALTAR DA MISSA

O PROBLEMA DAS DEFINIÇÕES DO VATICANO II – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

O ESQUECIMENTO DO ESSENCIAL

A ORAÇÃO DE ADORAÇÃO

INICIAR OS PEQUENINOS NA DEVOÇÃO MARIANA

INICIAR OS PEQUENINOS NA DEVOÇÃO MARIANA

Como fazer as crianças menores amarem a Santíssima Virgem? Recitar o Terço é pedir-lhes muito?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

“Ó Mamãe, não posso expressar o quanto te amo!” Que mãe não se emocionaria com essas palavras balbuciadas pela filha de quatro anos? É assim que a criança manifesta sua gratidão. Evidentemente, a grandeza do sacrifício materno e seu grande amor permanecem, em parte, escondidos. Mas a criança, mesmo quando pequena, sente o amor presente no coração de sua mãe. Ela vê – ou melhor, sabe — que mamãe está sempre lá… para ela. Se ela cai enquanto brinca: é a mamãe que acode. Se sua noite é interrompida por pesadelos: seu grito é pela mamãe. Ela está com sede ou mesmo doente: sem precisar pensar, ela sabe que mamãe irá ajudá-la.

Sim, mesmo aos olhos da criança, o coração materno é indispensável e sem limites. À sua maneira, ela tenta retribuir demonstrando seu amor. Colhe flores sem caules com muito carinho para oferecê-las à mamãe! “Papai faz isso pela mamãe, eu também farei. Mamãe está doente, cansada. A criança chega com um copo d’água, acompanhando seu gesto com um beijo. “Mamãe faz isso quando estou doente, eu também o farei.

Sabeis muito bem, queridas mães, que vosso filho tem outra mãe, a do próprio Deus. O vosso grande desejo é que ele aprenda a conhecer esta Mãe por excelência que, sem estar visivelmente presente em casa, dá todo o seu afeto maternal a cada um dos seus filhos. Durante as inevitáveis ​​separações entre mãe e filho aqui na terra, que consolo saber que esta mesma Mãe velará por eles! Continuar lendo

A ORAÇÃO DE ADORAÇÃO

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A mais perfeita, a mais gloriosa para Deus, aquela onde mais plenamente praticamos nosso ofício de criatura.

Fonte: La Couronne de Marie n°106 – Tradução: Dominus Est

Podemos voltar nossa alma a Deus na oração para diferentes propósitos ou intenções. No entanto, um dos fins da oração é mais alto que os outros: é a adoração.

Podemos rezar para agradecer a Deus, ou implorar seu perdão, ou ainda pedir as graças de que precisamos. Mas podemos ver que, nessas diversas formas de oração, o pensamento se volta para aquele que reza, enquanto na adoração, aquele que reza esquece completamente de si mesmo para pensar somente em Deus.

Se dou graças, é porque recebi. Se imploro misericórdia, é porque pequei. Se peço, é porque preciso. O bem da minha pessoa não está ausente da minha oração. Na oração de adoração ou louvor, aquele a quem dirijo a oração é o único envolvido. Aquele que reza, desaparece, por assim dizer. Ele não pensa em si mesmo, não se considera: Gloria in excelsis Deo, glória a Deus no céu. Senhor, nós vos louvamos! Senhor, nós vos bendizemos! Senhor, nós vos adoramos!

♦ Isso não significa que outras formas de oração devam ser evitadas ou que não sejam boas. As orações de agradecimento, de pedido de perdão ou de outras graças são belas, são legítimas, são necessárias à nossa condição de criaturas, e sobretudo à nossa condição de homens, ainda peregrinos nesta terra. Vemos isso claramente nas orações da Igreja (ela que nos ensina a rezar), que muito frequentemente são orações de súplica. Continuar lendo

DEUS MARCOU UM ENCONTRO CONOSCO

O texto de Gustavo Corção que publicamos aqui é parte de um ciclo de conferências realizadas em Belo Horizonte na década de 1950. Apesar de não estar completo, não deixa de ser um exemplar importante das atividades do grande escritor católico, numa época em que Corção era requisitado para constantes palestras, entrevistas e artigos. Depois o mundo girou, os polos foram deslocados, os homens tornaram-se cúmplices da Revolução num mundo evolutivo e estagnado no nada. Já não lhes interessava a firmeza da verdade e da fé que Gustavo Corção guardou e ensinou até a morte.

Editora Permanência

DEUS MARCOU ENCONTRO CONOSCO

VI Conferência de Belo Horizonte

Como ninguém aqui ignora, creio eu, a Igreja preceitua que os seus filhos, ao menos uma vez por ano, confessem e comunguem, isto é, que ao menos um dia em trezentos e sessenta e cinco dias se lembrem de usar o Sangue de Cristo, derramado para a nossa salvação. Esta é a condição, é o mínimo que Deus, por sua igreja, exige de nós, para que sejamos contados entre os membros vivos do Corpo Místico do Cristo.

Para quem está habituado à vista da Igreja, e usa de seus bens com assiduidade, esse mínimo se afigura esquisito. Como é possível amar a Deus e somente uma vez, em trezentos e sessenta e cinco dias, procurar o socorro de seus sacramentos? Como é possível amar de tão longe, e com tão descuidado dever? E, sobretudo, como é possível agüentar a pressão do mundo, a atração das pompas, a sedução do pecado sem o socorro particularmente eficaz da Penitência e da Eucaristia?

Na verdade, se me perguntarem, eu direi que não acho possível tão extraordinário equilíbrio. Atrevo-me a dizer que esse mínimo me parece insuficiente, e que eu tremeria pela sorte de minha alma se deixasse correr tamanha distância entre mim e o meu Salvador. Mas como se explica então esse empenho que todos nós, em obediência à Igreja, temos de conquistar mais um irmão para esse mínimo que nos parece insuficiente e até temerário?

A essa dificuldade responderemos de três modos. Em primeiro lugar, diremos que atrás dessa pequena exigência todos nós escondemos — segredo de polichinelo! — a malícia de uma esperança: o mínimo poderá frutificar em generosidade, e o fiel que viveu distraído, embora ainda fiel, poderá neste encontro que hoje preparamos, render-se à centelha divina, e tornar-se mais assíduo e mais amigo de seu grande Amigo do Céu. Continuar lendo

O ESQUECIMENTO DO ESSENCIAL

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Grande é a tentação para o cristão de colocar sua vida interior de lado, deixando-se levar pela agitação.

Fonte: Apostol n° 158 – Tradução: Dominus Est

Num momento em que os meios de comunicação voltam a instigar o medo, é grande a tentação para o cristão de dar uma pausa (novamente) em sua vida interior, deixando-se levar pela agitação.

Não é uma pena constatar que a vida interior – que é aquilo de mais necessário para um cristão, seguir a Cristo na verdade – não seja uma das coisas menos praticada? A vida de união com Deus é essencial e muito poucos são os que se preocupam com ela. Nosso Senhor disse, porém: “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17, 21). O que é esse reino de Deus? A Graça santificante, verdadeira participação em Sua vida divina, que é semeada em nós no batismo como um grão de mostarda, e que é chamada a florescer até que a nossa alma esteja totalmente banhada no mundo sobrenatural.

Qual a realidade, então? Esta é A grande realidade: a vida de Deus em nós, nosso crescimento na graça. Em uma de suas parábolas sobre o reino de Deus, Nosso Senhor toma a imagem de um semeador (Mc 4, 26-29) cuja semente cresce dia e noite sem que ele perceba. Um famoso carmelita comentou: Continuar lendo

O PROBLEMA DAS DEFINIÇÕES DO VATICANO II – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Eis algumas palavras de D. Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, sobre o fato de que o Concílio nunca quis dar definições exatas dos temas que foram discutidos, o que fez com que ao invés de defini-los, se limitasse unicamente a descrevê-los ou mesmo falsificar a definição tradicional.

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Creio ser indispensável estudar bem os esquemas do Concílio, lê-los bem, a fim de revelar as portas que se abriram ao Modernismo, (…) e insistirei no fato de que o Concílio nunca quis dar definições exatas sobre os temas que se discutiam, e essa recusa das definições, essa negativa em examinar filosófica e teologicamente os temas que se tratavam, significou que não podíamos definir os temas, mas apenas descrevê-los. E não apenas não o definiam, mas frequentemente, nas discussões desses temas, a definição tradicional foi falsificada. É por isso que penso que hoje estamos diante de um sistema que não compreendemos completamente, algo difícil de contrapor, porque já não se aceitam as definições tradicionais, que são as verdadeiras definições.

Tomemos como exemplo o tema do matrimônio. A definição tradicional do matrimônio sempre se baseou em seu fim primário, que era a procriação, e no fim secundário, que era o amor conjugal. E bem: no Concílio eles queriam transformar essa definição e dizer que não há mais um fim primário, mas que os dois fins, da procriação e do amor conjugal, eram equivalentes. Foi o Cardeal Suenens quem liderou esse ataque a própria finalidade do matrimônio. Ainda me lembro que o Cardeal Browne, Mestre Geral dos Dominicanos, levantou-se para dizer: “Cuidado! Cuidado!” E declarou com veemência: “Se aceitarmos essa definição, estamos indo contra toda a tradição da Igreja e pervertemos o sentido do matrimônio. Não temos o direito de ir contra as ‘definições tradicionais da Igreja’”, e citou muitos textos. Tal foi a emoção produzida na assembléia que alguém pediu ao Cardeal Suenens – acho que foi o Santo Padre – para moderar um pouco os termos que ele havia usado, e até mesmo mudá-los. Continuar lendo

O ALTAR DA MISSA

Autel de l'église d'Avenas (69), XIIe siècle. - Crédit : Wikimédia, Créative Commons.

O que representa o altar na liturgia e quais são suas origens?

Fonte: Apostol nº 161 – Tradução: Dominus Est

A Missa católica, sacrifício do Novo Testamento, é celebrada sobre um altar. Este altar contém, pelo menos no seu centro, uma pedra consagrada pelo Bispo e incrustada com relíquias de santos mártires. Sem esta pedra, que é chamada de “pedra d’ara”, é proibido celebrar uma Missa. A maior parte das igrejas são consagradas, sobretudo se forem catedrais ou paróquias. Neste caso, todo o altar é consagrado, desde que seja feito de pedra.

A origem do altar vem, primeiramente, do Antigo Testamento, quando Adão, Abel e Noé ergueram altares de pedra para Deus e ofereciam sacrifícios muito agradáveis ​​a Ele, pois prenunciavam a realidade que possuímos hoje: a Missa. A outra origem provém das primeiras Missas celebradas nas catacumbas durante a perseguição romana: os sacerdotes celebravam os mistérios em túneis subterrâneos (criptas) sobre a lápide onde jazia o corpo de um mártir na reentrância de um nicho (abside). Desta forma, o vínculo entre a imolação de Cristo e a da Igreja, entre o sacrifício da Cabeça e o dos membros, tornou-se manifesta.

Após a perseguição, as igrejas foram construídas preservando esses elementos: altar, pedra, mártires. Imediatamente se acrescentou uma conveniência simbólica: a orientação. O sacerdote celebra a Missa voltado para o Oriente. Com efeito, o sol que nasce ao leste, de fato, simboliza magnificamente a vinda de Cristo para dissipar as trevas. A Missa é, portanto, oferecida a Deus, em louvor de Cristo, a quem o sacerdote e os fiéis estão voltados. Além disso, tanto em casa como nas igrejas, os primeiros cristãos sempre rezavam junto a Cruz colocada no Oriente, em memória de Cristo cuja cruz foi erguida em direção ao Ocidente, diante do muro ocidental de Jerusalém. Quando, no início da missa, o sacerdote sobe ao altar e antes de incensá-lo, se inclina e beija a pedra enquanto faz duas orações: uma para pedir a purificação e outra para apagamento de seus pecados. Ele invoca os mártires cujos méritos são poderosos a fim de obter o perdão. Ele beija suas relíquias presentes para saudá-los, mas também para saudar Cristo representado pelo próprio altar. O altar está revestido com três toalhas de linho, para recordar o corpo de Cristo sepultado. Assim, o altar da Missa é identificado com o Cristo imolado, sepultado e glorificado. “Introibo ad altare Dei“: Subirei ao altar de Deus.

Pe. Lionel Héry, FSSPX

A CONSAGRAÇÃO DE SI MESMO A NOSSA SENHORA SEGUNDO SÃO LUIZ MARIA GRIGNION DE MONTFORT

São Luís Maria Grignion de Montfort: o precursor dos apóstolos dos últimos  tempos

Segundo São Luís Maria, esta consagração torna todo aquele que a realiza um escravo da Virgem Maria, como explica o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, cap. 2, artigo 3. Ora, alguns objetam que a escravidão é contrária à lei natural. Além disso, consagrar-se a uma criatura revela uma idolatria, porque só Deus é o senhor de todas as coisas.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Note-se que este Santo foi canonizado por Pio XII em 20 de julho de 1947, o que garante a ortodoxia de sua espiritualidade. De fato, uma das primeiras preocupações da Igreja ao realizar a canonização de um Santo, era examinar seus escritos para verificar sua estrita conformidade com a doutrina da Igreja.

EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Consagrar uma coisa é dedicá-la definitivamente ao culto. Assim, consagrar uma pessoa é dedicar sua vida ao culto divino: é o caso tanto da consagração religiosa como da consagração sacerdotal nos seus diversos graus.

Consagrar-se a um Santo é, portanto, comprometer-se a prestar-lhe um culto. Isso é legítimo na medida em que o culto dos Santos é legítimo, e opcional na medida em que o culto privado dos Santos não é imposto pela Igreja.

A consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís de Monfort consiste em fazer: Continuar lendo

CRUZADA DE ROSÁRIOS PELAS ELEIÇÕES NO BRASIL 2022

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CLIQUE NA IMAGEM PARA ASSISTIR O VIDEO DE D. LOURENÇO FLEICHMAN.

ORAÇÃO PELAS ELEIÇÕES DE 2022

A NOSSA SENHORA APARECIDA

No momento em que o Brasil se encontra na encruzilhada que pode levá-lo de volta ao comunismo e à corrupção, nos prostramos aos vossos pés, ó Rainha do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, e por estas humildes orações pedimos que intercedais junto ao vosso Filho pela nossa Pátria ameaçada. Queremos lembrar, ó Senhora, que um dia fostes coroada pela herdeira do trono do Brasil Império, a piedosa Princesa Isabel, a qual vos deixou por escrito este humilde pedido:

Eu, diante de vós, sou uma princesa da Terra, e me curvo, pois sois a Rainha do Céu. E eu vos dou tão pobre presente que seria uma coroa igual à minha. E se eu não me sentar no trono do Brasil, rogo que a Senhora se sente por mim, e governe perpetuamente o Brasil.

Atendei, Senhora, a este singelo pedido, livrando o Brasil dos terríveis inimigos que ameaçam a nossa Pátria e a nossa fé.

Invocamos, igualmente, nesse momento de grandes disputas rasteiras e humanas, a São Pedro de Alcântara, padroeiro do Brasil, pedindo que ensine ao povo brasileiro e a seus governantes a amarem e abraçarem a Cruz de Nosso Salvador na única fé católica, como ele mesmo a abraçou ao ser atraído a ela por cima do povo reunido.

Crux sancta sit mihi lux – que a Santa Cruz seja a minha luz.

Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós.

São Pedro de Alcântara, rogai por nós.

JESUS? O QUE SE PODE DIZER SOBRE…

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O homem não pode se comunicar por simples ideias como fazem os anjos. Ele é obrigado a utilizar palavras, a ter uma certa precisão no vocabulário de modo a, por um lado, não subjulgar a verdade e, por outro, ser compreendido pelo seu interlocutor.

Fonte: Le Chardonnet n ° 372 – Tradução: Dominus Est

É um problema de linguagem que queremos estudar neste artigo. A Igreja, dona da verdade, sempre insistiu na precisão do vocabulário quando se trata de dogma e revelação.

O mistério da Encarnação pertence às verdades da fé. Quais são, então, as proposições que podemos afirmar sobre Nosso Senhor? É possível dizer que o Todo-Poderoso é humano? Que a divindade é mortal? Que Deus morreu na cruz?

Essas perguntas não são triviais e suas respostas decorrem diretamente da natureza do mistério da Encarnação.

Saber do que falamos

Há sempre duas questões que surgem repetidamente em um discurso. Do que falamos? A resposta a esta questão é o assunto. A segunda é: o que vamos dizer sobre tal?

Para o espinhoso assunto que diz respeito a Nosso Senhor, essas questões são importantes e requerem fazer as distinções vistas no artigo anterior. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JULHO/22

O que é o Preciosíssimo Sangue?

Caríssimos fiéis,

No calendário litúrgico tradicional, o mês de julho começa com a Festa do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela segue de perto a Festa do Santíssimo Sacramento, celebrada na quinta-feira seguinte à Santíssima Trindade. No calendário litúrgico moderno, a festa do Preciosíssimo Sangue desapareceu. Pensou-se que ela duplicava a festa do Santíssimo Sacramento e que não era necessário mantê-la. A festa do Santíssimo Sacramento foi chamada “do Corpo e Sangue de Cristo”.

É verdade que todo o Cristo está presente na Santa Hóstia; com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Também é verdade que a festa do Preciosíssimo Sangue é relativamente recente, pois foi instituída pelo Papa Pio IX em 1849 para agradecer a Deus por sua vitória sobre a revolução italiana que o havia expulsado de Roma. Inicialmente marcado para o primeiro domingo de julho, passou a ser comemorado no primeiro de julho desde a reforma de São Pio X.

Tudo isto significa que esta festa não é tão importante?

Na Santa Missa, há uma dupla consagração: a do Corpo e a do Sangue. No entanto, o Sangue está contido no Corpo. Só a consagração do Corpo seria suficiente. Ao manter a dupla consagração em sua liturgia, a Igreja deseja manifestar o caráter sacrificial da Missa. Continuar lendo

MÊS DE JULHO, DEDICADO AO PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE JESUS CRISTO

sangueFoste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça” (Ap 5,9).

Fonte: Fojitas de Fe, 203, Seminário Nossa Senhora Corredentora
Tradução: 
Dominus Est

A Igreja dedica todo o mês de julho ao amor e adoração do Preciosíssimo Sangue de nosso Salvador Jesus. É justo que nós adoremos na santa humanidade de Cristo, com um culto especial, aquelas partes que são mais significativas de algum mistério ou perfeição divina; e assim honramos:

• SEU CORAÇÃO: para prestar culto ao seu amor infinito;

• SUAS CHAGAS: para prestar culto a suas dores e sua paixão;

• SEU SANGUE: para prestar culto ao preço de nossa Redenção.

No entanto, esse culto do Sangue do Salvador assume um caráter festivo no mês de julho e na festa com a qual este mês inicia. Já na Quinta-feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia e na Sexta-feira Santa o Sangue de Cristo derramado por nós; mas o acento da celebração centrava-se em sentimentos de dor, de compunção, de contrição. A Igreja volta depois a dar culto à Sagrada Eucaristia na festa de Corpus Christi, e também à Paixão e Sangue do Salvador, mas com maior ênfase nos sentimentos de alegria e triunfo.

Por este culto nós agradecemos a Nosso Senhor a Redenção como uma vitória já obtida, e nos exultamos em tomar parte entre o número dos redimidos, daqueles que foram lavados no Sangue do Cordeiro. E prestamos culto de latria ao Sangue do Redentor, reconhecendo especialmente uma virtude salvadora, como se vê: Continuar lendo

FINALIZANDO O MÊS, UMA SELETA DE NOSSOS POSTS DE JUNHO/22

JUNHO – MÊS DEDICADO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

TIME DO REAL MADRID OFERECE SUAS TAÇAS À VIRGEM DE ALMUDENA

PROVOCAÇÃO ANTI-CRISTÃ – EMBAIXADA DOS EUA JUNTO À SANTA SÉ EXIBE NOVAMENTE BANDEIRA LGBT PARA O MÊS DO “ORGULHO”

FOTOS DA PEREGRINAÇÃO DA FSSPX A APARECIDA – 2022

MAIS FOTOS DA PEREGRINAÇÃO DA FSSPX A APARECIDA – 21/05/22

UM NOVO CENÁRIO PARA CONTRIBUIR COM O DESPOVOAMENTO: AS CRIANÇAS VIRTUAIS VIA METAVERSO

“SOMOS A JUVENTUDE DE DEUS” – A TRADICIONAL PEREGRINAÇÃO DA FSSPX DE CHARTRES A PARIS 2022 É CANCELADA

RETIRO DE SANTO INÁCIO PARA MULHERES – FSSPX – JULHO 2022

VENDA – RÉPLICA DA IMAGEM ORIGINAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA

COLÔMBIA: O CRUCIFIXO REBAIXADO A UM “VALOR CULTURAL”

O HOMEM É UM ANIMAL POLITICO

ORDENAÇÕES SACERDOTAIS E DIACONAIS NO SEMINÁRIO SANTO TOMÁS DE AQUINO (EUA) – 2022

O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – PELO PE. PATRICK DE LA ROCQUE, FSSPX

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

O SEMINÁRIO SANTO TOMÁS DE AQUINO – FSSPX – EUA

ABORTO, O GRITO SILENCIOSO

PORQUE ADMIRAMOS GRANDES HOMENS

POR QUE ADMIRAMOS GRANDES HOMENS?

Pourquoi nous admirons les grands hommes • La Porte Latine

Se o mundo mergulha no marasmo, é porque está à altura dos “heróis” que escolheu a si próprios: homens inúteis cuja fama assenta unicamente na cobertura midiática e não mais na verdadeira virtude.

Fonte: Editorial da revista Fideliter n°263 – Tradução: Dominus Est

A admiração instiga a reflexão. Um acontecimento inusitado, uma atitude inapropriada, uma resposta absurda, surpreende-nos. Todos os sentidos despertados nos incitam a encontrar a razão dessas manifestações inusitadas. E então, com mais ou menos cuidado, nos preocupamos em descobrir o porquê. Alguns se cansarão rapidamente da busca, mas outros, mais perseverantes, irão querer fugir dessa ignorância que os atormenta. Sabemos que os grandes pensadores foram todos pessoas obstinadas que viraram e reviraram, em todos os sentidos, estas observações iniciais para finalmente descobrir o segredo escondido sob a aparência inicialmente desoladora. Conhecemos, por exemplo, o grito de vitória de Arquimedes em sua banheira: eureka, encontrei; e conhecemos o pessimismo de Blaise Pascal, inquieto, que admitiu: “O que mais me surpreende é o fato que nem todos estão surpreendidos com sua fraqueza.” Mas o exemplo mais tocante e mais divino de admiração continua sendo o da Bem-Aventurada Virgem Maria quando o anjo lhe anuncia o privilégio de se tornar a mãe de Deus: “Como se fará isso, eu que não conheço homem algum?

“O extraordinário provoca admiração e emoção.”

O inusitado, por definição, como o extraordinário, o incomum, o raro, efetivamente provoca admiração; é uma emoção que pode lançar uma vida inteira na busca de uma certeza. O nosso tempo, por mais rico que seja em descobertas científicas, não vê apaziguar esta furiosa paixão pelas novas descobertas, sob o risco de abolir não só toda a moral, mas também as leis naturais sobre as quais não pode deixar de se apoiar. Mas, paradoxalmente, os meios eletrônicos atuais tendem a abafar qualquer admiração: a facilidade que oferecem para possuir tudo e rapidamente gera, em muitos, desencanto e decepção. Mentes desiludidas e cansadas tornam-se incapazes de admirar; o virtual destrói o inusitado.

E, no entanto, a natureza, sua flora e fauna criadas pelo bom Deus, nunca deixará de nos surpreender no pouco que lhe prestamos atenção. “Que Deus me conceda o dom de ouvir sempre… a imensa música das coisas…de descobrir os maravilhosos bordados da vida”, disse um jesuíta inclinado ao Ômega. Continuar lendo

ABORTO, O GRITO SILENCIOSO

OS PECADOS QUE CLAMAM VINGANÇA AO CÉU

A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO – CRIME QUE CLAMA VINGANÇA AO CÉU

HOMEM DESDE O MOMENTO DA CONCEPÇÃO

ABORTO E CONTRACEPÇÃO – VÍDEOS DA FSSPX PORTUGAL

SOBRE O QUINTO MANDAMENTO, ABORTO E PENA DE MORTE

SACERDOTE: DEPOIS DE SER ABUSADA, MINHA MÃE NÃO ABORTOU, PERDOEI E CONFESSEI O MEU PAI

ELE FOI CONCEBIDO EM UM ESTUPRO E HOJE É UM SACERDOTE

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O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – PELO PE. PATRICK DE LA ROCQUE, FSSPX

Neste mês que Lhe é dedicado, eis o Coração divino, para sempre aberto, eis a chaga que o Ressuscitado quis guardar e nos mostrar.

Fonte: Lou Pescadou nº 222 – Tradução: Dominus Est

Quando, em 27 de dezembro de 1673, Nosso Senhor manifestou o Seu Sagrado Coração a Santa Margarida-Maria Alacoque na capela de Paray-le-Monial, Ele o fez sob características muito específicas e doravante notórias. A coroa de espinhos o cobria, a cruz o sobrepunha, a ferida em seu lado estava aberta. Tudo isso parecia como um trono de chamas. E Nosso Senhor acrescentou que onde quer que esta imagem fosse exposta para ser honrada, Ele espalharia suas graças e suas bênçãos. Honrar essa imagem requer uma compreensão do seu significado, que é tão revelador.

A primeira característica apresentada, embora que exterior ao Sagrado Coração, é a coroa de espinhos. Estes espinhos, símbolos da maldição herdada do pecado original (cf. Gn 3, 17-18), manifestam quanto Nosso Senhor se encarnou para se tornar maldição por nós (Gl 3, 13), ou seja, para tomar sobre si as nossas culpas, a fim de expiá-las Nele. Honrar o Sagrado Coração requer, portanto, em primeiro lugar, como Madalena, a penitente, entregar-Lhe os nossos pecados, desapegar-nos deles aos Seus pés, cheios de arrependimento e confusão. “Dá-me os teus pecados“, implorou Nosso Senhor a São Jerônimo…

Tal perspectiva dificilmente assustava a pequena Teresa de Lisieux: “Como é que, quando se lança as próprias faltas, com confiança filial, no fogo do Amor, elas não podem ser consumidas sem um retorno?” E esse é, de fato, a característica mais marcante do Sagrado Coração de Jesus: uma chama de amor! Oprimido, abraçado pelos nossos pecados até a agonia, brota dela não uma justiça vingativa, mas a sua mais bela jóia, o último segredo que Nele habita: um amor infinito, ao mesmo tempo de justiça para o seu Pai e de misericórdia para nós. Eis o significado das chamas e da cruz que aí se encontram. Oferecendo a seu Pai toda a piedade filial que lhe havíamos ultrajantemente negado, vivendo esta obediência de amor infinito até a morte, Jesus destrói a acta de nossa condenação (Col 2, 14), merecendo-nos um perdão divino sem qualquer outro limite que não seja o da nossa verdadeira contrição. Continuar lendo